- A aluvião de fevereiro de 2010 destacou as fragilidades das ilhas face às mudanças climáticas e ao aquecimento global.
- A história da Madeira é marcada por repetidos eventos de aluviões ao longo dos séculos que trouxeram danos, mas os madeirenses sempre reconstruíram.
- O trabalho hercúleo dos primeiros colonos para transformar a terra em solo cultivável através de poios, levadas e outros projetos hidráulicos moldou a paisagem da ilha.
1. letter
N E WS 5
Abril 2010
COORDENAÇÃO: Alberto Vieira
Editorial a aluvião e a
Decorrido apenas o primeiro
trimestre de 2010 e já podemos dizer História da Madeira
que este ficará na História. A situação
ocorrida em 20 de Fevereiro passado
catapultou a Madeira para a ordem do
dia internacional e veio colocar a nos-
sa atenção nas fragilidades do mundo
insular face ao processo acelerado
de aquecimento global do planeta.
1
Neste quadro, as ilhas acabam por ser
as mais atingidas e certamente as que
menos contribuem para esta situação.
Nos últimos temos, para além des-
tas insistentes tempestades, temos
ouvido falar da submersão de ilhas
e do seu desaparecimento por força
da subida das águas do mar, como
resultado deste processo de mudança
climática em que estamos envolvidos
e que acontece por força da acção
humana. Um das últimas ilhas a ser
evacuada foi a ilha Carteret na Papua
Nova Guiné, mas para trás já ficaram Os acontecimentos do dia 20 de Fevereiro de 2010 em que a vertente sul
outras e outras mais se seguirão da Madeira, nomeadamente os concelhos do Funchal e Ribeira Brava, foi
nos próximos anos. Aliás, fala-se na assolada por uma grande tromba de água e aluvião, destacaram mais uma vez
ameaça da situação para muitas ilhas a forma sofrida como se assegura a presença humana no espaço madeirense.
das Maldivas como do leste da Índia. As condições orográficas da ilha fizeram com que desde o início do seu povo-
Entretanto, a Indonésia, com mais de amento a tarefa não fosse fácil. Ao início, o espesso nevoeiro que se avistava
17 mil ilhas, viu o seu número ir desa- do Porto Santo parecia uma grande esperança para o encontro de um novo
parecendo nos últimos anos, preven- paraíso, que se foi revelando, primeiro no leito das ribeiras e, depois, quando
do-se até 2030 o desaparecimento de o homem decidiu subir encosta acima, no interior. À medida que se foi reve-
2 mil destas. lando o novo espaço, as dificuldades tornaram-se cada vez mais manifestas
Para nós, porque somos ilhas de para a sua humanização.
maior altitude, os efeitos não são Continua na página 2
ainda visíveis a esse nível, mas sim
através do rigor e força das chuvas,
que nos últimos anos têm sido cada Sumário Testemunhos
vez mais evidentes e que as previsões
• A Aluvião e a História da Madeira
sobre o Labor
mais pessimistas apontam para um dos Madeirenses
• Testemunhos sobre o Labor dos
cada vez maior agravamento. Desta
Madeirenses
forma, a sobrevivência e conservação A tarefa com que se defrontaram
• Livros e Leituras
das ilhas e dos seus povos, cultura ma- os europeus desde os primórdios
• Notícias
terial e tradições, embora não passe do século XV, no sentido de trans-
• Congressos/Colóquios
neste quadro exclusivamente por nós, formar a terra desabitada em solo
• Ciclo de Conferências
deve também ser construída através arável, foi definida, como epopeia
• Cooperação com a Universidade
de políticas sustentáveis e que procu- rural, por J. V Natividade (1953)
Sénior
rem minorar estes efeitos do processo e humana, por A. Lopes Oliveira
global de aquecimento do planeta. (1969).
Continua na página 4
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2. a aluvião
e a História
da Madeira
Os vales eram escassos e as encostas inclinadas
obrigaram o homem a conviver diariamente com o
2
precipício. Para amenizar o declive das encostas procu-
rou-se organizar o espaço com a construção de poios.
Foi um verdadeiro trabalho ciclópico que ocupou mui-
tos braços, muitos deles de origem africana e gente do
povo que buscavam desesperadamente por uma terra
firme para poder assentar a sua casa com alguma segu-
rança. A tarefa e investimento de reverter este espaço
para uma fixação humana e lançamento da agricultura
foi quase sempre tarefa dos chamados colonos, a quem
revertia apenas a posse das benfeitorias imprescin-
díveis para fazer com que o espaço fosse cultivado e
rentável com as culturas dos cereais, vinha e cana-de- Por outro os declives permitiam um melhor aproveitamento
açúcar. O chamado contrato de colonia, que regulou de da força motriz. Apenas um curso de água era capaz de mover
forma secular o processo de humanização do espaço e a as pedras de um moinho, os eixos do engenho e a engrenagem
sua propriedade, vai buscar a sua origem a esta situação de uma serra de água. Na harmonização das actividades está o
singular com que se debateram os europeus desde os segredo do progresso económico da Madeira nos séculos XV
primórdios da sua ocupação. Desta forma, o ilhéu, foi e XVI.
o autêntico cabouqueiro e jardineiro deste rincão, ocu- Desde tempos imemoriais a água foi o motor da Histó-
pando-se na árdua tarefa de erguer paredes e arrotear ria. Saciou a sede dos sedentos, serviu para aproximar os ho-
os poios, e por isso se manteve sempre alheio às suas mens, ou para substituí-los em algumas tarefas e dar vida e
delícias. Certamente que para ele a beleza agreste dos riqueza aos campos. Por tudo isto, a água assume uma função
declives, que tanto encantam ontem como hoje os vi- vitalizadora da economia. Desta relação dominante da água
sitantes, não passavam de mais um entrave na sua luta chegou-se à teorização de que os grandes empreendimentos
de humanização do lugar. Por momentos, enquanto o hidráulicos são resultado de teocracias despóticas. Segundo
madeirense cavava e traçava os poios, o inglês entre- Fernand Braudel, a cultura de sequeiro identifica-se com a li-
tinha-se nos passeios a cavalo ou em rede pelos mais berdade e a de regadio com a escravatura. Foi isso, na verdade,
recônditos locais da ilha. que aconteceu nas ilhas, pois o Homem para dispor da água
Aos desafios da orografia sucedem-se os da água e de regadio amordaçou-se a si próprio. Os escravos traçaram
dos seus cursos. A água comandou todo o processo de as levadas e os heréus envolveram-se numa subjugação total à
valorização sócio-económica do espaço insular. Assim, água, alimentada, por vezes, com querelas.
no entender dos cronistas, o insucesso da ocupação do Na Madeira a água corria nas ribeiras, em abundância na
Porto Santo não foi apenas fruto da praga dos coelhos, vertente norte. No sul os caudais eram, na época estival, quase
pois prende-se mais com a ausência de água para ali- todos desviados para as levadas. É, na verdade, no seu leito e
mentar as culturas de regadio e fazer accionar os en- margens que se joga a História da Ilha. Facto significativo é
genhos. Ao invés, na Madeira a água foi sempre abun- o de também os principais assentamentos populacionais te-
dante. A orografia do terreno actuava a favor e contra rem como ponto de partida os vales traçados pelas ribeiras.
o curso de água. Por um lado obrigava o colono a redo- Eram os espaços de mais fácil acesso por mar, como os mais
brado esforço na condução aos socalcos: levar a água planos e de maior fertilidade por força das terras de aluvião.
aos canaviais e engenho foi um processo complicado. Ao Homem estava atribuída a dura tarefa de desviar a água
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3. do curso das ribeiras fazendo com que movessem engenhos,
moinhos e irrigassem os canaviais e demais culturas. Para isso,
3
traçaram kms de canais para a condução, que ficaram conhe-
cidos, na ilha, como levadas. O sistema permitiu um maior
aproveitamento dos socalcos e o alívio do homem em algumas
tarefas, como sejam, o moer do grão e da cana e o serrar das
madeiras. Moinhos, engenhos e serras convivem pacificamen-
te, usufruindo da água que corre na mesma levada. A orografia
da ilha, ao mesmo tempo que dificultava a condução da água,
favorecia o seu aproveitamento, pela força motriz atribuída
pelos declives acentuados.
O convívio do madeirense com as ribeiras, o perigo das
suas enchentes e dos precipícios, à beira dos quais estabelecera
a sua morada, faz parte da sua cultura. Deste modo, a situação
ocorrida recentemente não é estranha, apenas o são as pro- dos estragos materiais e vitimas humanas. Na memó-
porções da tragédia. Para uns, aquilo que aconteceu no dia 20 ria histórica madeirense estes fenómenos são definidos
de Fevereiro foi um dilúvio, outros falam em tromba de água como aluviões, que se registam com frequência desde o
e os meteorologistas explicam o sucedido como uma situação século XVII. As principais aluviões, com registo histó-
excepcional e imprevisível com os meios disponíveis na ilha. rico conhecido até ao presente são as seguintes: 1611,
Mas para nós, madeirenses, estamos perante um fenómeno tí- 1689, 1724, 1765, 1772, 1786, 1803, 1815, 1848, 1856,
pico de aluvião, que lamentavelmente tem sido uma constante 1876, 1895, 1901, 1920, 1921, 1939, 1956, 1970, 1973,
no processo histórico madeirense. 1977, 1979, 1984, 1993, 2001, 2007, 2008, 2010. De
entre as mais catastróficas assinalam-se as de 1803 e
A história tem revelado diversas situações semelhantes
a do presente ano de 2010. Na primeira, para além do
a esta e nem por isso os madeirenses cruzaram os braços ou
cenário de destruição do Funchal, em quase todas as
abandonaram a ilha, pois que os mesmos souberam conviver
freguesias da ilha assinalam-se cerca de um milhar de
em permanência com o abismo e o perigo, sem medos e de-
vitimas mortais. No presente momento os prejuízos e
sânimos. Por força disso, construíram as levadas e ergueram
a destruição foram também elevados, sendo felizmen-
os poios em cima dos precipícios. As condições definidas pelo
te menor o número de perdas humanas. Mas hoje, por
declive acentuado pelas duas vertentes da ilha levaram a que
felicidade, temos uma onda de solidariedade universal
os cursos de água traçassem vales profundos e em permanên-
que permitirá que em pouco tempo tudo se recompo-
cia mostrassem às populações vizinhas a sua força. Desde os
nha. No século XIX, a situação era completamente di-
primórdios da ocupação da ilha que as chuvas intensas provo-
ferente e não foi fácil à ilha recuperar do susto e dos
cam derrocadas e preenchem a quase totalidade dos leitos das
danos. Um dos projectos mais arrojados para a época,
ribeiras que traçaram, onde o Homem procurava usufruir do
da responsabilidade do Brigadeiro Reinaldo Oudinot,
espaço para a habitação como para a agricultura, aproveitando
que incluía a mudança da cidade para uma área alta
a riqueza das terras de aluvião. Nem sempre este convívio foi
daquilo que é hoje o Parque de Santa Catarina, per-
e continua a ser fácil, pois de quando em vez a ribeira reclama
mitiu a canalização das três ribeiras da cidade, factor
do espaço e surgem as enchentes e destruições de casas e cam-
preponderante na segurança da cidade que perdurou
pos agrícolas. Os registos historiográficos assinalam diversas
em alguns troços até aos dias de hoje.
enchentes nas povoações assentes nos leitos ou proximidades
das ribeiras e inúmeras derrocadas, quase sempre com eleva- Alberto Vieira /02/2010
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4. Testemunhos sobre
Testemunhos
o labor dos Madeirenses
4
O testemunho e apreço por este labor que em leivas ubérrimas, travando a marcha vertiginosa das
se arrasta ao longo dos cinco séculos de His- vertentes, afogando à boca dos abismos o pendor das que-
tória foi sendo reconhecido pelas autoridades, bradas, emparedando o mar para lhe roubar para o cultivo
mas foi na centúria oitocentista, quando as di- uns escassos metros de terra, cavando na montanha essa
ficuldades mais apertavam que mais se levantou maravilhosa teia de túneis e levadas que conduzem das
este clamor e reconhecimento pelo obreirismo mais remotas e escuras profundezas as águas milagrosas,
dos subordinados. que alimentam a fartura e a alegria da ilha.
O permanente convívio e enfrentamento das (...) Há lá no mundo maior exemplo de trabalho, de
forças da natureza foi testemunhado e descrito esforçada luta contra uma natureza que nem por ser en-
por inúmeros visitantes, técnicos, escritores e feitada e linda deixa de ser hostil ?
autoridades nas suas memórias descritivas. De Mas, de entre todos o mais elucidativo e poético
entre esta inúmera literatura, que seria exaus- foi escrito na década de cinquenta do século XX por
tivo aqui reproduzir, apenas destacamos os três um engenheiro silvicultor, Joaquim Vieira Natividade
testemunhos que se seguem. (1899-1968), que em Madeira - a epopeia rural (Fun-
No fervor do combate político do primeiro chal, 1954, pp. 39/40) é peremptório em afirmar: E o
quartel do século XX, dominado pela ideia de vilão ataca e tritura a rocha para a transformar em solo
autonomia, temos o testemunho de Manuel agrícola; geme sob o peso de enormes pedras para construir
Pestana Reis (Em louvor do Povo e da Terra”, in um socalco; marinha pelas falésias para conquistar um
Correio da Madeira, 23.03.1922): O madeirense, palmo de terra, mesquinha gleba, pouco maior por vezes
salvo raríssimas excepções circunscritas à atmosfera do que um ninho de águias alcandorando no pendor de
contaminada da cidade, é um prodígio de tenacida- uma fraga. Antes de ser agricultor, é cabouqueiro e arqui-
de na economia e aproveitamento das suas forças, tecto. Labuta de sol a sol e transforma o seu horto, a sua
demonstrada na labuta diária da luta pela vida courela, num jardim. Onde a água corre, o agricultor he-
por essa cega submissão aos mais rudes deveres e róico e operoso faz milagres; a levada empurra-o e ele em-
misteres. Industrioso persistente, frugalíssimo (…) purra a levada. Novos poios se sobrepõem a outros poios, e
Dá vontade de ajoelhar diante destes peque- assim esse trabalhador humilde, além de transportar sobre
ninos deuses ciclópicos que rasgaram a rocha, es- os ombros o peso da sua cruz, constrói nos degraus da mon-
migalhando-a, triturando-a, para a transformar tanha o seu próprio calvário. É a Madeira sobrepovoada
que luta heroicamente para viver.
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5. Este vilão madeirense, de torso hercúleo, máscara rude e
austera, personificação da paisagem, figura de painel qui-
Testemunhos
nhentista; o homem que cinzela montanhas, escala abismos
e amansa torrentes, é uma figura estranha. Não se deixou
vencer pelas seduções traiçoeiras do clima desta antessala
dos trópicos que despertam em nós, lusíadas indolentes, so-
nhadores e sensuais, o horror ao esforço paciente e metódico.
A meus olhos, o vilão é um português que teve a coragem
de partir a guitarra, aquela guitarra que todos nós traze-
mos na alma e no coração a consolar-nos, com seus acordes
5
de plangente fatalismo, dos desencantos e dos fracassos da de flores: anseio de beleza, doçura, suavidade, após
vida. uma tarefa rude e magnífica, num cenário ciclópi-
O panegírico continua noutro texto ( J. V. Nativida- co... Em nenhuma outra parte do mundo se põe ao
de, Fomento da Fruticultura na Madeira, Funchal, 1947, serviço da agricultura maior soma de trabalho hu-
pp. 15/7, cit. E. Pereira, Ilhas de Zargo, vol. I, 438/439): mano por unidade de superfície... Talvez por isso,
Em escassas centenas de anos o vilão madeirense ergueu ninguém votará mais fundo amor à terra do que
com tão pobres materiais um dos mais extraordinários edi- o vilão madeirense e por amor dela mais se sacri-
fícios agrícolas do mundo e escreveu, com o seu sangue, o fique e padeça... Se atendermos a que grande parte
seu suor e as suas lágrimas uma grande epopeia. Atacou a do solo madeirense é explorado sob o contrato de co-
rocha para obter terra, transportou-a depois sobre o dorso, lonia, pelo qual o colono entrega ao senhor da terra
por caminhos inverosímeis; lapidou amorosamente a mon- o demídio das colheitas, compreende-se que o agri-
tanha, o serro, as escarpas, os espinhadeiros, como se tra- cultor para viver obrigue essa terra a fazer prodí-
balhasse minúsculos diamantes, não raro debruçado sobre gios e tenha, na intensificação cultural, a sua única
abismos e com risco permanente da própria vida; ergueu defesa. Por isso o vilão, o homem que faz milagres,
poios sobre poios para segurar esses punhados de terra, e o lapidador de montanhas, o feiticeiro da água, que
fertilizou-a por fim, conquistando e dominando o fio de trabalha vida inteira como um animal de carga e
água misteriosamente nascido através de caprichosos e de vive pobremente e no maior desconforto, ao erguer
acidentadíssimos percursos. Nas encostas, agora suaviza- os socalcos gigantescos de degraus na vertente das
das pelo trabalho de inumeráveis gerações e com gigantescos serranias, construiu afinal o seu próprio calvário.
anfiteatros sempre verdejantes esfolha-se o casario. Junto a Mais do que pela água, a Madeira é regada pelo
cada casa, a parreira, um canteiro ou um modesto alegrete suor do vilão.
E como nos diz o madeirense, Eduardo Pe-
reira (Ilhas de Zargo, vol. I, p. 438), no seu enci-
clopédico volume sobre o arquipélago: O homem
subiu de picareta na mão, quase de joelhos as ver-
tentes a lutar a ferro e fogo com as rochas, desbas-
tando acidentes e armando pedras soltas em socalcos
ou tabuleiros para deles fazer searas e jardins; subiu
até onde pode abrir caminho de pé-posto ou condu-
zir um fio de água de irrigação.
Alberto Vieira/02/2010
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6. Livros e Leituras
Oceans of Wine. Madeira and the
Emergence of American Trade and Taste
Este estudo, produto de cerca de 17 anos de in-
6
vestigação, constitui um contributo deveras relevante,
não só para a História do Vinho da Madeira, mas
também para a História do Atlântico, sobretudo du-
rante o século XVIII. O autor assumiu o desafio de
reconstituir uma cadeia ou rede que pudesse ilumi-
nar a integração e articulação imperiais e oceânicas na
Época Moderna, surpreendendo a emergência de um
mercado transoceânico do qual participavam vários
impérios atlânticos. O Vinho da Madeira é, assim, o
agente escolhido para estudar, à laia de contributo, as
redes comerciais, e não só, que tiveram por palco o
Oceano Atlântico.
Escorado em fontes bastas e diversificadas, das
quais destacaríamos arquivos e fundos documentais
empresariais, mormente na Madeira e nos Estados
Unidos da América, este trabalho encontra-se divi-
dido em três partes (além de necessárias considerações
introdutórias e conclusivas), que delineiam o percurso
do vinho, desde o cultivo da vinha, até à mesa do con-
HANCOCK, David, 2009, Oceans of sumidor. Assim, a Parte I lida com a feitura do vinho
Wine. Madeira and the Emergence of («Making Wine»); na Parte II são observados os me-
American Trade and Taste, The Lewis andros em torno das trocas («Shipping and Trading
Walpole Series in Eighteenth-Century Wine»); na última parte é o consumo que constitui
Culture and History, New Haven & objecto de análise («Consuming Wine»).
London, Yale University Press. No n.º 2 do Anuário do Centro de Estudos de História
do Atlântico, referente ao ano corrente, serão incluídas
Notas de Leitura sobre esta importante monografia.
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7. Eventos
Congressos/Colóquios
7
RepRogRamação
de actividades
Na sequência dos acontecimentos de 20 de Fevereiro e
da elevada adesão que o Congresso Mundial “As Ilhas do
Mundo e o Mundo das Ilhas” mereceu de investigadores
de todo o mundo, decidiu-se reprogramar as actividades,
realizando-se no presente ano apenas os painéis temáti-
cos/mesas-redondas, dedicados às INSULARIDADES e
a NÓS E OS OUTROS: ESCRITAS E CORRESPON-
DÊNCIAS, ficando para o próximo ano de 2011, na semana
de 6 a 11 de Junho a parte dedicada aos painéis temáticos,
aos quais teremos oportunidade de adicionar outros e alar- CONGRESSO
gar a participação nos já estabelecidos, que são:
”As Ilhas do Mundo e o Mun-
• Turismo Sustentável nas Ilhas no Século XXI;
do das Ilhas”
• Transnacionalismos Insulares;
• Ilhas e Continentes: As Ilhas no espaço do Império
Português no século XVI; De 26 a 30 de Julho o CEHA organiza
o primeiro Congresso sobre Histó-
• CEHA. 25 anos: a missão do CEHA no presente e ria das Ilhas subordinado ao tema:
no futuro. Uma reflexão e debate sobre os últimos 25 ”As Ilhas do Mundo e o Mundo das
anos dos Estudos Insulares como forma de perspec- Ilhas”., constando a programação
tivar o futuro. das actividades de conferências,
comunicações e mesas-redondas.
A estes adicionar-se-ão outros dois sobre: Para além disso decidiu-se integrar o
• Nacionalismos Insulares; projecto e Seminário Internacional:
“Mobilidades Humanas na História
• Economias Insulares. e Literatura”, realizando-se a sessão
de trabalhos no dia 28 de Julho no
Entretanto, o Seminário República e a Madeira Auditório do Centro Cultural John
(1880-1926), programado para os dias 26 a 30 de Outubro dos Passos, tendo como tema: NÓS
mantém-se com a programação já estabelecida. E OS OUTROS: ESCRITAS E CORRES-
PONDÊNCIAS. Mais informação na
página do projecto.
Página web: http://www.madeira-edu.pt/ceha • Email: ceha@madeira-edu.pt
8. ciclo de confeRências
Eventos
O CEHA preparou para o ano de 2010 um ciclo
de conferências que decorrem com alguma periodi-
cidade: todas as quartas-feiras às 18 horas. Por força
dos acontecimentos de 20 Fevereiro decidimos inter-
romper as actividades no decurso do mês de Março,
mas já reiniciamos estas actividades a 29 de Março
com a conferência do Prof. Manuel de Morais sobre
o Machete na Madeira, enquadrado num ciclo de
8
conferências preparado pelo Gabinete Coordenador - 12/05 - Maria Teresa Nascimento (UMa)
de Educação Artística (http://dre.madeira-edu.pt/ CONFERÊNCIA: A obra poética de Joaquim Pestana
gcea ou www.gcea.pt).
O programa deste ciclo de conferências para o - 19/05 - Eduarda Gomes Petit (Prof.ª Ensino Básico e
corrente ano está já disponível no nosso site (http:// Secundário)
www.madeira-edu.pt/edificio/Auditorio/tabid/1796/ CONVERSAS EM TORNO DO LIVRO: O Conven-
language/pt-PT/Default.aspx). Informa-se que, tri- to da Encarnação do Funchal (Tese de mestrado publica-
mestralmente, serão feitos os necessários ajustamen- da pelo CEHA)
tos, mas o programa para o segundo trimestre já está
confirmado. - 26/05 - José Luís de Sousa (CEHA)
A situação decorrente da aluvião de 20 de Feverei- CONFERÊNCIA: História do Porto do Funchal
ro obrigou a uma reprogramação destas conferências
pelo que apresentamos aqui as que decorrerão no
próximo trimestre(Abril/Junho): - 31/05 - Rodolfo Cró (Gabinete Coordenador de Educa-
ção Artística)
CONFERÊNCIA: Dos Violinos para os Bandolins
07/04 - Gabriel Pita (CEHA)
CONVERSAS EM TORNO DO LIVRO: A
Igreja Católica e o nacionalismo português do Esta- - 02/06 - José Jesus (UMa)
do Novo. A revista Lumen 1937-1945 CONFERÊNCIA: Particularidades dos Ecossistemas
Insulares
-14/04 - Raimundo Quintal
CONFERÊNCIA: A Importância dos Jardins - 09/06 - Ana Madalena Trigo de Sousa (CEHA)
como Nicho Turístico na Madeira CONVERSAS EM TORNO DO LIVRO: O Exer-
cício do Poder Municipal na Madeira e Porto Santo na
Época Pombalina e Post-Pombalina (Trabalho de provas
- 21/04 - Luísa Marinho (UMa) para Investigador-Auxiliar publicado pelo CEHA)
CONVERSAS EM TORNO DO LIVRO: O
Romance Histórico e José de Alencar. Contribuição
para o Estudo da Lusofonia (Tese de doutora- - 16/06 - Dina Jardim (Prof.ª Ensino Básico e Secundário)
mento publicada pelo CEHA) CONVERSAS EM TORNO DO LIVRO: A Santa
Casa da Misericórdia do Funchal no Século XVIII (Tese
de mestrado publicada pelo CEHA)
- 28/04 - Fátima Barros (Directora do Arquivo
Regional da Madeira)
CONFERÊNCIA: O Arquivo Regional da Ma- - 23/06 - Ana Maria Kauppila (CEHA)
deira e a preservação e divulgação da documentação CONFERÊNCIA: Políticas de Educação e Cultura da
União Europeia: Um Olhar Insular
- 05/05 - Paulo Rodrigues (UMa)
CONVERSAS EM TORNO DO LIVRO: - 30/06 - Naidea Nunes (UMa)
A Madeira entre 1820 e 1842: relações de poder CONVERSAS EM TORNO DO LIVRO: Palavras
e influência britânica (Tese de doutoramento Doces (Tese de doutoramento publicada pelo CEHA)
publicada por Funchal, 500 Anos)
Página web: http://www.madeira-edu.pt/ceha • Email: ceha@madeira-edu.pt
9. Eventos
9
ACORDO DE COLABORAÇÃO
coopeRação com a
UniveRsidade sénioR
O Centro de Estudos de História do Atlântico, através
do seu Presidente, Professor Alberto Vieira e a Câmara
Municipal do Funchal, através da Vereadora com o pe-
louro da Educação, Dra. Rubina Leal tornam público um
Acordo de Colaboração entre as duas Instituições. Assim,
a partir de Segunda-feira, dia 29.03.2010, as iniciativas
culturais do CEHA - conferências, colóquios, simpósios - INTERNET
passam a fazer parte dos curricula da Universidade Sénior
sendo este público privilegiada audiência dessas iniciati-
vas.
A primeira iniciativa, que marcou o início deste acordo e No decurso do presente ano o CEHA
que contou com a honrosa presença da Ex. Sra. Dra. Rubi- pretende valorizar ainda mais a uti-
na Leal, ocorreu com a Conferência do Dr. Manuel Morais, lização da Internet como poderoso
que teve lugar na segunda-feira, dia 29 de Março, pelas veículo de divulgação das suas activi-
18h00, na sede do CEHA, Rua das Mercês, n.º 8. dades e de apoio à investigação. Des-
A Câmara Municipal do Funchal apoiará, igualmente, ta forma para além da página web
iniciativas culturais deste Centro, sendo que o próximo (www.madeira-edu.pt/ceha) que bre-
“Congresso das Ilhas do Mundo” contará com esse apoio vemente será renovada, temos o blo-
directo. As nossas actividades passam, a partir de agora, gue (http://cehablog.blogspot.com/)
a ser publicitadas no sítio (web) da Câmara Municipal do e ainda passamos a estar no Twitter
Funchal (www.cm-Funchal.pt) . (http://twitter.com/CEHAtlantico ) e
Novos modos de colaboração estão em estudo. Estes no Facebook (http://pt-pt.facebook.
são, sem dúvida, passos deveras importantes no sentido com/people/Ceha-H istoria-Do -
de uma nova era para o CEHA que abraça estes desa- Atlantico/100000892818008); com
fios pugnando pelo mesmo rigor científico de sempre, isto pretendemos associar um maior
procurando servir a comunidade científica e o público, leque de interessados às nossas ini-
em geral, como Instituição de Utilidade Pública que se ciativas.
orgulha de ser.
Página web: http://www.madeira-edu.pt/ceha • Email: ceha@madeira-edu.pt
10. O QUE SE DISSE
SOBRE AS ILHAS
Há milhares e milhares de ilhas - e quase se pode dizer que todas
ÚLTIMA
são diferentes.
Há ilhas grandes e pequenas; ilhas próximas dos continentes e
ilhas remotas; ilhas montanhosas e ilhas planas; ilhas geladas e ilhas
tórridas; ilhas de vegetação luxuriante e ilhas onde não cresce uma
árvore; ilhas que são vulcões e ilhas que são corais; ilhas que são formi-
gueiros de gente e ilhas desertas; ilhas desenvolvidas e ilhas atrasadas.
(…)
10
A ilha atrai e repele: ao mesmo tempo, apaixona e mete medo: tem
mistério!
(…)
Esta é a hora das ilhas! Há um despertar dos povos insulares !
(…)
Sem ódio, sem revolta, em fraterno espírito de paz, lancemos um
brado novo: - Insulares de todo o Mundo, uni-vos!
(AMARAL, João Bosco Mota1, 1990:
O Desafio Insular, Ponta Delgada, Signo, pp. 25-26, 45, 72 )
Ao longo da História, as ilhas foram menosprezadas e cobiçadas.
Depois da Segunda Guerra Mundial, a emergência dos Estados in-
sulares no concerto das nações, a Convenção sobre os Direitos do Mar,
a definição da Zona Económica Exclusiva (ZEE) e o incremento do
turismo provocaram mudanças de tal ordem na percepção da insulari-
dade que, em certos meios leigos e eruditos passou-se a falar dos “mares
das ilhas”, do “milénio dos ilhéus” e mesmo da Nissologia “ciência do
mundo insular.
A experiência das ilhas atlânticas (Islândia, Açores, Madeira e
Canárias) corrobora a tese nissológica dos modos e regras específicas de
apreender, explicar e encarar a realidade insular e, por isso, o carácter
Governo Regional indispensável de certa capacidade instalada nos domínios da ciência
e da tecnologia.
da Madeira
(TOLENTINO, André Corsino, 2007, Universidade e transformação
Secretaria Regional social nos pequenos estados em desenvolvimento: o caso de Cabo Verde,
da Educação e Cultura Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian)
Centro de Estudos de
História do Atlântico
Rua das Mercês, 8
9000-224 Funchal
Telef.
(+351) 291 214 970 1 João Bosco Soares da Mota Amaral (Ponta Delgada, 15 de Abril de 1943)
é um político nascido numa ilha, S. Miguel/Açores. Foi deputado à Assem-
Fax bleia Nacional (pela União Nacional) nos anos finais do Estado Novo, com o
estabelecimento das ilhas portuguesas, por força das transformações politicas
(+351) 291 223 002 resultantes dos acontecimentos de 25 de Abril de 1974,exerceu as funções
de presidente do Governo Regional dos Açores (1976-1995), foi deputado à
Assembleia da República e Presidente da Assembleia da República.
Página web: http://www.madeira-edu.pt/ceha • Email: ceha@madeira-edu.pt