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CIÊNCIA E TECNOLOGIA NA
UNIÃO SOVIÉTICA: BREVE
PERCURSO HISTÓRICO
Parte 2 : “exceções” a regra.
INDUSTRIA NUCLEAR
• Física: de uma das ciências mais fracas na Rússia pré-1917, para um campo
consolidado entre as décadas de 1920 e 1930, com diversos institutos em
funcionamento, e gerações de físicos formados e em atividade.
• Instituto ótico de estado (1918)
• Autonomia intelectual e alto padrão intelectual: apesar da pressão do partido e seus
“filósofos” (intensificados a partir da segunda metade dos anos 1940), o campo, no
geral, sofreu relativa repressão política se comparada a outras áreas. (trinômio
Status, recompensa e autoridade)
• Tensões entre físicos, sobre a prioridade de pesquisa ligadas a teoria nuclear e
exploração de uranio. Porém não caindo em rixas, retaliações internas ou uso da
máquina do partido contra rivais.
• Contribuições soviéticas para a pesquisa nuclear: Descoberta da fissão espontânea,
e teoria das reações em cadeia.
INDUSTRIA NUCLEAR
Vladimir Vernadsky (1863-1945)
• Um dos principais nomes da ciência russa.
• Começo do estudo dos minérios radioativos no país, a partir de 1911, além de
expedições de depósitos de uranio a partir de 1914 no Cáucaso e Ásia central.
• Estabeleceu instituto de rádio em 1922.
• Estímulos a pesquisas ligadas a radioatividade.
• Postura ambígua e distante tanto do regime bolchevique quanto ao marxismo.
INDUSTRIA NUCLEAR
Abram Ioffe (1880-1960)
• Estimulou a constituição do Instituto físico técnico, em Petrogrado (1923)
• Ajudou na formação de um geração de físicos soviéticos importantes para a área
entre os anos 1920 e 1930, e da internacionalização da área, estimulando troca
cientificas com a Europa ocidental.
• Implementou a criação de outros institutos e centros de pesquisa ligados a física em
diferentes repúblicas soviéticas.
• Relação distante com o partido comunista e com a Academia de Ciências, que
pressionavam por mais “fidelidade” as ideias ligadas ao materialismo dialético e em
expor resultados científicos condizentes com o período dos planos quinquenais.
INDUSTRIA NUCLEAR
Igor Kurchatov (1903-1960)
• Principal coordenador do projeto atômico soviético entre os anos 1940 até sua
morte.
• Talentoso, de personalidade afável, conseguiu conciliar diferentes interesses e
posições vindas tanto dos físicos participantes do projeto, quanto do governo e
exército que, apesar do apoio logístico, tratavam os cientistas com desconfiança.
• Administrou diferentes gerações de físicos soviéticos.
• Exerceu sua influencia para que a ciência do país tivesse maior autonomia, livre de
“dogmatismos ideológicos”, e que as relações com pesquisadores ocidentais fosse
reatada.
INDUSTRIA NUCLEAR
Anos 1940
• Apesar das pesquisas, havia pouco interesse dos físicos soviéticos em expandir ou
investir de forma mais extensiva na energia nuclear, em parte devido a acharem que
o projeto seria de longo prazo (exceções Georgi Flerov)
• O partido comunista, apesar de atento as informações obtidas por espiões dos
projetos atômicos norte-americano, inglês e alemão, pouco compreendia a
importância estratégica do projeto
• Segunda guerra mundial: institutos e cientistas transferidos para Kazan e
Cazaquistão, onde muitos (por vontade própria) transferiram suas pesquisas para
propósitos de guerra (radar, proteção contra minas, blindagem, explosivos,
foguetes)
• Falta de suprimentos (água pesada, urano) e equipamento (cíclotron)
INDUSTRIA NUCLEAR
Anos 1940:
• 1943: criação do laboratório nº 2, destinado a pesquisas em energia nuclear, sob a liderança de
Igor Kurchatov.
• 1944: consolidação de um cíclotron, permitindo experimentos relacionados a fissão nuclear.
• 1945-46: obtenção de minas urânio na Tchecoslováquia, Alemanha, Sibéria, Cáucaso e Ásia
central, que seriam amplamente usadas nos anos seguintes.
Organização de grupo de cientistas / engenheiros para o projeto nuclear. Utilização de cientistas
alemães no projeto (de forma limitada, pois grande parte ficaria na parte ocupada pelas tropas
ocidentais).
20 de agosto: Stalin, surpreso com o impacto das bombas em Hiroxima e Nagasaki, firmou, com
o Comitê de Defesa do Estado de Moscou, novas diretrizes para o projeto atômico soviético,
agora de alta prioridade e recursos quase ilimitados. Objetivo era a construção de uma bomba o
mais rápido possível, equiparando-se aos EUA.
Comitê especial sobre a bomba atômica, liderada pelo então diretor da NKVD, Lavrenti Beria.
INDUSTRIA NUCLEAR
1946-1948: consolidação do complexo atômico / nuclear na URSS
• Criação de um reator nuclear experimental (Fizicheskii 1).
• Construção de um reator de produção (Cheliabinsk 40, na cidade de Kyshtym, nos
Urais)
• Instalação de um local para produção da bomba (Arzamas 16)
• Cidade fechadas (atomgrads) relacionadas a produção nuclear.
• Entre 330 a 460 mil pessoas envolvidas no projeto entre 1945-1950: 225 a 361 mil
na mineração, 50 a 60 mil ligadas a construção, 20 a 30 mil na produção, e 5 a 8 mil
em pesquisa.
• (Cifras precisas sobre o projeto nuclear soviético até hoje não disponíveis, porém,
sabe-se que Stalin não mediu limites financeiros para a obtenção da bomba
atômica)
INDUSTRIA NUCLEAR
1949-1961: projeto da bomba de hidrogênio/ termodinâmica/ superbomba
• Liderado pelos cientistas Igor Tamm (1895-1971), Andrei Sakharov (1921-1989) e
Yakov Zel'dovich (1914-1987)
• Produção independente da norte-americana, com concepção (entre 1948-50) e
desenvolvimento (durante os anos 1950) feita sem necessitar de informações de
espiões.
1949-1990: produção maciça de ogivas nucleares
715 detonações
55.000 armas produzidas
45.000 ogivas disponíveis entre 1986-1988.
INDUSTRIA NUCLEAR
Apesar do sistema administrativo bem sucedido, existiram custos impostos ao
projeto, que continuaram a existir nas décadas seguintes
• Amplo uso de trabalho de prisioneiros na mineração e construção dos artefatos.
Boa arte seria atingida pela radiação ou morreriam pelas condições insalubres de
trabalho (dados mais precisos não disponíveis).
• Pouca prioridade a saúde e segurança não somente aos trabalhadores, mas a
diferentes profissionais envolvidos no projeto, e nas regiões envolvidas no mesmo.
• Danos causados ao meio ambiente, já visíveis no inicio dos anos 1950. haveriam
casos de alto custo ambiental, social e econômico em algumas regiões do país.
chelyabinsk 40 (1957) Chernobyl (1986)
COSMONÁUTICA
Konstantin Tsiolkovsky (1857-1935)
• Divulgador científico e um dos pais da engenharia aeroespacial russa.
Em mais de 400 obras publicadas teve duas vertentes de pensamento:
• Grande parte de sua obra, influenciada parcialmente pelo filósofo Nikolay
Fyodorov (1829-1901), relacionada a vertente transumanista, com fortes
elementos exotéricos e ligados ao ocultismo. (viagem e exploração espacial
como uma forma de aperfeiçoar a humanidade e expurgar seus defeitos).
• Vertente mais influente (entre 1903-1914), foi a de apresentar informações
detalhadas, mesmo que muitas vezes imprecisas, sobre o desenvolvimento e
construção de foguetes, ou “artefatos espaciais”, além de estações e colônias
espaciais.
COSMONÁUTICA
Mikhail Tikhonravov (1900-1974)
• Principal precursor e supervisor do projeto especial soviético.
• Primeiro a realizar testes bem sucedidos com foguetes na URSS (modelo 09,
lançado com sucesso em 1933).
• Intercedeu para a sobrevivência e soltura de futuros nomes importantes para a
cosmonáutica soviética nos gulags, na segunda metade dos anos 1940.
• Intercedeu na criação dos primeiras caças soviéticos.
• Chefiou o instituto NII-4, que organizou propostas relacionadas a mísseis
intercontinentais e a produção inicial de satélites especiais na primeira metade
dos anos 1950.
COSMONÁUTICA
• Maio de 1946: decreto estabelecendo o Comitê tecnológico de Tecnologia Reativa.
• Segunda metade dos anos 1940: comitês, coordenados por Korolev e Glushko, enviados
para a Alemanha, retirando equipamentos, analisando material confiscado e obtendo mão
de obra e expertise para a construção de foguetes e mísseis (primeiro míssil intercontinental
- R-7 ).
• Agosto de 1954 e 1955: primeiras aprovações do partido comunista para a produção de
módulos espaciais, relacionados a mísseis intercontinentais (R-7)
• Janeiro de 1956, governo soviético identifica o patrocínio do programa espacial no país
separando na classes:
Satélite científico (D1)
Satélite biológico (D2)
Satélite de reconhecimento (D3)
• Satélite com transmissão de rádio e de imagens com orientação passiva (OD -1).
• Orientação ativa e capsula retornável (OD-2)
Serguei Korolev (1906-1966) Valentin Glushko (1909-1989)
Mikhail Yangel (1911-1971) Vladimir Chelomey (1914-1984)
COSMONÁUTICA
• Partido comunista soviético: Departamento relacionado ao comitê central -
Dimitri Ustinov (1908-1984).
Ministério de construção geral de máquinas (1965)
• Comissão Militar Industrial (VPK)
• Complexo militar (exército, aeronáutica e, ocasionalmente, marinha)
• Bureau de design
• Diretoria principal de assuntos espaciais (GUKOS), formalizado em 1981.
COSMONÁUTICA
• Rivalidades entre os principais construtores e engenheiros, criando duplicidade de
projetos, e descentralização de esforços e recursos que prejudicaram programas.
• Apesar dos esforços de Kruschev, os projetos sofriam de uma complexa rede
burocrática de patrocínio e suporte, além da dependência de determinados
organismos militares e políticos, que freavam o andamento de alguns programas,
ou cortavam o financiamento dos mesmos.
• Korolev e outros tomariam a iniciativa para contornar esses problemas: crição de um
“conselho de designers”, unindo matemáticos, físicos, engenheiros e militares para
organizar os programas, diminuir as tensões internas, e criar um lobby junto ao
exército e ao partido comunista.
• Os primeiros projetos precisavam de um amplo leque de fábricas, agencias
governamentais, e conselhos econômicos regionais.
COSMONÁUTICA
• Forte liderança dos engenheiros no projeto, onde tentavam, muitas vezes sem
sucesso, serem uma espécie de ponte entre diferentes setores militares e do partido
comunista. Caso mal sucedidos, utilizavam uma rede interna de colaboradores,
protegidos ou conhecidos para organizarem os projetos.
• Primeiras gerações de cosmonautas, incialmente sem praticamente nenhum
controle no comando dos satélites, demandando mais autonomia nas decisões de
voo, obtidas, com custo, a partir dos anos 1970. (vozes criticas sobre o programa
espacial, e.g. Gagarin).
• Anos 1960 e 1970: status politico dos engenheiros (até certo ponto) e fama dos
cosmonautas (garotos propaganda do programa soviético).
• Patrocínio governamental constante, porém instável e errático.
COSMONÁUTICA
• Vostok 1
600 transistores
241 Tubos de vácuo
56 motores elétricos
800 retransmissores e interruptores
880 plugs elétricos
15 km de cabos
COSMONÁUTICA
• Sputinik 1 Sputinik 2 Korabl-Sputnik 2 Vostok 1 Vostok 6
• Voskhod-2 Luna 3 Luna 9 Venera 4
Zenit (1961- 1994) Molniya (1964-1975) Soyuz (a partir 1967) e Yantar (1974-83) Uragan (1983-2009)
Salyut 2 (1973) MIR (1986-2001)
Buran (1988)
CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO
• Na URSS, teve suas origens no final da década de 1940, com a
assimilação, por parte dos pesquisadores soviéticos, de disciplinas
científicas que emergiam nos EUA e na Europa ocidental.
• a de maior influência para o campo computacional soviético na década
de 1950 e a seguinte foi a cibernética.
• Analisa“(…) não apenas o estudo da linguagem, mas também o estudo
das mensagens como meios de dirigir a maquinaria e a sociedade, o
desenvolvimento de máquinas, computadores e outros autômatos”
(Norbert Wiener).
CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO
• Coube ao engenheiro Sergei Lebedev (1902-1974) o crédito da produção do primeiro
computador eletrônico digital na União Soviética. Lebedev, na segunda metade dos
anos 1940, obteve a aprovação do partido comunista e da Academia de Ciências
Soviética para aconstrução de computadores digitais na URSS.
• Lebedev, entre 1949-1950, teve os recursos financeiros e materiais para o
desenvolvimento do projeto recebidos de forma instável e inconstante além da
dificuldade de achar um local para a construção do computador, alocado em um
monastério danificado pela guerra no isolado subúrbio de Feofania, Kiev.
• em novembro de 1950, a Pequena Máquina Eletrônica de Cálculo (MESM) realizava
com sucesso suas primeiras operações. Entre 1951-52, obteve utilizações
diversificadas, principalmente resolvendo complexos cálculos matemáticos e
estatísticos, centralizados nas áreas da cosmonáutica e energia nuclear.
CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO
• O sucesso do MESM permitiu a Lebedev, mesmo com
contratempos e posturas contraditórias do partido comunista
ao apoiar suas iniciativas, continuar com as pesquisas e
projetos ligados a construção de modelos mais sofisticados
de computadores na URSS. Entre esses modelos citam-se a
Grande Máquina Eletrônica de Cálculo(BESM) em 1953, e os
modelos M-20 (1956-1957), BESM-2 (1958), BESM-6 (1965) e
ELBRUS (1973).
• MESM M-20 BESM-6
CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO
• outros projetos que eram desenvolvidos quase simultaneamente,
e concorrendo com Lebedev por verbas e atenção em Moscou.
• citam-se o M-1, desenvolvido pelo Isaak Bruk entre 1951-1952, e
o Strela, primeira série de computadores de grande porte
construído na URSS, desenvolvido por Yuri Bazilevskii (1912-1983)
entre 1952-1953.
• Séries Ural (1959-1965) e Minsk (1959-1975).
• ES EVM (Sistema Unificado de Computadores Eletrônicos) e SM
(Máquinas de Pequeno Porte).
• Strela Minsk ES EVM
CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO
• Partido Comunista soviético, após 1967, influenciado por fatores internos (controle
do campo científico do país) e externos (custos advindos da corrida armamentista
com os EUA), adotou políticas de cópia e clonagem de modelos ocidentais (IBM,
Apple) para os equipamentos produzidos pela URSS.
• Anos 1970 e 1980: produção de “computadores pessoais”:
Elektronika (1979): IM (jogos eletrônicos), DVK e BK (computador pessoal), MK
(calculadoras).
Korvet (1980)
Agat (1983)
• No geral, obtiveram pouca inserção entre a população civil soviética – com exceção
do Elektronika, que, mesmo assim, teve sucesso parcial e limitado.
• Agat Elektronika DKV Korvet
CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO
• Grande parte dos programas usados a partir de 1968 (Fortran),
também era cópia dos produzidos pela empresa norte--americana IBM,
não havendo registro de programas desenvolvidos de forma
independente na URSS.
• Só em 1971, com a série RYAD, é que apareceriam programas feitos
com linguagem computacional mais sofisticada (Algol, PL/1,PP-1 e, em
menor medida, Snobol, Pascal e LISP).
• Anos 1980, surgiram os programas baseados principalmente no
sistema operacional DOS.
• Andrei Ershov (1931-1988)
CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO
• em grande parte da década de 1960, buscaram criar projetos ligados à criação e
manutenção de redes de computadores, dando uma espécie de resposta
(indireta) a iniciativas norte americanas, como a militar Arpanet.
• Entre esses projetos, citam-se o Sistema Estatal de Gerenciamento Automatizado
(em russo, OGAS), coordenado por Viktor Glushkov (1923-1982) no âmbito da
URSS, e o ES-RYAD, focado nos países comunistas do Leste Europeu.
• Ambos, pela limitação dos modelos de computadores usados (soviéticos e da
Europa Oriental), bem como políticas equivocadas do Partido Comunista
(patrocínio deficitário, burocratização em demasia dos projetos), mostravam-se,
em meados da década de 1980, desgastados, e, no caso do OGAS, praticamente
em desuso (desativado em 1998).
• O próprio domínio ‘.su’ (do, inglês, soviet union) seria consolidado (com
dificuldade) só em setembro de 1990.
CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO
• Em 1955, foi criado o Centro de Computadores n° 1 e, dois anos depois, o
Centro de Pesquisa em Desenvolvimento e Utilização de Sistemas de
Informação, ambos relacionados ao Ministério da Defesa. Os centros
buscaram reunir diferentes profissionais (matemáticos, engenheiros etc.)
em projetos de construção de computadores na URSS.
• Só na segunda metade da década de 1980, seriam criados comitês e
departamentos exclusivamente dedicados à ciência da computação na
URSS: o Comitê Estatal para a Informática e Tecnologia em Computadores
(GKVTI) e os Complexos Inter-ramificados Técnico-científicos (MNKT),
ambos de 1986, e a Sociedade em Ciência da Computação e Informática
(1989).
CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO
• A partir do início da década de 1970, regiões foram eleitas pelo
governo soviético como as principais na construção de modelos
de equipamentos (hardware) e programas (softwares) para os
computadores da URSS: Moscou e adjacências; Sibéria
(Novosibirsk, Krasnoyarsk, Irkutsk, Tomsk); extremo oriente
(Vladivostok, Khabarovsk); Voronezh, Minsk (Bielorrússia); Kiev e
Sievierodonetsk (ambas na Ucrânia).
• Cada cidade ficou responsável pela produção e pelo
desenvolvimento de determinado modelo ou programa
automatizado.
CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO
• No decorrer da década de 1980, o abismo tecnológico entre a URSS e os EUA
não só se mostrou evidente mas também muito difícil de ser transposto pelos
soviéticos em médio e longo prazos.
• Em 1989, enquanto os EUA tinham cerca de 25 milhões de computadores em
atividade, a URSS possuía apenas 200 mil.
• No crepúsculo da URSS, entre 1990-91, buscou-se a inserção de empresas
privadas norte--americanas, japonesas e alemãs no país, buscando-se a troca de
tecnologias entre essas instituições estrangeiras com organismos estatais
soviéticos. Mas, à época, com a crise financeira e a estagnação tecnológica que o
país sofria, poucas foram as empresas que arriscaram investimentos na URSS.
• Circunstancias
• Orientação politico ideológica X autonomia intelectual
• Pequeno grupo da sociedade relacionando-se a um regime totalitário.
• Fardo politico econômico do complexo militar industrial
• Falta de alternativas a politicas científicas muito centralizadoras.
BIBLIOGRAFIA
GEROVITCH, Slava. New Soviet man’ inside machine: Human engineering, spacecraft design, and the construction of
communism. OSIRIS, v. 22, p. 135-157, 2007.
GEROVITCH, Slava. Stalin’s rocket designers’ leap into space: The technical intelligentsia faces the thaw. OSIRIS, v. 23, p. 189-
209, 2008.
HOLLOWAY, David. Stalin e a bomba. Rio de Janeiro: Record, 1997
SANTOS JUNIOR, R. L.. A Informática vermelha: uma história do sistema computacional na ex-União Soviética. Ciência Hoje, v.
52, p. 22-25, 2013.
SANTOS JUNIOR, R. L.. Nos primórdios da informática: estudo sobre a construção dos primeiros computadores eletrônicos
digitais nos Estados Unidos e União Soviética. In: X Semana de História Política: Minorias étnicas, de gênero e religiosas. Rio de
Janeiro: UERJ / PPGH, p. 2566-2575, 2015.
SIDDIQI, ASIF. Soviet Space Power During the Cold War. In: Harnessing the Heavens: National Defense Through Space, eds.
Paul G. Gillespie and Grant T. Weller. Colorado Springs: United States Air Force Academy, p. 135-150, 2008.

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Ciência e Tecnologia na antiga União Soviética: breve percurso histórico parte 2

  • 1. CIÊNCIA E TECNOLOGIA NA UNIÃO SOVIÉTICA: BREVE PERCURSO HISTÓRICO Parte 2 : “exceções” a regra.
  • 2. INDUSTRIA NUCLEAR • Física: de uma das ciências mais fracas na Rússia pré-1917, para um campo consolidado entre as décadas de 1920 e 1930, com diversos institutos em funcionamento, e gerações de físicos formados e em atividade. • Instituto ótico de estado (1918) • Autonomia intelectual e alto padrão intelectual: apesar da pressão do partido e seus “filósofos” (intensificados a partir da segunda metade dos anos 1940), o campo, no geral, sofreu relativa repressão política se comparada a outras áreas. (trinômio Status, recompensa e autoridade) • Tensões entre físicos, sobre a prioridade de pesquisa ligadas a teoria nuclear e exploração de uranio. Porém não caindo em rixas, retaliações internas ou uso da máquina do partido contra rivais. • Contribuições soviéticas para a pesquisa nuclear: Descoberta da fissão espontânea, e teoria das reações em cadeia.
  • 3. INDUSTRIA NUCLEAR Vladimir Vernadsky (1863-1945) • Um dos principais nomes da ciência russa. • Começo do estudo dos minérios radioativos no país, a partir de 1911, além de expedições de depósitos de uranio a partir de 1914 no Cáucaso e Ásia central. • Estabeleceu instituto de rádio em 1922. • Estímulos a pesquisas ligadas a radioatividade. • Postura ambígua e distante tanto do regime bolchevique quanto ao marxismo.
  • 4. INDUSTRIA NUCLEAR Abram Ioffe (1880-1960) • Estimulou a constituição do Instituto físico técnico, em Petrogrado (1923) • Ajudou na formação de um geração de físicos soviéticos importantes para a área entre os anos 1920 e 1930, e da internacionalização da área, estimulando troca cientificas com a Europa ocidental. • Implementou a criação de outros institutos e centros de pesquisa ligados a física em diferentes repúblicas soviéticas. • Relação distante com o partido comunista e com a Academia de Ciências, que pressionavam por mais “fidelidade” as ideias ligadas ao materialismo dialético e em expor resultados científicos condizentes com o período dos planos quinquenais.
  • 5. INDUSTRIA NUCLEAR Igor Kurchatov (1903-1960) • Principal coordenador do projeto atômico soviético entre os anos 1940 até sua morte. • Talentoso, de personalidade afável, conseguiu conciliar diferentes interesses e posições vindas tanto dos físicos participantes do projeto, quanto do governo e exército que, apesar do apoio logístico, tratavam os cientistas com desconfiança. • Administrou diferentes gerações de físicos soviéticos. • Exerceu sua influencia para que a ciência do país tivesse maior autonomia, livre de “dogmatismos ideológicos”, e que as relações com pesquisadores ocidentais fosse reatada.
  • 6. INDUSTRIA NUCLEAR Anos 1940 • Apesar das pesquisas, havia pouco interesse dos físicos soviéticos em expandir ou investir de forma mais extensiva na energia nuclear, em parte devido a acharem que o projeto seria de longo prazo (exceções Georgi Flerov) • O partido comunista, apesar de atento as informações obtidas por espiões dos projetos atômicos norte-americano, inglês e alemão, pouco compreendia a importância estratégica do projeto • Segunda guerra mundial: institutos e cientistas transferidos para Kazan e Cazaquistão, onde muitos (por vontade própria) transferiram suas pesquisas para propósitos de guerra (radar, proteção contra minas, blindagem, explosivos, foguetes) • Falta de suprimentos (água pesada, urano) e equipamento (cíclotron)
  • 7. INDUSTRIA NUCLEAR Anos 1940: • 1943: criação do laboratório nº 2, destinado a pesquisas em energia nuclear, sob a liderança de Igor Kurchatov. • 1944: consolidação de um cíclotron, permitindo experimentos relacionados a fissão nuclear. • 1945-46: obtenção de minas urânio na Tchecoslováquia, Alemanha, Sibéria, Cáucaso e Ásia central, que seriam amplamente usadas nos anos seguintes. Organização de grupo de cientistas / engenheiros para o projeto nuclear. Utilização de cientistas alemães no projeto (de forma limitada, pois grande parte ficaria na parte ocupada pelas tropas ocidentais). 20 de agosto: Stalin, surpreso com o impacto das bombas em Hiroxima e Nagasaki, firmou, com o Comitê de Defesa do Estado de Moscou, novas diretrizes para o projeto atômico soviético, agora de alta prioridade e recursos quase ilimitados. Objetivo era a construção de uma bomba o mais rápido possível, equiparando-se aos EUA. Comitê especial sobre a bomba atômica, liderada pelo então diretor da NKVD, Lavrenti Beria.
  • 8. INDUSTRIA NUCLEAR 1946-1948: consolidação do complexo atômico / nuclear na URSS • Criação de um reator nuclear experimental (Fizicheskii 1). • Construção de um reator de produção (Cheliabinsk 40, na cidade de Kyshtym, nos Urais) • Instalação de um local para produção da bomba (Arzamas 16) • Cidade fechadas (atomgrads) relacionadas a produção nuclear. • Entre 330 a 460 mil pessoas envolvidas no projeto entre 1945-1950: 225 a 361 mil na mineração, 50 a 60 mil ligadas a construção, 20 a 30 mil na produção, e 5 a 8 mil em pesquisa. • (Cifras precisas sobre o projeto nuclear soviético até hoje não disponíveis, porém, sabe-se que Stalin não mediu limites financeiros para a obtenção da bomba atômica)
  • 9. INDUSTRIA NUCLEAR 1949-1961: projeto da bomba de hidrogênio/ termodinâmica/ superbomba • Liderado pelos cientistas Igor Tamm (1895-1971), Andrei Sakharov (1921-1989) e Yakov Zel'dovich (1914-1987) • Produção independente da norte-americana, com concepção (entre 1948-50) e desenvolvimento (durante os anos 1950) feita sem necessitar de informações de espiões. 1949-1990: produção maciça de ogivas nucleares 715 detonações 55.000 armas produzidas 45.000 ogivas disponíveis entre 1986-1988.
  • 10. INDUSTRIA NUCLEAR Apesar do sistema administrativo bem sucedido, existiram custos impostos ao projeto, que continuaram a existir nas décadas seguintes • Amplo uso de trabalho de prisioneiros na mineração e construção dos artefatos. Boa arte seria atingida pela radiação ou morreriam pelas condições insalubres de trabalho (dados mais precisos não disponíveis). • Pouca prioridade a saúde e segurança não somente aos trabalhadores, mas a diferentes profissionais envolvidos no projeto, e nas regiões envolvidas no mesmo. • Danos causados ao meio ambiente, já visíveis no inicio dos anos 1950. haveriam casos de alto custo ambiental, social e econômico em algumas regiões do país.
  • 11. chelyabinsk 40 (1957) Chernobyl (1986)
  • 12. COSMONÁUTICA Konstantin Tsiolkovsky (1857-1935) • Divulgador científico e um dos pais da engenharia aeroespacial russa. Em mais de 400 obras publicadas teve duas vertentes de pensamento: • Grande parte de sua obra, influenciada parcialmente pelo filósofo Nikolay Fyodorov (1829-1901), relacionada a vertente transumanista, com fortes elementos exotéricos e ligados ao ocultismo. (viagem e exploração espacial como uma forma de aperfeiçoar a humanidade e expurgar seus defeitos). • Vertente mais influente (entre 1903-1914), foi a de apresentar informações detalhadas, mesmo que muitas vezes imprecisas, sobre o desenvolvimento e construção de foguetes, ou “artefatos espaciais”, além de estações e colônias espaciais.
  • 13. COSMONÁUTICA Mikhail Tikhonravov (1900-1974) • Principal precursor e supervisor do projeto especial soviético. • Primeiro a realizar testes bem sucedidos com foguetes na URSS (modelo 09, lançado com sucesso em 1933). • Intercedeu para a sobrevivência e soltura de futuros nomes importantes para a cosmonáutica soviética nos gulags, na segunda metade dos anos 1940. • Intercedeu na criação dos primeiras caças soviéticos. • Chefiou o instituto NII-4, que organizou propostas relacionadas a mísseis intercontinentais e a produção inicial de satélites especiais na primeira metade dos anos 1950.
  • 14. COSMONÁUTICA • Maio de 1946: decreto estabelecendo o Comitê tecnológico de Tecnologia Reativa. • Segunda metade dos anos 1940: comitês, coordenados por Korolev e Glushko, enviados para a Alemanha, retirando equipamentos, analisando material confiscado e obtendo mão de obra e expertise para a construção de foguetes e mísseis (primeiro míssil intercontinental - R-7 ). • Agosto de 1954 e 1955: primeiras aprovações do partido comunista para a produção de módulos espaciais, relacionados a mísseis intercontinentais (R-7) • Janeiro de 1956, governo soviético identifica o patrocínio do programa espacial no país separando na classes: Satélite científico (D1) Satélite biológico (D2) Satélite de reconhecimento (D3) • Satélite com transmissão de rádio e de imagens com orientação passiva (OD -1). • Orientação ativa e capsula retornável (OD-2)
  • 15. Serguei Korolev (1906-1966) Valentin Glushko (1909-1989) Mikhail Yangel (1911-1971) Vladimir Chelomey (1914-1984)
  • 16. COSMONÁUTICA • Partido comunista soviético: Departamento relacionado ao comitê central - Dimitri Ustinov (1908-1984). Ministério de construção geral de máquinas (1965) • Comissão Militar Industrial (VPK) • Complexo militar (exército, aeronáutica e, ocasionalmente, marinha) • Bureau de design • Diretoria principal de assuntos espaciais (GUKOS), formalizado em 1981.
  • 17. COSMONÁUTICA • Rivalidades entre os principais construtores e engenheiros, criando duplicidade de projetos, e descentralização de esforços e recursos que prejudicaram programas. • Apesar dos esforços de Kruschev, os projetos sofriam de uma complexa rede burocrática de patrocínio e suporte, além da dependência de determinados organismos militares e políticos, que freavam o andamento de alguns programas, ou cortavam o financiamento dos mesmos. • Korolev e outros tomariam a iniciativa para contornar esses problemas: crição de um “conselho de designers”, unindo matemáticos, físicos, engenheiros e militares para organizar os programas, diminuir as tensões internas, e criar um lobby junto ao exército e ao partido comunista. • Os primeiros projetos precisavam de um amplo leque de fábricas, agencias governamentais, e conselhos econômicos regionais.
  • 18. COSMONÁUTICA • Forte liderança dos engenheiros no projeto, onde tentavam, muitas vezes sem sucesso, serem uma espécie de ponte entre diferentes setores militares e do partido comunista. Caso mal sucedidos, utilizavam uma rede interna de colaboradores, protegidos ou conhecidos para organizarem os projetos. • Primeiras gerações de cosmonautas, incialmente sem praticamente nenhum controle no comando dos satélites, demandando mais autonomia nas decisões de voo, obtidas, com custo, a partir dos anos 1970. (vozes criticas sobre o programa espacial, e.g. Gagarin). • Anos 1960 e 1970: status politico dos engenheiros (até certo ponto) e fama dos cosmonautas (garotos propaganda do programa soviético). • Patrocínio governamental constante, porém instável e errático.
  • 19. COSMONÁUTICA • Vostok 1 600 transistores 241 Tubos de vácuo 56 motores elétricos 800 retransmissores e interruptores 880 plugs elétricos 15 km de cabos
  • 20. COSMONÁUTICA • Sputinik 1 Sputinik 2 Korabl-Sputnik 2 Vostok 1 Vostok 6 • Voskhod-2 Luna 3 Luna 9 Venera 4
  • 21. Zenit (1961- 1994) Molniya (1964-1975) Soyuz (a partir 1967) e Yantar (1974-83) Uragan (1983-2009) Salyut 2 (1973) MIR (1986-2001) Buran (1988)
  • 22. CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO • Na URSS, teve suas origens no final da década de 1940, com a assimilação, por parte dos pesquisadores soviéticos, de disciplinas científicas que emergiam nos EUA e na Europa ocidental. • a de maior influência para o campo computacional soviético na década de 1950 e a seguinte foi a cibernética. • Analisa“(…) não apenas o estudo da linguagem, mas também o estudo das mensagens como meios de dirigir a maquinaria e a sociedade, o desenvolvimento de máquinas, computadores e outros autômatos” (Norbert Wiener).
  • 23. CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO • Coube ao engenheiro Sergei Lebedev (1902-1974) o crédito da produção do primeiro computador eletrônico digital na União Soviética. Lebedev, na segunda metade dos anos 1940, obteve a aprovação do partido comunista e da Academia de Ciências Soviética para aconstrução de computadores digitais na URSS. • Lebedev, entre 1949-1950, teve os recursos financeiros e materiais para o desenvolvimento do projeto recebidos de forma instável e inconstante além da dificuldade de achar um local para a construção do computador, alocado em um monastério danificado pela guerra no isolado subúrbio de Feofania, Kiev. • em novembro de 1950, a Pequena Máquina Eletrônica de Cálculo (MESM) realizava com sucesso suas primeiras operações. Entre 1951-52, obteve utilizações diversificadas, principalmente resolvendo complexos cálculos matemáticos e estatísticos, centralizados nas áreas da cosmonáutica e energia nuclear.
  • 24. CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO • O sucesso do MESM permitiu a Lebedev, mesmo com contratempos e posturas contraditórias do partido comunista ao apoiar suas iniciativas, continuar com as pesquisas e projetos ligados a construção de modelos mais sofisticados de computadores na URSS. Entre esses modelos citam-se a Grande Máquina Eletrônica de Cálculo(BESM) em 1953, e os modelos M-20 (1956-1957), BESM-2 (1958), BESM-6 (1965) e ELBRUS (1973).
  • 25. • MESM M-20 BESM-6
  • 26. CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO • outros projetos que eram desenvolvidos quase simultaneamente, e concorrendo com Lebedev por verbas e atenção em Moscou. • citam-se o M-1, desenvolvido pelo Isaak Bruk entre 1951-1952, e o Strela, primeira série de computadores de grande porte construído na URSS, desenvolvido por Yuri Bazilevskii (1912-1983) entre 1952-1953. • Séries Ural (1959-1965) e Minsk (1959-1975). • ES EVM (Sistema Unificado de Computadores Eletrônicos) e SM (Máquinas de Pequeno Porte).
  • 28. CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO • Partido Comunista soviético, após 1967, influenciado por fatores internos (controle do campo científico do país) e externos (custos advindos da corrida armamentista com os EUA), adotou políticas de cópia e clonagem de modelos ocidentais (IBM, Apple) para os equipamentos produzidos pela URSS. • Anos 1970 e 1980: produção de “computadores pessoais”: Elektronika (1979): IM (jogos eletrônicos), DVK e BK (computador pessoal), MK (calculadoras). Korvet (1980) Agat (1983) • No geral, obtiveram pouca inserção entre a população civil soviética – com exceção do Elektronika, que, mesmo assim, teve sucesso parcial e limitado.
  • 29. • Agat Elektronika DKV Korvet
  • 30. CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO • Grande parte dos programas usados a partir de 1968 (Fortran), também era cópia dos produzidos pela empresa norte--americana IBM, não havendo registro de programas desenvolvidos de forma independente na URSS. • Só em 1971, com a série RYAD, é que apareceriam programas feitos com linguagem computacional mais sofisticada (Algol, PL/1,PP-1 e, em menor medida, Snobol, Pascal e LISP). • Anos 1980, surgiram os programas baseados principalmente no sistema operacional DOS. • Andrei Ershov (1931-1988)
  • 31. CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO • em grande parte da década de 1960, buscaram criar projetos ligados à criação e manutenção de redes de computadores, dando uma espécie de resposta (indireta) a iniciativas norte americanas, como a militar Arpanet. • Entre esses projetos, citam-se o Sistema Estatal de Gerenciamento Automatizado (em russo, OGAS), coordenado por Viktor Glushkov (1923-1982) no âmbito da URSS, e o ES-RYAD, focado nos países comunistas do Leste Europeu. • Ambos, pela limitação dos modelos de computadores usados (soviéticos e da Europa Oriental), bem como políticas equivocadas do Partido Comunista (patrocínio deficitário, burocratização em demasia dos projetos), mostravam-se, em meados da década de 1980, desgastados, e, no caso do OGAS, praticamente em desuso (desativado em 1998). • O próprio domínio ‘.su’ (do, inglês, soviet union) seria consolidado (com dificuldade) só em setembro de 1990.
  • 32. CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO • Em 1955, foi criado o Centro de Computadores n° 1 e, dois anos depois, o Centro de Pesquisa em Desenvolvimento e Utilização de Sistemas de Informação, ambos relacionados ao Ministério da Defesa. Os centros buscaram reunir diferentes profissionais (matemáticos, engenheiros etc.) em projetos de construção de computadores na URSS. • Só na segunda metade da década de 1980, seriam criados comitês e departamentos exclusivamente dedicados à ciência da computação na URSS: o Comitê Estatal para a Informática e Tecnologia em Computadores (GKVTI) e os Complexos Inter-ramificados Técnico-científicos (MNKT), ambos de 1986, e a Sociedade em Ciência da Computação e Informática (1989).
  • 33. CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO • A partir do início da década de 1970, regiões foram eleitas pelo governo soviético como as principais na construção de modelos de equipamentos (hardware) e programas (softwares) para os computadores da URSS: Moscou e adjacências; Sibéria (Novosibirsk, Krasnoyarsk, Irkutsk, Tomsk); extremo oriente (Vladivostok, Khabarovsk); Voronezh, Minsk (Bielorrússia); Kiev e Sievierodonetsk (ambas na Ucrânia). • Cada cidade ficou responsável pela produção e pelo desenvolvimento de determinado modelo ou programa automatizado.
  • 34. CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO • No decorrer da década de 1980, o abismo tecnológico entre a URSS e os EUA não só se mostrou evidente mas também muito difícil de ser transposto pelos soviéticos em médio e longo prazos. • Em 1989, enquanto os EUA tinham cerca de 25 milhões de computadores em atividade, a URSS possuía apenas 200 mil. • No crepúsculo da URSS, entre 1990-91, buscou-se a inserção de empresas privadas norte--americanas, japonesas e alemãs no país, buscando-se a troca de tecnologias entre essas instituições estrangeiras com organismos estatais soviéticos. Mas, à época, com a crise financeira e a estagnação tecnológica que o país sofria, poucas foram as empresas que arriscaram investimentos na URSS.
  • 35. • Circunstancias • Orientação politico ideológica X autonomia intelectual • Pequeno grupo da sociedade relacionando-se a um regime totalitário. • Fardo politico econômico do complexo militar industrial • Falta de alternativas a politicas científicas muito centralizadoras.
  • 36. BIBLIOGRAFIA GEROVITCH, Slava. New Soviet man’ inside machine: Human engineering, spacecraft design, and the construction of communism. OSIRIS, v. 22, p. 135-157, 2007. GEROVITCH, Slava. Stalin’s rocket designers’ leap into space: The technical intelligentsia faces the thaw. OSIRIS, v. 23, p. 189- 209, 2008. HOLLOWAY, David. Stalin e a bomba. Rio de Janeiro: Record, 1997 SANTOS JUNIOR, R. L.. A Informática vermelha: uma história do sistema computacional na ex-União Soviética. Ciência Hoje, v. 52, p. 22-25, 2013. SANTOS JUNIOR, R. L.. Nos primórdios da informática: estudo sobre a construção dos primeiros computadores eletrônicos digitais nos Estados Unidos e União Soviética. In: X Semana de História Política: Minorias étnicas, de gênero e religiosas. Rio de Janeiro: UERJ / PPGH, p. 2566-2575, 2015. SIDDIQI, ASIF. Soviet Space Power During the Cold War. In: Harnessing the Heavens: National Defense Through Space, eds. Paul G. Gillespie and Grant T. Weller. Colorado Springs: United States Air Force Academy, p. 135-150, 2008.