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NOVOS TERRITÓRIOS ECONÔMICOS:
  AGROPOLOS COMO ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL [1]


            Prof. Msc. Romualdo Pessoa Campos Filho – IESA/UFG
                           romualdo@iesa.ufg.br


INTRODUÇÃO

Nos últimos anos um dos setores de maior desenvolvimento, e responsável pelo
acréscimo no volume das exportações brasileiras, tem sido o agronegócio. Essa
condição, possibilitou que o país fechasse o ano de 2003, com um superávit
considerável em sua balança comercial. Uma pujança que reforça uma
característica secular de nosso país, cuja economia destacou-se ao longo de sua
história exatamente por exportar produtos primários, atualmente no mercado
internacional conhecidos como commodities.

Não se pode contar glórias dessa marca, na medida em que, desde o período
colonial temos ficado estacionados no processo de desenvolvimento, pela quase
ausência de agregação de valor aos nossos produtos, conseqüência dos poucos
investimentos em modernização tecnológica e apropriação do conhecimento
científico-inovador, e até mesmo de uma política industrial que nos impulsionasse
na mesma direção das atuais grandes potências que dominaram o mercado
mundial por todo este tempo. Basta lembrar da política do malfadado pacto
colonial quando o Brasil estava impedido de produzir bens industrializados.
Nossas relações comerciais necessariamente deveriam tomar o destino da
metrópole dominante, somente dali seguiria o destino do mercado mundial. No
século XVIII, como condição imposta pelo pacto colonial, fomos impedidos de criar
indústrias, para que não houvesse concorrência com nossos dominantes. Um
absurdo contido pelo rompimento dos nossos laços com Portugal, mas não
resolvido ao longo da emancipação brasileira e da nossa formação como nação.
As políticas desenvolvidas ao longo do século XX não foram suficientes para
resgatar esse enorme déficit, e nos manteve permanentemente em atraso
comparativamente com as nações mais desenvolvidas, que se beneficiaram dessa
fraqueza e se aproveitaram de um enorme mercado consumidor.

O forte investimento no processo de criação de uma indústria de base, durante o
Governo Vargas, sofreu um lento retrocesso pela política de abertura excessiva no
período JK. A tentativa de retomada de um crescimento estratégico da economia
brasileira, durante o regime militar foi prejudicada pelo forte endividamento
externo, que nos anos seguintes levaria o nosso PIB a uma quase completa
estagnação, com crescimento irrisório e quase duas décadas perdidas.

A expansão do comércio mundial, a partir da década de 1980, a facilidade de
deslocamento da produção, conseqüência de uma impressionante modernização
nos meios de transportes, vinculado à revolução na microeletrônica e a rapidez

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  • 1. NOVOS TERRITÓRIOS ECONÔMICOS: AGROPOLOS COMO ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL [1] Prof. Msc. Romualdo Pessoa Campos Filho – IESA/UFG romualdo@iesa.ufg.br INTRODUÇÃO Nos últimos anos um dos setores de maior desenvolvimento, e responsável pelo acréscimo no volume das exportações brasileiras, tem sido o agronegócio. Essa condição, possibilitou que o país fechasse o ano de 2003, com um superávit considerável em sua balança comercial. Uma pujança que reforça uma característica secular de nosso país, cuja economia destacou-se ao longo de sua história exatamente por exportar produtos primários, atualmente no mercado internacional conhecidos como commodities. Não se pode contar glórias dessa marca, na medida em que, desde o período colonial temos ficado estacionados no processo de desenvolvimento, pela quase ausência de agregação de valor aos nossos produtos, conseqüência dos poucos investimentos em modernização tecnológica e apropriação do conhecimento científico-inovador, e até mesmo de uma política industrial que nos impulsionasse na mesma direção das atuais grandes potências que dominaram o mercado mundial por todo este tempo. Basta lembrar da política do malfadado pacto colonial quando o Brasil estava impedido de produzir bens industrializados. Nossas relações comerciais necessariamente deveriam tomar o destino da metrópole dominante, somente dali seguiria o destino do mercado mundial. No século XVIII, como condição imposta pelo pacto colonial, fomos impedidos de criar indústrias, para que não houvesse concorrência com nossos dominantes. Um absurdo contido pelo rompimento dos nossos laços com Portugal, mas não resolvido ao longo da emancipação brasileira e da nossa formação como nação. As políticas desenvolvidas ao longo do século XX não foram suficientes para resgatar esse enorme déficit, e nos manteve permanentemente em atraso comparativamente com as nações mais desenvolvidas, que se beneficiaram dessa fraqueza e se aproveitaram de um enorme mercado consumidor. O forte investimento no processo de criação de uma indústria de base, durante o Governo Vargas, sofreu um lento retrocesso pela política de abertura excessiva no período JK. A tentativa de retomada de um crescimento estratégico da economia brasileira, durante o regime militar foi prejudicada pelo forte endividamento externo, que nos anos seguintes levaria o nosso PIB a uma quase completa estagnação, com crescimento irrisório e quase duas décadas perdidas. A expansão do comércio mundial, a partir da década de 1980, a facilidade de deslocamento da produção, conseqüência de uma impressionante modernização nos meios de transportes, vinculado à revolução na microeletrônica e a rapidez