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Por que sexar nossas aves?
                                               O exame de DNA para identificar o sexo das aves é conhecido dos
                                             criadores brasileiros há mais de 10 anos. Mas, mesmo assim, nós do
                                                Laboratório São Camilo, que trabalhamos realizando o exame e
                                              atendendo criadores das mais diversas regiões do Brasil e de vários
                                             países, todos os dias nos deparamos com dúvidas de nossos clientes
                                              a respeito do exame. Por isso, em poucas palavras, vamos procurar
                                                        responder boa parte dessas dúvidas. Vamos lá?



       A identificação do sexo de grande parte das       membrana interna da casca do ovo ou de qualquer
                                                         outro tipo de tecido da ave, coletado em kits
aves é significantemente difícil de obter por meio da
                                                         específicos para o exame, é possível fazer a análise
análise morfológica externa animais, ou seja, é
                                                         do DNA, e através dessas diferenças existentes no
muitas vezes é complicado sabermos o sexo de
                                                         DNA de machos e fêmeas, definir o sexo da ave com
nossas aves somente levando em consideração
                                                         precisão superior a 99,9 %.
formas, cores, tamanhos etc. Existem mitos sobre o
tamanho e a cor das penas e bicos, mas “certeza”,
pouca gente tem! Diante disso, um dos problemas
básicos encontrado na conservação e criação de
aves é a identificação do sexo para formação de
casais. Estima-se que em mais de 50% das espécies
de aves do mundo o dimorfismo sexual não seja
aparente, ou seja, as fêmeas adultas são idênticas
aos machos. Mesmo nas espécies em que                       Figura 1: Eletroforese em gel de agarose por meio do qual foram
apresentam diferença entre os sexos, em alguns              identificados 8 animais. Note que as fêmeas apresentam 2 regiões
                                                            marcadas do gene CHD.
casos ela só se torna evidente quando adultos ou
quase adultos. Este fator representa um problema
                                                                 Muitos perguntam se o teste tem 100% de
para a criação, conservação e a pesquisa científica
                                                         precisão ou se existe a possibilidade do teste estar
de tais espécies, necessitando-se da utilização de
                                                         errado. Nesta hora é importante saber que, como
métodos de sexagem.
                                                         todo teste laboratorial, a técnica tem algumas
         Há algum tempo, a sexagem poderia ser
                                                         limitações. As estatísticas de acerto são superiores a
realizada somente por meio de métodos invasivos,
                                                         99,9%, ou seja, aproximadamente um erro a cada mil
como a laparoscopia ou a endoscopia, que consistem
                                                         amostras testadas. Recentemente em um trabalho
em examinar o interior do corpo da ave por meio de
                                                         publicado por Ashley e colaboradores na revista
uma fibra óptica. Estes métodos, apesar de eficientes
                                                         científica Molecular Ecology Resources, os
e realizados em instituições competentes,
                                                         pesquisadores mostraram que pequenos rearranjos
mostravam-se estressantes para a ave, podendo até
                                                         do DNA, conhecidos como formação de
causar lesões, além de apresentar um alto custo.
                                                         heteroduplexes, que podem estar presentes em
Desenvolvido como uma alternativa segura quando
                                                         indivíduos de uma espécie de ave, conduziram a
comparado à sexagem cirúrgica, o processo de
                                                         erros na sexagem de machos que, neste caso,
sexagem através do DNA tem sido utilizado desde o
                                                         apresentaram um perfil genético semelhante às
seu desenvolvimento com uma precisão superior a
                                                         fêmeas. Porém, a correta coleta e identificação das
99,9%. A técnica, conhecida como sexagem
                                                         amostras, realizadas pelo criador e um controle de
molecular de aves, foi inventada em 1996 por Richard
                                                         qualidade rigoroso por parte dos laboratórios, são
Griffiths, da Universidade de Cabridge no Reino
                                                         fatores decisivos para que possamos alcançar
Unido, juntamente com dois colaboradores da
                                                         índices de precisão mais elevados.
Universidade de Groningen na Holanda.
         A determinação do sexo das aves por DNA é
realizada por meio da metodologia conhecida por
reação de PCR (do inglês, Polymerase Chain
Reaction) onde, a presença ou ausência, de uma
região específica para fêmeas e machos do gene
CHD (chromo-helicase-DNA-binding), presente no
cromossomo sexual de todas as aves, pode ser
detectada e identificada (figura 1).
Assim, com apenas uma pequena amostra biológica,
que pode ser retirada da pena, do sangue, da
Hoje é possível sexar com sucesso a maioria das espécies de aves. Os marcadores utilizados para a
determinação do sexo em aves foi desenvolvido em regiões conservadas do gene CHD presente no
cromossomo sexual de todas as aves, ou seja, a marcação é feita em um trecho do DNA que sofreu pouca
alteração ao longo da evolução das espécies. Desta forma, o teste pode ser aplicado à maior parte das ordens
de aves. As espécies mais procuradas para a sexagem são os da Ordem Passeriformes e sua Subordem
Passeri (bicudo, trinca-ferro, canários etc) e da Ordem Psittaciformes (papagaio, calopsitas, agapornis, arara
etc), mas também é realizada a sexagem para aves das Ordens dos Ciconiiformes (garça e cegonha),
Galliformes (galo, perdiz, faisão) e Piciformes (pica-pau e tucano). Quanto aos Struthioniformes (avestruz,
emas, quivis), as marcações são feitas em duas regiões específicas da ave fêmea e um marcador interno é
utilizado para controle da reação e determinação dos machos. Outras espécies também são possíveis de sexar
por DNA, mas neste caso é importante contatar o laboratório antes de enviar as amostras. Além disso, algumas
espécies necessitam uma adaptação no teste, resultando em um aumento do tempo esperado para a entrega
dos resultados.
         Outra pergunta que sempre nos chega é qual o melhor tipo de amostra a se coletar, qual a de melhor
qualidade ou qual é a amostra que tem mais DNA. Se tentarmos localizar o DNA, veremos que ele não se
concentra em uma parte específica do corpo de qualquer organismo, mas na verdade está presente em
praticamente todas as células do indivíduo. Curiosamente, existe cerca de bilhões de células constituindo o
corpo de um animal de porte médio e, com algumas exceções, cada uma dessas células contém uma cópia
completa do DNA daquele organismo. Assim, qualquer tipo de tecido pode ser utilizado para fazer o exame de
sexagem. Pela facilidade de se coletar, as amostras de penas, o sangue e a película de dentro dos ovos, são as
principais fontes de DNA utilizadas para a sexagem. Porém, não existe uma regra que nos diz qual é o melhor
tipo de amostra, na verdade, todas elas provêem DNA para o exame com a mesma qualidade, assim cada
criador pode escolher qual tipo de coleta se enquadra melhor dentro do seu manejo. A sexagem por DNA pode
ser feita em aves de qualquer idade, tanto em filhotes como em aves adultas. No caso de filhotes, é difícil saber
com precisão uma idade mínima para a coleta de amostras. Se a coleta for feita da casca do ovo, o exame pode
ser realizado logo no primeiro dia do nascimento, já, se a amostra escolhida for pena ou sangue, dependerá do
manejo de cada criador para decidir qual é a idade mínima para se fazer a coleta.
         Espero que esse pequeno texto ajude a responder algumas das dúvidas que surgem a respeito da
Sexagem de Aves por DNA bem como auxilie na melhor compreensão de como o teste foi desenvolvido e é
realizado. A Sexagem de DNA, cada vez mais se torna uma ferramenta importante para a criação de aves de
estimação, uma tarefa que requer muita dedicação, exigindo dos criadores conhecimentos específicos e bem
apurados para que se consiga sucesso. E saber o sexo das aves é uma forma de garantir a formação de casais
que gerem filhotes, objetivo este, tanto de quem comercializa e compra as aves, como também de biólogos que
 cuidam de espécies ameaçadas de extinção. Já estrutiocultura,
ou criação de avestruzes, a determinação do sexo dos filhotes,
auxilia o criador, uma vez que permite a comercialização
precoce do filhote proporcionando vantagens comerciais e de
manejo. Ou seja, com a sexagem por DNA, é possível conhecer
o sexo de suas aves desde os primeiros dias de vida.


Leitura recomendada:

First Gene on the Avian W Chromosome (CHD) Provides a Tag for
Universal Sexing of Non-Ratite Birds. Hans Ellegren. Proc. R. Soc.
Lond. B 1996 263, 1635-1641.

Sex Identification in Birds Using Two CHD Genes. Richard
Griffiths, Serge Daan and Cor Dijkstra. Proc. R. Soc. Lond. B 1996
263, 1251-1256.

Sex Identification of Pin-Tailed Manakins (Ilicura militaris:
Pipridae) Using the Polymerase Chain Reaction and its
Application to Behavioral Studies. Marina Anciães & Silvia Nassif
Del Lama. Ornitologia Neotropical 13: 159–165, 2002.

Sexagem em aves – Revisão de Literatura. Elaine Bernardino
Freitas; Rosa Dias Morais Remuszka; Soraya Regina Sacco. Revista
Científica Eletrônica de Medicina Veterinária – ISSN: 1679-7353. Ano
VII – Número 12 – Janeiro de 2009 – Periódicos Semestral.

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Por que sexar nossas aves - Sexagem pelo DNA R$ 11,90

  • 1. Por que sexar nossas aves? O exame de DNA para identificar o sexo das aves é conhecido dos criadores brasileiros há mais de 10 anos. Mas, mesmo assim, nós do Laboratório São Camilo, que trabalhamos realizando o exame e atendendo criadores das mais diversas regiões do Brasil e de vários países, todos os dias nos deparamos com dúvidas de nossos clientes a respeito do exame. Por isso, em poucas palavras, vamos procurar responder boa parte dessas dúvidas. Vamos lá? A identificação do sexo de grande parte das membrana interna da casca do ovo ou de qualquer outro tipo de tecido da ave, coletado em kits aves é significantemente difícil de obter por meio da específicos para o exame, é possível fazer a análise análise morfológica externa animais, ou seja, é do DNA, e através dessas diferenças existentes no muitas vezes é complicado sabermos o sexo de DNA de machos e fêmeas, definir o sexo da ave com nossas aves somente levando em consideração precisão superior a 99,9 %. formas, cores, tamanhos etc. Existem mitos sobre o tamanho e a cor das penas e bicos, mas “certeza”, pouca gente tem! Diante disso, um dos problemas básicos encontrado na conservação e criação de aves é a identificação do sexo para formação de casais. Estima-se que em mais de 50% das espécies de aves do mundo o dimorfismo sexual não seja aparente, ou seja, as fêmeas adultas são idênticas aos machos. Mesmo nas espécies em que Figura 1: Eletroforese em gel de agarose por meio do qual foram apresentam diferença entre os sexos, em alguns identificados 8 animais. Note que as fêmeas apresentam 2 regiões marcadas do gene CHD. casos ela só se torna evidente quando adultos ou quase adultos. Este fator representa um problema Muitos perguntam se o teste tem 100% de para a criação, conservação e a pesquisa científica precisão ou se existe a possibilidade do teste estar de tais espécies, necessitando-se da utilização de errado. Nesta hora é importante saber que, como métodos de sexagem. todo teste laboratorial, a técnica tem algumas Há algum tempo, a sexagem poderia ser limitações. As estatísticas de acerto são superiores a realizada somente por meio de métodos invasivos, 99,9%, ou seja, aproximadamente um erro a cada mil como a laparoscopia ou a endoscopia, que consistem amostras testadas. Recentemente em um trabalho em examinar o interior do corpo da ave por meio de publicado por Ashley e colaboradores na revista uma fibra óptica. Estes métodos, apesar de eficientes científica Molecular Ecology Resources, os e realizados em instituições competentes, pesquisadores mostraram que pequenos rearranjos mostravam-se estressantes para a ave, podendo até do DNA, conhecidos como formação de causar lesões, além de apresentar um alto custo. heteroduplexes, que podem estar presentes em Desenvolvido como uma alternativa segura quando indivíduos de uma espécie de ave, conduziram a comparado à sexagem cirúrgica, o processo de erros na sexagem de machos que, neste caso, sexagem através do DNA tem sido utilizado desde o apresentaram um perfil genético semelhante às seu desenvolvimento com uma precisão superior a fêmeas. Porém, a correta coleta e identificação das 99,9%. A técnica, conhecida como sexagem amostras, realizadas pelo criador e um controle de molecular de aves, foi inventada em 1996 por Richard qualidade rigoroso por parte dos laboratórios, são Griffiths, da Universidade de Cabridge no Reino fatores decisivos para que possamos alcançar Unido, juntamente com dois colaboradores da índices de precisão mais elevados. Universidade de Groningen na Holanda. A determinação do sexo das aves por DNA é realizada por meio da metodologia conhecida por reação de PCR (do inglês, Polymerase Chain Reaction) onde, a presença ou ausência, de uma região específica para fêmeas e machos do gene CHD (chromo-helicase-DNA-binding), presente no cromossomo sexual de todas as aves, pode ser detectada e identificada (figura 1). Assim, com apenas uma pequena amostra biológica, que pode ser retirada da pena, do sangue, da
  • 2. Hoje é possível sexar com sucesso a maioria das espécies de aves. Os marcadores utilizados para a determinação do sexo em aves foi desenvolvido em regiões conservadas do gene CHD presente no cromossomo sexual de todas as aves, ou seja, a marcação é feita em um trecho do DNA que sofreu pouca alteração ao longo da evolução das espécies. Desta forma, o teste pode ser aplicado à maior parte das ordens de aves. As espécies mais procuradas para a sexagem são os da Ordem Passeriformes e sua Subordem Passeri (bicudo, trinca-ferro, canários etc) e da Ordem Psittaciformes (papagaio, calopsitas, agapornis, arara etc), mas também é realizada a sexagem para aves das Ordens dos Ciconiiformes (garça e cegonha), Galliformes (galo, perdiz, faisão) e Piciformes (pica-pau e tucano). Quanto aos Struthioniformes (avestruz, emas, quivis), as marcações são feitas em duas regiões específicas da ave fêmea e um marcador interno é utilizado para controle da reação e determinação dos machos. Outras espécies também são possíveis de sexar por DNA, mas neste caso é importante contatar o laboratório antes de enviar as amostras. Além disso, algumas espécies necessitam uma adaptação no teste, resultando em um aumento do tempo esperado para a entrega dos resultados. Outra pergunta que sempre nos chega é qual o melhor tipo de amostra a se coletar, qual a de melhor qualidade ou qual é a amostra que tem mais DNA. Se tentarmos localizar o DNA, veremos que ele não se concentra em uma parte específica do corpo de qualquer organismo, mas na verdade está presente em praticamente todas as células do indivíduo. Curiosamente, existe cerca de bilhões de células constituindo o corpo de um animal de porte médio e, com algumas exceções, cada uma dessas células contém uma cópia completa do DNA daquele organismo. Assim, qualquer tipo de tecido pode ser utilizado para fazer o exame de sexagem. Pela facilidade de se coletar, as amostras de penas, o sangue e a película de dentro dos ovos, são as principais fontes de DNA utilizadas para a sexagem. Porém, não existe uma regra que nos diz qual é o melhor tipo de amostra, na verdade, todas elas provêem DNA para o exame com a mesma qualidade, assim cada criador pode escolher qual tipo de coleta se enquadra melhor dentro do seu manejo. A sexagem por DNA pode ser feita em aves de qualquer idade, tanto em filhotes como em aves adultas. No caso de filhotes, é difícil saber com precisão uma idade mínima para a coleta de amostras. Se a coleta for feita da casca do ovo, o exame pode ser realizado logo no primeiro dia do nascimento, já, se a amostra escolhida for pena ou sangue, dependerá do manejo de cada criador para decidir qual é a idade mínima para se fazer a coleta. Espero que esse pequeno texto ajude a responder algumas das dúvidas que surgem a respeito da Sexagem de Aves por DNA bem como auxilie na melhor compreensão de como o teste foi desenvolvido e é realizado. A Sexagem de DNA, cada vez mais se torna uma ferramenta importante para a criação de aves de estimação, uma tarefa que requer muita dedicação, exigindo dos criadores conhecimentos específicos e bem apurados para que se consiga sucesso. E saber o sexo das aves é uma forma de garantir a formação de casais que gerem filhotes, objetivo este, tanto de quem comercializa e compra as aves, como também de biólogos que cuidam de espécies ameaçadas de extinção. Já estrutiocultura, ou criação de avestruzes, a determinação do sexo dos filhotes, auxilia o criador, uma vez que permite a comercialização precoce do filhote proporcionando vantagens comerciais e de manejo. Ou seja, com a sexagem por DNA, é possível conhecer o sexo de suas aves desde os primeiros dias de vida. Leitura recomendada: First Gene on the Avian W Chromosome (CHD) Provides a Tag for Universal Sexing of Non-Ratite Birds. Hans Ellegren. Proc. R. Soc. Lond. B 1996 263, 1635-1641. Sex Identification in Birds Using Two CHD Genes. Richard Griffiths, Serge Daan and Cor Dijkstra. Proc. R. Soc. Lond. B 1996 263, 1251-1256. Sex Identification of Pin-Tailed Manakins (Ilicura militaris: Pipridae) Using the Polymerase Chain Reaction and its Application to Behavioral Studies. Marina Anciães & Silvia Nassif Del Lama. Ornitologia Neotropical 13: 159–165, 2002. Sexagem em aves – Revisão de Literatura. Elaine Bernardino Freitas; Rosa Dias Morais Remuszka; Soraya Regina Sacco. Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária – ISSN: 1679-7353. Ano VII – Número 12 – Janeiro de 2009 – Periódicos Semestral.