1. A MUTAÇÃO “TOPETE”<br />A mutação que gera o “topete” nos canários é bastante difundida por todo o mundo, tendo surgido há longa data na Canaricultura. Informações desencontradas impedem determinar de fato o ano e o local onde surgiu a mutação, algo ocorrido entre os anos de 1709 a 1750, ao que tudo indica na Inglaterra. Fato é que, dentre os canários de porte, as raças de topete são as mais populares (por exemplo, a raça Gloster – provavelmente o canário de porte mais criado e difundido em todo o mundo). Atualmente, o fator “topete” está intimamente relacionado aos canários de porte, se fazendo presente ainda no segmento de canários de canto clássico (onde existe uma classe específica para julgamento de canários de canto clássico harzer roller com topete) e porque não dizer que o fator “topete” se faz presente também na canaricultura de cor, através da raça topete alemão.<br />O fator “topete” é uma decorrente de uma mutação gênica com caráter autossômica dominante. Isto significa que para uma ave apresente topete, precisa “receber” de seus pais apenas um gene que contenha a mutação topete, sendo que o outro pode ser um gene não mutado (normal). Deste modo, ao acasalarmos um canário que possua topete (heterozigoto para esta mutação – apenas um gene mutado no lócus que determina o fator “topete”, podendo o outro ser um gene normal) com outro sem topete, obteremos metade (50%) dos filhotes com topete e outra metade sem topete. Dois canários sem topete, quando acasalados, não geram descendentes que possuem topete. E como resultado do cruzamento entre duas aves de topete (heterozigotos), teoricamente, obteríamos um quarto (25%) dos filhotes sem topete, outra metade (50%) de filhotes com topete (heterozigoto – apenas um gene mutado para o fator topete e outro normal) e o um quarto restante (25%) resultaria em morte embrionária (homozigoto – com dois genes mutados para o fator topete), pois de acordo com diversos autores, estes filhotes seriam afetados por uma característica letal (relacionada à presença de dois genes mutantes para o fator topete). Existe grande discussão e questionamento com relação ao fator “topete” possuir características letais quando presente em homozigose, apesar desta informação estar amplamente difundida na literatura, principalmente em textos mais antigos. Particularmente não podemos afirmar que tal fator letal realmente exista, pois temos por experiência de alguns cruzamentos realizados entre duas aves de topete sem que ocorressem mortes embrionárias, resultando ainda em filhotes de boa qualidade.<br />As raças de canários de porte que possuem topete são: Padovano e Fiorino (grupo das raças frisadas); Crested, Gloster e Lancashire (raças de topete com origem bastante antiga na canaricultura – talvez as três raças que acabaram difundindo a mutação topete e contribuindo para a formação de todas as outras raças existentes que possuem topete); Topete Alemão (canário de cor com topete); Rheinlander e Arlequim Português (reconhecidas como raças recentemente pela Confederação Ornitológica Mundial - COM). Existem também tipos raciais (raças não reconhecidas pela COM) que possuem topete, como o Brasileirinho (canário selecionado em nosso país – menor canário do mundo), Staffordshire (tipo racial norte-americano, originário a partir de glosters e canários com fator vermelho), Columbus fancy, entre outros.<br />Encontramos em outras espécies de aves mutações análogas que geram o fator topete, como ocorre, por exemplo, em manons, mandarins, e até mesmo em periquitos australianos, apesar destas aves serem bastante raras em nosso país.<br />Autor: César G. C. Wenceslau<br />Data: 10/10/2010<br />