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Saúde do Trabalhador
Fabrício Augusto Menegon
Doutor em Saúde Pública – FSP/USP
Professor do Departamento de Saúde Pública - UFSC
1ª parte
Ampliando conceitos...
Da Medicina do Trabalho à Saúde do Trabalhador
(MENDES & DIAS, 1991)
1. Em que contexto surgiu a Medicina do Trabalho?
2. Como se evoluiu para a ideia de Saúde Ocupacional?
3. E a Saúde do Trabalhador?
Saúde do Trabalhador
Definição
“[...] um conjunto de atividades que se destina, através das
ações de vigilância epidemiológica e vigilância sanitária, à
promoção e proteção da saúde dos trabalhadores, assim como
visa à recuperação e reabilitação da saúde dos trabalhadores
submetidos aos riscos e agravos advindos das condições de
trabalho [...]” (BRASIL, 1990).
Saúde do Trabalhador
Definição
“A Saúde do Trabalhador constitui uma área da Saúde Pública
que tem como objeto de estudo e intervenção as relações entre
o trabalho e a saúde. Tem como objetivos a promoção e a
proteção da saúde do trabalhador, por meio do
desenvolvimento de ações de vigilância dos riscos presentes
nos ambientes e condições de trabalho, dos agravos à saúde
do trabalhador e a organização e prestação da assistência aos
trabalhadores, compreendendo procedimentos de diagnóstico,
tratamento e reabilitação de forma integrada, no SUS”.
(BRASIL, 2001).
Quem são os
trabalhadores?
“Todos os homens e mulheres que exercem atividades para sustento próprio
e/ou de seus dependentes, qualquer que seja sua inserção no mercado de
trabalho, nos setores formais ou informais da economia. Estão incluídos
neste grupo os indivíduos que trabalharam ou trabalham como
empregados assalariados, trabalhadores domésticos, trabalhadores
avulsos, trabalhadores agrícolas, autônomos, servidores públicos,
trabalhadores cooperativados e empregadores – particularmente, os
proprietários de micro e pequenas unidades de produção. São também
considerados trabalhadores aqueles que exercem atividades não
remuneradas – habitualmente, em ajuda a membro da unidade domiciliar
que tem uma atividade econômica, os aprendizes e estagiários e aqueles
temporária ou definitivamente afastados do mercado de trabalho por
doença, aposentadoria ou desemprego”
(BRASIL, 2001).
Doenças dos que
trabalham
Do trabalho pesado --> à mecanização --> à automatização -->
à rapidez “online”.
Da escravidão --> às relações informais --> às relações formais
= direitos --> à flexibilização das relações.
Mudanças no trabalho
Mudanças no perfil de adoecimento
e mortalidade relacionada ao trabalho
Organização do trabalho
Ritmo de trabalho intenso
Aumento da quantidade de
trabalho
Pressão para produtividade
Ausência de pausas
Atividades operacionais
repetitivas
Padronização dos
procedimentos
Organização do trabalho
Jornadas prolongadas
Pressão de chefias
Desvalorização do trabalhador
Mobiliário e instrumentos
inadequados
Falta de flexibilidade e
autonomia
Fadiga física e mental
Organização do trabalho
Mercado e economia
• Poucos postos de trabalho de alta tecnologia.
Predominam os de trabalho repetitivo, pesado, penoso...
cada vez mais trabalho para menos gente (intensificação
do trabalho).
• Indústria, comércio e serviços...
• Trabalho de rua: motoboys, vendedores, feirantes,
ambulantes, camelôs, pesquisadores, guardas, ...
• Trabalho domiciliar e fatores de risco para as famílias,
inclusive crianças.
• Trabalho rural em condições precárias.
Classificação das doenças segundo
sua relação com o trabalho
(Schilling, 1984)
I – Trabalho como causa necessária
Intoxicação por chumbo, pneumoconioses (silicose, asbestose)
II – Trabalho como fator contributivo, mas não necessário
Doenças cardiovasculares, doenças do aparelho locomotor,
varizes
III – Trabalho como provocador de distúrbio latente ou agravador
Bronquite crônica, transtornos mentais, dermatite de contato
alérgica
O campo da Saúde do Trabalhador
Contra-hegemonia das ideias: trabalhar sim adoecer não.
Adoecer e morrer no trabalho não é natural.
Enfoque no processo de trabalho e em toda a sua complexidade.
Não sobre o adoecimento estabelecido.
Reforma agrária
Trânsito
Planejamento
econômico
Educação
Lazer
Transporte
Meio Ambiente
Assistência
social
Trabalho
Previdência
Social
Segurança
Proteção à infância e à
terceira idade
Proteção à mulher
Proteção ao
trabalhador
Comunicação
Controle
agrotóxicos
Controle de
produtos químicos
Recursos energéticos
Agricultura
Cultura
Saúde do
trabalhador
Saúde do trabalhador não é assunto só do setor
Saúde. Deve ser objeto de política de Estado
2ª parte
L.E.R./D.O.R.T.
• As L.E.R. são Lesões por Esforços Repetitivos (definição mais
antiga).
• As D.O.R.T. (conhecidas como doenças osteomusculares
relacionados ao trabalho) são responsáveis pela alteração das
estruturas osteomusculares – tendões, articulações, ossos,
músculos e nervos.
L.E.R./D.O.R.T.
• Resultado dos desequilíbrios entre as exigências das
tarefas por parte da organização e as capacidades
motoras do trabalhador, dentro das suas
possibilidades.
Exemplos...
torção
dorsal
abdução
extensão
Exemplos...
punho
extendido
Tensão nos
ombros
extensão do
pescoço
monitor muito
baixo e próximo
flexão
acentuada
L.E.R./D.O.R.T.
tendinite, tenossinovite, sinovite, peritendinite, epicondilite,
dedo em gatilho, cistos, síndrome do túnel do carpo, síndrome
do túnel ulnar, outras síndromes, cervicalgia, síndrome
miofascial, síndrome simpático reflexa, lombalgia e outros
Diagnóstico de
L.E.R./D.O.R.T.
• Quem faz o diagnóstico?
• O médico assistente;
• O médico perito da Previdência Social (INSS);
• O médico perito da justiça;
• O médico de empresa.
• O diagnóstico de LER/DORT é importante pois, por
definição, evidencia-se sua etiologia.
• O diagnóstico bem firmado é condição para condutas
corretas: terapêuticas, preventivas e demais
encaminhamentos.
Diagnóstico de
L.E.R./D.O.R.T.
Diagnóstico de
L.E.R./D.O.R.T.
• História clínica – da moléstia atual, detalhada
• Pesquisa sobre os demais aparelhos
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• Antecedentes pessoais e familiares
• História ocupacional
• Exame físico detalhado
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Diagnóstico de
L.E.R./D.O.R.T.
• Não resultam de lesões súbitas;
• Resultam de traumatismos de fraca intensidade e repetidos
durante longos períodos sobre as estruturas
musculoesqueléticas normais ou alteradas;
• Os sinais clínicos são variáveis. Em geral: dor associada de
maneira mais ou menos pronunciada a um desconforto no
curso da atividade profissional;
• Os gestos e movimentos causadores de lesão podem ser de
atividades extra-profissionais.
Organização
do trabalho
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equipamentos
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ferramentas
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físico
Organização
da produção
DETERMINANTES
Sensibilidade
individual
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insatisfação
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esforço
posturas
gestos
repetitividade
FATORES DE RISCO
(Assunção, 1998)
contrações
estáticas
trabalho
repetitivo
posturas
esforços
musculares
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fadiga muscular
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L.E.R.
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degeneração das fibras musculares
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das contrações musculares
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L.E.R./D.O.R.T.
• Diminuição do aporte sanguíneo à região
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atividade estática das estruturas envolvidas
• Trauma ou microtrauma - formação de processos
inflamatórios locais
• A LER/DORT se manifesta clinicamente por um sintoma
subjetivo e peculiar a cada indivíduo que é a DOR
Sintomas de
L.E.R./D.O.R.T.
• Desconforto, tensão, rigidez ou dor nas mãos, dedos,
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adequada
• Diagnóstico impreciso e acompanhamento inadequado
durante o tratamento médico
• Readaptação ao trabalho deficiente
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Prevenção das
L.E.R/D.O.R.T.
• Organização do trabalho (ritmos, pausas, rodízios, divisão de
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• Ergonomia
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• Monitoramento adequado dos indicadores de saúde e
adoecimento
• Equipe de saúde atuante no contexto do trabalho
Prevenção das
L.E.R/D.O.R.T.
• Incentivar o trabalhador a prestar atenção em sintomas e
limitações e, mesmo que pequenas, orientá-lo a procurar
assistência de um profissional de saúde
• Criar espaços de diálogo com a empresa nos casos onde
houver necessidade de mudar as características do posto de
trabalho
Prevenção das
L.E.R/D.O.R.T.
• Reconhecimento do perfil produtivo do território (Onde se
trabalha? Em que se trabalha?)
• Formação continuada da equipe de saúde – atendimento
adequado ao trabalhador
• Atenção à saúde do trabalhador – tratamento e reabilitação
• Políticas de prevenção no território - evitar o adoecimento dos
trabalhadores
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Contato: fabricio.menegon@ufsc.br
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  • 2. Saúde do Trabalhador Fabrício Augusto Menegon Doutor em Saúde Pública – FSP/USP Professor do Departamento de Saúde Pública - UFSC
  • 3. 1ª parte Ampliando conceitos... Da Medicina do Trabalho à Saúde do Trabalhador (MENDES & DIAS, 1991) 1. Em que contexto surgiu a Medicina do Trabalho? 2. Como se evoluiu para a ideia de Saúde Ocupacional? 3. E a Saúde do Trabalhador?
  • 4. Saúde do Trabalhador Definição “[...] um conjunto de atividades que se destina, através das ações de vigilância epidemiológica e vigilância sanitária, à promoção e proteção da saúde dos trabalhadores, assim como visa à recuperação e reabilitação da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das condições de trabalho [...]” (BRASIL, 1990).
  • 5. Saúde do Trabalhador Definição “A Saúde do Trabalhador constitui uma área da Saúde Pública que tem como objeto de estudo e intervenção as relações entre o trabalho e a saúde. Tem como objetivos a promoção e a proteção da saúde do trabalhador, por meio do desenvolvimento de ações de vigilância dos riscos presentes nos ambientes e condições de trabalho, dos agravos à saúde do trabalhador e a organização e prestação da assistência aos trabalhadores, compreendendo procedimentos de diagnóstico, tratamento e reabilitação de forma integrada, no SUS”. (BRASIL, 2001).
  • 6. Quem são os trabalhadores? “Todos os homens e mulheres que exercem atividades para sustento próprio e/ou de seus dependentes, qualquer que seja sua inserção no mercado de trabalho, nos setores formais ou informais da economia. Estão incluídos neste grupo os indivíduos que trabalharam ou trabalham como empregados assalariados, trabalhadores domésticos, trabalhadores avulsos, trabalhadores agrícolas, autônomos, servidores públicos, trabalhadores cooperativados e empregadores – particularmente, os proprietários de micro e pequenas unidades de produção. São também considerados trabalhadores aqueles que exercem atividades não remuneradas – habitualmente, em ajuda a membro da unidade domiciliar que tem uma atividade econômica, os aprendizes e estagiários e aqueles temporária ou definitivamente afastados do mercado de trabalho por doença, aposentadoria ou desemprego” (BRASIL, 2001).
  • 7. Doenças dos que trabalham Do trabalho pesado --> à mecanização --> à automatização --> à rapidez “online”. Da escravidão --> às relações informais --> às relações formais = direitos --> à flexibilização das relações. Mudanças no trabalho Mudanças no perfil de adoecimento e mortalidade relacionada ao trabalho
  • 8. Organização do trabalho Ritmo de trabalho intenso Aumento da quantidade de trabalho Pressão para produtividade Ausência de pausas Atividades operacionais repetitivas Padronização dos procedimentos
  • 9. Organização do trabalho Jornadas prolongadas Pressão de chefias Desvalorização do trabalhador Mobiliário e instrumentos inadequados Falta de flexibilidade e autonomia
  • 10. Fadiga física e mental Organização do trabalho
  • 11. Mercado e economia • Poucos postos de trabalho de alta tecnologia. Predominam os de trabalho repetitivo, pesado, penoso... cada vez mais trabalho para menos gente (intensificação do trabalho). • Indústria, comércio e serviços... • Trabalho de rua: motoboys, vendedores, feirantes, ambulantes, camelôs, pesquisadores, guardas, ... • Trabalho domiciliar e fatores de risco para as famílias, inclusive crianças. • Trabalho rural em condições precárias.
  • 12. Classificação das doenças segundo sua relação com o trabalho (Schilling, 1984) I – Trabalho como causa necessária Intoxicação por chumbo, pneumoconioses (silicose, asbestose) II – Trabalho como fator contributivo, mas não necessário Doenças cardiovasculares, doenças do aparelho locomotor, varizes III – Trabalho como provocador de distúrbio latente ou agravador Bronquite crônica, transtornos mentais, dermatite de contato alérgica
  • 13. O campo da Saúde do Trabalhador Contra-hegemonia das ideias: trabalhar sim adoecer não. Adoecer e morrer no trabalho não é natural. Enfoque no processo de trabalho e em toda a sua complexidade. Não sobre o adoecimento estabelecido.
  • 14. Reforma agrária Trânsito Planejamento econômico Educação Lazer Transporte Meio Ambiente Assistência social Trabalho Previdência Social Segurança Proteção à infância e à terceira idade Proteção à mulher Proteção ao trabalhador Comunicação Controle agrotóxicos Controle de produtos químicos Recursos energéticos Agricultura Cultura Saúde do trabalhador Saúde do trabalhador não é assunto só do setor Saúde. Deve ser objeto de política de Estado
  • 15. 2ª parte L.E.R./D.O.R.T. • As L.E.R. são Lesões por Esforços Repetitivos (definição mais antiga). • As D.O.R.T. (conhecidas como doenças osteomusculares relacionados ao trabalho) são responsáveis pela alteração das estruturas osteomusculares – tendões, articulações, ossos, músculos e nervos.
  • 16. L.E.R./D.O.R.T. • Resultado dos desequilíbrios entre as exigências das tarefas por parte da organização e as capacidades motoras do trabalhador, dentro das suas possibilidades.
  • 19. L.E.R./D.O.R.T. tendinite, tenossinovite, sinovite, peritendinite, epicondilite, dedo em gatilho, cistos, síndrome do túnel do carpo, síndrome do túnel ulnar, outras síndromes, cervicalgia, síndrome miofascial, síndrome simpático reflexa, lombalgia e outros
  • 20. Diagnóstico de L.E.R./D.O.R.T. • Quem faz o diagnóstico? • O médico assistente; • O médico perito da Previdência Social (INSS); • O médico perito da justiça; • O médico de empresa.
  • 21. • O diagnóstico de LER/DORT é importante pois, por definição, evidencia-se sua etiologia. • O diagnóstico bem firmado é condição para condutas corretas: terapêuticas, preventivas e demais encaminhamentos. Diagnóstico de L.E.R./D.O.R.T.
  • 22. Diagnóstico de L.E.R./D.O.R.T. • História clínica – da moléstia atual, detalhada • Pesquisa sobre os demais aparelhos • Comportamentos a hábitos relevantes • Antecedentes pessoais e familiares • História ocupacional • Exame físico detalhado • Exames complementares, se necessários
  • 23. Diagnóstico de L.E.R./D.O.R.T. • Não resultam de lesões súbitas; • Resultam de traumatismos de fraca intensidade e repetidos durante longos períodos sobre as estruturas musculoesqueléticas normais ou alteradas; • Os sinais clínicos são variáveis. Em geral: dor associada de maneira mais ou menos pronunciada a um desconforto no curso da atividade profissional; • Os gestos e movimentos causadores de lesão podem ser de atividades extra-profissionais.
  • 24. Organização do trabalho Concepção dos equipamentos Concepção das ferramentas Ambiente físico Organização da produção DETERMINANTES Sensibilidade individual Fatores psicossociais insatisfação percepção negativa do trabalho Fatores biomecânicos esforço posturas gestos repetitividade FATORES DE RISCO
  • 25. (Assunção, 1998) contrações estáticas trabalho repetitivo posturas esforços musculares intensos •limitação da amplitude do movimento •perda da força muscular •perturbações da percepção sensorial dor fadiga muscular edema parestesias L.E.R. Trabalho degeneração das fibras musculares inflamação dos tecidos músculo-esqueléticos diminuição da condução nervosa atrito do tendão dilacerações na inserção músculo-tendão compressão do nervo isquemia tissular aumento da pressão intramuscular aumento produção de métabolitos tóxicos diminuição dos nutirentes acúmulo de fadiga recuperação insuficiente das contrações musculares Tecido músculo-esquelético
  • 26. Causas da L.E.R./D.O.R.T. • Diminuição do aporte sanguíneo à região • Repetitividade e/ou força dos movimentos quanto na atividade estática das estruturas envolvidas • Trauma ou microtrauma - formação de processos inflamatórios locais • A LER/DORT se manifesta clinicamente por um sintoma subjetivo e peculiar a cada indivíduo que é a DOR
  • 27. Sintomas de L.E.R./D.O.R.T. • Desconforto, tensão, rigidez ou dor nas mãos, dedos, antebraços e cotovelos • Mãos frias, dormência ou formigamento • Redução da habilidade (destreza manual) • Perda de força ou coordenação nas mãos • Dor capaz de interromper o movimento
  • 28. Fatores agravantes • Falta de apoio de níveis superiores para uma atuação adequada • Diagnóstico impreciso e acompanhamento inadequado durante o tratamento médico • Readaptação ao trabalho deficiente • Posto de trabalho inadequado
  • 29. Prevenção das L.E.R/D.O.R.T. • Organização do trabalho (ritmos, pausas, rodízios, divisão de tarefas, trabalho em grupo, etc.) • Ergonomia • Suporte social no trabalho • Programas internos de saúde • Monitoramento adequado dos indicadores de saúde e adoecimento • Equipe de saúde atuante no contexto do trabalho
  • 30. Prevenção das L.E.R/D.O.R.T. • Incentivar o trabalhador a prestar atenção em sintomas e limitações e, mesmo que pequenas, orientá-lo a procurar assistência de um profissional de saúde • Criar espaços de diálogo com a empresa nos casos onde houver necessidade de mudar as características do posto de trabalho
  • 31. Prevenção das L.E.R/D.O.R.T. • Reconhecimento do perfil produtivo do território (Onde se trabalha? Em que se trabalha?) • Formação continuada da equipe de saúde – atendimento adequado ao trabalhador • Atenção à saúde do trabalhador – tratamento e reabilitação • Políticas de prevenção no território - evitar o adoecimento dos trabalhadores
  • 35. Avalie a webpalestra de hoje: https://goo.gl/forms/xSMaKlFM6l 9IFS652