(1) O conto descreve as dificuldades de uma criadora de gado em vender seus animais, já que eles constantemente fugiam e voltavam para o sítio da proprietária. (2) A autora tenta vender vacas e bezerros para um comprador, mas os animais retornam ao sítio diversas vezes. (3) No final, a proprietária percebe que os animais não se adaptariam bem ao novo local e decide mantê-los em seu sítio.

1. COLEÇÃO CONTOS DO SÍTIO DOS MILAGRES SÊ TU UMA BÊNÇÃO
OUTUBRO DE 2019
PIMENTA NOS OLHOS DOS OUTROS
É REFRESCO
Liliam da Paixão

2. Liliam da Paixão 1
I don’t play games, I’m a Christian.
Agradecimentos
Agradeço a todos os que direta ou indiretamente colaboraram
para que esse conto fosse escrito.Mas preciso além e acima de tudo
agradecera Deus,o Único e Verdadeiro,que pormeio de Jesus Cristo
me salvou e por isso os meus inimigos são obrigados a aturar a minha
existência.

3. Pimenta Nos Olhos Dos Outros É Refresco 2
Uma produção independente de Liliam da Paixão
Jesus disse que nesse mundo teríamos aflições, mas que
tivéssemos bom ânimo, pois assim como Ele venceu o mundo nós
também vencemos.
Aos meus amados animais dedico
PIMENTA NOS OLHOS DOS OUTROS É REFRESCO

4. Liliam da Paixão 3
I don’t play games, I’m a Christian.
Vitório precisou de cuidados, quase o perdi, levava para pastar
num sítio vizinho. Os pastos de todaa região, secos.Então foram dois
meses levando esse touro pra comer e deixando os outros trinta bois
e vacas no sítio. Quando o boi melhora, foram duas semanas no
hospital com minha mãe, e meus irmãos só me rendiam de três em
três dias, e ainda assim era sob protestos e reclamações. Ainda não
havia feito 24 horas e meu irmão ligou e disse:"você já está vindo pra
cá"? Aparentemente estava acontecendo um boato familiar
compartilhado por minha mãe sobre eu viver às custas dela, logo,
seria assim minha obrigação ficar lá no hospital. Mas a verdade é que
boi não se cria sozinho. O boisó come e bebe água, mas nenhum dos
meus irmão se prontificou a vir pro sítio, colocar água, sal e farelo.
Muito menos laçar os animais que precisavam de ivermectina, ou
mesmo chamar um veterinário. Esse trabalho é duro, muito duro e foi
uma covardia muito grande da parte deles assumir que eu não
trabalho, quando na verdade eu trabalho de domingo a domingo, e
acabo ficando com a responsabilidade de cuidar da minha mãe
quando esta ficaacamada. Então depois dafolga.chegueiao hospital,
minha mãe com o rosto torto, lado direito quase paralisado, olhos
saltando das órbitas, e meu irmão já havia ido embora. Após as duas
semanas de hospital, foram duas semanas aqui no sítio com ela, e
sem tempo de cuidar adequadamente dos animais. Depois disso
quem arriou fui eu. O resultado disso foique perdi duas novilhas, dois
bezerros e dois garrotes. Chamei um outro criador para comprar os
touros, pois pensava ser alguma doença acometendo os animais. E
sem dinheiro é claro o veterinário não vem mesmo. Eu precisava do
dinheiro pra comprar comida e remédios, mas o infeliz deu me um
prazo muito grande para o pagamento. Não queria mesmo vender os
touros, mas mantive a venda pois teria mais pasto sobrando para os
animais que permanecessem no sítio. Propus me a meta de cinco
vacas apenas. Isso foi duro pra mim que gosto de olhar e ver um

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rebanho pastando. Os touros todos revoltados, nunca se apartaram
do sítio. E meu Cara Branca, que eu chamava de Touro Ferdinando
enfurecido foi pra dentro do peão com cavalo e tudo, estava irado, e
deu muito trabalho lá na rua, esse principalmente não queria vender
por ser de linhagem diferente, foi difícil. Para completar um
desocupado saiu distribuindo pela vizinhança a informação de que eu
seria despejada e que minha mãe tinha morrido. Então ao verem os
bois sendo levados paraoutro sítio,festejaram os patetas,acreditando
que eu estava apenas desfazendo me de todos os animais. Acabei
descobrindo só depois da venda que os sintomas que acometiam e
derrubavam os animais mais jovens era decorrente das pancadas
recebidas pelo touro alfa. Só percebiisso depoisda venda, por que vi
o touro batendo em um bezerro até que esse arriasse. Foi um festival
de gente vindo ao sítio querendo comprar vaca a preço de banana
podre, vê se pode? Mas ainda assim eu tentei vender mais animais.
Eu ainda não sabia porque meus animais morreram, estava intrigada
com os sintomas apresentados pelos bichinhos, eram os mesmos.
Uma certa vaquinha de nome Flor de Maio, foi comprada, e eu já fui
logo gastando o dinheiro. Então lacei a vaca e estava colocando a
cordanos chifres, pois ela iria andando a pé e a corda no chifre facilita
conduzir o animal. Que nada a bichinha jogou se contra uma árvore,
criou um ovo na junção do que eu chamo de ombro e ficoumancando.
Tive que devolver o dinheiro pois mancando não havia condições da
vaquinha sair do sítio. Ficou apartada e comendo feno para se
restabelecer.Tudo bem, preferiu suicídio a sair do sítio era o que eu
dizia. Mas essa não foi a única vez em que desfiz uma venda já com
o dinheiro na mão, não. Chegou ao sítio um certo senhor que queria
comprarvacas a preço de bananapodre.Então fecheio negócio foram
duas vacas e cinco bezerros.O compradorpagoumas não levou logo
os animais que eu mesma poderiater levado, acreditava ele que teria
ajuda para levar os animais comprados de outras pessoas. No dia
marcado para levar os bichinhos,me chega o compradorcom um neto
e um vizinho. As vacas estavam na corda era tão somente levá-las
mas o rapaz vizinho chegouperto das vacas e as mesmas ficaram em
polvorosa, corre daqui corre de lá e uma se soltou e fugiu. Mas ainda

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restava a outra que com custo levei para a rua então o rapaz segurou
a ponta da corda e saiu com ela em disparada, eu ainda disse vou
acompanhar até parte do caminho, mas como foram unânimes em
dizer que não precisava permiti. Já contente por ter dinheiro para
comprarfubá, farelo e feno enquanto o capim cresciano pasto.Entrei,
mas qual não foi a minha surpresa a vaca sentada na sala assistindo
televisão e comendo pipoca como que dizendo:"quis ir não". A vaca
foi indo, foi indo, quando chegou na divisa do sítio, rasgou a cerca e
entrou, deu uma surra no rapaz. Então disse a ele, "deixa a vaca aí
porque ainda tem a outra e os bezerros pra levar mesmo, depois ela
vai".
Pois sim, acreditem essa história é mesmo verídica. Novamente,
para buscar as vacas veio o compradoracompanhado de dois peões
experientes.Tudo certo, as vacas na rua e quatro dos cinco bezerros,
tudo pronto para seguirem para uma nova etapa da vida. Mas uma das
bezerras decidiudesafiar o experiente peão que não havia animal que
não conseguisse dominar. Mas não é que bezerra deu uma surra no
peão e entrou sítio a dentro. Aiai, quando eu laçar a bezerraque faltou
pego essa de novo. Olha, quero ninguém de fora laçando meus bois
não, na outra venda ficou um garrote arriado no tronco e eu só vi
depois, que tinham levado os touros. Outra venda completada,
produtor com dinheiro e comprador com mercadoria. E foram indo,
foram indo e sumiram estrada a fora. E eu ainda brinquei, "Seu
Fulano, se os bezerros voltarem eu não devolvo mais não". Um
sorvete de caranguejo, para quem adivinhar. Os bezerros tudo
sentado na sala assistindo televisão e comendo pipoca. Pelo que
fiquei sabendo, assim que passaram em frente da sede da fazenda,
os bezerros por unanimidade dos votos, dobraram para a esquerda
numa manobra radical, e foram fazenda a dentro até chegarem à
divisa com o Sítio dos Milagres Sê Tu Uma Bênção e voltaram. O mais
inusitado foi o que fiquei sabendo depois,que nesse exato momento,
uns dos peões,o mais velho, o mesmo que conduziu meus touros na
outra venda, jogoua toalha dizendo:"DESIIISTÔ"(não é assim que se
escreve não, mas é só para capturar a emoção do momento). Bem
feito, tava falando do meu gado: "um gado fraco desses não aguenta

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a viagem". É claro que esse momento da história tem uma outra
versão, mas essa eu achei mais publicável. Minha vaca voltou
praticamente à galope, mesmo sem ter comido nem bebido nada.
Fui dar uma olhadinha nos bois e lá vem aquele bezerro
malhadinho, "ué, o que aquela vaca tá fazendo ali, não, é o bezerro,
como que ele fugiu? Cadê os outros": foram meus pensamentos.
Fiquei imaginando o que teria acontecido. "Ora um bezerro não viria
sozinho da Quinta Dom Ricardo, os outros devem estar por aqui
também". Fui para a sede da fazenda Engenho Novo, procurar os
bezerros.Não tive coragem de deixar pra lá, mesmo játendo recebido
o dinheiro; poderiater dito não é mais meu problema,mas eu não sou
assim. Então fui procurar os bezerros,mas não encontrei. Perguntei a
umas pessoas que estavam tomando banho no açude, disseram que
viram os bezerros mais cedo,justamente,na hora que estavam sendo
levados pelos peões. Voltei pro sítio, o veterinário, que ficou de vir
naquele dia, esperava na entrada e fomos para o pasto olhar os
animais. Sabe onde estavam os bezerros? Tudo pastando junto com
o rebanho. O veterinário interessou-se pelos bezerros,e eu disse-lhe
que podia levar, que se ele quisesse eu colocava tudo na mala do
carro dele pra ele levar, naquela hora mesmo. Já estava decidida a
devolver parte do dinheiro e manter os bezerros. Eu quero vender os
animais e quero que eles sigam vida nova, pois pra mim é difícil me
desfazerdessas coisasricas criadas pelo Único Deus que existe. Sou
uma sentimental, eu confesso. Então ficou combinado com o
veterinário pra ele trazer o carreto para levar os bebês de boi.
Serviço do dia terminado, tudo tranquilo, lá pelas 23 horas levei
alguma coisapara os cachorros comerem.Foiquando eupercebialgo
como um fantasma movendo-sedo lado de fora da cerca. "Ué, parece
Belezaaquela vaca lá fora".Parecia não, gente,era ela, a vaca voltara
de Quinta Dom Ricardo; e eu pensei: "chega". Deixei a vaca entrar,
ela entrou cabisbaixa, e foi se juntar ao rebanho tranquilamente,
enquanto eu que nem uma besta fui pra rua, àquelas horas procurar
Julina, penseinão serpossívelBelezater vindo sozinha, mas ela veio.
Então amanheceu, e eu me dirigi novamente para a sede da
Fazenda Engenho Novo, mais conhecida como Coronel Serrado. Se

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localizou agora, né? Pois, é. Imaginei a vaca deve estar por aqui, e
curiosamente havia uma vaca por lá muito parecida mesmo com
Julina, mas não era ela. Então fui andando em direção à Quinta Dom
Ricardo, morrendo de medo, sem lenço e sem documento, mas fui.
Ponte do Barão, uma bifurcação e depois outra. "Tô sem um
documento", pensava. Mas fui indo e perguntando onde ficava o
CIEPS 421,a referênciado endereço. qual não foi a surpresa ao ouvir
de um rapaz que passavade bicicleta:"a senhoraachou os bezerros"?
Era uma das pessoas que estavam tomando banho de açude e me
reconheceu, então disse me que eu estava perto do CIEPS, era só
passar o campo e olha lá o caminhão do compradorestacionado,mas
eu ainda não sabia onde era a casa do homem, mas quem estava lá
na esquina? o rapaz que a vaca deu uma surra, ele me levou então
ao lugar certo e bateu no portão do comprador para mim.
Cadê as vacas seu Fulano? Tão lá em cima. Tão lá em em casa,
isso sim. Tinha uma aí ainda. Eu sei, como a Cara Branca voltou eu
fiquei preocupada com a outra, fiquei sem saber se ela tava pela rua
ou se ainda estava aqui. Se ele tiver bem deixa a vaca aí mesmo. É
só trazer a outra de volta. Mas eu preciso ver se ela vai se adaptar.
Então Seu Fulano concordou em me levar até onde estava a vaca,
para que eu pudesse vê-la. O terreno preparado para criar os animais
ficava em outra rua, numa subida, um lote entre outros lotes já com
casas. Então, logo na entrada do lote estava ali uma banheira vazia,
um retângulo aplanado e cercado para as vacas descansarem e
comerem a ração. Mas logo de cara entendi porque as bichinhas
voltaram, não se acostumariam ali mesmo por causa do terreno ser
acidentado subidas descidas, e as vacas terem sido criadas em
terreno plano, ensolarado... Que pena!
Julina estava chorando num mugido que só quem cria entende.
Estava assustada, também, tadinha pela primeira vez na vida passou
uma noite sozinha e longe dos entes queridos. "Julina, chamei. Ela
estava em uma parte alta que também tinha acesso para a rua, então
fomos até lá, e eu entrei, me esquivado de galhos espinhosos
encontrei minha vaca, irada, queria por que queria me bater. Vamos
pra casa, Julina. O rapaz ajudou a abrir a porteirinha que estava

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lacrada, e eu saí com minha vaca. O gps dela indicava a direção do
sítio, queria seguir por esse caminho. "Por aí não dá, Julina, vamos
dar a volta". Muito assustada, mas quando entendeu que íamos
descer o morro para voltar seguiu determinada e porque não dizer
desesperada pelo caminho. Tive que segurar firme a corda, mas
quando ela viu o caminho, não deu mais, saía em disparada. As
pessoas corriam e ela se assustava mas seguia em frente. E eu me
deparei desorientada, zuretinha, sem saber pra onde seguir, quando
começaram a surgir bifurcações,ô lugar pra ter bifurcação,meuDeus.
E pergunteipra que lado é o Cieps? Eravoltando o caminho, não pode
ser. Pra que lado é a fazenda, eu quero ir pra fazenda. É por aqui,
uma senhora mostrou. E foiassim até chegar no sítio,pois embora eu
reconhecesse o caminho, quando chegava às tais bifurcações, e
agora, pra onde eu vou; e esperava até passar alguém pra eu poder
perguntar. Em contrapartida Julina ia lá na frente, galopando, e de
repente parava e olhava para trás e eu a acalentava: "mamãe tá qui".
Quase chegando a reta final para o sítio, um carro parado à
margem da estrada, e dois homens com roupas iguais encostados,e
eu penseiem assalto,mas continuei e vi que do outro lado da rua tinha
um outro homem dando passe em uma figura, não tenho certeza se
era uma mulher. Julina indo em direção deles, eu pensei, e falei vai
atrapalhar o passe.Gente a vaca chegouperto olhou e saiu correndo.
Um dos homens encostadosno carro, disse:"ela sabe...".Que gaiato!
Então parecia reconhecer, certo rebanho junto à cerca dos dois
lados da rua. E foi entrando, num curral, talvez querendo água, mas
da rua percebi que o bebedouro estava vazio, e a puxei pela corda.
"Tá perto de casa, Julina, só mais um pouco e você bebe água á
vontade". Mas a familiaridade com esses bois não se devia à espécie
mas ao fato de ter sido embarcada em um caminhão ali, no dia
anterior, o que talvez fosse a causa de estar mancando do pé
esquerdo (pata traseira esquerdafica muito longo, é pé) e sentido os
quartos. Uma das vacas saltou do caminhão quando chegaram ao
curral do comprador,como ele mesmo me revelara, risco da bichinha
se machucar, sem necessidade pois da mesma forma que voltou de
lá andando, poderia ter ido o caminho todo.

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I don’t play games, I’m a Christian.
Cada vez mais perto do sítio, o coração cada vez mais aliviado.
Sem nenhuma afobação,chegamos à primeira entrada do sítio e
ela avistou e chamou os amigos. Esse mugido, sim, chamando os
entes queridos,avisando que estáperto... Seguiucomigo calmamente
até a segundaentrada, abri a porteira e ela entrou tranquila ao amado
lar. É como já dizia o pica-pau, "por mais humilde que seja não há
lugar melhor que o lar".
A bela Julina

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Só quem conhece a prática de cuidar de animais pra entender o
quanto eles são semelhantes aos seres humanos