SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 2
JOGOS OLÍMPICOS
Sexualização ou empoderamento? A patrulha de como as atletas se vestem
volta aos Jogos Olímpicos
As jogadoras de handebol norueguesas, as ginastas alemãs e uma saltadora britânica têmalgo emcomum: os juízes não gostamdos
uniformes que elas usam para competir
Ginastas americanas, com Simone Biles na frente, competindo em Tóquio.
LIONEL BONAVENTURE / AFP
Os Jogos Olímpicos de Tóquio acabam de começar, e com eles as primeiras polêmicas sobre o vestuário das atletas. A que fez
mais barulho tem a ver com a seleção norueguesa feminina de handebol de praia, que foi multada pela Comissão de Disciplina da
Associação Europeia de Handebol por comparecer ao torneio usando top e short em vez do biquíni regulamentar, “com corte em
um ângulo ascendente emdireção à parte superior da perna” e “com uma largura lateral máxima de 10 centímetros”.
A federação primeiro ameaçou multar as jogadoras norueguesas com50 euros (306 reais) por pessoa e, mais tarde, desclassificá-
las. Por isso, elas finalmente tiveram que disputar seu jogo contra a seleção da Hungria com o uniforme oficial. Ainda assim,
aproveitaram a atenção captada pelo assunto —não nos enganemos, pode haveruma pandemia e uma crise climática, mas os meios
de comunicação não deixarão passar a oportunidade de colocar “calcinha” no título da notícia e ilustrá-la com jovens atléticas
vestindo pouca roupa— para denunciar a hipersexualização exigida das esportistas. A foto grupal que elas fizeram com seus
companheiros da equipe masculina diz tudo: elas de biquíni, eles com camiseta semmanga e short no meio da coxa.
Mas a patrulha da roupa feminina também vai no sentido oposto. Mês passado, a atleta paralímpica inglesa Olivia Breen recebeu
uma advertência dos juízes no campeonato britânico por usar calcinhas esportivas “reveladoras demais”. “Não se deve fazer as
mulheres se sentirem coibidas pela roupa que usam ao competir, e sim confortáveis e seguras”, denunciou Breen na época. Disse
também que muitas outras atletas haviam lhe contado que receberam comentários similares por parte dos árbitros. Breen pensa em
levar o mesmo microshort, da marca Adidas, aos Jogos Paralímpicos de Tóquio.
Assim que as provas começarem e ocorrerem as primeiras competições de ginástica artística e nado sincronizado, surgirão
novamente as mesmas perguntas que se ouvem a cada quatro anos. É necessário que as atletas usem maquiagem? Que lugar as
lantejoulas têm no cabelo em um uniforme esportivo? Por que uma atleta superdotada como Simone Biles precisa competir com
laços no cabelo, como se estivesse num show infantil? Em 1978, uma professora estadunidense de Educação Física e Fisioterapia
chamada Emily Wughalterbatizou esse fenômeno de “the female apologetic” (a “o pedido de desculpas feminino”). Ela argumentou
que todos esses elementos, assim como, por exemplo, os segmentos de dança mais vistosos na ginástica rítmica, teriam sido
implementados para afugentar os estereótiposde lesbiandade associados na época comas atletas e, emgeral, para que as mulheres
conseguissem“ser perdoadas” pelo que entendiam como falta de feminilidade. Para compensar o fato de estarem se mostrando
fortes, rápidas, ágeis e de alguma forma masculinas, exigia-se que elas equilibrassem isso com “babados e rodopios”, segundo
Wughalter.
Em maio daquele mesmo ano, três atletas da equipe alemã de ginástica artística usaram maiôs que cobriam suas pernas no
campeonato europeu realizado na Basileia (Suíça). Afirmaram que o fizeram em protesto contra a sexualização exigida das mulheres
nesse esporte,no qual os homens competem de short e sem maquiagem. “Todas as mulheres querem se sentir confortáveis em sua
pele. Na ginástica, isso é cada vez mais difícil à medida que você cresce e deixa para trás seu corpo de menina”, explicou uma delas,
Sarah Voss, à TV pública alemã. “Quando criança, eu não pensava muito nos maiôs. Mas, quando entrei na puberdade, quando
menstruei, comecei a me sentir cada vez mais desconfortável”.Nesse caso,e ao contrário do que aconteceu com as norueguesas,a
organização autorizou porque uniformes desse tipo são permitidos para ginastas que tenhamobjeções religiosas na hora de most rar
as pernas.
No entanto, para cada mulher esportista que batalha com sua federação para usar um uniforme mais parecido com o dos homens,
existe outra que quer o contrário, e que não considera, como pensava Wugheiler, que usarmaquiagem, cristais Swarovski na rou pa
de banho (como costumam fazer as do nado sincronizado) ou unhas compridas esteja em desacordo com sua excelência atlética.
Sha’carri Richardson, a última estrela do atletismo feminino, que não pôde competir em Tóquio porque deu positivo para maconh a
no exame antidoping (mas que protagoniza uma campanha da Beats ao lado de Kanye West), é famosa por seu cabelo alaranjado e
suas unhas criativas, que lembram as de Florence Griffith nos anos oitenta. A jogadora de futebol feminino Ali Krieger costuma
jogar de maquiagem, que ela chama de “pintura de guerra”, embora isso não seja habitual no futebol. E outra corredora
estadunidense,Shannon Rowbury,pinta os lábios de vermelho em cada prova porque considera que seja “empoderador”. A ginasta
Aly Reisman disse algo parecido sobre o rímel: lhe dá confiança.
Segundo outra professora canadense, Elizabeth Hardy, que atualizou o assunto da “do pedido de desculpas feminino” no esporte,
os meios de comunicação têm um papel importante na persistência desses estereótipos, sobretudo na elite, porque para as atletas é
mais fácil conseguircobertura e contratos commarcas que as patrocinem quando se encaixam num físico normativo. “Se enfatiza m
essa visão idealizada da feminilidade tradicional, garantem que permanecerão desejáveis para os homens”, escreveu Hardy numa
análise sobre os papéis de gênero na Olimpíada do Rio 2016. Na ocasião, a cobertura do vôlei de praia feminino, por exemplo,
“concentrou-se nos corpos das atletas e não no esporte, o que demonstra que ser estereotipicamente atraente deveria ser mais
importante para as atletas do que ser boa emseu esporte”.
A professora também abordou em seu estudo umassunto mais polêmico. Há alguns anos, uma ótica mais inclusiva do esporte está
se concentrando nas atletas que são mães e em como conseguemcombinar ambos os papéis,ressaltando que é possívelserao mesmo
tempo atleta de elite e mãe. Nesta mesma semana, Ona Carbonell denunciou as dificuldades que a organização de Tóquio lhe impõe
para continuar amamentando seu bebê de oito meses. Para Hardy, no entanto, se a imprensa se concentra muito em oferecer uma
imagem protetora e maternal dessas esportistas, isso prejudica o papel delas como atletas e o esporte em geral. A professora cita
como exemplo a capitã da equipe de curling de seu país. Jennifer Jones, uma estrela no Canadá, ganhou a medalha de ouro nos
Jogos Olímpicos de inverno de Sochi em 2014, quando já tinha um filho de dois anos. “A posição do skip [o capitão] é dominante,
autoritária dentro do curling.Porém, no enfoque dos meios de comunicação e das campanhas publicitárias que trabalhamcom Jones,
ressalta-se seu lado protetor e seu papel de esposa e mãe, não seu sucesso como atleta, o que dá a impressão de que suas conquistas
esportivas não são suficientemente válidas, que não são boas o suficiente. Isso é danoso para as jovens atletas, pois demonst ra que
as ambições esportivas não importam, porque sermãe deveria ser a prioridade em sua vida e aquilo pelo qual você será conhecida.”
Enfatizar tanto o enorme mérito das atletas que conseguemvoltar a treinar no nível máximo após parir ou que competem grávida s,
como fez Serena Williams quando venceu um Aberto da Austrália sem que ninguém soubesse que estava esperando sua filha
Olympia, poderia, segundo essa teoria, estar aumentando desnecessariamente as exigências e passando a mensagem de que
ser apenas atleta, e não atleta e mãe, é menos importante.
Até o momento, a primeira polêmica que os Jogos Olímpicos já trouxeram em relação aos uniformes femininos não tem a ver com
o fato de serem reveladores ou femininos demais, mas, digamos, com a gestão da diversidade.A Federação Internacional de Natação
proibiu que as atletas usem toucas da marca Soul Cap, pensadas para o cabelo das afrodescendentes. A Federação considera que
essas peças não respeitam “a forma natural da cabeça”. Nadadoras como Danielle Obe, contudo, denunciam que a decisão é um
sintoma de como esse esporte continua sendo branco e homogêneo. A touca de natação original foi desenhada pela Speedo para
evitar que o cabelo, geralmente o cabelo liso, fosse até a cara ao nadar. “Mas o cabelo afro sobe e desafia a gravidade”, diz Obe.
“Inclusão significa que qualquer forma de cabeça seja considerada normal.”

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Esportes Paraolímpicos
 Esportes Paraolímpicos Esportes Paraolímpicos
Esportes Paraolímpicossandraprado
 
Inclusão de pessoas com deficiência por meio do esporte - As relações entre a...
Inclusão de pessoas com deficiência por meio do esporte - As relações entre a...Inclusão de pessoas com deficiência por meio do esporte - As relações entre a...
Inclusão de pessoas com deficiência por meio do esporte - As relações entre a...inclusao.eficiente
 
Diário olímpico 4
Diário olímpico 4Diário olímpico 4
Diário olímpico 4APEB
 
A participaçao da mulher em esportes competitivos
A participaçao da mulher em esportes competitivosA participaçao da mulher em esportes competitivos
A participaçao da mulher em esportes competitivosIsmar Kath
 
800 metros
800 metros800 metros
800 metrosipenet
 
Top 10: atletas destaques das olimpiadas de Pequim
Top 10: atletas destaques das olimpiadas de PequimTop 10: atletas destaques das olimpiadas de Pequim
Top 10: atletas destaques das olimpiadas de PequimIsabelle Penha Ribeiro
 
Desigualde entre generos no desporto
Desigualde entre generos no desportoDesigualde entre generos no desporto
Desigualde entre generos no desportoJoao Pedro
 
Aula 2 ginástica artística
Aula 2 ginástica artísticaAula 2 ginástica artística
Aula 2 ginástica artísticaFelipe Mago
 
Ciclismo de alto rendimento
Ciclismo de alto rendimentoCiclismo de alto rendimento
Ciclismo de alto rendimentoongciclourbano
 
Esportes dos jogos parapanamericanos
Esportes dos jogos parapanamericanosEsportes dos jogos parapanamericanos
Esportes dos jogos parapanamericanosredhina
 
75795616 treinamento-de-forca-para-idosos-uma-perspectiva-de-trabalho-multidi...
75795616 treinamento-de-forca-para-idosos-uma-perspectiva-de-trabalho-multidi...75795616 treinamento-de-forca-para-idosos-uma-perspectiva-de-trabalho-multidi...
75795616 treinamento-de-forca-para-idosos-uma-perspectiva-de-trabalho-multidi...Instituto de Psicobiofísica Rama Schain
 
Triathlon - Marcas das bikes e tênis nos Jogos Olímpicos 2016
Triathlon - Marcas das bikes e tênis nos Jogos Olímpicos 2016Triathlon - Marcas das bikes e tênis nos Jogos Olímpicos 2016
Triathlon - Marcas das bikes e tênis nos Jogos Olímpicos 2016Idel Halfen
 

Mais procurados (20)

Esportes Paraolímpicos
 Esportes Paraolímpicos Esportes Paraolímpicos
Esportes Paraolímpicos
 
Inclusão de pessoas com deficiência por meio do esporte - As relações entre a...
Inclusão de pessoas com deficiência por meio do esporte - As relações entre a...Inclusão de pessoas com deficiência por meio do esporte - As relações entre a...
Inclusão de pessoas com deficiência por meio do esporte - As relações entre a...
 
Diário olímpico 4
Diário olímpico 4Diário olímpico 4
Diário olímpico 4
 
Atletismo
AtletismoAtletismo
Atletismo
 
A participaçao da mulher em esportes competitivos
A participaçao da mulher em esportes competitivosA participaçao da mulher em esportes competitivos
A participaçao da mulher em esportes competitivos
 
Atletismo Paralímpico
Atletismo ParalímpicoAtletismo Paralímpico
Atletismo Paralímpico
 
800 metros
800 metros800 metros
800 metros
 
Trabalho(1)
Trabalho(1)Trabalho(1)
Trabalho(1)
 
Top 10: atletas destaques das olimpiadas de Pequim
Top 10: atletas destaques das olimpiadas de PequimTop 10: atletas destaques das olimpiadas de Pequim
Top 10: atletas destaques das olimpiadas de Pequim
 
Desigualde entre generos no desporto
Desigualde entre generos no desportoDesigualde entre generos no desporto
Desigualde entre generos no desporto
 
Atletismo
AtletismoAtletismo
Atletismo
 
Jogos paraolimpico
Jogos paraolimpicoJogos paraolimpico
Jogos paraolimpico
 
Aula 2 ginástica artística
Aula 2 ginástica artísticaAula 2 ginástica artística
Aula 2 ginástica artística
 
Ciclismo de alto rendimento
Ciclismo de alto rendimentoCiclismo de alto rendimento
Ciclismo de alto rendimento
 
Esportes dos jogos parapanamericanos
Esportes dos jogos parapanamericanosEsportes dos jogos parapanamericanos
Esportes dos jogos parapanamericanos
 
75795616 treinamento-de-forca-para-idosos-uma-perspectiva-de-trabalho-multidi...
75795616 treinamento-de-forca-para-idosos-uma-perspectiva-de-trabalho-multidi...75795616 treinamento-de-forca-para-idosos-uma-perspectiva-de-trabalho-multidi...
75795616 treinamento-de-forca-para-idosos-uma-perspectiva-de-trabalho-multidi...
 
Atletismo
AtletismoAtletismo
Atletismo
 
Apresentação1
Apresentação1Apresentação1
Apresentação1
 
Jogos paralímpicos
Jogos paralímpicosJogos paralímpicos
Jogos paralímpicos
 
Triathlon - Marcas das bikes e tênis nos Jogos Olímpicos 2016
Triathlon - Marcas das bikes e tênis nos Jogos Olímpicos 2016Triathlon - Marcas das bikes e tênis nos Jogos Olímpicos 2016
Triathlon - Marcas das bikes e tênis nos Jogos Olímpicos 2016
 

Semelhante a Polêmica roupas - atividade de leitura e debate

A Desigualdade de Género no Desporto
A Desigualdade de Género no DesportoA Desigualdade de Género no Desporto
A Desigualdade de Género no DesportoProfCidadania1
 
Modalidades-esportes
Modalidades-esportesModalidades-esportes
Modalidades-esporteseducaedil
 
Atuacao fisioterapeutica mulher no esporte
Atuacao fisioterapeutica mulher no esporteAtuacao fisioterapeutica mulher no esporte
Atuacao fisioterapeutica mulher no esporteMayara Silveira
 
Portfolio de atleta: Marilia Coutinho
Portfolio de atleta: Marilia CoutinhoPortfolio de atleta: Marilia Coutinho
Portfolio de atleta: Marilia CoutinhoMarilia Coutinho
 

Semelhante a Polêmica roupas - atividade de leitura e debate (7)

Educação fisica
Educação fisicaEducação fisica
Educação fisica
 
A Desigualdade de Género no Desporto
A Desigualdade de Género no DesportoA Desigualdade de Género no Desporto
A Desigualdade de Género no Desporto
 
Projeto Olimpíadas
Projeto Olimpíadas Projeto Olimpíadas
Projeto Olimpíadas
 
Modalidades-esportes
Modalidades-esportesModalidades-esportes
Modalidades-esportes
 
Atuacao fisioterapeutica mulher no esporte
Atuacao fisioterapeutica mulher no esporteAtuacao fisioterapeutica mulher no esporte
Atuacao fisioterapeutica mulher no esporte
 
Portfolio de atleta: Marilia Coutinho
Portfolio de atleta: Marilia CoutinhoPortfolio de atleta: Marilia Coutinho
Portfolio de atleta: Marilia Coutinho
 
Maicon Fitness
Maicon FitnessMaicon Fitness
Maicon Fitness
 

Mais de Ana Paula

Reportagem de divulgação científica
Reportagem de divulgação científicaReportagem de divulgação científica
Reportagem de divulgação científicaAna Paula
 
Eduardo e mônica
Eduardo e mônicaEduardo e mônica
Eduardo e mônicaAna Paula
 
4º bim. parte ii
4º bim. parte ii4º bim. parte ii
4º bim. parte iiAna Paula
 
4º bim. parte i
4º bim. parte i4º bim. parte i
4º bim. parte iAna Paula
 
3º bim. parte iii
3º bim. parte iii3º bim. parte iii
3º bim. parte iiiAna Paula
 
3º bim. parte ii
3º bim. parte ii3º bim. parte ii
3º bim. parte iiAna Paula
 
3º bim. parte i
3º bim. parte i3º bim. parte i
3º bim. parte iAna Paula
 
4º bim. parte iii
4º bim. parte iii4º bim. parte iii
4º bim. parte iiiAna Paula
 

Mais de Ana Paula (8)

Reportagem de divulgação científica
Reportagem de divulgação científicaReportagem de divulgação científica
Reportagem de divulgação científica
 
Eduardo e mônica
Eduardo e mônicaEduardo e mônica
Eduardo e mônica
 
4º bim. parte ii
4º bim. parte ii4º bim. parte ii
4º bim. parte ii
 
4º bim. parte i
4º bim. parte i4º bim. parte i
4º bim. parte i
 
3º bim. parte iii
3º bim. parte iii3º bim. parte iii
3º bim. parte iii
 
3º bim. parte ii
3º bim. parte ii3º bim. parte ii
3º bim. parte ii
 
3º bim. parte i
3º bim. parte i3º bim. parte i
3º bim. parte i
 
4º bim. parte iii
4º bim. parte iii4º bim. parte iii
4º bim. parte iii
 

Último

análise de redação completa - Dissertação
análise de redação completa - Dissertaçãoanálise de redação completa - Dissertação
análise de redação completa - DissertaçãoMaiteFerreira4
 
Atividades sobre Coordenadas Geográficas
Atividades sobre Coordenadas GeográficasAtividades sobre Coordenadas Geográficas
Atividades sobre Coordenadas Geográficasprofcamilamanz
 
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManuais Formação
 
A poesia - Definições e Característicass
A poesia - Definições e CaracterísticassA poesia - Definições e Característicass
A poesia - Definições e CaracterísticassAugusto Costa
 
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
Música   Meu   Abrigo  -   Texto e atividadeMúsica   Meu   Abrigo  -   Texto e atividade
Música Meu Abrigo - Texto e atividadeMary Alvarenga
 
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.
Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.Mary Alvarenga
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...azulassessoria9
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...azulassessoria9
 
Portfolio_Trilha_Meio_Ambiente_e_Sociedade.pdf
Portfolio_Trilha_Meio_Ambiente_e_Sociedade.pdfPortfolio_Trilha_Meio_Ambiente_e_Sociedade.pdf
Portfolio_Trilha_Meio_Ambiente_e_Sociedade.pdfjanainadfsilva
 
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdfLeloIurk1
 
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptxPedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptxleandropereira983288
 
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfo ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfCamillaBrito19
 
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxSlides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números Mary Alvarenga
 
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"Ilda Bicacro
 
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdfFicha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdfFtimaMoreira35
 
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdfPROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdfMarianaMoraesMathias
 
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Ilda Bicacro
 
Bullying - Atividade com caça- palavras
Bullying   - Atividade com  caça- palavrasBullying   - Atividade com  caça- palavras
Bullying - Atividade com caça- palavrasMary Alvarenga
 

Último (20)

análise de redação completa - Dissertação
análise de redação completa - Dissertaçãoanálise de redação completa - Dissertação
análise de redação completa - Dissertação
 
Bullying, sai pra lá
Bullying,  sai pra láBullying,  sai pra lá
Bullying, sai pra lá
 
Atividades sobre Coordenadas Geográficas
Atividades sobre Coordenadas GeográficasAtividades sobre Coordenadas Geográficas
Atividades sobre Coordenadas Geográficas
 
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
 
A poesia - Definições e Característicass
A poesia - Definições e CaracterísticassA poesia - Definições e Característicass
A poesia - Definições e Característicass
 
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
Música   Meu   Abrigo  -   Texto e atividadeMúsica   Meu   Abrigo  -   Texto e atividade
Música Meu Abrigo - Texto e atividade
 
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.
Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
 
Portfolio_Trilha_Meio_Ambiente_e_Sociedade.pdf
Portfolio_Trilha_Meio_Ambiente_e_Sociedade.pdfPortfolio_Trilha_Meio_Ambiente_e_Sociedade.pdf
Portfolio_Trilha_Meio_Ambiente_e_Sociedade.pdf
 
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
 
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptxPedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
Pedologia- Geografia - Geologia - aula_01.pptx
 
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfo ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
 
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxSlides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
 
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
 
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
 
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdfFicha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
 
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdfPROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
 
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
 
Bullying - Atividade com caça- palavras
Bullying   - Atividade com  caça- palavrasBullying   - Atividade com  caça- palavras
Bullying - Atividade com caça- palavras
 

Polêmica roupas - atividade de leitura e debate

  • 1. JOGOS OLÍMPICOS Sexualização ou empoderamento? A patrulha de como as atletas se vestem volta aos Jogos Olímpicos As jogadoras de handebol norueguesas, as ginastas alemãs e uma saltadora britânica têmalgo emcomum: os juízes não gostamdos uniformes que elas usam para competir Ginastas americanas, com Simone Biles na frente, competindo em Tóquio. LIONEL BONAVENTURE / AFP Os Jogos Olímpicos de Tóquio acabam de começar, e com eles as primeiras polêmicas sobre o vestuário das atletas. A que fez mais barulho tem a ver com a seleção norueguesa feminina de handebol de praia, que foi multada pela Comissão de Disciplina da Associação Europeia de Handebol por comparecer ao torneio usando top e short em vez do biquíni regulamentar, “com corte em um ângulo ascendente emdireção à parte superior da perna” e “com uma largura lateral máxima de 10 centímetros”. A federação primeiro ameaçou multar as jogadoras norueguesas com50 euros (306 reais) por pessoa e, mais tarde, desclassificá- las. Por isso, elas finalmente tiveram que disputar seu jogo contra a seleção da Hungria com o uniforme oficial. Ainda assim, aproveitaram a atenção captada pelo assunto —não nos enganemos, pode haveruma pandemia e uma crise climática, mas os meios de comunicação não deixarão passar a oportunidade de colocar “calcinha” no título da notícia e ilustrá-la com jovens atléticas vestindo pouca roupa— para denunciar a hipersexualização exigida das esportistas. A foto grupal que elas fizeram com seus companheiros da equipe masculina diz tudo: elas de biquíni, eles com camiseta semmanga e short no meio da coxa. Mas a patrulha da roupa feminina também vai no sentido oposto. Mês passado, a atleta paralímpica inglesa Olivia Breen recebeu uma advertência dos juízes no campeonato britânico por usar calcinhas esportivas “reveladoras demais”. “Não se deve fazer as mulheres se sentirem coibidas pela roupa que usam ao competir, e sim confortáveis e seguras”, denunciou Breen na época. Disse também que muitas outras atletas haviam lhe contado que receberam comentários similares por parte dos árbitros. Breen pensa em levar o mesmo microshort, da marca Adidas, aos Jogos Paralímpicos de Tóquio. Assim que as provas começarem e ocorrerem as primeiras competições de ginástica artística e nado sincronizado, surgirão novamente as mesmas perguntas que se ouvem a cada quatro anos. É necessário que as atletas usem maquiagem? Que lugar as lantejoulas têm no cabelo em um uniforme esportivo? Por que uma atleta superdotada como Simone Biles precisa competir com laços no cabelo, como se estivesse num show infantil? Em 1978, uma professora estadunidense de Educação Física e Fisioterapia chamada Emily Wughalterbatizou esse fenômeno de “the female apologetic” (a “o pedido de desculpas feminino”). Ela argumentou que todos esses elementos, assim como, por exemplo, os segmentos de dança mais vistosos na ginástica rítmica, teriam sido implementados para afugentar os estereótiposde lesbiandade associados na época comas atletas e, emgeral, para que as mulheres conseguissem“ser perdoadas” pelo que entendiam como falta de feminilidade. Para compensar o fato de estarem se mostrando fortes, rápidas, ágeis e de alguma forma masculinas, exigia-se que elas equilibrassem isso com “babados e rodopios”, segundo Wughalter. Em maio daquele mesmo ano, três atletas da equipe alemã de ginástica artística usaram maiôs que cobriam suas pernas no campeonato europeu realizado na Basileia (Suíça). Afirmaram que o fizeram em protesto contra a sexualização exigida das mulheres nesse esporte,no qual os homens competem de short e sem maquiagem. “Todas as mulheres querem se sentir confortáveis em sua pele. Na ginástica, isso é cada vez mais difícil à medida que você cresce e deixa para trás seu corpo de menina”, explicou uma delas, Sarah Voss, à TV pública alemã. “Quando criança, eu não pensava muito nos maiôs. Mas, quando entrei na puberdade, quando menstruei, comecei a me sentir cada vez mais desconfortável”.Nesse caso,e ao contrário do que aconteceu com as norueguesas,a organização autorizou porque uniformes desse tipo são permitidos para ginastas que tenhamobjeções religiosas na hora de most rar as pernas.
  • 2. No entanto, para cada mulher esportista que batalha com sua federação para usar um uniforme mais parecido com o dos homens, existe outra que quer o contrário, e que não considera, como pensava Wugheiler, que usarmaquiagem, cristais Swarovski na rou pa de banho (como costumam fazer as do nado sincronizado) ou unhas compridas esteja em desacordo com sua excelência atlética. Sha’carri Richardson, a última estrela do atletismo feminino, que não pôde competir em Tóquio porque deu positivo para maconh a no exame antidoping (mas que protagoniza uma campanha da Beats ao lado de Kanye West), é famosa por seu cabelo alaranjado e suas unhas criativas, que lembram as de Florence Griffith nos anos oitenta. A jogadora de futebol feminino Ali Krieger costuma jogar de maquiagem, que ela chama de “pintura de guerra”, embora isso não seja habitual no futebol. E outra corredora estadunidense,Shannon Rowbury,pinta os lábios de vermelho em cada prova porque considera que seja “empoderador”. A ginasta Aly Reisman disse algo parecido sobre o rímel: lhe dá confiança. Segundo outra professora canadense, Elizabeth Hardy, que atualizou o assunto da “do pedido de desculpas feminino” no esporte, os meios de comunicação têm um papel importante na persistência desses estereótipos, sobretudo na elite, porque para as atletas é mais fácil conseguircobertura e contratos commarcas que as patrocinem quando se encaixam num físico normativo. “Se enfatiza m essa visão idealizada da feminilidade tradicional, garantem que permanecerão desejáveis para os homens”, escreveu Hardy numa análise sobre os papéis de gênero na Olimpíada do Rio 2016. Na ocasião, a cobertura do vôlei de praia feminino, por exemplo, “concentrou-se nos corpos das atletas e não no esporte, o que demonstra que ser estereotipicamente atraente deveria ser mais importante para as atletas do que ser boa emseu esporte”. A professora também abordou em seu estudo umassunto mais polêmico. Há alguns anos, uma ótica mais inclusiva do esporte está se concentrando nas atletas que são mães e em como conseguemcombinar ambos os papéis,ressaltando que é possívelserao mesmo tempo atleta de elite e mãe. Nesta mesma semana, Ona Carbonell denunciou as dificuldades que a organização de Tóquio lhe impõe para continuar amamentando seu bebê de oito meses. Para Hardy, no entanto, se a imprensa se concentra muito em oferecer uma imagem protetora e maternal dessas esportistas, isso prejudica o papel delas como atletas e o esporte em geral. A professora cita como exemplo a capitã da equipe de curling de seu país. Jennifer Jones, uma estrela no Canadá, ganhou a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de inverno de Sochi em 2014, quando já tinha um filho de dois anos. “A posição do skip [o capitão] é dominante, autoritária dentro do curling.Porém, no enfoque dos meios de comunicação e das campanhas publicitárias que trabalhamcom Jones, ressalta-se seu lado protetor e seu papel de esposa e mãe, não seu sucesso como atleta, o que dá a impressão de que suas conquistas esportivas não são suficientemente válidas, que não são boas o suficiente. Isso é danoso para as jovens atletas, pois demonst ra que as ambições esportivas não importam, porque sermãe deveria ser a prioridade em sua vida e aquilo pelo qual você será conhecida.” Enfatizar tanto o enorme mérito das atletas que conseguemvoltar a treinar no nível máximo após parir ou que competem grávida s, como fez Serena Williams quando venceu um Aberto da Austrália sem que ninguém soubesse que estava esperando sua filha Olympia, poderia, segundo essa teoria, estar aumentando desnecessariamente as exigências e passando a mensagem de que ser apenas atleta, e não atleta e mãe, é menos importante. Até o momento, a primeira polêmica que os Jogos Olímpicos já trouxeram em relação aos uniformes femininos não tem a ver com o fato de serem reveladores ou femininos demais, mas, digamos, com a gestão da diversidade.A Federação Internacional de Natação proibiu que as atletas usem toucas da marca Soul Cap, pensadas para o cabelo das afrodescendentes. A Federação considera que essas peças não respeitam “a forma natural da cabeça”. Nadadoras como Danielle Obe, contudo, denunciam que a decisão é um sintoma de como esse esporte continua sendo branco e homogêneo. A touca de natação original foi desenhada pela Speedo para evitar que o cabelo, geralmente o cabelo liso, fosse até a cara ao nadar. “Mas o cabelo afro sobe e desafia a gravidade”, diz Obe. “Inclusão significa que qualquer forma de cabeça seja considerada normal.”