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FREIRE
ENKRATEIA
ISTITUTO EUROPEO DI DESIGN
Design de Moda
Ana Freire
ENKRATEIA
São Paulo
2022
Monografia apresentada ao Istituto Europeo di
design como requisito parcial para o obtenção de
bacharelado em Design de Moda.
Orientador: Prof. Especialista André Caperutto.
Enkrateia nome dado ao trabalho acadêmico tem
como temática principal correlacionar a “corrente”
e suas interpretações por intermédio de artefatos, a
partir de observações, usos e consumo na sociedade
contemporânea. Algumas vezes a corrente e seu
simbolismo, podem despertar o sentimento de se
sentir acorrentado pela sociedade e com a enorme
diversidade de culturas, religiões e de costumes
levar a um dado aprisionamento. Por vezes o meio
social condiciona o indivíduo a assumir certa
representatividade em que se deseja estar
inserido ou não, e como isso está
acorrentado no cotidiano pode promover algum tipo de
metáfora.Aideiadoqueécertoouerrado,sedevemounão
fazer certas coisas, acaba impedindo de agir
livremente. A pesquisa se utiliza do método
hipotético-dedutivo através da abordagem
qualitativa,comoobjetivodeinvestigaremostraroqueseé,
indivíduos ora moldados por situações, crenças,
costumes, convenções, com dificuldades para se
florescer e desabrochar; e que insiste por
revelar, quebrar e interromper uma certa
padronização social, para então realizar um
processo que acorrenta a favor da busca por
liberdade de ação individual, em prol de que se deseja ser.
Enkrateia, the name given to the
academic work, has as its main theme
correlating “chain” and its interpretations through
artifacts, based on observations, use, and consumption in
contemporary society. Sometimes the chain
and its symbolism can arouse the feeling of
feeling chained by society and the enormous
diversity of cultures, religions, and customs
leading to given imprisonment. Sometimes the social
environment conditions the individual to assume a
certain representation in which one wants to be inserted
or not. As this is chained in everyday life it can promote
some kind of metaphor. The idea of ​​what is right or wrong,
whether or not we should do certain things, sometimes
prevents us from acting freely and being who we are. The
researchusesthehypothetical-deductivemethodthrougha
qualitative approach, intending to investigate and
show what we are (we are), individuals now shaped by
situations, beliefs, customs, and conventions,
with difficulties to flourish and blossom; and that
insists on showing, breaking and interrupting
a certain social standardization, to then
carry out a process that chains in favor of the search for
freedomofindividualaction,infavorofwhatonewantstobe.
SUMARIO
INTRODUÇÂO
1.1 - Definição do tema
1.2 - História pessoal
1.3 - Objetivos Gerais e específicos
1.4 - Justificativas
1.5 - Problema de Pesquisa
1.6 - Metodologia de pesquisa
PESQUISA DE DESENVOLVIMENTO:
Contextualização Teórica
2.1 - Origens da palavra Enkrateia
2.1.1 - Definições de liberdade e aprisionamento
2.1.2 - Mito das Cavernas
2.2 - Correntes
2.2.1 - História das Correntes
2.2.2 - Correntes na Moda e na Arte
2.3 - O culto aos valores da sociedade
2.2.1 - Liberdade artística e comportamental
2.2.2 - Psicologia da socialização
PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO
3.1 - Estudo de coleção
3.2 - Cartela de Materiais
3.3 - Ficha Técnica
3.4 - Estudo de Forma
3.5 - 9 peças e Processo
3.6 - Conclusão
3.7 - Fashion Film
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Conceituar e classificar alguém pela sua aparência pode gerar inúmeras
discussões em diversas áreas do saber, uma vez que há diversos pontos de vista dentro
dos estudos como o da Psicologia, Filosofia, Sociologia e Design entre outras
estruturas de pesquisas. Crescer em um lugar onde julgar, criticar e opinar sobre o
próximo é algo comum nas relações sociais, como ter que seguir um padrão de
pensamento ao invés de restringir opções que afetam o dia-a-dia, como pensar, como
agir impedindo de ter a total liberdade de
escolha.
	 Durante a fase de crescimento psicológico de um indivíduo, sendo desde bebê a
adolescência é quando a sociedade pode moldar cada pessoa, onde os pais, avós,
escola, etc mostram e/ou apresentam regras de como se deve agir e pensar, como se
deve se comportar e incorporar as noções éticas do que é certo e errado, de acordo
com o conhecimento deles. Mesmo quando existe abertura de se fazer escolhas, as
mesmas têm regras, classificando o que cada um acredita ter sua verdade. Quanto
mais regras, a sensação de aprisionamento, presos por revelar sua identidade e deixar
de ter a oportunidade de saber quem realmente é ou que querem ser, perde-se o
controle, isso é um aspecto importante do patriarcado que deveria ser desconstruído.
O sentimento de se sentir aprisionado é comum para todos os indivíduos em inúmeras
ocasiões, como por exemplo crescer com pais conservadores impede de fazer e agir
completamente por vontade própria; colegas zombando de alguém pela forma que se
veste, ou como age, são alguns dos exemplos desse sentimento, que acabam fugindo
do controle da vida em sociedade. Se libertar destes tipos de agrilhoamento, como se
estivesse acorrentado pode ser compreendido como: opiniões alheias, pessoas
ontroladoras, regras, leis, normas etc, e um dos obstáculos mais difíceis de se
atravessar e superar, e é a partir disso que surgiu o tema Enkrateia.
	 A palavra Enkrateia de origem grega que anteriormente tinha o significado de
poder sobre algo a alguém passou a significar poder sobre si mesmo, sobre sua paixão
e é exatamente o tema que inspira esta investigação. Escapar do aprisionamento, do
controle da sociedade e ter a liberdade para exercer paixões, ter autocontrole, são
pretensões alinhavadas ao projeto. Um dos assuntos mais importantes que reverbera
o tema do projeto é o material principal - que são correntes - em que o trabalho se
aprofunda mais sobre sua história e dados da sua invenção; seu consumo na moda
além de estar associada a linguagem metafórica de acorrentar algo ou alguém, não só
fisicamente mas emocionalmente.
	 Uma das histórias que revela exatamente o ponto dessa pesquisa é o “O mito da
caverna” , obra organizada por Platão (PLATÃO, 380 a.C.) não só o mito em si, mas a
mensagem que passa e como ele é ligado a pesquisa. Vale lembrar outras
contribuições à pesquisa como as do artistas Seo Young Deok que trabalha com o
sentimento de estar preso como mencionado antes, assim como é possível ver algo em
vários artigos, histórias e livros sobre autoconhecimento e imagem da corrente.
Tema
Durante a vida da autora na escola, ela cresceu sendo muito julgada, as pessoas sempre
olhavam cada detalhe dela e davam suas opiniões sobre, seja pelo tamanho do seu nariz, as
pontas duplas em seu cabelo, suas notas sendo elas as melhores da sala ou as piores, cada
passo seu era medido por colegas de sala, professores, pais, familiares e amigos. Ela sempre
teve que mudar o seu jeito de agir e moldar o seu jeito de pensar em volta do que as pessoas
diziam e criticavam sobre ela. Quando fazia algo diferente, era rebaixada e
usavam palavras negativas que acabavam impedindo de ser diferente e sair do padrão
dominado. Quando escolhia roupas diferentes ou dava ideia de uma nova possibilidade, era
silenciada pelas pessoas a sua volta, assim como aconteceu com o homem que se libertou e
trouxe novas realidades para os outros presos no fundo da caverna em Alegoria da Caverna
(PLATÃO, 380. a.C.).
Durante seu crescimento, ela parou de deixar a sua realidade fechada e o que os outros tinham
a opinar sobre seus novos
conhecimentos e percebeu que dando liberdade para sua sabedoria abranger traz uma nova
perspectiva sobre si, sobre quem quer ser e que imagem quer ter sem se limitar a opiniões
alheias. Seguindo os exemplos de algumas celebridades, a autora via como elas se
comportavam e como tomavam cuidado com cada atitude, na moda por exemplo, como algumas
roupas podem definir sua personalidade e quem você é. O tema gira em torno disso, o
sentimento de se sentir preso, acorrentado pelas pessoas em volta limitando o crescimento de
novos caminhos. Como uma flor de lótus que representa a renovação, por nascer a partir da
lama e no fim se tornar uma flor bela de cores vivas e com sementes comestíveis, a palavra Enk-
rateia (FERNANDEZ, 2015) se encaixa no projeto perfeitamente por sair do significado de alguém
ter poder sobre algo ou alguém, para a pessoa ter poder sobre si próprio, se renovando e sendo
sua própria luz.
História Pessoal
O objetivo do TCC é que independente de ter as “correntes” do julgamento social, de
modo específico, e com às características próprias de cada um, pode se elaborar experiências
de liberdade através do traço característico de cada ser que permite distinguir um indivíduo de
outro, um grupo de outros grupos ou ainda uma
civilização de outra. Que independente do que as pessoas vão
comentar ou pensar, pode-se quebrar a barreira e seguir a vida a
través das escolhas pessoais e não conceder ao outro a determinar o que é certo e errado. É
possível demonstrar empatia com os outros e dar o controle para fazer escolhas priorizando as
verdades vistas através de outros olhos, desconstruindo a ideia do pré-rótulo, julgar antes de
saber.
	 O objetivo específico é discutir a liberdade de expressão social, o sentimento de se sen-
tir aprisionado e como isso afeta a aparência. Revelar qual o resultado das regras impostas pela
sociedade (como afeta) e como alguns usam a moda para se manifestar sobre seu direito de se
expressar.
Objetivo
Justificativa
	
	 O projeto teve início a partir da história pessoal da autora
e sustentado por um dos contos mais famosos da filosofia, a
Alegoria da Caverna (PLATÃO, 380. a.C.) o tema gira em
torno do trabalho principal da autora e como acaba refletindo
não só em um sentimento que todos já sentiram pelo menos
uma vez mas em quem ela é. Montar peças ousadas que saem
do normal, as correntes tomam formas no corpo que
chama a atenção pelo fato das peças não serem algo que é
usado normalmente mas que ainda se encaixam na sociedade,
demonstrando os sentimentos de estar preso por ser correntes
presas ao corpo mas dando espaço para ter sua liberdade de
expressão por ter sido transformado de prender alguém para
um artefato bonito, revelando que tem poder sobre si e não
alguém tem poder sobre o mesmo. A sociedade, os pais, o local
de trabalho, qualquer lugar pode de alguma forma aprisionar
as pessoas, a autora por exemplo passou por isso no seu
ambiente escolar (onde passava a maior parte do seu tempo) e
sempre teve que se privar do seu verdadeiro ser, sem poder se
expressar ou agir como acreditava. Por se tratar de uma
escola, a influenciou ainda mais por ter que crescer em um
local que deveria estimular possibilidades e conhecimentos
novos, porém restringiu sua sede por novas áreas da
sabedoria.
	 Ressaltando que o pior, o que limita, o que dá medo, o
negativo pode ser usado como fonte de poder. As correntes
podem no passado ter significado uma era de angústia e
sofrimento, hoje é transformado em algo bonito que é usado
na joalheria por exemplo. Usar correntes como um artefato,
uma peça linda feita com todo cuidado, uma imagem de moda
com história como se fosse uma flor de lótus no pântano.
*objetivos
	 Em diversas situações ficamos entre nos colocar a partir da nossa verdade ou
nos calar, vendo que cada um de nós tem sua verdade e sua própria percepção para
interpretar algo, não é admissível julgar alguém alheiamente sendo que cada um é
seu própio ser não existe ninguem igual a nós, somos todos unicos. É uma ação pouco
inteligente por inúmeros motivos, assumir um ponto de vista como “exportável”
segrega encerra o assunto ao invés de abrir e dar espaço para diferentes pontos de
vista. Na tentativa de apaziguar a ansiedade que isso dispara, recorremos ao
julgamento como se ele fosse um corrimão, que nos serve de apoio dando segurança e
conforto.
	 As pessoas estão fazendo sempre o melhor dentro do “lugar” de verdade em que
elas acreditam. É simplista e reducionista, uma verdade prevalecer sobre outra implica
presumir que uns são mais humanos que outros. Isso é uma abstração, cada um vê o
mundo através dos seus próprios olhos, ao decretar algo é como se colocassem óculos
com lentes para nós enxergamos somente o que querem impedindo de ver a realidade
do mundo (e até quando olhamos para nós mesmos). Por tais motivos que sempre
buscamos a verdade, sabemos que no fundo nada é perfeito, não existe passo a passo
para a vida. Dar lugar para a dúvida, acolher o princípio da verdade da intuição de cada
um é o contrário desse lugar da “receita”, além de dar a impressão de ter controle e
previsibilidade e gerar sofrimento e culpa. O grande problema é a constante repetição
desse ciclo, de opinar e dar nossa opinião e acabar criando e colocando “correntes”
nas pessoas impedindo elas cada vez mais de se libertar.
Problema de pesquisa
A pesquisa utiliza o método hipotético-dedutivo. Foi feito um levantamento bibliográfico
através de livros e sites para construir o texto, a pesquisa estuda sobre o significado da palavra
enkrateia ‘’ e sua origem, liberdade artística e comportamental, o comportamento da sociedade
e a psicologia da socialização. Com essa pesquisa é possível predominar que através da
abordagem qualitativa, com evidências baseadas em artistas, história, pessoal, cotidiano que
não só é estar detido de ter a liberdade de expressão pelas regras, pessoas, crenças, etc. como
quero promover o entendimento de que se pode sim usar isso para mudar o mundo, tomar o
controle de si.
Metodologia de pesquisa
Origem da palavra Enkrateia
	 Antes a palavra Enkrateia tinha o significado de ter poder sobre algo ou alguém, mas
depois que Sócrates, Xenofonte e Platão o transformaram para um substantivo dando um novo
significado (FERNANDES, 2015). Enkrateia deixar de ser o controle sobre algo ou alguém e passa
a ser o poder sobre si, sobre suas atitudes, pensamentos, a pessoa ou algo passa ter controle
sobre tudo. A pessoa que é “Enkratê” é alguém que faz verdadeiramente o que deseja, alguém
que é capaz de eleger seus desejos e gostos pessoais. O bom controle sobre si mesmo, o ser
sábio e senhor de si mesmo ou a liberdade a respeito dos próprios impulsos são características
essenciais de um caráter virtuoso.
	 A escolha da palavra Enkrateia para nome do trabalho encaixa perfeitamente com a
história pessoal da autora e com o mito e artistas que inspiraram esse trabalho. A definição da
palavra e sua transição divide o mesmo processo com o homem que escapou da caverna no
conto do mito da caverna de Platão que foi escrito 380 a.C. O homem que antes era prisioneiro
não tendo o poder de se mexer e escapou tomando o controle sobre si, a história pessoal da
autora onde se encontrava silenciada em suas ações, criatividade, forma de falar e tudo,
principalmente seu poder e usou isso ao seu favor para se expressar. A palavra Enkrateia são as
correntes, que antes eram usadas para prender e representar o sentimento de aprisionamento e
se tornou o poder sobre si para fazer os alguns dos artefatos.
Qual seria o verdadeiro significado de liberdade, sendo que cada um tem uma
experiência de vida e sabedoria diferente. A liberdade é única para cada pessoa, a
independência de algo para um pode ser o aprisionamento para outro. Mas algo que é igual para
todos, é a liberdade de espaço livre para qualquer coisa, pessoa, lugar ou objeto. Nos primeiros
anos de vida, as pessoas são limitadas à sabedoria de figuras paternas, depois seguindo para a
escola que é a base do ensino da vida, a escola tem o propósito de educar, formar alunos
inteligentes preparados para o mercado e o futuro. Apesar de ser a principal fonte para
aprender sobre tópicos como filosofia, matemática, biologia, entre outras, a escola pode ser
vista como uma obrigação a ser seguida, mesmo não sendo a principal escolha de alguém. É
comum crescer e acreditar em tudo que é ensinado na escola, alunos sentados em cadeiras de
frente para uma lousa e prestando atenção no que é ensinado, tal ato é bem parecido com o que
acontece no Mito das cavernas, os prisioneiros são obrigados a olhar para frente e acreditar que
a única verdade é as sombras projetadas na parede do fundo da caverna (PLATÃO, 380 a.C.).
	 O aprisionamento é a ação ou efeito de aprisionar; ação de
capturar ou colocar em cárcere; prisão” (DICIO, 2009). Justamente o que a escola pode trazer,
o sentimento de estar aprisionado a uma única fonte de ensino e não ter liberdade de escolha
para aprender de formas diferentes, estudar outros tópicos tendo que sempre seguir o padrão.
A experiência da autora foi exatamente pelo o que a autora passou, a mesma não conseguia
aprender apenas sentada em uma cadeira olhando para frente, além do ensino a experiência
com os alunos ou pode se dizer prisioneiros era difícil por a mesma ter a sede de seguir um
outro caminho. Isso fazia ela se sentir presa, não ter saída, não saber qual caminho seguir ou
se sentir acorrentado por alguém onde a pessoa impede ela de se libertar, sem movimento ou
escapatória durante um tempo foi o que mais assombrou a autora, mas depois se tornou sua
maior fonte de virtude.
	 Quando alguém se sente preso não fisicamente mas mentalmente, como se o próprio
cérebro luta-se contra o mesmo impedindo de tomar ações ou falas é um dos piores
sentimentos que pode se sentir, trazendo para um lugar escuro e sombrio abrindo espaço para
outros sentimentos como angústia, ansiedade e tristeza. Se sentir preso por palavras ditas por
outras pessoas, interfere não só em como pensam mas também no cotidiano, acabando cada vez
mais como a liberdade de escolha. Por exemplo, quando alguém veste uma roupa que gosta e se
sente confortável, e alguém critica a forma como esse alguém está vestido, isso faz com que a
pessoa possa se sentir inferior e desconfortável e transformando aquele sentimento de ânimo e
felicidade em desconforto e insegurança. alguém está vestido, isso faz com que a pessoa possa
se sentir inferior e desconfortável e transformando aquele sentimento de ânimo e felicidade em
desconforto e insegurança.
Liberdade e Aprisionamento
Mito da caverna
	 Em uma caverna escura e profunda havia alguns homens presos pelos braços, pernas e
até o pescoço com correntes apertadas para não se mexerem e para que não pudessem olhar
para qualquer lado a não ser a parede do fundo da caverna à frente dos prisioneiros. Com
apenas uma luz atrás desses homens, a única realidade que eles cresceram acreditando era as
sombras de animais, objetos e pessoas projetadas à sua frente como um teatro de sombras por
pessoas de fora da caverna. Os anos foram se passando até que um dia um dos prisioneiros se
liberta das correntes e caminha para fora da caverna, no caminho ele viu uma luz que nunca viu
antes e reconheceu uma fogueira que iluminava o fundo da caverna junto com os objetos que
refletiam como sombra através da luz da fogueira. Caminhando mais para a entrada da caverna
o homem vê uma luz jamais vista, seus olhos demoram algumas horas para se ajustar já que
passou sua vida apenas vendo a escuridão e a pouca luz que a fogueira iluminava no fundo da
caverna.
	 Quando finalmente os olhos do prisioneiro conseguem se acostumar com tamanha luz,
ele sai da caverna vendo muito mais do que o mundo seria, ele viu o sol, a terra, pessoas e
animais, percebendo que tudo que acreditava e viu durante a vida inteira era pouco comparado
com o verdadeiro mundo que era escondido dos prisioneiros. Platão fez uma suposição sobre o
que aconteceria se o homem liberto voltasse para os outros homens acorrentados na caverna, se
eles acreditariam no homem livre ou se até o matariam por dizer algo tão fora da realidade, mas
que na verdade não passava de uma ilusão. (Fonte: usp, PLATÃO, 380 a.C.)
		 A Alegoria da Caverna foi escrita entre 380 a.C. 370 a.C. mas continua presente
nos dias de hoje revelando como aqueles que estão cegos pela ignorância e iludidos por ela, às
vezes se recusam a se libertar e dar espaço para algo fora do conhecimento do mesmo. Como
no conto a grande maioria que estava preso não acreditaria no homem livre, se recusando a se
libertar o que acaba causando um efeito negativo no homem que viu a verdadeira realidade,
como se o que descobriu fosse proibido ou insano de se dizer.
	 Alguns recusam a sair da sua zona de conforto, tem medo do que passa do que foi
ensinado e quando alguém procura por algo novo ou abre seu conhecimento para uma nova
realidade, às vezes acaba sendo limitado pelos outros que temem isso já que é muito mais fácil
se limitar e não fazer esforço para sair da própria inércia. (MACIEL, 2013) O mito é
extremamente parecido com a história pessoal da autora, crescer em um lugar onde não tinha
liberdade de expressão e era repreendida quando saia da sua zona de conforto procurando por
outras possibilidades recusando se manter “acorrentada” como os prisioneiros na caverna
estavam e era ameaçador para os próximos, assim como doeu para o homem que se livrou das
correntes e se acostumou com a luz do sol depois de tanto tempo na escuridão, a autora no
capítulo de sua história pessoal conta como sofreu tentado entender sobre essa nova realidade,
sair das paredes pequenas e escuras para um novo mundo de possibilidades, e, explicar isso
para as pessoas a sua volta sempre foi um desafio, ser julgada assim como o homem que se
libertou foi ao contar sobre o que descobriu.
	 Mesmo depois de mais de 2000 anos, percebendo como ainda é complicado trazer algo
novo para a sociedade, apesar de ter um espaço muito mais adotável para novas ideias do que
na época de Platão, existem pessoas de mente fechada que não aceitam o novo, o diferente
e bloqueiam possibilidades do verdadeiro conhecimento. Assim como o homem se libertou, a
autora também teve essa oportunidade e quer usar as correntes que os prendiam para
expressar sua arte livremente, deixo esse alguém mais fortes e trazer as correntes ao seu favor
dando poder sobre si dispensando os comentários e pouco conhecimento de outros que
preferem se contentar a ficar preso.
A palavra corrente foi inventada por volta de 225 DC, antes
sendo usada para levantar baldes de água, hoje, correntes tem vários
significados e depois de anos, foi usada para várias formas e tipos
diferentes (Admin,2018). Mas a corrente de hoje em dia foi
desenhada no século 16 por Leonardo da Vinci onde foi idealizada
para um projeto de engenharia onde a corrente funcionava como um
cinto passando por algumas engrenagens. Infelizmente algum tempo
depois as correntes não foram usadas para mecânica ou segurança
e sim para amarrar e prender os escravos e presos, onde pessoas de
poder político de mente maligna tiravam a liberdade da minoridade e
tinham propriedade para fazer qualquer crueldade (Admin,2018).
	 Para este trabalho, a intenção de usar corrente como principal
material é para representar o sentimento de se sentir aprisionado,
usando a corrente como forma de prender o corpo no sentido físico e
mental. Usar tal material para explicar tal ato se encaixa
perfeitamente com o artista Seo Young Deok, que usa correntes para
demonstrar exatamente isso, expressar o sentimento que é
diminuído, ignorando a verdadeira realidade (DEOK,2021).
Correntes
Desde Linda Evangelista usando as icônicas correntes Chanel douradas nos anos 1990,
até Beyoncé usando uma roupas feitas completamente de correntes de strass feita por Lace By
Tanaya para seu documentário Black is king, as correntes tem uma história de longa data com
a moda. Com vários significados na moda sendo elas para representar algo mais sensual e o
BDSM, a escravidão, ou somente ser um acessório bonito que muda completamente o look, body
chains podem mudar todo o conceito de uma peça de roupa.
	 Correntes de strass, aluminio, pérolas, aço, porcelana, e muito mais já fizeram parte
das passarelas de marcas muito importantes como Louis Vuitton, Chanel, Versace, Gucci, Área
e por assim vai. Cada marca tem sua identidade e meio de expressão, sendo assim a forma
como usam tem um motivo e complementa cada coleção de uma forma diferente. As correntes
na maioria das vezes foi usada somente como acessório, mas a forma como pode se utilizar a
mesma em várias partes do corpo lhe dá liberdade de fazer peças incríveis e únicas. Moldando
o corpo ou dando novas formas, graças ao fato de ser tão flexível, lhe dá inúmeras opções de
artefatos e peças trazendo vida para qualquer que seja o tema do look.
	 Seo Young Deok um escultor da Coreia do Sul que cria esculturas de arte feitas com
correntes em formato do próprio corpo humano expressa:
				 As correntes são todas sobre relacionamentos complicados e
				 forçados de nossos contemporâneos e desejos por materiais.
				 Quero mostrar, através dos meus trabalhos, os retratos do nosso 	
			 tempo onde pensamentos e vidas pessoais são ignorados. Estamos 	
			 fechando nossos olhos, ouvidos e boca e reprimindo nossos
				sentimentos. (DEOK,c2021).
	 Na arte, se apresenta corpo em formato de expressão desse sentimento, uma linguagem
corporal clara e na moda as correntes que moldam o corpo por fora podendo estar em qualquer
parte, seja na cabeça, barriga, perna, etc. A corrente liga a moda e a arte, assim como ela é
flexível para várias utilidades e significados, usos e expressões e por mais contraditório que
seja, a corrente é aberta para vários caminhos. A representação dela na arte de Seo Young Deok
é base para sustentar o significado do trabalho sobre o sentimento de se sentir acorrentado e
como é representado, já a moda trás o depois, a verdadeira conclusão e resultado nas peças. A
moda traz o poder, a história para elas, carregando o resultado da transformação do negativo
para uma arma tão poderosa. Transformando toda a escuridão em algo tão elevado, único e belo.
Correntes na moda e na arte
A forma como as pessoas se comportam sempre foi um tópico recorrente a anos em
nossa sociedade, se comportar de forma educada ou informal faz total diferença quando se trata
da imagem de alguém. Na escola são ensinados modos de comportamento, qual é o modo certo
de se comportar e como era proibido sair desse modelo de comportamento podendo se dizer
que a escola molda cada um para ser aquilo que é esperado pela sociedade, definindo dentro do
conhecimento do estado o que é certo e o que é errado, corrigindo a pessoa ou até advertindo
ela quando faz algo diferente do padrão. A autora teve momentos em que queria seguir
outro caminho, conhecer sobre outros estudos e tentar seguir uma forma de aprendizado que se
encaixa-se com sua identidade. Ter dificuldade e ser oprimido por não conseguir fazer algo da
mesma forma que outros indivíduos limita a expansão de conhecimento.
	 A arte diz ser pela sociedade um espaço livre para o indivíduo se expressar e é prevista
na Constituição Brasileira no artigo 5º inciso IX: “Art. 5º, IX – é livre a expressão da atividade
intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença.”
Com complementação através do artigo 220:
		 Art. 220 – A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a infor		
		 mação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, 	
		 observado o disposto nesta Constituição. § 2º É vedada toda e qualquer censura 	
		 de natureza política, ideológica e artística.
	 Até que ponto a sociedade separa o ser livre e artístico do ato ilícito. Artistas, designers,
celebridades frequentemente enfrentam esse problema, o que a sociedade aceitaria como ato
artístico ou julgaria como algo absurdo e fora do eixo padrão. Marina Colerato escreveu um
artigo para a revista Elle mencionou que o sociólogo Georg Simmel chegou à conclusão de que
a moda “não pode ser encontrada em sociedades onde o impulso socializante é mais forte que
o de diferenciação” (COLERATO, 2020). A moda é a expressão de liberdade, é identidade, cada
peça começa de algum lugar ou pensamento tendo como um resultado um propósito, limitar
esse ato deixa nada mais que uma rotina repetitiva, tornando o padronizado e não dando valor
ao indivíduo.
	 As pessoas que estão cegas pelas regras da sociedade ou que simplesmente aceitam
segui-lás sem dar espaço para sua identidade ser livre, a maioria das vezes irão criticar as que
optam por desviar as regras e é isso que define a moda, os grandes desginer como Marc Jacobs
diz que “A roupa é uma forma de auto-expressão - há dicas sobre quem você é no que você
veste” (DONOHUE, 2016). Optar por manifestar nossa sabedoria, valorizar o indivíduo e lutar
pelo que acreditamos é libertador, é a verdadeira liberdade artística.
Liberdade artística e
comportamental
A socialização é um dos pontos mais importantes para a sobrevivência na terra, conviver
com pessoas todos os dias e socializar com cada uma de forma diferente de acordo com o
ambiente que está presente compartilhando valores culturais e éticos é importante processo.
	 Comento Lucas de Oliveira Rodrigues que: “Devemos tudo isso à socialização, que nada
mais é do que o processo em que aprendemos a nos guiar pelo grande número de significados
que uma sociedade possui”, pois ao nascer o indivíduo não sabe falar, andar ou muito menos
tem sabedoria, por isso a socialização primária é tão importante, por que começa desde quando
somos bebês até a adolescência. (RODRIGUES, c2022)
	 Na socialização primária é ensinada por figuras paternas e a escola as regras da
sociedade, o modo de vivenciar, a moral e como devem se comportar. A psicologia estuda
exatamente isso, o comportamento humano e seus processos mentais (ESCOLA, c2022).
Entender certas formas de comportamento e repreender atitudes de outras é o verdadeiro
porquê, estudar sobre como algumas coisas são aceitas e outras não, porque é tão difícil aceitar
ou dar possibilidade para algo que foge do modo padrão imposto pela sociedade é tão negativo
para alguns.
	 Orientar o indivíduo na socialização primária e junto dar liberdade de ação é raro, a
psicologia sempre abriu espaço para caminhos novos, dúvidas e suposições, sempre buscando
além da verdade para compreender a vida individual e coletiva. O motivo da grande maioria
aceitar as regras que são impostas é pelo fato do nosso modo de sobreviver que foi criado,
nascer e ir para a escola, aprender e ser lecionado até a adolescência, ir para uma faculdade e
estudar sobre o que quer trabalhar, trabalhar para poder pagar por necessidades e lazer,
aposentar e descansar. Existe outras formas de viver embora escolhemos essa, as pessoas
divergentes que não se encaixam nessa escolha, não se encaixam no simples modo de crescer
com apenas uma forma de viver e são esses (indivíduos) divergentes que trazem inovação para
o mundo, os divergentes escapam do caminho já trilhado para os novos indivíduos querendo
buscar alternativas.
	 São através de indivíduos divergentes, essas pessoas que mudam o mundo, e o que pode
diferenciar essas pessoas é “o papel social, que ordena as responsabilidades, direitos e deveres
que o sujeito ou grupo deve assumir pelo fato de ocupar certa posição na sociedade.” (SANTOS,
2021). Todos os sujeitos sofrem influência comportamentais que afeta o futuro modo de como
agir, a autora por exemplo, passou por certa dificuldade na sua infância até a adolescência pelo
fato de ser divergente dos outros que conseguiam se encaixar facilmente no ensino do estado,
embora seja por esse tipo de acontecimento que resulta em algo além da integração dos
indivíduo, resulta na evolução da sociedade.
	 O resultado final de tudo é a socialização secundária, “Etapa em que o indivíduo já foi
inserido em diferentes contextos (espaços de trabalho, religiosos, lazer, políticos, etc.) e
participou de diversas interações” (SANTOS, 2021). Após a autora passar por esse processo,
ela desconstruiu parte do comportamento que foi ensinado se libertando para socializar, agir e
criar certa individualidade.
Pscicologia da socialização
A coleção estuda a forma de como pode ser algo tão ousado e excêntrico, mas ainda sim
representar toda a história por trás de onde nasceu algo tão poderoso. Trazer formas e
modelagens que trazem o sentimento de estar preso e transformar em peças. Estudar essa
transição assim como aconteceu com a palavra Enkrateia é o verdadeiro desafio na coleção, o
processo em si das peças influência em toda pesquisa e estudo de cada base. O mito da caverna
escrito por Platão tem grande peso na pesquisa por ser tão semelhante à história pessoal da
autora, por trazer como conclusão as mesmas lições e aprendizados, assim acontece com o
artista Seo Young Deok que utilizou do mesmo material para dar vida a mesma verdade. Cada
inspiração, pessoa e citação mencionada é uma base para apoiar a pesquisa, a coleção dando
vida ao novo caminho que a autora seguiu que desenvolve uma proposta com roupa-acessório. e
Assim, estudar cada detalhe e dar sentido para as peças é o ponto principal da coleção, trazendo
uma possibilidade de verdade, liberdade e poder para cada peça.
Estudo de Coleção
Cartela de Materiais
Ficha Técnica
A saia dourada de correntes foi feita inspirada em uma saia com puxados na
lateral de tecido fino, os desenhos da saia contornam o corpo na lateral e
terminam em um centro. Cada corrente da saia reflete a confecção da saia de
tecido, as correntes vão da lateral para o meio se juntando a uma corrente central
e duas aberturas na lateral para o corpo ter movimento.
	 Com um manequim, foi medido o tamanho da cintura, quadril e
comprimento da cintura até a altura que a saia seria (frente e costas). Com essa
medida as correntes foram separadas nos tamanhos das medidas e depois abrindo
e fechando as argolas de correntes para se unir, formando um “T” na parte de trás
e na frente. Depois foi medido uma abertura para as laterais sendo assim ligada
com o fecho, tendo a liberdade de apertar ou deixar mais solta na cintura. O
próximo passo foi adicionar as pequenas correntes entre a lateral e o meio ligando
uma por uma na mesma reta. Nesta peça (figura 8) foram usados dois tipos de
corrente na cor dourada, um fecho lagosta dourado e duas ferramentas sendo o
alicate de pontas redondas e alicate de nariz corrente, um total de 16h de trabalho.
Saia Dourada
Blusa de correntes prata com
ligação a perna
	 Inspirada em uma peça antiga da designer, a blusa de correntes foi feita
com 15 metros de corrente prata (figura 9). As correntes cruzam a frente da parte
de cima do corpo na horizontal e é presa na perna.
	 Primeiro foi tirado as medidas das laterais da parte de cima do corpo
(cintura até o ombro e seguindo para baixo das costas. Tirado a medida do busto
e de uma lateral do corpo até a outra. Com essas medidas foi separado correntes
do mesmo tamanho e abrindo e fechando a argola da corrente ligando suas pontas
uma a uma dando início a forma base da blusa. Com a base no manequim foi
colocado corrente por corrente da parte da frente, cada vez aumentando o tamanho
da corrente de acordo com o tamanho da lateral do corpo. Depois foi medido da
ponta da corrente das laterais até a coxa e medida da coxa de um manequim 38,
mesmo procedimento mencionada, com essas medidas foi separado um pedaço de
corrente equivalente e ligado a blusa adicionando de cada lado da corrente que
contorna a coxa um fecho lagosta prata (um em cada coxa), assim finalizando a
peça. Nas costas não há corrente que cruzam de uma lateral a outra, apenas um
fecho lagosta no centro das costas para dar sustentação à peça.
A partir da blusa de correntes e a saia dourada também de correntes, o
vestido (figura 10) foi inspirado para ser construído no mesmo processo e material
apenas tendo modificação na modelagem na parte de cima. Com os 7 metros de
correntes prata, com a própria corrente foi colocado da altura na frente de onde ia
a “barra” do vestido e até o final do decote na altura que seria mais ou menos
perto da linha da cintura. Logo foi medido dessa linha da cintura, passando por
cima do ombro seguindo até o lombar das costa (mesmo processo para cada lado
do corpo), e para finalizar a base do vestido, uma corrente para o final das duas
correntes que se juntam até a lombar com a “barra” de trás do vestido. 	
	 Com a base do vestido pronta, com o ponto no meio da frente até o ponto do
meio de trás onde as correntes se encontram, foi colocado uma corrente de cada
lado do corpo seguindo para baixo com base da medida de um quadril 38, cada
corrente que vai do lado esquerdo sempre é do mesmo tamanho no direito, no total
são 10 correntes de cada lado. Com a saia do vestido pronta, para a parte de cima
é dividida em duas partes, a primeira que segue da lateral para as costas do
vestido e a segunda parte que fica por cima e segue da lateral do vestido para
a frente do vestido. Começando pela primeira parte, uma corrente é medida da
altura do começo do busto em uma das correntes bases até a mesma corrente base
da parte de trás do corpo, passando por debaixo do braço. O mesmo é feito com o
outro lado, sendo no total 5 correntes de cada lado. A segunda parte segue o
mesmo processo, da primeira corrente que segue da frente para as costas do ves-
tido até a primeira corrente da saia do vestido, assim seguindo para a argola de
baixo e adicionando mais correntes, novamente o mesmo é feito para o outro lado,
no total foram 7 correntes de cada lado.
Vestido prata de correntes
Pérolas não só são conhecidas pelo símbolo de riqueza e
serem raras mas pela sua pureza e serem duradouras (UTSCH, 2021)
assim como alguns dos pensamentos. Quando se há dúvidas sobre
algo que é ensinado, às vezes esse pensamento vem de um lugar puro
e ingênuo, com a intenção apenas de entender novos caminhos. Os
pensamentos que afetam o corpo, às vezes com leveza e às vezes de
uma forma pesada. Para esta peça, a criação aponta como alguns
pensamentos positivos, puro e leves podem refletir no corpo trazendo
riqueza para a sabedoria. 	
	 Com 10 metros de corrente de pérolas de plástico, começa-se a
elaboração tirando a medida de um colar e separando o tamanho da
corrente de pérolas mais 4 pérolas de sobra para poder não quebrar
utilizando a ferramenta torno morsa, assim sobrando linha para pod-
er fazer o fecho do colar com 7 argolas para montagem prata e um
fecho lagosta prata. Posicionando o colar no manequim (figura 11), foi
medido do colar da parte de trás passando pela lateral por cima do
braço até a frente do colar deixando um formato da letra “U”
olhando pela lateral, assim seguindo o mesmo processo
aumentando cada vez mais o tamanho sendo as duas primeiras
corrente por cima do braço e as duas seguinte por baixo do braço
rente ao corpo, e sempre deixando de sobra duas pérolas para que
possam ser quebradas e ter um pedaço do fio de sobra para poder
amarrar no colar. Repetindo o processo do outro lado, em seguida
com fio de nylon e pérolas soltas com buracos através delas,
medindo dos pontos mais baixos o fio a partir da última corrente
presa no colar até abaixo do joelho (cada fio tem uma medida
aleatória mas sempre sendo abaixo do joelho). Deixando um pedaço
do fio amarrar uma pérola e ir adicionando cada vez mais, mas dando
distância entre elas dando o efeito de como se estivesse sumindo. Por
fim amarrar os fios na peça sendo 4 na frente (2 do lado esquerdo e 2
do lado direito) e 4 atrás distribuídos da mesma forma.
Body Chain de Pérolas
Bolsa de Correntes
	 A bolsa de corrente (figura 12) tem a forma caída sendo ligada apenas nas
laterais, feita inteira de corrente na cor chumbo apenas mudando na alça, possui
um fecho lagosta de cada lado na cor prata dando liberdade de mudar a alça. A
bolsa projeta um certo peso nela por ser de correntes mostrando o peso que é
carregado no dia-a-dia.
	 O processo da bolsa começa medindo a altura e separando dois pedaços da
corrente do mesmo tamanho, em seguida é medido o tamanho da largura e separar
pedaços de corrente iguais para cada “argola” de corrente de altura. Liga corrente
por corrente a cada lateral seguindo a reta. Depois de cortar um pedaço de tecido
com equivalente a largura e 2 vezes a altura, costura-se as laterais e na parte de
cima um zíper, nas laterais finaliza com duas argolas para que possa juntar as
correntes. Por fim foram feitas três alças para a bolsa, de pérolas, de fechos
lagosta prata e de tecido com um fecho lagosta em uma ponta e na outra uma
argola prata.
Nem todas as correntes têm o mesmo formato ou material, a mais popular
seria o formato de um retângulo redondo cortado na diagonal, mas para esta peça
foi escolhido fivelas quadradas que ligadas além de ainda ter a principal
característica da corrente que é ser flexível, juntas podem formar uma manta de
tecido. A calça (figura 13) feita com as fivelas quadradas quando vestida tem a
intenção de parecer uma gaiola, enquanto uma das pernas está “presa” a outra
está livre para andar e ter 100% do movimento. Cada quadrado representa cada
momento em que a autora passou que foi limitada a fazer de algo, a cada momento
foi adicionado uma barreira (uma fivela) e com o tempo uma gaiola completa é
formada a impossibilitando de andar desprendida.
	 Os materiais utilizados foram 121 fivelas dourados, 615 argolas de
montagem douradas e 4 metros de corrente dourada, foi medido o tamanho da
cintura do manequim e cortado um pedaço 4 cm menor da corrente dourada,
depois dividido ao meio deixando 2 pedaços de corrente (um que seria a frente e
outro atrás). Para dar livre ajuste a peça, em uma das pontas foi colocado um fecho
lagosta dourado e na outra ponta 5 argolas de montagem juntas, o mesmo e repete
para o outro pedaço da corrente. Com essa parte montada, com outro pedaço da
corrente foi separado na medida da lateral do corpo onde está o fecho lagosta até o
começo da linha da coxa, com esse pedaço separar mais três pedaços iguais, depois
juntado a corrente da cintura sendo cada um em cada ponta onde foi colocado o
fecho o as argolas.
Agora medindo o pedaço em volta da coxa contornando-a, mesmo para o outro lado
da coxa e ao centro onde estaria a parte central do meio das pernas, é com uma
argola de corrente que foi junto às duas peças que circulam a coxa. Para terminar a
base, foi ligado a peça que contorna as coxas e a lateral solta da cintura
formando uma espécie de estrutura como a de um shorts.
	 Com as fivelas, utilizando um furador, foi feito um furo em cada ponta da
fivela totalizando 4 furos, após fazer isso em todas as fivelas começou o processo
da manta. Para cada ponta da fivela foi colocado uma argola, para juntar as fivelas,
colocado uma argola no meio e cada ponta da fivela com argola ligada a argola, ou
seja, um argola no meio com quatro fivelas em volta e cada ponta conjuntas. Assim
foi processo para toda a calça, sendo 11 fivelas de largura e 11 de altura. Por fim,
para juntar a manta à base, foi ligado por argolas de montagem também.
Calça de um lado feito por fivel-
as quadradas douradas
A ideia de uma armadura é de proteger o corpo do que pode atingi-lo, sendo
construído com material resistente e forte. Mas a ideia de fazer uma armadura
com apenas arames de tamanho 2.5mm revela ao contrário do que se pensa, ter
vãos e ser de material fraco não podendo bloquear qualquer ameaça. A peça tem a
intenção de ressaltar que às vezes com pouca sabedoria e se limitar ao pouco pode
não ser suficiente para se proteger do que pode ser maior e diferente.
	 O único material que foi utilizado foi 10 metros de arame 2.5mm e arame
para solda além da própria solda como ferramenta, no manequim foi medido
diretamente com o arame, seguindo o desenho da ficha técnica e a numeração
dada para cada arame na peça, colocando o arame no manequim e diretamente
modelado, apenas usando um alicate para cortar. Cada peça sendo medida,
modelada e cortada, prendeu com uma fita crepe no manequim para não perder a
ordem no local de cada peça. Com um pedaço de solda e alguns apoiadores para
segurar a peça, cada arame foi soldado nas pontas onde se encontram, seguindo o
processo para todos os arames e soldando como um quebra-cabeça. Após toda a
peça está soldada (figura 14), a mesma foi lavada e pintada com spray prata, por
fim na parte do colar as pontas foram viradas com um alicate e colocados argolas
de montagem prata e um fecho lagosta também prata.
Armadura Prata
Enkrateia antes significava ter poder sobre algo ou alguém (FERNANDEZ,
2015), a capa (figura 15) totalmente presa ao corpo quase o espremendo tem
inspiração no antigo significado; a manta de metal ser tão gelada, mas as pequenas
peças apesar de serem tão grudadas são fáceis de romper com a sentença de
ressaltar que se for usado sua força interior pode se romper através da manta que
impede de se soltar. Para o detalhe mais importante, Enkrateia escrita por trás com
correntes com inspiração para o significado que a palavra passou a ter, poder sobre
si mesmo. É possível ver através da palavra, sendo o único espaço aberto
representado a luz mencionada no Mito das Cavernas (PLATÃO, 380 a.C.).
	 Para confecção duas mantas de metal na cor grafite, 2 metros de corrente
grafite e argolas de montagem prata. Primeiro com as correntes na cor grafite foi
separado pequenas partes para escrever grafite, sempre mantendo o mesmo
tamanho de letra para a palavra inteira, e com uma corrente para a linha de baixo e
uma de cima, foi ligado às letras. Com a medida da altura das letras foi
posicionado atrás verticalmente no manequim no centro das costas do manequim
na parte de cima na linha da axila como começo. Depois com a manta de cristal foi
medido entre o espaço do começo da corrente cobrindo a frente do corpo e por fim
voltando para as costas embalando o manequim, foi cortado a parte da manta que
sobrou e para a manta de baixo foi o mesmo processo mas com uma sobra maior
de 20cm de manta para caber no corpo. A peça inteira foi ligada com argolas de
montagem, a palavra em correntes no meio com as mantas, até as duas mantas.
Mas como a manta de baixo era maior, foi deixada uma sobra de a cada 5 peçinhas
na manta, ligado a cada 10 de baixo, criando um intervalo para cada argola.
Capa Enkrateia
A peça principal que representa o prisioneiro no Mito da Caverna (PLATÃO,
380 a.C.), a única peça de cor vermelha se inspira na libertação do prisioneiro,
quando ele sai da caverna vendo a fogueira, seguindo depois para a saída em
direção ao sol e vê aquela luz que nunca tinha visto antes quase queimando seus
olhos por estarem acostumados com a escuridão. As correntes colocadas em volta
do pescoço fazem referência às correntes colocadas no pescoço de cada prisioneiro
para que não possam olhar para nenhum outro lugar a não ser a sua frente. A peça
(figura 16) em si é uma total referência ao mito escrito por Platão. O motivo do
material escolhido para essa peça ter sido correntes de plástico invés de metal ou
alumínio foi pelo fator do peso, a peça feita com as correntes de plástico em si já é
pesada, não dando espaço para fazer com correntes de metal ou alumínio.
	 Com 30 metros de corrente vermelha de plástico, foi medido primeiro
diretamente com a corrente o colar que seria a base da peça. Depois com a própria
corrente tendo uma peça a cada 1 metro e meio que abre e liga para o próximo
pedaço de corrente, a peça era retirada e colocada prendendo no colar, seguindo
para o próximo 1,5m separe a corrente com a argola de liga e o processo se repete
colocando novamente no colar da base, assim seguindo até a corrente acabar.
Ponche de correntes
Conclusão
	 O projeto em si apesar de trazer algo tão escuro e fechado como base do
tema, tem como objetivo provar que é possível usar o que prejudicou no passado,
pode trazer luz no futuro. Todos possuem uma história, todos possuem algo que
ainda é presente que machuca, mas é o que faz cada um único, o que faz cada um
ser quem é. Alguns escolhem aceitar o mínimo e ficar na zona de conforto, já outros
querem se libertar e conhecer algo divergente, seguir e buscar diferentes
oportunidades, se destacar.
	 A pesquisa prova que nem sempre o negativo é significado de fraqueza, há
sempre vários caminhos que podem ser seguidos, vai de pessoa escolher o que ela
quer fazer com isso. Revelar o poder que tem dentro de cada um nunca é fácil, é
difícil quebrar o padrão e trazer outra alternativa porque muitos têm medo. Usar
a favor o que a tornou a autora fraca e aprisionada, foi a verdadeira libertação, se
soltar das correntes e utilizas para fazer as peças mostrando toda a sua
criatividade e arte é a Definição de Enkrateia.
	 Cada peça representa algo do trabalho, o resultado em si foi preciso e acura-
do. O processo para todas as peças foi bem similar, uma das únicas poucas
dificuldades foi com a armadura, já que a mesma foi soldada e por ter um formato
da parte de cima de um corpo, a peça para ser segurada na posição certa e ser
soldada era um pouco complicada. Todas foram executadas bem, com bom
acabamento e resultado final satisfatório.
Fashion Film
https://www.behance.net/chainsbyfreire
INSTAGRAM
@chainsbyfreire
https://www.instagram.com/chainsbyfreire/
Correntes e correntes industriais. Cablemax cabos de aço, 2010.
Disponível em:
http://www.cabosdeacocablemax.com.br/correntes-e-cor-
rentes-industriais.html#:~:text=Um%20pouco%20de%20
hist%C3%B3ria%20sobre%20a%20corrente&tex-
t=Este%20%22equipamento%22%20consistia%20de%20
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DEOK, Seo Young. Statement. Seo Young Deok, c2021. Disponível
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https://revistacasaejardim.globo.com/Casa-e-Jardim/Paisagismo/no-
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Disponível em:
http://www.usp.br/nce/wcp/arq/textos/203.pdf Acesso em:
20/03/2021.
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ENKRATEIA- Ana Freire (Book)

  • 2.
  • 3. ISTITUTO EUROPEO DI DESIGN Design de Moda Ana Freire ENKRATEIA São Paulo 2022 Monografia apresentada ao Istituto Europeo di design como requisito parcial para o obtenção de bacharelado em Design de Moda. Orientador: Prof. Especialista André Caperutto.
  • 4.
  • 5. Enkrateia nome dado ao trabalho acadêmico tem como temática principal correlacionar a “corrente” e suas interpretações por intermédio de artefatos, a partir de observações, usos e consumo na sociedade contemporânea. Algumas vezes a corrente e seu simbolismo, podem despertar o sentimento de se sentir acorrentado pela sociedade e com a enorme diversidade de culturas, religiões e de costumes levar a um dado aprisionamento. Por vezes o meio social condiciona o indivíduo a assumir certa representatividade em que se deseja estar inserido ou não, e como isso está acorrentado no cotidiano pode promover algum tipo de metáfora.Aideiadoqueécertoouerrado,sedevemounão fazer certas coisas, acaba impedindo de agir livremente. A pesquisa se utiliza do método hipotético-dedutivo através da abordagem qualitativa,comoobjetivodeinvestigaremostraroqueseé, indivíduos ora moldados por situações, crenças, costumes, convenções, com dificuldades para se florescer e desabrochar; e que insiste por revelar, quebrar e interromper uma certa padronização social, para então realizar um processo que acorrenta a favor da busca por liberdade de ação individual, em prol de que se deseja ser.
  • 6. Enkrateia, the name given to the academic work, has as its main theme correlating “chain” and its interpretations through artifacts, based on observations, use, and consumption in contemporary society. Sometimes the chain and its symbolism can arouse the feeling of feeling chained by society and the enormous diversity of cultures, religions, and customs leading to given imprisonment. Sometimes the social environment conditions the individual to assume a certain representation in which one wants to be inserted or not. As this is chained in everyday life it can promote some kind of metaphor. The idea of ​​what is right or wrong, whether or not we should do certain things, sometimes prevents us from acting freely and being who we are. The researchusesthehypothetical-deductivemethodthrougha qualitative approach, intending to investigate and show what we are (we are), individuals now shaped by situations, beliefs, customs, and conventions, with difficulties to flourish and blossom; and that insists on showing, breaking and interrupting a certain social standardization, to then carry out a process that chains in favor of the search for freedomofindividualaction,infavorofwhatonewantstobe.
  • 7. SUMARIO INTRODUÇÂO 1.1 - Definição do tema 1.2 - História pessoal 1.3 - Objetivos Gerais e específicos 1.4 - Justificativas 1.5 - Problema de Pesquisa 1.6 - Metodologia de pesquisa PESQUISA DE DESENVOLVIMENTO: Contextualização Teórica 2.1 - Origens da palavra Enkrateia 2.1.1 - Definições de liberdade e aprisionamento 2.1.2 - Mito das Cavernas 2.2 - Correntes 2.2.1 - História das Correntes 2.2.2 - Correntes na Moda e na Arte 2.3 - O culto aos valores da sociedade 2.2.1 - Liberdade artística e comportamental 2.2.2 - Psicologia da socialização PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO 3.1 - Estudo de coleção 3.2 - Cartela de Materiais 3.3 - Ficha Técnica 3.4 - Estudo de Forma 3.5 - 9 peças e Processo 3.6 - Conclusão 3.7 - Fashion Film REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
  • 8.
  • 9. Conceituar e classificar alguém pela sua aparência pode gerar inúmeras discussões em diversas áreas do saber, uma vez que há diversos pontos de vista dentro dos estudos como o da Psicologia, Filosofia, Sociologia e Design entre outras estruturas de pesquisas. Crescer em um lugar onde julgar, criticar e opinar sobre o próximo é algo comum nas relações sociais, como ter que seguir um padrão de pensamento ao invés de restringir opções que afetam o dia-a-dia, como pensar, como agir impedindo de ter a total liberdade de escolha. Durante a fase de crescimento psicológico de um indivíduo, sendo desde bebê a adolescência é quando a sociedade pode moldar cada pessoa, onde os pais, avós, escola, etc mostram e/ou apresentam regras de como se deve agir e pensar, como se deve se comportar e incorporar as noções éticas do que é certo e errado, de acordo com o conhecimento deles. Mesmo quando existe abertura de se fazer escolhas, as mesmas têm regras, classificando o que cada um acredita ter sua verdade. Quanto mais regras, a sensação de aprisionamento, presos por revelar sua identidade e deixar de ter a oportunidade de saber quem realmente é ou que querem ser, perde-se o controle, isso é um aspecto importante do patriarcado que deveria ser desconstruído. O sentimento de se sentir aprisionado é comum para todos os indivíduos em inúmeras ocasiões, como por exemplo crescer com pais conservadores impede de fazer e agir completamente por vontade própria; colegas zombando de alguém pela forma que se veste, ou como age, são alguns dos exemplos desse sentimento, que acabam fugindo do controle da vida em sociedade. Se libertar destes tipos de agrilhoamento, como se estivesse acorrentado pode ser compreendido como: opiniões alheias, pessoas ontroladoras, regras, leis, normas etc, e um dos obstáculos mais difíceis de se atravessar e superar, e é a partir disso que surgiu o tema Enkrateia. A palavra Enkrateia de origem grega que anteriormente tinha o significado de poder sobre algo a alguém passou a significar poder sobre si mesmo, sobre sua paixão e é exatamente o tema que inspira esta investigação. Escapar do aprisionamento, do controle da sociedade e ter a liberdade para exercer paixões, ter autocontrole, são pretensões alinhavadas ao projeto. Um dos assuntos mais importantes que reverbera o tema do projeto é o material principal - que são correntes - em que o trabalho se aprofunda mais sobre sua história e dados da sua invenção; seu consumo na moda além de estar associada a linguagem metafórica de acorrentar algo ou alguém, não só fisicamente mas emocionalmente. Uma das histórias que revela exatamente o ponto dessa pesquisa é o “O mito da caverna” , obra organizada por Platão (PLATÃO, 380 a.C.) não só o mito em si, mas a mensagem que passa e como ele é ligado a pesquisa. Vale lembrar outras contribuições à pesquisa como as do artistas Seo Young Deok que trabalha com o sentimento de estar preso como mencionado antes, assim como é possível ver algo em vários artigos, histórias e livros sobre autoconhecimento e imagem da corrente. Tema
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  • 11. Durante a vida da autora na escola, ela cresceu sendo muito julgada, as pessoas sempre olhavam cada detalhe dela e davam suas opiniões sobre, seja pelo tamanho do seu nariz, as pontas duplas em seu cabelo, suas notas sendo elas as melhores da sala ou as piores, cada passo seu era medido por colegas de sala, professores, pais, familiares e amigos. Ela sempre teve que mudar o seu jeito de agir e moldar o seu jeito de pensar em volta do que as pessoas diziam e criticavam sobre ela. Quando fazia algo diferente, era rebaixada e usavam palavras negativas que acabavam impedindo de ser diferente e sair do padrão dominado. Quando escolhia roupas diferentes ou dava ideia de uma nova possibilidade, era silenciada pelas pessoas a sua volta, assim como aconteceu com o homem que se libertou e trouxe novas realidades para os outros presos no fundo da caverna em Alegoria da Caverna (PLATÃO, 380. a.C.). Durante seu crescimento, ela parou de deixar a sua realidade fechada e o que os outros tinham a opinar sobre seus novos conhecimentos e percebeu que dando liberdade para sua sabedoria abranger traz uma nova perspectiva sobre si, sobre quem quer ser e que imagem quer ter sem se limitar a opiniões alheias. Seguindo os exemplos de algumas celebridades, a autora via como elas se comportavam e como tomavam cuidado com cada atitude, na moda por exemplo, como algumas roupas podem definir sua personalidade e quem você é. O tema gira em torno disso, o sentimento de se sentir preso, acorrentado pelas pessoas em volta limitando o crescimento de novos caminhos. Como uma flor de lótus que representa a renovação, por nascer a partir da lama e no fim se tornar uma flor bela de cores vivas e com sementes comestíveis, a palavra Enk- rateia (FERNANDEZ, 2015) se encaixa no projeto perfeitamente por sair do significado de alguém ter poder sobre algo ou alguém, para a pessoa ter poder sobre si próprio, se renovando e sendo sua própria luz. História Pessoal
  • 12. O objetivo do TCC é que independente de ter as “correntes” do julgamento social, de modo específico, e com às características próprias de cada um, pode se elaborar experiências de liberdade através do traço característico de cada ser que permite distinguir um indivíduo de outro, um grupo de outros grupos ou ainda uma civilização de outra. Que independente do que as pessoas vão comentar ou pensar, pode-se quebrar a barreira e seguir a vida a través das escolhas pessoais e não conceder ao outro a determinar o que é certo e errado. É possível demonstrar empatia com os outros e dar o controle para fazer escolhas priorizando as verdades vistas através de outros olhos, desconstruindo a ideia do pré-rótulo, julgar antes de saber. O objetivo específico é discutir a liberdade de expressão social, o sentimento de se sen- tir aprisionado e como isso afeta a aparência. Revelar qual o resultado das regras impostas pela sociedade (como afeta) e como alguns usam a moda para se manifestar sobre seu direito de se expressar. Objetivo
  • 13.
  • 14. Justificativa O projeto teve início a partir da história pessoal da autora e sustentado por um dos contos mais famosos da filosofia, a Alegoria da Caverna (PLATÃO, 380. a.C.) o tema gira em torno do trabalho principal da autora e como acaba refletindo não só em um sentimento que todos já sentiram pelo menos uma vez mas em quem ela é. Montar peças ousadas que saem do normal, as correntes tomam formas no corpo que chama a atenção pelo fato das peças não serem algo que é usado normalmente mas que ainda se encaixam na sociedade, demonstrando os sentimentos de estar preso por ser correntes presas ao corpo mas dando espaço para ter sua liberdade de expressão por ter sido transformado de prender alguém para um artefato bonito, revelando que tem poder sobre si e não alguém tem poder sobre o mesmo. A sociedade, os pais, o local de trabalho, qualquer lugar pode de alguma forma aprisionar as pessoas, a autora por exemplo passou por isso no seu ambiente escolar (onde passava a maior parte do seu tempo) e sempre teve que se privar do seu verdadeiro ser, sem poder se expressar ou agir como acreditava. Por se tratar de uma escola, a influenciou ainda mais por ter que crescer em um local que deveria estimular possibilidades e conhecimentos novos, porém restringiu sua sede por novas áreas da sabedoria. Ressaltando que o pior, o que limita, o que dá medo, o negativo pode ser usado como fonte de poder. As correntes podem no passado ter significado uma era de angústia e sofrimento, hoje é transformado em algo bonito que é usado na joalheria por exemplo. Usar correntes como um artefato, uma peça linda feita com todo cuidado, uma imagem de moda com história como se fosse uma flor de lótus no pântano.
  • 15. *objetivos Em diversas situações ficamos entre nos colocar a partir da nossa verdade ou nos calar, vendo que cada um de nós tem sua verdade e sua própria percepção para interpretar algo, não é admissível julgar alguém alheiamente sendo que cada um é seu própio ser não existe ninguem igual a nós, somos todos unicos. É uma ação pouco inteligente por inúmeros motivos, assumir um ponto de vista como “exportável” segrega encerra o assunto ao invés de abrir e dar espaço para diferentes pontos de vista. Na tentativa de apaziguar a ansiedade que isso dispara, recorremos ao julgamento como se ele fosse um corrimão, que nos serve de apoio dando segurança e conforto. As pessoas estão fazendo sempre o melhor dentro do “lugar” de verdade em que elas acreditam. É simplista e reducionista, uma verdade prevalecer sobre outra implica presumir que uns são mais humanos que outros. Isso é uma abstração, cada um vê o mundo através dos seus próprios olhos, ao decretar algo é como se colocassem óculos com lentes para nós enxergamos somente o que querem impedindo de ver a realidade do mundo (e até quando olhamos para nós mesmos). Por tais motivos que sempre buscamos a verdade, sabemos que no fundo nada é perfeito, não existe passo a passo para a vida. Dar lugar para a dúvida, acolher o princípio da verdade da intuição de cada um é o contrário desse lugar da “receita”, além de dar a impressão de ter controle e previsibilidade e gerar sofrimento e culpa. O grande problema é a constante repetição desse ciclo, de opinar e dar nossa opinião e acabar criando e colocando “correntes” nas pessoas impedindo elas cada vez mais de se libertar. Problema de pesquisa
  • 16. A pesquisa utiliza o método hipotético-dedutivo. Foi feito um levantamento bibliográfico através de livros e sites para construir o texto, a pesquisa estuda sobre o significado da palavra enkrateia ‘’ e sua origem, liberdade artística e comportamental, o comportamento da sociedade e a psicologia da socialização. Com essa pesquisa é possível predominar que através da abordagem qualitativa, com evidências baseadas em artistas, história, pessoal, cotidiano que não só é estar detido de ter a liberdade de expressão pelas regras, pessoas, crenças, etc. como quero promover o entendimento de que se pode sim usar isso para mudar o mundo, tomar o controle de si. Metodologia de pesquisa
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  • 18. Origem da palavra Enkrateia Antes a palavra Enkrateia tinha o significado de ter poder sobre algo ou alguém, mas depois que Sócrates, Xenofonte e Platão o transformaram para um substantivo dando um novo significado (FERNANDES, 2015). Enkrateia deixar de ser o controle sobre algo ou alguém e passa a ser o poder sobre si, sobre suas atitudes, pensamentos, a pessoa ou algo passa ter controle sobre tudo. A pessoa que é “Enkratê” é alguém que faz verdadeiramente o que deseja, alguém que é capaz de eleger seus desejos e gostos pessoais. O bom controle sobre si mesmo, o ser sábio e senhor de si mesmo ou a liberdade a respeito dos próprios impulsos são características essenciais de um caráter virtuoso. A escolha da palavra Enkrateia para nome do trabalho encaixa perfeitamente com a história pessoal da autora e com o mito e artistas que inspiraram esse trabalho. A definição da palavra e sua transição divide o mesmo processo com o homem que escapou da caverna no conto do mito da caverna de Platão que foi escrito 380 a.C. O homem que antes era prisioneiro não tendo o poder de se mexer e escapou tomando o controle sobre si, a história pessoal da autora onde se encontrava silenciada em suas ações, criatividade, forma de falar e tudo, principalmente seu poder e usou isso ao seu favor para se expressar. A palavra Enkrateia são as correntes, que antes eram usadas para prender e representar o sentimento de aprisionamento e se tornou o poder sobre si para fazer os alguns dos artefatos.
  • 19. Qual seria o verdadeiro significado de liberdade, sendo que cada um tem uma experiência de vida e sabedoria diferente. A liberdade é única para cada pessoa, a independência de algo para um pode ser o aprisionamento para outro. Mas algo que é igual para todos, é a liberdade de espaço livre para qualquer coisa, pessoa, lugar ou objeto. Nos primeiros anos de vida, as pessoas são limitadas à sabedoria de figuras paternas, depois seguindo para a escola que é a base do ensino da vida, a escola tem o propósito de educar, formar alunos inteligentes preparados para o mercado e o futuro. Apesar de ser a principal fonte para aprender sobre tópicos como filosofia, matemática, biologia, entre outras, a escola pode ser vista como uma obrigação a ser seguida, mesmo não sendo a principal escolha de alguém. É comum crescer e acreditar em tudo que é ensinado na escola, alunos sentados em cadeiras de frente para uma lousa e prestando atenção no que é ensinado, tal ato é bem parecido com o que acontece no Mito das cavernas, os prisioneiros são obrigados a olhar para frente e acreditar que a única verdade é as sombras projetadas na parede do fundo da caverna (PLATÃO, 380 a.C.). O aprisionamento é a ação ou efeito de aprisionar; ação de capturar ou colocar em cárcere; prisão” (DICIO, 2009). Justamente o que a escola pode trazer, o sentimento de estar aprisionado a uma única fonte de ensino e não ter liberdade de escolha para aprender de formas diferentes, estudar outros tópicos tendo que sempre seguir o padrão. A experiência da autora foi exatamente pelo o que a autora passou, a mesma não conseguia aprender apenas sentada em uma cadeira olhando para frente, além do ensino a experiência com os alunos ou pode se dizer prisioneiros era difícil por a mesma ter a sede de seguir um outro caminho. Isso fazia ela se sentir presa, não ter saída, não saber qual caminho seguir ou se sentir acorrentado por alguém onde a pessoa impede ela de se libertar, sem movimento ou escapatória durante um tempo foi o que mais assombrou a autora, mas depois se tornou sua maior fonte de virtude. Quando alguém se sente preso não fisicamente mas mentalmente, como se o próprio cérebro luta-se contra o mesmo impedindo de tomar ações ou falas é um dos piores sentimentos que pode se sentir, trazendo para um lugar escuro e sombrio abrindo espaço para outros sentimentos como angústia, ansiedade e tristeza. Se sentir preso por palavras ditas por outras pessoas, interfere não só em como pensam mas também no cotidiano, acabando cada vez mais como a liberdade de escolha. Por exemplo, quando alguém veste uma roupa que gosta e se sente confortável, e alguém critica a forma como esse alguém está vestido, isso faz com que a pessoa possa se sentir inferior e desconfortável e transformando aquele sentimento de ânimo e felicidade em desconforto e insegurança. alguém está vestido, isso faz com que a pessoa possa se sentir inferior e desconfortável e transformando aquele sentimento de ânimo e felicidade em desconforto e insegurança. Liberdade e Aprisionamento
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  • 21. Mito da caverna Em uma caverna escura e profunda havia alguns homens presos pelos braços, pernas e até o pescoço com correntes apertadas para não se mexerem e para que não pudessem olhar para qualquer lado a não ser a parede do fundo da caverna à frente dos prisioneiros. Com apenas uma luz atrás desses homens, a única realidade que eles cresceram acreditando era as sombras de animais, objetos e pessoas projetadas à sua frente como um teatro de sombras por pessoas de fora da caverna. Os anos foram se passando até que um dia um dos prisioneiros se liberta das correntes e caminha para fora da caverna, no caminho ele viu uma luz que nunca viu antes e reconheceu uma fogueira que iluminava o fundo da caverna junto com os objetos que refletiam como sombra através da luz da fogueira. Caminhando mais para a entrada da caverna o homem vê uma luz jamais vista, seus olhos demoram algumas horas para se ajustar já que passou sua vida apenas vendo a escuridão e a pouca luz que a fogueira iluminava no fundo da caverna. Quando finalmente os olhos do prisioneiro conseguem se acostumar com tamanha luz, ele sai da caverna vendo muito mais do que o mundo seria, ele viu o sol, a terra, pessoas e animais, percebendo que tudo que acreditava e viu durante a vida inteira era pouco comparado com o verdadeiro mundo que era escondido dos prisioneiros. Platão fez uma suposição sobre o que aconteceria se o homem liberto voltasse para os outros homens acorrentados na caverna, se eles acreditariam no homem livre ou se até o matariam por dizer algo tão fora da realidade, mas que na verdade não passava de uma ilusão. (Fonte: usp, PLATÃO, 380 a.C.) A Alegoria da Caverna foi escrita entre 380 a.C. 370 a.C. mas continua presente nos dias de hoje revelando como aqueles que estão cegos pela ignorância e iludidos por ela, às vezes se recusam a se libertar e dar espaço para algo fora do conhecimento do mesmo. Como no conto a grande maioria que estava preso não acreditaria no homem livre, se recusando a se libertar o que acaba causando um efeito negativo no homem que viu a verdadeira realidade, como se o que descobriu fosse proibido ou insano de se dizer. Alguns recusam a sair da sua zona de conforto, tem medo do que passa do que foi ensinado e quando alguém procura por algo novo ou abre seu conhecimento para uma nova realidade, às vezes acaba sendo limitado pelos outros que temem isso já que é muito mais fácil se limitar e não fazer esforço para sair da própria inércia. (MACIEL, 2013) O mito é extremamente parecido com a história pessoal da autora, crescer em um lugar onde não tinha liberdade de expressão e era repreendida quando saia da sua zona de conforto procurando por outras possibilidades recusando se manter “acorrentada” como os prisioneiros na caverna estavam e era ameaçador para os próximos, assim como doeu para o homem que se livrou das correntes e se acostumou com a luz do sol depois de tanto tempo na escuridão, a autora no capítulo de sua história pessoal conta como sofreu tentado entender sobre essa nova realidade, sair das paredes pequenas e escuras para um novo mundo de possibilidades, e, explicar isso para as pessoas a sua volta sempre foi um desafio, ser julgada assim como o homem que se libertou foi ao contar sobre o que descobriu. Mesmo depois de mais de 2000 anos, percebendo como ainda é complicado trazer algo novo para a sociedade, apesar de ter um espaço muito mais adotável para novas ideias do que na época de Platão, existem pessoas de mente fechada que não aceitam o novo, o diferente e bloqueiam possibilidades do verdadeiro conhecimento. Assim como o homem se libertou, a autora também teve essa oportunidade e quer usar as correntes que os prendiam para expressar sua arte livremente, deixo esse alguém mais fortes e trazer as correntes ao seu favor dando poder sobre si dispensando os comentários e pouco conhecimento de outros que preferem se contentar a ficar preso.
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  • 23.
  • 24. A palavra corrente foi inventada por volta de 225 DC, antes sendo usada para levantar baldes de água, hoje, correntes tem vários significados e depois de anos, foi usada para várias formas e tipos diferentes (Admin,2018). Mas a corrente de hoje em dia foi desenhada no século 16 por Leonardo da Vinci onde foi idealizada para um projeto de engenharia onde a corrente funcionava como um cinto passando por algumas engrenagens. Infelizmente algum tempo depois as correntes não foram usadas para mecânica ou segurança e sim para amarrar e prender os escravos e presos, onde pessoas de poder político de mente maligna tiravam a liberdade da minoridade e tinham propriedade para fazer qualquer crueldade (Admin,2018). Para este trabalho, a intenção de usar corrente como principal material é para representar o sentimento de se sentir aprisionado, usando a corrente como forma de prender o corpo no sentido físico e mental. Usar tal material para explicar tal ato se encaixa perfeitamente com o artista Seo Young Deok, que usa correntes para demonstrar exatamente isso, expressar o sentimento que é diminuído, ignorando a verdadeira realidade (DEOK,2021). Correntes
  • 25. Desde Linda Evangelista usando as icônicas correntes Chanel douradas nos anos 1990, até Beyoncé usando uma roupas feitas completamente de correntes de strass feita por Lace By Tanaya para seu documentário Black is king, as correntes tem uma história de longa data com a moda. Com vários significados na moda sendo elas para representar algo mais sensual e o BDSM, a escravidão, ou somente ser um acessório bonito que muda completamente o look, body chains podem mudar todo o conceito de uma peça de roupa. Correntes de strass, aluminio, pérolas, aço, porcelana, e muito mais já fizeram parte das passarelas de marcas muito importantes como Louis Vuitton, Chanel, Versace, Gucci, Área e por assim vai. Cada marca tem sua identidade e meio de expressão, sendo assim a forma como usam tem um motivo e complementa cada coleção de uma forma diferente. As correntes na maioria das vezes foi usada somente como acessório, mas a forma como pode se utilizar a mesma em várias partes do corpo lhe dá liberdade de fazer peças incríveis e únicas. Moldando o corpo ou dando novas formas, graças ao fato de ser tão flexível, lhe dá inúmeras opções de artefatos e peças trazendo vida para qualquer que seja o tema do look. Seo Young Deok um escultor da Coreia do Sul que cria esculturas de arte feitas com correntes em formato do próprio corpo humano expressa: As correntes são todas sobre relacionamentos complicados e forçados de nossos contemporâneos e desejos por materiais. Quero mostrar, através dos meus trabalhos, os retratos do nosso tempo onde pensamentos e vidas pessoais são ignorados. Estamos fechando nossos olhos, ouvidos e boca e reprimindo nossos sentimentos. (DEOK,c2021). Na arte, se apresenta corpo em formato de expressão desse sentimento, uma linguagem corporal clara e na moda as correntes que moldam o corpo por fora podendo estar em qualquer parte, seja na cabeça, barriga, perna, etc. A corrente liga a moda e a arte, assim como ela é flexível para várias utilidades e significados, usos e expressões e por mais contraditório que seja, a corrente é aberta para vários caminhos. A representação dela na arte de Seo Young Deok é base para sustentar o significado do trabalho sobre o sentimento de se sentir acorrentado e como é representado, já a moda trás o depois, a verdadeira conclusão e resultado nas peças. A moda traz o poder, a história para elas, carregando o resultado da transformação do negativo para uma arma tão poderosa. Transformando toda a escuridão em algo tão elevado, único e belo. Correntes na moda e na arte
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  • 27.
  • 28. A forma como as pessoas se comportam sempre foi um tópico recorrente a anos em nossa sociedade, se comportar de forma educada ou informal faz total diferença quando se trata da imagem de alguém. Na escola são ensinados modos de comportamento, qual é o modo certo de se comportar e como era proibido sair desse modelo de comportamento podendo se dizer que a escola molda cada um para ser aquilo que é esperado pela sociedade, definindo dentro do conhecimento do estado o que é certo e o que é errado, corrigindo a pessoa ou até advertindo ela quando faz algo diferente do padrão. A autora teve momentos em que queria seguir outro caminho, conhecer sobre outros estudos e tentar seguir uma forma de aprendizado que se encaixa-se com sua identidade. Ter dificuldade e ser oprimido por não conseguir fazer algo da mesma forma que outros indivíduos limita a expansão de conhecimento. A arte diz ser pela sociedade um espaço livre para o indivíduo se expressar e é prevista na Constituição Brasileira no artigo 5º inciso IX: “Art. 5º, IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença.” Com complementação através do artigo 220: Art. 220 – A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a infor mação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição. § 2º É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística. Até que ponto a sociedade separa o ser livre e artístico do ato ilícito. Artistas, designers, celebridades frequentemente enfrentam esse problema, o que a sociedade aceitaria como ato artístico ou julgaria como algo absurdo e fora do eixo padrão. Marina Colerato escreveu um artigo para a revista Elle mencionou que o sociólogo Georg Simmel chegou à conclusão de que a moda “não pode ser encontrada em sociedades onde o impulso socializante é mais forte que o de diferenciação” (COLERATO, 2020). A moda é a expressão de liberdade, é identidade, cada peça começa de algum lugar ou pensamento tendo como um resultado um propósito, limitar esse ato deixa nada mais que uma rotina repetitiva, tornando o padronizado e não dando valor ao indivíduo. As pessoas que estão cegas pelas regras da sociedade ou que simplesmente aceitam segui-lás sem dar espaço para sua identidade ser livre, a maioria das vezes irão criticar as que optam por desviar as regras e é isso que define a moda, os grandes desginer como Marc Jacobs diz que “A roupa é uma forma de auto-expressão - há dicas sobre quem você é no que você veste” (DONOHUE, 2016). Optar por manifestar nossa sabedoria, valorizar o indivíduo e lutar pelo que acreditamos é libertador, é a verdadeira liberdade artística. Liberdade artística e comportamental
  • 29. A socialização é um dos pontos mais importantes para a sobrevivência na terra, conviver com pessoas todos os dias e socializar com cada uma de forma diferente de acordo com o ambiente que está presente compartilhando valores culturais e éticos é importante processo. Comento Lucas de Oliveira Rodrigues que: “Devemos tudo isso à socialização, que nada mais é do que o processo em que aprendemos a nos guiar pelo grande número de significados que uma sociedade possui”, pois ao nascer o indivíduo não sabe falar, andar ou muito menos tem sabedoria, por isso a socialização primária é tão importante, por que começa desde quando somos bebês até a adolescência. (RODRIGUES, c2022) Na socialização primária é ensinada por figuras paternas e a escola as regras da sociedade, o modo de vivenciar, a moral e como devem se comportar. A psicologia estuda exatamente isso, o comportamento humano e seus processos mentais (ESCOLA, c2022). Entender certas formas de comportamento e repreender atitudes de outras é o verdadeiro porquê, estudar sobre como algumas coisas são aceitas e outras não, porque é tão difícil aceitar ou dar possibilidade para algo que foge do modo padrão imposto pela sociedade é tão negativo para alguns. Orientar o indivíduo na socialização primária e junto dar liberdade de ação é raro, a psicologia sempre abriu espaço para caminhos novos, dúvidas e suposições, sempre buscando além da verdade para compreender a vida individual e coletiva. O motivo da grande maioria aceitar as regras que são impostas é pelo fato do nosso modo de sobreviver que foi criado, nascer e ir para a escola, aprender e ser lecionado até a adolescência, ir para uma faculdade e estudar sobre o que quer trabalhar, trabalhar para poder pagar por necessidades e lazer, aposentar e descansar. Existe outras formas de viver embora escolhemos essa, as pessoas divergentes que não se encaixam nessa escolha, não se encaixam no simples modo de crescer com apenas uma forma de viver e são esses (indivíduos) divergentes que trazem inovação para o mundo, os divergentes escapam do caminho já trilhado para os novos indivíduos querendo buscar alternativas. São através de indivíduos divergentes, essas pessoas que mudam o mundo, e o que pode diferenciar essas pessoas é “o papel social, que ordena as responsabilidades, direitos e deveres que o sujeito ou grupo deve assumir pelo fato de ocupar certa posição na sociedade.” (SANTOS, 2021). Todos os sujeitos sofrem influência comportamentais que afeta o futuro modo de como agir, a autora por exemplo, passou por certa dificuldade na sua infância até a adolescência pelo fato de ser divergente dos outros que conseguiam se encaixar facilmente no ensino do estado, embora seja por esse tipo de acontecimento que resulta em algo além da integração dos indivíduo, resulta na evolução da sociedade. O resultado final de tudo é a socialização secundária, “Etapa em que o indivíduo já foi inserido em diferentes contextos (espaços de trabalho, religiosos, lazer, políticos, etc.) e participou de diversas interações” (SANTOS, 2021). Após a autora passar por esse processo, ela desconstruiu parte do comportamento que foi ensinado se libertando para socializar, agir e criar certa individualidade. Pscicologia da socialização
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  • 31. A coleção estuda a forma de como pode ser algo tão ousado e excêntrico, mas ainda sim representar toda a história por trás de onde nasceu algo tão poderoso. Trazer formas e modelagens que trazem o sentimento de estar preso e transformar em peças. Estudar essa transição assim como aconteceu com a palavra Enkrateia é o verdadeiro desafio na coleção, o processo em si das peças influência em toda pesquisa e estudo de cada base. O mito da caverna escrito por Platão tem grande peso na pesquisa por ser tão semelhante à história pessoal da autora, por trazer como conclusão as mesmas lições e aprendizados, assim acontece com o artista Seo Young Deok que utilizou do mesmo material para dar vida a mesma verdade. Cada inspiração, pessoa e citação mencionada é uma base para apoiar a pesquisa, a coleção dando vida ao novo caminho que a autora seguiu que desenvolve uma proposta com roupa-acessório. e Assim, estudar cada detalhe e dar sentido para as peças é o ponto principal da coleção, trazendo uma possibilidade de verdade, liberdade e poder para cada peça. Estudo de Coleção
  • 33.
  • 35. A saia dourada de correntes foi feita inspirada em uma saia com puxados na lateral de tecido fino, os desenhos da saia contornam o corpo na lateral e terminam em um centro. Cada corrente da saia reflete a confecção da saia de tecido, as correntes vão da lateral para o meio se juntando a uma corrente central e duas aberturas na lateral para o corpo ter movimento. Com um manequim, foi medido o tamanho da cintura, quadril e comprimento da cintura até a altura que a saia seria (frente e costas). Com essa medida as correntes foram separadas nos tamanhos das medidas e depois abrindo e fechando as argolas de correntes para se unir, formando um “T” na parte de trás e na frente. Depois foi medido uma abertura para as laterais sendo assim ligada com o fecho, tendo a liberdade de apertar ou deixar mais solta na cintura. O próximo passo foi adicionar as pequenas correntes entre a lateral e o meio ligando uma por uma na mesma reta. Nesta peça (figura 8) foram usados dois tipos de corrente na cor dourada, um fecho lagosta dourado e duas ferramentas sendo o alicate de pontas redondas e alicate de nariz corrente, um total de 16h de trabalho. Saia Dourada
  • 36. Blusa de correntes prata com ligação a perna Inspirada em uma peça antiga da designer, a blusa de correntes foi feita com 15 metros de corrente prata (figura 9). As correntes cruzam a frente da parte de cima do corpo na horizontal e é presa na perna. Primeiro foi tirado as medidas das laterais da parte de cima do corpo (cintura até o ombro e seguindo para baixo das costas. Tirado a medida do busto e de uma lateral do corpo até a outra. Com essas medidas foi separado correntes do mesmo tamanho e abrindo e fechando a argola da corrente ligando suas pontas uma a uma dando início a forma base da blusa. Com a base no manequim foi colocado corrente por corrente da parte da frente, cada vez aumentando o tamanho da corrente de acordo com o tamanho da lateral do corpo. Depois foi medido da ponta da corrente das laterais até a coxa e medida da coxa de um manequim 38, mesmo procedimento mencionada, com essas medidas foi separado um pedaço de corrente equivalente e ligado a blusa adicionando de cada lado da corrente que contorna a coxa um fecho lagosta prata (um em cada coxa), assim finalizando a peça. Nas costas não há corrente que cruzam de uma lateral a outra, apenas um fecho lagosta no centro das costas para dar sustentação à peça.
  • 37. A partir da blusa de correntes e a saia dourada também de correntes, o vestido (figura 10) foi inspirado para ser construído no mesmo processo e material apenas tendo modificação na modelagem na parte de cima. Com os 7 metros de correntes prata, com a própria corrente foi colocado da altura na frente de onde ia a “barra” do vestido e até o final do decote na altura que seria mais ou menos perto da linha da cintura. Logo foi medido dessa linha da cintura, passando por cima do ombro seguindo até o lombar das costa (mesmo processo para cada lado do corpo), e para finalizar a base do vestido, uma corrente para o final das duas correntes que se juntam até a lombar com a “barra” de trás do vestido. Com a base do vestido pronta, com o ponto no meio da frente até o ponto do meio de trás onde as correntes se encontram, foi colocado uma corrente de cada lado do corpo seguindo para baixo com base da medida de um quadril 38, cada corrente que vai do lado esquerdo sempre é do mesmo tamanho no direito, no total são 10 correntes de cada lado. Com a saia do vestido pronta, para a parte de cima é dividida em duas partes, a primeira que segue da lateral para as costas do vestido e a segunda parte que fica por cima e segue da lateral do vestido para a frente do vestido. Começando pela primeira parte, uma corrente é medida da altura do começo do busto em uma das correntes bases até a mesma corrente base da parte de trás do corpo, passando por debaixo do braço. O mesmo é feito com o outro lado, sendo no total 5 correntes de cada lado. A segunda parte segue o mesmo processo, da primeira corrente que segue da frente para as costas do ves- tido até a primeira corrente da saia do vestido, assim seguindo para a argola de baixo e adicionando mais correntes, novamente o mesmo é feito para o outro lado, no total foram 7 correntes de cada lado. Vestido prata de correntes
  • 38. Pérolas não só são conhecidas pelo símbolo de riqueza e serem raras mas pela sua pureza e serem duradouras (UTSCH, 2021) assim como alguns dos pensamentos. Quando se há dúvidas sobre algo que é ensinado, às vezes esse pensamento vem de um lugar puro e ingênuo, com a intenção apenas de entender novos caminhos. Os pensamentos que afetam o corpo, às vezes com leveza e às vezes de uma forma pesada. Para esta peça, a criação aponta como alguns pensamentos positivos, puro e leves podem refletir no corpo trazendo riqueza para a sabedoria. Com 10 metros de corrente de pérolas de plástico, começa-se a elaboração tirando a medida de um colar e separando o tamanho da corrente de pérolas mais 4 pérolas de sobra para poder não quebrar utilizando a ferramenta torno morsa, assim sobrando linha para pod- er fazer o fecho do colar com 7 argolas para montagem prata e um fecho lagosta prata. Posicionando o colar no manequim (figura 11), foi medido do colar da parte de trás passando pela lateral por cima do braço até a frente do colar deixando um formato da letra “U” olhando pela lateral, assim seguindo o mesmo processo aumentando cada vez mais o tamanho sendo as duas primeiras corrente por cima do braço e as duas seguinte por baixo do braço rente ao corpo, e sempre deixando de sobra duas pérolas para que possam ser quebradas e ter um pedaço do fio de sobra para poder amarrar no colar. Repetindo o processo do outro lado, em seguida com fio de nylon e pérolas soltas com buracos através delas, medindo dos pontos mais baixos o fio a partir da última corrente presa no colar até abaixo do joelho (cada fio tem uma medida aleatória mas sempre sendo abaixo do joelho). Deixando um pedaço do fio amarrar uma pérola e ir adicionando cada vez mais, mas dando distância entre elas dando o efeito de como se estivesse sumindo. Por fim amarrar os fios na peça sendo 4 na frente (2 do lado esquerdo e 2 do lado direito) e 4 atrás distribuídos da mesma forma. Body Chain de Pérolas
  • 39. Bolsa de Correntes A bolsa de corrente (figura 12) tem a forma caída sendo ligada apenas nas laterais, feita inteira de corrente na cor chumbo apenas mudando na alça, possui um fecho lagosta de cada lado na cor prata dando liberdade de mudar a alça. A bolsa projeta um certo peso nela por ser de correntes mostrando o peso que é carregado no dia-a-dia. O processo da bolsa começa medindo a altura e separando dois pedaços da corrente do mesmo tamanho, em seguida é medido o tamanho da largura e separar pedaços de corrente iguais para cada “argola” de corrente de altura. Liga corrente por corrente a cada lateral seguindo a reta. Depois de cortar um pedaço de tecido com equivalente a largura e 2 vezes a altura, costura-se as laterais e na parte de cima um zíper, nas laterais finaliza com duas argolas para que possa juntar as correntes. Por fim foram feitas três alças para a bolsa, de pérolas, de fechos lagosta prata e de tecido com um fecho lagosta em uma ponta e na outra uma argola prata.
  • 40. Nem todas as correntes têm o mesmo formato ou material, a mais popular seria o formato de um retângulo redondo cortado na diagonal, mas para esta peça foi escolhido fivelas quadradas que ligadas além de ainda ter a principal característica da corrente que é ser flexível, juntas podem formar uma manta de tecido. A calça (figura 13) feita com as fivelas quadradas quando vestida tem a intenção de parecer uma gaiola, enquanto uma das pernas está “presa” a outra está livre para andar e ter 100% do movimento. Cada quadrado representa cada momento em que a autora passou que foi limitada a fazer de algo, a cada momento foi adicionado uma barreira (uma fivela) e com o tempo uma gaiola completa é formada a impossibilitando de andar desprendida. Os materiais utilizados foram 121 fivelas dourados, 615 argolas de montagem douradas e 4 metros de corrente dourada, foi medido o tamanho da cintura do manequim e cortado um pedaço 4 cm menor da corrente dourada, depois dividido ao meio deixando 2 pedaços de corrente (um que seria a frente e outro atrás). Para dar livre ajuste a peça, em uma das pontas foi colocado um fecho lagosta dourado e na outra ponta 5 argolas de montagem juntas, o mesmo e repete para o outro pedaço da corrente. Com essa parte montada, com outro pedaço da corrente foi separado na medida da lateral do corpo onde está o fecho lagosta até o começo da linha da coxa, com esse pedaço separar mais três pedaços iguais, depois juntado a corrente da cintura sendo cada um em cada ponta onde foi colocado o fecho o as argolas. Agora medindo o pedaço em volta da coxa contornando-a, mesmo para o outro lado da coxa e ao centro onde estaria a parte central do meio das pernas, é com uma argola de corrente que foi junto às duas peças que circulam a coxa. Para terminar a base, foi ligado a peça que contorna as coxas e a lateral solta da cintura formando uma espécie de estrutura como a de um shorts. Com as fivelas, utilizando um furador, foi feito um furo em cada ponta da fivela totalizando 4 furos, após fazer isso em todas as fivelas começou o processo da manta. Para cada ponta da fivela foi colocado uma argola, para juntar as fivelas, colocado uma argola no meio e cada ponta da fivela com argola ligada a argola, ou seja, um argola no meio com quatro fivelas em volta e cada ponta conjuntas. Assim foi processo para toda a calça, sendo 11 fivelas de largura e 11 de altura. Por fim, para juntar a manta à base, foi ligado por argolas de montagem também. Calça de um lado feito por fivel- as quadradas douradas
  • 41. A ideia de uma armadura é de proteger o corpo do que pode atingi-lo, sendo construído com material resistente e forte. Mas a ideia de fazer uma armadura com apenas arames de tamanho 2.5mm revela ao contrário do que se pensa, ter vãos e ser de material fraco não podendo bloquear qualquer ameaça. A peça tem a intenção de ressaltar que às vezes com pouca sabedoria e se limitar ao pouco pode não ser suficiente para se proteger do que pode ser maior e diferente. O único material que foi utilizado foi 10 metros de arame 2.5mm e arame para solda além da própria solda como ferramenta, no manequim foi medido diretamente com o arame, seguindo o desenho da ficha técnica e a numeração dada para cada arame na peça, colocando o arame no manequim e diretamente modelado, apenas usando um alicate para cortar. Cada peça sendo medida, modelada e cortada, prendeu com uma fita crepe no manequim para não perder a ordem no local de cada peça. Com um pedaço de solda e alguns apoiadores para segurar a peça, cada arame foi soldado nas pontas onde se encontram, seguindo o processo para todos os arames e soldando como um quebra-cabeça. Após toda a peça está soldada (figura 14), a mesma foi lavada e pintada com spray prata, por fim na parte do colar as pontas foram viradas com um alicate e colocados argolas de montagem prata e um fecho lagosta também prata. Armadura Prata
  • 42. Enkrateia antes significava ter poder sobre algo ou alguém (FERNANDEZ, 2015), a capa (figura 15) totalmente presa ao corpo quase o espremendo tem inspiração no antigo significado; a manta de metal ser tão gelada, mas as pequenas peças apesar de serem tão grudadas são fáceis de romper com a sentença de ressaltar que se for usado sua força interior pode se romper através da manta que impede de se soltar. Para o detalhe mais importante, Enkrateia escrita por trás com correntes com inspiração para o significado que a palavra passou a ter, poder sobre si mesmo. É possível ver através da palavra, sendo o único espaço aberto representado a luz mencionada no Mito das Cavernas (PLATÃO, 380 a.C.). Para confecção duas mantas de metal na cor grafite, 2 metros de corrente grafite e argolas de montagem prata. Primeiro com as correntes na cor grafite foi separado pequenas partes para escrever grafite, sempre mantendo o mesmo tamanho de letra para a palavra inteira, e com uma corrente para a linha de baixo e uma de cima, foi ligado às letras. Com a medida da altura das letras foi posicionado atrás verticalmente no manequim no centro das costas do manequim na parte de cima na linha da axila como começo. Depois com a manta de cristal foi medido entre o espaço do começo da corrente cobrindo a frente do corpo e por fim voltando para as costas embalando o manequim, foi cortado a parte da manta que sobrou e para a manta de baixo foi o mesmo processo mas com uma sobra maior de 20cm de manta para caber no corpo. A peça inteira foi ligada com argolas de montagem, a palavra em correntes no meio com as mantas, até as duas mantas. Mas como a manta de baixo era maior, foi deixada uma sobra de a cada 5 peçinhas na manta, ligado a cada 10 de baixo, criando um intervalo para cada argola. Capa Enkrateia
  • 43. A peça principal que representa o prisioneiro no Mito da Caverna (PLATÃO, 380 a.C.), a única peça de cor vermelha se inspira na libertação do prisioneiro, quando ele sai da caverna vendo a fogueira, seguindo depois para a saída em direção ao sol e vê aquela luz que nunca tinha visto antes quase queimando seus olhos por estarem acostumados com a escuridão. As correntes colocadas em volta do pescoço fazem referência às correntes colocadas no pescoço de cada prisioneiro para que não possam olhar para nenhum outro lugar a não ser a sua frente. A peça (figura 16) em si é uma total referência ao mito escrito por Platão. O motivo do material escolhido para essa peça ter sido correntes de plástico invés de metal ou alumínio foi pelo fator do peso, a peça feita com as correntes de plástico em si já é pesada, não dando espaço para fazer com correntes de metal ou alumínio. Com 30 metros de corrente vermelha de plástico, foi medido primeiro diretamente com a corrente o colar que seria a base da peça. Depois com a própria corrente tendo uma peça a cada 1 metro e meio que abre e liga para o próximo pedaço de corrente, a peça era retirada e colocada prendendo no colar, seguindo para o próximo 1,5m separe a corrente com a argola de liga e o processo se repete colocando novamente no colar da base, assim seguindo até a corrente acabar. Ponche de correntes
  • 44.
  • 45. Conclusão O projeto em si apesar de trazer algo tão escuro e fechado como base do tema, tem como objetivo provar que é possível usar o que prejudicou no passado, pode trazer luz no futuro. Todos possuem uma história, todos possuem algo que ainda é presente que machuca, mas é o que faz cada um único, o que faz cada um ser quem é. Alguns escolhem aceitar o mínimo e ficar na zona de conforto, já outros querem se libertar e conhecer algo divergente, seguir e buscar diferentes oportunidades, se destacar. A pesquisa prova que nem sempre o negativo é significado de fraqueza, há sempre vários caminhos que podem ser seguidos, vai de pessoa escolher o que ela quer fazer com isso. Revelar o poder que tem dentro de cada um nunca é fácil, é difícil quebrar o padrão e trazer outra alternativa porque muitos têm medo. Usar a favor o que a tornou a autora fraca e aprisionada, foi a verdadeira libertação, se soltar das correntes e utilizas para fazer as peças mostrando toda a sua criatividade e arte é a Definição de Enkrateia. Cada peça representa algo do trabalho, o resultado em si foi preciso e acura- do. O processo para todas as peças foi bem similar, uma das únicas poucas dificuldades foi com a armadura, já que a mesma foi soldada e por ter um formato da parte de cima de um corpo, a peça para ser segurada na posição certa e ser soldada era um pouco complicada. Todas foram executadas bem, com bom acabamento e resultado final satisfatório.
  • 46.
  • 47.
  • 50. Correntes e correntes industriais. Cablemax cabos de aço, 2010. Disponível em: http://www.cabosdeacocablemax.com.br/correntes-e-cor- rentes-industriais.html#:~:text=Um%20pouco%20de%20 hist%C3%B3ria%20sobre%20a%20corrente&tex- t=Este%20%22equipamento%22%20consistia%20de%20 an%C3%A9is,16%20por%20Leonadro%20da%20Vinci. Acesso em: 15/02/2022. DECORA, ana do viva - Flor de Lótus - setembro 26, 2018 Disponível em: https://www.vivadecora.com.br/revista/flor-de-lotus/#:~:text=- No%20Egito%2C%20o%20principal%20 significado,l%C3%B- 3tus%20%C3%A9%20a%20 beleza%20interior. Acesso em: 15/05/2021. Definição da palavra Liberdade. Dicionário de Oxford. Disponível em: https://languages.oup.com/research/ Acesso: 13/05/2021. DEOK, Seo Young. Statement. Seo Young Deok, c2021. Disponível em: https://www.seoyoungdeok.com/about/statement Acesso: 23/02/2022. DICIO. Aprisionamento. Dicionário Online de Portugues, 2009- Dis- ponível em: https://www.dicio.com.br/aprisionamento/ Acesso: 13/05/2021. DURANTE, Stéphanie e ZAGO, Mayara. Flor de lótus: seus significados e como usar na decoração. Casa e Jardim, 13 NOV 2018. Disponível em: https://revistacasaejardim.globo.com/Casa-e-Jardim/Paisagismo/no- ticia/2018/11/flor-de-lotus-descubra-seus-significados-e-como-us- ar-na-decoracao.html Acesso em 02/04/2022. Admin. Correntes: você sabe como surgiram? Coradin Ferro e Aço, September 19, 2018. Disponível em: https://www.ferrovelhocoradin. com.br/correntes-voce-sabe-como-elas-surgiram/ Acesso em: 15/02/2022. DONOHUE, cathy. OPINIÃO: "Vestir-se é uma questão de liberdade de expressão, não um meio de posse". Her , 2016. Disponivel em: https://www.her.ie/style/opinion-dressing-is-about-freedom- of-expression-not-a-means-of-possession-246436 Acesso em: 01/05/2022. CARY, Alice. Body Jewelry Is Having A Quiet Resurgence. Vogue, 14/05/2021. Disponível em: https://www.vogue.co.uk/fashion/arti- cle/body-jewellery-trend Acesso em: 28/02/2022. COELHO, Myrna. Julgar o outro é não enxergar a verdade de cada um. Vida simples, 2021. Diposnível em: https://vidasimples.co/colunis- tas/julgar-o-outro-e-nao-enxergar-a-verdade-de-cada-um/ Acesso em 02/04/2022. COLERATO, marina. E se?... Moda fosse realmente sobre liberdade de expressão? Elle, 31/08/2020. Disponível em: https://elle.com.br/col- unistas/e-se-moda-fosse-realmente-sobre-liberdade-de-expressao Acesso em: 01/05/2022. Correntes e correntes industriais. Cablemax cabos de aço, 2010. Disponível em: http://www.cabosdeacocablemax.com.br/correntes-e-cor- rentes-industriais.html#:~:text=Um%20pouco%20de%20 hist%C3%B3ria%20sobre%20a%20corrente&tex- t=Este%20%22equipamento%22%20consistia%20de%20 an%C3%A9is,16%20por%20Leonadro%20da%20Vinci. Acesso em: 15/02/2022. Referências
  • 51. REZENDE, Milka de Oliveira. Sociedade. uol c2022. Disponível em: https://mundoeducacao.uol.com.br/sociologia/sociedade.htm Acesso: 29/04/2022. RODRIGUES, Lucas de Oliveira. Socialização. Para o Enem, c2022. Disponível em: https://www.preparaenem.com/sociologia/socializacao.htm Acesso: 29/04/2022. SANTOS, Thamires. Processo de socialização. Educa Brasil, 12/01/2021. Disponível em: https://www.educamaisbrasil.com.br/ enem/sociologia/processo-de-socializacao Acesso em: 29/04/2022. SILVA, César Dario Mariano. Afinal, qual o limite da liberdade de manifestação do pensamento?. Revista Consultório Juridico, 09/09/2021. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2021- set-09/dario-qual-limite-liberdade-manifestacao-pensamento Aces- so em: 29/04/2022. SOBRAL, Fernando. Young-Deok Seo: correntes humanas. Espiral do tempo, 02/09/2019. Disponível em: https://espiraldotempo.com/at- ualidades-young-deok-seo-correntes-humanas/#:~:text=Nascido%20 em%201983%20em%20Seul,Gallery%20da%20MB%26F%20 em%20Genebra. Acesso: 20/05/2022 UTSCH, Vinicius. Pérolas: um clássico que retorna às tendências em 2021. J’adore, 07/07/2021. Disponível em: https://www.jadoreluxe. com.br/2021/07/07/perolas-um-classico-que-retorna-as-tenden- cias-em-2021/#:~:text=Simbolizando%20pureza%2C%20sofisti- ca%C3%A7%C3%A3o%20e%20feminilidade,como%20uma%20- joia%20de%20fam%C3%ADlia. Acesso em: 13/05/2022. ESCOLA, Equipe Brasil. "O que é Psicologia"; Brasil Escola, c2022. Dis- ponível em: https://brasilescola.uol.com.br/psicologia/o-que-e-psico- logia.htm Acesso: 01/05/2022. FERNANDEZ, Atahualpa. Enkrateia e Akrasia. Portal Jurídico Investidu- ra, Florianópolis/SC, 20/04/2015. Disponível em: investidura.com.br/biblioteca-juridica/artigos/conhecimen- to/328910-enkrateia-e-akrasia Acesso em 29/04/2022. GOODMAN, Olivia. O acessório inesperado da temporada: como usar a corrente do corpo durante todo o inverno. Vogue, 11/11/2015. Di- sponível em: https://www.vogue.com/article/fall-2015-accessory- trend-body-chains Acesso em: 28/02/2022. HAMAOUI, Yasmine Victoria B, Ética e a busca da Felicidade. Puc- Rio, 2016- Disponível em:http://www.puc-rio.br/pibic/relatorio_re- sumo2016/relatorios_pdf/ctch/FIL/FIL-Yasmine%20Victoria%20 B%20Hamaoui.pdf Acesso: 13/05/2021. MACIEL, williams. Alegoria da Caverna. InfoEscola, 2013- Disponível em: https://www.infoescola.com/filosofia/alegoria-da-caverna/ aces- so em: 20/05/2022 MOTO. Uma breve história das correntes. Cultura mix, 2010. Dis- ponível em: https://www.culturamix.com/transporte/moto/uma-breve-historia- das-correntes/ Acesso em: 15/02/2022. PLATÃO. A alegoria da caverna. Livro VII de A República. (380 a.C.). Disponível em: http://www.usp.br/nce/wcp/arq/textos/203.pdf Acesso em: 20/03/2021.