O livro aborda a história do profeta Jonas e sua relutância em cumprir a missão de Deus de pregar em Nínive, levando-o a fugir em direção a Társis. Após uma grande tempestade, Jonas é lançado ao mar e engolido por um grande peixe, onde permanece por três dias. Ele é então cuspido em terra firme e cumpre a vontade de Deus, pregando a conversão em Nínive. A cidade se arrepende, contrariando as expectativas de Jonas.
4. Coordenação Editorial: Editora Soares
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Responsável Editorial: Sol Soares
Projeto Gráfico e Diagramação: Solange Barbosa
Capa, Composição/Designer: Anderson Barbosa
Imagem da Capa:
Revisor Literário: I.R. Rosalino
Autor: Allan Elias Lessa
E-mail: allanlessa_bn@hotmail.com
Site: www.allanlessa.com
Rede Social: Facebook - Twitter
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Todos os Direitos Reservados ao Autor
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Texto adequado às Normas do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
(Decreto Legislativo No. 54, de 1995).
2016
IMPRESSO NO BRASIL
DIREITOS CEDIDOS PARA ESTA EDIÇÃO
À EDITORA SOARES
R. Fábio Zuiani, 1213 – Jd Galetto
Itatiba/SP 13253-150
Ficha Catalográfica
5. Página em branco não deve constar informações (opcional – Uso para o
autor autografar)
7. Agradecimento
Eu sou grato a Deus por ter me dado a oportunidade
de lançar em obra publicada o meu trabalho de gra-
duação. A minha esposa Élica, que sempre me apoiou
e esteve ao meu lado em todos os momentos. Aos
meus Pais Adelmo e Lourdes Lessa, que me ensinaram
e deram o apoio mesmo em momentos difíceis. Aos
meus sogros Elias e Ester Santos, que me deram o
meu maior presente. Sem falar que estiveram sempre
do nosso lado. Aos meus irmãos Kleber, Kristiani e
Ariel com suas famílias. A minha liderança eclesiás-
tica, Pr. Marcelo e Marlise, que não mediram esforços
para nos apoiar na publicação desta obra. Sou grato a
Deus pela vida de todos vocês.
9. Prefácio
Uma real necessidade nesta hora vulcânica de explosão de escri-
tos teológico, são as abordagens corretas da interpretação Bíblica.
Muitos são os métodos de interpretação que tem permeado o
mundo teológico atual.
Nesta obra, o leitor será conduzido, através do método crítico de
interpretação, à uma viagem fascinante em um dos livros bri-
lhante das Escrituras Sagradas, o livro de Jonas.
O método histórico crítico pressupõe a libertação de premissas
dogmáticas e adota a razão como principal critério de avaliação
do texto Bíblico. A presente obra faz uma apresentação fantástica
através do método crítico do livro de Jonas, trazendo o seu Perí-
odo histórico e literário.
Realmente é uma excelente obra, e vale a pena ter em nossa bi-
blioteca. Aconselho a todo estudante de teologia a tê-la.
Pr. Claudemir Grimm
Especialista em Teologia, Bíblia e Missão
11. INTRODUÇÃO
real objetivo desta obra é instigar a
discussão teológica de forma acessível
a todos. Com essa finalidade nós não
apresentamos uma ideia dogmática,
isto é, fechada. Mas uma tentativa de trabalhar
uma proposta diferente àquela apresentada pela
tradição durante séculos. Há inúmeros tratados
(documentos) acerca do embate acadêmico que
ocorre quando se formaliza uma interpretação
deste livro. Teólogos mais conservadores nor-
malmente utilizam o método de interpretação
alegórica para explicar as porções extraordiná-
rias (episódios sobrenaturais) compostas no livro
de Jonas. A “eixegese” comumente utilizada tem
o propósito de desvincular o texto da mente au-
toral. Com isto, se torna uma interpretação ana-
O
12. crônica. A nossa intenção é visar uma interpreta-
ção atualizada nos pensamentos de vários auto-
res. Cada especialista que referenciamos nesta
obra formalizaram a nossa interpretação teoló-
gica do livro se embasando na análise da crítica
textual.
Caro leitor (a) esta é uma obra acadêmica
com uma linguagem acessível a todos, inclusive
àquelas pessoas que não tiveram acesso a uma
formação teológica avançada.
O método hermenêutico da analogia scrip-
tura onde a Bíblia não pode se contradizer é via-
bilizado dentro da nossa interpretação. Toda Es-
critura não entra em desacordo com a proposta
didática do livro de Jonas. Por isso nós iremos
fazer uso da intertextualidade bíblica e teológica
através de um dialogismo autoral, para que pos-
samos trazer ao conhecimento do estudante todo
embasamento de uma forma simples e descom-
plicada. Até porque a Bíblia como palavra de
13. Deus é um compêndio literário que gera transfor-
mação de vida mediante a aplicação prática dos
seus escritos. A proposta didática do livro de Jo-
nas é um resultado de princípios de uma ética re-
ligiosa estudada pelo povo hebreu do pós exílio.
A preocupação do seu autor não era descrever
aquilo que realmente aconteceu, e sim aquilo que
o povo hebreu naquele momento precisava saber.
Exegeticamente o livro de Jonas idealiza a figura
de um Deus misericordioso, capaz de perdoar o
pecador que se arrepender. Tanto o próprio Jonas
como os ninivitas e também os próprios mari-
nheiros experimentaram o perdão de Deus.
O texto do livro já nos proporciona uma re-
flexão confrontante. Afinal se tratava de um povo
que apregoa um Deus nacional. Na literatura he-
braica não é comum a ideia de um profeta que é
designado por Deus em uma missão estrangeira
e o rejeita. Essa rejeição se dá porque o profeta é
motivado pelo senso de patriotismo um tanto
14. exagerado. O autor do livro de Jonas quer nos fa-
zer viajar dentro de uma visão nacionalista. Com
isso entender os resultados trágicos que vem so-
bre um indivíduo que tem uma função como a de
profeta, e defende a honra de Israel, mas desobe-
dece à ordem de Deus. O personagem Jonas faz
muitos questionamentos acerca do propósito de
Deus, tanto é que o livro é encerrado com um
ponto de interrogação.
É sabido que este livro enfatiza a cidade de
Nínive como plano de fundo, porém a sua descri-
ção é uma mensagem direta ao povo de Israel.
Após Abraão, é neste livro que temos pela pri-
meira vez uma abordagem do Deus de Israel a
um povo estranho com uma mensagem salvívica.
E também é o único caso de um profeta que fora
enviado a povos pagãos.1
Sendo que o profeta
Naum profetizou a desolação de Nínive, porém
1
Cf.JAMIESON,Roberto (et.al).Comentário exegético y explicativo de La Bíblia
– El Antiguo Testamento.Tomo I.Casa Bautista de Publicaciones,1982,p.933.
15. para consolação de Judá2
. Naum profetizou em
Judá. Há quem diga ironicamente que o livro de
Naum é o que Jonas queria ter escrito3
. Na bíblia
há apenas alguns resquícios de informações his-
tóricas sobre o profeta Jonas. Só podemos encon-
trar um maior número de informações em obras
literárias extraídas da tradição judaica como, por
exemplo, a do historiador Flávio Josefo. Esta
obra é um desafio teológico a todos os estudantes
da Bíblia, por isso vamos trabalhar a interpreta-
ção do livro em acordo com grandes especialistas
trazendo métodos de aprendizagem.
2
Cf.ELLISEN,A.Stanley.Conheça melhor o Antigo Testamento:esboços e grá-
ficos interpretativos.São Paulo:Vida.1991,p.313.
3
Cf.ELLISEN,A.Stanley.Conheça melhor o Antigo Testamento:esboços e gráfi-
cos interpretativos.São Paulo:Vida.1991,p.318.
17. Índice
Jonas, o livro ................................................. 19
Período do Jonas histórico ............................. 51
Período do Jonas literário ............................... 75
Abordagem Cristocêntrica ............................. 97
Considerações Finais ..................................... 105
Apêndice ...................................................... 115
Referência ..................................................... 125
21. Allan Lessa
21
Caro leitor (a) caso ainda não tenha estudado
acerca deste livro, utilizaremos dos recursos di-
dáticos necessários para auxiliar você. Encontra-
mos um esboço do livro de Jonas que entendo es-
tar de acordo com a nossa proposta teológica.
Vejamos!
22. Allan Lessa
22
Esta estrutura do livro de Jonas se encaixa na
nossa proposta.4
I-A CHAMADA DO PROFETA JONAS
a) – Chamado à Nínive 1.1-2
b) – Viagem a Társis 1.3-9
c) – Lançamento ao Mar 1.10-16
d) – Preservação dentro do Peixe 1.17-2.10
II – A NOVA COMISSÃO DE JONAS
a) – Mensagem da Ira de Deus 3.1-4
b) – Milagre do Arrependimento de Nínive 3.4-9
c) – Misericórdia e perdão de Deus 3.10
d) – Jonas e os votos de morte 4.1-8
e) – Jonas, duas lições objetivas 4.9-11
4
Cf.ELLISEN, A. Stanley. Conheça melhor o Antigo Testamento: esboços e grá-
ficos interpretativos. São Paulo: Vida. 1991. p.301 apud Faculdade Teológica
REFIDIM. Antigo Testamento V.2. ed. Joinville: EPOS. 2004, p.62.
23. Allan Lessa
23
O que achou do roteiro?
O livro de Jonas não é especificamente
uma altobiografia. Consigo entender como uma
narrativa bibliográfica, onde se registra as expe-
riências supostamente vividas por este persona-
gem. É interessante saber o que faz deste livro
singular entre os livros proféticos. Como já disse
Zuck, “a sua proposta não é de uma coletânea
de mensagens proféticas como os demais”
(ZUCK,2009). Você sabia que a mensagem de
Deus à Nínive por intermédio de Jonas continha
apenas sete palavras (cinco no hebraico).5
Este
livro pertence à divisão de livros proféticos mais
5
ELLISEN, A. Stanley. Conheça melhor o Antigo Testamento: esboços e gráfi-
cos interpretativos. São Paulo: Vida. 1991, p.304
24. Allan Lessa
24
especificamente os profetas menores. As infor-
mações prestadas por Ellisen nos ajudam a com-
preender.
As designações ‘Profeta Maior’ ou ‘Profeta
Menor’ foram estabelecidas por Agostinho
no principio do séc. IV d.C. Já o termo
‘Menor’ refere-se à brevidade do segundo
grupo, certamente não à sua importância
relativa. Os hebreus chamavam-nos de ‘Li-
vro dos Doze’. [...] provavelmente foi ‘Es-
dras’ e a ‘Grande Sinagoga’ os responsá-
veis pela agrupação dos mesmos nos mea-
dos de 425 a.C. para que houvesse pratici-
dade, acomodando em um só rolo” (ELLI-
SEN, 1991, p.271).
Olha que legal!
Caro leitor (a) você sabia que o Antigo
Testamento foi aceito como canônico no concílio
na cidade de Jabneh (Jâmnia) em 90 a.D. O ra-
bino destaque deste concílioo foi Yohanan Bem
Zakkai, que no qual pertencia á escola de Hilel.
25. Allan Lessa
25
Já ouviu falar de Hilel? Era um erudito respeitado
entre os judeus, que segundo dizem era avô de
Gamaliel.
É bem sabido que este concílio só formali-
zou o que já era aceito por todos os judeus. Por
exemplo, o livro de Jonas já era incluído entre os
profetas menores desde antes de 200 a.c. Outra
informação interessante é que no talmude da Ba-
bilônia está escrito que os judeus no dia do per-
dão (yom kipur) no período da tarde precisam ler
o livro de Jonas para lembrar o patriotismo do
personagem e o perdão de Deus a povos estran-
geiros.
26. Allan Lessa
26
A proposta do livro de Jonas é designar
uma mensagem que proporciona ao povo um
aprendizado. Sendo assim possui características
de uma obra didática e instrutiva.
OPA! O que seria didática?
“A didática se refere a todos os processos que tra-
balham a construção do saber e a forma com que
esse conteúdo vai ser passado as pessoas.”
Espera ai!
Qual é o embasamento autoral para tal afirma-
ção?
27. Allan Lessa
27
Keller confirma interpretando “o livro de
Jonas como sendo uma obra didática6
” (KEL-
LER, 1965, pp265-266 apud BAKKER, 2010, p
16). Fonsatti concorda dizendo que “o livro de
Jonas não é considerado uma profecia, mas uma
narração didática, que tem por objetivo ensinar
uma verdade” (FONSATTI, 2002, p.35 apud
BERTOLDI, 2009, p.68). Já para Budde “o livro
de Jonas é uma espécie de Midrash7
de 2 Rs
14.25”(BUDDE, 1922, pp. 218-229 apud BAK-
KER,2010,p.16).
O propósito central do livro apresenta fato-
res determinantes para o momento histórico em
7
“Uma exposição formal, doutrinária e homilética das escrituras, em hebraico
e aramaico (100 até 300 d.C). Estudo Textual. Eram Comentários, não pará-
frases” (LAPA, 2009.p.97). Interpretações ou comentários judaicos de estilo
popular. (grife minha)
28. Allan Lessa
28
que o povo israelita estava atravessando. Será
trabalhado no livro à questão do exclusivismo ju-
deu com relação a Deus no pós-exílico. Onde a
misericórdia de Deus envolve também pessoas
fora das fronteiras étnicas. Princípio este não
aceito pelo povo judeu.
Harrington explica esta situação. Confira!
Compreende-se que retornavam do cativeiro,
à vista de tudo aquilo por que tinham passado
e ainda estavam sofrendo, surgisse um certo
exclusivismo – ao menos em certos círculos.
Os que compartilhavam essa visão queriam
segregar-se do contato de outros povos e
aguardavam impacientemente a vingança de
Deus sobre os gentios – porque eles eram o
Povo Escolhido e todos os outros eram amal-
diçoados. Jonas nada mais é que uma crítica a
essa mentalidade e uma ousada declaração de
que Deus é o Deus de todos os Povos. (HAR-
RINGTON, 2008, pp.387-388)
29. Allan Lessa
29
Vamos Pensar!
Esta obra literária está extremamente relaci-
onada à figura de um homem famigerado na cul-
tura e na religião deste povo. Surge uma segunda
pessoa anônima que entra na história como autor
e narrador do livro. É atribuído o nome do profeta
a este livro, por ser uma pessoa que possui uma
notoriedade entre o povo.
Não se espante isso era feito regularmente no
tempo em questão.
O objetivo era atingir o maior número de pessoas
possíveis. Então o autor anônimo pensou que só
poderia ter sucesso editorial se este livro fizesse
menção focal a um ilustre personagem. Como o
30. Allan Lessa
30
autor se identificava com a biografia do profeta
Jonas, ele o escolheu.
Como assim se identificava?
O motivo da escolha é porque a biografia do pro-
feta poderia facilmente ser incluída na sua pro-
posta literária, devido as características pessoais,
religiosas e sociais do profeta.
Confira!
A Bíblia nos apresenta uma única profecia
de Jonas (filho de Amitai – Hb. homem da ver-
dade) diretamente “a Israel” (Reino do Norte),
mesmo sendo direcionada ao rei Jeroboão II (2
Rs 14.25). A menção feita a Jonas é na 3ª pessoa
do singular, isto é, alguém está narrando o fato.
E no livro que leva o seu nome a proposta que o
31. Allan Lessa
31
autor nos oferece é que Jonas teve uma espécie
de síndrome de nacionalismo judeu. Como disse
Champllin a preocupação de Jonas é que Nínive
era uma cidade pagã e não merecia o perdão do
seu Deus (CHAMPLLIN, 2000).
O leitor deste livro observa didaticamente
alguns pontos também além da apreciação do
personagem pelo patriotismo. Conforme a obser-
vação feita por Zuck (2009, p.467) “O retrato do
autor de Jonas é altamente depreciativo. Os pa-
drões duplos de Jonas fizeram que suas ações lhe
contradissessem os credos de tom espiritual. Pelo
Exemplo negativo de Jonas, o leitor aprende a
não resistir à vontade e decisões soberanas de
Deus”. Podemos extrair deste livro algumas li-
ções que foram essenciais para a situação do
32. Allan Lessa
32
povo naquele momento da mesma forma que é
no hodierno através de interpretações tipológicas
e simbólicas do livro.
Pra você entender!
O livro não perde o seu valor canônico e nem te-
ológico porque é escrito na forma de “prosa”,
com exceção da oração no capítulo 2 que é de
forma poética.
OK! Mais o que é prosa?
Vamos ver isto daqui alguns capítulos, de uma
forma mais específica. Mas pra irmos já pen-
sando sobre o assunto.
33. Allan Lessa
33
Vamos pesquisar?
Neste site possui uma definição bem legal.
Acesse!
Entendeu?
Vamos adiante!
Este livro por ser em prosa vem nos apresentar
em alguns momentos uma “hipérbole”.
Pesquise a definição antes de seguir em frente.
34. Allan Lessa
34
Caro leitor (a) após a pesquisa, tente identificar
episódios no livro de Jonas onde o texto se torna
hiperbólico.
Mãos a obra!
35. Allan Lessa
35
Continuando!
Na sua essência ele nos proporciona uma re-
flexão teológica. Já no antigo testamento pode-
mos encontrar à graça de Deus envolvendo povos
gentílicos (não judeus). E podemos até dizer que
é com este livro que se prioriza uma abordagem
direta à um povo pagão e este se arrepende do seu
mal. É aqui que eu classifico o livro de Jonas uma
obra messiânica. Porque faz tipo ao processo sal-
vífico de Jesus Cristo, onde abrange a todos os
povos. Este processo é explorado pelo apóstolo
Paulo na epístola aos Romanos.
Vamos entender melhor! Que tal pegarmos a bí-
blia e ler o texto de Romanos 11.
36. Allan Lessa
36
A ideia não é fazer apologia ao superssessio-
nismo ou a teologia da substituição. Onde apre-
senta uma proposta um tanto radical, que a igreja
tomou todo o espaço de Israel no plano salvífico
de Deus. Não somente num contexto soterioló-
gico como também escatológico. Porém a igreja
assume sim a posição de amiga da noiva de Ma-
teus 25. Participante do cortejo nupcial encontra
com o noivo para então buscar a noiva e celebrar
o casamento. Na cerimônia de Mt 25, Jesus em
nenhum momento faz menção da noiva. Mas in-
diretamente o leitor ou o ouvinte sabe que ela faz
parte da celebração. Com isto entendemos que o
foco da parábola é apresentar as virgens que re-
almente esperavam o noivo mesmo em momen-
tos de cansaço e fadiga. A noiva é Israel, porque
37. Allan Lessa
37
é o povo escolhido por Deus dentro da história
humana. Como não aceitaram Jesus como Mes-
sias surgiu à oportunidade de salvação para a
amiga da noiva. No entanto em um contexto es-
catológico percebemos que Deus restaurará Is-
rael no seu reino. Isto é, a igreja anda numa via
paralela a Israel, e não o substitui no cenário pro-
fético.
Caro leitor (a) sugiro a leitura do livro Escatologia como
também do livro Armagedom, ambos publicados pela
CPAD com a autoria do Severino Pedro. Também in-
dico o livro Escatologia Bíblica do Claudemir Grimm.
38. Allan Lessa
38
O personagem Jonas se torna um para-
digma para Israel como explica Jamieson.
Jonas foi enviado a Nínive não somente
para o próprio bem desta cidade, mas tam-
bém para envergonhar Israel, pelo fato de
que Nínive, sendo uma cidade pagã, se ar-
rependeu ao ouvir a primeira pregação de
um profeta estrangeiro, ao passo que o
povo de Deus não se arrependia ainda que
muitos profetas nacionais pregassem o ar-
rependimento. (JAMIESON, 1982, p.901)
Da mesma forma que o personagem Jonas
não entendeu a misericórdia de Deus sobre os ni-
nivitas, Israel não compreendia sobre os gentios.
E Deus mostrou ao povo hebreu que até mesmo
um povo pagão e bárbaro aceitava e se arrependia
mediante a mensagem profética, o que não acon-
tecia com eles. Para Mears “Jonas é o livro teste
39. Allan Lessa
39
da Bíblia. É um ‘desafio’ a nossa fé” (MEARS,
1982, p.267). É uma obra que merece atenção por
que existem alguns pontos duvidosos abordados
nos livro. Como por exemplo, um grande peixe
engolindo Jonas e a preservação do profeta no
ventre do peixe. Se não bastasse isso o persona-
gem sai dali sem nenhum ferimento. O ponto cul-
minante é o profeta estar consciente dentro do
ventre a ponto de fazer uma oração. Caro leitor
(a) o arrependimento imediato dos cidadãos de
Nínive e o crescimento instantâneo de uma abo-
boreira, onde o verme que feri a aboboreira e faz
esta se secar rapidamente. Sem ressaltar as narra-
tivas acerca de Nínive que historicamente estão
fora da ordem cronológica. Se não bastasse isso
o livro termina com um ponto de interrogação.
40. Allan Lessa
40
Não sabemos literalmente qual foi o desfecho do
diálogo entre o personagem Jonas e Deus no
cap.4. No mínimo todas estas informações geram
muitas dúvidas sobre a literalidade dos fatos. O
que para muitos estudiosos foi o ponto culmi-
nante para afirmar que este livro não se trata de
uma obra histórica (literal), mas uma obra didá-
tica. E para mim não apenas didática mais tam-
bém de cunho messiânico.
Um pensamento fora de mão!
Mas não é tão simples assim. Toda afirma-
ção teológica que fizemos nos faz ser vistos por
rótulos. Uns são fundamentalistas outros liberais
e por que não citar os neo liberais. Uns são calvi-
nistas outros arminianos. Os rótulos existem a
41. Allan Lessa
41
fim de identificar as posições teológicas de cada
teólogo. No entanto tem prejudicado muito o
crescimento e a expansão dos estudos teológicos.
Por exemplo, olha o que aconteceu com este pro-
fessor do século XVIII.
“No século XVIII, um professor de teolo-
gia alemão teve seu direito de lecionar sus-
penso e foi, além disso, condenado a pagar
multa de 100 florins de ouro por ter afir-
mado que a narrativa de Jonas não era re-
gistro de um evento histórico” (KILLP,
2008, p.11).
Precisamos crescer e amadurecer no meio acadê-
mico. Este professor foi penalizado por uma tra-
dição que não aceita posições teológicas diferen-
42. Allan Lessa
42
tes, porque afinal, fora manipulada durante sécu-
los. Existem intérpretes que abusam da fé arbi-
trária e assim excluem a coerência literária. Com
isto vem fazer com que se perca a sustentação
primordial deste livro. Quantos pesquisadores ti-
veram que anular suas pesquisas sobre este livro
porque a massa ortodoxa da religião não aceitava
as ideias aplicadas. Isto acontecia porque os tra-
tados eram contra aquilo que eles argumentavam
ser corretos. Aqueles que discordassem da posi-
ção teológica eram taxados como hereges e so-
friam as punições cabíveis. Alguns professores
chegavam a serem excluídos das academias que
lecionavam. Muitos deles foram expulsos da pró-
pria instituição religiosa que faziam parte. Por
43. Allan Lessa
43
isto, durante séculos fora posto em debate esta
obra, tanto por judeus quanto por cristãos.
Temos um grande problema!
Um dos embates do livro é justamente a sua
datação. Realmente entro em concordância com
Kilpp quando este fortalece a ideia que este livro
surge nos meados dos séculos V e IV a.C no fim
do império persa.
Em primeiro lugar, o fato de um profeta de
nome Jonas ter vivido na época do rei Jero-
boão II, a saber, no século VIII a.C. não
significa necessariamente que o livro de Jo-
nas tenha sido escrito nessa mesma época.
Ainda mais que o livro não tinha intenção
de registrar fatos do passado, mas de trans-
mitir um ensinamento a pessoas que viviam
na época do autor ou dos autores. Há, na
verdade, muitos indícios no texto que falam
a favor de uma datação bem mais recente
44. Allan Lessa
44
do livro de Jonas. Quase todos eles apon-
tam para a segunda metade do Império
Persa, ou seja, para os séculos V e IV
a.C.(KILPP, 2008, p.15)
Gruen afirma que “o livro de Jonas é uma
parábola, escrita no século IV” (GRUEN, 1985,
p.214). Apesar de que até o final do séc. XX
pouco se discutia acerca do fator cronológico
deste livro, deu-se início a uma busca por respos-
tas a vários questionamentos da crítica literária.
Quando esta iniciou um processo de análise mi-
nuciosa da redação percebeu que muitos dos in-
dícios literários apontam para uma data posterior
aquela propagada pela tradição judaico – cristã.
O uso frequente do autor de palavras em ara-
maico que foi oficializada e universalmente co-
nhecida apenas no império persa, nos faz pensar.
45. Allan Lessa
45
Também tem algo interessante sobre a or-
dem cronológica da cidade de Nínive como tam-
bém a expressão “rei de Nínive” que o autor do
livro faz alusão no texto, porém não tem precisão
geográfica e nem histórica.
É notório que na redação de Jonas o autor
está identificando o profeta no ato de sua convo-
cação como se ele tivesse em Jerusalém. Sendo
que o centro religioso hebreu é em Jerusalém.
Para um judeu, Jerusalém é o centro da Terra.
Sendo assim o autor explora esta questão de-
monstrando que o profeta designado era justa-
mente uma pessoa com crédito social e religioso
da época. O profeta pega o navio em Jope que era
mais próximo pra quem estava em Jerusalém, em
vez de pegar em Tiro ou Aco que eram portos
46. Allan Lessa
46
próximos à Gate – Héfer. Isso indica que na
mente do autor o profeta está em Jerusalém.
O porto de Jope fica aproximadamente
3.500 km de Társis a atual Tartessos na Espanha.
Kilpp informa que “Társis uma colônia fenícia da
Espanha, no fim do mundo conhecido da época,
a cerca de 4 mil km a oeste de Israel” (KILPP,
2008, p39). A cidade de Nínive ficava a leste de
Israel. O autor do livro está implicando um con-
traste agressivo ao texto onde o personagem
toma uma direção totalmente oposta aquela ou-
torgada por Deus na redação. O interessante é
que o profeta tem uma somatória de dinheiro dis-
ponível no momento para comprar a passagem
do navio. Sendo assim o autor nos informa que o
seu personagem é alguém que tem posses e de
47. Allan Lessa
47
classe média alta. O personagem fará uma via-
gem que dura em torno de seis meses e precisará
de uma quantia financeira elevada. E pela sua
fortuna o autor está demonstrando que não se
trata de qualquer pessoa e sim de um homem da
cúpula social.
Tantas informações pesam o raciocínio! Pare a
leitura e refresque um pouco a sua mente! Esta-
mos te esperando.
48. Allan Lessa
48
“Jonas, filho de Amitai.”
No hebraico o nome Jonas significa
pombo, pomba ou qualquer ave da espécie.
Quando o hebreu vai pronunciar o vocábulo he-
braico para pomba ou pombo ele utiliza a mesma
expressão do nome Jonas (Yoná). Esta ave foi
determinada por Deus que seria o animal de sa-
crifício de pessoas pobres. Sacrifício de purifica-
ção, de holocausto e até para remissão de peca-
dos do povo (Lv 1.14; 5.7; 12.6-8). A ave é facil-
mente domesticada e se torna o símbolo da casa.
Quando não são domesticadas elas costumam
migrar de uma região para outra. E o texto de Jo-
nas vai mostrar que o motivo da fuga do perso-
49. Allan Lessa
49
nagem é por que ele decide se sacrificar em be-
nefício do povo de Israel. A figura de um patrio-
tismo Jonas preferiu mortificar a si mesmo para
que Israel preservasse sua honra.
Quando o autor informa a ascendência do
personagem é porque o tal possui notoriedade so-
cial. O autor está nos dando muitos indícios que
o seu personagem é alguém ilustre num contexto
israelita. No hebraico o nome Amitai quer trazer
ideia daquilo que é verdadeiro e autêntico. Como
podemos perceber a escolha do personagem se
encaixa dentro do cenário que foi criado. Jonas
era realmente um profeta autêntico, principal-
mente quando o assunto é a personalidade. As fu-
gas vivenciadas pelo personagem eram o resul-
50. Allan Lessa
50
tado de uma personalidade autêntica. O leitor co-
nheceu as fragilidades, os medos, as carências do
profeta. Isto se deu porque em nenhum momento
o personagem mascarou os seus anseios. Vamos
conhecer agora a situação histórica que estava à
nação de Israel no período do surgimento do pro-
feta Jonas o histórico, e do personagem Jonas do
livro.
53. Allan Lessa
53
As poucas informações extrabíblica que
abordam a infância, adolescência e juventude do
profeta Jonas estão embasadas no Midrash. Ape-
sar de parecerem lendárias algumas informações
que a tradição do povo judeu nos apresenta deve-
se respeito, afinal são séculos de história embuti-
dos na mentalidade deste povo. Através de regis-
tros e até mesmo de forma oral essas informações
vêm sido trabalhadas de geração em geração na
vida de cada judeu.
Wilfrid Harrington foi bem expressivo em deta-
lhar a importância da tradição dentro da cultura
judaico-cristã e principalmente para a nossa lite-
ratura.
54. Allan Lessa
54
Muito do Antigo Testamento está baseado
na tradição oral. A parte que vêm no início
de nossa Bíblia – do Pentateuco a Samuel –
se baseia em muitas tradições orais centra-
das principalmente em torno dos patriarcas,
Moisés, Josué, os Juízes, Samuel, Davi e,
posteriormente, numa seção dos Reis, Elias
e Eliseu. Essas tradições, mesmos antes
que fossem colocadas na forma escrita, for-
mavam uma verdadeira literatura. (HAR-
RINGTON, 2008, p.14)
O interessante são os detalhes minuciosos que
nos são propostos dentro da tradição. Sobre isto
confira a proposta de Sandrini em defesa da tra-
dição histórica.
As pessoas possuíam, portanto, conheci-
mentos e experiências pessoais sobre os
outros, acumuladas de muitas gerações. O
saber acumulado, assim como foi transmi-
tido pela tradição, em nenhuma época foi
55. Allan Lessa
55
suficiente para dar resposta e esclareci-
mento a todas as perguntas. Durante milê-
nios, porém, ele foi capaz de soldar todos
os aspectos da vida numa unidade fechada.
[...] a história é vista como um retorno ao
passado. O ponto de referência fundamen-
tal é o passado, uma vez que o presente e o
futuro nada mais são que a repetição do
passado. As pessoas mais importantes são
os idosos, uma vez que elas receberam a
tradição dos seus antepassados e tem a mis-
são histórica de transmiti-la para outras ge-
rações (SANDRINI, 2009, p36)
Abordando a mesma temática Miklós
Tomka esclarece um fator determinante dizendo
que “a tradição traçava os limites do pensamento
e do comportamento e definia o que era conside-
rado real e irreal, ou permitido e proibido”.
(TOMKA, 1997, p13, 389 apud SANDRINI,
2009, p.36). É bem sabido que as tradições dos
56. Allan Lessa
56
judeus não são prováveis, entretanto quem me-
lhor conhece a biografia deste homem do que o
seu próprio povo. O profeta realmente existiu
conforme nos mostra a tradição.
O Rabino Natan Scherman em um artigo sobre o
profeta Jonas a Chabad NEWS (Enciclopédia
Mensal do Judaismo) nos dá as seguintes infor-
mações sobre o profeta.
No pensamento judeu “Jonas, filho de
Amitai, era filho da viúva de Serepta (o me-
nino que Elias resssuscitou). Ele era um
justo e perfeito”. (Midrash Shocher Tov,
26:7). Para o rabi Eliezer “Jonas era igual a
Elias; e foi Eliseu quem o ungiu”. (Midrash
Rabi Eliezer). Outras informações também
são importantes como a que diz que “Jonas,
filho de Amitai, era um profeta verdadeiro”
(Yerushalmi, Sanhedrin 11:8). (Mechiltá,
57. Allan Lessa
57
Pesichta Bo). (SCHERMAN, 1991, p.9)
(grife minha)
Na época em que surge um profeta com o
nome de Jonas na Bíblia Sagrada quem reinava
em Israel era Jeroboão II, justamente sucedendo
seu pai Jeoás. Este rei era a terceira geração da
descendência de Jeú que subia ao trono. Esta se-
quência de sucessões da descendência de Jeú é
interrompida no próprio filho de Jeroboão II que
se chamava Zacarias que foi morto por Salum,
filho de Jabes. Cumprindo assim o que o Senhor
teria dito a Jeú (2 Rs 10.29;2 Rs 15.12).
Scherman nos apresenta o que o Rabino Eliezer
pensava sobre este assunto.
58. Allan Lessa
58
O jovem profeta enviado por Eliseu a ungir
Jeú rei de Israel, era justamente Jonas filho
de Amitai (Pirkê de Rabi Eliezer 10; Sêder
Olam 19) (2 Rs 9.1). O Rabino continua
nos informando que foi através do profeta
Jonas que o Senhor falou a Jeú que até a
quarta geração sua descendência seria man-
tida no trono em Samaria (Melachim II
X:30; vide Rashi e Sêder Olam). Maharzu
sustenta que todas as profecias para a casa
de Jeú, foram transmitidas através de Jonas
(Bereshit Rabá XXI: 5). (SCHERMAN,
1991, pp.10 -11). (Grife minha)
Sendo assim isto ocorre 61 anos antes
de Jonas ser manifesto no reinado de
Jeroboão II. Isto confirma o texto bíblico
acima já apresentado.
59. Allan Lessa
59
Samaria, Reino do Norte (Descendência
de Jeú, filho de Josafá, filho de Ninsi)
Jeú reinou 28 anos em Samaria (Reino do Norte) (2
Rs 10.36).
Jeoacás reina 17 anos (2 Rs 13.1).
Jeoás fica no trono por 16 anos (2 Rs 13.10).
Jeroboão II reina por 41 anos (2 Rs14.23).
Zacarias reina apenas 6 meses (2 Rs 15.10).
Isto acontece no décimo quinto ano de
Amazias rei de Judá. A capital do reino de Israel
era Samaria e lá era a residência do rei. Porém a
bíblia nos relata que Jeroboão II fez o que era mal
aos olhos do Senhor (2 Rs 14.24).O rabino Scher-
man disse que “Jeroboão II como o seu homô-
60. Allan Lessa
60
nimo foi um rei perverso” ( SCHER-
MAN,1991,p.11). O rabino está fazendo referên-
cia a Jeroboão, filho de Nebate, que o escritor
deuteronomista dos livros dos Reis o menciona
como o personagem degradante que fez pecar a
Israel (2Rs 14.24). A situação de Israel nesse mo-
mento era catastrófica. Acompanhe o relato bí-
blico.
“Porque viu o Senhor que a miséria de Israel era
mui amarga e que nem havia encerrado, nem li-
vre, nem quem ajudasse a Israel”. (Bíblia. ARC.
2 Rs 14.26).
Entretanto a bíblia informa que conforme
a palavra do profeta Jonas filho de Amitai, Deus
fez Israel reconquistar terras antigas. Para Mears
61. Allan Lessa
61
“Jonas cooperou para tornar o reino de Israel
muito poderoso e próspero”. (MEARS, 1982,
p.267). Esta reconquista só foi possível através
de Jeroboão II, o que é notório por causa do seu
ofício, mas este era um rei abominável. Josefo
narra o que aconteceu, confira:
Nada se poderia acrescentar à impiedade
desse soberano e à sua inclinação para a
idolatria, que o levou a fazer coisas extra-
vagantes, atraindo sobre o seu povo males
infinitos. O profeta Jonas predisse-lhe que
ele venceria os sírios e levaria os limites do
reino até a cidade de Hamate, do lado norte,
e até o lago Asfaltite, do lado sul, que eram
os antigos limites da terra de Canaã, fixa-
dos por Josué. Jeroboão II, animado por
essa profecia, declarou guerra aos sírios e
conquistou todo o país, conforme Jonas ha-
via predito, do qual se tornaria senhor. (JO-
SEFO, 2011, p.453.)
62. Allan Lessa
62
Os profetas Amós e Oséias contemporâ-
neos de Jonas relatam acerca deste período tam-
bém em seus livros. Sobre Jeroboão II Cabral
acrescenta.
Com Jeroboão II (783 - 743 a.C), temos o
apogeu político e econômico de Israel. Au-
menta a diferença social. Cresce a classe
urbana e rica às custas do empobrecimento
de grande parte da população, sobretudo o
campo, a maior vítima da injustiça e explo-
ração (Am 2,6-16). Para manter seus inte-
resses socioeconômicos, Jeroboão II inten-
sifica uma política de centralização. O es-
tado precisa do produto do campo para ma-
nutenção da corte, da cidade e do comércio.
Para isso, usa a lei da centralização que
obriga o povo a entregar seu produto num
lugar único que, no caso, é o santuário de
Betel, chamado ‘o santuário rei’ (Am 7.13),
em detrimento dos santuários populares do
interior, como Siquém. Esse tipo de centra-
lização necessita de um Deus oficial forte,
por isso a perseguição ás outras religiões e
63. Allan Lessa
63
a apostasia da fé em Iahweh (2 Rs 10.18-
27; Dt 13.13-16) (CABRAL, 2009, p.156).
“[...] a miséria de Israel era amarga...” (Bíblia.
ARC. 2 Rs 14.26). A primeira impressão que te-
mos desta parte do versículo é que nos apresenta
certa obviedade. Portanto vamos analisar o termo
hebraico para o vocábulo “amarga” inserido pelo
autor aqui, acompanhe.
Transliterado é “Marah”. É um adjetivo de
raiz primitiva que significa “ser rebelde”.
Numa aplicação, esta palavra se refere à re-
belião de um filho contra seus pais (Dt
21.18-20). Em todos os outros casos a pa-
lavra foi usada com referência à rebelião
contra Deus, que o levou a agir. (Bíblia de
Estudo Palavra-Chave, 2011, p.1170).
Ao analisarmos, temos que aplicar o con-
ceito simples de causa e efeito para entendermos
o que autor deuteronomista dos livros dos Reis
64. Allan Lessa
64
quis nos informar. Na primeira impressão somos
tendenciosos a interpretar que a causa é o subs-
tantivo feminino “miséria” e o efeito é o adjetivo
feminino “amarga”, portanto com o termo he-
braico esclarecido percebemos que é justamente
o oposto. Quando o autor usa o termo hebraico
“Marah” ele nos informa a causa da miséria que
Israel estava vivenciando. A informação que ad-
quirimos é que a causa primária foi o distancia-
mento de Deus promovido por Israel naquele
momento. Em um sentido prático, a rebelião do
povo contra Deus, obteve uma resposta ou um
efeito a altura ocasionada por Deus. Porque o
termo hebraico utilizado aqui nos informa que
não foi uma ação e sim uma reação do Soberano.
65. Allan Lessa
65
A situação que Israel estava era justamente moti-
vada pela perca de comunhão com Deus e apro-
ximação de outros deuses (idolatria). A apostasia
do próprio povo foi à causa de toda situação ca-
ótica que o povo estava vivenciando. Israel não
estava mais encontrando em Deus o seu elo forte
com isso começou a buscar num ato de provoca-
ção instintiva a produzir seu próprio elo forte.
Aqui aprendemos uma grande lição moral. Por-
que temos que num sentido simplório mais prá-
tico, apanhar para aprender? E a resposta está ba-
sicamente neste versículo. O único momento que
o ser humano reconhece que errou é quando ele
sente na própria pele. Eis ai o processo da “dor”.
Precisamos passa por este processo para depois
66. Allan Lessa
66
nos depararmos com as nossas fragilidades e re-
conhecermos que sem Deus tudo é inútil. Deus
por intermédio do profeta Oséias nos dá uma sín-
tese deste fato “Vinde, e tornemos para o Senhor
porque ele despedaçou e nos sarará, fez a ferida
e a ligará” (BÍBLIA. ARC. Os 6.1). Porque mo-
tivo teria Deus de despedaçar e depois sarar, fa-
zer a ferida e a ligar? O autor nos dá a entender
que foi propositalmente. A resposta é simples
Oséias inicia seu ministério no final do reinado
de Jeroboão II, Deus obviamente queria que o
povo passasse por esse processo de dor porque
somente assim os mesmos iriam tornar a ter uma
aliança consigo. O Soberano está chamando o
povo a restabelecer uma “aliança”. O segredo
para Israel era “Vinde, e tornemos ao Senhor”
67. Allan Lessa
67
(BÍBLIA. ARC. Os 6.1). Para Ellisen apesar da
iniquidade, Deus derramou sua misericórdia fa-
zendo prosperar territorialmente esta nação para
servir de estímulo ao arrependimento. (ELLI-
SEN, 1991, p.300).
NÍNIVE, UMA CIDADE
Se o livro de Jonas fora escrito no final do
império persa e a sua abordagem é didática e não
possui um zelo histórico, por que o autor coloca
Nínive na sua narrativa? Qual era a intenção do
autor? Afinal de contas Nínive foi destruída em
68. Allan Lessa
68
612 a.C. sendo assim no século IV a.C., esta ci-
dade já não existia a mais de 200 anos8
. Prova-
velmente o autor se lembrava do que seus ante-
passados relatavam acerca da poderosa Nínive e
as atrocidades que o seu povo era capaz de fazer.
Kilpp nos presta algumas informações categóri-
cas sobre isto.
O símbolo continuava vivo. Isto é, na
mente das pessoas, em especial dos israeli-
tas, Nínive continuava a existir como a ci-
dade grande, má e violenta por excelência.
Nínive havia se tornado o objeto do ódio e
do rancor israelita acumulados durante sé-
culos de opressão e sofrimento sob diver-
sos povos e impérios estrangeiros (KILPP,
2008, p.35).
8
KILPP, Nelson. Jonas. São Paulo: Loyola. 2008, p.35
69. Allan Lessa
69
Ellisen salientando sobre Nínive nos dá al-
gumas informações.
Geograficamente, Nínive era uma cidade
que se distava aproximadamente 960 km de
Israel onde o seu percurso só poderia ser
percorrido em três meses nos tempos anti-
gos [...]. Moralmente, os habitantes de Ní-
nive eram conhecidos como uma ‘raça sen-
sual e cruel’. Viviam de saques e orgulha-
vam-se dos montes de cabeças humanas
que traziam de violentas pilhagens de ou-
tras cidades. Fortificaram-se com um muro
interno e outro externo. O muro externo ti-
nha 96 km de extensão, 30 metros de altura
e uma largura suficiente para três carroças
conduzidas lado a lado. A intervalos, por
todo o muro, havia 50 torres de 60 metros
de altura para o serviço de vigilância reali-
zados pelas sentinelas [...]o muro interno
da cidade tinha menos de 5 Km de diâme-
tro,suas aldeias e subúrbios espalhavam-se
numa circunferência de mais de 32 km.
(ELLISEN, 1991, pp.302-303)
70. Allan Lessa
70
Segundo Mears, Nínive se situava a mar-
gem oriental do Tigre, cerca de 600 km do mar
Mediterrâneo. [...] era tão grande em iniquidade
quanto em riqueza e poder (MEARS, 1982,
p.268). Esta distância é claro dependia de que
ponto do Mediterrâneo estava sendo usado para
medição. Segundo a Bíblia esta cidade foi edifi-
cada por Ninrode, descendente de Cuxe, filho de
Cam, filho de Noé (BÍBLIA. ARC. Gn 10.6-11).
Kilpp nos informa.
Ela se tornou, depois de Assur, a segunda
capital do Império Assírio, após Senaque-
ribe tê-la fortificado e nela ter construído o
seu palácio, fazendo dela, em 705 a.C. a sua
residência. Até sua destruição por uma co-
alizão de medos e babilônicos em 612 a.C.
Nínive certamente cresce bastante em ta-
manho, e principalmente, em importância
(KILPP, 2008, p.34).
71. Allan Lessa
71
Os dados arqueológicos de Ellisen a res-
peito de Nínive provavelmente são correspon-
dentes ao tempo de Senaqueribe. Ao apogeu
desta cidade. É dito por alguns estudiosos que a
cidade de Nínive era composta por três cidades
na tentativa de explicar os três dias de caminho
do profeta para atravessar a cidade, chamado de
“triângulo de Nínive”. As três cidades eram Ní-
nive, Khorsabad ao norte e Ninrode (Calá) ao sul.
Assim poderia supostamente abranger uma faixa
territorial concernente ao texto. Porém esta infor-
mação trata-se apenas de suposições improváveis
até o hodierno. A famigerada Nínive no texto de
Jonas é apenas uma reprodução literária. É a
ideia de que o autor do texto tinha desta cidade.
72. Allan Lessa
72
Afinal o autor era um hebreu que tinha uma men-
talidade negativa de Nínive. Isso se deu devido
às histórias que foram transmitidas a ele por seus
ancestrais. É bem provável que houve exagero
por parte do autor em relação ao tamanho da ci-
dade de Nínive, como também houve em relação
ao arrependimento coletivo. Porque não temos
nenhum registro ao longo da história de que al-
gum rei ou que os habitantes de Nínive tiveram
alguma espécie de arrependimento coletivo.
Ainda mais que se encaixe dentro dos parâmetros
encontrados no texto de Jonas.
Nos dias do profeta Jonas, o histórico, a
cidade de Nínive não tinha atingido ainda a di-
mensão que é apresentada no livro. Isso só se deu
no reinado de Senaqueribe quando foi fortificada
73. Allan Lessa
73
e feita a capital da Assíria em 705 a.c. Também
nos dias do profeta não existia a ideia de rei de
Nínive e sim de rei da Assíria. Nínive não era
uma cidade-estado nos dias de Jonas este modelo
veio ser conhecido através do império persa.
77. Allan Lessa
77
No período pós-exílio tratava-se de um re-
começo para o povo hebreu, onde o objetivo cen-
tral era reconstruir a cidade e o templo. É sabido
que após o exílio a idolatria foi extirpada no meio
do povo. É interessante frisar que por causa da
união dos samaritanos com o povo assírio através
de casamentos e costumes que se tornaram sin-
crético, o povo do Reino do Sul ou Judá bloqueou
qualquer forma de relacionamento amigável com
eles. Para o povo do sul os samaritanos (Reino do
Norte) era um povo contaminado. Esta situação
se agravava ao ponto de os samaritanos terem
que construir um novo local de adoração no
monte Gerizim. Até mesmo um diálogo entre um
judeu e um samaritano não era visto de bom
grado pelo povo, não havia comunicação. Este
78. Allan Lessa
78
século dá o início aos quatro últimos séculos an-
tes de Cristo conhecido como interbíblico. O pe-
ríodo do silêncio de Deus, onde a voz ativa do
Soberano não era mais ouvida através de profetas
erguendo a voz no meio do povo. Onde a nação
era contada como província e o povo era liderado
por um governador nomeado pelo imperador. O
sumo sacerdote obtinha também poder político.
O povo estava com a mentalidade opressiva
(trauma) do cativeiro. Então sua concepção era
que as nações estrangeiras opressoras não tinham
direito de misericórdia. Com uma mentalidade
exclusivista e radical o povo não aceita a figura
de um Deus universal e sim eles querem um Deus
exclusivo da nação. O monoteísmo radical após
o exílio fez com que o povo pensasse de certa
79. Allan Lessa
79
forma que possuíam a Javé. É nesse ínterim que
o autor através do livro de Jonas tenta chamar
atenção do povo para um Deus universal.
LINGUAGEM LITERÁRIA
O livro de Jonas apresenta um relato sobre
o profeta Jonas em prosa; o único texto
poético é a oração de Jonas no ventre do
peixe, ou seja, um salmo [...] Se desconsi-
derarmos a oração em forma de salmo con-
tida em Jonas 2, veremos que a história so-
bre Jonas tem os elementos característicos
de um conto. É uma narrativa bem elabo-
rada, na qual se alternam relatos de eventos
e diálogos em rápida troca de cenários
(KILPP. 2008. p13).
A abordagem literária deste livro é sim-
plista dando ao leitor uma fácil compreensão do
texto. Portanto o uso abusivo da hipérbole faz
80. Allan Lessa
80
com que dificulte a compreensão literária, por-
tanto centraliza a questão teológica da obra.
Kilpp faz à alusão a hipérbole do livro.
Uma segunda característica da narrativa é o
uso da hipérbole, ou seja, do exagero. Mui-
tas vezes o autor exagera os aspectos que
quer destacar. Geralmente, a história pre-
tende retratar condições normais de vida,
mas ocasionalmente ocorre um visível exa-
gero [...] O exagero tem a função de desta-
car, no processo de aprendizado de Jonas, a
grande bondade de Deus para com seu pro-
feta [...] Esses exageros evidenciam que o
livrinho de Jonas não tem a intenção de for-
necer um registro fiel do que ocorreu no
passado (KILPP, 2008, pp.13-14)
Kilpp recondiciona a posição do autor do
livro que no qual chama de livrinho por causa da
81. Allan Lessa
81
pequena extensão do livro e não por causa do de-
mérito. Vimos que Kilpp mais abaixo em sua
obra ele compara esse conto com novela justa-
mente pelo cunho artístico que o autor nos pro-
porciona. Kilpp exalta a posição do autor quando
diz que “a mais importante característica dessa
novela é o seu cunho didático” (KILPP, 2008,
p.14). É com notoriedade que observamos que
está implícita no livro uma redação metafórica
apesar de obter artifícios históricos.
Sandrini relatando sobre a forma metafó-
rica em que a Bíblia implica em sua redação
afirma que “quase toda linguagem bíblica é me-
tafórica [...] Se tirarmos a linguagem metafórica
pouca coisa sobra não só da Bíblia, mas dos li-
vros sagrados das religiões”. (SANDRINI, 2009,
82. Allan Lessa
82
p.207). A metáfora como figura de linguagem é
bem explorada dentro do contexto bíblico-religi-
oso como também serviram de base para explica-
ção racional do mundo.
Sandrini obtêm um aprofundamento nesta
questão, confira.
A filosofia grega iniciou o pensamento ra-
cional, o logos, no Ocidente. Os pré-socrá-
ticos, porém, não acabaram com o mito.
Aliás, é só tomarmos toda a literatura pro-
duzida por Platão e vamos ver que os mitos,
as metáforas, as alegorias estão presentes
para explicar este mundo. Quanta diferença
entre a linguagem platônica e a aristotélica,
por exemplo. O mesmo se diga da literatura
bíblica. (SANDRINI, 2009, p.207).
Para o autor proposto acima as metáforas
tem a sua importância tanto em um sentido raci-
83. Allan Lessa
83
onal ou didático. Até mesmo filósofos da abran-
gência de Platão fizeram uso da mesma para ob-
ter uma explicação formal acerca do mundo. Os
mitos são uma observação própria do ser hu-
mano. É um modo de tentar compreender a es-
sência divina ou metafísica.
Para Boff o mito se explica desta forma.
Mito em grego significa narrativa e enredo.
A narrativa costuma ser viva e perpassada
da emoção. Possui um enredo que revela o
sentido das coisas narradas. Não é algo me-
ramente conceitual, embora use conceitos.
É afetivo e obedece à lógica dos sentimen-
tos (BOFF, 2005, p.85 apud SANDRINI,
2009, p. 208).
Sandrini diz que para Boff o mito tem três tare-
fas fundamentais. Ele conta explica e revela. Ao mesmo
84. Allan Lessa
84
tempo tem quatro funções: mística, cosmológica, ética,
pedagógica (SANDRINI, 2009, p.208).
Vejamos o que Boff aborda, segundo Sandrini.
O mito nos leva até o fundo das reservas
psíquicas da humanidade. Sejam quais fo-
rem nossas raízes culturais e religiosas, ou
nossa psicologia pessoal, a familiaridade
com os mitos proporciona um elo vital de
ligação com o sentido. Muitas vezes sua au-
sência está por trás das neuroses individu-
ais e coletivas de nosso tempo. Em resumo,
ao estudar os mitos estamos em busca da-
quilo que nos vincula mais profundamente
à nossa própria natureza e ao nosso lugar
no cosmo (HOLLIS, apud BOFF, 2006,
p.88 apud SANDRINI, 2009, p.208).
Através do mito nós podemos compreender a
história. A figura mitológica dentro do livro de Jonas
poderia implicar justamente na ocasião do grande peixe.
“Porque Nínive é uma transliteração hebraica do nome
assírio Ninus, um dos nomes da deusa Istar, simbolizada
85. Allan Lessa
85
por um peixe dentro de um cercado” segundo o Dr. Is-
mael Santos (SANTOS, 2011, pp. 114-115). Dentro da
mitologia o grande peixe salvando Jonas no mar e con-
servando em vida no seu ventre por três dias e logo após
vomitando em terra seca sem nenhum ferimento poderia
de certa forma explicar a fácil aceitação da mensagem
do profeta por parte dos autóctones (povo de Nínive). O
peixe é tratado como um animal zoomórfico pelos nini-
vitas, então poderiam supor os habitantes de Nínive que
o tal profeta fora trazido com uma mensagem pelo seu
deus. Só que tem um porém nesta abordagem. Deus
aceita o sacrifício dos mesmos como forma de arrepen-
dimento e o próprio Soberano se arrepende do que teria
dito, o que teria motivado a reivindicação do profeta
(BÍBLIA,ARC. Jn 3.10). Apesar de que podemos até en-
contrar no texto algumas abordagens que “aparentam”
86. Allan Lessa
86
ser mítica jamais podemos conceber de forma intencio-
nal uma redação que seja comprovadamente mítica9
.
Como Deus aceitaria sacrifícios de arrependimento
apresentados a uma divindade pagã e Ele mesmo se ar-
rependeria das suas palavras por causa disto? A resposta
é única e obvia, o texto é um conto que em forma de
metáfora tenta apresentar uma aplicação simbólica ge-
rando um resultado didático. O autor está intencional-
mente aplicando em sua literatura certo exagero meta-
fórico para chamar a atenção a uma ilustração de ensi-
namento aos seus leitores. Lasor, Hubbard e Bush con-
cordam entre si, confira.
O valor didático de uma narrativa não de-
pende necessariamente de sua historici-
dade. Pouco importa se as minúcias cons-
tantes da parábola do Bom Samaritano (Lc
10.30-35) são historicamente precisas ou se
9
LASOR, Wiliam S. HUBBARD, David A. BUSH, Frederic W. Introdução ao An-
tigo Testamento. São Paulo: Vida Nova. 1999.p.417.
87. Allan Lessa
87
o evento em si é histórico: a parábola cum-
pre o seu papel. De igual modo, a história
de Jonas pode ter sido contada apenas para
ilustrar uma lição. É preciso analisar outros
fatores (LASOR, HUBBARD, BUSH,
1999, pp. 415 - 416).
Para Dillard e Longman “a questão da in-
tenção de historicidade do livro não tem efeito
nenhum sobre a interpretação da mensagem teo-
lógica do livro ou mesmo sobre a exegese de pas-
sagens específicas” (DILLARD, LONGMAN.
1995, p.293 apud LASOR, HUBBARD, BUSH,
1999, p.807). O agrupamento literário tenta ex-
por de forma sistemática que há elementos histó-
ricos envolvidos como por exemplo, a identidade
do profeta, o porto de Jope, os navios de Társis,
o costume arcaico de lançar sortes e a cidade e os
88. Allan Lessa
88
habitantes de Nínive (apesar de estar fora da cro-
nologia histórica). Entretanto estas abordagens
estão sendo apresentadas da mesma forma que na
metáfora há também elementos que sugerem
como realmente históricos. No entanto entro em
concordância com alguns especialistas no Antigo
Testamento como é o caso de Lasor, Hubbard e
Bush quando dizem que “como parte do cânon
bíblico, Jonas deve ser estudado com a atenção
voltada principalmente para a mensagem teoló-
gica” (LASOR, HUBBARD, BUSH, 1999,
p.419).
89. Allan Lessa
89
O “DIZ-SE” DE JOSEFO
“Diz-se que um grande peixe o engoliu e,
depois de ele ter passado três dias e três noites
em seu ventre, ele o restituiu vivo e sem feri-
mento algum á praia do Ponto Euxino” (JO-
SEFO, 2011, p. 454). A expressão utilizada por
Josefo em sua obra é emblemática quando nos
apresenta certo tom de incerteza por parte do his-
toriador, mesmo sendo judeu de nascimento, de
linhagem real e vivendo no séc. I d.c. O que nos
chama atenção é que um pouco antes ele nos diz
“como prometi narrar sincera e fielmente tudo o
que está escrito nos Livros Santos, não devo pas-
sar em silêncio o que eles referem acerca desse
profeta” (JOSEFO, 2011, p.453). O historiador
nos informa que irá ser fiel em seu relato da
90. Allan Lessa
90
mesma forma como foi em todos os seus regis-
tros. Josefo narra a história com uma concepção
de historiador em uma mentalidade judaica. Ao
usar esta expressão ele quer demonstrar que não
está seguro desta informação, porém é o que se
acredita entre o povo. A questão do peixe é um
dilema antigo. Tenta-se provar que existe alguma
espécie de peixe que teria condições de engolir
um homem, mais até no hodierno são apenas su-
posições. Mas mesmo se tivesse teríamos que so-
lucionar o problema do suco gástrico do ventre
do peixe. E também teríamos que responder
como o profeta pode estar consciente a ponto de
orar um salmo mesmo sem oxigênio. E o mais
interessante como o profeta pode sair ileso, sem
nenhum ferimento do ventre do peixe depois de
91. Allan Lessa
91
três dias e três noites. São indagações que expli-
cam o “diz-se” de Josefo. Poderíamos responder
usando a fé como argumento, mais seria uma res-
posta vazia. Alguém me perguntaria: Você não
acredita na Onipotência de Deus?
Eu responderia que sim, Deus é poderoso
para realizar feitos extraordinários.
Mais eu perguntaria a devida pessoa: Você
precisa que Deus realize grandes feitos para acre-
ditar nEle?
Deus pode fazer acontecer milagres resol-
vendo todas estas indagações, porém nós cremos
em Deus pelo que Ele é ou pelo o que Ele faz?
92. Allan Lessa
92
Se a redação deste livro é apenas didática
volto a frisar não anula a sua mensagem teoló-
gica. Nós estaríamos apenas acreditando como
texto literal por que no contrário nós estaríamos
anulando o poderio de Deus como aborda alguns
teólogos. “Mas não é assim”. O poderio de Deus
não se resume aos seus feitos mais se amplia a
plenitude da sua essência. A canonicidade deste
livro não necessita da literalidade porque o pró-
prio Jesus fez uso deste livro a fim de aplicar uma
mensagem teológica.
Josefo informa que o peixe vomita Jonas
na praia do Ponto Euxino como se acreditava na
época. O Ponto Euxino era a expressão primária
do mar negro. Mais especificamente em uma
praia da Turquia. Portanto há outra tradição que
93. Allan Lessa
93
informa que o peixe estava no mar mediterrâneo
e vomita em uma praia do Líbano que leva o
nome do profeta. Para Kilpp o peixe vomita Jo-
nas em uma praia do Mediterrâneo que distava
acerca de 1.500 km de Nínive10
. Muitas interpe-
lações tem se feito em encontrar o local exato do
litoral que o peixe deixara Jonas, porém volto a
frisar que apesar de nós termos artifícios históri-
cos que o autor usa para abalizar sua redação
trata-se de um conto didático sem nenhuma in-
tenção literal. Portanto se o autor já não se preo-
cupou em relatar esta informação, é pelo fato de
não dar a devida importância, contando que esta
informação se faz desnecessária ao seu tipo de
10
KILPP, Nelson. Jonas. São Paulo: Loyola. 2008.p.86.
94. Allan Lessa
94
contexto. Alguém para descredibilizar esta infor-
mação e para tentar provar a literalidade do texto
historicamente, irá nos relembrar o fato ocorrido
nas ilhas Malvinas. Um marinheiro inglês James
Bartley que “supostamente” foi salvo por um ca-
chalote ficando no ventre por cerca de 15 horas11
.
No entanto a esposa do capitão do navio Estrela
do oriente disse que não há uma palavra de ver-
dade na história da baleia, porque estava com seu
marido todos os anos em que esteve na Estrela do
Oriente. Nunca houve um homem perdido no
mar que esteve abordo do Navio e a tutela do ca-
pitão. Sem falar que não existe esse nome na lista
dos marinheiros abordo do navio. É interessante
dizer que tiveram várias contradições do autor
11
HTTP://pt.m.wikipedia.org/wiki/jonas_(profeta)
95. Allan Lessa
95
deste conto12
.E mesmo se fosse verdade, o conto
diz que Bartley ficou com a sua pele alvejada e
tinha ficado inconsciente dentro do peixe. Ficou
também cego pro resto da vida. O autor aborda
que Jonas fica 72 horas no ventre do peixe. E Jo-
sefo relata que Jonas sai sem nenhum feri-
mento.13
Para sair ileso seria necessário anular o
suco gástrico e a falta de oxigênio. E o mais inte-
ressante é que o ambiente de convívio deste
grande peixe é no mar, na água, sendo assim
como o personagem estaria vivo por três dias no
fundo do mar sendo que sua estrutura fisiológica
12
Edward T. Babinski. Histórias de homens Engolido por baleias. Disponível
em:
http://etb-biblical-errancy.blogspot.com.br/2012/03/stories-of-men-swallo-
wed-by-whales.html
13
JOSEFO, Flávio. História dos Hebreus. 20. ed. Rio de Janeiro: CPAD. 2011,
p.454.
96. Allan Lessa
96
não admite esta circunstância. O peixe é adap-
tado em sua estrutura a vivência na água onde ele
retira oxigênio da água quando ingeri. O peixe
precisa da água pra respirar, onde a água passa
pelas brânquias e ali se faz a captação do oxigê-
nio. Portanto o ser humano dentro do peixe
quando este ingeri água, não têm, logicamente
uma estrutura suportável para respirar em meio a
água. Há não ser nos contos didáticos. Sendo que
na época existiam muitos mitos de personagens
ilustres que saíram do ventre de algum peixe
como ato heróico.
99. Allan Lessa
99
Fator interessante deste livro é abordagem
Cristocêntrica que ele nos proporciona. Muitos
quando pensam no livro de Jonas, a primeira re-
flexão que surge ou a primeira imagem é sobre o
grande peixe e o evento em si. A proposta desta
obra é justamente fazer com que seus leitores ao
pensar sobre o livro de Jonas idealizem Cristo.
Afinal este livro apresenta algo singular a res-
peito do Cristo.
Primeiramente ele enfatiza a respeito da
salvação proposto a um povo pagão. Após isto
nós temos uma referência tipológica a respeito de
como ocorreria à ressurreição de Cristo, onde o
próprio Jesus faz uso do texto deste livro a fim
100. Allan Lessa
100
de referenciar sua argumentação quando questi-
onado pelos religiosos sectaristas de seu tempo.
Então, alguns dos escribas e dos fariseus to-
maram a palavra, dizendo: Mestre, quiséra-
mos ver da tua parte algum sinal. Mas ele
lhes respondeu e disse: Uma geração má e
adúltera pede um sinal, porém não se lhe
dará outro sinal, senão o do profeta Jonas,
pois, como Jonas esteve três dias e três noi-
tes no ventre da baleia, assim estará o Filho
do Homem três dias e três noites no seio da
terra. Os ninivitas ressurgirão no Juízo com
esta geração e a condenarão, porque se ar-
rependeram com a pregação de Jonas. E eis
que está aqui quem é mais do que Jonas
(BÍBLIA. ARC. Mt 12.38-41).
101. Allan Lessa
101
Com este relato, Jesus trabalha tipologi-
camente a sua ressurreição. Da mesma forma que
Jonas fica no ventre do grande peixe (Gr.Keitos)
por três dias e três noites, Ele ficaria no seio da
terra. Cristo faz está demonstrando que a sua res-
surreição se daria após três dias e três noites da
sua morte. Teologicamente esta argumentação de
Jesus usando como referência o livro de Jonas
classifica esta obra como Cristocêntrica. A cita-
ção de Jesus não determina esta obra como his-
tórica. Entendemos que Ele estava fazendo uso
de um episódio muito conhecido pelos seus ou-
vintes e interrogantes para referenciar o seu ser-
mão. Estava extraindo de um texto uma interpre-
tação diegética, o que não necessita ser um texto
histórico ou literal poderia ser de uma metáfora
102. Allan Lessa
102
ou parábola como faz frequentemente no seu mi-
nistério. O objetivo de Jesus era fazer com que o
seu público entendesse que o ato da ressurreição
seria mimetizado com o episódio vivenciado pelo
personagem Jonas narrado no livro. Ele também
trabalha a questão do arrependimento dos ninivi-
tas com a mensagem de Jonas, enquanto que o
povo judeu não dava créditos a sua pregação e ao
seu ministério como também não o aceitava
como Messias. O povo pagão se aquebranta en-
quanto os eleitos não o aceitam, é neste cenário
que Jesus afirma que era maior do que Jonas
sendo o filho de Deus (homoousios). No antigo
testamento através do livro de Jonas os leitores
bíblicos já possuem um prenúncio soteriológico
103. Allan Lessa
103
com relação à Cristo e a Israel, e também com
relação à Cristo e a igreja gentia.
Em Lc 11.30 Jesus diz que o sinal que o
filho do Homem daria aos judeus, era o mesmo
sinal de Jonas. O autor do Livro de Jonas apre-
senta um personagem que se sacrifica em prol do
seu povo Israel. Cristo faz essa comparação refe-
renciando o seu sacrifício em prol de Israel e de
toda humanidade.
Alguns critérios classificam esta obra
como messiânica.
a) O foco do livro é sua mensagem soterioló-
gica. (Jn 2.9)
b) O arrependimento dos nínivitas e o con-
traste com a soberba de Israel.(Lc 11.32)
104. Allan Lessa
104
c) Como tipo de Cristo, Jonas oportunizou
salvação ao povo de Nínive através da pre-
gação. (Lc 11.30)
d) A mensagem de Jonas era o arrependi-
mento, assim como a de Cristo. (Mt 4.17;
Jn 3.5)
e) Aplicação do livro de Jonas aborda o per-
dão de Deus a um povo estrangeiro. (1 Jo
1.9; Mt 15.21-28; Rm 11)
Conseguiu entender a ideia geral do livro?
Então vamos frisar alguns pontos gerais!
107. Allan Lessa
107
A ideia de um Deus universal fundamen-
tada no livro de Jonas é de extrema importância
dentro do cenário judaico-cristão. É esta a desig-
nação central do evangelho. Jesus através do so-
frimento vicário expande a salvação a toda raça
humana. O intento desta obra literária foi funda-
mentar através da leitura teológica de vários es-
pecialistas a respeito da redação de cunho meta-
fórica abordada no livro de Jonas. Este livro não
tem uma concepção literal, apesar de ter artifícios
históricos para que haja uma complementação li-
terária. A intenção do autor é justamente implicar
um conteúdo didático que nos proporcione uma
aprendizagem. Um profeta famigerado é utili-
108. Allan Lessa
108
zado para repercutir o texto. Na concepção do au-
tor este personagem dentro da tipologia era um
paradigma de Israel, enquanto que a cena que
aborda Jonas no ventre do peixe apresenta o pro-
feta como um “tipo” perfeito de Cristo, abor-
dando sua ressurreição. Onde o próprio Jesus
trata o relato de Jonas como um “sinal”. Para o
autor o personagem prefere a própria morte a pre-
senciar o arrependimento dos nínivitas e conse-
quentemente de Deus. Abordagem feita pelo au-
tor para denotar o extremismo religioso e o Ja-
vismo radical de Israel. A preocupação do autor
do texto de Jonas é demonstrar que a misericór-
dia de Deus abrange a humanidade sem fazer
qualquer tipo de acepção étnica, cultural e fisio-
lógica.
109. Allan Lessa
109
Entendeu porque o livro de Jonas é uma
obra messiânica?
DEUS NÃO FAZ ACEPÇÕES DENTRO DO
SEU MÉTODO DE SALVAÇÃO!
110. Allan Lessa
110
REFLEXÃO
Jonas 2.8-9
Os que observam as falsas vaidades deixam a
sua misericórdia. Mas eu te oferecerei sacrifício
com a voz do agradecimento; o que votei paga-
rei. Do Senhor vem à salvação.
Um versículo muito utilizado em estudos moner-
gísticos. Naturalmente eles fazem uso apenas da
última parte do versículo que diz que a salvação
vem do Senhor. Com isso é dito que o homem
não tem parte alguma no processo de salvação e
isto é obra apenas do Espírito Santo. Quando ini-
cia o versículo oito já nos deparamos com uma
111. Allan Lessa
111
condição naturalmente fruto de escolhas huma-
nas. Após o delito a busca pela misericórdia se dá
através do sacrifício. O homem é dotado de livre
arbítrio e precisa tomar uma decisão em servir a
Cristo. Através do arrependimento verdadeiro a
misericórdia de Deus expia o homem de seus pe-
cados. Isto se dá constantemente na vida do ho-
mem. Deus tem o desejo de salvar a todos, mas
nem todos querem a salvação.
112. Allan Lessa
112
Construindo respostas
1. Quem foi Jonas? Qual foi seu papel na
história de Israel?
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2. Disserte sobre a datação do livro segundo
Kilpp.
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113. Allan Lessa
113
3. Porque dizemos que o livro de Jonas é uma
obra messiânica?
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4. Qual é o tema do livro de Jonas?
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5. O que é prosa?
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6. O que significa dizer que o texto é hiper-
bólico?
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114. Allan Lessa
114
7. A cidade de Nínive está historicamente
contextualizada no livro? Explique.
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8. Quais são as consequências de rotular-
mos as posições teológicas?
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9. Cite o único texto bíblico que faz referên-
cia ao Jonas histórico.
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10. Qual a diferença entre o Jonas Histórico
e o Jonas Literário?
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117. Allan Lessa
117
Método Histórico-Crítico
Apesar de ser uma forma de interpretação
muito utilizada por exegetas europeus, no Brasil
infelizmente esse método de interpretação tem
sido apontado nos meios cristãos como a inter-
pretação que invalida a fé bíblica. No entanto o
grande desafio do exegeta é justamente conseguir
extrair do texto o que ele realmente quer dizer
sem interferências de crenças pessoais. No meio
acadêmico é necessário utilizar dentro da pes-
quisa um problema gerador. É este problema que
vai nortear a busca por respostas fundamentadas
de acordo com os recursos utilizados dentro do
processo. Este método de interpretação viabiliza
o diálogo com outras disciplinas acadêmicas
como história, filologia, psicologia, geografia,
118. Allan Lessa
118
manuscritologia, etc. O ponto culminante da pes-
quisa é quando o problema gera resultados que
realmente se torna um artigo acadêmico. O obje-
tivo da pesquisa é justamente solucionar as dúvi-
das presentes no texto. Porém as soluções nem
sempre são recebidas de uma forma com que
agrade a massa popular. Este método exige que o
exegeta tenha uma capacidade acadêmica maior
que os outros métodos de interpretação. Desmiti-
ficar é um grande desafio e um caminho a ser per-
corrido pelos estudantes da bíblia sagrada. Um
pensar criterioso faz com que o acadêmico nave-
gue pelas águas profundas do pensamento crí-
tico. O leitor aplicado não se incomoda de per-
guntar várias vezes ao texto exigindo que ele de-
monstre onde estão as singularidades. Ele precisa
119. Allan Lessa
119
enxergar o que só o autor do texto pensou no mo-
mento da compilação literária. Enquanto o texto
não chamar sua atenção para os detalhes não o
abandone. Leia várias vezes à mesma palavra, in-
clusive na língua original. Procure cada ramifica-
ção filológica do vocábulo, isto mesmo, letra
após letra. Dentro desse paradigma basilar você
consegue adquirir uma interpretação mais racio-
nal e prudente ao texto.
Falando a Verdade!
Como diz Paulo Freire quando a educação
não é libertadora o maior sonho do oprimido é se
tornar opressor.
120. Allan Lessa
120
A educação teológica precisa ser aplicada
a fim de nos libertar da imposição de argumentos
falaciosos. Muitos intérpretes não permitem o di-
álogo e acabam demonizando qualquer forma de
questionamento. O nosso dever é indagar o texto
bíblico fazendo com que o próprio texto res-
ponda as nossas questões. Estamos acostumados
a receber os fundamentos e argumentações pron-
tas e mastigadas. Normalmente não temos o di-
reito de questionar o professor, o teólogo, etc. Je-
sus questionava os métodos interpretativos dos
religiosos de sua época, sendo assim recebeu esta
acusação. O questionamento foi um método retó-
rico e dialético muito utilizado pelo Mestre em
seus diálogos com as autoridades religiosas de
121. Allan Lessa
121
seu tempo. A ideia de teologia pronta foi ideali-
zada pela instituição cristã após se tornar uma re-
ligião oficial de Roma. Até os pais da igreja, e
grandes homens da teologia cristã como Agosti-
nho de Hipona (Patrística) e Tomás de Aquino
(Escolástica), questionavam-se como também in-
dagavam e refutavam retoricamente as falácias
teológicas de seu tempo. Quem questiona tem
uma maior probabilidade de realmente entender
a complexidade dos escritos compostos. Por isso
para termos uma verdade que é libertadora e que
gera uma aprendizagem eficaz é preciso trabalhar
a problematização da questão. Na academia o
problema é gerador de pesquisa, com isso enten-
demos que na maioria das vezes a proposta tra-
balhada é hipotética. Sendo que a interpretação
122. Allan Lessa
122
de uma determinada obra literária com compila-
ção tão antiga como a bíblia sagrada gera uma
diversidade de propostas teológicas. A apresen-
tação destas propostas geram grande debate onde
muitos acadêmicos utilizam o método dialético
do per fas et per nefas ( latim: por todos os meios
possíveis, justos e injustos) para impor as suas
ideias.
123. Allan Lessa
123
Chegamos ao fim desta jor-
nada caro leitor (a). Nós cons-
truímos através da pesquisa e conceitua-
mos com o diálogo. Esta é a receita para a
aprendizagem.
125. Allan Lessa
125
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