1. A fruticultura brasileira é importante economicamente e socialmente, gerando empregos e renda no campo. 2. O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de frutas, atrás da China e Índia, com a laranja e banana sendo as principais frutas cultivadas. 3. Apesar da grande produção, o Brasil exporta apenas 1,8% de suas frutas, priorizando o consumo interno, com potencial para reduzir importações e melhorar a saúde da população.
1. UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA NATUREZA
Rio Branco – Acre
2012
FRUTICULTURA TROPICAL
Profº. Sebastião Elviro de Araújo Neto
2. SUMÁRIO
1. IMPORTÂNCIA DA FRUTICULTURA BRASILEIRA .......................................................... 3
1.1 - Aspectos econômicos e sociais .......................................................................................... 3
1.2 - Exportações brasileiras de frutas .................................................................................... 4
1.3 - Em busca da auto-suficiência ........................................................................................... 5
1.4 - Desperdiço de frutas no Brasil ......................................................................................... 5
1.5 - Consumo Per Capta de frutas .......................................................................................... 6
1.6 - Principais países produtores de frutas ............................................................................ 6
1.7 Pólos frutícolas do Brasil .................................................................................................... 7
1.8 Divisão das plantas frutíferas quanto ao clima .......................................................... 7
1.9 - Aspectos sociais ................................................................................................................. 8
1.10 - Aspectos nutracêuticos ................................................................................................... 8
1.11 Função medicinal das frutas ........................................................................................... 16
1.12 REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 18
2. PANORAMA ATUAL E POTENCIAL DA FRUTICULTURA ACREANA ........................ 20
2.1 Fruticultura na Amazônia ................................................................................................ 20
2.2 Aspectos Gerais do Estado do Acre ................................................................................. 20
2.3 Principais fruteiras cultivadas no Acre ........................................................................... 20
2.4 Frutas potenciais ............................................................................................................... 24
2.5 Fruticultura nos Sistemas Agroflorestais-SAFs ............................................................. 25
2.6 Tecnificação dos pomares ................................................................................................. 25
2.7 Agroindústria ..................................................................................................................... 26
2.8 REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 26
3. SISTEMAS DE PRODUÇÃO NA FRUTICULTURA ............................................................ 28
4. PROPAGAÇÃO DE PLANTAS FRUTÍFERAS ..................................................................... 39
4.1 - Propagação por semente ................................................................................................. 39
4.2. Propagação assexuada ..................................................................................................... 45
4.3. Métodos de propagação vegetativa ................................................................................. 48
4.5 Matrizes copa e porta-enxertos ........................................................................................ 69
4.6 Referências ......................................................................................................................... 70
5. VIVEIROS ................................................................................................................................ 71
5.1 Tipos ................................................................................................................................... 71
5.2 Localização ......................................................................................................................... 72
5.3 Dimensionamento .............................................................................................................. 73
5.4 Instalações .......................................................................................................................... 73
5.5 Formação da muda ............................................................................................................ 74
5.6 Substratos e recipientes .................................................................................................... 75
5.7 Recipientes ......................................................................................................................... 79
5.8 REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 80
6. PLANEJAMENTO E IMPLANTAÇÃO DE POMAR ............................................................ 82
6.1 –Planejamento do pomar .................................................................................................. 82
6.2 – Talhões ............................................................................................................................. 82
6.3 - Sistema de Plantio ........................................................................................................... 84
6.4 - Marcação das Covas ....................................................................................................... 85
6.5 - Preparo do solo ................................................................................................................ 86
6.6 - Abertura e preparo das covas ........................................................................................ 86
6.7 - Plantio .............................................................................................................................. 87
6.8 REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 88
7. PODA DAS PLANTAS FRUTIFERAS ................................................................................... 90
7.1 Princípios fisiológicos que regem a poda ......................................................................... 90
3. 3
7.2 Poda e condução de frutíferas .......................................................................................... 92
7.3 Tipos de poda ..................................................................................................................... 93
7.4 REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 97
8. FLORESCIMENTO E FRUTIFICAÇÃO ................................................................................ 98
8.1 Fatores internos que afetam a frutificação ..................................................................... 98
8.2 Fatores externos que afetam a frutificação ................................................................... 102
8.3 Efeito hormonal na frutificação ..................................................................................... 105
8.4 Referências ....................................................................................................................... 105
9. COLHEITA E PÓS-COLHEITA DE FRUTOS ..................................................................... 106
9. 1 Definição de Fruto e Fruta ............................................................................................ 106
9.2 Fisiologia do desenvolvimento dos frutos ...................................................................... 106
9.3 Tipos de colheita .............................................................................................................. 111
9.4 Estádio de maturação ...................................................................................................... 113
9.5 Pré-resfriamento .............................................................................................................. 114
9.6 Higiene do campo e aspectos fitossanitários ................................................................. 115
9.7 Sistema de armazenamento ............................................................................................ 118
9.8 Padronização e classificação ........................................................................................... 121
9.9 REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 122
10 CULTURA DO AÇAIZEIRO ................................................................................................ 124
10.1. Produção brasileira de açaí ......................................................................................... 124
10.2 Produtividade ................................................................................................................ 124
10.3 Origem, Dispersão e Botânica ...................................................................................... 125
10.4 Período de produção ..................................................................................................... 127
10.5 Ecofisiologia ................................................................................................................... 128
10.6 Melhoramento Genético ............................................................................................... 129
10.7 Cultivares ....................................................................................................................... 130
10.8 Propagação ..................................................................................................................... 131
10.9 Nutrição mineral ........................................................................................................... 132
10.10 Manejo agronômico ..................................................................................................... 133
10.11 Pragas ........................................................................................................................... 134
10.12 Doenças ......................................................................................................................... 134
10.13 Colheita e Pós-colheita ................................................................................................ 134
10.14 Pós-colheita .................................................................................................................. 135
10.15 Mercado e Comercialização ....................................................................................... 138
10.16 Coeficiente técnico ....................................................................................................... 140
10.17 Referências ................................................................................................................... 140
11 CULTURA DO CUPUAÇUZEIRO ...................................................................................... 142
11.1 Aspectos Sócio-Econômicos .......................................................................................... 143
11.2. Origem, Dispersão, Botânica e Ecologia .................................................................... 144
11.3 Ecofisiologia ................................................................................................................... 144
11.4 Melhoramento Genético ............................................................................................... 145
11.5 Cultivares ....................................................................................................................... 151
11.6 Propagação ..................................................................................................................... 151
11.7 Nutrição mineral ........................................................................................................... 151
11.8 Manejo agronômico ....................................................................................................... 152
11.9 Pragas do cupuaçuzeiro ................................................................................................ 154
11.10 Doenças do cupuaçuzeiro ............................................................................................ 155
11.11 Colheita e beneficiamento ........................................................................................... 158
11.12 Mercado e Comercialização ....................................................................................... 159
11.13 Coeficiente técnico ....................................................................................................... 159
4. 4
11.14 Referências ................................................................................................................... 160
12. CULTURA DO MARACUJAZEIRO .................................................................................. 162
12.1 Aspectos socioeconômicos ............................................................................................. 162
12.2 - Produção Brasileira .................................................................................................... 162
12.3 Origem, Dispersão e Botânica ...................................................................................... 163
12.4 Ecofisiologia ................................................................................................................... 164
12.5 genéticA do maracujazeiro ........................................................................................... 164
12.6 Melhoramento Genético do Maracujazeiro ................................................................ 166
12.7 Cultivares ....................................................................................................................... 167
12.8 Propagação ..................................................................................................................... 169
12.9 Solos e Nutrição Mineral .............................................................................................. 172
12.10 Manejo agronômico ..................................................................................................... 173
12.11 Pragas ........................................................................................................................... 177
12.12 Doenças ......................................................................................................................... 180
12.13 Colheita e Pós-colheita ................................................................................................ 182
12.14 Mercado e Comercialização ....................................................................................... 185
Custo de produção e rendimento econômico ...................................................................... 186
12.15 Coeficiente técnico para implantação de 1 hectare de maracujá (espaçamento 3,0 x 3,0m) ....................................................................................................................................... 187
12.16 Referências ................................................................................................................... 190
13 CULTURA DO ABACAXIZEIRO ....................................................................................... 195
14 CULTURA DO MAMOEIRO ............................................................................................... 210
5. Importância da fruticultura brasileira
3
1. IMPORTÂNCIA DA FRUTICULTURA BRASILEIRA
O Brasil por possui uma extensa área territorial, com 8.500.000 km2 encontra-se uma grande variação climática e seus microclimas que possibilitam o cultivo econômico da maioria das fruteiras, que torna o país o terceiro produtor mundial de frutas, atrás apenas da China e Índia, primeiro e segundo maiores produtores, respectivamente. Aliado ao volume de produção, a geração de renda e emprego, o consumo interno de frutas, torna a fruticultura um ramo econômico que promove desenvolvimento social no país.
Além do valor da produção, a fruticultura faz parte de rotas turísticas, como os vinhedos do sul do pais, incorporando recursos econômicos e sociais importante para odesenvolvimento dessas regiões, especificamente do campo, com maior agregação de valor, diversificação de produtos e serviços.
1.1 - Aspectos econômicos e sociais
A cadeia produtiva das frutas no campo, abrange 2,5 milhões de hectares, gera 6 milhões de empregos diretos ou seja, 27% do total da mão-de- obra agrícola ocupada no campo. Este setor demanda mão-de-obra intensiva, fixando o homem no campo.
Apesar do baixo retorno econômico nos primeiros anos do pomar, durante a frutificação de muitas espécies, há redução da mão de obra e do custo de produção, podendo garantir renda na agricultura familiar, principalamente em propriedades com pouca mão-de-obra ou mão de obra de idosos.
Em se tratando de empresas rurais, é possível alcançar um faturamento bruto de R$1.000 a R$20.000 por hectare. Além disso, para cada 10.000 dólares investidos em fruticultura, geram-se 3 empregos diretos permanentes e dois empregos indiretos. O valor bruto da produção de frutas em 2009 situou-se em 17,5 bilhões de reais.
As principais frutíferas cultivadas no Brasil são: laranja, banana, abacaxi, melancia, coco, mamão, uva, maçã, manga, tangerina, limão, maracujá, melão, goiaba, pêssego, Caqui, abacate, figo, pêra dentre outras (Quasdro 1). Outras frutas regionais “raras” (exóticas e nativas) possuem alto potencial de mercado, incluindo acerola, atemoya, açaí, cupuaçú, bacuri, marolo, pinha, castanhas, cajá, ceriguela, mangaba, sapoti, graviola, envira-cajú e outras que necessitam ser estudadas (Alves et al., 2008, Farias, 2009).
Dessas frutas, a laranja, representam 42,9% do total da produção de frutas brasileria, seguida da banana com 16,5% da produtção, por isso, seu comportamento tem influência muito forte nos números gerais. E elas registraram desempenho bem diferenciado de 2004 para 2005.
Atualmente, o Brasil é o maior produtor de laranja e o segundo produtor mundial de banana, atrás apenas da Índia.
No Brasil, o estado de São Paulo se destaca na produção de frutas, principalmente pela alta produção de citros e exportação de suco de laranja concentrado e congelado (SLCC), colocando o Brasil como o maior produtor mundial de citros e maior exportador do SLCC. Além disso, destaca-se também pela grande variedade de espécies frutíferas cultivadas em cada um de seus microclimas. Aliado a outros fatores, o alto índice tecnológico nos pomares paulistas, contribui para a boa produtividade alcançada.
Quadro 1.1 Produção, produtividade e área cultivada das principais espécies cultivadas no Brasil em 2009.
A maioria da produção brasileira é destinada ao consumo interno, tanto ao natural quanto processada na forma de doces, geléias, sucos, vinhos e outros. Pois o terceiro maior produtor de frutas não é um dos principais exportadores, em 2009, exportou apenas 1,8% da produção. Porém, apesar de não aumentar o saldo na balança comercial brasileira com as exportações, o consumo interno pode reduzir a importação pelo consumo das frutas brasileiras e com isso, melhorar a saúde da população que se consientiza cada vez mais da importancial alimentar das frutas na saúde humana.
O principal motivo da baixa exportação de frutas pelo Brasil é a baixa qualidade das frutas, infraestrutura deficiente e principalmente os embargos econômicos e sanitários impostos pelos países importadores.
6. Importância da fruticultura brasileira
Sebastião Elviro de Araújo Neto 4
1.2 - Exportações brasileiras de frutas
As frutas brasileiras, aos poucos, vão
ganhando o mercado mundial e abrindo espaço para
transformar o Brasil em um grande exportador,
criando novas oportunidades de negócio para os
agricultores brasileiros em um empreendimento com
alta rentabilidade. No total, a receita com as
exportações brasileiras de frutas cresce
constantemente e atinge seus 609 milhores de reais
em 2010 (Figura 1.1).
A colheita mundial de frutas, no entanto, é de
540 milhões de toneladas, correspondendo ao
montante de US$ 162 bilhões, em valor comercial. A
China, sozinha, é responsável por 157.716 milhões de
toneladas (Quadro 1.2). Embora o País constitua um
grande produtor, a participação do Brasil nos
negócios mundiais de frutas é pequena, representando
1,6% em divisas e 2,3% em volume. A Nação situa-se
em 20º lugar entre os exportadores.
Quadro 1.2 Produção dos principais países produtores
de frutas.
País Produção (t) 2004
China 157.716.081
Índia 54.581.900
Brasil 39.112.663
Estados Unidos 32.523.920
Itália 18.091.800
México 16.863.506
Turquia 16.305.750
Irã 15.139.110
França 11.764.270
Fone: FAO/DATAFRUTA-IBRAF.
Esse mercado movimenta US$21 bilhões por
ano. Mas as vendas brasileiras vêm crescendo, tendo
aumentado em torno de 200% nos últimos seis anos.
Em 2007, a receita com o comércio de frutas ao
exterior foi de US$ 642.743 milhões.
A valorização do real em relação ao dólar foi o
principal obstáculo para um melhor comportamento
das vendas brasileiras de frutas a outros países.
Analisando o caso da maçã: muitas empresas
exportaram porque havia contrato firmado e também
para não perder o cliente, pois o preço da espécie no
mercado externo não compensava. A queda da maçã
foi de 36,91% em valor e de 35,1% em volume em
2005, no comparativo com o ano anterior, quando ela
fora a grande estrela.
Outra fruta que teve redução acentuada – de
58,34% em valor e de 65,99% em volume – nas
exportações de 2005 foi a laranja. Além do dólar
baixo, a doença conhecida como pinta-preta
dificultou as remessas para o exterior. “Todos os
contêineres eram verificados e, se fosse constatado
qualquer indício, a firma era riscada do rol dos
exportadores por parte da Europa”, assinala o gerente
de Exportação do IBRAF. Em razão disso, muitas
empresas nem chegaram a abrir seus packing-houses.
0
100000
200000
300000
400000
500000
600000
700000
800000
900000
1000000
1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2009 2010
US$
t
Figura 1.1 – Evolução das exportações brasileiras de
frutas frescas 1998-2010 (IBRAF, 2012).
Quadro 1.3 Exportação brasileira de frutas em 2009.
Frutas Valor
(US$)
Quantidade
(kg)
Uva 136.648.806 60.805.185
Melão 121.969.814 177.828.525
Manga 119.929.762 124.694.284
Maçã 55.365.805 90.839.409
Banana 45.389.163 139.553.134
Limão 50.693.603 63.060.909
Mamão 35.121.752 27.057.332
Laranja 16.276.736 37.821.810
Abacaxi 998.318 1.889.842
Melancia 12.356.105 28.261.716
Figo 7.310.886 1.446.458
Tangerina 1.850.034 1.977.479
Goiaba 326.364 147.348
Coco 121.240 407.737
Outras frutas 1.931.663 815.874
Outros citrus 4.978 4.51941.117
Total Frutas Frescas 609.612.136 759.420.595
Fonte: SECEX/IBRAF em 03/12/2012
Mesmo com esses problemas, e com todas as
exigências comerciais e sanitárias dos países
importadores, o Brasil continua com sua imagem
fortalecida como grande fornecedor mundial, pois
ocupa o terceiro lugar nas exportações de manga
(com 111 mil toneladas), depois de México (212 mil)
e Índia (156 mil), em números da safra 2004. O País
fica em quinto lugar nas exportações de melão, atrás
da Espanha, Costa Rica, Estados Unidos e Honduras.
A banana, que representa o maior volume de vendas
por parte do Brasil (188,087 mil toneladas em 2004),
torna o País o 15º exportador, sendo as primeiras
posições ocupadas por Equador, Costa Rica,
Filipinas, Colômbia e Guatemala. No coco, os
brasileiros ocupam o 20º lugar; na maçã e na laranja,
o 12º; e na uva, o 18º.
Além de ter havido crescimento nas
exportações brasileiras nos últimos anos, com a
conquista de novos mercados na Ásia e no Oriente
Médio, um ponto fundamental é que as importações
7. Importância da fruticultura brasileira
Sebastião Elviro de Araújo Neto 5
de frutas foram acentuadamente reduzidas. Elas têm se limitado a alguns períodos do ano em que ainda não se registra produção interna ou a alguns tipos específicos. As mais importadas são pêra, maçã, ameixa, kiwi, cereja e nectarina. Em 2005, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) e do Ibraf, as importações brasileiras chegaram a 224,494 mil toneladas em volume e a US$ 125,634 milhões em valor.
Os maiores compradores são os países baixos (Holanda), com 32% do volume exportado, seguido pelo Reino Unido, com 18%, este, desde a década de 90 vem se constituindo como o principal mercado para as frutas brasileiras.
Também no Mercosul está crescendo o mercado para a fruticultura nacional, sendo a Argentina responsável por 12% das nossas exportações e o Uruguai por outros 6%. Além disso, o Brasil exporta para Estados Unidos, Portugal, Bélgica, Finlândia e Emirados Árabes Unidos.
Apenas para fazer uma comparação, o Chile que é um dos maiores exportadores de frutas ao natural, exporta cerca de US$1,6bilhão, aproximadamente o mesmo valor que rende a exportação do suco de laranja brasileiro, exportação de fruta na forma de suco e com valor agregado nas grandes industrias paulistas.
Além dos US$ 643 milhões, o Brasil exportou em frutas processadas, o equivalente a US$ 2.7 bi.
1.3 - Em busca da auto-suficiência
Mesmo sendo o terceiro maior produtor mundial de frutas, o Brasil, país de dimensões continentais, encontra dificuldade em atender ao seu mercado interno e precisa importar para suprir sua demanda de consumo. Mas, nos últimos anos, observa-se um crescente aumento nas exportações e diminuição na importação de frutas (Figura 1.2).
Os problemas para este atendimento vão desde aspectos culturais, precariedade de logística, falta de planejamento e integração dos mercados regionais, até as dificuldades econômicas da maioria da população. Atualmente, o mercado interno segue a tendência mundial de aumento do consumo de frutas frescas, dentro dos princípios difundidos de melhoria da qualidade de vida e cuidados com a saúde. Portanto, além de exportar para o mercado internacional, o Brasil precisará aprender a exportar para ele mesmo, qualificando a produção, a distribuição e a comercialização.
Contudo, a cadeia produtiva da fruticultura é a área que mais cresce dentro do agronegócio brasileiro e deverá alcançar um patamar de grande exportador.
Todos os estados da federação acordaram para uma realidade: a fruticultura gera dinheiro, o País tem potencial para produzir muito e com qualidade, há um mercado com alta demanda e em crescimento.
Quadro 1.4. Importação brasileira de frutas em 2009. Frutas Valor (US$/mil) Quantidade (tonelada)
Pêra
161.974.250
189.840.518
Maçâ
60.046.723
76.879.090
Ameixa
32.417.159
24.278.543
Quiwi
21.867.849
20.596.664
Uva
36.074.860
24.794.695
Ameixas
32.417.159
24.278.543
Pêssegos
13.322.481
11.074.033
Nectarinas
13.221.893
10.421.857
Laranjas
4.841.635
6.002.603
Tangerinas
2.960.118
3.438.598 Total Outras Frutas 367.491.907 374.037.298
Fonte: SECEX/DECEX/MDIC;DECOM/SPC/MAPA
Os investimentos realizados nos pólos de fruticultura irrigada no Nordeste, no sudeste do País e no Sul estão se consolidando porque há um grande retorno econômico e social nesta atividade. Para cada hectare de pomar é gerada uma renda de aproximadamente R$ 15 mil. Isso que dizer que, dentro da agricultura, o segmento frutícola está entre os principais geradores de renda, de empregos e de desenvolvimento rural.
Fatores que incentivam a produção
1. Geração de empregos no campo e na cidade
2. Renda de R$ 1 mil a R$ 25 mil por hectare
3. Sustentabilidade da produção
4. Disponibilidade de recurso
5. Grande demanda no mercado interno
6. Grande demanda no mercado internacional
7. Incentivo às exportações
Exemplos de rentabilidade
Cada hectare de vinho gera:
Renda/hectare/ano: R$ 20 mil de dinheiro novo circulando na região produtora
Renda com industrialização
Mais R$ 20 mil (R$ 40 mil/ha/ano)
Cada hectare de vinhedo oferece
1 emprego direto, a permanência de uma família no campo e 2 empregos indiretos
1.4 - Desperdiço de frutas no Brasil
O Brasil acumula prejuízos de milhões de dólares todos os anos na produção e processamento de frutas. As perdas variam de 30% a 60% do total produzido nos pomares brasileiros, dependendo da espécie e do estágio em que a fruta é descartada pelo mercado.
As perdas começam na lavoura e terminam nas gôndolas dos supermercados. Antes disso, passa pela embalagem inadequada, o transporte indevido, manejo equivocado e estocagem errada. As perdas na lavoura ocorrem por desconhecimento do produtor, que adota manejo inadequado do pomar e usa variedades não-adaptadas. Além disso, há os fatores
8. Importância da fruticultura brasileira
Sebastião Elviro de Araújo Neto 6
climáticos que podem influenciar, como tempestades, ventos, geadas, excesso hídrico ou estiagens.
A utilização de embalagens inadequadas também é fator de prejuízos à produção nacional de frutas. No Brasil é costume utilizar caixas de madeira estreitas, impróprias para acondicionar o produto. Isso aperta as frutas, machuca e ainda provoca contaminações pelo uso contínuo sem os cuidados de higiene necessários. Por isso é necessária a adequação das embalagens.
Outro ponto fraco do processo pós-colheita da fruticultura brasileira é o transporte, que deveria ser feito em caminhões refrigerados e já com as frutas embaladas. Normalmente a operação é realizada em caminhões comuns cobertos com lonas.
E na comercialização, pelo falta de um bom sistema de informações para viabilizar o planejamento da produção, medida que é rotineira na Europa e nos Estados Unidos. Com informações de mercado, o produtor poderia se planejar para produzir exatamente o volume de frutas que terá demanda.
1.5 - Consumo Per Capta de frutas
O consumo per capta brasileiro é praticamente a metade em relação à Itália, Espanha e Alemanha e bem abaixo de outros países (Quadro1.4). Vários fatores estão relacionados a este fato:
O brasileiro ainda não tem consciência da importância das frutas na alimentação.
O baixo índice tecnologia empregada na fruticultura brasileira causa preços elevados das frutas, além da baixa renda per capta do brasileiro.
O consumo de frutas nativas, como açaí, jabuticaba, cajá, jaca, cupuaçu, graviola e outras não entram na estatística do consumo per capta brasileiro.
O consumo de frutas do quintal também não entra nas estatísticas.
Quadro 1.5 Consumo Per Capta de frutas em alguns países.
País Consumo (Kg / ano)
Alemanha
112,00
Reino Unido
68,50
França
91,40
Itália
114,80
Países Baixos
90,80
Espanha
120,10
EUA
67,40
Canadá
81,10
Japão
61,80 Brasil 57,00
De Angelis (2001) afirma que a educação nutricional ao longo da vida é uma necessidade para melhorar as condições nutricionais.
1.6 - Principais países produtores de frutas
A China foi o maior produtor mundial de frutas no ano de 2002, com a quantidade de 133.077.000 toneladas e destacando-se como grande produtora mundial de melancia, maçã, melão e pêra.
A Índia foi o segundo produtor mundial neste mesmo ano quando registrou a quantidade de 58.970.000 de toneladas e sendo um grande produtor de banana, manga e coco.
Quadro 1.6 Produção mundial de frutas em 2004. (mil toneladas) Mundo China Índia Brasil USA Filipinas Indonésia Itália México Espanha Turquia
Total
503.278.149
157.716
54.582
39.113
32.524
18.092
16.864
Melancia
94.938.957
68.300.000
255.000
622.060
1.669.940
107.056
-
500.000
970.055
764.600
4.300.00
Banana
71.343.413
6.420.000
16.820.000
6.602.750
10.000
5.638.060
4.393.685
400
2.026.610
412.700
110.000
Uva
66.569.761
5.527.500
1.200.000
1.278.885
5.418.160
120
-
8.691.970
456.638
7.147.600
3.600.000
Laranja
62.814.424
1.977.575
3.100.000
18.256.500
11.729.900
28.700
871.610
2.064.099
3.969.810
2.883.400
1.280.000
Maçã
61.919.060
22.163.000
1.470.000
977.863
4.571.440
-
-
2.069.243
503.000
603.000
2.300.000
Melão
27.703.132
14.338.00
645.000
180.000
1.150.440
19.000
-
608.200
590.000
1.102.400
1.700.000
Manga
26.573.579
3.582.000
10.800.000
850.000
2.800
967.535
1.006.006
-
1.503.010
-
-
Tangerina
22.942.253
10.556.000
-
1.270.000
492.600
55.500
-
576.446
360.000
2.368.700
565.00
Abacaxi
15.288.018
1.420.000
1.300.000
1.435.190
270.000
1.759,290
463.063
-
720.900
-
-
Limão
12.338.795
611.300
1.420.000
1.000.000
732.000
52.000
-
564.794
1.824.890
908.700
535.000
Mamão
6.708.551
161.000
700.000
1.650.000
16.240
131.869
-
-
955.694
-
-
Abacate
3.078.111
84.000
-
175.000
200.000
-
177.263
-
1.040.390
75.699
370
Fonte: FAO (2005).
O Brasil está classificado em terceiro lugar com a quantidade de 39.113.000 toneladas, sendo um grande produtor de laranja, banana, coco e mamão.
Depois em quarto lugar aparece os Estados Unidos como grande produtor mundial de laranja, uva, maça e pomelo, a Itália em quinto lugar destacando-se como produtora de uva, maçã e pêssego. O México em sexto lugar como grande produtor de manga, citros, melão e outras frutas tropicais.
9. Importância da fruticultura brasileira
Sebastião Elviro de Araújo Neto 7
1.7 Pólos frutícolas do Brasil
Existem hoje no Brasil 30 pólos de fruticultura, espalhados de norte a sul e abrangendo mais de 50 municípios.
O Pólo Assu/Mossoró, no Rio Grande do Norte, que se tornou a maior região produtora de melão do País, e o Pólo Petrolina/Juazeiro, que já conta com mais de 100 mil hectares irrigados, exportando manga, banana, coco, uva, goiaba e pinha, e garantindo emprego a 4000 mil pessoas em áreas do semi-árido da Bahia e Pernambuco, são exemplos de sucesso.
Outro que vem crescendo e que é um dos mais avançados na produção de frutas para exportação é o Pólo Baixo Jaguaribe, no Ceará, que já conta com 52 mil hectares irrigados.
Também o Pólo de desenvolvimento Norte de Minas/MG merece ser citado por sua importância na produção frutícola que atingiu, em 1999, 264.050 toneladas de banana, limão, manga, uva, coco e mamão.
Não pode ser esquecido o Pólo de São Paulo, um dos primeiros a surgir no País e que hoje sofre a concorrência do Nordeste nas exportações, mas que ainda é o grande fornecedor do mercado interno de frutas frescas, o primeiro nas exportações de citros e suco de laranja e tem forte presença em banana, manga, goiaba, uva de mesa e outras. São Paulo exportou, em 2001, 194.660 toneladas de frutas, com destaque para laranja (139.553 t), tangerina (17.250 t), limão (12.498 t), banana (9.695 t), mamão (4.808 t), abacaxi (2.560 t), manga (1.996 t), melão (1.783), uva (1.436 t) e outras, representando um faturamento de US$ 50,1 milhões.
Há ainda o pólo do Rio Grande do Sul, tradicional produtor de uva para produção de vinho e de pêssego para a industria e de mesa. Além disso, na região de Vacaria, nos Campos de Cima da Serra, florescem os pomares de maçã, dando ao Estado o segundo lugar nas exportações dessa fruta, depois de Santa Catarina, onde as macieiras se estendem pelos municípios de Fraiburgo e São Joaquim.
Figura 1.1 – Localização do pólos frutícolas do Brasil.
1.8 Divisão das plantas frutíferas quanto ao clima
Quanto às exigências de clima, as plantas podem dividir-se em plantas de clima temperado, subtropical e tropical.
Plantas de clima temperado
Essas plantas podem ser sub divididas, em muito exigentes e pouco exigentes em frio.
Dentro de uma mesma espécie, encontramos variedades que se acomodam a essa exigência, como o pessegueiro, a macieira, a pereira, a ameixeira, a pecã, o caqui. Existem variedades que produzem satisfatoriamente em regiões de inverno brando, ao passo que outras exigem inverno longo e rigoroso para frutificar economicamente, que dure de dois a três meses, com temperatura de 0ºC, podendo atingir, no verão, de 30 a 40ºC.
As espécies de clima temperado podem desenvolver a frutificação na área subtropical e mesmo na tropical, desde que o repouso hibernal seja substituído por período seco que impeça a vegetação, porém as plantas de clima tropical e subtropical dificilmente encontram condições para prosperar nas zonas temperadas.
A área de distribuição favorável para as espécies frutíferas de clima temperado concentra-se no sul do Estado de São Paulo até o Rio Grande do Sul. Encontram-se, entretanto, dispersas pelo país, regiões microclimáticas, como a serra da Mantiqueira, a serra dos Cristais e regiões do interior e do norte do Brasil, que compensam a latitude com a altitude, oferecendo também microclimas favoráveis.
10. Importância da fruticultura brasileira
Sebastião Elviro de Araújo Neto 8
Plantas de clima subtropical e tropical
Os vegetais tropicais e subtropicais encontram,
a partir do centro do Estado de São Paulo até o
Amazonas, condições ecológicas para o seu
desenvolvimento, com exceção das regiões
montanhosas, onde a queda de temperatura oferece
microclima favorável às culturas temperadas.
Pelos conhecimentos adquiridos sobre espécies
de clima temperado, subtropical e tropical, e
conhecendo-se as condições ecológicas de cada
região, podem-se estabelecer pomares comerciais
com grande probabilidade de êxito.
Assim, as culturas de abacaxi, anona, banana,
coco-da-bahía, mamão, manga, tâmara, citros, abacate,
goiaba, jabuticaba encontrariam condições ecológicas
das mais favoráveis a partir da parte central do Estado
de São Paulo até o norte, incluindo as regiões central e
nordeste, que se enquadram dentro de clima
subtropical e tropical. As espécies de clima temperado,
entretanto, como ameixeira, figueira, macieira,
oliveira, pecã, pessegueiro, pereira e videira,
encontrariam condições mais satisfatórias do sul do
Estado de São Paulo até o Rio Grande do Sul.
1.9 - Aspectos sociais
Os 6 milhões de empregos gerados nos 2,5
milhões de hectares de fruticultura é em grande parte
por causa do baixo investimento necessário para a
geração de emprego, pois, para cada 10.000 dólares
investidos em fruticultura, geram-se 3 empregos
diretos permanentes e dois empregos indiretos. Visto
por outro ângulo, 2,5 milhões hectares com frutas no
Brasil significam 6 milhões de empregos diretos (2 a
5 pessoas por hectare).
220000
145000
100000
91000
66000
37000
6000 2500
Química
Metalúrgica
Pecuária
Automobilísmo
Turismo
Agricultura
Fruticultura
Investimento médio para gerar um emprego (US$)
Figura 1.2 - Investimento médio para gerar um
emprego em algumas atividades industriais, turismo e
agropecuárias.
Um exemplo de geração de emprego é o caso
da atemóia no Estado de São Paulo. Segundo estudos
de Mello et al., (2004), a atemóia assim como outras
frutíferas, é grande absorvedora de mão-de-obra,
requer cuidados agronômicos sistemáticos cerca de
1.153 horas/ha/ano, enquanto que as culturas anuais
em sistemas de produção de alta tecnologia geram
apenas entre 2 a 40 horas/ha (Mello et al., 2000).
A alta geração de emprego ocorre por se tratar
de cultivo extensivo e intensivo, exigindo a presença
constante de mão-de-obra.
Por isso, existe atualmente grandes incentivos
à projetos de irrigação, principalmente por ser umas
das atividades agrícolas que exige pouco recursos
para gerar empregos.
1.10 - Aspectos nutracêuticos
A estimativa dos órgãos governamentais é que
70% das mortes de brasileiros ocorreram por motivo
de doenças crônicas. Aproximadamente 35% dos
casos de câncer no mundo tem como causa principal
uma alimentação desequilibrada.
Os alimentos vegetais, em geral, são alimentos
indispensáveis e mais importantes para a vida. Eles
são fontes principais de minerais, vitaminas, fibras,
açúcar, além de proteínas e gorduras, em menor
quantidade, substâncias essenciais para todo o
funcionamento do organismo. Os vegetais contém,
também, substâncias protetoras e curativas, com ação
anti-infecciosa, anti-inflamatória, anti-parasitária,
anti-reumática, anti-hipertensiva, diurética, laxativa,
desintoxicante e vitalizadora de todo organismo. São
alimentos equilibrados e determinam uma perfeita
saciedade do apetite, impedindo o comer excessivo, a
busca constante por comidas, portanto, evitam e
curam a obesidade.
1.10.1 Comportamento alimentar do homem
Uma grande parte de nossa população passa
fome, no sentido de escassez ou de impossibilidade
de adquirir os alimentos fundamentais, outra parte
gasta-se além do necessário em sistemas alimentares
de verdadeiras manias (De Angelis, 2001).
Mas, para os que comem, “comer não é
apenas uma questão de matar a fome” (Burgierman,
2002).
A decisão sobre que comida colocar no prato
tem implicações econômicas, ambientais, éticas,
culturais, fisiológicas, históricas, religiosas e etc.
Assim, os lactovegetarianos comem ovos, leite e
derivados, por não “resultarem” do sofrimento animal
ou por não conter toxinas produzidas antes da morte
animal; os vegans acreditam na liberdade total dos
animais e não se alimentam de produtos de origem
animal e deveriam fotografar apenas com máquinas
digitais, devido os filmes das máquinas analógicas
conterem uma gelatina retirada da canela da vaca; os
frugivoristas não só rejeitam carne como evitam
machucar ou matar vegetais. Por isso, comem apenas
aquilo que as plantas “querem” que seja comido:
frutas, castanhas e sementes, consideram o consumo
de folhas, caules e raízes uma violência.
Mas afinal, o homem é onívoro ou frugívoro?
11. Importância da fruticultura brasileira
Sebastião Elviro de Araújo Neto 9
Baubach, (1992) cita o Dr. Friedman, que afirma ser o homem um frugívoro, não só pela forma e disposição do seu sistema dentário, mas, também, pela constituição dos órgãos digestivos, e muitos afirmam que é erro considerarmo-nos onívoros.
Portanto, acredita-se que as frutas são alimentos naturais do homem, mineralizantes por excelência, e é nesta fonte pura e não nos cadáveres que se deve apoiar-se para a reparação das forças do organismo.
1.10.2 Valor nutritivo das frutas
É possível o homem alimentar-se apenas de frutas?
Nas frutas tem-se os princípios necessários para atender as necessidades vitais dos humanos (Quadro 1.7).
O tamarindo, as uvas, a banana, o açaí e outros, fornecem os carboidratos; o coco, as castanha-da-amazônia1 e castanha-de-caju, sementes de baru e outras, fornecem gorduras e proteínas. As frutas também suprem com os mais variados sais minerais, vitaminas, fermentos, água (com o selo da vida) e fibras. Com regime exclusivo de frutas, o homem pode viver em bom estado de saúde, mas é preciso individualiza-lo devidamente (Quadro 1.8).
Quadro 1.7 – Composição química em 100g de algumas frutas.
Frutas Kcal Vit.A (μg) Vit.B1 (μg) Vit.B2 (μg) Vit.B3 (mg) Vit.C (mg) Ca P Fe (mg) Prot (%)
Abacate
162
20
70
100
0,80
10,2
13
47
0,70
1,3 Açaí 247 150 360 10 0,40 5,0 118 0,5 2,00 3,5
Ameixa
54
200
120
150
0,37
6,8
11
16
0,36
0,6 Banana 89 10 92 103 0,82 17,3 15 26 0,20 1,3
Caqui
87
250
30
45
0,80
17,1
4
42
0,41
0,8 Caju 37 16 58 50 2,56 200,0 50 18 1,00 0,8
Castanha
700
7
1094
118
7,71
10,3
172
746
5,00
17,0 Coco seco 619 0 60 40 0,50 1,6 108 209 4,80 5,0
Goiaba
43
245
190
154
1,20
45,6
17
30
0,70
1,0 Laranja 43 14 40 21 0,19 40,9 45 28 0,20 0,9
Limão
28
2,5
55
60
0,31
30,2
41
15
0,70
0,8 Maracujá 90 70 150 100 1,51 15,6 13 17 1,60 1,8
Manga
64
220
51
56
0,51
43,0
21
17
0,78
0,6 Coca-cola 39 0 0 0 0 0 2 1 0 0
Fonte: Franco, 1992; Aguiar et al., 1980; Donadio et al., 2002.
Na alimentação dos frugivoristas e dos vegans, deve haver um cuidado especial quanto ao suprimento de vitamina B12, pois estas não contem nos vegetais, é sintetizada por bactérias de solo, consumidas pelos animais durante o pastejo e encontrada nas carnes dos mesmos. Porém, pode ser encontrada facilmente em alimentos enriquecidos,
1 Castanha-da-Amazônia é o termo que respeitosamente emprego para a Castanha-do-Pará, que não é apenas do Pará, ou Castanha-do-Brasil, que não é apenas do Brasil, mas, a Bertholletia excelsa é da Amazônia Real, inclusive da Bolívia, Peru, Colômbia, Guianas, Suriname e Venezuela.
como alguns biscoitos. A vitamina B12 pode está presente em alguns pró-bióticos, como o Kefir, colônia de microrganismos lácticos.
Um outro cuidado no balanceamento da dieta dos vegetarianos é o iodo. Um trabalho de investigação constatou que a população vegetariana (sem consumo de qualquer alimento de origem animal), a ingestão média de iodo foi abaixo de 100 g/dia, enquanto as recomendações são de 150 g/dia (De Angelis, 2001).
Um outro problema sério na alimentação dos vegetarianos é a pouca concentração de ferro nos vegetais ao contrário das carnes e víceras. Mas, a ingestão diárias de diversas frutas, hortaliças e outros vegetais, garante a necessidade diária de ferro. A goiaba é um dos frutos mais completos, em termos de balanço nutricional, mas possui baixo teor de Fe. No geral, não existe um fruto ideal que possa servir como única fonte de alimento vegetal, mas que a alimentação deve ser feita de uma “salada” de frutas, ou seja, uma alimentação com vários tipos de frutas e de preferência respeitando a sazonalidade regional.
As castanhas, a exemplo a castanha-da- amazônia, pode suprir a necessidade diária de proteínas e cálcio, este último é encontrado em maior concentração que no leite de vaca, o leite de vaca e seus derivados, por ter também elevado teor de cálcio, leva os nutricionistas convencionais a recomendarem este alimento, porém, esquecem de que o leite, muito importante para os mamíferos jovens, pode trazer problemas para a saúde humana, principalmente pela contaminação por doenças dos animais, muitas vezes mal tratados.
Em natureza, não se observa mamíferos adultos mamando em suas genitoras, será que o homem adulto poderia alimentar-se de leite natural?
Quadro 1.8 – Necessidade diária de um homem adulto e elementos consumidos em 1,6 kg de frutas, castanhas e sementes. Necessidade diária Consumo 1,6 kg de frutas e castanhas
Energia Kcal
>2600
3075
50 g de cada fruta
Castanha-da- Amazônia, Castanha- de-Caju, Amêndoa, Burití, Pinhão, Bacurí.
100g de cada fruta
Caju,açaí, manga, maracujá, biribá, jenipapo, baru, goiaba.
150 g de cada fruta laranja, abacate
200 g de banana
Proteína (g)
56
83
Fibra (g)
20 - 35
92
Cálcio (mg)
800
733
Ferro (mg)
10
41
Fósforo (mg)
800
1650
Vit. A (g)
1000
1200
Vit. B1 (g)
1400
2940
Vit.B2 (g)
1700
1620
Vit. B3 (mg)
18
22
Vit. C (mg)
60
560
Fonte: Franco, 1992; Aguiar et al., 1980, Donadio et al., 2002.
Um concorrente direto na comercialização das frutas é o refrigerante, um produto artificial, sem nenhum valor nutricional, intoxica e desmineraliza o organismo. Têm muita caloria inútil e engorda. O "diet", com menos calorias, é artificial e tóxico. Ao
12. Importância da fruticultura brasileira
Sebastião Elviro de Araújo Neto 10
contrário das frutas, não contém vitaminas, proteínas, sais minerais (raro poucas exceções) e contém corantes e acidulantes, tóxicos ao organismo. Além de não respeitar o próprio corpo ao beber um refrigerante multinacional, que tem inclusive incentivos fiscais (não oferecido às industrias nacionais de refrigerante), paga-se aos estrangeiros e desempregam-se brasileiros nos campos de produção de frutas, café e chás.
Fibras dietéticas
Além dos carboidratos, proteínas, vitaminas e sais minerais, as frutas têm um outro componente muito importante na nutrição humana, as fibras. Atualmente as fibras deixam de exercer apenas a função digestiva muito preconizada no passado e passa a ocupar o lugar que lhe corresponde dentro do arsenal terapêutico atual, ganhando um novo conceito: o de “fibra dietética”.
As características físico-químicas, concernentes à solubilidade, viscosidade, geleificação, capacidade de incorporar substâncias moleculares ou minerais, determinarão as diferenciações entre fibras.
As fibras classificam em fibras solúveis em água (pectinas, gomas, mucilagens, hemicelulose B) e Insolúveis em água (celulose, lignina e hemicelulose A). E ainda tem algumas substâncias que participam do grupo das “fibras dietéticas” por sua similaridade (amido resistente, frutooligossacarídeos, açúcares não-absorvidos e inulina).
A fibra dietética passa através do intestino, no qual desenvolve sua capacidade de hidratação e fixação, interferindo na absorção de substâncias orgânicas e inorgânicas como segue:
Proteínas, carboidratos e lipídios – são os primeiros nutrientes a serem hidrolisados no intestino delgado para serem absorvidos. Como a ação das fibras solúveis, principalmente das gomas, pectinas e mucilagens, estas substâncias terão sua absorção retardada e algumas vezes sua excreção ligeiramente aumentada. As perdas de proteínas, carboidratos e gorduras nas fezes não são importantes do ponto de vista nutricional, mas são, sem dúvida, relevantes para o controle de algumas doenças como os diabetes e as coronariopatias.
Sais biliares – a lignina, as gomas, pectinas e mucilagens são capazes de seqüestrar os sais biliares, permitindo sua eliminação nas fezes, o que tem grande importância na prevenção de tumores, já que determinadas cepas de bactérias, particularmente a Clostridium putrificans, têm capacidade de sintetizar cancerígenos utilizando-se dos ácidos biliares e colesterol como substrato.
A absorção de gorduras torna-se diminuída, pela impossibilidade de não serem emulsionadas e nem transportadas na mucosa intestinal.
Os ácidos biliares são derivados do colesterol e sintetizados no fígado. Se mais componentes de bile são eliminados do corpo, mais estes deverão ser sintetizados para fazer a bile normal. Este processo acaba gastando mais colesterol (substrato), reduzindo assim o colesterol circulante (De Angelis, 2001).
Vitaminas e minerais – está comprovado que a lignina, as hemiceluloses ácidas, as pectinas e algumas gomas são capazes de fixar determinados minerais, como cálcio, fósforo, zinco, magnésio e ferro, e algumas vitaminas podem ter alterado sua absorção. Esses efeitos, que, à primeira vista, poderiam ser prejudiciais, na prática não constituem problema quando a ingestão de fibras dietética é moderada, ou seja, dentro das recomendações nutricionais. Pode se observar balanço negativo de cálcio, magnésio, fósforo, ferro e zinco em grandes consumidores de pão integral. Essas alterações subclínicas desapareceram quando se aumenta o consumo de pão branco. Indivíduos que ingerem menos que 50g de fibras ao dia, não estão expostos a nenhum desequilíbrio nutricional.
As fibras dietéticas chegam ao intestino grosso de forma inalterada e, ao contrario do que ocorre no intestino delgado, as bactérias do cólon, com suas numerosas enzimas de grande atividade metabólica, podem digerir as fibras em maior ou menor grau, dependendo de sua composição química e estrutura.
As moléculas complexas são desdobradas a hexoses, pentoses e álcoois, que já podem ser absorvidos pelo intestino, servindo de substrato a outras colônias bacterianas, que, por sua vez, as degradam em ácido lático, água, dióxido de carbono, hidrogênio, metano e ácidos graxos de cadeia curta (acetato, propionato e butirato), com produção de energia. A produção e ação metabólica desses ácidos graxos têm sido o principal foco de investigação atual sobre fibras, pois podem se constituir de importante substrato energético, serem utilizados pelo fígado para gliconeogênese, além de exercerem ação antitumoral.
Por outro lado, é sabido que uma dieta pobre em fibras pode ocasionar mudanças na microbiota e converter os lactobacilos habituais do cólon em bacterióides capazes de desdobrar os ácidos biliares em compostos cancinogênicos.
Carboidratos -
As frutas são ótimas fontes de carboidratos e açúcar simples. Os carboidratos são recomendados como o principal nutriente da composição das pirâmides alimentares, mas podem se tornarem vilões, como nos EUA, por exemplo, causando obesidade, hipoglicemia e diabetes.
Não basta apenas consumir carboidratos, é preciso que esse carboidrato esteja nas frutas, hortaliças e nos cereais integrais. Sua energia é liberada durante um período mais longo e contínuo, ao contrário dos curtos derrames de energia do açúcar
13. Importância da fruticultura brasileira
Sebastião Elviro de Araújo Neto 11
simples. Apesar de não serem considerados como complexos de carboidratos, os açúcares simples encontrados nas frutas estão misturados com vitaminas, sais minerais e fibras. É nisso em que diferem do açúcar branco, refinado, que é usado em altas concentrações associados com muitos alimentos ruins, repletos de “calorias vazias” (Blauer, 2004). As fibras contidas nesses alimentos retardam a absorção de glicose, permitindo que as pessoas se sintam alimentadas por mais tempo. Isto também impede as oscilações da insulina, que sobe violentamente com a ingestão de açúcares de tudo que se transforma imediatamente em açúcar no organismo, como o pão branco e a batata.
Os minerais das frutas
Os minerais das frutas são minerais quelantes, diferente dos minerais sintéticos, porque o organismo reconhece e usa mais facilmente, é por isso que uma dieta rica em minerais orgânicos, é de fácil assimilação e ajuda a garantir que o organismo receba todos os minerais importantes de que precisa.
Os minerais das frutas e sucos naturais ajudam a manter alta a energia do corpo, os nervos calmos, os dentes, os ossos e as unhas. Além disso, mantêm o sangue limpo e seu pH equilibrado. E fazem isso neutralizando os resíduos ácidos e alcalinos, ou seja, resíduos da digestão e do metabolismo humano.
Em adição a essas funções gerais, cada mineral tem uma função específica. As funções específicas de vários dos mais importantes minerais existentes nas frutas estão relacionados abaixo.
O potássio é o mineral responsável pelo equilíbrio eletroquímico dos tecidos do coração e de outros músculos. O ferro é um componente das células vermelhas do sangue, que transporta o oxigênio para os pulmões e ajuda os alvéolos na respiração. O fósforo é essencial para o bom funcionamento do cérebro e dos nervos.
O cálcio mantém o equilíbrio ácido/alcalino do sangue e fortalece os ossos. O enxofre ajuda o cérebro e os nervos a funcionarem; e é o depurador do organismo. O iodo alimenta a glândula tireóide, que controla o metabolismo. O magnésio ajuda o relaxamento muscular, a sintetização das proteínas, a produção de energia e é um laxante natural.
O manganês é necessário para o funcionamento cerebral. O selênio funciona em conjunto com a vitamina E para evitar a oxidação dos ácidos graxos. O sódio com o potássio, o cálcio e o magnésio, agem na neutralização de ácidos, mantém a integridade das células e conserva a energia eletromagnética dos tecidos.
1.10.3 Fitoquímicos ou alimentos funcionais
Apesar da conexão entre dieta e saúde ser reconhecida há muito tempo, à medida que caminhamos para o século XXI, descobrimos cada vez mais sobre como a dieta pode prevenir doenças. O tema nutrição é o ponto alto na relação entre dieta e doenças crônicas como obesidade, doenças cardíacas e câncer. Em outras palavras, estamos caminhando para promoção da saúde, longevidade e qualidade de vida.
Por ser um tema “recente” e despertar interesses diversos, recebem também, diversas terminologias. Os mais usuais são alimentos funcionais, fitoquímicos ou compostos bioativos e também nutracêutico, estudado pela “medicina ortomolecular", que consiste no combate aos "radicais livres" através de substâncias "antioxidantes", representadas principalmente pelas vitaminas e pelos minerais.
Lajolo define os nutracêuticos como:
“Alimento semelhante em aparência ao alimento convencional, consumido como parte da dieta usual, capaz de produzir demonstrados efeitos metabólicos ou fisiológicos úteis na manutenção de uma saúde física e mental, podendo auxiliar na redução do risco de doenças crônico-degenerativas, além de manter suas funções nutricionais” (Lajolo, 2001).
Estudos epidemiológicos, por exemplo, têm associado a dieta rica em vegetais ao uso da soja, com uma menor incidência de osteoporose e câncer de mama na mulher. A dieta mediterrânea, rica em frutas e vegetais, óleo de oliva e carboidratos, leva a níveis de colesterol elevados, mas não correlacionado a um maior número de mortes por enfarto.
1.10.4 - Fome oculta
“Os fitoquímicos defendem as células do corpo, as quais estão constantemente sofrendo ataques, seja do meio ambiente, da alimentação inadequada ou da própria genética”. A essa necessidade do organismo em receber proteção contra doenças por meio dos fitoquímicos. É uma fome que não se percebe, mas de algo de que o corpo precisa (De Ângelis, 1999).
Estudos epidemiológicos têm confirmado essa tendência que indica déficit do consumo de ácidos graxos polinsaturados, proteínas de alto valor biológico, vitaminas, cálcio, ferro, iodo, flúor, selênio e zinco. Este estado nutricional carente tem originado elevadas incidências de doenças crônico degenerativas, dentre elas, doenças cardiovasculares, câncer, hipertensão, diabetes, obesidade, entre outras. A fome oculta é uma fome universal, que agrava principalmente os habitantes de países desenvolvidos. Segundo dados da OMS mostram que essas doenças são responsáveis por 70% a 80% da mortalidade nos países desenvolvidos e cerca de 40% naqueles em desenvolvimento.
1.10.5 Antioxidantes
Oxidação em sistemas biológicos
14. Importância da fruticultura brasileira
Sebastião Elviro de Araújo Neto 12
A oxidação nos sistemas biológicos ocorre devido à ação dos radicais livres no organismo. Estas moléculas têm um elétron isolado, livre para se ligar a qualquer outro elétron, e por isso são extremamente reativas. Elas podem ser geradas por fontes endógenas ou exógenas. Por fontes endógenas, originam-se de processos biológicos que normalmente ocorrem no organismo, tais como: redução de flavinas e tióis; resultado da atividade de oxidases, cicloxigenases, lipoxigenases, desidrogenases e peroxidases; presença de metais de transição no interior da célula e de sistemas de transporte de elétrons.
Esta geração de radicais livres envolve várias organelas celulares, como mitocôndrias, lisossomos, peroxissomos, núcleo, retículo endoplasmático e membranas. As fontes exógenas geradoras de radicais livres incluem tabaco, poluição do ar, solventes orgânicos, anestésicos, pesticidas e radiações.
Nos processos biológicos há formação de uma variedade de radicais livres. São eles:
- Radicais do oxigênio ou espécies reativas do oxigênio íon superóxido (O2 -*)
Hidroxila (OH·); Peróxido de hidrogênio (H2O2); Alcoxila (RO*); Peroxila (ROO*); Peridroxila (HOO*); Oxigênio sinlete (1O2);
- Complexos de Metais de Transição
Fe+3/Fe+2; Cu+2/Cu+
- Radicais de Carbono
Triclorometil (CCl3*);
- Radicais de Enxofre
Tiol (RS·)
- Radicais de Nitrogênio
Fenildiazina (C6H5N = N·)
Óxido nítrico (NO*)
Estes radicais irão causar alterações nas células, agindo diretamente sobre alguns componentes celulares. Os ácidos graxos polinsaturados das membranas, por exemplo, são muito vulneráveis ao ataque de radicais livres.
Estas moléculas desencadeiam reações de oxidação nos ácidos graxos da membrana lipoprotéica, denominadas de peroxidação lipídica, que afetarão a integridade estrutural e funcional da membrana celular, alterando sua fluidez e permeabilidade. Além disso, os produtos da oxidação dos lipídios da membrana podem causar alterações em certas funções celulares. Os radicais livres podem provocar também modificações nas proteínas celulares, resultando em sua fragmentação, cross linking, agregação e, em certos casos, ativação ou inativação de certas enzimas devido à reação dos radicais livres com aminoácidos constituintes da cadeia polipeptídica. A reação de radicais livres com ácidos nucléicos também foi observada, gerando mudanças em moléculas de DNA e acarretando certas aberrações cromossômicas. Além destes efeitos indiretos, há a ação tóxica resultante de altas concentrações de íon superóxido e peróxido de hidrogênio na célula.
Compostos antioxidantes
Os processos oxidativos podem ser evitados através da modificação das condições ambientais ou pela utilização de substâncias antioxidantes com a propriedade de impedir ou diminuir o desencadeamento das reações oxidativas.
Os antioxidantes são capazes de inibir a oxidação de diversos substratos, de moléculas simples a polímeros e biossistemas complexos, por meio de dois mecanismos: o primeiro envolve a inibição da formação de radicais livres que possibilitam a etapa de iniciação; o segundo abrange a eliminação de radicais importantes na etapa de propagação, como alcoxila e peroxila, através da doação de átomos de hidrogênio a estas moléculas, interrompendo a reação em cadeia.
Sabe-se que, por um lado, as vitaminas C, E e os carotenóides funcionam como antioxidantes em sistemas biológicos, e por outro, o processo carcinogênico é caracterizado por um estado oxidativo crônico, especialmente na etapa de promoção. Além disso, a fase de iniciação está associada com dano irreversível no material genético da célula, muitas vezes devido ao ataque de radicais livres. Desse modo, os nutrientes antioxidantes poderiam reduzir o risco de câncer inibindo danos oxidativos no DNA, sendo, portanto considerados como agentes potencialmente quimiopreventivos (Silva e Naves, 2001).
Outras doenças degenerativas do envelhecimento, incluindo câncer, doenças cardiovasculares e cataratas são prevenidas ou retardadas no início, por esses três antioxidantes (vitamina C, vitamina E e carotenóides).
Para se ter uma idéia sobre a oxidação natural no organismo, “o DNA em cada célula do corpo recebe aproximadamente 10.000 ataques oxidativos por dia” (Ames et al., 1993).
• Carotenóides
Os carotenóides compreendem um grande número de compostos, muitos dos quais com atividade biológica. Alguns, como o -caroteno, são pró-vitaminas A (transforma-se em vitamina A no organismo). Outros como o licopeno não são precursores de vitamina A, mas agem no organismo como antioxidantes, na eliminação de espécies ativas de oxigênio, formadas ou não no nosso organismo.
Ao contrário de muitas vitaminas, a biodisponibilidade de carotenóides é aumentada com o aquecimento dos alimentos, como no processamento do tomate ou da goiaba, por exemplo.
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Sebastião Elviro de Araújo Neto 13
• Vitamina C
O termo vitamina C é uma denominação genérica para todos os compostos que apresentam atividade biológica do ácido ascórbico. Dentre eles, o ácido ascórbico é o mais largamente encontrado nos alimentos e possui maior poder antioxidantes encontrado nos alimentos e possui maior poder antioxidante. Os possíveis efeitos anticarcinogênicos da vitamina C estão relacionados com sua habilidade em detoxicar substâncias carcinogênicas e suas atividades antioxidantes. Além disso, tem-se constatado que a vitamina C pode inibir a formação de nitrosaminas in vivo a partir de nitratos e nitritos usados como conservantes, sendo, portanto adicionados para prevenir a formação desses compostos reconhecidamente carcinogênicos.
• Vitamina E
A vitamina E é uma substância lipossolúvel e existente na natureza como tocoferóis e tocotrienóis, em quatro formas diferentes (, , e ), sendo o - tocoferol a forma antioxidante mais ativa e amplamente distribuída nos tecidos e no plasma. A vitamina E constitui o antioxidante lipossolúvel mais efetivo encontrado na natureza, e importante fator de proteção contra a peroxidação lipídica nas membranas celulares e na circulação sanguínea.
• Flavonóides
Os flavonóides são ativos, em geral variáveis, contra radicais livres, os quais, por sua vez, podem estar associados a doenças cardiovasculares (melhor distribuição periférica do sangue, melhora fluxo arterial e venoso), câncer, envelhecimento e outras:
- antiinflamatória;
- estabilizadora do endotélio vascular – melhora função da célula endotelial, diminuindo a permeabilidade;
- antiespasmódica- ação principal na musculatura lisa;
- cardiovascular- - antialérgico;
- antiulcerogênico;
- antivirais.
Os flavonóides são constituídos principalmente de antocianina, flavonois, flavonas, catequinas e flavonoides.
Para se ter uma alimentação saudável, recomenda-se comer pelo menos cinco (5) refeições de frutas e hortaliças diariamente. As frutas e hortaliças são as principais fontes dos três nutrientes antioxidantes mais importantes: vitamina C, carotenóides e vitamina E.
1.10.6 – Prevenção de câncer
Causas de indução
Até o momento, a pesquisa determinou muitos aspectos de desenvolvimento do câncer, se conhece que o crescimento do tumor tem dois estágios críticos: iniciação e promoção. A “iniciação” cancerígena ou alteração celular promove sucessivamente o crescimento do câncer. Este crescimento não ocorre, porém, até que um dos vários fatores chamado “promotores” aja alterando a célula. Em câncer de mama, a causa mais comum de mortalidade em mulheres, estes fatores (“promotores”) incluem danos oxidativos, a ação de hormônios esteróides, e a ação de certos tipos de prostaglandinas (PGS). Na Figura 1.3, estar um esquema altamente simplificado, ilustrando como e quais estágios certos fitoquímicos podem agir para bloquear o processo de promoção do câncer, combatendo o efeito de certos cancerígenos, iniciadores e promotores (Caragay, 1992).
Figura 1.3 - Fitoquímicos podem afetar o padrão metabólico associado com câncer dos seios. (Adaptada de Pierson, 1992).
Consumo de carne ou não consumo de vegetais
“Cerca de 80% dos cânceres de mamas, próstata e de cólon são atribuídos aos hábitos alimentares, especialmente consumo de carnes vermelhas e gorduras” (Binhham, 1999, citado por De Angelis, 2001).
A carne parece estar associada com câncer, apenas em povos que não tem uma dieta variada. Os franceses e os mediterrâneos em geral, têm uma dieta variada e rica em vegetais frescos, azeite de oliva, vinho e carne de todos os tipos. Ao contrário dos americanos, esses povos comem com calma, em ambiente descontraídos, fatores também relacionados com prevenção de doenças e qualidade de vida.
Uma coisa ninguém tem dúvidas: vegetais fazem bem. Uma dieta rica em frutas, e hortaliças claramente reduz as chances de ter câncer no estômago, na boca, no intestino, no reto, no pulmão, na próstata e na laringe, além de afastar os ataques cardíacos. Frutas e hortaliças amarelas têm caroteno, que previne câncer no estômago, a soja possui isoflavona, que diminui a incidência de câncer de mama e osteoporose; o alho tem alicina, que fortalece o sistema imunológico e por aí vai.
Mas, a carcinogênese que não dependem da alimentação pode ocorrer inclusive em vegetarianos, com ocorrência de câncer de estômago, por exemplo, pois outros fatores estão relacionados com câncer,
Iniciação do tumor
Promoção do tumor
carotenóides, fenólicos, flavonóides, terpenos.
fenólicos, flavonóides, sulfetos, poliacetilenos
Prostaglandinas
Carcinogênicos
s
Danos oxidativos
s
cumarina, flavonóides, triterpenóides
sulfetos, isoflavonas
fibras, terpenos, fenólicos, sulfetos, isoflavonas
hormônios esteróide
s
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Sebastião Elviro de Araújo Neto 14
como a predisposição genética, o tabaco, o álcool, infecções viróticas e o ambiente (Anelli, 2004).
1.10.7 – As frutas e o tipo sanguíneo
Os doutores James D’Adamo e Peter D’Adamo, revelaram por meio de suas pesquisas e estudos, que a escolha do tipo de alimento não deve ser casual, simplesmente por questões culturais ou religiosas, mas que deve obedecer o tipo sanguíneo de cada pessoa. Seus estudos estão publicados no livro A dieta pelo tipo sanguíneo, publicado em 1996, lançado no Brasil pela Editora Campus, em 1998 e reeditado em 2005 (D’Adamo e Whitney, 2005).
O sistema imunológico encontra-se no sangue, e possui mecanismos sofisticados para determinar se uma substância é estranha ou não ao corpo. Um dos métodos reside nos marcadores químicos chamados “antígenos”, que são encontrados nas células do corpo humano.
Quando o antígeno do tipo sanguíneo percebe que um antígeno estranho entrou no sistema, a primeira coisa que ele faz é criar anticopos contra esses antígenos.
Quando ocorre uma reação química entre o sangue e os alimentos consumidos, essa reação faz parte da herança genética do tipo sanguíneo. É estranho, mas verdadeiro que hoje, no século XXI, nosso sistema digestório e imunológico ainda mantenha uma preferência pelos alimentos que nossos ancestrais com o mesmo tipo sanguíneo comiam.
Sabe-se disso devido a um fator chamado lectina. As lectinas são abundantes e variadas proteínas encontradas nos alimentos, têm propriedade de aglutinação, afetando o sangue.
As lectinas dos alimentos incompatíveis com o antígeno de um determinado tipo sanguíneo, ao serem ingeridas atingem um órgão ou sistema corporal (rins, fígado, cérebro, estômago etc.) e começam a aglutinar células sanguíneas nessa área.
A dieta para o tipo O
O aparelho digestível de pessoas Tipo O conserva a memória dos tempos antigos. A dieta rica em proteína animal de caçador-coletor e as enormes demandas físicas do sistema dos primitivos seres humanos de Tipo O provavelmente manteve a maioria deles em um branco estado de cetose – uma condição em que o metabolismo do corpo fica alterado. A cetose é o resultado de uma dieta rica em proteína e em gordura que inclui poucos carboidratos. O corpo metabolisa as proteínas e gorduras em cetoses, que são usadas em lugar dos açúcares numa tentativa de manter os níveis de glicose estáveis.
Para digerir melhor uma dieta rica em carnes, o sistema digestível de pessoas Tipo O é ácido. Por isso, uma dieta ácida, acidifica cada vez mais o estômago dessas pessoas, causando problemas de saúde, como úlcera e gastrites.
Muitas frutas são adequadas para as pessoas de Tipo O. Mas, algumas frutas são consideradas nocivas. A razão por que ameixas são tão benéficas ao Tipo O é que a maior parte das frutas de cor vermelha escura, azul e roxa tende a provocar uma reação alcalina em vez de ácida no aparelho digestível. O aparelho digestivo das pessoas de Tipo O tem alto nível de acidez e precisa equilibrar a alcalinidade para reduzir úlceras e irritações da mucose estomacal.
Devido a sua alcalinidade, sucos de hortaliças são mais indicados para os de Tipo O que sucos de frutas. Os sucos de frutas devem ser de frutas pobres em sacarose (Tabela 1.9).
O suco de abacaxi pode ser particularmente eficaz para evitar retenção de líquido e inchaço, ambos fatores que contribuem para o aumento de peso.
A dieta para o tipo A
As pessoas de sangue Tipo A se dão bem com dietas vegetarianas – herança de seus ancestrais agricultores, mais sedentário e menos guerreiros. Precisam consumir alimentos em estado o mais natural possível: frescos, puros e orgânicos. Esse cuidado é importante para o sensível sistema imunológico dos organismos. Pois são pessoas biologicamente predispostas para diabetes, câncer e doenças do coração.
O sistema digestível de pessoas Tipo A é mais alcalino que ácido.
As laranjas devem ser evitadas, pois elas irritam o estômago do Tipo A e interferem também na absorção de importantes nutrientes. Embora a acidez estomacal seja em geral baixa nos organismos de Tipo A e possa admitir um estimulante, as laranjas irritam a delicada mucosa estomacal. O limão mais ácido que a laranja, é excelente para esse tipo sanguíneo, pois apresenta tendência de alcalinidade na digestão, auxilia na digestão e eliminação do muco do organismo, recomendado inclusive para tratamento de azia (acidez no estômago).
A dieta para o tipo B
As maiorias das frutas podem ser consumidas pelas pessoas de Tipo B, pois possuem aparelhos digestível muito equilibrados, com um saudável nível ácido-alcalino, de modo que, se pode consumir frutas que são muito ácidas para outros tipos de sangue.
O abacaxi pode ser particularmente benéfico para organismos de Tipo B. que são susceptíveis a edemas – especialmente quando não inclui laticínios e carnes na dieta. A bromelaína, uma enzima existente no abacaxi, ajuda-o a digerir mais facilmente os alimentos.
A dieta para o tipo AB
O sangue Tipo AB é biologicamente complexo. Ele não se encaixa bem em nenhuma das
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outras categorias. Vários antígenos fazem com que o AB às vezes seja semelhante ao A, outras ao B e às vezes parece uma fusão de ambos – uma espécie de tipo sanguíneo centauro.
As pessoas de Tipo AB compartilham a maior parte das intolerâncias e preferências das de Tipo A por certas frutas. Frutas alcalinas, como as uvas, as ameixas e frutas da família das rosáceas (morango, amora, framboesa etc), podem ajudar a neutralizar o efeito dos cereais que provocam acidez em seus tecidos musculares.
As pessoas de Tipo AB, não se dão bem com certas frutas tropicais especialmente mangas e goiabas. Mas o abacaxi é um excelente auxiliar da digestão para os organismos de Tipo AB.
No Quadro 1.9, está a relação de amêndoas, frutas e sementes que são benéficas, nocivas e neutros, que não apresentam efeitos ao organismo.
1.5.8 As frutas e a energia do corpo
As causas da falta de energia no organismo são várias, uma delas é o consumo de açúcar simples, contido nas “gulosemas”, sucos artificiais e refrigerantes, que estimulam o organismo. Mas, logo a sensação de energia é substituída pelo cansaço.
Quadro 1.9 – Amêndoas, frutas e sementes recomendadas na dieta de pessoas de diferentes tipos sanguíneos.
Tipo O
Benéficos
Neutros
Nocivos
sementes de abóbora torradas, sementes de linhaça
amêndoas, avelãs, gergelim, nozes em geral, pinhão
amendoim,casctanha-de-caju e do Pará, pistache, sementes de girassol
ameixas em geral, figos frescos e secos, goiaba, jaca, manga
abacate, abacaxi, bananas, caqui, carambola, limão, maçã, mamão, melancia, melão, morango, pêra, pêssego, uvas
açaí, acerola, amora-preta, banana-da- terra, coco (água e leite), cupuaçu, graviola, kiwi, laranja ácida, maracujá, melão cantalupo, tangerina ácida.
Tipo A
Benéficos
Neutros
Nocivos
amendoim, sementes de linhaça e de abóbora torrada
amêndoas, avelãs, castanha-portuguesa, gergelim, nozes em geral, pinhão, girassol
castanha-de-caju, e castanha-da- amazônia
abacaxi, açaí, ameixas, amoras, cerejas, damascos, jaca, figos frescos e secos, limão
abacate, caqui, carambola, goiaba, kiwi, kunquat, maçã, melancia, morango, pêra, pêssego, uvas
bananas em geral, coco (água e leite), cupuaçu, laranja ácida, manga, maracujá, melões em geral, mamão, tangerina
Tipo B
Benéficos
Neutros
Nocivos
nozes-negra
amêndoas, castanha-portuguesa, castanha- da-amazônia, linhaça
amendoim, castanha-de-caju, pinhão, gergelim, girassol
abacaxi, ameixas, bananas (exceto banana-da-terra) jaca, mamão, melancia, uvas
ameixas secas, amora, banana-da-terra, figos, goiaba, kiwi, laranjas, limão, maçã, manga, melão, morango, pêra, pêssego, tangerina
abacate, caqui, coco (água e leite), carambola, romã
Tipo AB
Benéficos
Neutros
Nocivos
amendoim, castanha-portuguesa, nozes-de-natal
amêndoas, castanha-de-caju, linhaça, castanha-da-amazônia, pinhão
avelã, abóbora-moranga, gergelim, girassol
abacaxi, ameixas, cerejas, figos, jaca, kiwi, limão, melancia e uvas
amora, banana-da-terra, fruta-pão, kumquat, maçã, mamão, melão, morango, pêra, pêssego, tangerina
abacate, caqui, bananas,, caqui, carambola, coco (água e leite), goiaba, laranja, manga
Fonte: Teixeira (2002); D’Adamo (2005)
Os carboidratos complexos, encontrados em todos os cereais, frutas, hortaliças e leguminosas, proporcionam uma energia mais permanente no organismo, evitando a fadiga anormal.
Além dos carboidratos complexos, as frutas são ricas em vitaminas do complexo B, que ajudam a combater o cansaço e dobram sua energia em questão de minutos.
No complexo B, encontra-se a colina, uma das poucas substâncias que consegue penetrar na chamada barreira sanguínea do cérebro, atingindo as células do cérebro, estimulando-as a produzir a acetilcolina, um neuro-transmissor do sistema nervoso central que age sobre outras células nervosas, bem como sobre os músculos e órgãos do corpo inteiro. Existem muitos indícios associados as células que usam a acetilcolina à formação da memória.
Outro estimulante encontrado nas frutas são as enzimas.
As enzimas das frutas e dos sucos naturais são rapidamente utilizadas, para aumentar a energia e promover a cura e regeneração. Elas melhoram o
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funcionamento do sistema digestivo. Muitos nutricionistas recomendam como primeiro alimentos do dia, alimentos com vida, com enzimas, para energizar um corpo adormecido pela dormida.
Os sucos naturais ajudam a decompor outros nutrientes, transformando-os em substâncias simples que podem ser rapidamente absorvidas na corrente sanguínea. As enzimas dos sucos executam rapidamente esses processos biológicos complexos sem calor e sem se tornarem parte dessas mudanças (Wade, 2004).
1.11 Função medicinal das frutas
Banana
A banana é uma das frutas mais consumidas no mundo por possuir ótima qualidade nutricional e ser saborosa (textura macia, aromática e doce). “É a fruta das frutas”.
O Dr. Teófilo Luna Ochoa citado por Balbach (1992) descreve o valor medicinal da banana:
“A banana madura... encerra uma substância oleosa, que muito suaviza as membranas mucosas irritadas em casos de colite e enfermidade do reto. Contém igualmente um fermento digestivo não bem conhecido, porém de alto valor, que, em determinada enfermidade intestinal, a torna (a banana) o único carboidrato tolerado pela vítima, que (doutra maneira) morre de fome”.
Essa fruta é muito recomendável também contra as enfermidades renais, nefrite, hidropisia, gota, obesidade, afecções do fígado, cálculos biliares, tuberculose, paralisia, enfermidades do estômago etc.
A banana, principalmente o caldo da banana verde fervida ou ainda a farinha de banana são excelentes contra diarréias e disenterias.
A dieta de bananas maduras dá resultados dos mais benéficos em todos os casos de prisão de ventre dentro de uma ou duas semanas.
Doença celíaca é uma indisposição intestinal em crianças a partir de 16 meses de idade, rara e fatal, a banana é um dos poucos alimentos que o intestino não rejeita.
A banana ligeiramente assada, exalando seu aroma, come-se quente para combater as pneumonias.
Caju
O caju possui dois produtos comerciais, o pedúnculo (comestível ao natural) e o fruto verdadeiro, do qual se extrai o LCC e a amêndoa, ambos com efeito farmacêutico. Em se falando apenas do pedúnculo, este atua como: DIURÉTICO, EXPECTORANTE, ANTIFEBRIL e DIABETES.
Graviola
Um dos estudos revelou que alguns componentes da graviola eram cytotóxicos e levavam à cura do adenocarcinoma do cólon através de potencilalidade quimioterápica, 10.000 vezes maior do que a adriamicina, uma droga quimioterápica muito utilizada. A Universidade de Purdue conduziu uma grande pesquisa sobre acetogeninas annonaceaous incluindo aquelas encontradas na graviola. Em uma das revisões intitulada “Recent Advances in Annonaceous Acetogenins”, eles confirmaram que “Annonaceous acetogenins é uma substância amilóide consistindo uma cadeia longa de ácido graxo de C32 ou C34 combinado com uma unidade de 2-propanol a C-2 para formar uma lactona. Eles são encontrados em vários gêneros da família da planta Annonaceae. Suas diversas bioatividades como antitumor, imunosupressivo, pesticidal, antiprotozoário, vermífugo e agente antimicrobiológico, tem atraído mais e mais o interesse do mundo. As acetogeninas Annonaceous podem inibir seletivamente o crescimento de células cancerígenas e também inibir o crescimento de células de tumor resistente à adriamicina.
Goiaba
A goiaba atalha a tuberculose incipiente, promove o metabolismo das proteínas, e ajuda a prevenir a acidez e a fermentação dos hidratos de carbono durante a digestão. É muito adstringente, sendo aconselhada por alguns para curar as diarréias mais rebeldes. Esta propriedade do fruto se observa também no seu doce ou goiabada. A goiaba é eficiente ainda em Hemorragias, Tosse e Úlceras gástricas e duodenais.
Mamão
O mamão é uma das melhores frutas do mundo, tanto pelo seu valor nutritivo, como pelo seu poder medicinal. Um dos seus mais importantes princípios é a papaína, reconhecida como superior a pepsina e muito usada para prestar alívio nos casos de indigestão aguda.
O mamão maduro é digestivo, diurético, emoliente, laxante, refrescante e oxidante, particularmente quando se come com as sementes, que contêm a papaína, fac-simile da pepsina.
Em casos severos de indigestão e gastrite, onde a assimilação de alimentos causa grande angústia, uma dieta constante exclusivamente de mamão por vários dias, restaura a saúde do enfermo.
Uva
As uvas são importantes na nutrição e prevenção e cura de doenças, mas o vinho é o principal produto da uva promotor de saúde. Os maiores responsáveis pelos efeitos benéficos do vinho à saúde são os polifenóis, por terem:
Um potente efeito antioxidante e
Uma ação antibiótica.
O resveratrol, um dos polifenois encontrados no vinho, tem uma ação antioxidante 10.000 vezes maior que o tocoferol (Vitamina E).
O vinho aumenta a consistência e a estabilidade da parede vascular, previne a
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aterosclerose e inibe a agregação plaquetéria, evitando a deposição de placas de gordura e formação de coágulos nos vasos sanguíneos. Principal causa de infartos do coração, gangrenas e derrames cerebrais.
O vinho é, sem dúvidas a bebida mais favorável à digestão. O ácido cinâmico aumenta a secreção biliar; as oxidades e peptases (enzimas) e o sorbitol, aumentam a secreção biliar e pancreática. Além disso, o vinho diminui os movimentos peristálticos do intestino delgado e do intestino grosso. Isso diminui o trânsito intestinal e aumenta o tempo de permanência dos alimentos no tubo digestivo. Com isso dá maior tempo para as enzimas processarem os alimentos, melhorando a digestão, o que é muito saudável. As principais responsáveis por essa ação são as catequinas. Outra função na digestão, é aumentar a sensibilidade do organismo (das células, mais especificamente) à ação da insulina.
O suco de uva não é tão benéfico para a saúde quanto o vinho. O álcool contido no vinho tem uma afinidade muito grande com o resveratrol e outros polifenóis, sendo o seu melhor solvente.
O suco de uva é sim uma excelente bebida energética, muito adequada para se usar antes, durante ou após a atividade física e/ou intelectual de grande consumo de energia.
Por ser alcalinizante esta fruta combate a acidez sanguínea, sendo indicada a pessoas intoxicadas pelo consumo excessivo de carne. Combate a dispepsia, as flatulências, a atonia intestinal e as fermentações nos intestinos.
Limão
O suco do limão tem sido recomendado para combater numerosos estados patológicos, pois foi comprovado que é diurético e pode ser usado na nefrite, com êxito, especialmente nas formas que produzem um estado de hidropisia. Nas enfermidades infecciosas, o suco, em forma de limonada, é refrescante e favorece a ação dos medicamentos antitérmicos. Nas gastrenterites diminui a inflamação da mucosa e atenua as náuseas. Nas enfermidades do fígado também produz bons resultados. No reumatismo atenua as dores. O suco de limão traz resultados notáveis de vitaminas no organismo. O suco de limão tem igualmente propriedades estimulantes sobre a pele, suavizando-a e fazendo desaparecer as manchas cutâneas.
O limão, com seus ácidos, facilmente transformados em elementos alcalinizantes, e com suas bases, fermentos e vitaminas, contribui poderosamente para oxidar radicais livres.
Surpreende e não poucas pessoas, o fato de que, sendo ácido o suco de limão, determina reação alcalina. Em outras palavras, o limão, ao terminar seu metabolismo, se porta, não como ácido, mas, sim, como alcalino, controlando a acidez no estômago e no sangue.
Como as outras frutas cítricas, possui ótimo teor de vitamina C, atuando notavelmente no metabolismo do cálcio, particularmente nas senhoras em estado de gravidez, nas crianças de peito e nos adolescentes, e é um eficaz remédio contra o escorbuto, as estomatites e a piorréia.
O limão atua sobre as inflamações, dada sua atividade antiinflamatória.
A cura do limão tem vencido diáteses artríticas mais e melhor do que qualquer outra fruta, apresentando resultados onde havia falhado a uva.
Castanha-da-Amazônia
De modo geral, as castanhas, amêndoas e nozes, devido a riqueza em fibras, gorduras monoinsaturadas e diversos antioxidantes (vitamina E, selênio, ácido elágico), são excelentes protetores do coração. Atuam também, como redutores do colesterol sanguíneo.
O alto teor de cálcio combate a osteoporose e o raquitismo.
Além disso, a castanha-da-amazônia é um dos alimentos mais ricos em selênio, diminui o envelhecimento celular e reduz o risco de cânceres como o do pulmão e o da próstata. O selênio combate o mau humor denominado distimia (indisposição orgânica).
Maçã
Dentre as diversas funções de proteção à saúde que a maçã possui, uma delas é diminuir os riscos de derrame cerebral, desde que se coma esta fruta regularmente, segundo pesquisa realizada na Finlândia que acompanhou a saúde e os hábitos alimentares de mais de 9.000 pessoas durante 28 anos. A maçã é rica em querecetina, substância que ajuda a evitar a formação dos coágulos sanguíneos capazes de provocar derrame.
Morango
Comer morango ajuda a reduzir o risco de se contrair câncer e doenças do coração devido à presença do ácido fólico (composto orgânico benéfico à saúde) principalmente na polpa e nas folhas. O morango ainda contém vitamina C, sódio, potássio, cálcio e ferro.
Laranja
Além de alta concentração de vitamina C, as laranjas contém pidoxina (a vitamina B6) e ácido fólico. Ambos são muito importantes no metabolismo da homocisteina e importantes para prevenir a arteriosclerose. A arteriosclerose é a formação de placas nas artérias, dificultando a circulação sanguínea. Estas afirmações foram confirmadas pelo Dr. Rafael Carmena, catedrático de medicina e chefe do serviço de endoclinologia e nutrição do Hospital Clínico Universitário de Valência, Espanha.
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1.12 REFERÊNCIAS
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ALVES, R. E.; FILGUEIRAS, H. A. C. MOSCA, J. L.; SILVA, S. M.; MENEZES, J. B. Postharvest Physiology and Biochemistry of Some Non- Traditional American Tropical Fruits. Acta Horticulturae, 768, p.233-238, 2008.
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21. Panorama atual e potencial da fruticultura acreana
Sebastião Elviro de Araújo Neto 20
2. PANORAMA ATUAL E POTENCIAL DA FRUTICULTURA ACREANA
2.1 Fruticultura na Amazônia
A Amazônia possui uma série de características que a tornam habilitada para investir no agronegócio da fruticultura. As frutas tropicais são, o primeiro grupo de alimentos, associados á Amazônia que, vêm na mente dos consumidores ocidentais. Além disso, o mercado de suco da frutas tropicais esta em franca expansão, com o envelhecimento das populações, as bebidas não alcoólicas, como os sucos, têm seu consumo aumentado (Clay et al., 1999).
Na região há várias instituições de ensino, pesquisa e extensão com conhecimento na área de fruticultura (Embrapa, INPA, CEPLAC, Universidades, Emateres, etc.). Mesmo sem dados consolidados, sabe-se que mais de 50% das frutas consumidas na região vêm de outros estados, sendo que, a maioria têm condições de serem produzidas na região. Para as grandes empresas seria uma grande oportunidade de aliar a atividade com a marca Amazônia, hoje com divulgação mundial.
No entanto é preciso maiores investimentos governamentais em rodovias, ferrovias, hidrovias e portos; dentre outras políticas específicas para fomentar a fruticultura.
A região Amazônica é a terceira maior produtora de banana do país, segunda em abacaxi e quarta em coco e maracujá, onde os Estados da região já possuem tradição na produção de frutas. Verificando o mapeamento da fruticultura brasileira do ano 2000, o Estado do Pará é o segundo maior produtor brasileiro de abacaxi (9.842 ha) e o Estado do Amazonas tem 7 municípios entre os 50 maiores produtores desta fruta (2.620 ha). Com relação a banana o Estado do Pará é o maior produtor (51.772 ha), o do Amazonas o quarto maior produtor (41.701 ha), o Estado do Acre tem uma área plantada de 9.276ha, Roraima 6.000 ha e Rondônia 5.729 ha.
Na produção de coco, o Pará é o maior produtor (17.229 ha). Na produção de mamão o Pará é o quarto maior produtor (1.258 ha) e o estado do Amazonas possui 7 municípios (819 ha) entre os 50 maiores produtores. Em Maracujá o Pará é o sexto maior produtor. Com relação a laranja já existem 35.817 ha plantados nos estados do Amazonas, Pará e Roraima. No Estado de Rondônia já existe uma área plantada de 38.500 ha com frutas tropicais.
Além destas frutas exóticas, observa-se que, existe uma área considerável plantada com frutas nativas. É o caso do cacau, com 4.573 ha plantados no Estado do Amapá, 26.896 ha em Rondônia e 99.742 no Pará (Anuário estatístico, 1998). O cupuaçu tem uma área plantada de 16.000 ha na região Amazônica (Ribeiro, 1997). O guaraná tem 11.611 ha plantados na região. Com relação ao extrativismo, verifica-se que a castanha-da-amazônia contribuiu com 19.203 t e o açaí com 146.524 t, no ano de 1998 (Anuário estatístico, 1998). É importante salientar que, estas frutas possuíam apenas consumo local, e hoje são consumidas em vários estados do Brasil e no exterior.
2.2 Aspectos Gerais do Estado do Acre
O Estado do Acre ocupa uma área estimada de 152.589 km2, com uma população estimada de 557.526 habitantes, distribuídas em 66% na zona urbana e 34% na zona rural. O relevo é formado, na sua maior parte por uma plataforma regular, com altitudes variando de 100 a 300 metros, sendo que a vegetação é formada por floresta úmida de terra firme (88,24%), várzea (11,37%) e campo (0,39%) (IBGE, 2004). O clima da região é quente e úmido com estação seca e chuvosa bem definidas. A temperatura média anual é de 25,8ºC, sendo a média das máximas de 31,3ºC e a média das mínimas de 20ºC. As médias anuais de precipitação umidade relativa do ar e insolação são de 1.710 mm, 84% e 1.522,1 horas.
2.3 Principais fruteiras cultivadas no Acre
O cultivo de fruteiras no estado do Acre, concentra-se nos municípios de Cruzeiro do Sul, Plácido de Castro, Acrelândia, Porto Acre (Projeto Humaitá) e Rio Branco (Tabela 2.1 e 2.2).
Na tabela 2.1, encontra-se a área colhida, produção e produtividade das principais fruteiras cultivadas no Acre.
Tabela 2.1 - Área colhida (ha), produção e produtividade média das principais fruteiras cultivadas no estado do Acre, ano de 2002. Produtos Área colhida (ha) Produção Produtividade (fruto ou ton/ha)
Abacaxi (Mil frutos)
262
276.320
1.054
Abacate (Mil frutos)
88
568
6.454
Açaí (tonelada)
159
10
Banana (Mil cachos)
6.712
52.087
8,0
Côco-da-baía (Mil f)
68
359
5.279
Cupuaçu
Guaraná (ton)
139
55
0,4
Laranja (Mil frutos)
560
4.879
8.713
Limão (Mil frutos)
76
542
7.131
Mamão (Mil frutos)
250
2.180
8.720
Manga (Mil frutos)
48
358
7.458
Maracujá (Mil fruto)
74
386
5.216
Palmito (ton)
763
1.951
2.555
Tangerina (Mil fruto)
190
1.673
8.805
Fonte: IBGE (2004).