SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 232
Baixar para ler offline
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE 
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA NATUREZA 
Rio Branco – Acre 
2012 
FRUTICULTURA TROPICAL 
Profº. Sebastião Elviro de Araújo Neto
SUMÁRIO 
1. IMPORTÂNCIA DA FRUTICULTURA BRASILEIRA .......................................................... 3 
1.1 - Aspectos econômicos e sociais .......................................................................................... 3 
1.2 - Exportações brasileiras de frutas .................................................................................... 4 
1.3 - Em busca da auto-suficiência ........................................................................................... 5 
1.4 - Desperdiço de frutas no Brasil ......................................................................................... 5 
1.5 - Consumo Per Capta de frutas .......................................................................................... 6 
1.6 - Principais países produtores de frutas ............................................................................ 6 
1.7 Pólos frutícolas do Brasil .................................................................................................... 7 
1.8 Divisão das plantas frutíferas quanto ao clima .......................................................... 7 
1.9 - Aspectos sociais ................................................................................................................. 8 
1.10 - Aspectos nutracêuticos ................................................................................................... 8 
1.11 Função medicinal das frutas ........................................................................................... 16 
1.12 REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 18 
2. PANORAMA ATUAL E POTENCIAL DA FRUTICULTURA ACREANA ........................ 20 
2.1 Fruticultura na Amazônia ................................................................................................ 20 
2.2 Aspectos Gerais do Estado do Acre ................................................................................. 20 
2.3 Principais fruteiras cultivadas no Acre ........................................................................... 20 
2.4 Frutas potenciais ............................................................................................................... 24 
2.5 Fruticultura nos Sistemas Agroflorestais-SAFs ............................................................. 25 
2.6 Tecnificação dos pomares ................................................................................................. 25 
2.7 Agroindústria ..................................................................................................................... 26 
2.8 REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 26 
3. SISTEMAS DE PRODUÇÃO NA FRUTICULTURA ............................................................ 28 
4. PROPAGAÇÃO DE PLANTAS FRUTÍFERAS ..................................................................... 39 
4.1 - Propagação por semente ................................................................................................. 39 
4.2. Propagação assexuada ..................................................................................................... 45 
4.3. Métodos de propagação vegetativa ................................................................................. 48 
4.5 Matrizes copa e porta-enxertos ........................................................................................ 69 
4.6 Referências ......................................................................................................................... 70 
5. VIVEIROS ................................................................................................................................ 71 
5.1 Tipos ................................................................................................................................... 71 
5.2 Localização ......................................................................................................................... 72 
5.3 Dimensionamento .............................................................................................................. 73 
5.4 Instalações .......................................................................................................................... 73 
5.5 Formação da muda ............................................................................................................ 74 
5.6 Substratos e recipientes .................................................................................................... 75 
5.7 Recipientes ......................................................................................................................... 79 
5.8 REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 80 
6. PLANEJAMENTO E IMPLANTAÇÃO DE POMAR ............................................................ 82 
6.1 –Planejamento do pomar .................................................................................................. 82 
6.2 – Talhões ............................................................................................................................. 82 
6.3 - Sistema de Plantio ........................................................................................................... 84 
6.4 - Marcação das Covas ....................................................................................................... 85 
6.5 - Preparo do solo ................................................................................................................ 86 
6.6 - Abertura e preparo das covas ........................................................................................ 86 
6.7 - Plantio .............................................................................................................................. 87 
6.8 REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 88 
7. PODA DAS PLANTAS FRUTIFERAS ................................................................................... 90 
7.1 Princípios fisiológicos que regem a poda ......................................................................... 90
3 
7.2 Poda e condução de frutíferas .......................................................................................... 92 
7.3 Tipos de poda ..................................................................................................................... 93 
7.4 REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 97 
8. FLORESCIMENTO E FRUTIFICAÇÃO ................................................................................ 98 
8.1 Fatores internos que afetam a frutificação ..................................................................... 98 
8.2 Fatores externos que afetam a frutificação ................................................................... 102 
8.3 Efeito hormonal na frutificação ..................................................................................... 105 
8.4 Referências ....................................................................................................................... 105 
9. COLHEITA E PÓS-COLHEITA DE FRUTOS ..................................................................... 106 
9. 1 Definição de Fruto e Fruta ............................................................................................ 106 
9.2 Fisiologia do desenvolvimento dos frutos ...................................................................... 106 
9.3 Tipos de colheita .............................................................................................................. 111 
9.4 Estádio de maturação ...................................................................................................... 113 
9.5 Pré-resfriamento .............................................................................................................. 114 
9.6 Higiene do campo e aspectos fitossanitários ................................................................. 115 
9.7 Sistema de armazenamento ............................................................................................ 118 
9.8 Padronização e classificação ........................................................................................... 121 
9.9 REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 122 
10 CULTURA DO AÇAIZEIRO ................................................................................................ 124 
10.1. Produção brasileira de açaí ......................................................................................... 124 
10.2 Produtividade ................................................................................................................ 124 
10.3 Origem, Dispersão e Botânica ...................................................................................... 125 
10.4 Período de produção ..................................................................................................... 127 
10.5 Ecofisiologia ................................................................................................................... 128 
10.6 Melhoramento Genético ............................................................................................... 129 
10.7 Cultivares ....................................................................................................................... 130 
10.8 Propagação ..................................................................................................................... 131 
10.9 Nutrição mineral ........................................................................................................... 132 
10.10 Manejo agronômico ..................................................................................................... 133 
10.11 Pragas ........................................................................................................................... 134 
10.12 Doenças ......................................................................................................................... 134 
10.13 Colheita e Pós-colheita ................................................................................................ 134 
10.14 Pós-colheita .................................................................................................................. 135 
10.15 Mercado e Comercialização ....................................................................................... 138 
10.16 Coeficiente técnico ....................................................................................................... 140 
10.17 Referências ................................................................................................................... 140 
11 CULTURA DO CUPUAÇUZEIRO ...................................................................................... 142 
11.1 Aspectos Sócio-Econômicos .......................................................................................... 143 
11.2. Origem, Dispersão, Botânica e Ecologia .................................................................... 144 
11.3 Ecofisiologia ................................................................................................................... 144 
11.4 Melhoramento Genético ............................................................................................... 145 
11.5 Cultivares ....................................................................................................................... 151 
11.6 Propagação ..................................................................................................................... 151 
11.7 Nutrição mineral ........................................................................................................... 151 
11.8 Manejo agronômico ....................................................................................................... 152 
11.9 Pragas do cupuaçuzeiro ................................................................................................ 154 
11.10 Doenças do cupuaçuzeiro ............................................................................................ 155 
11.11 Colheita e beneficiamento ........................................................................................... 158 
11.12 Mercado e Comercialização ....................................................................................... 159 
11.13 Coeficiente técnico ....................................................................................................... 159
4 
11.14 Referências ................................................................................................................... 160 
12. CULTURA DO MARACUJAZEIRO .................................................................................. 162 
12.1 Aspectos socioeconômicos ............................................................................................. 162 
12.2 - Produção Brasileira .................................................................................................... 162 
12.3 Origem, Dispersão e Botânica ...................................................................................... 163 
12.4 Ecofisiologia ................................................................................................................... 164 
12.5 genéticA do maracujazeiro ........................................................................................... 164 
12.6 Melhoramento Genético do Maracujazeiro ................................................................ 166 
12.7 Cultivares ....................................................................................................................... 167 
12.8 Propagação ..................................................................................................................... 169 
12.9 Solos e Nutrição Mineral .............................................................................................. 172 
12.10 Manejo agronômico ..................................................................................................... 173 
12.11 Pragas ........................................................................................................................... 177 
12.12 Doenças ......................................................................................................................... 180 
12.13 Colheita e Pós-colheita ................................................................................................ 182 
12.14 Mercado e Comercialização ....................................................................................... 185 
Custo de produção e rendimento econômico ...................................................................... 186 
12.15 Coeficiente técnico para implantação de 1 hectare de maracujá (espaçamento 3,0 x 3,0m) ....................................................................................................................................... 187 
12.16 Referências ................................................................................................................... 190 
13 CULTURA DO ABACAXIZEIRO ....................................................................................... 195 
14 CULTURA DO MAMOEIRO ............................................................................................... 210
Importância da fruticultura brasileira 
3 
1. IMPORTÂNCIA DA FRUTICULTURA BRASILEIRA 
O Brasil por possui uma extensa área territorial, com 8.500.000 km2 encontra-se uma grande variação climática e seus microclimas que possibilitam o cultivo econômico da maioria das fruteiras, que torna o país o terceiro produtor mundial de frutas, atrás apenas da China e Índia, primeiro e segundo maiores produtores, respectivamente. Aliado ao volume de produção, a geração de renda e emprego, o consumo interno de frutas, torna a fruticultura um ramo econômico que promove desenvolvimento social no país. 
Além do valor da produção, a fruticultura faz parte de rotas turísticas, como os vinhedos do sul do pais, incorporando recursos econômicos e sociais importante para odesenvolvimento dessas regiões, especificamente do campo, com maior agregação de valor, diversificação de produtos e serviços. 
1.1 - Aspectos econômicos e sociais 
A cadeia produtiva das frutas no campo, abrange 2,5 milhões de hectares, gera 6 milhões de empregos diretos ou seja, 27% do total da mão-de- obra agrícola ocupada no campo. Este setor demanda mão-de-obra intensiva, fixando o homem no campo. 
Apesar do baixo retorno econômico nos primeiros anos do pomar, durante a frutificação de muitas espécies, há redução da mão de obra e do custo de produção, podendo garantir renda na agricultura familiar, principalamente em propriedades com pouca mão-de-obra ou mão de obra de idosos. 
Em se tratando de empresas rurais, é possível alcançar um faturamento bruto de R$1.000 a R$20.000 por hectare. Além disso, para cada 10.000 dólares investidos em fruticultura, geram-se 3 empregos diretos permanentes e dois empregos indiretos. O valor bruto da produção de frutas em 2009 situou-se em 17,5 bilhões de reais. 
As principais frutíferas cultivadas no Brasil são: laranja, banana, abacaxi, melancia, coco, mamão, uva, maçã, manga, tangerina, limão, maracujá, melão, goiaba, pêssego, Caqui, abacate, figo, pêra dentre outras (Quasdro 1). Outras frutas regionais “raras” (exóticas e nativas) possuem alto potencial de mercado, incluindo acerola, atemoya, açaí, cupuaçú, bacuri, marolo, pinha, castanhas, cajá, ceriguela, mangaba, sapoti, graviola, envira-cajú e outras que necessitam ser estudadas (Alves et al., 2008, Farias, 2009). 
Dessas frutas, a laranja, representam 42,9% do total da produção de frutas brasileria, seguida da banana com 16,5% da produtção, por isso, seu comportamento tem influência muito forte nos números gerais. E elas registraram desempenho bem diferenciado de 2004 para 2005. 
Atualmente, o Brasil é o maior produtor de laranja e o segundo produtor mundial de banana, atrás apenas da Índia. 
No Brasil, o estado de São Paulo se destaca na produção de frutas, principalmente pela alta produção de citros e exportação de suco de laranja concentrado e congelado (SLCC), colocando o Brasil como o maior produtor mundial de citros e maior exportador do SLCC. Além disso, destaca-se também pela grande variedade de espécies frutíferas cultivadas em cada um de seus microclimas. Aliado a outros fatores, o alto índice tecnológico nos pomares paulistas, contribui para a boa produtividade alcançada. 
Quadro 1.1 Produção, produtividade e área cultivada das principais espécies cultivadas no Brasil em 2009. 
A maioria da produção brasileira é destinada ao consumo interno, tanto ao natural quanto processada na forma de doces, geléias, sucos, vinhos e outros. Pois o terceiro maior produtor de frutas não é um dos principais exportadores, em 2009, exportou apenas 1,8% da produção. Porém, apesar de não aumentar o saldo na balança comercial brasileira com as exportações, o consumo interno pode reduzir a importação pelo consumo das frutas brasileiras e com isso, melhorar a saúde da população que se consientiza cada vez mais da importancial alimentar das frutas na saúde humana. 
O principal motivo da baixa exportação de frutas pelo Brasil é a baixa qualidade das frutas, infraestrutura deficiente e principalmente os embargos econômicos e sanitários impostos pelos países importadores.
Importância da fruticultura brasileira 
Sebastião Elviro de Araújo Neto 4 
1.2 - Exportações brasileiras de frutas 
As frutas brasileiras, aos poucos, vão 
ganhando o mercado mundial e abrindo espaço para 
transformar o Brasil em um grande exportador, 
criando novas oportunidades de negócio para os 
agricultores brasileiros em um empreendimento com 
alta rentabilidade. No total, a receita com as 
exportações brasileiras de frutas cresce 
constantemente e atinge seus 609 milhores de reais 
em 2010 (Figura 1.1). 
A colheita mundial de frutas, no entanto, é de 
540 milhões de toneladas, correspondendo ao 
montante de US$ 162 bilhões, em valor comercial. A 
China, sozinha, é responsável por 157.716 milhões de 
toneladas (Quadro 1.2). Embora o País constitua um 
grande produtor, a participação do Brasil nos 
negócios mundiais de frutas é pequena, representando 
1,6% em divisas e 2,3% em volume. A Nação situa-se 
em 20º lugar entre os exportadores. 
Quadro 1.2 Produção dos principais países produtores 
de frutas. 
País Produção (t) 2004 
China 157.716.081 
Índia 54.581.900 
Brasil 39.112.663 
Estados Unidos 32.523.920 
Itália 18.091.800 
México 16.863.506 
Turquia 16.305.750 
Irã 15.139.110 
França 11.764.270 
Fone: FAO/DATAFRUTA-IBRAF. 
Esse mercado movimenta US$21 bilhões por 
ano. Mas as vendas brasileiras vêm crescendo, tendo 
aumentado em torno de 200% nos últimos seis anos. 
Em 2007, a receita com o comércio de frutas ao 
exterior foi de US$ 642.743 milhões. 
A valorização do real em relação ao dólar foi o 
principal obstáculo para um melhor comportamento 
das vendas brasileiras de frutas a outros países. 
Analisando o caso da maçã: muitas empresas 
exportaram porque havia contrato firmado e também 
para não perder o cliente, pois o preço da espécie no 
mercado externo não compensava. A queda da maçã 
foi de 36,91% em valor e de 35,1% em volume em 
2005, no comparativo com o ano anterior, quando ela 
fora a grande estrela. 
Outra fruta que teve redução acentuada – de 
58,34% em valor e de 65,99% em volume – nas 
exportações de 2005 foi a laranja. Além do dólar 
baixo, a doença conhecida como pinta-preta 
dificultou as remessas para o exterior. “Todos os 
contêineres eram verificados e, se fosse constatado 
qualquer indício, a firma era riscada do rol dos 
exportadores por parte da Europa”, assinala o gerente 
de Exportação do IBRAF. Em razão disso, muitas 
empresas nem chegaram a abrir seus packing-houses. 
0 
100000 
200000 
300000 
400000 
500000 
600000 
700000 
800000 
900000 
1000000 
1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2009 2010 
US$ 
t 
Figura 1.1 – Evolução das exportações brasileiras de 
frutas frescas 1998-2010 (IBRAF, 2012). 
Quadro 1.3 Exportação brasileira de frutas em 2009. 
Frutas Valor 
(US$) 
Quantidade 
(kg) 
Uva 136.648.806 60.805.185 
Melão 121.969.814 177.828.525 
Manga 119.929.762 124.694.284 
Maçã 55.365.805 90.839.409 
Banana 45.389.163 139.553.134 
Limão 50.693.603 63.060.909 
Mamão 35.121.752 27.057.332 
Laranja 16.276.736 37.821.810 
Abacaxi 998.318 1.889.842 
Melancia 12.356.105 28.261.716 
Figo 7.310.886 1.446.458 
Tangerina 1.850.034 1.977.479 
Goiaba 326.364 147.348 
Coco 121.240 407.737 
Outras frutas 1.931.663 815.874 
Outros citrus 4.978 4.51941.117 
Total Frutas Frescas 609.612.136 759.420.595 
Fonte: SECEX/IBRAF em 03/12/2012 
Mesmo com esses problemas, e com todas as 
exigências comerciais e sanitárias dos países 
importadores, o Brasil continua com sua imagem 
fortalecida como grande fornecedor mundial, pois 
ocupa o terceiro lugar nas exportações de manga 
(com 111 mil toneladas), depois de México (212 mil) 
e Índia (156 mil), em números da safra 2004. O País 
fica em quinto lugar nas exportações de melão, atrás 
da Espanha, Costa Rica, Estados Unidos e Honduras. 
A banana, que representa o maior volume de vendas 
por parte do Brasil (188,087 mil toneladas em 2004), 
torna o País o 15º exportador, sendo as primeiras 
posições ocupadas por Equador, Costa Rica, 
Filipinas, Colômbia e Guatemala. No coco, os 
brasileiros ocupam o 20º lugar; na maçã e na laranja, 
o 12º; e na uva, o 18º. 
Além de ter havido crescimento nas 
exportações brasileiras nos últimos anos, com a 
conquista de novos mercados na Ásia e no Oriente 
Médio, um ponto fundamental é que as importações
Importância da fruticultura brasileira 
Sebastião Elviro de Araújo Neto 5 
de frutas foram acentuadamente reduzidas. Elas têm se limitado a alguns períodos do ano em que ainda não se registra produção interna ou a alguns tipos específicos. As mais importadas são pêra, maçã, ameixa, kiwi, cereja e nectarina. Em 2005, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) e do Ibraf, as importações brasileiras chegaram a 224,494 mil toneladas em volume e a US$ 125,634 milhões em valor. 
Os maiores compradores são os países baixos (Holanda), com 32% do volume exportado, seguido pelo Reino Unido, com 18%, este, desde a década de 90 vem se constituindo como o principal mercado para as frutas brasileiras. 
Também no Mercosul está crescendo o mercado para a fruticultura nacional, sendo a Argentina responsável por 12% das nossas exportações e o Uruguai por outros 6%. Além disso, o Brasil exporta para Estados Unidos, Portugal, Bélgica, Finlândia e Emirados Árabes Unidos. 
Apenas para fazer uma comparação, o Chile que é um dos maiores exportadores de frutas ao natural, exporta cerca de US$1,6bilhão, aproximadamente o mesmo valor que rende a exportação do suco de laranja brasileiro, exportação de fruta na forma de suco e com valor agregado nas grandes industrias paulistas. 
Além dos US$ 643 milhões, o Brasil exportou em frutas processadas, o equivalente a US$ 2.7 bi. 
1.3 - Em busca da auto-suficiência 
Mesmo sendo o terceiro maior produtor mundial de frutas, o Brasil, país de dimensões continentais, encontra dificuldade em atender ao seu mercado interno e precisa importar para suprir sua demanda de consumo. Mas, nos últimos anos, observa-se um crescente aumento nas exportações e diminuição na importação de frutas (Figura 1.2). 
Os problemas para este atendimento vão desde aspectos culturais, precariedade de logística, falta de planejamento e integração dos mercados regionais, até as dificuldades econômicas da maioria da população. Atualmente, o mercado interno segue a tendência mundial de aumento do consumo de frutas frescas, dentro dos princípios difundidos de melhoria da qualidade de vida e cuidados com a saúde. Portanto, além de exportar para o mercado internacional, o Brasil precisará aprender a exportar para ele mesmo, qualificando a produção, a distribuição e a comercialização. 
Contudo, a cadeia produtiva da fruticultura é a área que mais cresce dentro do agronegócio brasileiro e deverá alcançar um patamar de grande exportador. 
Todos os estados da federação acordaram para uma realidade: a fruticultura gera dinheiro, o País tem potencial para produzir muito e com qualidade, há um mercado com alta demanda e em crescimento. 
Quadro 1.4. Importação brasileira de frutas em 2009. Frutas Valor (US$/mil) Quantidade (tonelada) 
Pêra 
161.974.250 
189.840.518 
Maçâ 
60.046.723 
76.879.090 
Ameixa 
32.417.159 
24.278.543 
Quiwi 
21.867.849 
20.596.664 
Uva 
36.074.860 
24.794.695 
Ameixas 
32.417.159 
24.278.543 
Pêssegos 
13.322.481 
11.074.033 
Nectarinas 
13.221.893 
10.421.857 
Laranjas 
4.841.635 
6.002.603 
Tangerinas 
2.960.118 
3.438.598 Total Outras Frutas 367.491.907 374.037.298 
Fonte: SECEX/DECEX/MDIC;DECOM/SPC/MAPA 
Os investimentos realizados nos pólos de fruticultura irrigada no Nordeste, no sudeste do País e no Sul estão se consolidando porque há um grande retorno econômico e social nesta atividade. Para cada hectare de pomar é gerada uma renda de aproximadamente R$ 15 mil. Isso que dizer que, dentro da agricultura, o segmento frutícola está entre os principais geradores de renda, de empregos e de desenvolvimento rural. 
Fatores que incentivam a produção 
1. Geração de empregos no campo e na cidade 
2. Renda de R$ 1 mil a R$ 25 mil por hectare 
3. Sustentabilidade da produção 
4. Disponibilidade de recurso 
5. Grande demanda no mercado interno 
6. Grande demanda no mercado internacional 
7. Incentivo às exportações 
Exemplos de rentabilidade 
Cada hectare de vinho gera: 
Renda/hectare/ano: R$ 20 mil de dinheiro novo circulando na região produtora 
Renda com industrialização 
Mais R$ 20 mil (R$ 40 mil/ha/ano) 
Cada hectare de vinhedo oferece 
1 emprego direto, a permanência de uma família no campo e 2 empregos indiretos 
1.4 - Desperdiço de frutas no Brasil 
O Brasil acumula prejuízos de milhões de dólares todos os anos na produção e processamento de frutas. As perdas variam de 30% a 60% do total produzido nos pomares brasileiros, dependendo da espécie e do estágio em que a fruta é descartada pelo mercado. 
As perdas começam na lavoura e terminam nas gôndolas dos supermercados. Antes disso, passa pela embalagem inadequada, o transporte indevido, manejo equivocado e estocagem errada. As perdas na lavoura ocorrem por desconhecimento do produtor, que adota manejo inadequado do pomar e usa variedades não-adaptadas. Além disso, há os fatores
Importância da fruticultura brasileira 
Sebastião Elviro de Araújo Neto 6 
climáticos que podem influenciar, como tempestades, ventos, geadas, excesso hídrico ou estiagens. 
A utilização de embalagens inadequadas também é fator de prejuízos à produção nacional de frutas. No Brasil é costume utilizar caixas de madeira estreitas, impróprias para acondicionar o produto. Isso aperta as frutas, machuca e ainda provoca contaminações pelo uso contínuo sem os cuidados de higiene necessários. Por isso é necessária a adequação das embalagens. 
Outro ponto fraco do processo pós-colheita da fruticultura brasileira é o transporte, que deveria ser feito em caminhões refrigerados e já com as frutas embaladas. Normalmente a operação é realizada em caminhões comuns cobertos com lonas. 
E na comercialização, pelo falta de um bom sistema de informações para viabilizar o planejamento da produção, medida que é rotineira na Europa e nos Estados Unidos. Com informações de mercado, o produtor poderia se planejar para produzir exatamente o volume de frutas que terá demanda. 
1.5 - Consumo Per Capta de frutas 
O consumo per capta brasileiro é praticamente a metade em relação à Itália, Espanha e Alemanha e bem abaixo de outros países (Quadro1.4). Vários fatores estão relacionados a este fato: 
 O brasileiro ainda não tem consciência da importância das frutas na alimentação. 
 O baixo índice tecnologia empregada na fruticultura brasileira causa preços elevados das frutas, além da baixa renda per capta do brasileiro. 
 O consumo de frutas nativas, como açaí, jabuticaba, cajá, jaca, cupuaçu, graviola e outras não entram na estatística do consumo per capta brasileiro. 
 O consumo de frutas do quintal também não entra nas estatísticas. 
Quadro 1.5 Consumo Per Capta de frutas em alguns países. 
País Consumo (Kg / ano) 
Alemanha 
112,00 
Reino Unido 
68,50 
França 
91,40 
Itália 
114,80 
Países Baixos 
90,80 
Espanha 
120,10 
EUA 
67,40 
Canadá 
81,10 
Japão 
61,80 Brasil 57,00 
De Angelis (2001) afirma que a educação nutricional ao longo da vida é uma necessidade para melhorar as condições nutricionais. 
1.6 - Principais países produtores de frutas 
A China foi o maior produtor mundial de frutas no ano de 2002, com a quantidade de 133.077.000 toneladas e destacando-se como grande produtora mundial de melancia, maçã, melão e pêra. 
A Índia foi o segundo produtor mundial neste mesmo ano quando registrou a quantidade de 58.970.000 de toneladas e sendo um grande produtor de banana, manga e coco. 
Quadro 1.6 Produção mundial de frutas em 2004. (mil toneladas) Mundo China Índia Brasil USA Filipinas Indonésia Itália México Espanha Turquia 
Total 
503.278.149 
157.716 
54.582 
39.113 
32.524 
18.092 
16.864 
Melancia 
94.938.957 
68.300.000 
255.000 
622.060 
1.669.940 
107.056 
- 
500.000 
970.055 
764.600 
4.300.00 
Banana 
71.343.413 
6.420.000 
16.820.000 
6.602.750 
10.000 
5.638.060 
4.393.685 
400 
2.026.610 
412.700 
110.000 
Uva 
66.569.761 
5.527.500 
1.200.000 
1.278.885 
5.418.160 
120 
- 
8.691.970 
456.638 
7.147.600 
3.600.000 
Laranja 
62.814.424 
1.977.575 
3.100.000 
18.256.500 
11.729.900 
28.700 
871.610 
2.064.099 
3.969.810 
2.883.400 
1.280.000 
Maçã 
61.919.060 
22.163.000 
1.470.000 
977.863 
4.571.440 
- 
- 
2.069.243 
503.000 
603.000 
2.300.000 
Melão 
27.703.132 
14.338.00 
645.000 
180.000 
1.150.440 
19.000 
- 
608.200 
590.000 
1.102.400 
1.700.000 
Manga 
26.573.579 
3.582.000 
10.800.000 
850.000 
2.800 
967.535 
1.006.006 
- 
1.503.010 
- 
- 
Tangerina 
22.942.253 
10.556.000 
- 
1.270.000 
492.600 
55.500 
- 
576.446 
360.000 
2.368.700 
565.00 
Abacaxi 
15.288.018 
1.420.000 
1.300.000 
1.435.190 
270.000 
1.759,290 
463.063 
- 
720.900 
- 
- 
Limão 
12.338.795 
611.300 
1.420.000 
1.000.000 
732.000 
52.000 
- 
564.794 
1.824.890 
908.700 
535.000 
Mamão 
6.708.551 
161.000 
700.000 
1.650.000 
16.240 
131.869 
- 
- 
955.694 
- 
- 
Abacate 
3.078.111 
84.000 
- 
175.000 
200.000 
- 
177.263 
- 
1.040.390 
75.699 
370 
Fonte: FAO (2005). 
O Brasil está classificado em terceiro lugar com a quantidade de 39.113.000 toneladas, sendo um grande produtor de laranja, banana, coco e mamão. 
Depois em quarto lugar aparece os Estados Unidos como grande produtor mundial de laranja, uva, maça e pomelo, a Itália em quinto lugar destacando-se como produtora de uva, maçã e pêssego. O México em sexto lugar como grande produtor de manga, citros, melão e outras frutas tropicais.
Importância da fruticultura brasileira 
Sebastião Elviro de Araújo Neto 7 
1.7 Pólos frutícolas do Brasil 
Existem hoje no Brasil 30 pólos de fruticultura, espalhados de norte a sul e abrangendo mais de 50 municípios. 
O Pólo Assu/Mossoró, no Rio Grande do Norte, que se tornou a maior região produtora de melão do País, e o Pólo Petrolina/Juazeiro, que já conta com mais de 100 mil hectares irrigados, exportando manga, banana, coco, uva, goiaba e pinha, e garantindo emprego a 4000 mil pessoas em áreas do semi-árido da Bahia e Pernambuco, são exemplos de sucesso. 
Outro que vem crescendo e que é um dos mais avançados na produção de frutas para exportação é o Pólo Baixo Jaguaribe, no Ceará, que já conta com 52 mil hectares irrigados. 
Também o Pólo de desenvolvimento Norte de Minas/MG merece ser citado por sua importância na produção frutícola que atingiu, em 1999, 264.050 toneladas de banana, limão, manga, uva, coco e mamão. 
Não pode ser esquecido o Pólo de São Paulo, um dos primeiros a surgir no País e que hoje sofre a concorrência do Nordeste nas exportações, mas que ainda é o grande fornecedor do mercado interno de frutas frescas, o primeiro nas exportações de citros e suco de laranja e tem forte presença em banana, manga, goiaba, uva de mesa e outras. São Paulo exportou, em 2001, 194.660 toneladas de frutas, com destaque para laranja (139.553 t), tangerina (17.250 t), limão (12.498 t), banana (9.695 t), mamão (4.808 t), abacaxi (2.560 t), manga (1.996 t), melão (1.783), uva (1.436 t) e outras, representando um faturamento de US$ 50,1 milhões. 
Há ainda o pólo do Rio Grande do Sul, tradicional produtor de uva para produção de vinho e de pêssego para a industria e de mesa. Além disso, na região de Vacaria, nos Campos de Cima da Serra, florescem os pomares de maçã, dando ao Estado o segundo lugar nas exportações dessa fruta, depois de Santa Catarina, onde as macieiras se estendem pelos municípios de Fraiburgo e São Joaquim. 
Figura 1.1 – Localização do pólos frutícolas do Brasil. 
1.8 Divisão das plantas frutíferas quanto ao clima 
Quanto às exigências de clima, as plantas podem dividir-se em plantas de clima temperado, subtropical e tropical. 
Plantas de clima temperado 
Essas plantas podem ser sub divididas, em muito exigentes e pouco exigentes em frio. 
Dentro de uma mesma espécie, encontramos variedades que se acomodam a essa exigência, como o pessegueiro, a macieira, a pereira, a ameixeira, a pecã, o caqui. Existem variedades que produzem satisfatoriamente em regiões de inverno brando, ao passo que outras exigem inverno longo e rigoroso para frutificar economicamente, que dure de dois a três meses, com temperatura de 0ºC, podendo atingir, no verão, de 30 a 40ºC. 
As espécies de clima temperado podem desenvolver a frutificação na área subtropical e mesmo na tropical, desde que o repouso hibernal seja substituído por período seco que impeça a vegetação, porém as plantas de clima tropical e subtropical dificilmente encontram condições para prosperar nas zonas temperadas. 
A área de distribuição favorável para as espécies frutíferas de clima temperado concentra-se no sul do Estado de São Paulo até o Rio Grande do Sul. Encontram-se, entretanto, dispersas pelo país, regiões microclimáticas, como a serra da Mantiqueira, a serra dos Cristais e regiões do interior e do norte do Brasil, que compensam a latitude com a altitude, oferecendo também microclimas favoráveis.
Importância da fruticultura brasileira 
Sebastião Elviro de Araújo Neto 8 
Plantas de clima subtropical e tropical 
Os vegetais tropicais e subtropicais encontram, 
a partir do centro do Estado de São Paulo até o 
Amazonas, condições ecológicas para o seu 
desenvolvimento, com exceção das regiões 
montanhosas, onde a queda de temperatura oferece 
microclima favorável às culturas temperadas. 
Pelos conhecimentos adquiridos sobre espécies 
de clima temperado, subtropical e tropical, e 
conhecendo-se as condições ecológicas de cada 
região, podem-se estabelecer pomares comerciais 
com grande probabilidade de êxito. 
Assim, as culturas de abacaxi, anona, banana, 
coco-da-bahía, mamão, manga, tâmara, citros, abacate, 
goiaba, jabuticaba encontrariam condições ecológicas 
das mais favoráveis a partir da parte central do Estado 
de São Paulo até o norte, incluindo as regiões central e 
nordeste, que se enquadram dentro de clima 
subtropical e tropical. As espécies de clima temperado, 
entretanto, como ameixeira, figueira, macieira, 
oliveira, pecã, pessegueiro, pereira e videira, 
encontrariam condições mais satisfatórias do sul do 
Estado de São Paulo até o Rio Grande do Sul. 
1.9 - Aspectos sociais 
Os 6 milhões de empregos gerados nos 2,5 
milhões de hectares de fruticultura é em grande parte 
por causa do baixo investimento necessário para a 
geração de emprego, pois, para cada 10.000 dólares 
investidos em fruticultura, geram-se 3 empregos 
diretos permanentes e dois empregos indiretos. Visto 
por outro ângulo, 2,5 milhões hectares com frutas no 
Brasil significam 6 milhões de empregos diretos (2 a 
5 pessoas por hectare). 
220000 
145000 
100000 
91000 
66000 
37000 
6000 2500 
Química 
Metalúrgica 
Pecuária 
Automobilísmo 
Turismo 
Agricultura 
Fruticultura 
Investimento médio para gerar um emprego (US$) 
Figura 1.2 - Investimento médio para gerar um 
emprego em algumas atividades industriais, turismo e 
agropecuárias. 
Um exemplo de geração de emprego é o caso 
da atemóia no Estado de São Paulo. Segundo estudos 
de Mello et al., (2004), a atemóia assim como outras 
frutíferas, é grande absorvedora de mão-de-obra, 
requer cuidados agronômicos sistemáticos cerca de 
1.153 horas/ha/ano, enquanto que as culturas anuais 
em sistemas de produção de alta tecnologia geram 
apenas entre 2 a 40 horas/ha (Mello et al., 2000). 
A alta geração de emprego ocorre por se tratar 
de cultivo extensivo e intensivo, exigindo a presença 
constante de mão-de-obra. 
Por isso, existe atualmente grandes incentivos 
à projetos de irrigação, principalmente por ser umas 
das atividades agrícolas que exige pouco recursos 
para gerar empregos. 
1.10 - Aspectos nutracêuticos 
A estimativa dos órgãos governamentais é que 
70% das mortes de brasileiros ocorreram por motivo 
de doenças crônicas. Aproximadamente 35% dos 
casos de câncer no mundo tem como causa principal 
uma alimentação desequilibrada. 
Os alimentos vegetais, em geral, são alimentos 
indispensáveis e mais importantes para a vida. Eles 
são fontes principais de minerais, vitaminas, fibras, 
açúcar, além de proteínas e gorduras, em menor 
quantidade, substâncias essenciais para todo o 
funcionamento do organismo. Os vegetais contém, 
também, substâncias protetoras e curativas, com ação 
anti-infecciosa, anti-inflamatória, anti-parasitária, 
anti-reumática, anti-hipertensiva, diurética, laxativa, 
desintoxicante e vitalizadora de todo organismo. São 
alimentos equilibrados e determinam uma perfeita 
saciedade do apetite, impedindo o comer excessivo, a 
busca constante por comidas, portanto, evitam e 
curam a obesidade. 
1.10.1 Comportamento alimentar do homem 
Uma grande parte de nossa população passa 
fome, no sentido de escassez ou de impossibilidade 
de adquirir os alimentos fundamentais, outra parte 
gasta-se além do necessário em sistemas alimentares 
de verdadeiras manias (De Angelis, 2001). 
Mas, para os que comem, “comer não é 
apenas uma questão de matar a fome” (Burgierman, 
2002). 
A decisão sobre que comida colocar no prato 
tem implicações econômicas, ambientais, éticas, 
culturais, fisiológicas, históricas, religiosas e etc. 
Assim, os lactovegetarianos comem ovos, leite e 
derivados, por não “resultarem” do sofrimento animal 
ou por não conter toxinas produzidas antes da morte 
animal; os vegans acreditam na liberdade total dos 
animais e não se alimentam de produtos de origem 
animal e deveriam fotografar apenas com máquinas 
digitais, devido os filmes das máquinas analógicas 
conterem uma gelatina retirada da canela da vaca; os 
frugivoristas não só rejeitam carne como evitam 
machucar ou matar vegetais. Por isso, comem apenas 
aquilo que as plantas “querem” que seja comido: 
frutas, castanhas e sementes, consideram o consumo 
de folhas, caules e raízes uma violência. 
Mas afinal, o homem é onívoro ou frugívoro?
Importância da fruticultura brasileira 
Sebastião Elviro de Araújo Neto 9 
Baubach, (1992) cita o Dr. Friedman, que afirma ser o homem um frugívoro, não só pela forma e disposição do seu sistema dentário, mas, também, pela constituição dos órgãos digestivos, e muitos afirmam que é erro considerarmo-nos onívoros. 
Portanto, acredita-se que as frutas são alimentos naturais do homem, mineralizantes por excelência, e é nesta fonte pura e não nos cadáveres que se deve apoiar-se para a reparação das forças do organismo. 
1.10.2 Valor nutritivo das frutas 
É possível o homem alimentar-se apenas de frutas? 
Nas frutas tem-se os princípios necessários para atender as necessidades vitais dos humanos (Quadro 1.7). 
O tamarindo, as uvas, a banana, o açaí e outros, fornecem os carboidratos; o coco, as castanha-da-amazônia1 e castanha-de-caju, sementes de baru e outras, fornecem gorduras e proteínas. As frutas também suprem com os mais variados sais minerais, vitaminas, fermentos, água (com o selo da vida) e fibras. Com regime exclusivo de frutas, o homem pode viver em bom estado de saúde, mas é preciso individualiza-lo devidamente (Quadro 1.8). 
Quadro 1.7 – Composição química em 100g de algumas frutas. 
Frutas Kcal Vit.A (μg) Vit.B1 (μg) Vit.B2 (μg) Vit.B3 (mg) Vit.C (mg) Ca P Fe (mg) Prot (%) 
Abacate 
162 
20 
70 
100 
0,80 
10,2 
13 
47 
0,70 
1,3 Açaí 247 150 360 10 0,40 5,0 118 0,5 2,00 3,5 
Ameixa 
54 
200 
120 
150 
0,37 
6,8 
11 
16 
0,36 
0,6 Banana 89 10 92 103 0,82 17,3 15 26 0,20 1,3 
Caqui 
87 
250 
30 
45 
0,80 
17,1 
4 
42 
0,41 
0,8 Caju 37 16 58 50 2,56 200,0 50 18 1,00 0,8 
Castanha 
700 
7 
1094 
118 
7,71 
10,3 
172 
746 
5,00 
17,0 Coco seco 619 0 60 40 0,50 1,6 108 209 4,80 5,0 
Goiaba 
43 
245 
190 
154 
1,20 
45,6 
17 
30 
0,70 
1,0 Laranja 43 14 40 21 0,19 40,9 45 28 0,20 0,9 
Limão 
28 
2,5 
55 
60 
0,31 
30,2 
41 
15 
0,70 
0,8 Maracujá 90 70 150 100 1,51 15,6 13 17 1,60 1,8 
Manga 
64 
220 
51 
56 
0,51 
43,0 
21 
17 
0,78 
0,6 Coca-cola 39 0 0 0 0 0 2 1 0 0 
Fonte: Franco, 1992; Aguiar et al., 1980; Donadio et al., 2002. 
Na alimentação dos frugivoristas e dos vegans, deve haver um cuidado especial quanto ao suprimento de vitamina B12, pois estas não contem nos vegetais, é sintetizada por bactérias de solo, consumidas pelos animais durante o pastejo e encontrada nas carnes dos mesmos. Porém, pode ser encontrada facilmente em alimentos enriquecidos, 
1 Castanha-da-Amazônia é o termo que respeitosamente emprego para a Castanha-do-Pará, que não é apenas do Pará, ou Castanha-do-Brasil, que não é apenas do Brasil, mas, a Bertholletia excelsa é da Amazônia Real, inclusive da Bolívia, Peru, Colômbia, Guianas, Suriname e Venezuela. 
como alguns biscoitos. A vitamina B12 pode está presente em alguns pró-bióticos, como o Kefir, colônia de microrganismos lácticos. 
Um outro cuidado no balanceamento da dieta dos vegetarianos é o iodo. Um trabalho de investigação constatou que a população vegetariana (sem consumo de qualquer alimento de origem animal), a ingestão média de iodo foi abaixo de 100 g/dia, enquanto as recomendações são de 150 g/dia (De Angelis, 2001). 
Um outro problema sério na alimentação dos vegetarianos é a pouca concentração de ferro nos vegetais ao contrário das carnes e víceras. Mas, a ingestão diárias de diversas frutas, hortaliças e outros vegetais, garante a necessidade diária de ferro. A goiaba é um dos frutos mais completos, em termos de balanço nutricional, mas possui baixo teor de Fe. No geral, não existe um fruto ideal que possa servir como única fonte de alimento vegetal, mas que a alimentação deve ser feita de uma “salada” de frutas, ou seja, uma alimentação com vários tipos de frutas e de preferência respeitando a sazonalidade regional. 
As castanhas, a exemplo a castanha-da- amazônia, pode suprir a necessidade diária de proteínas e cálcio, este último é encontrado em maior concentração que no leite de vaca, o leite de vaca e seus derivados, por ter também elevado teor de cálcio, leva os nutricionistas convencionais a recomendarem este alimento, porém, esquecem de que o leite, muito importante para os mamíferos jovens, pode trazer problemas para a saúde humana, principalmente pela contaminação por doenças dos animais, muitas vezes mal tratados. 
Em natureza, não se observa mamíferos adultos mamando em suas genitoras, será que o homem adulto poderia alimentar-se de leite natural? 
Quadro 1.8 – Necessidade diária de um homem adulto e elementos consumidos em 1,6 kg de frutas, castanhas e sementes. Necessidade diária Consumo 1,6 kg de frutas e castanhas 
Energia Kcal 
>2600 
3075 
50 g de cada fruta 
Castanha-da- Amazônia, Castanha- de-Caju, Amêndoa, Burití, Pinhão, Bacurí. 
100g de cada fruta 
Caju,açaí, manga, maracujá, biribá, jenipapo, baru, goiaba. 
150 g de cada fruta laranja, abacate 
200 g de banana 
Proteína (g) 
56 
83 
Fibra (g) 
20 - 35 
92 
Cálcio (mg) 
800 
733 
Ferro (mg) 
10 
41 
Fósforo (mg) 
800 
1650 
Vit. A (g) 
1000 
1200 
Vit. B1 (g) 
1400 
2940 
Vit.B2 (g) 
1700 
1620 
Vit. B3 (mg) 
18 
22 
Vit. C (mg) 
60 
560 
Fonte: Franco, 1992; Aguiar et al., 1980, Donadio et al., 2002. 
Um concorrente direto na comercialização das frutas é o refrigerante, um produto artificial, sem nenhum valor nutricional, intoxica e desmineraliza o organismo. Têm muita caloria inútil e engorda. O "diet", com menos calorias, é artificial e tóxico. Ao
Importância da fruticultura brasileira 
Sebastião Elviro de Araújo Neto 10 
contrário das frutas, não contém vitaminas, proteínas, sais minerais (raro poucas exceções) e contém corantes e acidulantes, tóxicos ao organismo. Além de não respeitar o próprio corpo ao beber um refrigerante multinacional, que tem inclusive incentivos fiscais (não oferecido às industrias nacionais de refrigerante), paga-se aos estrangeiros e desempregam-se brasileiros nos campos de produção de frutas, café e chás. 
Fibras dietéticas 
Além dos carboidratos, proteínas, vitaminas e sais minerais, as frutas têm um outro componente muito importante na nutrição humana, as fibras. Atualmente as fibras deixam de exercer apenas a função digestiva muito preconizada no passado e passa a ocupar o lugar que lhe corresponde dentro do arsenal terapêutico atual, ganhando um novo conceito: o de “fibra dietética”. 
As características físico-químicas, concernentes à solubilidade, viscosidade, geleificação, capacidade de incorporar substâncias moleculares ou minerais, determinarão as diferenciações entre fibras. 
As fibras classificam em fibras solúveis em água (pectinas, gomas, mucilagens, hemicelulose B) e Insolúveis em água (celulose, lignina e hemicelulose A). E ainda tem algumas substâncias que participam do grupo das “fibras dietéticas” por sua similaridade (amido resistente, frutooligossacarídeos, açúcares não-absorvidos e inulina). 
A fibra dietética passa através do intestino, no qual desenvolve sua capacidade de hidratação e fixação, interferindo na absorção de substâncias orgânicas e inorgânicas como segue: 
 Proteínas, carboidratos e lipídios – são os primeiros nutrientes a serem hidrolisados no intestino delgado para serem absorvidos. Como a ação das fibras solúveis, principalmente das gomas, pectinas e mucilagens, estas substâncias terão sua absorção retardada e algumas vezes sua excreção ligeiramente aumentada. As perdas de proteínas, carboidratos e gorduras nas fezes não são importantes do ponto de vista nutricional, mas são, sem dúvida, relevantes para o controle de algumas doenças como os diabetes e as coronariopatias. 
 Sais biliares – a lignina, as gomas, pectinas e mucilagens são capazes de seqüestrar os sais biliares, permitindo sua eliminação nas fezes, o que tem grande importância na prevenção de tumores, já que determinadas cepas de bactérias, particularmente a Clostridium putrificans, têm capacidade de sintetizar cancerígenos utilizando-se dos ácidos biliares e colesterol como substrato. 
A absorção de gorduras torna-se diminuída, pela impossibilidade de não serem emulsionadas e nem transportadas na mucosa intestinal. 
Os ácidos biliares são derivados do colesterol e sintetizados no fígado. Se mais componentes de bile são eliminados do corpo, mais estes deverão ser sintetizados para fazer a bile normal. Este processo acaba gastando mais colesterol (substrato), reduzindo assim o colesterol circulante (De Angelis, 2001). 
 Vitaminas e minerais – está comprovado que a lignina, as hemiceluloses ácidas, as pectinas e algumas gomas são capazes de fixar determinados minerais, como cálcio, fósforo, zinco, magnésio e ferro, e algumas vitaminas podem ter alterado sua absorção. Esses efeitos, que, à primeira vista, poderiam ser prejudiciais, na prática não constituem problema quando a ingestão de fibras dietética é moderada, ou seja, dentro das recomendações nutricionais. Pode se observar balanço negativo de cálcio, magnésio, fósforo, ferro e zinco em grandes consumidores de pão integral. Essas alterações subclínicas desapareceram quando se aumenta o consumo de pão branco. Indivíduos que ingerem menos que 50g de fibras ao dia, não estão expostos a nenhum desequilíbrio nutricional. 
As fibras dietéticas chegam ao intestino grosso de forma inalterada e, ao contrario do que ocorre no intestino delgado, as bactérias do cólon, com suas numerosas enzimas de grande atividade metabólica, podem digerir as fibras em maior ou menor grau, dependendo de sua composição química e estrutura. 
As moléculas complexas são desdobradas a hexoses, pentoses e álcoois, que já podem ser absorvidos pelo intestino, servindo de substrato a outras colônias bacterianas, que, por sua vez, as degradam em ácido lático, água, dióxido de carbono, hidrogênio, metano e ácidos graxos de cadeia curta (acetato, propionato e butirato), com produção de energia. A produção e ação metabólica desses ácidos graxos têm sido o principal foco de investigação atual sobre fibras, pois podem se constituir de importante substrato energético, serem utilizados pelo fígado para gliconeogênese, além de exercerem ação antitumoral. 
Por outro lado, é sabido que uma dieta pobre em fibras pode ocasionar mudanças na microbiota e converter os lactobacilos habituais do cólon em bacterióides capazes de desdobrar os ácidos biliares em compostos cancinogênicos. 
Carboidratos - 
As frutas são ótimas fontes de carboidratos e açúcar simples. Os carboidratos são recomendados como o principal nutriente da composição das pirâmides alimentares, mas podem se tornarem vilões, como nos EUA, por exemplo, causando obesidade, hipoglicemia e diabetes. 
Não basta apenas consumir carboidratos, é preciso que esse carboidrato esteja nas frutas, hortaliças e nos cereais integrais. Sua energia é liberada durante um período mais longo e contínuo, ao contrário dos curtos derrames de energia do açúcar
Importância da fruticultura brasileira 
Sebastião Elviro de Araújo Neto 11 
simples. Apesar de não serem considerados como complexos de carboidratos, os açúcares simples encontrados nas frutas estão misturados com vitaminas, sais minerais e fibras. É nisso em que diferem do açúcar branco, refinado, que é usado em altas concentrações associados com muitos alimentos ruins, repletos de “calorias vazias” (Blauer, 2004). As fibras contidas nesses alimentos retardam a absorção de glicose, permitindo que as pessoas se sintam alimentadas por mais tempo. Isto também impede as oscilações da insulina, que sobe violentamente com a ingestão de açúcares de tudo que se transforma imediatamente em açúcar no organismo, como o pão branco e a batata. 
Os minerais das frutas 
Os minerais das frutas são minerais quelantes, diferente dos minerais sintéticos, porque o organismo reconhece e usa mais facilmente, é por isso que uma dieta rica em minerais orgânicos, é de fácil assimilação e ajuda a garantir que o organismo receba todos os minerais importantes de que precisa. 
Os minerais das frutas e sucos naturais ajudam a manter alta a energia do corpo, os nervos calmos, os dentes, os ossos e as unhas. Além disso, mantêm o sangue limpo e seu pH equilibrado. E fazem isso neutralizando os resíduos ácidos e alcalinos, ou seja, resíduos da digestão e do metabolismo humano. 
Em adição a essas funções gerais, cada mineral tem uma função específica. As funções específicas de vários dos mais importantes minerais existentes nas frutas estão relacionados abaixo. 
O potássio é o mineral responsável pelo equilíbrio eletroquímico dos tecidos do coração e de outros músculos. O ferro é um componente das células vermelhas do sangue, que transporta o oxigênio para os pulmões e ajuda os alvéolos na respiração. O fósforo é essencial para o bom funcionamento do cérebro e dos nervos. 
O cálcio mantém o equilíbrio ácido/alcalino do sangue e fortalece os ossos. O enxofre ajuda o cérebro e os nervos a funcionarem; e é o depurador do organismo. O iodo alimenta a glândula tireóide, que controla o metabolismo. O magnésio ajuda o relaxamento muscular, a sintetização das proteínas, a produção de energia e é um laxante natural. 
O manganês é necessário para o funcionamento cerebral. O selênio funciona em conjunto com a vitamina E para evitar a oxidação dos ácidos graxos. O sódio com o potássio, o cálcio e o magnésio, agem na neutralização de ácidos, mantém a integridade das células e conserva a energia eletromagnética dos tecidos. 
1.10.3 Fitoquímicos ou alimentos funcionais 
Apesar da conexão entre dieta e saúde ser reconhecida há muito tempo, à medida que caminhamos para o século XXI, descobrimos cada vez mais sobre como a dieta pode prevenir doenças. O tema nutrição é o ponto alto na relação entre dieta e doenças crônicas como obesidade, doenças cardíacas e câncer. Em outras palavras, estamos caminhando para promoção da saúde, longevidade e qualidade de vida. 
Por ser um tema “recente” e despertar interesses diversos, recebem também, diversas terminologias. Os mais usuais são alimentos funcionais, fitoquímicos ou compostos bioativos e também nutracêutico, estudado pela “medicina ortomolecular", que consiste no combate aos "radicais livres" através de substâncias "antioxidantes", representadas principalmente pelas vitaminas e pelos minerais. 
Lajolo define os nutracêuticos como: 
“Alimento semelhante em aparência ao alimento convencional, consumido como parte da dieta usual, capaz de produzir demonstrados efeitos metabólicos ou fisiológicos úteis na manutenção de uma saúde física e mental, podendo auxiliar na redução do risco de doenças crônico-degenerativas, além de manter suas funções nutricionais” (Lajolo, 2001). 
Estudos epidemiológicos, por exemplo, têm associado a dieta rica em vegetais ao uso da soja, com uma menor incidência de osteoporose e câncer de mama na mulher. A dieta mediterrânea, rica em frutas e vegetais, óleo de oliva e carboidratos, leva a níveis de colesterol elevados, mas não correlacionado a um maior número de mortes por enfarto. 
1.10.4 - Fome oculta 
“Os fitoquímicos defendem as células do corpo, as quais estão constantemente sofrendo ataques, seja do meio ambiente, da alimentação inadequada ou da própria genética”. A essa necessidade do organismo em receber proteção contra doenças por meio dos fitoquímicos. É uma fome que não se percebe, mas de algo de que o corpo precisa (De Ângelis, 1999). 
Estudos epidemiológicos têm confirmado essa tendência que indica déficit do consumo de ácidos graxos polinsaturados, proteínas de alto valor biológico, vitaminas, cálcio, ferro, iodo, flúor, selênio e zinco. Este estado nutricional carente tem originado elevadas incidências de doenças crônico degenerativas, dentre elas, doenças cardiovasculares, câncer, hipertensão, diabetes, obesidade, entre outras. A fome oculta é uma fome universal, que agrava principalmente os habitantes de países desenvolvidos. Segundo dados da OMS mostram que essas doenças são responsáveis por 70% a 80% da mortalidade nos países desenvolvidos e cerca de 40% naqueles em desenvolvimento. 
1.10.5 Antioxidantes 
Oxidação em sistemas biológicos
Importância da fruticultura brasileira 
Sebastião Elviro de Araújo Neto 12 
A oxidação nos sistemas biológicos ocorre devido à ação dos radicais livres no organismo. Estas moléculas têm um elétron isolado, livre para se ligar a qualquer outro elétron, e por isso são extremamente reativas. Elas podem ser geradas por fontes endógenas ou exógenas. Por fontes endógenas, originam-se de processos biológicos que normalmente ocorrem no organismo, tais como: redução de flavinas e tióis; resultado da atividade de oxidases, cicloxigenases, lipoxigenases, desidrogenases e peroxidases; presença de metais de transição no interior da célula e de sistemas de transporte de elétrons. 
Esta geração de radicais livres envolve várias organelas celulares, como mitocôndrias, lisossomos, peroxissomos, núcleo, retículo endoplasmático e membranas. As fontes exógenas geradoras de radicais livres incluem tabaco, poluição do ar, solventes orgânicos, anestésicos, pesticidas e radiações. 
Nos processos biológicos há formação de uma variedade de radicais livres. São eles: 
- Radicais do oxigênio ou espécies reativas do oxigênio íon superóxido (O2 -*) 
Hidroxila (OH·); Peróxido de hidrogênio (H2O2); Alcoxila (RO*); Peroxila (ROO*); Peridroxila (HOO*); Oxigênio sinlete (1O2); 
- Complexos de Metais de Transição 
Fe+3/Fe+2; Cu+2/Cu+ 
- Radicais de Carbono 
Triclorometil (CCl3*); 
- Radicais de Enxofre 
Tiol (RS·) 
- Radicais de Nitrogênio 
Fenildiazina (C6H5N = N·) 
Óxido nítrico (NO*) 
Estes radicais irão causar alterações nas células, agindo diretamente sobre alguns componentes celulares. Os ácidos graxos polinsaturados das membranas, por exemplo, são muito vulneráveis ao ataque de radicais livres. 
Estas moléculas desencadeiam reações de oxidação nos ácidos graxos da membrana lipoprotéica, denominadas de peroxidação lipídica, que afetarão a integridade estrutural e funcional da membrana celular, alterando sua fluidez e permeabilidade. Além disso, os produtos da oxidação dos lipídios da membrana podem causar alterações em certas funções celulares. Os radicais livres podem provocar também modificações nas proteínas celulares, resultando em sua fragmentação, cross linking, agregação e, em certos casos, ativação ou inativação de certas enzimas devido à reação dos radicais livres com aminoácidos constituintes da cadeia polipeptídica. A reação de radicais livres com ácidos nucléicos também foi observada, gerando mudanças em moléculas de DNA e acarretando certas aberrações cromossômicas. Além destes efeitos indiretos, há a ação tóxica resultante de altas concentrações de íon superóxido e peróxido de hidrogênio na célula. 
Compostos antioxidantes 
Os processos oxidativos podem ser evitados através da modificação das condições ambientais ou pela utilização de substâncias antioxidantes com a propriedade de impedir ou diminuir o desencadeamento das reações oxidativas. 
Os antioxidantes são capazes de inibir a oxidação de diversos substratos, de moléculas simples a polímeros e biossistemas complexos, por meio de dois mecanismos: o primeiro envolve a inibição da formação de radicais livres que possibilitam a etapa de iniciação; o segundo abrange a eliminação de radicais importantes na etapa de propagação, como alcoxila e peroxila, através da doação de átomos de hidrogênio a estas moléculas, interrompendo a reação em cadeia. 
Sabe-se que, por um lado, as vitaminas C, E e os carotenóides funcionam como antioxidantes em sistemas biológicos, e por outro, o processo carcinogênico é caracterizado por um estado oxidativo crônico, especialmente na etapa de promoção. Além disso, a fase de iniciação está associada com dano irreversível no material genético da célula, muitas vezes devido ao ataque de radicais livres. Desse modo, os nutrientes antioxidantes poderiam reduzir o risco de câncer inibindo danos oxidativos no DNA, sendo, portanto considerados como agentes potencialmente quimiopreventivos (Silva e Naves, 2001). 
Outras doenças degenerativas do envelhecimento, incluindo câncer, doenças cardiovasculares e cataratas são prevenidas ou retardadas no início, por esses três antioxidantes (vitamina C, vitamina E e carotenóides). 
Para se ter uma idéia sobre a oxidação natural no organismo, “o DNA em cada célula do corpo recebe aproximadamente 10.000 ataques oxidativos por dia” (Ames et al., 1993). 
• Carotenóides 
Os carotenóides compreendem um grande número de compostos, muitos dos quais com atividade biológica. Alguns, como o -caroteno, são pró-vitaminas A (transforma-se em vitamina A no organismo). Outros como o licopeno não são precursores de vitamina A, mas agem no organismo como antioxidantes, na eliminação de espécies ativas de oxigênio, formadas ou não no nosso organismo. 
Ao contrário de muitas vitaminas, a biodisponibilidade de carotenóides é aumentada com o aquecimento dos alimentos, como no processamento do tomate ou da goiaba, por exemplo.
Importância da fruticultura brasileira 
Sebastião Elviro de Araújo Neto 13 
• Vitamina C 
O termo vitamina C é uma denominação genérica para todos os compostos que apresentam atividade biológica do ácido ascórbico. Dentre eles, o ácido ascórbico é o mais largamente encontrado nos alimentos e possui maior poder antioxidantes encontrado nos alimentos e possui maior poder antioxidante. Os possíveis efeitos anticarcinogênicos da vitamina C estão relacionados com sua habilidade em detoxicar substâncias carcinogênicas e suas atividades antioxidantes. Além disso, tem-se constatado que a vitamina C pode inibir a formação de nitrosaminas in vivo a partir de nitratos e nitritos usados como conservantes, sendo, portanto adicionados para prevenir a formação desses compostos reconhecidamente carcinogênicos. 
• Vitamina E 
A vitamina E é uma substância lipossolúvel e existente na natureza como tocoferóis e tocotrienóis, em quatro formas diferentes (, ,  e ), sendo o - tocoferol a forma antioxidante mais ativa e amplamente distribuída nos tecidos e no plasma. A vitamina E constitui o antioxidante lipossolúvel mais efetivo encontrado na natureza, e importante fator de proteção contra a peroxidação lipídica nas membranas celulares e na circulação sanguínea. 
• Flavonóides 
Os flavonóides são ativos, em geral variáveis, contra radicais livres, os quais, por sua vez, podem estar associados a doenças cardiovasculares (melhor distribuição periférica do sangue, melhora fluxo arterial e venoso), câncer, envelhecimento e outras: 
- antiinflamatória; 
- estabilizadora do endotélio vascular – melhora função da célula endotelial, diminuindo a permeabilidade; 
- antiespasmódica- ação principal na musculatura lisa; 
- cardiovascular- - antialérgico; 
- antiulcerogênico; 
- antivirais. 
Os flavonóides são constituídos principalmente de antocianina, flavonois, flavonas, catequinas e flavonoides. 
Para se ter uma alimentação saudável, recomenda-se comer pelo menos cinco (5) refeições de frutas e hortaliças diariamente. As frutas e hortaliças são as principais fontes dos três nutrientes antioxidantes mais importantes: vitamina C, carotenóides e vitamina E. 
1.10.6 – Prevenção de câncer 
Causas de indução 
Até o momento, a pesquisa determinou muitos aspectos de desenvolvimento do câncer, se conhece que o crescimento do tumor tem dois estágios críticos: iniciação e promoção. A “iniciação” cancerígena ou alteração celular promove sucessivamente o crescimento do câncer. Este crescimento não ocorre, porém, até que um dos vários fatores chamado “promotores” aja alterando a célula. Em câncer de mama, a causa mais comum de mortalidade em mulheres, estes fatores (“promotores”) incluem danos oxidativos, a ação de hormônios esteróides, e a ação de certos tipos de prostaglandinas (PGS). Na Figura 1.3, estar um esquema altamente simplificado, ilustrando como e quais estágios certos fitoquímicos podem agir para bloquear o processo de promoção do câncer, combatendo o efeito de certos cancerígenos, iniciadores e promotores (Caragay, 1992). 
Figura 1.3 - Fitoquímicos podem afetar o padrão metabólico associado com câncer dos seios. (Adaptada de Pierson, 1992). 
Consumo de carne ou não consumo de vegetais 
“Cerca de 80% dos cânceres de mamas, próstata e de cólon são atribuídos aos hábitos alimentares, especialmente consumo de carnes vermelhas e gorduras” (Binhham, 1999, citado por De Angelis, 2001). 
A carne parece estar associada com câncer, apenas em povos que não tem uma dieta variada. Os franceses e os mediterrâneos em geral, têm uma dieta variada e rica em vegetais frescos, azeite de oliva, vinho e carne de todos os tipos. Ao contrário dos americanos, esses povos comem com calma, em ambiente descontraídos, fatores também relacionados com prevenção de doenças e qualidade de vida. 
Uma coisa ninguém tem dúvidas: vegetais fazem bem. Uma dieta rica em frutas, e hortaliças claramente reduz as chances de ter câncer no estômago, na boca, no intestino, no reto, no pulmão, na próstata e na laringe, além de afastar os ataques cardíacos. Frutas e hortaliças amarelas têm caroteno, que previne câncer no estômago, a soja possui isoflavona, que diminui a incidência de câncer de mama e osteoporose; o alho tem alicina, que fortalece o sistema imunológico e por aí vai. 
Mas, a carcinogênese que não dependem da alimentação pode ocorrer inclusive em vegetarianos, com ocorrência de câncer de estômago, por exemplo, pois outros fatores estão relacionados com câncer, 
Iniciação do tumor 
Promoção do tumor 
carotenóides, fenólicos, flavonóides, terpenos. 
fenólicos, flavonóides, sulfetos, poliacetilenos 
Prostaglandinas 
Carcinogênicos 
s 
Danos oxidativos 
s 
cumarina, flavonóides, triterpenóides 
sulfetos, isoflavonas 
fibras, terpenos, fenólicos, sulfetos, isoflavonas 
hormônios esteróide 
s
Importância da fruticultura brasileira 
Sebastião Elviro de Araújo Neto 14 
como a predisposição genética, o tabaco, o álcool, infecções viróticas e o ambiente (Anelli, 2004). 
1.10.7 – As frutas e o tipo sanguíneo 
Os doutores James D’Adamo e Peter D’Adamo, revelaram por meio de suas pesquisas e estudos, que a escolha do tipo de alimento não deve ser casual, simplesmente por questões culturais ou religiosas, mas que deve obedecer o tipo sanguíneo de cada pessoa. Seus estudos estão publicados no livro A dieta pelo tipo sanguíneo, publicado em 1996, lançado no Brasil pela Editora Campus, em 1998 e reeditado em 2005 (D’Adamo e Whitney, 2005). 
O sistema imunológico encontra-se no sangue, e possui mecanismos sofisticados para determinar se uma substância é estranha ou não ao corpo. Um dos métodos reside nos marcadores químicos chamados “antígenos”, que são encontrados nas células do corpo humano. 
Quando o antígeno do tipo sanguíneo percebe que um antígeno estranho entrou no sistema, a primeira coisa que ele faz é criar anticopos contra esses antígenos. 
Quando ocorre uma reação química entre o sangue e os alimentos consumidos, essa reação faz parte da herança genética do tipo sanguíneo. É estranho, mas verdadeiro que hoje, no século XXI, nosso sistema digestório e imunológico ainda mantenha uma preferência pelos alimentos que nossos ancestrais com o mesmo tipo sanguíneo comiam. 
Sabe-se disso devido a um fator chamado lectina. As lectinas são abundantes e variadas proteínas encontradas nos alimentos, têm propriedade de aglutinação, afetando o sangue. 
As lectinas dos alimentos incompatíveis com o antígeno de um determinado tipo sanguíneo, ao serem ingeridas atingem um órgão ou sistema corporal (rins, fígado, cérebro, estômago etc.) e começam a aglutinar células sanguíneas nessa área. 
A dieta para o tipo O 
O aparelho digestível de pessoas Tipo O conserva a memória dos tempos antigos. A dieta rica em proteína animal de caçador-coletor e as enormes demandas físicas do sistema dos primitivos seres humanos de Tipo O provavelmente manteve a maioria deles em um branco estado de cetose – uma condição em que o metabolismo do corpo fica alterado. A cetose é o resultado de uma dieta rica em proteína e em gordura que inclui poucos carboidratos. O corpo metabolisa as proteínas e gorduras em cetoses, que são usadas em lugar dos açúcares numa tentativa de manter os níveis de glicose estáveis. 
Para digerir melhor uma dieta rica em carnes, o sistema digestível de pessoas Tipo O é ácido. Por isso, uma dieta ácida, acidifica cada vez mais o estômago dessas pessoas, causando problemas de saúde, como úlcera e gastrites. 
Muitas frutas são adequadas para as pessoas de Tipo O. Mas, algumas frutas são consideradas nocivas. A razão por que ameixas são tão benéficas ao Tipo O é que a maior parte das frutas de cor vermelha escura, azul e roxa tende a provocar uma reação alcalina em vez de ácida no aparelho digestível. O aparelho digestivo das pessoas de Tipo O tem alto nível de acidez e precisa equilibrar a alcalinidade para reduzir úlceras e irritações da mucose estomacal. 
Devido a sua alcalinidade, sucos de hortaliças são mais indicados para os de Tipo O que sucos de frutas. Os sucos de frutas devem ser de frutas pobres em sacarose (Tabela 1.9). 
O suco de abacaxi pode ser particularmente eficaz para evitar retenção de líquido e inchaço, ambos fatores que contribuem para o aumento de peso. 
A dieta para o tipo A 
As pessoas de sangue Tipo A se dão bem com dietas vegetarianas – herança de seus ancestrais agricultores, mais sedentário e menos guerreiros. Precisam consumir alimentos em estado o mais natural possível: frescos, puros e orgânicos. Esse cuidado é importante para o sensível sistema imunológico dos organismos. Pois são pessoas biologicamente predispostas para diabetes, câncer e doenças do coração. 
O sistema digestível de pessoas Tipo A é mais alcalino que ácido. 
As laranjas devem ser evitadas, pois elas irritam o estômago do Tipo A e interferem também na absorção de importantes nutrientes. Embora a acidez estomacal seja em geral baixa nos organismos de Tipo A e possa admitir um estimulante, as laranjas irritam a delicada mucosa estomacal. O limão mais ácido que a laranja, é excelente para esse tipo sanguíneo, pois apresenta tendência de alcalinidade na digestão, auxilia na digestão e eliminação do muco do organismo, recomendado inclusive para tratamento de azia (acidez no estômago). 
A dieta para o tipo B 
As maiorias das frutas podem ser consumidas pelas pessoas de Tipo B, pois possuem aparelhos digestível muito equilibrados, com um saudável nível ácido-alcalino, de modo que, se pode consumir frutas que são muito ácidas para outros tipos de sangue. 
O abacaxi pode ser particularmente benéfico para organismos de Tipo B. que são susceptíveis a edemas – especialmente quando não inclui laticínios e carnes na dieta. A bromelaína, uma enzima existente no abacaxi, ajuda-o a digerir mais facilmente os alimentos. 
A dieta para o tipo AB 
O sangue Tipo AB é biologicamente complexo. Ele não se encaixa bem em nenhuma das
Importância da fruticultura brasileira 
Sebastião Elviro de Araújo Neto 15 
outras categorias. Vários antígenos fazem com que o AB às vezes seja semelhante ao A, outras ao B e às vezes parece uma fusão de ambos – uma espécie de tipo sanguíneo centauro. 
As pessoas de Tipo AB compartilham a maior parte das intolerâncias e preferências das de Tipo A por certas frutas. Frutas alcalinas, como as uvas, as ameixas e frutas da família das rosáceas (morango, amora, framboesa etc), podem ajudar a neutralizar o efeito dos cereais que provocam acidez em seus tecidos musculares. 
As pessoas de Tipo AB, não se dão bem com certas frutas tropicais especialmente mangas e goiabas. Mas o abacaxi é um excelente auxiliar da digestão para os organismos de Tipo AB. 
No Quadro 1.9, está a relação de amêndoas, frutas e sementes que são benéficas, nocivas e neutros, que não apresentam efeitos ao organismo. 
1.5.8 As frutas e a energia do corpo 
As causas da falta de energia no organismo são várias, uma delas é o consumo de açúcar simples, contido nas “gulosemas”, sucos artificiais e refrigerantes, que estimulam o organismo. Mas, logo a sensação de energia é substituída pelo cansaço. 
Quadro 1.9 – Amêndoas, frutas e sementes recomendadas na dieta de pessoas de diferentes tipos sanguíneos. 
Tipo O 
Benéficos 
Neutros 
Nocivos 
sementes de abóbora torradas, sementes de linhaça 
amêndoas, avelãs, gergelim, nozes em geral, pinhão 
amendoim,casctanha-de-caju e do Pará, pistache, sementes de girassol 
ameixas em geral, figos frescos e secos, goiaba, jaca, manga 
abacate, abacaxi, bananas, caqui, carambola, limão, maçã, mamão, melancia, melão, morango, pêra, pêssego, uvas 
açaí, acerola, amora-preta, banana-da- terra, coco (água e leite), cupuaçu, graviola, kiwi, laranja ácida, maracujá, melão cantalupo, tangerina ácida. 
Tipo A 
Benéficos 
Neutros 
Nocivos 
amendoim, sementes de linhaça e de abóbora torrada 
amêndoas, avelãs, castanha-portuguesa, gergelim, nozes em geral, pinhão, girassol 
castanha-de-caju, e castanha-da- amazônia 
abacaxi, açaí, ameixas, amoras, cerejas, damascos, jaca, figos frescos e secos, limão 
abacate, caqui, carambola, goiaba, kiwi, kunquat, maçã, melancia, morango, pêra, pêssego, uvas 
bananas em geral, coco (água e leite), cupuaçu, laranja ácida, manga, maracujá, melões em geral, mamão, tangerina 
Tipo B 
Benéficos 
Neutros 
Nocivos 
nozes-negra 
amêndoas, castanha-portuguesa, castanha- da-amazônia, linhaça 
amendoim, castanha-de-caju, pinhão, gergelim, girassol 
abacaxi, ameixas, bananas (exceto banana-da-terra) jaca, mamão, melancia, uvas 
ameixas secas, amora, banana-da-terra, figos, goiaba, kiwi, laranjas, limão, maçã, manga, melão, morango, pêra, pêssego, tangerina 
abacate, caqui, coco (água e leite), carambola, romã 
Tipo AB 
Benéficos 
Neutros 
Nocivos 
amendoim, castanha-portuguesa, nozes-de-natal 
amêndoas, castanha-de-caju, linhaça, castanha-da-amazônia, pinhão 
avelã, abóbora-moranga, gergelim, girassol 
abacaxi, ameixas, cerejas, figos, jaca, kiwi, limão, melancia e uvas 
amora, banana-da-terra, fruta-pão, kumquat, maçã, mamão, melão, morango, pêra, pêssego, tangerina 
abacate, caqui, bananas,, caqui, carambola, coco (água e leite), goiaba, laranja, manga 
Fonte: Teixeira (2002); D’Adamo (2005) 
Os carboidratos complexos, encontrados em todos os cereais, frutas, hortaliças e leguminosas, proporcionam uma energia mais permanente no organismo, evitando a fadiga anormal. 
Além dos carboidratos complexos, as frutas são ricas em vitaminas do complexo B, que ajudam a combater o cansaço e dobram sua energia em questão de minutos. 
No complexo B, encontra-se a colina, uma das poucas substâncias que consegue penetrar na chamada barreira sanguínea do cérebro, atingindo as células do cérebro, estimulando-as a produzir a acetilcolina, um neuro-transmissor do sistema nervoso central que age sobre outras células nervosas, bem como sobre os músculos e órgãos do corpo inteiro. Existem muitos indícios associados as células que usam a acetilcolina à formação da memória. 
Outro estimulante encontrado nas frutas são as enzimas. 
As enzimas das frutas e dos sucos naturais são rapidamente utilizadas, para aumentar a energia e promover a cura e regeneração. Elas melhoram o
Importância da fruticultura brasileira 
Sebastião Elviro de Araújo Neto 16 
funcionamento do sistema digestivo. Muitos nutricionistas recomendam como primeiro alimentos do dia, alimentos com vida, com enzimas, para energizar um corpo adormecido pela dormida. 
Os sucos naturais ajudam a decompor outros nutrientes, transformando-os em substâncias simples que podem ser rapidamente absorvidas na corrente sanguínea. As enzimas dos sucos executam rapidamente esses processos biológicos complexos sem calor e sem se tornarem parte dessas mudanças (Wade, 2004). 
1.11 Função medicinal das frutas 
Banana 
A banana é uma das frutas mais consumidas no mundo por possuir ótima qualidade nutricional e ser saborosa (textura macia, aromática e doce). “É a fruta das frutas”. 
O Dr. Teófilo Luna Ochoa citado por Balbach (1992) descreve o valor medicinal da banana: 
“A banana madura... encerra uma substância oleosa, que muito suaviza as membranas mucosas irritadas em casos de colite e enfermidade do reto. Contém igualmente um fermento digestivo não bem conhecido, porém de alto valor, que, em determinada enfermidade intestinal, a torna (a banana) o único carboidrato tolerado pela vítima, que (doutra maneira) morre de fome”. 
Essa fruta é muito recomendável também contra as enfermidades renais, nefrite, hidropisia, gota, obesidade, afecções do fígado, cálculos biliares, tuberculose, paralisia, enfermidades do estômago etc. 
A banana, principalmente o caldo da banana verde fervida ou ainda a farinha de banana são excelentes contra diarréias e disenterias. 
A dieta de bananas maduras dá resultados dos mais benéficos em todos os casos de prisão de ventre dentro de uma ou duas semanas. 
Doença celíaca é uma indisposição intestinal em crianças a partir de 16 meses de idade, rara e fatal, a banana é um dos poucos alimentos que o intestino não rejeita. 
A banana ligeiramente assada, exalando seu aroma, come-se quente para combater as pneumonias. 
Caju 
O caju possui dois produtos comerciais, o pedúnculo (comestível ao natural) e o fruto verdadeiro, do qual se extrai o LCC e a amêndoa, ambos com efeito farmacêutico. Em se falando apenas do pedúnculo, este atua como: DIURÉTICO, EXPECTORANTE, ANTIFEBRIL e DIABETES. 
Graviola 
Um dos estudos revelou que alguns componentes da graviola eram cytotóxicos e levavam à cura do adenocarcinoma do cólon através de potencilalidade quimioterápica, 10.000 vezes maior do que a adriamicina, uma droga quimioterápica muito utilizada. A Universidade de Purdue conduziu uma grande pesquisa sobre acetogeninas annonaceaous incluindo aquelas encontradas na graviola. Em uma das revisões intitulada “Recent Advances in Annonaceous Acetogenins”, eles confirmaram que “Annonaceous acetogenins é uma substância amilóide consistindo uma cadeia longa de ácido graxo de C32 ou C34 combinado com uma unidade de 2-propanol a C-2 para formar uma lactona. Eles são encontrados em vários gêneros da família da planta Annonaceae. Suas diversas bioatividades como antitumor, imunosupressivo, pesticidal, antiprotozoário, vermífugo e agente antimicrobiológico, tem atraído mais e mais o interesse do mundo. As acetogeninas Annonaceous podem inibir seletivamente o crescimento de células cancerígenas e também inibir o crescimento de células de tumor resistente à adriamicina. 
Goiaba 
A goiaba atalha a tuberculose incipiente, promove o metabolismo das proteínas, e ajuda a prevenir a acidez e a fermentação dos hidratos de carbono durante a digestão. É muito adstringente, sendo aconselhada por alguns para curar as diarréias mais rebeldes. Esta propriedade do fruto se observa também no seu doce ou goiabada. A goiaba é eficiente ainda em Hemorragias, Tosse e Úlceras gástricas e duodenais. 
Mamão 
O mamão é uma das melhores frutas do mundo, tanto pelo seu valor nutritivo, como pelo seu poder medicinal. Um dos seus mais importantes princípios é a papaína, reconhecida como superior a pepsina e muito usada para prestar alívio nos casos de indigestão aguda. 
O mamão maduro é digestivo, diurético, emoliente, laxante, refrescante e oxidante, particularmente quando se come com as sementes, que contêm a papaína, fac-simile da pepsina. 
Em casos severos de indigestão e gastrite, onde a assimilação de alimentos causa grande angústia, uma dieta constante exclusivamente de mamão por vários dias, restaura a saúde do enfermo. 
Uva 
As uvas são importantes na nutrição e prevenção e cura de doenças, mas o vinho é o principal produto da uva promotor de saúde. Os maiores responsáveis pelos efeitos benéficos do vinho à saúde são os polifenóis, por terem: 
 Um potente efeito antioxidante e 
 Uma ação antibiótica. 
O resveratrol, um dos polifenois encontrados no vinho, tem uma ação antioxidante 10.000 vezes maior que o tocoferol (Vitamina E). 
O vinho aumenta a consistência e a estabilidade da parede vascular, previne a
Importância da fruticultura brasileira 
Sebastião Elviro de Araújo Neto 17 
aterosclerose e inibe a agregação plaquetéria, evitando a deposição de placas de gordura e formação de coágulos nos vasos sanguíneos. Principal causa de infartos do coração, gangrenas e derrames cerebrais. 
O vinho é, sem dúvidas a bebida mais favorável à digestão. O ácido cinâmico aumenta a secreção biliar; as oxidades e peptases (enzimas) e o sorbitol, aumentam a secreção biliar e pancreática. Além disso, o vinho diminui os movimentos peristálticos do intestino delgado e do intestino grosso. Isso diminui o trânsito intestinal e aumenta o tempo de permanência dos alimentos no tubo digestivo. Com isso dá maior tempo para as enzimas processarem os alimentos, melhorando a digestão, o que é muito saudável. As principais responsáveis por essa ação são as catequinas. Outra função na digestão, é aumentar a sensibilidade do organismo (das células, mais especificamente) à ação da insulina. 
O suco de uva não é tão benéfico para a saúde quanto o vinho. O álcool contido no vinho tem uma afinidade muito grande com o resveratrol e outros polifenóis, sendo o seu melhor solvente. 
O suco de uva é sim uma excelente bebida energética, muito adequada para se usar antes, durante ou após a atividade física e/ou intelectual de grande consumo de energia. 
Por ser alcalinizante esta fruta combate a acidez sanguínea, sendo indicada a pessoas intoxicadas pelo consumo excessivo de carne. Combate a dispepsia, as flatulências, a atonia intestinal e as fermentações nos intestinos. 
Limão 
O suco do limão tem sido recomendado para combater numerosos estados patológicos, pois foi comprovado que é diurético e pode ser usado na nefrite, com êxito, especialmente nas formas que produzem um estado de hidropisia. Nas enfermidades infecciosas, o suco, em forma de limonada, é refrescante e favorece a ação dos medicamentos antitérmicos. Nas gastrenterites diminui a inflamação da mucosa e atenua as náuseas. Nas enfermidades do fígado também produz bons resultados. No reumatismo atenua as dores. O suco de limão traz resultados notáveis de vitaminas no organismo. O suco de limão tem igualmente propriedades estimulantes sobre a pele, suavizando-a e fazendo desaparecer as manchas cutâneas. 
O limão, com seus ácidos, facilmente transformados em elementos alcalinizantes, e com suas bases, fermentos e vitaminas, contribui poderosamente para oxidar radicais livres. 
Surpreende e não poucas pessoas, o fato de que, sendo ácido o suco de limão, determina reação alcalina. Em outras palavras, o limão, ao terminar seu metabolismo, se porta, não como ácido, mas, sim, como alcalino, controlando a acidez no estômago e no sangue. 
Como as outras frutas cítricas, possui ótimo teor de vitamina C, atuando notavelmente no metabolismo do cálcio, particularmente nas senhoras em estado de gravidez, nas crianças de peito e nos adolescentes, e é um eficaz remédio contra o escorbuto, as estomatites e a piorréia. 
O limão atua sobre as inflamações, dada sua atividade antiinflamatória. 
A cura do limão tem vencido diáteses artríticas mais e melhor do que qualquer outra fruta, apresentando resultados onde havia falhado a uva. 
Castanha-da-Amazônia 
De modo geral, as castanhas, amêndoas e nozes, devido a riqueza em fibras, gorduras monoinsaturadas e diversos antioxidantes (vitamina E, selênio, ácido elágico), são excelentes protetores do coração. Atuam também, como redutores do colesterol sanguíneo. 
O alto teor de cálcio combate a osteoporose e o raquitismo. 
Além disso, a castanha-da-amazônia é um dos alimentos mais ricos em selênio, diminui o envelhecimento celular e reduz o risco de cânceres como o do pulmão e o da próstata. O selênio combate o mau humor denominado distimia (indisposição orgânica). 
Maçã 
Dentre as diversas funções de proteção à saúde que a maçã possui, uma delas é diminuir os riscos de derrame cerebral, desde que se coma esta fruta regularmente, segundo pesquisa realizada na Finlândia que acompanhou a saúde e os hábitos alimentares de mais de 9.000 pessoas durante 28 anos. A maçã é rica em querecetina, substância que ajuda a evitar a formação dos coágulos sanguíneos capazes de provocar derrame. 
Morango 
Comer morango ajuda a reduzir o risco de se contrair câncer e doenças do coração devido à presença do ácido fólico (composto orgânico benéfico à saúde) principalmente na polpa e nas folhas. O morango ainda contém vitamina C, sódio, potássio, cálcio e ferro. 
Laranja 
Além de alta concentração de vitamina C, as laranjas contém pidoxina (a vitamina B6) e ácido fólico. Ambos são muito importantes no metabolismo da homocisteina e importantes para prevenir a arteriosclerose. A arteriosclerose é a formação de placas nas artérias, dificultando a circulação sanguínea. Estas afirmações foram confirmadas pelo Dr. Rafael Carmena, catedrático de medicina e chefe do serviço de endoclinologia e nutrição do Hospital Clínico Universitário de Valência, Espanha.
Importância da fruticultura brasileira 
Sebastião Elviro de Araújo Neto 18 
1.12 REFERÊNCIAS 
AGRIANAUAL. Anuário da agricultura brasileira. FNP Consultoria e Comercio, 2003. 
ALVES, R. E.; FILGUEIRAS, H. A. C. MOSCA, J. L.; SILVA, S. M.; MENEZES, J. B. Postharvest Physiology and Biochemistry of Some Non- Traditional American Tropical Fruits. Acta Horticulturae, 768, p.233-238, 2008. 
ANELLI, A. Dieta saudável não garante resultado. Folha de São Paulo, 29/11/2004. 
AMES, B. N.; SHIGENAGA, M. K.; HAGEN, T. M. Oxidants, antioxidants and the degenerative diseases of aging. Proc. Natl. Acad. Sci. U.S.A. v.90, p.7915-7922, 1993. 
AGUIAR, J. P. L.; MARINHO, H. A.; REBELO, Y. S.; SHRIMPTON, R. Aspectos nutritivos de alguns frutos da Amazônia. Acta Amazônica, Manaus, v.10, n.4, p.755-758, 1980. 
BALBACH, A. As frutas na medicina doméstica. 21ª ed. Itaquetuba: “A edificação do lar” , 1992. 375p 
BLAUER, S. O livro dos sucos. Tradução de Thereza Monteiro Deutsch. 8ª ed. – Rio de Janeiro: Record, 2004. 220p. 
BLOCK, G.; PATTERSON, B.; SUBAR, A. Fruits, vegetables, and cancer prevention: a review of the epidemiological evidence. Nutr, Cancer. V.18, p.3-4, 1992. 
BLOCK, G.; LANGSETH, L. Antioxidant vitamins and diseases prevention. Food Tecnology, v.48, n.7, p.80- 84, July, 1994. 
BURGIERMAN, D. R. Deveríamos parar de comer carne? Super Interessante, Edição, 175, p.43-50, abril 2002. 
CARAGAY, A. B. Câncer-preventive foods and ingredients. Food Technology, Chicago, v.46, n.4, p.65-68, 1992. 
D’ADAMO, P.J.; WUITNEU, C. A dieta do tipo sanguíneo: saúde, vida longa e peso ideal de acordo com seu tipo sanguíneo. Tradução de Sonia T. Mendes Costa, revisão técnica e atualização Augusto Teixeira. Rio de janeiro: Elsevier, 2005. 329p. 
DE ÂNGELIS, R. C. Fome oculta: impactos para a população do Brasil. Atheneu, 1999. 
DE ÂNGELIS, R. C. Importância dos alimentos vegetais na proteção da saúde: fisiologia da nutrição protetora e preventiva de enfermidades degenerativas. São Paulo: Atheneu, 2001. 
FAO. Dados agrícolas: Frutas tropicais. Disponível em (http://faostat.fao.org/faostat/). Acesso em 18/12/2005. 
FARIAS, J. F. Maturação e determinação do ponto de colheita de envira-caju (Onychopetalum periquino). 2009. 41f. Dissertação (Mestrado em Produção Vegetal) – Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós- Graduação, Rio Branco- Acre, 2009. 
FRANCO, G. Tabela de composição química dos alimentos. 8ª edição. Atheneu, São Paulo. Rio de Janeiro, 1992. 
IBGE. Censo brasileiro 2000. www.ibge.gov.br, consulta 21/02/2003. 
IBGE. Agricultura, 2002. www.sidra.ibge.gov.br, consulta 27/04/2004. 
IBRAF. Estatísticas – Fruticultura: síntese. Disponível no sitio http://www.ibraf.org.br/x-es/f- esta.html. Acesso em 14/09/2008. 
LAJOLO, F. M. Alimentos funcionais. Revista Racine, 62, p.18-24, Maio/Junho, 2001. 
MELLO, Nilda T.C. de (coord.) Matrizes e coeficientes técnicos de utilização de fatores na produção de 
culturas anuais no Estado de São Paulo. Informações Econômicas, SP, v.30, n.5, p: 47-105, maio 2000. 
MELLO, N. T. C. de; NOGUEIRA, E. A.; MAIA, M. L. M. Análise econômica da cultura da atemóia no estado de são paulo: um estudo de caso. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 18, 2004. Florianópolis, Anais... SOCIEDADE BRASILEIRA D EFRUTICULTURA. Florianópolis, 2004. 
NAVES, M. M. V.; MORENO, F. S. Comunicações intercelular com conexinas: importância na carcinogênese e papel modulador dos carotenóides. Revista Brasileira de Ciências Farmacêutica, v. 36, n.1, p.1-11, jan./jun., 2000. 
PIERSON, H. Diet as a factor in cancer and cancer prevention. Cancer Medicine. 1992. 
ROACH, J. Cientistas aprovam frutas e verdures contra o câncer.www.ngnews.com/news. Consultada 20/07/2002. 
SHEINBERG, G. Presença nos alimentos, fitoquímicos podem prevenir doenças. Folha de São Paulo, 14/02/2002. 
SOUZA FILHO, J. M. de. Vinho e saúde. In: REGINA, M. de A. et al. (eds). Viticultura e Enologia: Atualizando conceitos. Caldas: EPAMIG-FECD, p. 1- 15, abril, 2002. 
SOARES, S. E. Ácidos fenólicos como antioxidantes. Revista Nutrição, Campinas, v.15, n.1, p.71-81, jan./abr., 2002. 
TEIXEIRA, S. A dieta que está no sangue: peso ideal, saúde e energia. Rio de Janeiro: Elsevier, 2002. 295p. 
VIGGIANO, C. E. Efeitos fisiológicos das fibras dietéticas. Revista Racine, v. 62, p.34-36, Maio/Junho, 2001. 
WADE, C. A energia dos alimentos naturais: um programa alimentar completo para restaurar e manter sua energia e bem estar. Rio de Janeiro: Elsevier, 2001. 22.
Panorama atual e potencial da fruticultura acreana 
Sebastião Elviro de Araújo Neto 20 
2. PANORAMA ATUAL E POTENCIAL DA FRUTICULTURA ACREANA 
2.1 Fruticultura na Amazônia 
A Amazônia possui uma série de características que a tornam habilitada para investir no agronegócio da fruticultura. As frutas tropicais são, o primeiro grupo de alimentos, associados á Amazônia que, vêm na mente dos consumidores ocidentais. Além disso, o mercado de suco da frutas tropicais esta em franca expansão, com o envelhecimento das populações, as bebidas não alcoólicas, como os sucos, têm seu consumo aumentado (Clay et al., 1999). 
Na região há várias instituições de ensino, pesquisa e extensão com conhecimento na área de fruticultura (Embrapa, INPA, CEPLAC, Universidades, Emateres, etc.). Mesmo sem dados consolidados, sabe-se que mais de 50% das frutas consumidas na região vêm de outros estados, sendo que, a maioria têm condições de serem produzidas na região. Para as grandes empresas seria uma grande oportunidade de aliar a atividade com a marca Amazônia, hoje com divulgação mundial. 
No entanto é preciso maiores investimentos governamentais em rodovias, ferrovias, hidrovias e portos; dentre outras políticas específicas para fomentar a fruticultura. 
A região Amazônica é a terceira maior produtora de banana do país, segunda em abacaxi e quarta em coco e maracujá, onde os Estados da região já possuem tradição na produção de frutas. Verificando o mapeamento da fruticultura brasileira do ano 2000, o Estado do Pará é o segundo maior produtor brasileiro de abacaxi (9.842 ha) e o Estado do Amazonas tem 7 municípios entre os 50 maiores produtores desta fruta (2.620 ha). Com relação a banana o Estado do Pará é o maior produtor (51.772 ha), o do Amazonas o quarto maior produtor (41.701 ha), o Estado do Acre tem uma área plantada de 9.276ha, Roraima 6.000 ha e Rondônia 5.729 ha. 
Na produção de coco, o Pará é o maior produtor (17.229 ha). Na produção de mamão o Pará é o quarto maior produtor (1.258 ha) e o estado do Amazonas possui 7 municípios (819 ha) entre os 50 maiores produtores. Em Maracujá o Pará é o sexto maior produtor. Com relação a laranja já existem 35.817 ha plantados nos estados do Amazonas, Pará e Roraima. No Estado de Rondônia já existe uma área plantada de 38.500 ha com frutas tropicais. 
Além destas frutas exóticas, observa-se que, existe uma área considerável plantada com frutas nativas. É o caso do cacau, com 4.573 ha plantados no Estado do Amapá, 26.896 ha em Rondônia e 99.742 no Pará (Anuário estatístico, 1998). O cupuaçu tem uma área plantada de 16.000 ha na região Amazônica (Ribeiro, 1997). O guaraná tem 11.611 ha plantados na região. Com relação ao extrativismo, verifica-se que a castanha-da-amazônia contribuiu com 19.203 t e o açaí com 146.524 t, no ano de 1998 (Anuário estatístico, 1998). É importante salientar que, estas frutas possuíam apenas consumo local, e hoje são consumidas em vários estados do Brasil e no exterior. 
2.2 Aspectos Gerais do Estado do Acre 
O Estado do Acre ocupa uma área estimada de 152.589 km2, com uma população estimada de 557.526 habitantes, distribuídas em 66% na zona urbana e 34% na zona rural. O relevo é formado, na sua maior parte por uma plataforma regular, com altitudes variando de 100 a 300 metros, sendo que a vegetação é formada por floresta úmida de terra firme (88,24%), várzea (11,37%) e campo (0,39%) (IBGE, 2004). O clima da região é quente e úmido com estação seca e chuvosa bem definidas. A temperatura média anual é de 25,8ºC, sendo a média das máximas de 31,3ºC e a média das mínimas de 20ºC. As médias anuais de precipitação umidade relativa do ar e insolação são de 1.710 mm, 84% e 1.522,1 horas. 
2.3 Principais fruteiras cultivadas no Acre 
O cultivo de fruteiras no estado do Acre, concentra-se nos municípios de Cruzeiro do Sul, Plácido de Castro, Acrelândia, Porto Acre (Projeto Humaitá) e Rio Branco (Tabela 2.1 e 2.2). 
Na tabela 2.1, encontra-se a área colhida, produção e produtividade das principais fruteiras cultivadas no Acre. 
Tabela 2.1 - Área colhida (ha), produção e produtividade média das principais fruteiras cultivadas no estado do Acre, ano de 2002. Produtos Área colhida (ha) Produção Produtividade (fruto ou ton/ha) 
Abacaxi (Mil frutos) 
262 
276.320 
1.054 
Abacate (Mil frutos) 
88 
568 
6.454 
Açaí (tonelada) 
159 
10 
Banana (Mil cachos) 
6.712 
52.087 
8,0 
Côco-da-baía (Mil f) 
68 
359 
5.279 
Cupuaçu 
Guaraná (ton) 
139 
55 
0,4 
Laranja (Mil frutos) 
560 
4.879 
8.713 
Limão (Mil frutos) 
76 
542 
7.131 
Mamão (Mil frutos) 
250 
2.180 
8.720 
Manga (Mil frutos) 
48 
358 
7.458 
Maracujá (Mil fruto) 
74 
386 
5.216 
Palmito (ton) 
763 
1.951 
2.555 
Tangerina (Mil fruto) 
190 
1.673 
8.805 
Fonte: IBGE (2004).
Panorama atual e potencial da fruticultura acreana 
Sebastião Elviro de Araújo Neto 21 
Tabela 2.2 – Principais fruteiras produzidas nos municípios acreanos. 
Municípios 
Banana 
Laranja 
Limão 
Mamão 
Manga 
Abacate 
Mil Fruto 
R$ 1.000 
Área (ha) 
Mil Fruto 
R$ 1.000 
Área (ha) 
Mil Fruto 
R$ 1.000 
Área (ha) 
Mil Fruto 
R$ 1.000 
Área (ha) 
Mil Fruto 
R$ 1.000 
Área (ha) 
Mil Fruto 
R$ 1.000 
Área (ha) 
Acrelândia 
8.640 
2.808 
1.200 
250 
88 
25 
12 
4 
1 
90 
54 
6 
40 
8 
5 
Assis Brasil 
140 
42 
20 
4 
3 
1 
3 
2 
1 
13 
2 
1 
4 
5 
1 
Brasiléia 
4.200 
1.441 
600 
142 
50 
13 
8 
6 
1 
63 
50 
9 
25 
12 
5 
30 
33 
5 
Bujari 
450 
129 
60 
72 
36 
6 
60 
21 
6 
120 
60 
8 
12 
2 
1 
64 
45 
8 
Capixaba 
148 
56 
26 
45 
9 
5 
8 
8 
1 
136 
136 
17 
7 
1 
1 
13 
13 
3 
Cruzeiro do Sul 
3.816 
496 
353 
668 
329 
80 
16 
12 
5 
55 
17 
18 
27 
4 
6 
68 
41 
8 
Epitaciolândia 
1.050 
378 
150 
180 
72 
17 
8 
6 
1 
48 
36 
6 
5 
2 
1 
15 
18 
3 
Feijó 
2.576 
358 
322 
234 
199 
18 
108 
41 
9 
Jordão 
3.968 
786 
496 
60 
48 
6 
12 
6 
2 
96 
25 
8 
25 
18 
6 
Mancio Lima 
360 
47 
33 
52 
25 
7 
3 
1 
1 
7 
5 
1 
Manoel Urbano 
120 
70 
12 
30 
12 
3 
24 
12 
2 
27 
14 
3 
15 
2 
2 
7 
7 
1 
Marechal Talmaturgo 
819 
96 
75 
- 
- 
110 
7 
2 
2 
3 
Plácido de Castro 
5.135 
1.325 
738 
990 
297 
43 
60 
15 
10 
340 
170 
34 
18 
3 
3 
15 
9 
Porto Acre 
1.750 
336 
284 
344 
103 
1 
105 
37 
15 
400 
280 
50 
30 
15 
5 
20 
12 
5 
Porto Walter 
927 
108 
86 
8 
2 
14 
4 
2 
1 
Rio Branco 
6.810 
2.570 
1.135 
900 
252 
100 
208 
54 
16 
150 
75 
10 
50 
8 
5 
140 
112 
20 
Rodrigues Alves 
1.080 
140 
100 
87 
40 
1 
21 
6 
6 
9 
6 
1 
Santa Rosa do Purus 
100 
10 
10 
8 
4 
25 
12 
7 
2 
Sena Madureira 
1.050 
390 
140 
200 
90 
65 
81 
31 
9 
162 
62 
27 
100 
22 
10 
66 
51 
8 
Senador Guimard 
1.305 
320 
205 
455 
159 
10 
40 
12 
8 
130 
85 
13 
8 
3 
1 
15 
11 
5 
Tarauacá 
4.792 
657 
599 
100 
70 
10 
114 
40 
12 
24 
21 
6 
Xapurí 
1.016 
518 
127 
100 
50 
27 
19 
3 
25 
20 
5 
8 
3 
2 
26 
31 
4 
TOTAL 
52.087 
Fonte: IBGE (2004).
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01
Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Apostila saneamento básico
Apostila saneamento básicoApostila saneamento básico
Apostila saneamento básicoMarco Antonio
 
Christine wildwood aromaterapia
Christine wildwood   aromaterapiaChristine wildwood   aromaterapia
Christine wildwood aromaterapiaTatiana Lage
 
Apostila de higiene e segurança do trabalho
Apostila de higiene e segurança do trabalhoApostila de higiene e segurança do trabalho
Apostila de higiene e segurança do trabalhoSergio Silva
 
Manutenc3a7c3a3o elc3a9trica-industrial
Manutenc3a7c3a3o elc3a9trica-industrialManutenc3a7c3a3o elc3a9trica-industrial
Manutenc3a7c3a3o elc3a9trica-industrialMarcos Kakka
 
Receitas prontas final
Receitas prontas finalReceitas prontas final
Receitas prontas finalapoios
 
Apostila Formação Coordenadores - CEDAC
Apostila Formação Coordenadores - CEDACApostila Formação Coordenadores - CEDAC
Apostila Formação Coordenadores - CEDACvivianelima
 
Botânica para ciências agrárias e do ambiente
Botânica para ciências agrárias e do ambienteBotânica para ciências agrárias e do ambiente
Botânica para ciências agrárias e do ambienteGuellity Marcel
 
Regimento interno fortaleza
Regimento interno fortalezaRegimento interno fortaleza
Regimento interno fortalezaRaphael Carmesin
 
Biossegurança FACID
Biossegurança   FACIDBiossegurança   FACID
Biossegurança FACIDkandarpagalas
 
Coleção IOB Trabalhista e Previdenciária - Manual do Empregado Doméstico
Coleção IOB Trabalhista e Previdenciária - Manual do Empregado DomésticoColeção IOB Trabalhista e Previdenciária - Manual do Empregado Doméstico
Coleção IOB Trabalhista e Previdenciária - Manual do Empregado DomésticoIOB News
 
Projeto Político Pedagógico EC10 2016
Projeto Político Pedagógico EC10 2016 Projeto Político Pedagógico EC10 2016
Projeto Político Pedagógico EC10 2016 QUEDMA SILVA
 

Mais procurados (20)

Apostila saneamento básico
Apostila saneamento básicoApostila saneamento básico
Apostila saneamento básico
 
Christine wildwood aromaterapia
Christine wildwood   aromaterapiaChristine wildwood   aromaterapia
Christine wildwood aromaterapia
 
Apostila de higiene e segurança do trabalho
Apostila de higiene e segurança do trabalhoApostila de higiene e segurança do trabalho
Apostila de higiene e segurança do trabalho
 
Ppra
PpraPpra
Ppra
 
222 tcc cafe_0013
222 tcc cafe_0013222 tcc cafe_0013
222 tcc cafe_0013
 
Assistente administrativo
Assistente administrativoAssistente administrativo
Assistente administrativo
 
Manutenc3a7c3a3o elc3a9trica-industrial
Manutenc3a7c3a3o elc3a9trica-industrialManutenc3a7c3a3o elc3a9trica-industrial
Manutenc3a7c3a3o elc3a9trica-industrial
 
POR Princípios Organização e Regras
POR  Princípios Organização e RegrasPOR  Princípios Organização e Regras
POR Princípios Organização e Regras
 
Regulamento UCC Arouce
Regulamento UCC ArouceRegulamento UCC Arouce
Regulamento UCC Arouce
 
Receitas prontas final
Receitas prontas finalReceitas prontas final
Receitas prontas final
 
Apostila Formação Coordenadores - CEDAC
Apostila Formação Coordenadores - CEDACApostila Formação Coordenadores - CEDAC
Apostila Formação Coordenadores - CEDAC
 
cozinheiro[1]
cozinheiro[1]cozinheiro[1]
cozinheiro[1]
 
Botânica para ciências agrárias e do ambiente
Botânica para ciências agrárias e do ambienteBotânica para ciências agrárias e do ambiente
Botânica para ciências agrárias e do ambiente
 
Regimento interno fortaleza
Regimento interno fortalezaRegimento interno fortaleza
Regimento interno fortaleza
 
Sebentaginastica
SebentaginasticaSebentaginastica
Sebentaginastica
 
Cartilha recursos humanos (1)
Cartilha recursos humanos (1)Cartilha recursos humanos (1)
Cartilha recursos humanos (1)
 
Biossegurança FACID
Biossegurança   FACIDBiossegurança   FACID
Biossegurança FACID
 
POR 2013
POR 2013POR 2013
POR 2013
 
Coleção IOB Trabalhista e Previdenciária - Manual do Empregado Doméstico
Coleção IOB Trabalhista e Previdenciária - Manual do Empregado DomésticoColeção IOB Trabalhista e Previdenciária - Manual do Empregado Doméstico
Coleção IOB Trabalhista e Previdenciária - Manual do Empregado Doméstico
 
Projeto Político Pedagógico EC10 2016
Projeto Político Pedagógico EC10 2016 Projeto Político Pedagógico EC10 2016
Projeto Político Pedagógico EC10 2016
 

Semelhante a Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01

Apostila contabilidade geral completa
Apostila contabilidade geral completaApostila contabilidade geral completa
Apostila contabilidade geral completagabaritocontabil
 
Apostila contabilidade geral i teoria_completa
Apostila contabilidade geral i teoria_completaApostila contabilidade geral i teoria_completa
Apostila contabilidade geral i teoria_completacapitulocontabil
 
Plano de saneamento básico de itatiba do sul
Plano de saneamento básico de itatiba do sulPlano de saneamento básico de itatiba do sul
Plano de saneamento básico de itatiba do sulIvonir Santolin
 
Contabilidade Rural - IOB e-Store
Contabilidade Rural - IOB e-StoreContabilidade Rural - IOB e-Store
Contabilidade Rural - IOB e-StoreIOB News
 
Holding – Aspectos Contábeis, Societários e Tributários – 2ª Edição
Holding – Aspectos Contábeis, Societários e Tributários – 2ª EdiçãoHolding – Aspectos Contábeis, Societários e Tributários – 2ª Edição
Holding – Aspectos Contábeis, Societários e Tributários – 2ª EdiçãoIOB News
 
“Revolução dos Baldinhos: um modelo de gestão comunitária de resíduos orgânic...
“Revolução dos Baldinhos: um modelo de gestão comunitária de resíduos orgânic...“Revolução dos Baldinhos: um modelo de gestão comunitária de resíduos orgânic...
“Revolução dos Baldinhos: um modelo de gestão comunitária de resíduos orgânic...Cepagro
 
Manual operacional de educação integral
Manual operacional de educação integralManual operacional de educação integral
Manual operacional de educação integralclaricewilcackpires
 
Apostila teoria contabilidade_geral
Apostila teoria contabilidade_geralApostila teoria contabilidade_geral
Apostila teoria contabilidade_geralzeramento contabil
 
Regras analise _sementes
Regras analise _sementesRegras analise _sementes
Regras analise _sementesNadia Krohn
 
Solos manejo integrado e ecolgico
Solos   manejo integrado e ecolgicoSolos   manejo integrado e ecolgico
Solos manejo integrado e ecolgicoAlexandre Panerai
 
Exemplo / Modelo de um Plano de Negócios (Template Business Case)
Exemplo / Modelo de um Plano de Negócios (Template Business Case)Exemplo / Modelo de um Plano de Negócios (Template Business Case)
Exemplo / Modelo de um Plano de Negócios (Template Business Case)Fernando Palma
 
Coleção IOB Trabalhista e Previdenciária - Benefícios Previdenciários - Cálcu...
Coleção IOB Trabalhista e Previdenciária - Benefícios Previdenciários - Cálcu...Coleção IOB Trabalhista e Previdenciária - Benefícios Previdenciários - Cálcu...
Coleção IOB Trabalhista e Previdenciária - Benefícios Previdenciários - Cálcu...IOB News
 
Sumario final 1
Sumario final 1Sumario final 1
Sumario final 1BeefPoint
 
Aprenda a investir_na_bolsa
Aprenda a investir_na_bolsaAprenda a investir_na_bolsa
Aprenda a investir_na_bolsaJoao Rumpel
 
Curso Bolsa de Valores
Curso Bolsa de ValoresCurso Bolsa de Valores
Curso Bolsa de ValoresGrupo Shield
 

Semelhante a Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01 (20)

Sht2009
Sht2009Sht2009
Sht2009
 
Apostila contabilidade geral completa
Apostila contabilidade geral completaApostila contabilidade geral completa
Apostila contabilidade geral completa
 
Apostila contabilidade geral i teoria_completa
Apostila contabilidade geral i teoria_completaApostila contabilidade geral i teoria_completa
Apostila contabilidade geral i teoria_completa
 
Plano de saneamento básico de itatiba do sul
Plano de saneamento básico de itatiba do sulPlano de saneamento básico de itatiba do sul
Plano de saneamento básico de itatiba do sul
 
Contabilidade Rural - IOB e-Store
Contabilidade Rural - IOB e-StoreContabilidade Rural - IOB e-Store
Contabilidade Rural - IOB e-Store
 
Holding – Aspectos Contábeis, Societários e Tributários – 2ª Edição
Holding – Aspectos Contábeis, Societários e Tributários – 2ª EdiçãoHolding – Aspectos Contábeis, Societários e Tributários – 2ª Edição
Holding – Aspectos Contábeis, Societários e Tributários – 2ª Edição
 
Cpa 10
Cpa 10Cpa 10
Cpa 10
 
“Revolução dos Baldinhos: um modelo de gestão comunitária de resíduos orgânic...
“Revolução dos Baldinhos: um modelo de gestão comunitária de resíduos orgânic...“Revolução dos Baldinhos: um modelo de gestão comunitária de resíduos orgânic...
“Revolução dos Baldinhos: um modelo de gestão comunitária de resíduos orgânic...
 
Manual operacional de educação integral
Manual operacional de educação integralManual operacional de educação integral
Manual operacional de educação integral
 
Apostila teoria contabilidade_geral
Apostila teoria contabilidade_geralApostila teoria contabilidade_geral
Apostila teoria contabilidade_geral
 
Regras analise _sementes
Regras analise _sementesRegras analise _sementes
Regras analise _sementes
 
Solos manejo integrado e ecolgico
Solos   manejo integrado e ecolgicoSolos   manejo integrado e ecolgico
Solos manejo integrado e ecolgico
 
Regimento escolar
Regimento escolarRegimento escolar
Regimento escolar
 
Exemplo / Modelo de um Plano de Negócios (Template Business Case)
Exemplo / Modelo de um Plano de Negócios (Template Business Case)Exemplo / Modelo de um Plano de Negócios (Template Business Case)
Exemplo / Modelo de um Plano de Negócios (Template Business Case)
 
Coleção IOB Trabalhista e Previdenciária - Benefícios Previdenciários - Cálcu...
Coleção IOB Trabalhista e Previdenciária - Benefícios Previdenciários - Cálcu...Coleção IOB Trabalhista e Previdenciária - Benefícios Previdenciários - Cálcu...
Coleção IOB Trabalhista e Previdenciária - Benefícios Previdenciários - Cálcu...
 
Sumario final 1
Sumario final 1Sumario final 1
Sumario final 1
 
Aprenda a investir_na_bolsa
Aprenda a investir_na_bolsaAprenda a investir_na_bolsa
Aprenda a investir_na_bolsa
 
Curso Bolsa de Valores
Curso Bolsa de ValoresCurso Bolsa de Valores
Curso Bolsa de Valores
 
Contabilidade aula 01
Contabilidade aula 01Contabilidade aula 01
Contabilidade aula 01
 
Contabilidade aula 01
Contabilidade aula 01Contabilidade aula 01
Contabilidade aula 01
 

Mais de Alexandre Panerai

Manual de poda_arborizacao_urbana_pref_sao_paulo
Manual de poda_arborizacao_urbana_pref_sao_pauloManual de poda_arborizacao_urbana_pref_sao_paulo
Manual de poda_arborizacao_urbana_pref_sao_pauloAlexandre Panerai
 
RESÍDUOS ORGÂNICOS TRANSFORMADOS EM ADUBO FOLIAR POR MINHOCAS CALIFÓRNIANA EI...
RESÍDUOS ORGÂNICOS TRANSFORMADOS EM ADUBO FOLIAR POR MINHOCAS CALIFÓRNIANA EI...RESÍDUOS ORGÂNICOS TRANSFORMADOS EM ADUBO FOLIAR POR MINHOCAS CALIFÓRNIANA EI...
RESÍDUOS ORGÂNICOS TRANSFORMADOS EM ADUBO FOLIAR POR MINHOCAS CALIFÓRNIANA EI...Alexandre Panerai
 
Compostagem Doméstica com minhocas
Compostagem Doméstica com minhocasCompostagem Doméstica com minhocas
Compostagem Doméstica com minhocasAlexandre Panerai
 
2019 festa de santa edwiges 2019
2019 festa de santa edwiges 20192019 festa de santa edwiges 2019
2019 festa de santa edwiges 2019Alexandre Panerai
 
Cartilha sobre arborizacao_urbana_porto_alegre
Cartilha sobre arborizacao_urbana_porto_alegreCartilha sobre arborizacao_urbana_porto_alegre
Cartilha sobre arborizacao_urbana_porto_alegreAlexandre Panerai
 
Barragem subterrânea: uma alternativa para o Semi-Árido do Nordeste do Brasil.
Barragem subterrânea: uma alternativa para o Semi-Árido do Nordeste do Brasil.Barragem subterrânea: uma alternativa para o Semi-Árido do Nordeste do Brasil.
Barragem subterrânea: uma alternativa para o Semi-Árido do Nordeste do Brasil.Alexandre Panerai
 
Avaliação do potencial melífero e polinífero de Crotalaria juncea L. e Crotal...
Avaliação do potencial melífero e polinífero de Crotalaria juncea L. e Crotal...Avaliação do potencial melífero e polinífero de Crotalaria juncea L. e Crotal...
Avaliação do potencial melífero e polinífero de Crotalaria juncea L. e Crotal...Alexandre Panerai
 
Apostila minhocario campeiro como fazer
Apostila minhocario campeiro como fazerApostila minhocario campeiro como fazer
Apostila minhocario campeiro como fazerAlexandre Panerai
 
Reconhecimento de riscos de arvores
Reconhecimento de riscos de arvoresReconhecimento de riscos de arvores
Reconhecimento de riscos de arvoresAlexandre Panerai
 
Recuperacao areas degradadas
Recuperacao areas degradadas Recuperacao areas degradadas
Recuperacao areas degradadas Alexandre Panerai
 
Cartilha sobre arborizacao_urbana_porto_alegre 1999
Cartilha sobre arborizacao_urbana_porto_alegre 1999Cartilha sobre arborizacao_urbana_porto_alegre 1999
Cartilha sobre arborizacao_urbana_porto_alegre 1999Alexandre Panerai
 
Manual tecnico de_arborizao_urbana
Manual tecnico de_arborizao_urbanaManual tecnico de_arborizao_urbana
Manual tecnico de_arborizao_urbanaAlexandre Panerai
 
Preparo-de-microrganismos-eficientes
Preparo-de-microrganismos-eficientesPreparo-de-microrganismos-eficientes
Preparo-de-microrganismos-eficientesAlexandre Panerai
 
Boletim Amigos do Padre Caffarel nº 20 Janeiro 2017
Boletim Amigos do Padre Caffarel nº 20 Janeiro 2017Boletim Amigos do Padre Caffarel nº 20 Janeiro 2017
Boletim Amigos do Padre Caffarel nº 20 Janeiro 2017Alexandre Panerai
 

Mais de Alexandre Panerai (20)

Manual de poda_arborizacao_urbana_pref_sao_paulo
Manual de poda_arborizacao_urbana_pref_sao_pauloManual de poda_arborizacao_urbana_pref_sao_paulo
Manual de poda_arborizacao_urbana_pref_sao_paulo
 
RESÍDUOS ORGÂNICOS TRANSFORMADOS EM ADUBO FOLIAR POR MINHOCAS CALIFÓRNIANA EI...
RESÍDUOS ORGÂNICOS TRANSFORMADOS EM ADUBO FOLIAR POR MINHOCAS CALIFÓRNIANA EI...RESÍDUOS ORGÂNICOS TRANSFORMADOS EM ADUBO FOLIAR POR MINHOCAS CALIFÓRNIANA EI...
RESÍDUOS ORGÂNICOS TRANSFORMADOS EM ADUBO FOLIAR POR MINHOCAS CALIFÓRNIANA EI...
 
Meliponicultura
MeliponiculturaMeliponicultura
Meliponicultura
 
Compostagem Doméstica com minhocas
Compostagem Doméstica com minhocasCompostagem Doméstica com minhocas
Compostagem Doméstica com minhocas
 
2019 festa de santa edwiges 2019
2019 festa de santa edwiges 20192019 festa de santa edwiges 2019
2019 festa de santa edwiges 2019
 
Cartilha sobre arborizacao_urbana_porto_alegre
Cartilha sobre arborizacao_urbana_porto_alegreCartilha sobre arborizacao_urbana_porto_alegre
Cartilha sobre arborizacao_urbana_porto_alegre
 
Barragem subterrânea: uma alternativa para o Semi-Árido do Nordeste do Brasil.
Barragem subterrânea: uma alternativa para o Semi-Árido do Nordeste do Brasil.Barragem subterrânea: uma alternativa para o Semi-Árido do Nordeste do Brasil.
Barragem subterrânea: uma alternativa para o Semi-Árido do Nordeste do Brasil.
 
Abelhas sem ferrão no RS
Abelhas sem ferrão no RSAbelhas sem ferrão no RS
Abelhas sem ferrão no RS
 
Avaliação do potencial melífero e polinífero de Crotalaria juncea L. e Crotal...
Avaliação do potencial melífero e polinífero de Crotalaria juncea L. e Crotal...Avaliação do potencial melífero e polinífero de Crotalaria juncea L. e Crotal...
Avaliação do potencial melífero e polinífero de Crotalaria juncea L. e Crotal...
 
Apostila minhocario campeiro como fazer
Apostila minhocario campeiro como fazerApostila minhocario campeiro como fazer
Apostila minhocario campeiro como fazer
 
Reconhecimento de riscos de arvores
Reconhecimento de riscos de arvoresReconhecimento de riscos de arvores
Reconhecimento de riscos de arvores
 
Desfolha bananeira embrapa
Desfolha bananeira embrapaDesfolha bananeira embrapa
Desfolha bananeira embrapa
 
Recuperacao areas degradadas
Recuperacao areas degradadas Recuperacao areas degradadas
Recuperacao areas degradadas
 
Cartilha sobre arborizacao_urbana_porto_alegre 1999
Cartilha sobre arborizacao_urbana_porto_alegre 1999Cartilha sobre arborizacao_urbana_porto_alegre 1999
Cartilha sobre arborizacao_urbana_porto_alegre 1999
 
Manual tecnico de_arborizao_urbana
Manual tecnico de_arborizao_urbanaManual tecnico de_arborizao_urbana
Manual tecnico de_arborizao_urbana
 
Preparo-de-microrganismos-eficientes
Preparo-de-microrganismos-eficientesPreparo-de-microrganismos-eficientes
Preparo-de-microrganismos-eficientes
 
Desfolha bananeira embrapa
Desfolha bananeira embrapaDesfolha bananeira embrapa
Desfolha bananeira embrapa
 
Homeopatia simples
Homeopatia simplesHomeopatia simples
Homeopatia simples
 
Boletim Amigos do Padre Caffarel nº 20 Janeiro 2017
Boletim Amigos do Padre Caffarel nº 20 Janeiro 2017Boletim Amigos do Padre Caffarel nº 20 Janeiro 2017
Boletim Amigos do Padre Caffarel nº 20 Janeiro 2017
 
Embrapa arvores urbanas
Embrapa arvores urbanasEmbrapa arvores urbanas
Embrapa arvores urbanas
 

Apostilafruticultura 130326144050-phpapp01

  • 1. UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA NATUREZA Rio Branco – Acre 2012 FRUTICULTURA TROPICAL Profº. Sebastião Elviro de Araújo Neto
  • 2. SUMÁRIO 1. IMPORTÂNCIA DA FRUTICULTURA BRASILEIRA .......................................................... 3 1.1 - Aspectos econômicos e sociais .......................................................................................... 3 1.2 - Exportações brasileiras de frutas .................................................................................... 4 1.3 - Em busca da auto-suficiência ........................................................................................... 5 1.4 - Desperdiço de frutas no Brasil ......................................................................................... 5 1.5 - Consumo Per Capta de frutas .......................................................................................... 6 1.6 - Principais países produtores de frutas ............................................................................ 6 1.7 Pólos frutícolas do Brasil .................................................................................................... 7 1.8 Divisão das plantas frutíferas quanto ao clima .......................................................... 7 1.9 - Aspectos sociais ................................................................................................................. 8 1.10 - Aspectos nutracêuticos ................................................................................................... 8 1.11 Função medicinal das frutas ........................................................................................... 16 1.12 REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 18 2. PANORAMA ATUAL E POTENCIAL DA FRUTICULTURA ACREANA ........................ 20 2.1 Fruticultura na Amazônia ................................................................................................ 20 2.2 Aspectos Gerais do Estado do Acre ................................................................................. 20 2.3 Principais fruteiras cultivadas no Acre ........................................................................... 20 2.4 Frutas potenciais ............................................................................................................... 24 2.5 Fruticultura nos Sistemas Agroflorestais-SAFs ............................................................. 25 2.6 Tecnificação dos pomares ................................................................................................. 25 2.7 Agroindústria ..................................................................................................................... 26 2.8 REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 26 3. SISTEMAS DE PRODUÇÃO NA FRUTICULTURA ............................................................ 28 4. PROPAGAÇÃO DE PLANTAS FRUTÍFERAS ..................................................................... 39 4.1 - Propagação por semente ................................................................................................. 39 4.2. Propagação assexuada ..................................................................................................... 45 4.3. Métodos de propagação vegetativa ................................................................................. 48 4.5 Matrizes copa e porta-enxertos ........................................................................................ 69 4.6 Referências ......................................................................................................................... 70 5. VIVEIROS ................................................................................................................................ 71 5.1 Tipos ................................................................................................................................... 71 5.2 Localização ......................................................................................................................... 72 5.3 Dimensionamento .............................................................................................................. 73 5.4 Instalações .......................................................................................................................... 73 5.5 Formação da muda ............................................................................................................ 74 5.6 Substratos e recipientes .................................................................................................... 75 5.7 Recipientes ......................................................................................................................... 79 5.8 REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 80 6. PLANEJAMENTO E IMPLANTAÇÃO DE POMAR ............................................................ 82 6.1 –Planejamento do pomar .................................................................................................. 82 6.2 – Talhões ............................................................................................................................. 82 6.3 - Sistema de Plantio ........................................................................................................... 84 6.4 - Marcação das Covas ....................................................................................................... 85 6.5 - Preparo do solo ................................................................................................................ 86 6.6 - Abertura e preparo das covas ........................................................................................ 86 6.7 - Plantio .............................................................................................................................. 87 6.8 REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 88 7. PODA DAS PLANTAS FRUTIFERAS ................................................................................... 90 7.1 Princípios fisiológicos que regem a poda ......................................................................... 90
  • 3. 3 7.2 Poda e condução de frutíferas .......................................................................................... 92 7.3 Tipos de poda ..................................................................................................................... 93 7.4 REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 97 8. FLORESCIMENTO E FRUTIFICAÇÃO ................................................................................ 98 8.1 Fatores internos que afetam a frutificação ..................................................................... 98 8.2 Fatores externos que afetam a frutificação ................................................................... 102 8.3 Efeito hormonal na frutificação ..................................................................................... 105 8.4 Referências ....................................................................................................................... 105 9. COLHEITA E PÓS-COLHEITA DE FRUTOS ..................................................................... 106 9. 1 Definição de Fruto e Fruta ............................................................................................ 106 9.2 Fisiologia do desenvolvimento dos frutos ...................................................................... 106 9.3 Tipos de colheita .............................................................................................................. 111 9.4 Estádio de maturação ...................................................................................................... 113 9.5 Pré-resfriamento .............................................................................................................. 114 9.6 Higiene do campo e aspectos fitossanitários ................................................................. 115 9.7 Sistema de armazenamento ............................................................................................ 118 9.8 Padronização e classificação ........................................................................................... 121 9.9 REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 122 10 CULTURA DO AÇAIZEIRO ................................................................................................ 124 10.1. Produção brasileira de açaí ......................................................................................... 124 10.2 Produtividade ................................................................................................................ 124 10.3 Origem, Dispersão e Botânica ...................................................................................... 125 10.4 Período de produção ..................................................................................................... 127 10.5 Ecofisiologia ................................................................................................................... 128 10.6 Melhoramento Genético ............................................................................................... 129 10.7 Cultivares ....................................................................................................................... 130 10.8 Propagação ..................................................................................................................... 131 10.9 Nutrição mineral ........................................................................................................... 132 10.10 Manejo agronômico ..................................................................................................... 133 10.11 Pragas ........................................................................................................................... 134 10.12 Doenças ......................................................................................................................... 134 10.13 Colheita e Pós-colheita ................................................................................................ 134 10.14 Pós-colheita .................................................................................................................. 135 10.15 Mercado e Comercialização ....................................................................................... 138 10.16 Coeficiente técnico ....................................................................................................... 140 10.17 Referências ................................................................................................................... 140 11 CULTURA DO CUPUAÇUZEIRO ...................................................................................... 142 11.1 Aspectos Sócio-Econômicos .......................................................................................... 143 11.2. Origem, Dispersão, Botânica e Ecologia .................................................................... 144 11.3 Ecofisiologia ................................................................................................................... 144 11.4 Melhoramento Genético ............................................................................................... 145 11.5 Cultivares ....................................................................................................................... 151 11.6 Propagação ..................................................................................................................... 151 11.7 Nutrição mineral ........................................................................................................... 151 11.8 Manejo agronômico ....................................................................................................... 152 11.9 Pragas do cupuaçuzeiro ................................................................................................ 154 11.10 Doenças do cupuaçuzeiro ............................................................................................ 155 11.11 Colheita e beneficiamento ........................................................................................... 158 11.12 Mercado e Comercialização ....................................................................................... 159 11.13 Coeficiente técnico ....................................................................................................... 159
  • 4. 4 11.14 Referências ................................................................................................................... 160 12. CULTURA DO MARACUJAZEIRO .................................................................................. 162 12.1 Aspectos socioeconômicos ............................................................................................. 162 12.2 - Produção Brasileira .................................................................................................... 162 12.3 Origem, Dispersão e Botânica ...................................................................................... 163 12.4 Ecofisiologia ................................................................................................................... 164 12.5 genéticA do maracujazeiro ........................................................................................... 164 12.6 Melhoramento Genético do Maracujazeiro ................................................................ 166 12.7 Cultivares ....................................................................................................................... 167 12.8 Propagação ..................................................................................................................... 169 12.9 Solos e Nutrição Mineral .............................................................................................. 172 12.10 Manejo agronômico ..................................................................................................... 173 12.11 Pragas ........................................................................................................................... 177 12.12 Doenças ......................................................................................................................... 180 12.13 Colheita e Pós-colheita ................................................................................................ 182 12.14 Mercado e Comercialização ....................................................................................... 185 Custo de produção e rendimento econômico ...................................................................... 186 12.15 Coeficiente técnico para implantação de 1 hectare de maracujá (espaçamento 3,0 x 3,0m) ....................................................................................................................................... 187 12.16 Referências ................................................................................................................... 190 13 CULTURA DO ABACAXIZEIRO ....................................................................................... 195 14 CULTURA DO MAMOEIRO ............................................................................................... 210
  • 5. Importância da fruticultura brasileira 3 1. IMPORTÂNCIA DA FRUTICULTURA BRASILEIRA O Brasil por possui uma extensa área territorial, com 8.500.000 km2 encontra-se uma grande variação climática e seus microclimas que possibilitam o cultivo econômico da maioria das fruteiras, que torna o país o terceiro produtor mundial de frutas, atrás apenas da China e Índia, primeiro e segundo maiores produtores, respectivamente. Aliado ao volume de produção, a geração de renda e emprego, o consumo interno de frutas, torna a fruticultura um ramo econômico que promove desenvolvimento social no país. Além do valor da produção, a fruticultura faz parte de rotas turísticas, como os vinhedos do sul do pais, incorporando recursos econômicos e sociais importante para odesenvolvimento dessas regiões, especificamente do campo, com maior agregação de valor, diversificação de produtos e serviços. 1.1 - Aspectos econômicos e sociais A cadeia produtiva das frutas no campo, abrange 2,5 milhões de hectares, gera 6 milhões de empregos diretos ou seja, 27% do total da mão-de- obra agrícola ocupada no campo. Este setor demanda mão-de-obra intensiva, fixando o homem no campo. Apesar do baixo retorno econômico nos primeiros anos do pomar, durante a frutificação de muitas espécies, há redução da mão de obra e do custo de produção, podendo garantir renda na agricultura familiar, principalamente em propriedades com pouca mão-de-obra ou mão de obra de idosos. Em se tratando de empresas rurais, é possível alcançar um faturamento bruto de R$1.000 a R$20.000 por hectare. Além disso, para cada 10.000 dólares investidos em fruticultura, geram-se 3 empregos diretos permanentes e dois empregos indiretos. O valor bruto da produção de frutas em 2009 situou-se em 17,5 bilhões de reais. As principais frutíferas cultivadas no Brasil são: laranja, banana, abacaxi, melancia, coco, mamão, uva, maçã, manga, tangerina, limão, maracujá, melão, goiaba, pêssego, Caqui, abacate, figo, pêra dentre outras (Quasdro 1). Outras frutas regionais “raras” (exóticas e nativas) possuem alto potencial de mercado, incluindo acerola, atemoya, açaí, cupuaçú, bacuri, marolo, pinha, castanhas, cajá, ceriguela, mangaba, sapoti, graviola, envira-cajú e outras que necessitam ser estudadas (Alves et al., 2008, Farias, 2009). Dessas frutas, a laranja, representam 42,9% do total da produção de frutas brasileria, seguida da banana com 16,5% da produtção, por isso, seu comportamento tem influência muito forte nos números gerais. E elas registraram desempenho bem diferenciado de 2004 para 2005. Atualmente, o Brasil é o maior produtor de laranja e o segundo produtor mundial de banana, atrás apenas da Índia. No Brasil, o estado de São Paulo se destaca na produção de frutas, principalmente pela alta produção de citros e exportação de suco de laranja concentrado e congelado (SLCC), colocando o Brasil como o maior produtor mundial de citros e maior exportador do SLCC. Além disso, destaca-se também pela grande variedade de espécies frutíferas cultivadas em cada um de seus microclimas. Aliado a outros fatores, o alto índice tecnológico nos pomares paulistas, contribui para a boa produtividade alcançada. Quadro 1.1 Produção, produtividade e área cultivada das principais espécies cultivadas no Brasil em 2009. A maioria da produção brasileira é destinada ao consumo interno, tanto ao natural quanto processada na forma de doces, geléias, sucos, vinhos e outros. Pois o terceiro maior produtor de frutas não é um dos principais exportadores, em 2009, exportou apenas 1,8% da produção. Porém, apesar de não aumentar o saldo na balança comercial brasileira com as exportações, o consumo interno pode reduzir a importação pelo consumo das frutas brasileiras e com isso, melhorar a saúde da população que se consientiza cada vez mais da importancial alimentar das frutas na saúde humana. O principal motivo da baixa exportação de frutas pelo Brasil é a baixa qualidade das frutas, infraestrutura deficiente e principalmente os embargos econômicos e sanitários impostos pelos países importadores.
  • 6. Importância da fruticultura brasileira Sebastião Elviro de Araújo Neto 4 1.2 - Exportações brasileiras de frutas As frutas brasileiras, aos poucos, vão ganhando o mercado mundial e abrindo espaço para transformar o Brasil em um grande exportador, criando novas oportunidades de negócio para os agricultores brasileiros em um empreendimento com alta rentabilidade. No total, a receita com as exportações brasileiras de frutas cresce constantemente e atinge seus 609 milhores de reais em 2010 (Figura 1.1). A colheita mundial de frutas, no entanto, é de 540 milhões de toneladas, correspondendo ao montante de US$ 162 bilhões, em valor comercial. A China, sozinha, é responsável por 157.716 milhões de toneladas (Quadro 1.2). Embora o País constitua um grande produtor, a participação do Brasil nos negócios mundiais de frutas é pequena, representando 1,6% em divisas e 2,3% em volume. A Nação situa-se em 20º lugar entre os exportadores. Quadro 1.2 Produção dos principais países produtores de frutas. País Produção (t) 2004 China 157.716.081 Índia 54.581.900 Brasil 39.112.663 Estados Unidos 32.523.920 Itália 18.091.800 México 16.863.506 Turquia 16.305.750 Irã 15.139.110 França 11.764.270 Fone: FAO/DATAFRUTA-IBRAF. Esse mercado movimenta US$21 bilhões por ano. Mas as vendas brasileiras vêm crescendo, tendo aumentado em torno de 200% nos últimos seis anos. Em 2007, a receita com o comércio de frutas ao exterior foi de US$ 642.743 milhões. A valorização do real em relação ao dólar foi o principal obstáculo para um melhor comportamento das vendas brasileiras de frutas a outros países. Analisando o caso da maçã: muitas empresas exportaram porque havia contrato firmado e também para não perder o cliente, pois o preço da espécie no mercado externo não compensava. A queda da maçã foi de 36,91% em valor e de 35,1% em volume em 2005, no comparativo com o ano anterior, quando ela fora a grande estrela. Outra fruta que teve redução acentuada – de 58,34% em valor e de 65,99% em volume – nas exportações de 2005 foi a laranja. Além do dólar baixo, a doença conhecida como pinta-preta dificultou as remessas para o exterior. “Todos os contêineres eram verificados e, se fosse constatado qualquer indício, a firma era riscada do rol dos exportadores por parte da Europa”, assinala o gerente de Exportação do IBRAF. Em razão disso, muitas empresas nem chegaram a abrir seus packing-houses. 0 100000 200000 300000 400000 500000 600000 700000 800000 900000 1000000 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2009 2010 US$ t Figura 1.1 – Evolução das exportações brasileiras de frutas frescas 1998-2010 (IBRAF, 2012). Quadro 1.3 Exportação brasileira de frutas em 2009. Frutas Valor (US$) Quantidade (kg) Uva 136.648.806 60.805.185 Melão 121.969.814 177.828.525 Manga 119.929.762 124.694.284 Maçã 55.365.805 90.839.409 Banana 45.389.163 139.553.134 Limão 50.693.603 63.060.909 Mamão 35.121.752 27.057.332 Laranja 16.276.736 37.821.810 Abacaxi 998.318 1.889.842 Melancia 12.356.105 28.261.716 Figo 7.310.886 1.446.458 Tangerina 1.850.034 1.977.479 Goiaba 326.364 147.348 Coco 121.240 407.737 Outras frutas 1.931.663 815.874 Outros citrus 4.978 4.51941.117 Total Frutas Frescas 609.612.136 759.420.595 Fonte: SECEX/IBRAF em 03/12/2012 Mesmo com esses problemas, e com todas as exigências comerciais e sanitárias dos países importadores, o Brasil continua com sua imagem fortalecida como grande fornecedor mundial, pois ocupa o terceiro lugar nas exportações de manga (com 111 mil toneladas), depois de México (212 mil) e Índia (156 mil), em números da safra 2004. O País fica em quinto lugar nas exportações de melão, atrás da Espanha, Costa Rica, Estados Unidos e Honduras. A banana, que representa o maior volume de vendas por parte do Brasil (188,087 mil toneladas em 2004), torna o País o 15º exportador, sendo as primeiras posições ocupadas por Equador, Costa Rica, Filipinas, Colômbia e Guatemala. No coco, os brasileiros ocupam o 20º lugar; na maçã e na laranja, o 12º; e na uva, o 18º. Além de ter havido crescimento nas exportações brasileiras nos últimos anos, com a conquista de novos mercados na Ásia e no Oriente Médio, um ponto fundamental é que as importações
  • 7. Importância da fruticultura brasileira Sebastião Elviro de Araújo Neto 5 de frutas foram acentuadamente reduzidas. Elas têm se limitado a alguns períodos do ano em que ainda não se registra produção interna ou a alguns tipos específicos. As mais importadas são pêra, maçã, ameixa, kiwi, cereja e nectarina. Em 2005, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) e do Ibraf, as importações brasileiras chegaram a 224,494 mil toneladas em volume e a US$ 125,634 milhões em valor. Os maiores compradores são os países baixos (Holanda), com 32% do volume exportado, seguido pelo Reino Unido, com 18%, este, desde a década de 90 vem se constituindo como o principal mercado para as frutas brasileiras. Também no Mercosul está crescendo o mercado para a fruticultura nacional, sendo a Argentina responsável por 12% das nossas exportações e o Uruguai por outros 6%. Além disso, o Brasil exporta para Estados Unidos, Portugal, Bélgica, Finlândia e Emirados Árabes Unidos. Apenas para fazer uma comparação, o Chile que é um dos maiores exportadores de frutas ao natural, exporta cerca de US$1,6bilhão, aproximadamente o mesmo valor que rende a exportação do suco de laranja brasileiro, exportação de fruta na forma de suco e com valor agregado nas grandes industrias paulistas. Além dos US$ 643 milhões, o Brasil exportou em frutas processadas, o equivalente a US$ 2.7 bi. 1.3 - Em busca da auto-suficiência Mesmo sendo o terceiro maior produtor mundial de frutas, o Brasil, país de dimensões continentais, encontra dificuldade em atender ao seu mercado interno e precisa importar para suprir sua demanda de consumo. Mas, nos últimos anos, observa-se um crescente aumento nas exportações e diminuição na importação de frutas (Figura 1.2). Os problemas para este atendimento vão desde aspectos culturais, precariedade de logística, falta de planejamento e integração dos mercados regionais, até as dificuldades econômicas da maioria da população. Atualmente, o mercado interno segue a tendência mundial de aumento do consumo de frutas frescas, dentro dos princípios difundidos de melhoria da qualidade de vida e cuidados com a saúde. Portanto, além de exportar para o mercado internacional, o Brasil precisará aprender a exportar para ele mesmo, qualificando a produção, a distribuição e a comercialização. Contudo, a cadeia produtiva da fruticultura é a área que mais cresce dentro do agronegócio brasileiro e deverá alcançar um patamar de grande exportador. Todos os estados da federação acordaram para uma realidade: a fruticultura gera dinheiro, o País tem potencial para produzir muito e com qualidade, há um mercado com alta demanda e em crescimento. Quadro 1.4. Importação brasileira de frutas em 2009. Frutas Valor (US$/mil) Quantidade (tonelada) Pêra 161.974.250 189.840.518 Maçâ 60.046.723 76.879.090 Ameixa 32.417.159 24.278.543 Quiwi 21.867.849 20.596.664 Uva 36.074.860 24.794.695 Ameixas 32.417.159 24.278.543 Pêssegos 13.322.481 11.074.033 Nectarinas 13.221.893 10.421.857 Laranjas 4.841.635 6.002.603 Tangerinas 2.960.118 3.438.598 Total Outras Frutas 367.491.907 374.037.298 Fonte: SECEX/DECEX/MDIC;DECOM/SPC/MAPA Os investimentos realizados nos pólos de fruticultura irrigada no Nordeste, no sudeste do País e no Sul estão se consolidando porque há um grande retorno econômico e social nesta atividade. Para cada hectare de pomar é gerada uma renda de aproximadamente R$ 15 mil. Isso que dizer que, dentro da agricultura, o segmento frutícola está entre os principais geradores de renda, de empregos e de desenvolvimento rural. Fatores que incentivam a produção 1. Geração de empregos no campo e na cidade 2. Renda de R$ 1 mil a R$ 25 mil por hectare 3. Sustentabilidade da produção 4. Disponibilidade de recurso 5. Grande demanda no mercado interno 6. Grande demanda no mercado internacional 7. Incentivo às exportações Exemplos de rentabilidade Cada hectare de vinho gera: Renda/hectare/ano: R$ 20 mil de dinheiro novo circulando na região produtora Renda com industrialização Mais R$ 20 mil (R$ 40 mil/ha/ano) Cada hectare de vinhedo oferece 1 emprego direto, a permanência de uma família no campo e 2 empregos indiretos 1.4 - Desperdiço de frutas no Brasil O Brasil acumula prejuízos de milhões de dólares todos os anos na produção e processamento de frutas. As perdas variam de 30% a 60% do total produzido nos pomares brasileiros, dependendo da espécie e do estágio em que a fruta é descartada pelo mercado. As perdas começam na lavoura e terminam nas gôndolas dos supermercados. Antes disso, passa pela embalagem inadequada, o transporte indevido, manejo equivocado e estocagem errada. As perdas na lavoura ocorrem por desconhecimento do produtor, que adota manejo inadequado do pomar e usa variedades não-adaptadas. Além disso, há os fatores
  • 8. Importância da fruticultura brasileira Sebastião Elviro de Araújo Neto 6 climáticos que podem influenciar, como tempestades, ventos, geadas, excesso hídrico ou estiagens. A utilização de embalagens inadequadas também é fator de prejuízos à produção nacional de frutas. No Brasil é costume utilizar caixas de madeira estreitas, impróprias para acondicionar o produto. Isso aperta as frutas, machuca e ainda provoca contaminações pelo uso contínuo sem os cuidados de higiene necessários. Por isso é necessária a adequação das embalagens. Outro ponto fraco do processo pós-colheita da fruticultura brasileira é o transporte, que deveria ser feito em caminhões refrigerados e já com as frutas embaladas. Normalmente a operação é realizada em caminhões comuns cobertos com lonas. E na comercialização, pelo falta de um bom sistema de informações para viabilizar o planejamento da produção, medida que é rotineira na Europa e nos Estados Unidos. Com informações de mercado, o produtor poderia se planejar para produzir exatamente o volume de frutas que terá demanda. 1.5 - Consumo Per Capta de frutas O consumo per capta brasileiro é praticamente a metade em relação à Itália, Espanha e Alemanha e bem abaixo de outros países (Quadro1.4). Vários fatores estão relacionados a este fato:  O brasileiro ainda não tem consciência da importância das frutas na alimentação.  O baixo índice tecnologia empregada na fruticultura brasileira causa preços elevados das frutas, além da baixa renda per capta do brasileiro.  O consumo de frutas nativas, como açaí, jabuticaba, cajá, jaca, cupuaçu, graviola e outras não entram na estatística do consumo per capta brasileiro.  O consumo de frutas do quintal também não entra nas estatísticas. Quadro 1.5 Consumo Per Capta de frutas em alguns países. País Consumo (Kg / ano) Alemanha 112,00 Reino Unido 68,50 França 91,40 Itália 114,80 Países Baixos 90,80 Espanha 120,10 EUA 67,40 Canadá 81,10 Japão 61,80 Brasil 57,00 De Angelis (2001) afirma que a educação nutricional ao longo da vida é uma necessidade para melhorar as condições nutricionais. 1.6 - Principais países produtores de frutas A China foi o maior produtor mundial de frutas no ano de 2002, com a quantidade de 133.077.000 toneladas e destacando-se como grande produtora mundial de melancia, maçã, melão e pêra. A Índia foi o segundo produtor mundial neste mesmo ano quando registrou a quantidade de 58.970.000 de toneladas e sendo um grande produtor de banana, manga e coco. Quadro 1.6 Produção mundial de frutas em 2004. (mil toneladas) Mundo China Índia Brasil USA Filipinas Indonésia Itália México Espanha Turquia Total 503.278.149 157.716 54.582 39.113 32.524 18.092 16.864 Melancia 94.938.957 68.300.000 255.000 622.060 1.669.940 107.056 - 500.000 970.055 764.600 4.300.00 Banana 71.343.413 6.420.000 16.820.000 6.602.750 10.000 5.638.060 4.393.685 400 2.026.610 412.700 110.000 Uva 66.569.761 5.527.500 1.200.000 1.278.885 5.418.160 120 - 8.691.970 456.638 7.147.600 3.600.000 Laranja 62.814.424 1.977.575 3.100.000 18.256.500 11.729.900 28.700 871.610 2.064.099 3.969.810 2.883.400 1.280.000 Maçã 61.919.060 22.163.000 1.470.000 977.863 4.571.440 - - 2.069.243 503.000 603.000 2.300.000 Melão 27.703.132 14.338.00 645.000 180.000 1.150.440 19.000 - 608.200 590.000 1.102.400 1.700.000 Manga 26.573.579 3.582.000 10.800.000 850.000 2.800 967.535 1.006.006 - 1.503.010 - - Tangerina 22.942.253 10.556.000 - 1.270.000 492.600 55.500 - 576.446 360.000 2.368.700 565.00 Abacaxi 15.288.018 1.420.000 1.300.000 1.435.190 270.000 1.759,290 463.063 - 720.900 - - Limão 12.338.795 611.300 1.420.000 1.000.000 732.000 52.000 - 564.794 1.824.890 908.700 535.000 Mamão 6.708.551 161.000 700.000 1.650.000 16.240 131.869 - - 955.694 - - Abacate 3.078.111 84.000 - 175.000 200.000 - 177.263 - 1.040.390 75.699 370 Fonte: FAO (2005). O Brasil está classificado em terceiro lugar com a quantidade de 39.113.000 toneladas, sendo um grande produtor de laranja, banana, coco e mamão. Depois em quarto lugar aparece os Estados Unidos como grande produtor mundial de laranja, uva, maça e pomelo, a Itália em quinto lugar destacando-se como produtora de uva, maçã e pêssego. O México em sexto lugar como grande produtor de manga, citros, melão e outras frutas tropicais.
  • 9. Importância da fruticultura brasileira Sebastião Elviro de Araújo Neto 7 1.7 Pólos frutícolas do Brasil Existem hoje no Brasil 30 pólos de fruticultura, espalhados de norte a sul e abrangendo mais de 50 municípios. O Pólo Assu/Mossoró, no Rio Grande do Norte, que se tornou a maior região produtora de melão do País, e o Pólo Petrolina/Juazeiro, que já conta com mais de 100 mil hectares irrigados, exportando manga, banana, coco, uva, goiaba e pinha, e garantindo emprego a 4000 mil pessoas em áreas do semi-árido da Bahia e Pernambuco, são exemplos de sucesso. Outro que vem crescendo e que é um dos mais avançados na produção de frutas para exportação é o Pólo Baixo Jaguaribe, no Ceará, que já conta com 52 mil hectares irrigados. Também o Pólo de desenvolvimento Norte de Minas/MG merece ser citado por sua importância na produção frutícola que atingiu, em 1999, 264.050 toneladas de banana, limão, manga, uva, coco e mamão. Não pode ser esquecido o Pólo de São Paulo, um dos primeiros a surgir no País e que hoje sofre a concorrência do Nordeste nas exportações, mas que ainda é o grande fornecedor do mercado interno de frutas frescas, o primeiro nas exportações de citros e suco de laranja e tem forte presença em banana, manga, goiaba, uva de mesa e outras. São Paulo exportou, em 2001, 194.660 toneladas de frutas, com destaque para laranja (139.553 t), tangerina (17.250 t), limão (12.498 t), banana (9.695 t), mamão (4.808 t), abacaxi (2.560 t), manga (1.996 t), melão (1.783), uva (1.436 t) e outras, representando um faturamento de US$ 50,1 milhões. Há ainda o pólo do Rio Grande do Sul, tradicional produtor de uva para produção de vinho e de pêssego para a industria e de mesa. Além disso, na região de Vacaria, nos Campos de Cima da Serra, florescem os pomares de maçã, dando ao Estado o segundo lugar nas exportações dessa fruta, depois de Santa Catarina, onde as macieiras se estendem pelos municípios de Fraiburgo e São Joaquim. Figura 1.1 – Localização do pólos frutícolas do Brasil. 1.8 Divisão das plantas frutíferas quanto ao clima Quanto às exigências de clima, as plantas podem dividir-se em plantas de clima temperado, subtropical e tropical. Plantas de clima temperado Essas plantas podem ser sub divididas, em muito exigentes e pouco exigentes em frio. Dentro de uma mesma espécie, encontramos variedades que se acomodam a essa exigência, como o pessegueiro, a macieira, a pereira, a ameixeira, a pecã, o caqui. Existem variedades que produzem satisfatoriamente em regiões de inverno brando, ao passo que outras exigem inverno longo e rigoroso para frutificar economicamente, que dure de dois a três meses, com temperatura de 0ºC, podendo atingir, no verão, de 30 a 40ºC. As espécies de clima temperado podem desenvolver a frutificação na área subtropical e mesmo na tropical, desde que o repouso hibernal seja substituído por período seco que impeça a vegetação, porém as plantas de clima tropical e subtropical dificilmente encontram condições para prosperar nas zonas temperadas. A área de distribuição favorável para as espécies frutíferas de clima temperado concentra-se no sul do Estado de São Paulo até o Rio Grande do Sul. Encontram-se, entretanto, dispersas pelo país, regiões microclimáticas, como a serra da Mantiqueira, a serra dos Cristais e regiões do interior e do norte do Brasil, que compensam a latitude com a altitude, oferecendo também microclimas favoráveis.
  • 10. Importância da fruticultura brasileira Sebastião Elviro de Araújo Neto 8 Plantas de clima subtropical e tropical Os vegetais tropicais e subtropicais encontram, a partir do centro do Estado de São Paulo até o Amazonas, condições ecológicas para o seu desenvolvimento, com exceção das regiões montanhosas, onde a queda de temperatura oferece microclima favorável às culturas temperadas. Pelos conhecimentos adquiridos sobre espécies de clima temperado, subtropical e tropical, e conhecendo-se as condições ecológicas de cada região, podem-se estabelecer pomares comerciais com grande probabilidade de êxito. Assim, as culturas de abacaxi, anona, banana, coco-da-bahía, mamão, manga, tâmara, citros, abacate, goiaba, jabuticaba encontrariam condições ecológicas das mais favoráveis a partir da parte central do Estado de São Paulo até o norte, incluindo as regiões central e nordeste, que se enquadram dentro de clima subtropical e tropical. As espécies de clima temperado, entretanto, como ameixeira, figueira, macieira, oliveira, pecã, pessegueiro, pereira e videira, encontrariam condições mais satisfatórias do sul do Estado de São Paulo até o Rio Grande do Sul. 1.9 - Aspectos sociais Os 6 milhões de empregos gerados nos 2,5 milhões de hectares de fruticultura é em grande parte por causa do baixo investimento necessário para a geração de emprego, pois, para cada 10.000 dólares investidos em fruticultura, geram-se 3 empregos diretos permanentes e dois empregos indiretos. Visto por outro ângulo, 2,5 milhões hectares com frutas no Brasil significam 6 milhões de empregos diretos (2 a 5 pessoas por hectare). 220000 145000 100000 91000 66000 37000 6000 2500 Química Metalúrgica Pecuária Automobilísmo Turismo Agricultura Fruticultura Investimento médio para gerar um emprego (US$) Figura 1.2 - Investimento médio para gerar um emprego em algumas atividades industriais, turismo e agropecuárias. Um exemplo de geração de emprego é o caso da atemóia no Estado de São Paulo. Segundo estudos de Mello et al., (2004), a atemóia assim como outras frutíferas, é grande absorvedora de mão-de-obra, requer cuidados agronômicos sistemáticos cerca de 1.153 horas/ha/ano, enquanto que as culturas anuais em sistemas de produção de alta tecnologia geram apenas entre 2 a 40 horas/ha (Mello et al., 2000). A alta geração de emprego ocorre por se tratar de cultivo extensivo e intensivo, exigindo a presença constante de mão-de-obra. Por isso, existe atualmente grandes incentivos à projetos de irrigação, principalmente por ser umas das atividades agrícolas que exige pouco recursos para gerar empregos. 1.10 - Aspectos nutracêuticos A estimativa dos órgãos governamentais é que 70% das mortes de brasileiros ocorreram por motivo de doenças crônicas. Aproximadamente 35% dos casos de câncer no mundo tem como causa principal uma alimentação desequilibrada. Os alimentos vegetais, em geral, são alimentos indispensáveis e mais importantes para a vida. Eles são fontes principais de minerais, vitaminas, fibras, açúcar, além de proteínas e gorduras, em menor quantidade, substâncias essenciais para todo o funcionamento do organismo. Os vegetais contém, também, substâncias protetoras e curativas, com ação anti-infecciosa, anti-inflamatória, anti-parasitária, anti-reumática, anti-hipertensiva, diurética, laxativa, desintoxicante e vitalizadora de todo organismo. São alimentos equilibrados e determinam uma perfeita saciedade do apetite, impedindo o comer excessivo, a busca constante por comidas, portanto, evitam e curam a obesidade. 1.10.1 Comportamento alimentar do homem Uma grande parte de nossa população passa fome, no sentido de escassez ou de impossibilidade de adquirir os alimentos fundamentais, outra parte gasta-se além do necessário em sistemas alimentares de verdadeiras manias (De Angelis, 2001). Mas, para os que comem, “comer não é apenas uma questão de matar a fome” (Burgierman, 2002). A decisão sobre que comida colocar no prato tem implicações econômicas, ambientais, éticas, culturais, fisiológicas, históricas, religiosas e etc. Assim, os lactovegetarianos comem ovos, leite e derivados, por não “resultarem” do sofrimento animal ou por não conter toxinas produzidas antes da morte animal; os vegans acreditam na liberdade total dos animais e não se alimentam de produtos de origem animal e deveriam fotografar apenas com máquinas digitais, devido os filmes das máquinas analógicas conterem uma gelatina retirada da canela da vaca; os frugivoristas não só rejeitam carne como evitam machucar ou matar vegetais. Por isso, comem apenas aquilo que as plantas “querem” que seja comido: frutas, castanhas e sementes, consideram o consumo de folhas, caules e raízes uma violência. Mas afinal, o homem é onívoro ou frugívoro?
  • 11. Importância da fruticultura brasileira Sebastião Elviro de Araújo Neto 9 Baubach, (1992) cita o Dr. Friedman, que afirma ser o homem um frugívoro, não só pela forma e disposição do seu sistema dentário, mas, também, pela constituição dos órgãos digestivos, e muitos afirmam que é erro considerarmo-nos onívoros. Portanto, acredita-se que as frutas são alimentos naturais do homem, mineralizantes por excelência, e é nesta fonte pura e não nos cadáveres que se deve apoiar-se para a reparação das forças do organismo. 1.10.2 Valor nutritivo das frutas É possível o homem alimentar-se apenas de frutas? Nas frutas tem-se os princípios necessários para atender as necessidades vitais dos humanos (Quadro 1.7). O tamarindo, as uvas, a banana, o açaí e outros, fornecem os carboidratos; o coco, as castanha-da-amazônia1 e castanha-de-caju, sementes de baru e outras, fornecem gorduras e proteínas. As frutas também suprem com os mais variados sais minerais, vitaminas, fermentos, água (com o selo da vida) e fibras. Com regime exclusivo de frutas, o homem pode viver em bom estado de saúde, mas é preciso individualiza-lo devidamente (Quadro 1.8). Quadro 1.7 – Composição química em 100g de algumas frutas. Frutas Kcal Vit.A (μg) Vit.B1 (μg) Vit.B2 (μg) Vit.B3 (mg) Vit.C (mg) Ca P Fe (mg) Prot (%) Abacate 162 20 70 100 0,80 10,2 13 47 0,70 1,3 Açaí 247 150 360 10 0,40 5,0 118 0,5 2,00 3,5 Ameixa 54 200 120 150 0,37 6,8 11 16 0,36 0,6 Banana 89 10 92 103 0,82 17,3 15 26 0,20 1,3 Caqui 87 250 30 45 0,80 17,1 4 42 0,41 0,8 Caju 37 16 58 50 2,56 200,0 50 18 1,00 0,8 Castanha 700 7 1094 118 7,71 10,3 172 746 5,00 17,0 Coco seco 619 0 60 40 0,50 1,6 108 209 4,80 5,0 Goiaba 43 245 190 154 1,20 45,6 17 30 0,70 1,0 Laranja 43 14 40 21 0,19 40,9 45 28 0,20 0,9 Limão 28 2,5 55 60 0,31 30,2 41 15 0,70 0,8 Maracujá 90 70 150 100 1,51 15,6 13 17 1,60 1,8 Manga 64 220 51 56 0,51 43,0 21 17 0,78 0,6 Coca-cola 39 0 0 0 0 0 2 1 0 0 Fonte: Franco, 1992; Aguiar et al., 1980; Donadio et al., 2002. Na alimentação dos frugivoristas e dos vegans, deve haver um cuidado especial quanto ao suprimento de vitamina B12, pois estas não contem nos vegetais, é sintetizada por bactérias de solo, consumidas pelos animais durante o pastejo e encontrada nas carnes dos mesmos. Porém, pode ser encontrada facilmente em alimentos enriquecidos, 1 Castanha-da-Amazônia é o termo que respeitosamente emprego para a Castanha-do-Pará, que não é apenas do Pará, ou Castanha-do-Brasil, que não é apenas do Brasil, mas, a Bertholletia excelsa é da Amazônia Real, inclusive da Bolívia, Peru, Colômbia, Guianas, Suriname e Venezuela. como alguns biscoitos. A vitamina B12 pode está presente em alguns pró-bióticos, como o Kefir, colônia de microrganismos lácticos. Um outro cuidado no balanceamento da dieta dos vegetarianos é o iodo. Um trabalho de investigação constatou que a população vegetariana (sem consumo de qualquer alimento de origem animal), a ingestão média de iodo foi abaixo de 100 g/dia, enquanto as recomendações são de 150 g/dia (De Angelis, 2001). Um outro problema sério na alimentação dos vegetarianos é a pouca concentração de ferro nos vegetais ao contrário das carnes e víceras. Mas, a ingestão diárias de diversas frutas, hortaliças e outros vegetais, garante a necessidade diária de ferro. A goiaba é um dos frutos mais completos, em termos de balanço nutricional, mas possui baixo teor de Fe. No geral, não existe um fruto ideal que possa servir como única fonte de alimento vegetal, mas que a alimentação deve ser feita de uma “salada” de frutas, ou seja, uma alimentação com vários tipos de frutas e de preferência respeitando a sazonalidade regional. As castanhas, a exemplo a castanha-da- amazônia, pode suprir a necessidade diária de proteínas e cálcio, este último é encontrado em maior concentração que no leite de vaca, o leite de vaca e seus derivados, por ter também elevado teor de cálcio, leva os nutricionistas convencionais a recomendarem este alimento, porém, esquecem de que o leite, muito importante para os mamíferos jovens, pode trazer problemas para a saúde humana, principalmente pela contaminação por doenças dos animais, muitas vezes mal tratados. Em natureza, não se observa mamíferos adultos mamando em suas genitoras, será que o homem adulto poderia alimentar-se de leite natural? Quadro 1.8 – Necessidade diária de um homem adulto e elementos consumidos em 1,6 kg de frutas, castanhas e sementes. Necessidade diária Consumo 1,6 kg de frutas e castanhas Energia Kcal >2600 3075 50 g de cada fruta Castanha-da- Amazônia, Castanha- de-Caju, Amêndoa, Burití, Pinhão, Bacurí. 100g de cada fruta Caju,açaí, manga, maracujá, biribá, jenipapo, baru, goiaba. 150 g de cada fruta laranja, abacate 200 g de banana Proteína (g) 56 83 Fibra (g) 20 - 35 92 Cálcio (mg) 800 733 Ferro (mg) 10 41 Fósforo (mg) 800 1650 Vit. A (g) 1000 1200 Vit. B1 (g) 1400 2940 Vit.B2 (g) 1700 1620 Vit. B3 (mg) 18 22 Vit. C (mg) 60 560 Fonte: Franco, 1992; Aguiar et al., 1980, Donadio et al., 2002. Um concorrente direto na comercialização das frutas é o refrigerante, um produto artificial, sem nenhum valor nutricional, intoxica e desmineraliza o organismo. Têm muita caloria inútil e engorda. O "diet", com menos calorias, é artificial e tóxico. Ao
  • 12. Importância da fruticultura brasileira Sebastião Elviro de Araújo Neto 10 contrário das frutas, não contém vitaminas, proteínas, sais minerais (raro poucas exceções) e contém corantes e acidulantes, tóxicos ao organismo. Além de não respeitar o próprio corpo ao beber um refrigerante multinacional, que tem inclusive incentivos fiscais (não oferecido às industrias nacionais de refrigerante), paga-se aos estrangeiros e desempregam-se brasileiros nos campos de produção de frutas, café e chás. Fibras dietéticas Além dos carboidratos, proteínas, vitaminas e sais minerais, as frutas têm um outro componente muito importante na nutrição humana, as fibras. Atualmente as fibras deixam de exercer apenas a função digestiva muito preconizada no passado e passa a ocupar o lugar que lhe corresponde dentro do arsenal terapêutico atual, ganhando um novo conceito: o de “fibra dietética”. As características físico-químicas, concernentes à solubilidade, viscosidade, geleificação, capacidade de incorporar substâncias moleculares ou minerais, determinarão as diferenciações entre fibras. As fibras classificam em fibras solúveis em água (pectinas, gomas, mucilagens, hemicelulose B) e Insolúveis em água (celulose, lignina e hemicelulose A). E ainda tem algumas substâncias que participam do grupo das “fibras dietéticas” por sua similaridade (amido resistente, frutooligossacarídeos, açúcares não-absorvidos e inulina). A fibra dietética passa através do intestino, no qual desenvolve sua capacidade de hidratação e fixação, interferindo na absorção de substâncias orgânicas e inorgânicas como segue:  Proteínas, carboidratos e lipídios – são os primeiros nutrientes a serem hidrolisados no intestino delgado para serem absorvidos. Como a ação das fibras solúveis, principalmente das gomas, pectinas e mucilagens, estas substâncias terão sua absorção retardada e algumas vezes sua excreção ligeiramente aumentada. As perdas de proteínas, carboidratos e gorduras nas fezes não são importantes do ponto de vista nutricional, mas são, sem dúvida, relevantes para o controle de algumas doenças como os diabetes e as coronariopatias.  Sais biliares – a lignina, as gomas, pectinas e mucilagens são capazes de seqüestrar os sais biliares, permitindo sua eliminação nas fezes, o que tem grande importância na prevenção de tumores, já que determinadas cepas de bactérias, particularmente a Clostridium putrificans, têm capacidade de sintetizar cancerígenos utilizando-se dos ácidos biliares e colesterol como substrato. A absorção de gorduras torna-se diminuída, pela impossibilidade de não serem emulsionadas e nem transportadas na mucosa intestinal. Os ácidos biliares são derivados do colesterol e sintetizados no fígado. Se mais componentes de bile são eliminados do corpo, mais estes deverão ser sintetizados para fazer a bile normal. Este processo acaba gastando mais colesterol (substrato), reduzindo assim o colesterol circulante (De Angelis, 2001).  Vitaminas e minerais – está comprovado que a lignina, as hemiceluloses ácidas, as pectinas e algumas gomas são capazes de fixar determinados minerais, como cálcio, fósforo, zinco, magnésio e ferro, e algumas vitaminas podem ter alterado sua absorção. Esses efeitos, que, à primeira vista, poderiam ser prejudiciais, na prática não constituem problema quando a ingestão de fibras dietética é moderada, ou seja, dentro das recomendações nutricionais. Pode se observar balanço negativo de cálcio, magnésio, fósforo, ferro e zinco em grandes consumidores de pão integral. Essas alterações subclínicas desapareceram quando se aumenta o consumo de pão branco. Indivíduos que ingerem menos que 50g de fibras ao dia, não estão expostos a nenhum desequilíbrio nutricional. As fibras dietéticas chegam ao intestino grosso de forma inalterada e, ao contrario do que ocorre no intestino delgado, as bactérias do cólon, com suas numerosas enzimas de grande atividade metabólica, podem digerir as fibras em maior ou menor grau, dependendo de sua composição química e estrutura. As moléculas complexas são desdobradas a hexoses, pentoses e álcoois, que já podem ser absorvidos pelo intestino, servindo de substrato a outras colônias bacterianas, que, por sua vez, as degradam em ácido lático, água, dióxido de carbono, hidrogênio, metano e ácidos graxos de cadeia curta (acetato, propionato e butirato), com produção de energia. A produção e ação metabólica desses ácidos graxos têm sido o principal foco de investigação atual sobre fibras, pois podem se constituir de importante substrato energético, serem utilizados pelo fígado para gliconeogênese, além de exercerem ação antitumoral. Por outro lado, é sabido que uma dieta pobre em fibras pode ocasionar mudanças na microbiota e converter os lactobacilos habituais do cólon em bacterióides capazes de desdobrar os ácidos biliares em compostos cancinogênicos. Carboidratos - As frutas são ótimas fontes de carboidratos e açúcar simples. Os carboidratos são recomendados como o principal nutriente da composição das pirâmides alimentares, mas podem se tornarem vilões, como nos EUA, por exemplo, causando obesidade, hipoglicemia e diabetes. Não basta apenas consumir carboidratos, é preciso que esse carboidrato esteja nas frutas, hortaliças e nos cereais integrais. Sua energia é liberada durante um período mais longo e contínuo, ao contrário dos curtos derrames de energia do açúcar
  • 13. Importância da fruticultura brasileira Sebastião Elviro de Araújo Neto 11 simples. Apesar de não serem considerados como complexos de carboidratos, os açúcares simples encontrados nas frutas estão misturados com vitaminas, sais minerais e fibras. É nisso em que diferem do açúcar branco, refinado, que é usado em altas concentrações associados com muitos alimentos ruins, repletos de “calorias vazias” (Blauer, 2004). As fibras contidas nesses alimentos retardam a absorção de glicose, permitindo que as pessoas se sintam alimentadas por mais tempo. Isto também impede as oscilações da insulina, que sobe violentamente com a ingestão de açúcares de tudo que se transforma imediatamente em açúcar no organismo, como o pão branco e a batata. Os minerais das frutas Os minerais das frutas são minerais quelantes, diferente dos minerais sintéticos, porque o organismo reconhece e usa mais facilmente, é por isso que uma dieta rica em minerais orgânicos, é de fácil assimilação e ajuda a garantir que o organismo receba todos os minerais importantes de que precisa. Os minerais das frutas e sucos naturais ajudam a manter alta a energia do corpo, os nervos calmos, os dentes, os ossos e as unhas. Além disso, mantêm o sangue limpo e seu pH equilibrado. E fazem isso neutralizando os resíduos ácidos e alcalinos, ou seja, resíduos da digestão e do metabolismo humano. Em adição a essas funções gerais, cada mineral tem uma função específica. As funções específicas de vários dos mais importantes minerais existentes nas frutas estão relacionados abaixo. O potássio é o mineral responsável pelo equilíbrio eletroquímico dos tecidos do coração e de outros músculos. O ferro é um componente das células vermelhas do sangue, que transporta o oxigênio para os pulmões e ajuda os alvéolos na respiração. O fósforo é essencial para o bom funcionamento do cérebro e dos nervos. O cálcio mantém o equilíbrio ácido/alcalino do sangue e fortalece os ossos. O enxofre ajuda o cérebro e os nervos a funcionarem; e é o depurador do organismo. O iodo alimenta a glândula tireóide, que controla o metabolismo. O magnésio ajuda o relaxamento muscular, a sintetização das proteínas, a produção de energia e é um laxante natural. O manganês é necessário para o funcionamento cerebral. O selênio funciona em conjunto com a vitamina E para evitar a oxidação dos ácidos graxos. O sódio com o potássio, o cálcio e o magnésio, agem na neutralização de ácidos, mantém a integridade das células e conserva a energia eletromagnética dos tecidos. 1.10.3 Fitoquímicos ou alimentos funcionais Apesar da conexão entre dieta e saúde ser reconhecida há muito tempo, à medida que caminhamos para o século XXI, descobrimos cada vez mais sobre como a dieta pode prevenir doenças. O tema nutrição é o ponto alto na relação entre dieta e doenças crônicas como obesidade, doenças cardíacas e câncer. Em outras palavras, estamos caminhando para promoção da saúde, longevidade e qualidade de vida. Por ser um tema “recente” e despertar interesses diversos, recebem também, diversas terminologias. Os mais usuais são alimentos funcionais, fitoquímicos ou compostos bioativos e também nutracêutico, estudado pela “medicina ortomolecular", que consiste no combate aos "radicais livres" através de substâncias "antioxidantes", representadas principalmente pelas vitaminas e pelos minerais. Lajolo define os nutracêuticos como: “Alimento semelhante em aparência ao alimento convencional, consumido como parte da dieta usual, capaz de produzir demonstrados efeitos metabólicos ou fisiológicos úteis na manutenção de uma saúde física e mental, podendo auxiliar na redução do risco de doenças crônico-degenerativas, além de manter suas funções nutricionais” (Lajolo, 2001). Estudos epidemiológicos, por exemplo, têm associado a dieta rica em vegetais ao uso da soja, com uma menor incidência de osteoporose e câncer de mama na mulher. A dieta mediterrânea, rica em frutas e vegetais, óleo de oliva e carboidratos, leva a níveis de colesterol elevados, mas não correlacionado a um maior número de mortes por enfarto. 1.10.4 - Fome oculta “Os fitoquímicos defendem as células do corpo, as quais estão constantemente sofrendo ataques, seja do meio ambiente, da alimentação inadequada ou da própria genética”. A essa necessidade do organismo em receber proteção contra doenças por meio dos fitoquímicos. É uma fome que não se percebe, mas de algo de que o corpo precisa (De Ângelis, 1999). Estudos epidemiológicos têm confirmado essa tendência que indica déficit do consumo de ácidos graxos polinsaturados, proteínas de alto valor biológico, vitaminas, cálcio, ferro, iodo, flúor, selênio e zinco. Este estado nutricional carente tem originado elevadas incidências de doenças crônico degenerativas, dentre elas, doenças cardiovasculares, câncer, hipertensão, diabetes, obesidade, entre outras. A fome oculta é uma fome universal, que agrava principalmente os habitantes de países desenvolvidos. Segundo dados da OMS mostram que essas doenças são responsáveis por 70% a 80% da mortalidade nos países desenvolvidos e cerca de 40% naqueles em desenvolvimento. 1.10.5 Antioxidantes Oxidação em sistemas biológicos
  • 14. Importância da fruticultura brasileira Sebastião Elviro de Araújo Neto 12 A oxidação nos sistemas biológicos ocorre devido à ação dos radicais livres no organismo. Estas moléculas têm um elétron isolado, livre para se ligar a qualquer outro elétron, e por isso são extremamente reativas. Elas podem ser geradas por fontes endógenas ou exógenas. Por fontes endógenas, originam-se de processos biológicos que normalmente ocorrem no organismo, tais como: redução de flavinas e tióis; resultado da atividade de oxidases, cicloxigenases, lipoxigenases, desidrogenases e peroxidases; presença de metais de transição no interior da célula e de sistemas de transporte de elétrons. Esta geração de radicais livres envolve várias organelas celulares, como mitocôndrias, lisossomos, peroxissomos, núcleo, retículo endoplasmático e membranas. As fontes exógenas geradoras de radicais livres incluem tabaco, poluição do ar, solventes orgânicos, anestésicos, pesticidas e radiações. Nos processos biológicos há formação de uma variedade de radicais livres. São eles: - Radicais do oxigênio ou espécies reativas do oxigênio íon superóxido (O2 -*) Hidroxila (OH·); Peróxido de hidrogênio (H2O2); Alcoxila (RO*); Peroxila (ROO*); Peridroxila (HOO*); Oxigênio sinlete (1O2); - Complexos de Metais de Transição Fe+3/Fe+2; Cu+2/Cu+ - Radicais de Carbono Triclorometil (CCl3*); - Radicais de Enxofre Tiol (RS·) - Radicais de Nitrogênio Fenildiazina (C6H5N = N·) Óxido nítrico (NO*) Estes radicais irão causar alterações nas células, agindo diretamente sobre alguns componentes celulares. Os ácidos graxos polinsaturados das membranas, por exemplo, são muito vulneráveis ao ataque de radicais livres. Estas moléculas desencadeiam reações de oxidação nos ácidos graxos da membrana lipoprotéica, denominadas de peroxidação lipídica, que afetarão a integridade estrutural e funcional da membrana celular, alterando sua fluidez e permeabilidade. Além disso, os produtos da oxidação dos lipídios da membrana podem causar alterações em certas funções celulares. Os radicais livres podem provocar também modificações nas proteínas celulares, resultando em sua fragmentação, cross linking, agregação e, em certos casos, ativação ou inativação de certas enzimas devido à reação dos radicais livres com aminoácidos constituintes da cadeia polipeptídica. A reação de radicais livres com ácidos nucléicos também foi observada, gerando mudanças em moléculas de DNA e acarretando certas aberrações cromossômicas. Além destes efeitos indiretos, há a ação tóxica resultante de altas concentrações de íon superóxido e peróxido de hidrogênio na célula. Compostos antioxidantes Os processos oxidativos podem ser evitados através da modificação das condições ambientais ou pela utilização de substâncias antioxidantes com a propriedade de impedir ou diminuir o desencadeamento das reações oxidativas. Os antioxidantes são capazes de inibir a oxidação de diversos substratos, de moléculas simples a polímeros e biossistemas complexos, por meio de dois mecanismos: o primeiro envolve a inibição da formação de radicais livres que possibilitam a etapa de iniciação; o segundo abrange a eliminação de radicais importantes na etapa de propagação, como alcoxila e peroxila, através da doação de átomos de hidrogênio a estas moléculas, interrompendo a reação em cadeia. Sabe-se que, por um lado, as vitaminas C, E e os carotenóides funcionam como antioxidantes em sistemas biológicos, e por outro, o processo carcinogênico é caracterizado por um estado oxidativo crônico, especialmente na etapa de promoção. Além disso, a fase de iniciação está associada com dano irreversível no material genético da célula, muitas vezes devido ao ataque de radicais livres. Desse modo, os nutrientes antioxidantes poderiam reduzir o risco de câncer inibindo danos oxidativos no DNA, sendo, portanto considerados como agentes potencialmente quimiopreventivos (Silva e Naves, 2001). Outras doenças degenerativas do envelhecimento, incluindo câncer, doenças cardiovasculares e cataratas são prevenidas ou retardadas no início, por esses três antioxidantes (vitamina C, vitamina E e carotenóides). Para se ter uma idéia sobre a oxidação natural no organismo, “o DNA em cada célula do corpo recebe aproximadamente 10.000 ataques oxidativos por dia” (Ames et al., 1993). • Carotenóides Os carotenóides compreendem um grande número de compostos, muitos dos quais com atividade biológica. Alguns, como o -caroteno, são pró-vitaminas A (transforma-se em vitamina A no organismo). Outros como o licopeno não são precursores de vitamina A, mas agem no organismo como antioxidantes, na eliminação de espécies ativas de oxigênio, formadas ou não no nosso organismo. Ao contrário de muitas vitaminas, a biodisponibilidade de carotenóides é aumentada com o aquecimento dos alimentos, como no processamento do tomate ou da goiaba, por exemplo.
  • 15. Importância da fruticultura brasileira Sebastião Elviro de Araújo Neto 13 • Vitamina C O termo vitamina C é uma denominação genérica para todos os compostos que apresentam atividade biológica do ácido ascórbico. Dentre eles, o ácido ascórbico é o mais largamente encontrado nos alimentos e possui maior poder antioxidantes encontrado nos alimentos e possui maior poder antioxidante. Os possíveis efeitos anticarcinogênicos da vitamina C estão relacionados com sua habilidade em detoxicar substâncias carcinogênicas e suas atividades antioxidantes. Além disso, tem-se constatado que a vitamina C pode inibir a formação de nitrosaminas in vivo a partir de nitratos e nitritos usados como conservantes, sendo, portanto adicionados para prevenir a formação desses compostos reconhecidamente carcinogênicos. • Vitamina E A vitamina E é uma substância lipossolúvel e existente na natureza como tocoferóis e tocotrienóis, em quatro formas diferentes (, ,  e ), sendo o - tocoferol a forma antioxidante mais ativa e amplamente distribuída nos tecidos e no plasma. A vitamina E constitui o antioxidante lipossolúvel mais efetivo encontrado na natureza, e importante fator de proteção contra a peroxidação lipídica nas membranas celulares e na circulação sanguínea. • Flavonóides Os flavonóides são ativos, em geral variáveis, contra radicais livres, os quais, por sua vez, podem estar associados a doenças cardiovasculares (melhor distribuição periférica do sangue, melhora fluxo arterial e venoso), câncer, envelhecimento e outras: - antiinflamatória; - estabilizadora do endotélio vascular – melhora função da célula endotelial, diminuindo a permeabilidade; - antiespasmódica- ação principal na musculatura lisa; - cardiovascular- - antialérgico; - antiulcerogênico; - antivirais. Os flavonóides são constituídos principalmente de antocianina, flavonois, flavonas, catequinas e flavonoides. Para se ter uma alimentação saudável, recomenda-se comer pelo menos cinco (5) refeições de frutas e hortaliças diariamente. As frutas e hortaliças são as principais fontes dos três nutrientes antioxidantes mais importantes: vitamina C, carotenóides e vitamina E. 1.10.6 – Prevenção de câncer Causas de indução Até o momento, a pesquisa determinou muitos aspectos de desenvolvimento do câncer, se conhece que o crescimento do tumor tem dois estágios críticos: iniciação e promoção. A “iniciação” cancerígena ou alteração celular promove sucessivamente o crescimento do câncer. Este crescimento não ocorre, porém, até que um dos vários fatores chamado “promotores” aja alterando a célula. Em câncer de mama, a causa mais comum de mortalidade em mulheres, estes fatores (“promotores”) incluem danos oxidativos, a ação de hormônios esteróides, e a ação de certos tipos de prostaglandinas (PGS). Na Figura 1.3, estar um esquema altamente simplificado, ilustrando como e quais estágios certos fitoquímicos podem agir para bloquear o processo de promoção do câncer, combatendo o efeito de certos cancerígenos, iniciadores e promotores (Caragay, 1992). Figura 1.3 - Fitoquímicos podem afetar o padrão metabólico associado com câncer dos seios. (Adaptada de Pierson, 1992). Consumo de carne ou não consumo de vegetais “Cerca de 80% dos cânceres de mamas, próstata e de cólon são atribuídos aos hábitos alimentares, especialmente consumo de carnes vermelhas e gorduras” (Binhham, 1999, citado por De Angelis, 2001). A carne parece estar associada com câncer, apenas em povos que não tem uma dieta variada. Os franceses e os mediterrâneos em geral, têm uma dieta variada e rica em vegetais frescos, azeite de oliva, vinho e carne de todos os tipos. Ao contrário dos americanos, esses povos comem com calma, em ambiente descontraídos, fatores também relacionados com prevenção de doenças e qualidade de vida. Uma coisa ninguém tem dúvidas: vegetais fazem bem. Uma dieta rica em frutas, e hortaliças claramente reduz as chances de ter câncer no estômago, na boca, no intestino, no reto, no pulmão, na próstata e na laringe, além de afastar os ataques cardíacos. Frutas e hortaliças amarelas têm caroteno, que previne câncer no estômago, a soja possui isoflavona, que diminui a incidência de câncer de mama e osteoporose; o alho tem alicina, que fortalece o sistema imunológico e por aí vai. Mas, a carcinogênese que não dependem da alimentação pode ocorrer inclusive em vegetarianos, com ocorrência de câncer de estômago, por exemplo, pois outros fatores estão relacionados com câncer, Iniciação do tumor Promoção do tumor carotenóides, fenólicos, flavonóides, terpenos. fenólicos, flavonóides, sulfetos, poliacetilenos Prostaglandinas Carcinogênicos s Danos oxidativos s cumarina, flavonóides, triterpenóides sulfetos, isoflavonas fibras, terpenos, fenólicos, sulfetos, isoflavonas hormônios esteróide s
  • 16. Importância da fruticultura brasileira Sebastião Elviro de Araújo Neto 14 como a predisposição genética, o tabaco, o álcool, infecções viróticas e o ambiente (Anelli, 2004). 1.10.7 – As frutas e o tipo sanguíneo Os doutores James D’Adamo e Peter D’Adamo, revelaram por meio de suas pesquisas e estudos, que a escolha do tipo de alimento não deve ser casual, simplesmente por questões culturais ou religiosas, mas que deve obedecer o tipo sanguíneo de cada pessoa. Seus estudos estão publicados no livro A dieta pelo tipo sanguíneo, publicado em 1996, lançado no Brasil pela Editora Campus, em 1998 e reeditado em 2005 (D’Adamo e Whitney, 2005). O sistema imunológico encontra-se no sangue, e possui mecanismos sofisticados para determinar se uma substância é estranha ou não ao corpo. Um dos métodos reside nos marcadores químicos chamados “antígenos”, que são encontrados nas células do corpo humano. Quando o antígeno do tipo sanguíneo percebe que um antígeno estranho entrou no sistema, a primeira coisa que ele faz é criar anticopos contra esses antígenos. Quando ocorre uma reação química entre o sangue e os alimentos consumidos, essa reação faz parte da herança genética do tipo sanguíneo. É estranho, mas verdadeiro que hoje, no século XXI, nosso sistema digestório e imunológico ainda mantenha uma preferência pelos alimentos que nossos ancestrais com o mesmo tipo sanguíneo comiam. Sabe-se disso devido a um fator chamado lectina. As lectinas são abundantes e variadas proteínas encontradas nos alimentos, têm propriedade de aglutinação, afetando o sangue. As lectinas dos alimentos incompatíveis com o antígeno de um determinado tipo sanguíneo, ao serem ingeridas atingem um órgão ou sistema corporal (rins, fígado, cérebro, estômago etc.) e começam a aglutinar células sanguíneas nessa área. A dieta para o tipo O O aparelho digestível de pessoas Tipo O conserva a memória dos tempos antigos. A dieta rica em proteína animal de caçador-coletor e as enormes demandas físicas do sistema dos primitivos seres humanos de Tipo O provavelmente manteve a maioria deles em um branco estado de cetose – uma condição em que o metabolismo do corpo fica alterado. A cetose é o resultado de uma dieta rica em proteína e em gordura que inclui poucos carboidratos. O corpo metabolisa as proteínas e gorduras em cetoses, que são usadas em lugar dos açúcares numa tentativa de manter os níveis de glicose estáveis. Para digerir melhor uma dieta rica em carnes, o sistema digestível de pessoas Tipo O é ácido. Por isso, uma dieta ácida, acidifica cada vez mais o estômago dessas pessoas, causando problemas de saúde, como úlcera e gastrites. Muitas frutas são adequadas para as pessoas de Tipo O. Mas, algumas frutas são consideradas nocivas. A razão por que ameixas são tão benéficas ao Tipo O é que a maior parte das frutas de cor vermelha escura, azul e roxa tende a provocar uma reação alcalina em vez de ácida no aparelho digestível. O aparelho digestivo das pessoas de Tipo O tem alto nível de acidez e precisa equilibrar a alcalinidade para reduzir úlceras e irritações da mucose estomacal. Devido a sua alcalinidade, sucos de hortaliças são mais indicados para os de Tipo O que sucos de frutas. Os sucos de frutas devem ser de frutas pobres em sacarose (Tabela 1.9). O suco de abacaxi pode ser particularmente eficaz para evitar retenção de líquido e inchaço, ambos fatores que contribuem para o aumento de peso. A dieta para o tipo A As pessoas de sangue Tipo A se dão bem com dietas vegetarianas – herança de seus ancestrais agricultores, mais sedentário e menos guerreiros. Precisam consumir alimentos em estado o mais natural possível: frescos, puros e orgânicos. Esse cuidado é importante para o sensível sistema imunológico dos organismos. Pois são pessoas biologicamente predispostas para diabetes, câncer e doenças do coração. O sistema digestível de pessoas Tipo A é mais alcalino que ácido. As laranjas devem ser evitadas, pois elas irritam o estômago do Tipo A e interferem também na absorção de importantes nutrientes. Embora a acidez estomacal seja em geral baixa nos organismos de Tipo A e possa admitir um estimulante, as laranjas irritam a delicada mucosa estomacal. O limão mais ácido que a laranja, é excelente para esse tipo sanguíneo, pois apresenta tendência de alcalinidade na digestão, auxilia na digestão e eliminação do muco do organismo, recomendado inclusive para tratamento de azia (acidez no estômago). A dieta para o tipo B As maiorias das frutas podem ser consumidas pelas pessoas de Tipo B, pois possuem aparelhos digestível muito equilibrados, com um saudável nível ácido-alcalino, de modo que, se pode consumir frutas que são muito ácidas para outros tipos de sangue. O abacaxi pode ser particularmente benéfico para organismos de Tipo B. que são susceptíveis a edemas – especialmente quando não inclui laticínios e carnes na dieta. A bromelaína, uma enzima existente no abacaxi, ajuda-o a digerir mais facilmente os alimentos. A dieta para o tipo AB O sangue Tipo AB é biologicamente complexo. Ele não se encaixa bem em nenhuma das
  • 17. Importância da fruticultura brasileira Sebastião Elviro de Araújo Neto 15 outras categorias. Vários antígenos fazem com que o AB às vezes seja semelhante ao A, outras ao B e às vezes parece uma fusão de ambos – uma espécie de tipo sanguíneo centauro. As pessoas de Tipo AB compartilham a maior parte das intolerâncias e preferências das de Tipo A por certas frutas. Frutas alcalinas, como as uvas, as ameixas e frutas da família das rosáceas (morango, amora, framboesa etc), podem ajudar a neutralizar o efeito dos cereais que provocam acidez em seus tecidos musculares. As pessoas de Tipo AB, não se dão bem com certas frutas tropicais especialmente mangas e goiabas. Mas o abacaxi é um excelente auxiliar da digestão para os organismos de Tipo AB. No Quadro 1.9, está a relação de amêndoas, frutas e sementes que são benéficas, nocivas e neutros, que não apresentam efeitos ao organismo. 1.5.8 As frutas e a energia do corpo As causas da falta de energia no organismo são várias, uma delas é o consumo de açúcar simples, contido nas “gulosemas”, sucos artificiais e refrigerantes, que estimulam o organismo. Mas, logo a sensação de energia é substituída pelo cansaço. Quadro 1.9 – Amêndoas, frutas e sementes recomendadas na dieta de pessoas de diferentes tipos sanguíneos. Tipo O Benéficos Neutros Nocivos sementes de abóbora torradas, sementes de linhaça amêndoas, avelãs, gergelim, nozes em geral, pinhão amendoim,casctanha-de-caju e do Pará, pistache, sementes de girassol ameixas em geral, figos frescos e secos, goiaba, jaca, manga abacate, abacaxi, bananas, caqui, carambola, limão, maçã, mamão, melancia, melão, morango, pêra, pêssego, uvas açaí, acerola, amora-preta, banana-da- terra, coco (água e leite), cupuaçu, graviola, kiwi, laranja ácida, maracujá, melão cantalupo, tangerina ácida. Tipo A Benéficos Neutros Nocivos amendoim, sementes de linhaça e de abóbora torrada amêndoas, avelãs, castanha-portuguesa, gergelim, nozes em geral, pinhão, girassol castanha-de-caju, e castanha-da- amazônia abacaxi, açaí, ameixas, amoras, cerejas, damascos, jaca, figos frescos e secos, limão abacate, caqui, carambola, goiaba, kiwi, kunquat, maçã, melancia, morango, pêra, pêssego, uvas bananas em geral, coco (água e leite), cupuaçu, laranja ácida, manga, maracujá, melões em geral, mamão, tangerina Tipo B Benéficos Neutros Nocivos nozes-negra amêndoas, castanha-portuguesa, castanha- da-amazônia, linhaça amendoim, castanha-de-caju, pinhão, gergelim, girassol abacaxi, ameixas, bananas (exceto banana-da-terra) jaca, mamão, melancia, uvas ameixas secas, amora, banana-da-terra, figos, goiaba, kiwi, laranjas, limão, maçã, manga, melão, morango, pêra, pêssego, tangerina abacate, caqui, coco (água e leite), carambola, romã Tipo AB Benéficos Neutros Nocivos amendoim, castanha-portuguesa, nozes-de-natal amêndoas, castanha-de-caju, linhaça, castanha-da-amazônia, pinhão avelã, abóbora-moranga, gergelim, girassol abacaxi, ameixas, cerejas, figos, jaca, kiwi, limão, melancia e uvas amora, banana-da-terra, fruta-pão, kumquat, maçã, mamão, melão, morango, pêra, pêssego, tangerina abacate, caqui, bananas,, caqui, carambola, coco (água e leite), goiaba, laranja, manga Fonte: Teixeira (2002); D’Adamo (2005) Os carboidratos complexos, encontrados em todos os cereais, frutas, hortaliças e leguminosas, proporcionam uma energia mais permanente no organismo, evitando a fadiga anormal. Além dos carboidratos complexos, as frutas são ricas em vitaminas do complexo B, que ajudam a combater o cansaço e dobram sua energia em questão de minutos. No complexo B, encontra-se a colina, uma das poucas substâncias que consegue penetrar na chamada barreira sanguínea do cérebro, atingindo as células do cérebro, estimulando-as a produzir a acetilcolina, um neuro-transmissor do sistema nervoso central que age sobre outras células nervosas, bem como sobre os músculos e órgãos do corpo inteiro. Existem muitos indícios associados as células que usam a acetilcolina à formação da memória. Outro estimulante encontrado nas frutas são as enzimas. As enzimas das frutas e dos sucos naturais são rapidamente utilizadas, para aumentar a energia e promover a cura e regeneração. Elas melhoram o
  • 18. Importância da fruticultura brasileira Sebastião Elviro de Araújo Neto 16 funcionamento do sistema digestivo. Muitos nutricionistas recomendam como primeiro alimentos do dia, alimentos com vida, com enzimas, para energizar um corpo adormecido pela dormida. Os sucos naturais ajudam a decompor outros nutrientes, transformando-os em substâncias simples que podem ser rapidamente absorvidas na corrente sanguínea. As enzimas dos sucos executam rapidamente esses processos biológicos complexos sem calor e sem se tornarem parte dessas mudanças (Wade, 2004). 1.11 Função medicinal das frutas Banana A banana é uma das frutas mais consumidas no mundo por possuir ótima qualidade nutricional e ser saborosa (textura macia, aromática e doce). “É a fruta das frutas”. O Dr. Teófilo Luna Ochoa citado por Balbach (1992) descreve o valor medicinal da banana: “A banana madura... encerra uma substância oleosa, que muito suaviza as membranas mucosas irritadas em casos de colite e enfermidade do reto. Contém igualmente um fermento digestivo não bem conhecido, porém de alto valor, que, em determinada enfermidade intestinal, a torna (a banana) o único carboidrato tolerado pela vítima, que (doutra maneira) morre de fome”. Essa fruta é muito recomendável também contra as enfermidades renais, nefrite, hidropisia, gota, obesidade, afecções do fígado, cálculos biliares, tuberculose, paralisia, enfermidades do estômago etc. A banana, principalmente o caldo da banana verde fervida ou ainda a farinha de banana são excelentes contra diarréias e disenterias. A dieta de bananas maduras dá resultados dos mais benéficos em todos os casos de prisão de ventre dentro de uma ou duas semanas. Doença celíaca é uma indisposição intestinal em crianças a partir de 16 meses de idade, rara e fatal, a banana é um dos poucos alimentos que o intestino não rejeita. A banana ligeiramente assada, exalando seu aroma, come-se quente para combater as pneumonias. Caju O caju possui dois produtos comerciais, o pedúnculo (comestível ao natural) e o fruto verdadeiro, do qual se extrai o LCC e a amêndoa, ambos com efeito farmacêutico. Em se falando apenas do pedúnculo, este atua como: DIURÉTICO, EXPECTORANTE, ANTIFEBRIL e DIABETES. Graviola Um dos estudos revelou que alguns componentes da graviola eram cytotóxicos e levavam à cura do adenocarcinoma do cólon através de potencilalidade quimioterápica, 10.000 vezes maior do que a adriamicina, uma droga quimioterápica muito utilizada. A Universidade de Purdue conduziu uma grande pesquisa sobre acetogeninas annonaceaous incluindo aquelas encontradas na graviola. Em uma das revisões intitulada “Recent Advances in Annonaceous Acetogenins”, eles confirmaram que “Annonaceous acetogenins é uma substância amilóide consistindo uma cadeia longa de ácido graxo de C32 ou C34 combinado com uma unidade de 2-propanol a C-2 para formar uma lactona. Eles são encontrados em vários gêneros da família da planta Annonaceae. Suas diversas bioatividades como antitumor, imunosupressivo, pesticidal, antiprotozoário, vermífugo e agente antimicrobiológico, tem atraído mais e mais o interesse do mundo. As acetogeninas Annonaceous podem inibir seletivamente o crescimento de células cancerígenas e também inibir o crescimento de células de tumor resistente à adriamicina. Goiaba A goiaba atalha a tuberculose incipiente, promove o metabolismo das proteínas, e ajuda a prevenir a acidez e a fermentação dos hidratos de carbono durante a digestão. É muito adstringente, sendo aconselhada por alguns para curar as diarréias mais rebeldes. Esta propriedade do fruto se observa também no seu doce ou goiabada. A goiaba é eficiente ainda em Hemorragias, Tosse e Úlceras gástricas e duodenais. Mamão O mamão é uma das melhores frutas do mundo, tanto pelo seu valor nutritivo, como pelo seu poder medicinal. Um dos seus mais importantes princípios é a papaína, reconhecida como superior a pepsina e muito usada para prestar alívio nos casos de indigestão aguda. O mamão maduro é digestivo, diurético, emoliente, laxante, refrescante e oxidante, particularmente quando se come com as sementes, que contêm a papaína, fac-simile da pepsina. Em casos severos de indigestão e gastrite, onde a assimilação de alimentos causa grande angústia, uma dieta constante exclusivamente de mamão por vários dias, restaura a saúde do enfermo. Uva As uvas são importantes na nutrição e prevenção e cura de doenças, mas o vinho é o principal produto da uva promotor de saúde. Os maiores responsáveis pelos efeitos benéficos do vinho à saúde são os polifenóis, por terem:  Um potente efeito antioxidante e  Uma ação antibiótica. O resveratrol, um dos polifenois encontrados no vinho, tem uma ação antioxidante 10.000 vezes maior que o tocoferol (Vitamina E). O vinho aumenta a consistência e a estabilidade da parede vascular, previne a
  • 19. Importância da fruticultura brasileira Sebastião Elviro de Araújo Neto 17 aterosclerose e inibe a agregação plaquetéria, evitando a deposição de placas de gordura e formação de coágulos nos vasos sanguíneos. Principal causa de infartos do coração, gangrenas e derrames cerebrais. O vinho é, sem dúvidas a bebida mais favorável à digestão. O ácido cinâmico aumenta a secreção biliar; as oxidades e peptases (enzimas) e o sorbitol, aumentam a secreção biliar e pancreática. Além disso, o vinho diminui os movimentos peristálticos do intestino delgado e do intestino grosso. Isso diminui o trânsito intestinal e aumenta o tempo de permanência dos alimentos no tubo digestivo. Com isso dá maior tempo para as enzimas processarem os alimentos, melhorando a digestão, o que é muito saudável. As principais responsáveis por essa ação são as catequinas. Outra função na digestão, é aumentar a sensibilidade do organismo (das células, mais especificamente) à ação da insulina. O suco de uva não é tão benéfico para a saúde quanto o vinho. O álcool contido no vinho tem uma afinidade muito grande com o resveratrol e outros polifenóis, sendo o seu melhor solvente. O suco de uva é sim uma excelente bebida energética, muito adequada para se usar antes, durante ou após a atividade física e/ou intelectual de grande consumo de energia. Por ser alcalinizante esta fruta combate a acidez sanguínea, sendo indicada a pessoas intoxicadas pelo consumo excessivo de carne. Combate a dispepsia, as flatulências, a atonia intestinal e as fermentações nos intestinos. Limão O suco do limão tem sido recomendado para combater numerosos estados patológicos, pois foi comprovado que é diurético e pode ser usado na nefrite, com êxito, especialmente nas formas que produzem um estado de hidropisia. Nas enfermidades infecciosas, o suco, em forma de limonada, é refrescante e favorece a ação dos medicamentos antitérmicos. Nas gastrenterites diminui a inflamação da mucosa e atenua as náuseas. Nas enfermidades do fígado também produz bons resultados. No reumatismo atenua as dores. O suco de limão traz resultados notáveis de vitaminas no organismo. O suco de limão tem igualmente propriedades estimulantes sobre a pele, suavizando-a e fazendo desaparecer as manchas cutâneas. O limão, com seus ácidos, facilmente transformados em elementos alcalinizantes, e com suas bases, fermentos e vitaminas, contribui poderosamente para oxidar radicais livres. Surpreende e não poucas pessoas, o fato de que, sendo ácido o suco de limão, determina reação alcalina. Em outras palavras, o limão, ao terminar seu metabolismo, se porta, não como ácido, mas, sim, como alcalino, controlando a acidez no estômago e no sangue. Como as outras frutas cítricas, possui ótimo teor de vitamina C, atuando notavelmente no metabolismo do cálcio, particularmente nas senhoras em estado de gravidez, nas crianças de peito e nos adolescentes, e é um eficaz remédio contra o escorbuto, as estomatites e a piorréia. O limão atua sobre as inflamações, dada sua atividade antiinflamatória. A cura do limão tem vencido diáteses artríticas mais e melhor do que qualquer outra fruta, apresentando resultados onde havia falhado a uva. Castanha-da-Amazônia De modo geral, as castanhas, amêndoas e nozes, devido a riqueza em fibras, gorduras monoinsaturadas e diversos antioxidantes (vitamina E, selênio, ácido elágico), são excelentes protetores do coração. Atuam também, como redutores do colesterol sanguíneo. O alto teor de cálcio combate a osteoporose e o raquitismo. Além disso, a castanha-da-amazônia é um dos alimentos mais ricos em selênio, diminui o envelhecimento celular e reduz o risco de cânceres como o do pulmão e o da próstata. O selênio combate o mau humor denominado distimia (indisposição orgânica). Maçã Dentre as diversas funções de proteção à saúde que a maçã possui, uma delas é diminuir os riscos de derrame cerebral, desde que se coma esta fruta regularmente, segundo pesquisa realizada na Finlândia que acompanhou a saúde e os hábitos alimentares de mais de 9.000 pessoas durante 28 anos. A maçã é rica em querecetina, substância que ajuda a evitar a formação dos coágulos sanguíneos capazes de provocar derrame. Morango Comer morango ajuda a reduzir o risco de se contrair câncer e doenças do coração devido à presença do ácido fólico (composto orgânico benéfico à saúde) principalmente na polpa e nas folhas. O morango ainda contém vitamina C, sódio, potássio, cálcio e ferro. Laranja Além de alta concentração de vitamina C, as laranjas contém pidoxina (a vitamina B6) e ácido fólico. Ambos são muito importantes no metabolismo da homocisteina e importantes para prevenir a arteriosclerose. A arteriosclerose é a formação de placas nas artérias, dificultando a circulação sanguínea. Estas afirmações foram confirmadas pelo Dr. Rafael Carmena, catedrático de medicina e chefe do serviço de endoclinologia e nutrição do Hospital Clínico Universitário de Valência, Espanha.
  • 20. Importância da fruticultura brasileira Sebastião Elviro de Araújo Neto 18 1.12 REFERÊNCIAS AGRIANAUAL. Anuário da agricultura brasileira. FNP Consultoria e Comercio, 2003. ALVES, R. E.; FILGUEIRAS, H. A. C. MOSCA, J. L.; SILVA, S. M.; MENEZES, J. B. Postharvest Physiology and Biochemistry of Some Non- Traditional American Tropical Fruits. Acta Horticulturae, 768, p.233-238, 2008. ANELLI, A. Dieta saudável não garante resultado. Folha de São Paulo, 29/11/2004. AMES, B. N.; SHIGENAGA, M. K.; HAGEN, T. M. Oxidants, antioxidants and the degenerative diseases of aging. Proc. Natl. Acad. Sci. U.S.A. v.90, p.7915-7922, 1993. AGUIAR, J. P. L.; MARINHO, H. A.; REBELO, Y. S.; SHRIMPTON, R. Aspectos nutritivos de alguns frutos da Amazônia. Acta Amazônica, Manaus, v.10, n.4, p.755-758, 1980. BALBACH, A. As frutas na medicina doméstica. 21ª ed. Itaquetuba: “A edificação do lar” , 1992. 375p BLAUER, S. O livro dos sucos. Tradução de Thereza Monteiro Deutsch. 8ª ed. – Rio de Janeiro: Record, 2004. 220p. BLOCK, G.; PATTERSON, B.; SUBAR, A. Fruits, vegetables, and cancer prevention: a review of the epidemiological evidence. Nutr, Cancer. V.18, p.3-4, 1992. BLOCK, G.; LANGSETH, L. Antioxidant vitamins and diseases prevention. Food Tecnology, v.48, n.7, p.80- 84, July, 1994. BURGIERMAN, D. R. Deveríamos parar de comer carne? Super Interessante, Edição, 175, p.43-50, abril 2002. CARAGAY, A. B. Câncer-preventive foods and ingredients. Food Technology, Chicago, v.46, n.4, p.65-68, 1992. D’ADAMO, P.J.; WUITNEU, C. A dieta do tipo sanguíneo: saúde, vida longa e peso ideal de acordo com seu tipo sanguíneo. Tradução de Sonia T. Mendes Costa, revisão técnica e atualização Augusto Teixeira. Rio de janeiro: Elsevier, 2005. 329p. DE ÂNGELIS, R. C. Fome oculta: impactos para a população do Brasil. Atheneu, 1999. DE ÂNGELIS, R. C. Importância dos alimentos vegetais na proteção da saúde: fisiologia da nutrição protetora e preventiva de enfermidades degenerativas. São Paulo: Atheneu, 2001. FAO. Dados agrícolas: Frutas tropicais. Disponível em (http://faostat.fao.org/faostat/). Acesso em 18/12/2005. FARIAS, J. F. Maturação e determinação do ponto de colheita de envira-caju (Onychopetalum periquino). 2009. 41f. Dissertação (Mestrado em Produção Vegetal) – Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós- Graduação, Rio Branco- Acre, 2009. FRANCO, G. Tabela de composição química dos alimentos. 8ª edição. Atheneu, São Paulo. Rio de Janeiro, 1992. IBGE. Censo brasileiro 2000. www.ibge.gov.br, consulta 21/02/2003. IBGE. Agricultura, 2002. www.sidra.ibge.gov.br, consulta 27/04/2004. IBRAF. Estatísticas – Fruticultura: síntese. Disponível no sitio http://www.ibraf.org.br/x-es/f- esta.html. Acesso em 14/09/2008. LAJOLO, F. M. Alimentos funcionais. Revista Racine, 62, p.18-24, Maio/Junho, 2001. MELLO, Nilda T.C. de (coord.) Matrizes e coeficientes técnicos de utilização de fatores na produção de culturas anuais no Estado de São Paulo. Informações Econômicas, SP, v.30, n.5, p: 47-105, maio 2000. MELLO, N. T. C. de; NOGUEIRA, E. A.; MAIA, M. L. M. Análise econômica da cultura da atemóia no estado de são paulo: um estudo de caso. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 18, 2004. Florianópolis, Anais... SOCIEDADE BRASILEIRA D EFRUTICULTURA. Florianópolis, 2004. NAVES, M. M. V.; MORENO, F. S. Comunicações intercelular com conexinas: importância na carcinogênese e papel modulador dos carotenóides. Revista Brasileira de Ciências Farmacêutica, v. 36, n.1, p.1-11, jan./jun., 2000. PIERSON, H. Diet as a factor in cancer and cancer prevention. Cancer Medicine. 1992. ROACH, J. Cientistas aprovam frutas e verdures contra o câncer.www.ngnews.com/news. Consultada 20/07/2002. SHEINBERG, G. Presença nos alimentos, fitoquímicos podem prevenir doenças. Folha de São Paulo, 14/02/2002. SOUZA FILHO, J. M. de. Vinho e saúde. In: REGINA, M. de A. et al. (eds). Viticultura e Enologia: Atualizando conceitos. Caldas: EPAMIG-FECD, p. 1- 15, abril, 2002. SOARES, S. E. Ácidos fenólicos como antioxidantes. Revista Nutrição, Campinas, v.15, n.1, p.71-81, jan./abr., 2002. TEIXEIRA, S. A dieta que está no sangue: peso ideal, saúde e energia. Rio de Janeiro: Elsevier, 2002. 295p. VIGGIANO, C. E. Efeitos fisiológicos das fibras dietéticas. Revista Racine, v. 62, p.34-36, Maio/Junho, 2001. WADE, C. A energia dos alimentos naturais: um programa alimentar completo para restaurar e manter sua energia e bem estar. Rio de Janeiro: Elsevier, 2001. 22.
  • 21. Panorama atual e potencial da fruticultura acreana Sebastião Elviro de Araújo Neto 20 2. PANORAMA ATUAL E POTENCIAL DA FRUTICULTURA ACREANA 2.1 Fruticultura na Amazônia A Amazônia possui uma série de características que a tornam habilitada para investir no agronegócio da fruticultura. As frutas tropicais são, o primeiro grupo de alimentos, associados á Amazônia que, vêm na mente dos consumidores ocidentais. Além disso, o mercado de suco da frutas tropicais esta em franca expansão, com o envelhecimento das populações, as bebidas não alcoólicas, como os sucos, têm seu consumo aumentado (Clay et al., 1999). Na região há várias instituições de ensino, pesquisa e extensão com conhecimento na área de fruticultura (Embrapa, INPA, CEPLAC, Universidades, Emateres, etc.). Mesmo sem dados consolidados, sabe-se que mais de 50% das frutas consumidas na região vêm de outros estados, sendo que, a maioria têm condições de serem produzidas na região. Para as grandes empresas seria uma grande oportunidade de aliar a atividade com a marca Amazônia, hoje com divulgação mundial. No entanto é preciso maiores investimentos governamentais em rodovias, ferrovias, hidrovias e portos; dentre outras políticas específicas para fomentar a fruticultura. A região Amazônica é a terceira maior produtora de banana do país, segunda em abacaxi e quarta em coco e maracujá, onde os Estados da região já possuem tradição na produção de frutas. Verificando o mapeamento da fruticultura brasileira do ano 2000, o Estado do Pará é o segundo maior produtor brasileiro de abacaxi (9.842 ha) e o Estado do Amazonas tem 7 municípios entre os 50 maiores produtores desta fruta (2.620 ha). Com relação a banana o Estado do Pará é o maior produtor (51.772 ha), o do Amazonas o quarto maior produtor (41.701 ha), o Estado do Acre tem uma área plantada de 9.276ha, Roraima 6.000 ha e Rondônia 5.729 ha. Na produção de coco, o Pará é o maior produtor (17.229 ha). Na produção de mamão o Pará é o quarto maior produtor (1.258 ha) e o estado do Amazonas possui 7 municípios (819 ha) entre os 50 maiores produtores. Em Maracujá o Pará é o sexto maior produtor. Com relação a laranja já existem 35.817 ha plantados nos estados do Amazonas, Pará e Roraima. No Estado de Rondônia já existe uma área plantada de 38.500 ha com frutas tropicais. Além destas frutas exóticas, observa-se que, existe uma área considerável plantada com frutas nativas. É o caso do cacau, com 4.573 ha plantados no Estado do Amapá, 26.896 ha em Rondônia e 99.742 no Pará (Anuário estatístico, 1998). O cupuaçu tem uma área plantada de 16.000 ha na região Amazônica (Ribeiro, 1997). O guaraná tem 11.611 ha plantados na região. Com relação ao extrativismo, verifica-se que a castanha-da-amazônia contribuiu com 19.203 t e o açaí com 146.524 t, no ano de 1998 (Anuário estatístico, 1998). É importante salientar que, estas frutas possuíam apenas consumo local, e hoje são consumidas em vários estados do Brasil e no exterior. 2.2 Aspectos Gerais do Estado do Acre O Estado do Acre ocupa uma área estimada de 152.589 km2, com uma população estimada de 557.526 habitantes, distribuídas em 66% na zona urbana e 34% na zona rural. O relevo é formado, na sua maior parte por uma plataforma regular, com altitudes variando de 100 a 300 metros, sendo que a vegetação é formada por floresta úmida de terra firme (88,24%), várzea (11,37%) e campo (0,39%) (IBGE, 2004). O clima da região é quente e úmido com estação seca e chuvosa bem definidas. A temperatura média anual é de 25,8ºC, sendo a média das máximas de 31,3ºC e a média das mínimas de 20ºC. As médias anuais de precipitação umidade relativa do ar e insolação são de 1.710 mm, 84% e 1.522,1 horas. 2.3 Principais fruteiras cultivadas no Acre O cultivo de fruteiras no estado do Acre, concentra-se nos municípios de Cruzeiro do Sul, Plácido de Castro, Acrelândia, Porto Acre (Projeto Humaitá) e Rio Branco (Tabela 2.1 e 2.2). Na tabela 2.1, encontra-se a área colhida, produção e produtividade das principais fruteiras cultivadas no Acre. Tabela 2.1 - Área colhida (ha), produção e produtividade média das principais fruteiras cultivadas no estado do Acre, ano de 2002. Produtos Área colhida (ha) Produção Produtividade (fruto ou ton/ha) Abacaxi (Mil frutos) 262 276.320 1.054 Abacate (Mil frutos) 88 568 6.454 Açaí (tonelada) 159 10 Banana (Mil cachos) 6.712 52.087 8,0 Côco-da-baía (Mil f) 68 359 5.279 Cupuaçu Guaraná (ton) 139 55 0,4 Laranja (Mil frutos) 560 4.879 8.713 Limão (Mil frutos) 76 542 7.131 Mamão (Mil frutos) 250 2.180 8.720 Manga (Mil frutos) 48 358 7.458 Maracujá (Mil fruto) 74 386 5.216 Palmito (ton) 763 1.951 2.555 Tangerina (Mil fruto) 190 1.673 8.805 Fonte: IBGE (2004).
  • 22. Panorama atual e potencial da fruticultura acreana Sebastião Elviro de Araújo Neto 21 Tabela 2.2 – Principais fruteiras produzidas nos municípios acreanos. Municípios Banana Laranja Limão Mamão Manga Abacate Mil Fruto R$ 1.000 Área (ha) Mil Fruto R$ 1.000 Área (ha) Mil Fruto R$ 1.000 Área (ha) Mil Fruto R$ 1.000 Área (ha) Mil Fruto R$ 1.000 Área (ha) Mil Fruto R$ 1.000 Área (ha) Acrelândia 8.640 2.808 1.200 250 88 25 12 4 1 90 54 6 40 8 5 Assis Brasil 140 42 20 4 3 1 3 2 1 13 2 1 4 5 1 Brasiléia 4.200 1.441 600 142 50 13 8 6 1 63 50 9 25 12 5 30 33 5 Bujari 450 129 60 72 36 6 60 21 6 120 60 8 12 2 1 64 45 8 Capixaba 148 56 26 45 9 5 8 8 1 136 136 17 7 1 1 13 13 3 Cruzeiro do Sul 3.816 496 353 668 329 80 16 12 5 55 17 18 27 4 6 68 41 8 Epitaciolândia 1.050 378 150 180 72 17 8 6 1 48 36 6 5 2 1 15 18 3 Feijó 2.576 358 322 234 199 18 108 41 9 Jordão 3.968 786 496 60 48 6 12 6 2 96 25 8 25 18 6 Mancio Lima 360 47 33 52 25 7 3 1 1 7 5 1 Manoel Urbano 120 70 12 30 12 3 24 12 2 27 14 3 15 2 2 7 7 1 Marechal Talmaturgo 819 96 75 - - 110 7 2 2 3 Plácido de Castro 5.135 1.325 738 990 297 43 60 15 10 340 170 34 18 3 3 15 9 Porto Acre 1.750 336 284 344 103 1 105 37 15 400 280 50 30 15 5 20 12 5 Porto Walter 927 108 86 8 2 14 4 2 1 Rio Branco 6.810 2.570 1.135 900 252 100 208 54 16 150 75 10 50 8 5 140 112 20 Rodrigues Alves 1.080 140 100 87 40 1 21 6 6 9 6 1 Santa Rosa do Purus 100 10 10 8 4 25 12 7 2 Sena Madureira 1.050 390 140 200 90 65 81 31 9 162 62 27 100 22 10 66 51 8 Senador Guimard 1.305 320 205 455 159 10 40 12 8 130 85 13 8 3 1 15 11 5 Tarauacá 4.792 657 599 100 70 10 114 40 12 24 21 6 Xapurí 1.016 518 127 100 50 27 19 3 25 20 5 8 3 2 26 31 4 TOTAL 52.087 Fonte: IBGE (2004).