1) A Primeira Guerra Mundial foi um grande conflito entre 1914-1918 que envolveu as principais potências mundiais. 2) As causas incluíram o imperialismo, nacionalismo, alianças militares e disputas territoriais. 3) O assassinato do arquiduque da Áustria pela Sérvia levou ao início das hostilidades em 1914.
A Primeira Guerra Mundial: causas, fases e estopim
1. A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL
Profº Alcides Junior
Licenciado em História
Especialista em História da África
2. A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL
A Primeira Guerra Mundial foi um grande conflito armado e generalizado, que envolveu os
principais países do mundo entre 1914-1918, embora as principais batalhas tenham ocorrido principalmente no
continente europeu.
Causas que levaram à guerra
Os impasses criados pelos interesses capitalistas,
pelo imperialismo e pelo nacionalismo conduziram o
mundo à Primeira Guerra Mundial.
Sendo assim, entre as causas da Primeira
Guerra Mundial, estão:
- O Imperialismo: O Imperialismo transformara a
África e a Ásia em áreas de disputas coloniais,
fazendo com que, por exemplo, a Alemanha,
exigisse uma redivisão colonial, a obtenção de
domínios condizentes com seu crescimento e
poder, servindo para juntar às polêmicas
imperialistas a outros elementos desagregadores
da paz mundial.
3. - Movimentos Nacionalistas: Os Movimentos Nacionalistas, pretendiam agrupar sob o mesmo estado povos
de matrizes culturais semelhantes, o que levava a um desejo de expansão territorial.
O Pan-eslavismo – Movimento liderado em certa medida pela Rússia, que queria unir todos os povos eslavos
da Europa Oriental, libertando-os do Império Turco.
Segundo a doutrina defendida, a “Mãe Rússia” tinha o direito
e o dever de proteger as pequenas nações eslavas dos Balcãs;
A Sérvia desejava reunir todos os povos eslavos da região dos
Balcãs e formar, assim, a “Grande Sérvia”, porém, uma parte
dos eslavos estava sob o domínio do Império Austro-húngaro
e outra do Império Turco, mas a Sérvia contava com o apoio
da Rússia;
A Rússia pleiteava o controle dos Estreitos do Bósforo e dos
Dardanelos (região do Mar Negro ao Mar Egeu), passando
pelos Balcãs, ambos sob o domínio do Império Turco;
AAlemanha planejava construir a estrada de ferro
Berlim-Bagdá, para ter acesso às áreas petrolíferas do Golfo
Pérsico;
A Áustria anexou regiões eslavas da Bósnia e Herzegovina,
tomadas ao Império Turco, tornando distante o ideal de unificação
sérvio.
O Pangermanismo – Movimento Nacionalista que pretendia anexar à Alemanha os territórios da Europa
Central, onde viviam os germânicos, afirmando a superioridade da raça alemã.
4. O Revanchismo Francês – Movimento Nacionalista pelo qual o governo francês visava recuperar os
territórios da Alsácia-Lorena, que os franceses foram obrigados a entregar aos alemães depois da derrota da
França na Guerra Franco-prussiana.
AAlsácia-Lorena, era uma região em minério de ferro e carvão.
5. - A Política de Alianças: Os governos das grandes potências firmaram tratados de aliança entre si, com o objetivo
de somar forças para enfrentar os rivais.
Em 1873, Otto Von Bismarck instaurou a Liga dos Três Imperadores – Alemanha, Áustria-Hungria e Rússia;
Divergências entre a Rússia e a Áustria com relação à região dos Balcãs acabou com a aliança em 1878.
Em 1882, surge o Bloco da Tríplice Aliança, conhecido como Potências Centrais – Alemanha, Império
Austro-húngaro e Itália.
Em 1904, tem início a Entente Cordiale – Inglaterra e
França.
Em 1907, a Rússia adere a Entente Cordiale, fazendo
nascer a Tríplice Entente – Inglaterra, França e Rússia.
As vésperas da guerra e Europa estava dividida
em dois blocos:
A Tríplice Aliança – Alemanha, Império Austro-húngaro
e Itália;
A Tríplice Entente – Inglaterra, França e Rússia.
A Paz Armada: Desde a unificação da Alemanha, em 1871, até o início da guerra, em 1914, as principais
potência europeias lançaram-se numa corrida armamentista, fazendo com que este período ficasse conhecido
como “Paz Armada”.
6. o Destacou-se naquele momento:
A formação de Alianças Políticas;
Adotou-se o serviço militar obrigatório;
Passou-se a fabricar armamentos e
munições em quantidades cada vez maiores;
Incentivo a construção naval.
o Entre os armamentos destacam-se:
A metralhadora, inventada em 1870, pelo
engenheiro estadunidense Richard Jordan Gatling;
O lança-chamas, inventado em 1901, pelo alemão
Richard Fiedler;
O HMS Dreadnought, navio encouraçado movido
a turbina, armado com artilharia pesada e canhões
de longo alcance, lançado em 1906, pela Inglaterra;
O Mark I, tanque de guerra britânico, estreado em
15 de setembro de 1916.
7. - Momentos de crise: No contexto de disputas entre as potências europeias, duas grandes crises contribuíram
para o acirramento das tensões internacionais:
A Questão do Marrocos – entre 1905 e 1911, França e Alemanha quase chegaram à guerra, devido à disputas
pelo território do Marrocos, no Norte da África.
Resultou de um acordo entre Inglaterra e a França que marginalizou a Alemanha:
França e Inglaterra por este acordo sepultaram a Convenção de Madri, de 1880, que estabeleceu terem a
Alemanha, a Inglaterra e a França direitos de exploração da região do Marrocos;
O acordo franco-britânico reconhecia os interesses ingleses no Egito, oferecendo à França, o apoio inglês de
liberdade de ação no Marrocos.
Em 1905, o Kaiser Guilherme II desembarcou em Tânger, criando um impasse ao prometer preservar a
independência do Marrocos.
Em 1906, foi convocada uma conferência internacional, na cidade espanhola de Algeciras, conhecida como
Conferência de Algeciras, para resolver a disputa, dando a França supremacia sobre o Marrocos e a Alemanha
uma pequena faixa de terras no Sudeste africano.
O governo da Alemanha não se conformou com a decisão desfavorável e, 1911, surgiram novos conflitos
com a França, que para evitar a guerra, o governo francês concedeu a Alemanha uma considerável parte do
Congo, para os alemães abandonarem suas pretensões sobre o Marrocos.
Mesmo assim, permaneceu o descontentamento, pois os alemães consideraram pequena a compensação
recebida e os franceses ficaram inconformados por cederem uma área colonial.
9. A Questão Balcânica – Foi um dos principais focos de atrito entre as potências europeias era a Península
Balcânica.
Nos Balcãs se chocavam o nacionalismo da Sérvia (apoiada pela Rússia) e o expansionismo da Áustria
(aliada da Alemanha).
Em 1908, a Áustria anexou a Bósnia-Herzegovina, contrariando os interesses sérvios de incorporar aquelas
regiões habitadas por eslavos e criar a Grande Sérvia.
Os Movimentos Nacionalistas sérvios passaram a reagir violentamente contra a anexação da Bósnia-
Herzegovina.
10. O Estopim do Conflito
O estopim da Primeira Guerra Mundial foi o assassinado do Arquiduque Francisco Ferdinando,
herdeiro do Trono Austríaco, e, de sua esposa, na cidade de Serajevo, na Bósnia.
Em 1912, uma coligação de países balcânicos organizou a luta contra o arruinado Império Turco.
Contudo, a Sérvia, Bulgária, Montenegro e Grécia, países independentes, acabaram se desentendendo
quanto à questão da divisão dos territórios;
Em 1913, a Bulgária, apoiada pela Áustria, atacou a Sérvia, mas foi derrotada
pela coligação desta com Montenegro, Romênia e Grécia;
Ao mesmo tempo, os eslavos da Bósnia e da Herzegovina aproveitaram a
situação e rebelaram-se buscando a independência, com respaldo da Sérvia .
Em 1914, o herdeiro do trono Austro-húngaro, Francisco Ferdinando,
procurando esfriar os ânimos na região, viajou a Serajevo, Bósnia.
Ele iria anunciar a formação de uma Monarquia Tríplice
(Austro-húngaro-eslava),
elevando teoricamente a Bósnia e a Herzegovina ao mesmo nível de
importância da Áustria.
Tentando frustrar o projeto austríaco, os sérvios planejaram, através da
Organização Secreta Unidade ou Morte (Mão Negra), um atentado.
Neste atentado, ocorrido em 28 de junho de 1914, morreram o Arquiduque Francisco
Ferdinando e sua esposa, assassinados a tiros pelo estudante sérvio, Gavrilo Princip.
11. A sequência de eventos que sucederam o atentado, foram:
28 de julho – a Áustria declarou guerra à Sérvia;
29 de julho – em apoio à Sérvia, a Rússia mobilizou seus exércitos contra a Áustria e a Alemanha;
1º de agosto – a Alemanha declarou guerra à Rússia e, posteriormente, à França;
4 de agosto – para atingir a França, os exércitos alemão e austríaco invadiram a Bélgica (neutra);
5 de agosto – a Inglaterra declarou guerra à Alemanha.
12. Principais fases da guerra
A Primeira Guerra Mundial pode ser dividida em três grandes fases: a guerra de movimento, a guerra de
trincheiras e a nova guerra de movimento.
A guerra de movimento (1914-1915) – A primeira fase da guerra estava relacionada ao Plano Schlieffen,
estratégica alemã elaborada em 1905, que previa a guerra em duas frentes, concentrando todo esforço bélico
primeiramente, no Ocidente (atacando a França) e depois no Oriente (atacando a Rússia), sem dividir-se
prevendo uma vitória em poucos meses.
O Plano Schlieffen falhou, primeiramente porque o povo belga, que teve seu território invadido (embora a
Bélgica estivesse neutra) resistiu à invasão alemã.
Segundo, porque os ingleses auxiliaram os franceses e, juntos, detiveram os alemães na Primeira Batalha de
Marne (Paris), em setembro de 1914. A partir daí guerra estacionou.
A guerra de trincheiras (1915-1917) – Fase da guerra que os exércitos da França e da Inglaterra, de um lado
e da Alemanha, do outro, cavaram 640 KM de trincheiras, protegidas por arame farpado, desde o Mar do Norte
até a fronteira com a Suíça.
Cada lado procurava garantir suas posições, evitando a aproximação
do inimigo, estando os soldados com o corpo enfiado na terra, usavam
granadas de mão e metralhadoras para minar as forças inimigas.
Os soldados guarneciam suas posições nas trincheiras enfrentando o
frio, a chuva e o barro, com milhares de jovens morrendo no campo de
batalha.
13. Novos países engajavam-se no conflito; como a Itália, a Romênia e a Grécia que entraram ao lado da Entente;
a Bulgária e o Império Turco-Otomano, ao lado da Tríplice Aliança.
Conforme foi se alastrando, novas armas como os gases venenosos, o lança-chamas, a metralhadora, o tanque,
submarino e o avião fizeram sua estréia na guerra.
Uma nova guerra de movimento (1917-1918) – Esta fase é caracterizada pela entrada de outros países na
guerra, fazendo recomeçar a guerra de movimentação.
Em 1917, ocorreram dois episódios decisivos para o desfecho da guerra – a entrada dos EUA e a saída da
Rússia do conflito.
Os Estados Unidos entraram do conflito em 6 de abril de 1917, motivado pelos seguintes fatos:
O afundamento dos navios norte-americanos, Lusitânia e
Arábia (Vigilentia), por submarinos alemãs, sob a alegação
de que transportava alimentos para os inimigos;
Ameaça as exportações estadunidenses;
Ajuda oferecida pela Alemanha ao México, em caso de
guerra com os Estados Unidos;
Medo de que a derrota da Entente, colocasse em risco
os empréstimos Norte-americanos fornecidos a França e
a Inglaterra.
14. O Brasil também teve o navio Paraná atacado por submarinos alemãs e, contribuiu com o esforço de guerra
enviando:
Dois cruzadores;
Cinco contratorpedeiros;
Um navio auxiliar;
Um rebocador;
86 médicos;
Aviadores que combateram ao
lado de pilotos britânicos e franceses;
Oficiais que integraram o exército
francês na frente ocidental.
A Rússia motivada pela Revolução Socialista
de 1917, saiu da guerra e assinou o Tratado de
Brest-Litovsk (1918), com a Alemanha, em 3
de março de 1918.
15. O fim da guerra
Com os russos fora da guerra, os alemães deslocaram suas tropas para frente ocidental e lançaram uma
poderosa ofensiva, com o apoio do avião e da artilharia pesada.
No entanto, o apoio financeiro e material dado pelos EUA ao entrar na guerra foi decisivo para a vitória da
Entente e seus aliados.
Os países da Entente unificando suas forças, avançaram sobre os alemães, vencendo-os na Segunda Batalha
de Marne.
A crise decorrente dos reveses que os alemães vinham sofrendo na guerra favoreceu a explosão de uma
Revolução Popular na Alemanha, que proclamou a república.
O Kaiser Guilherme II, renunciou e refugiou-se na Holanda.
Em 11 de novembro de 1918, o novo governo assinou o Armistício de Compiègne, pondo fim à guerra.
16. O saldo da guerra
Plantações, casas, edifícios, pontes e estradas destruídas;
Uma grave crise socioeconômica na Europa;
Aproximadamente 10 milhões de mortos;
Cerca de 30 milhões de feridos e inválidos.
17. O Pós-guerra e os Tratados de Paz
Os vencedores – sobretudo a França e a Inglaterra – foram implacáveis e impuseram aos vencidos cinco
tratados, a saber:
O Tratado de Versalhes – Assinado em 28 de junho de 1919, na Galeria dos Espelhos do Palácio de
Versalhes, estipulando que a Alemanha deveria:
Ceder aos vencedores todos os seus direitos sobre as colônias ultramarinas;
Devolver a região da Alsácia-Lorena à França;
Ceder outras regiões à Bélgica, à Dinamarca e à Polônia;
Entregar quase todos seus navios mercantes à França, à Inglaterra e a Bélgica;
Pagar uma enorme indenização em dinheiro aos países vencedores no valor de 33 bilhões de dólares;
Reduzir o poderio militar de seus exércitos, sendo proibida de construir aviação militar, canhões pesados,
submarinos, etc.
18. O Tratado de Saint-Germain – Tratado de paz firmado entre as potências vencedoras e a nova República da
Áustria, em 10 de setembro de 1919, na cidade de Saint-Germain-en-Laye, França. Este tratado determinava
que:
O Império Austro-húngaro seria dissolvido;
A Sérvia reconheceria a independência da Hungria, da Tchecoslováquia e da Polônia e a criação do reino da
Sérvia, Croácia e Eslovênia (futura Iugoslávia);
A Áustria ainda teve que ceder boa parte de seu território a esses novos países e conceder à Itália a região do
Trieste, o Tirol Meridional e a Ístria.
O Tratado de Trianon – Assinado em 4 de junho de 1920, no Palácio Petit Trianon, em Versalhes, França.
Retirava da Hungria mais de dois terços do seu antigo território.
O Tratado de Nevilly – Assinado com a Bulgária em 27 de novembro de 1919, em Nevilly, França.
Impunha restrições territoriais a Bulgária;
Reduzia drasticamente seus efetivos militares, etc.
O Tratado de Sévres – Tratado de paz assinado em 10 de agosto de 1920, com o Império Turco-Otomano.
Selou a desintegração do Império Turco-Otomano;
A Turquia perdeu boa parte dos seus territórios para a Grécia;
AArmênia foi declarada independente;
Os territórios do Império Turco no Oriente Médio foram repartidos entre a França e a Inglaterra;
Os franceses assumiram o controle na Síria e no Líbano;
Os ingleses se apoderaram da Palestina, da Transjordânia e do Iraque;
O Japão conquistou várias colônias alemãs na Ásia.
19.
20. A Liga das Nações
Em 28 de abril de 1919, os membros da Conferência de Paz de Versalhes aprovaram a criação da Liga
das Nações (Sociedade das Nações), atendendo à proposta dos presidente dos EUA, Woodrow Wilson.
Teve a cidade de Genebra, na Suíça, como sede, com início de atividades em janeiro de 1920.
Era integrada por países-membros de todos os continentes.
Sua principal missão seria agir como mediador dos conflitos internacionais, procurando preservar a paz
mundial.
No entanto, os EUA, a Alemanha e a URSS, inicialmente e por diversos motivos não integraram a Liga das
Nações, o que contribuiu para seu enfraquecimento.
Além disso, a Liga das Nações não contava com efetivos militares próprios, sendo restrito seu poder de
coação, aplicando apenas sanções econômicas e militares.
21.
22. AAscensão dos Estados Unidos
Desde o final do século XIX, a produção industrial norte-americana vinha expandindo-se seu campo de
ação econômica em diferentes partes do mundo, transformando os Estados Unidos em uma poderosa nação,
processo que se deu da seguinte maneira:
A eclosão da Primeira Guerra Mundial na Europa, estimulou ainda mais o crescimento agrícola e industrial
dos EUA.
Conservando-se, a princípio, numa posição de neutralidade, os norte-americanos forneciam seus produtos aos
países envolvidos no conflito.
Enquanto as potências europeias concentravam seus esforços na guerra, os industriais americanos
aproveitavam para ocupar e suprir outros mercados na Ásia e na América Latina.
Os Estados Unidos possuíam aproximadamente a metade de todo o ouro que circulava nos mercados
financeiros do mundo.
Os bancos e o governo dos EUA saíram da Primeira Guerra Mundial como credores da Europa arrasada,
projetando-se como grande potência mundial.
O país viveu, durante quase toda década de 1920, um período de prosperidade, que ficou conhecido como
“Anos Felizes”.