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Baixar para ler offline
Marcos Hiller
ONDIVÍDUOS
Marcas, consumo e cena digital
Biblioteca Pública de Nova York - maio de 2013. Foto de Érico Hiller.
Projeto gráfico
Lillian Vidigal
e Maurício F. Santana
Diagramação
Maurício F. Santana
| Power Black Art |
Capa
Lillian Vidigal
| Lift Design |
Revisão técnica
Marcos Hiller
Dedico esse livro à Teka, o meu amor.
6
Marcos Hiller nasceu em Belo Horizonte em 1978. Cresceu em São
Paulo, onde vive até hoje.
É mestre em comunicação e práticas do consumo pela ESPM, escola
onde se graduou em 2001. Hoje coordena o MBA em Marketing,
Consumo e Mídia Online na Trevisan Escola de Negócios, e coordena
também os cursos de mídias digitais e de branding avançado na
Escola São Paulo.
Atuou por mais de 10 anos de terno e gravata, mais precisamente
na indústria financeira. Foi Gerente de Marketing do BankBoston e
Coordenador de Comunicação do Grupo Santander Brasil.
Hiller é professor convidado de instituições como FIA-USP, FAAP,
Business School SP e PUC/PR, e hoje viaja todo o Brasil com
palestras sobre branding, redes sociais, cibercultura e demais temas
inquietamente desse ecossistema digital que habitamos.
hiller78@yahoo.com.br
www.marcoshiller.com.br
twitter.com/MarcosHiller
facebook.com/Marcos.Hiller78 instagram.com/MarcosHiller
DEPOIMENTOS
PREFÁCIO
INTRODUÇÃO
Benvindo ao Mundo da Ficção.
Facebook: uma marca de US$ 100 bilhões.
Quem tem saudade do ORKUT?
E um domingo qualquer da TV brasileira, queremos conteúdo sem conteúdo.
Calabresa versus Veuve Clicquot.
Quem sai ganhando com a decisão da Anatel? Nós, consumidores!
Londres colocou o sarrafo lá cima, mas vamos dar conta do recado.
O ecossistema digital.
Afinal, o que é Branding?
Desintoxicação digital? Ainda não!
Por que amamos Avenida Brasil? Porque é uma obra de arte!
Santo Google.
Diga-me onde dá check-in, e eu te direi quem és.
Obama 3.0 venceu Romney 1.0.
Nova York pulsa mais do que nunca.
O Hopi Hari vai virar Disney?
Just don’t do it.
Marcas e Celebróides.
Twitter 7 anos: a maturação da Internet.
The FACEBOOK Power.
Lucia Santaella no SIMC 2013.
O “reality show fitness” no Instagram.
Google Glass: um debate tecnológico, mercadológico e ético.
Não existe almoço gratis (muito menos likes)!
Tinder: você ainda vai baixar este aplicativo.
Quer entender o consumo? Estude a cultura!
O protagonismo das manifestações está no social, e não no Facebook.
A nova conjugação verbal das redes sociais.
ARTIGOS ACADÊMICOS
COMUNICAÇÃO, CONSUMO E ESPETÁCULO: um olhar debordiano para a Nova Iorque de 2012.
Referências Bibliográficas.
COMUNICAÇÃO, CONSUMO E CIBERESPAÇO: Convergências e simbiose na nova arena digital.
Referências Bibliográficas.
COMUNICAÇÃO, TECNOLOGIA E CIBERCULTURA: usos e consumos de sites de rede sociais digitais.
Referências Bibliográficas.
Comunicação, cibercultura e o consumo tecnológico da Apple.
Referências Bibliográficas.
o “reality show fitness” no aplicativo móvel Instagram.
Referências Bibliográficas.
Um olhar reflexivo sobre estratégias de marcas na cena digital.
Referências Bibliográficas.
POSFÁCIO. Sensibilidade, perspicácia e reflexão.
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Sumário
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Bruno Mello
Editor Executivo | Mundo do Marketing
“Poucas empresas hoje estão trabalhando exatamente como trabalhavam há cinco
anos e certamente não estarão atuando da mesma forma daqui a mais cinco. O que
fazer diante desta realidade? O que você e sua empresa estão fazendo num futuro
não muito distante? As respostas estão nas próximas páginas, quando Hiller dá um
grande apanhado do que vivemos recentemente e nos municia de um radar para
enxergar o horizonte.”
André Marchesin Gonçalves
Publicitário | Sócio da Yes+Emigê
“Marcos Hiller está online. Sempre. 24/7. 365 dias e 6 horas/ano. Pois para conhecer
o comportamento das marcas há de se viver as duas vidas intensamente. Nao só
de Google (mas também) vive o homem. E como diria Odorico Paraguaçu, sem
“churrumelismos puxasaquistas”, o Hiller é daquelas pessoas que se engajam de cor-
po, alma e perfil do face no assunto. Não sabe quem é Odorico Paraguaçu? procura
no Google...”
Bruno Toledo
Reitor do Centro Universitário Toledo | UniToledo em Araçatuba
“O formato digital representa o presente. É contemporâneo, ecologicamente susten-
tável, ajuda a democratizar e a compartilhar a informação de forma mais rápida. Sou
fã desse modelo de distribuição de conteúdo que sabiamente Hiller escolheu para
apresentar ao público o ecossistema digital e conduzir o webleitor a uma reflexão
crítica capaz de fazê-lo entender as novas lógicas do mercado, das marcas e do
consumo. ONdivíduos revela a transformação ocorrida no mundo analógico e como
o comportamento do consumidor não é mais passivo, mas altamente ativo e poten-
cializado frente aos recursos tecnológicos. Por ser escrita pela autoridade brasileira
quando o assunto é marca, esta obra é essencial para quem quer entender o cenário
digital e descobrir como agir e lidar com os ONdivíduos”.
DepoimentosDesigners | Projeto gráfico
Mauricio Santana
Criativo-Designer | Power Black Art
Desenhista Industrial por formação (Mackenzie) e Designer Gráfico por convicção
(vida). No portifolio, centenas de trabalhos para a classe artística popular (teatro de
rua), editoriais para a Cooperativa de Teatro, UNESP e outros mais. No mais, havendo
um job urgente, pode contar.
Lillian Vidigal
Brand Designer | Lift Design
Foi uma das pioneiras do Brand Design no Brasil. Desde 2001, está à frente da Lift
Branding & Design, responsável pela criação de mais de 150 Marcas nacionais e
internacionais. Prestou consultoria em Branding para o mercado de Luxo, junto à
MCF, em Branding digital, com a Diretta, e em Branding Gastronômico, para a Tasty.
Atualmente se dedica à democratização do Branding.
“Foi uma honra ter sido chamada pelo Hiller para fazer o design desta capa. Primeiro porque ele veio se
tornando um dos ‘Papas’ do Branding no Brasil. Então é claro que um convite vindo dele deixaria qualquer
Brand Designer lisonjeado. Depois porque achei o título que ele criou genial! Imediatamente imaginei esta
capa. E ele imediatamente escolheu esta ao ver as alternativas apresentadas. Espero que a capa, mesmo que
minimalista, traduza a força e a sofisticação do conteúdo deste livro.”
“Tomei conhecimento deste grande profissional que é o Hiller através do seu ex-professor, para quem cola-
borei em alguns jobs em uma agência de comunicação. Participei de um workshop sobre branding e depois
disso fizemos contato para que eu diagramasse este livro, e aqui estamos. É sempre bom ter contato com
uma pessoa que sabe a que veio para poder compartilhar conhecimento.”
“Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo,
os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo.”
(Paulo Freire)
1312
Vicente Martin (Vince Vader)
Professor da ESPM onde também supervisiona o departamento de criação
“O novo livro do Hiller coloca teoria acadêmica de peso com exemplos bem detalha-
dos e reais. Para o leitor é uma oportunidade única de, literalmente, aliar teoria com
a prática. As páginas, carregadas de boas referências, transitam em aspectos cru-
ciais para entendermos minúcias da contemporaneidade e das plataformas digitais.”
Marcelo Trevisani
Digital Marketing, Social Media and Brand Specialist at Tecnisa
“Hiller aborda com maestria temas importantes para construção e gestão da marca,
consumo, era da informação e a forte conexão que impacta as nossas vidas. O ponto
forte é o olhar e o posicionamento assertivo e muitas vezes polêmico, mesclado com
pensamentos de grandes pesquisadores e professores para assuntos relacionados
ao nosso cotidiano, indo direto ao ponto, orientando o leitor e explanando sobre a
importância de não apenas refletir sobre todas as oportunidades de ter uma marca
forte, trabalhando o tangível e o intagível, mas também que ela consiga gerar o real
valor para as pessoas e negócios.”
Karlan Muniz
Professor da PUC-PR e Católica de Santa Catarina
“Respire, e deixe o Marcos Hiller ser seu guia neste ambiente aparentemente hostil
e maravilhoso que é o ambiente digital. Se a internet fosse uma selva que vai inva-
dindo cada espaço da vida das pessoas (e não está?) não há melhor companhia que
o Sr. Hiller. Ele se parece com um Jaques Cousteau do universo representado pela
tecnologia da comunicação, um pesquisador e “vivenciador” capaz de absorver e se
encantar com cada nova espécie, cada nova página dessa história, cada centelha de
revolução embutido nas novidades que se mostram permanentes. Se topar percorrer
as páginas deste conjunto de textos, vais poder viajar a diversos lugares e para a
padaria aí do lado, para conversar com ele entre um gole de café e um vislumbre por
dentro dessa Matrix. O Marcos é desbravador e pensador bem humorado dessa nova
era. Tanto que faz o marketing e a gestão de marcas se sentirem em casa, quando
você percebe que faz parte desse território. Pare de ser turista. Deixa o Hiller te
empurrar pra dentro do furacão digital. Boa leitura!!”
Depoimentos
Igor Caitano
Analista Sênior de Comunicação | Santander
“Recebi o draft do livro do amigo Marcos Hiller há alguns meses, pedindo uma opi-
nião. Como muitos dos textos contidos nessa coletânea já eram de meu conhecimen-
to, por meio do “Blog doHiller”, não seria tarefa das mais árduas. Dono de um humor
“sacana”, de tiradas mais ácidas que limão e de uma capacidade ímpar de enxergar o
mundo à sua volta, Hiller consegue trazer em seus artigos um ar de conversa de bar,
mas sem perder o foco nas informações e sem deixar de traçar um paralelo básico
com os grandes teóricos e pensadores, até mesmo os menos conhecidos do grande
público. Estudiosos ou leigos, da área da comunicação ou das ciências exatas, não
importa, os temas abordados não possuem contra indicação. Pelo contrário. São um
sopro de sarcasmo inteligente em um mundo em que a intelectualidade às vezes
anda monótona demais! Para finalizar, respondendo à pergunta do início: ler ONdiví-
duos (marcas, consumo e cena digital) para se divertir e estar muito bem informado
sobre branding, redes sociais e tudo o mais!”
Emerson Sanglard
Regional Marketing Manager | South America l Copa Airlines
“De forma absolutamente leve , mas ao mesmo tempo envolvente, o novo livro de
Marcos Hiller aborda temas e casos de um novo em plena evolução sob o ponto de
vista social, comportamental e tecnológico. As novas fronteiras e os desafios para
organizações e respectivas marcas, que convivem em um ambiente altamente com-
plexo sob o ponto de vista dos meios de comunicação e estratégias de marketing
são destaque nessa obra. Esse novo mundo é retratado sob uma ótica hibrida, na
qual individuos com um formação sócio-cultural analógica precisam se adaptar ao
dinâmico mundo digital, no qual a concepção de tempo e espaço são cada vez mais
implacáveis e não perdoam àqueles que não acompanham tal dinâmica. Leitura re-
comendada para todos os profissionais de comunicação e marketing, acadêmicos e
pesquisadores em geral.”
1514
E nada melhor que um inquieto para lidar com as modernas teorias
de marketing, hoje tão volúveis, dinâmicas e absolutamente cercadas de
incertezas. Há alguns anos, Kotler, Ries e cia eram portos-seguros para os
aprendizes de marketing. Seus livros e palestras eram instituições consolida-
das, inquestionáveis. No ambiente atual de marketing, tudo é questionável e
deve ser questionado. Teses e teorias duram cada vez menos ou se reinven-
tam cada vez mais.
Se você tem saudades ou sente falta de teorias que são verdades
absolutas, o marketing atual vai afugentar você. Agora, se você quer ser
parte de discussões sempre em aberto, de incertezas deliciosas e de um dia
desafiando o outro, não há melhor praça que o marketing que hoje vivemos.
O tema que o Marcos coloca em discussão – e não como verdade
– é um perfeito exemplo desses tempos. As redes sociais merecem análises
profundas todos os dias, por todos os experts de plantão. Para o marketing,
elas já foram a grande revolução, a solução de todos os problemas, a subs-
tituição inequívoca da mídia tradicional e a forma consagrada de se conectar
com os “mais jovens”. Mas as redes sociais já foram também uma decepção
para o marketing. E o tão falado ROI em Redes Sociais, onde está? E a queda
vertiginosa das ações do Facebook pós-IPO? E a hipótese de que marcas, em
redes sociais, atraem essencialmente os promonautas – gente oportunista
buscando uma recompensa instantânea – e não verdadeiros adeptos delas?
A cada dia, surgirá uma nova visão, um novo argumento. Ao invés de se
desesperar com essa volatilidade, participe dela, surfe junto.
Os “ONdivíduos”, feliz expressão criada pelo Marcos, é uma forte
tese nesse marketing em eterna e gostosa crise existencial. Ao conectar-
mo-nos freneticamente, estamos nos conectando ou nos desconectando?
Seriam as redes sociais apenas uma forma “pro-forma” de se conectar, já que
o investimento emocional e físico é baixo quando comparamos um click de
“parabéns” a pegar o carro, cruzar a cidade e dar um abraço verdadeiro no
aniversariante, com uma boa e longa conversa? Será que a “rede” social não
é, na verdade, o lugar em que preguiçosos sociais gostam de se balançar e
descansar?
O inquieto Marcos e sua tese são perfeitas para que nós, marque-
teiros, continuemos a desfrutar do desconforto sobre as teorias atuais de
marketing. Vale a pena a minha marca ingressar nas redes sociais quando de
fato o público está absolutamente ensimesmado e não aberto a verdadeiras
conexões? Mas será que a minha marca pode ficar de fora desse ambiente?
Quem souber a resposta, não terá entendido o que é o marketing hoje.
O
Marcos Hiller
é um inquieto
Prefácio
Ricardo Sapiro
Sócio Diretor da Touch Branding
Foi Vice-Presidente Regional de
Laundry da Unilever e um dos
responsáveis pelo posicionamento
“Omo, porque se sujar faz bem”
1716
Obrigado por fazer o download do meu livro.
Espero que ele lhe seja útil de alguma forma. Conhecimento
só vira conhecimento a partir do momento em que se compartilha. E
é o que estou fazendo aqui. Compartilhando minhas ideias e de forma
gratuita. Esse livro está sendo disponibilidade grátis na rede.
Lancei BRANDING: A ARTE DE CONSTRUIR MARCA, meu pri-
meiro livro, em setembro de 2012 na Livraria Cultura em São Paulo.
Uma noite especial. Um momento inesquecível de minha vida. E agora
você tem em mãos, ou melhor, na tela do seu tablet, laptop ou smar-
tphone o meu segundo livro. Hoje é assim que uma boa parcela de
pessoas lêem. Escrevi esse livro pensando nisso. É o início do fim dos
livros físicos de papel? Odeio profecias e futurologistas de plantão, rs...
mas eu acho que sim. A leitura não vai morrer nunca. Mas pra mim, os
livros de papel respiram por aparelhos. Livro de papel pesa na mochila
e dói as costas. Livro de papel pega fogo. Livro de papel ocupa espaço
físico. E o livro digital não pesa, não dói e ocupa apenas nosso cada
vez mais espaçoso HD. Espero que esse meu livro contribua para uma
eutanásia dos livros físicos.
Esse neologismo ONdíviduos nasceu sem querer. Estava eu
um dia escrevendo um texto qualquer, quando, de repente, tive um
mero erro de digitação. Não foi nada de mero. Fui escrever a palavra
“indivíduo” e quando vi saiu “ondivíduos”. Para minha surpresa, antes
sair pressionando o back space, parei e pensei: opa! temos algo aqui.
São os ONindíviduos. Essa pessoa cada mais conectada, cada vez mais
ON e, ao mesmo tempo, cada vez mais conectada, mais ligada, mais
online. Mais que um novo termo que criei (sem querer querendo), os
ONdivíduos são esses novos personagens advindos de uma cultura di-
gital cada vez mais presente, viva, intensa e urgente.
Ao longo desse livro, eu penso sobre muitas coisas. Trago
textos que escrevi ao longo dos últimos meses sobre os mais diversos
temas desse inquietante ecossistema digital que habitamos.
Boa leitura! E depois me mande um email dizendo o que você
achou. Aliás, email não, email é uma coisa muito oldfashioned. Me man-
de um inbox no meu Facebook, ou um Tweet.
Introdução
1918
Em 1964, o visionário professor Marshall McLuhan disse que “na espaçonave Terra, não há passageiros,
somos todos tripulação”. Impressionante a nitidez da fala do pesquisador canadense, que estaria com um século
de vida esse ano, em trazer uma visão tão lúcida e contemporânea como essa já na década de 60. E essa célebre
frase de McLuhan traduz de forma muito pertinente esse verdadeiro universo de ficção científica que vivemos
hoje. Não somos meros passageiros passivos e olhando pela janelinha dessa imensa espaçonave, mas sim seres
humanos altamente participativos, prontos para performar, e modulando o tempo todo a cena em que estamos
inseridos.
Vivemos hoje em um mundo conectado, mas norteado pela constante interrupção. Ao mesmo tempo
que estamos hiperconectados, somos interrompidos o tempo todo por toques, notificações, pop-ups sirenes e
alarmes. Estamos em um mundo veloz, sintético e ansioso, regido por 140 caracteres. Se concentrar por mais de
20 minutos em uma única atividade é tarefa para poucos. Os jovens, ou nativos digitais, só conseguem ser criati-
vos com 17 abas abertas em suas telas, com a TV ligada, atirando passarinhos com um estilingue e com iPod no
ouvido para nossa alegria. Nós nascemos em uma era analógica e estamos migrando para uma era digital, e eles
já nasceram dentro do processo digital.
Estamos entrando de forma contundente numa nova cultura do espetáculo, em uma nova configuração
da economia, sociedade, política e vida cotidiana, que envolve novas formas culturais e de novos modelos de
experiência. “A chamada era da informação é, na realidade, a era do excesso de informação”, disse com muita
serenidade Paulo Vaz, pesquisador da UFRJ, há 10 anos. Nosso cérebro e nossa cognição simplesmente não dão
conta de tamanho volume de informação que nos tenta impactar por dia. Por exemplo, um exemplar da edição de
domingo do The New York Times contém mais informação do que a absorvida ao longo da vida por um indivíduo
culto no século XVIII.
Vive-se hoje em um universo hiperconectado, onde as máquinas falam e os homens se comunicam por
meio de próteses artificiais. As novas gerações incorporam plenamente essas tecnologias e as colam ao corpo
como um elemento a mais de suas roupas: calças, jaquetas e mochilas são fabricados com lugar para o celular.
A moda faz com que a corporabilidade abrigue as tecnologias. Quando chego diante da porta de um shopping e
ela se abre sozinha, ou quando abro meu carro como o botãozinho e o bip do chaveiro, não é o chaveiro que está
abrindo a porta, é meu corpo, é uma extensão do meu braço, como se eu fosse Anakin Skywalker, provido de uma
força sobrenatural.
Benvindo à era do YouTube, a canal de televisão mundial. O Twitter é a maturação da internet e posso
me conectar e ser ouvido por qualquer pessoa do planeta. Estamos o tempo todo diante de telas, de painéis, de
tecnologias touch-screen, e entramos no epicentro da era do consumo simbólico. Quando as pessoas adquirem
um iPhone, por exemplo, estão não apenas comprando um aparato tecnológico, como também vivenciando certo
estilo de vida (digital) e se inscrevendo num imaginário tecnológico que enfatiza as ideias de inovação, elegância
e distinção econômica, diz com muita sabedoria o pesquisador Erick Felinto da UERJ.
As pessoas, nessa sociedade intensa e paradoxal, buscam uma fixação narcísica por meio das redes
sociais, e as marcas também procuram adotar jogos discursivos sedutores nesses novos e envolventes espaços
digitais, dizia também McLuhan há 50 anos. E com a explosão das redes sociais, fenômenos desse século, vemos
essa sábia frase de McLuhan cristalizada de forma sublime. Esses novos ambientes virtuais são baseados em
plataformas digitais e dispositivos interativos móveis de compartilhamento de arquivos e informações, é são um
Benvindo ao mundo
da ficção científica.
20
exemplo muito claro dessa condição social-histórica imprecisa, hesitante e incompleta, complementa Felinto.
Já Sherry Turkle, uma brilhante cientista do MIT, diz que com muita pertinência que nós estamos “always
on”. E quando estamos conectados, estamos na verdade, negando uma certa solidão. Se estou sozinho em casa
logado no meu Facebook, eu não estou mais sozinho, estou fazendo parte da vida de outra centena de pessoas
e de forma muito íntima. A tecnologia ao mesmo tempo que nos aproxima de pessoas queridas, nos distancia
delas. Outro grande pensador contemporâneo, o argentino Nestór Garcia Canclini diz que “chega-se a fenômenos
de autismo e desconexão social, devido às pessoas preferirem antes ficar na frente da tela do que relacionar-se
com interlocutores em lugares fisicamente localizados”. O fato de eu estar conectado o tempo todo não significa
que estou interagindo o tempo todo. E nesse universo, muito mais importante do que estarmos simplesmente
presentes nas atraentes e viciantes redes sociais, é preciso saber o que fazer lá, saber estar presente de forma
relevante e coerente.
Vive-se em um mundo de histórias que se iniciam e não finalizam, cada vez mais interligado por inter-
câmbios de ordem mercadológica. Todo mundo praticamente está ocupado all the time fazendo business com
tudo: diversão, conhecimento, avatares, casamento, sexualidade, estética, reprodução, saúde, beleza, identidade,
ideias. As pessoas se tornam um verdadeiro empreendimento comercial nesse novo contexto que vivemos, e com
a cauda longa de Chris Anderson mais forte do que nunca. As sociedades vivem hoje um processo de reorgani-
zação, sobretudo no âmbito cultural, social, econômico e político, e fica muito evidente como esses fenômenos
tecnológicos, como e explosão de redes sem fio, por exemplo, acelera a dinâmica das relações, onde posso postar
tudo que eu quiser, onde eu quiser e na hora que quiser. Não queremos mais estar sucumbidos na impessoalidade
massa, pois agora quero estar conectado apenas com pessoas e marcas que ajam como eu ajo.
Benvindo! Estamos inseridos no chamado Turbocapitalismo, uma saborosa mistura de Blade Runner, com
2 xícaras de Segredo do Abismo, 3 colheres de Avatar, e uma pitada de Matrix. May the force be with us!
2322
Sinal dos tempos. Há apenas oito anos em um simples dormitório da Universidade de Harvard nascia
uma marca que vale hoje U$$ 100 bilhões, se tornando o segundo maior IPO na história dos EUA. A estreia do
Facebook dominou o Vale do Silício e Wall Street nas últimas semanas, já que a empresa e os mercados financeiros
se preparavam para o IPO mais esperado desde o Google Inc. em 2004.
As ações da empresa de Mark Zuckerberg foram abertas à US$ 42 na manhã dessa sexta-feira, quase
11% a mais da oferta pública inicial de US$ 38. Nesse sentido, o Facebook foi avaliado inicialmente em cerca de
US$ 115 bilhões, mas as ações da empresa começaram a cair logo depois, comprovando que o natural hype do
preço de oferta é apenas um ponto de partida. Outras grande empresas da arena online também sofreram tur-
bulências significativos em sua estreia: LinkedIn, o primeiro a ir a público, quase duplicou o seu preço de oferta
inicial, abrindo em US$ 83 por ação. Já o Groupon saltou 27% na sua oferta de abertura, a US$ 28 por ação. Mas
o fato é que o valor do IPO do Facebook ficou mesmo em torno dos US$ 100 bilhões, não pelo fato do Facebook
realmente valer esta quantia, mas por causa dos mecanismos de IPO. O Facebook não será para sempre avaliado
com esse valor astronômico. No longo prazo, os preços das ações tendem a voltar ao valor fundamental, assim que
o mercado for assentando e se acomodando. Funcionou assim por diversas vezes ao longo da última década. Mas
o hype dos US$ 100 bi surpreendeu todo mundo, e vamos acompanhar de que forma o barômetro dos mercados
vão sentir essa dinâmica.
Quase 1 bilhão de terráqueos usam o Facebook todos os dias. Sherry Turkle, uma brilhante cientista
do MIT, diz com muita pertinência que nesses novos ambientes virtuais, como o Facebook, nós ficamos “always
on”. E quando estamos conectados, estamos na verdade, negando uma certa solidão. Se estou sozinho em casa
logado no meu Facebook, eu não estou mais sozinho, estou fazendo parte da vida de outra centena de pessoas
e de forma muito íntima. Outro grande pensador contemporâneo, o argentino Nestór Garcia Canclini diz que com
as redes sociais “chega-se a fenômenos de autismo e desconexão social, devido às pessoas preferirem antes ficar
na frente da tela do que relacionar-se com interlocutores em lugares fisicamente localizados”. O fato de eu estar
conectado o tempo todo não significa que estou interagindo o tempo todo. E nesse universo, muito mais impor-
tante do que estarmos simplesmente presentes nas atraentes e viciantes redes sociais, é preciso saber o que fazer
lá, saber estar presente de forma relevante e coerente. As pessoas, nessa sociedade intensa e paradoxal, buscam
uma fixação narcísica por meio das redes sociais como o Facebook, e os anunciantes (exceto a GM) também pro-
curam adotar jogos discursivos sedutores nesses novos e envolventes espaços digitais. Enquanto isso, o fundador
do Facebook, Mark Zuckerberg tocou o sino de abertura da Nasdaq sede da companhia em Menlo Park, Califórnia.
Facebook: uma
marca de US$ 100
bilhões.
2524
O Brasil adora as redes sociais. Estamos no top five dos países que mais usam Twitter, Facebook e Orkut
no mundo. No entanto passamos pra lá do 100º lugar quando falamos de percentual de usuários diante do número
total da população. É claro, a Internet no Brasil ainda é muito cara e muito lenta, e certamente demorará ainda
para ser usada pelas empresas como mídias de massa. A televisão, jornais e revistas ainda são as mídias que
dominam nosso mercado publicitário.
Por volta de 2005 eu entrei no Orkut, aquela nova rede social que nos viciamos rapidamente e que nos
magnetizava para ir em busca de reencontrar amigos, bisbilhotar vidas alheias e praticar nascisismo nos nossos
álbuns e perfis. O Orkut era muito legal, a gente criava comunidades, interagia muito nas comunidades existentes,
fuçava os scraps (praticamente uma caixa pública de emails que possuíamos). O Orkut nos ensinou a brincar de
rede social e a modular nosso comportamento nesses novos ambientes virtuais. Quem nunca passou por alguma
saia justa no Orkut que atire a primeira pedra.
Há alguns anos eu estive em uma palestra que Orkut Büyükkokten, o criador da rede, foi ministrar na
USP. Logicamente ele faz questão de pisar em solo brasileiro sempre quando pode, afinal o Brasil ainda era o maior
usuário de Orkut no planeta. Logo no começo da palestra ele deu a mão à palmatória que disse que não pensou
como ganhar como publicidade com aquele negócio. Criou a rede apenas para se conectar com amigos, e anos
depois que foi pensar como capitalizar em cima daquilo, criou banners, links patrocinados, etc. A parte mais di-
vertida da palestra foi quando ele começou a apresentar as correlações de comunidades. Disse que 80% das pes-
soas que estavam comunidade “amo sushi”” também estavam na comunidade “amo fotografia”, concluindo que
pessoas que tiravam foto gostavam também de comida japonesa. Mostrou também que 90% das mulheres que
estavam na comunidade “sofro de TPM” também estavam na “amo chocolate”, comprovando uma correlação que
já sabemos há anos que faz todo sentido. E por fim mostrou que caso a foto principal estive com a pessoa “sem
camisa”, a probabilidade dele ser do Brasil era de 90%. A plateia caía na gargalhada e o Sr. Orkut não entendia
aquela suposta fixação por nós brasileiros gostarmos de posar sem camisa para fotos. Aliás ele sempre fornece o
email dele que é muito fácil orkut@google.com.
O Orkut perde usuários de forma significativa todos os meses. E a principal hipótese é meio obvia: todos
estão ao poucos migrando para o Facebook, essa genial rede social usada por quase 1 bilhão de terráqueos. Mas
o Orkut ainda é muito forte. Mas como assim que a grande parte de meus amigos só usa Facebook? Pois é, temos
o hábito de usarmos como referência e nos balizarmos por nossos amigos mais próximos. O Brasil é muito grande,
temos vários Brasis dentro do Brasil. Temos diversos São Paulos dentro de São Paulo. Recentemente perguntei
para uma turma de alunos de uma faculdade que leciono no centro de São Paulo. Perguntei se alguém ainda usava
Orkut. Cerca de meia dúzia levantaram a mão, e eu questionei por que não usavam o Facebook. E a resposta veio
na lata: “ah não professor, acho o Facebook muito chique”. Mas o rede de Mark Zuckerberg veio pra ficar, cresce
cada vez mais no Brasil e alguns institutos de pesquisa já colocam que o Orkut foi ultrapassado pelo Facebook.
Ali podemos ser nós mesmos, expor nossas opiniões, sem as exigências do relacionamento pessoal. Para dar
parabéns para amigos no Facebook é muito mais cômodo: eu escrevo uma mensagem padrão como “parabéns
e felicidades”, copio e vou colando nos murais de meus amigos aniversariantes. Mais conveniente e mais barato
do que ligar para a pessoa e desejar tudo de bom. Seja saudosista. Ressuscite do orkuticídio que você cometeu e
comece a postar tudo lá de novo. O Orkut mudou e está com um visual muito mais moderno. Até o aplicativo para
iPhone disponível na app store está mais bacana e intuitivo.
Quem tem
saudade do
ORKUT?
2726
Viva o controle remoto, essa extensão de nosso braço que nos dá um poder de filtrar os mais diversos
conteúdos e selecionar aqueles que melhor se conectam ao nosso intelecto e ao nosso interesse. E no final do dia
de um domingo qualquer, onde já estamos com a cabeça querendo concentrar para mais uma semana de trabalho,
não queremos conteúdo complexo, queremos pedir uma pizza de bairro e sermos impactados por conteúdo sim-
ples, temas lúdicos, que nos faça rir, que não exija muito de nós e que minimamente nos atualize para as principais
conversas do escritório no dia seguinte. E hoje ficamos zapeando de canal em canal, e com nosso smartphone na
mão, onde em tempo real vamos comentando e lendo comentários de pessoas. As redes sociais se tornam am-
bientes onde depositamos legendas com nossas opiniões sobre as programações. Os trend topics do Twitter e os
comentários do Facebook se tornam o diapasão que modela e modula os gostos da conectada audiência brasileira.
Vivemos a Cultura do Espetáculo! No final da tarde desse último domingo em especial, o midiático Fausto
Silva mostrava suas velhas vídeos cassetadas, assim como faz há décadas. Logo depois, na Rede TV, mais uma
edição do Saturday Night Live (em um domingo à noite?), o novo programa de Rafinha Bastos com todas as suas
cotas de patrocínio vendidas e que não vê a audiência decolar. Enquanto isso, o Pânico na TV da Band, ancorava
sua pauta do programa ressuscitando o personagem Clô (interpretado por Ceará) que visitou uma exposição do
falecido Clodovil Hernandez. Logo em seguida, também na Rede TV, mais um episódio do novo programa do Dr.
Rey, onde o pitoresco cirurgião de Beverly Hills, fica analisando mulheres como se fossem mercadorias em uma
prateleira. Já o Fantástico trazia à tona o caso de uma moça que desejava congelar o corpo do pai falecido, e lo-
gicamente trazia mais desdobramentos do midiático caso Yoki. O grisalho oldfashioned Silvio Santos reprisava pe-
gadinhas com Ivo Holanda da década de 90, e em seguida passava o bastão para Marília Gabriela que entrevistou
as irmãs gêmeas do nado sincronizado. Para o mais intelectuais, e cerca de 20% da população que possui TV por
assinatura em casa, há conteúdo “mais cabeça”: sintonize na Globo News para assistir ao Manhattan Connection
com o âncora Lucas Mendes e sua bancada nova-iorquina que discute política, economia e cultura. Pra variar, o
mal-humorado Diogo Mainardi não economizava críticas ao monstro do cinema Ridley Scott.
É muito fácil ouvir comentários das pessoas que a programação dominical da televisão brasileira é de
péssimo nível, que aquilo é subcultura, que entorpece a população, que a noite do último domingo em especial
reuniu conteúdo de baixíssima qualidade, etc. Mas podemos analisar todo esse conteúdo que nos foi despejado
pelas emissoras como o simples retrato do que nós assistimos, decodificamos e nos entretemos. A cultura, ou o
acervo de conhecimento das pessoas, é que ajuda a modular o processo de recepção de todo esse conteúdo. To-
dos nós estamos inseridos dentro uma cultura, e que foi construída durante anos. E é nesse ecossistema cultural
onde as emissoras de televisão se baseiam para gerar conteúdos. A própria TV Globo está no ar com “Avenida Bra-
sil” e “Cheias de Charme”, duas telenovelas que estão claramente tentando se conectar com públicos emergentes,
ou a grande parcela da população brasileira. O fato é que as novelas são grandes produtos culturais, que fazem
parte da educação das pessoas. Algumas delas são verdadeiras obras de arte. Nessa semana, a Globo deposita
fichas no remake de Gabriela, dessa vez interpretada por Juliana Paes (#eunãovouassistirgabriela).
Os anunciantes e agências logicamente não sou neutros quando discutem o poder dos meios de co-
municação. Em evento recente sobre integração de mídias que aconteceu em São Paulo, diversos profissionais
debateram como a TV, mídias sociais, entre outras, poderiam coexistir de forma integrada e aproveitando o que
cada uma tem de melhor. Em dado momento do evento, após diretores de criação de grandes agências mostrarem
cases belíssimos sobre mídias sociais, tomou a fala Ricardo Esturaro, o diretor de planejamento de marketing da
E um domingo
qualquer da TV
brasileira, queremos
conteúdo sem
conteúdo.
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TV Globo. Ele mostrou dados para justificar que ainda demorará um bocado para as chamadas redes sociais serem
usada como mídia de massa. Ele mostrou que 47% dos brasileiros lêem somente o básico, 21% são analfabetos
rudimentares, 7% são analfabetos e apenas 25%, ou ¼ de nossa população são alfabetizados plenos, ou seja,
que compreendem e interpretam textos. E disse que a TV atinge 100% dos lares do Brasil e as novelas da Globo
têm alcance de 158 milhões de lares. Não é à toa que a disparada parcela dos orçamentos de marketing das
empresas ainda
vão para essas mídias de massa como TV e revistas. Mídias digitais recebem cerca de míseros 10% das
verbas das empresas. O modelo de remuneração das agências de publicidade no Brasil ainda privilegia essas mí-
dias de maior alcance. Mesmo porque, cerca de 40% do faturamento de médias e grandes agências no Brasil hoje
vêm do chamado bônus de veiculação.
É esse o cenário midiático da TV brasileira e que impacta milhões de lares brasileiros. Queremos con-
teúdo sem conteúdo. Queremos nos entreter com conteúdo leve, tolo e que não exija muito de nosso intelecto.
Afinal, é o que se encaixa melhor no nosso repertório.
3130
Calabresa versus
Veuve Clicquot
Nesse último final de semana fui testemunha ocular de dois simbólicos centros de consumo da cidade de
São Paulo. No sábado estive no Shopping Metrô Itaquera, um enorme centro de consumo popular acoplado a es-
tação de metrô Corinthians-Itaquera, no extremo da Zona Leste e pertinho do estádio que sediará a Copa de 2014.
Nos corredores do shopping Itaquera, o baile do consumo acontecia de maneira fervorosa. Lojas cheias,
famílias andando pra lá e pra cá. Eu não resisti e tive que passar por uma experiência de compra naquele local.
Precisava comprar um ferro de passar roupa. Não hesitei e fui até as Casas Bahia. A vendedora super simpática,
sem parecer pegajosa e sem aquele discurso enlatado que vemos em 90% das lojas de shopping. Acabei com-
prando aquele modelo clássico da Black & Decker. Fiquei realmente impressionado a forma como me tratou, de
uma forma simples, porém amistosa. De uma forma espontânea, mas direta e focando na conclusão da venda.
Saindo do império do consumo de Samuel Klein, continuei passeando pelos amplos e lotados corredores.
Tomei meu mate com leite no Rei do Mate. Continuei andando. Deparei-me com uma loja na Adidas Outlet, onde
saí de lá com um par de meias por R$ 4,63. Isso sim é preço de outlet de verdade. Passando pela enorme praça
de alimentação, edulcorada por marcas como Giraffas, McDonald’s e Vivenda do Camarão, vejo dois amigos, com
penteados e indumentárias no melhor estilo Neymar, e sentados numa mesa da praça com uma garrafa de Jack
Daniel’s. Sim, eles estavam sentados numa praça de shopping tomando uísque caubói. Cena pitoresca. Estava
adorando aquilo. Entrei na loja do Hipermercado Extra para passear e observar. Logo na entrada da loja, uma
promotora me aborda com uma bandeja cheia de calabresa fatiada recém-assada. Ela estava demonstrando o
novo micro-ondas Brastemp que acabara de assar a calabresa fatiada. Ela me ofereceu e não aceitei, enquanto
outros fregueses iam pegando seus palitinhos e espetando nas finas fatias de calabresa. Achei aquilo o máximo!
Na saída do shopping, uma série de quiosques instalados no caminho para o Metrô. Pequenas lojas da Gol Linhas
Aéres, da Subway, do Chopp Brahma, entre outros tantos. Era um cardápio de marcas visivelmente interessadas
em arrebanhar aqueles ávidos e cada vez mais poderosos consumidores emergentes.
No dia seguinte, fui o conhecer o finalmente recém-inaugurado Shopping Iguatemi JK. É o novo epicen-
tro do consumo de luxo da cidade de São Paulo. Após tanta polêmica de alvarás de abre-não-abre, ele foi aberto
e pra mim, toda esse impasse, só magnetizará ainda mais consumidores para o novo reino de consumo da família
Jerreissati. O extremo cuidado com detalhes já é percebido nos primeiros passos dentro do shopping. O piso intei-
ro branco e cirurgicamente asseado recebe os consumidores. Todos caminham e olhando com ar de vislumbre e de
novidade para as vitrines. A rede wi-fi aberta, rápida e grátis para todos darem seus check-ins e legitimarem suas
presenças ali juntos aos seus amigos do Facebook e Twitter. As marcas estavam todas ali, lindas, maravilhosas,
lustradas. Tinha Bvlgari, TopShop, Etiqueta Negra, Zara Home, Dolce & Gabbana, Sephora e tanta outras marcas
globais que aterrisavam ali e se tornavam locais para nós. Em uma das lojas, era servida Champanhe Veuve Clic-
quot para seus clientes. Na hora, lembrei da Calabresa do dia anterior.
Está com fome? Você tanto pode ir no Burger King na linda praça de alimentação, como pode ir saborear
a carne do Varanha, a preferida do Boni. Eu almocei no mediterrâneo Ráscal com seu vasto e saborossísimo buffet
à módicos R$ 58 reais per capita. E depois tomei meu café de R$ 4,20 na sorveteria argentina Freddo. Saindo de
lá, peguei o trem na Margin Marginal e voltei pra casa.
Viva o consumo na sexta economia do planeta. Vamos às compras?
3332
Dia histórico para nós consumidores. A Anatel tomou a decisão de suspender a venda a partir de segun-
da-feira (23 de julho de 2013) de novas linhas de três das maiores operadoras de telefonia móvel do país: TIM, Oi
e Claro (que somadas, detêm 70% do mercado). A Anatel tomou a decisão após avaliar dados das três empresas
pelos últimos meses e um dos mais recorrentes problemas é que as chamadas são interrompidas no meio da liga-
ção. Logicamente, a medida da Anatel fez as ações das empresas despencarem na Bolsa.
A medida já havia sido adotada contra a Telefônica no passado, mas esta é a primeira vez que a agência
suspende as vendas de três operadoras de uma só vez. A nossa torcida é que essa medida da Anatel sirva não
somente para que as operadoras suem a camisa em entregar um serviço à altura do que pagamos, mas também
que seja um momento de reflexão. Todos nós (sem exceção) iremos passar por algum tipo de aborrecimento na
condição de consumidor no dia de hoje, seja no banco, na cafeteria, na padaria, no aeroporto, no cartório, na
lavanderia, etc. Legalmente falando, o consumidor pode ter inúmeros direitos e munições para se proteger, no
entanto, no frigir dos ovos do dia-a-dia, o consumidor sempre pendia para o lado mais fraco da corda. Mas hoje
nós vencemos. O momento é histórico, é de celebração.
O editor da aclamada revista americana Wired, Chris Anderson, criador do brilhante conceito da cauda
longa, escreveu anos atrás o livro intitulado FREE, que trata da evolução nos modelos de negócios e geração de
receita na era digital, e fala que em um futuro próximo tudo tende a um custo zero para o consumidor. E é bem
isso que estamos observando acontecer. Em inúmeros locais que estamos hoje em dia já encontramos sinal de
internet wi-fi, ou seja, precisamos cada vez menos dos caríssimos e lentos pacotes de dados das operadoras para
navegar. Hoje eu tenho, por exemplo, aplicativos no meu iPhone com o Viber, o Skype ou o Whatssup, todos eles
permitem que eu fale com meus amigos simplesmente de graça, tudo por meio da internet. As operadoras que
não bobas, e eu já perceberam que tudo realmente tende a custo zero para o consumidor, já estão investindo em
telefonia fixa e até canais de TV por
assinatura. Quer conhecer mais esse conceito do custo zero? Logicamente, o livro FREE do lúcido Chris
Anderson está disponível gratuitamente na web. Baixe e leia!
A Vivo, que não teve suas vendas suspensas, deve não somente celebrar a decisão, mas também poderia
aproveitar para fazer um chamado anúncio de oportunidade. Eu sugiro aqui a chamada da campanha: “Ei consu-
midor, venha pra Vivo! Ou você prefere ir para as outras que a Anatel suspendeu vendas pela má qualidade de
serviço.” Fica a dica para os gerentes de marketing da Vivo que, certamente, não deixarão passar desapercebido
essa decisão histórica da Anatel.
A promessa é que na Copa das Confederações no ano que vem, já tenhamos a internet 4G disponível
nas cidades que receberão jogos. Ora, eles precisam primeiro fazer a lição de casa, fazer funcionar muito bem o
3G para depois pensar em avanços tecnológicos. Que essa pertinente e merecida decisão da Anatel sirva de alerta
para empresas de outros segmentos como bancos, TVs por assinatura, planos de saúde, etc. pensem duas vezes
antes de não entregarem o que prometem.
Quem sai
ganhando com
a decisão da
Anatel? Nós,
consumidores!
3534
As duas semanas rápidas e intensas dos Jogos Olímpicos de Londres se foram. O que fica na nossa me-
mória são os momentos inesquecíveis, as performances de Usain Bolt, as medalhas de ouro do Brasil, as nossas
pratas doloridas, entre outros inúmeros momentos que nos emocionaram. Agora a bola está com o Brasil, melhor
ainda, a tocha está com o Rio de Janeiro. E olha que a responsabilidade se tornou ainda maior, pois Londres elevou
a barra, colocou o sarrafo lá em cima mostrando nos jogos e nas cerimônias de abertura e de encerramento toda
a magia, elegância e seriedade dos ingleses. Justo eles, que são simbolizados pelo mundo com um povo meio frio,
com uma gastronomia pouco convincente e um céu sempre nublado. O que vimos nessas últimas suas semanas
não foi nada disso, muito pelo contrário, por meio de performances de The Who, Paul McCartney, Annie Lennox,
eles mostraram ao planeta o quanto rica é a cultura pop da Grã-Bretanha. E deram show também no quadro de
medalhas (terminaram em terceiro).
Agora cabem aos brasileiros e cariocas provarem que saberão fazer bonito também, pois o céu aqui é de
brigadeiro, o povo é alegre e a gastronomia tem torresmo e cerveja trincando no copo americano. Quando Edu-
ardo Paes ontem recebeu a bandeira olímpica, os comentários dos brasileiros no Twitter eram norteados por um
certo frio na barriga, um sensação de medo de não fazer bem feito. Isso era refletido nos comentários em redes
sociais. Um corrente de pessoas dizia que o Brasil seria bem esteriotipado no Rio 2016 por meio de cenografias de
favelas, tucanos e araras voando pelo estádio olímpico, ao som de Michel Teló e mulatas sambando. E o gostoso
couvert que vimos ontem mostrou ao o Rio é algo a mais que apenas isso. A própria escolha do gari Renato Sorri-
so para abrir o “aperitivo” do Rio 2016 ontem já baixou a guarda dos críticos de plantão. O gari deu a largada na
parte verde-amarela da festa e “ensinou” um gringo a dançar no palco.
De forma sublime, ele simboliza impecavelmente o Brasil e o Rio de Janeiro. Um homem do povo, negro,
trabalhador, com um espontâneo sorriso no rosto e com samba no pé. Logo depois nada de Ivete Sangalo, Daniela
Mercury ou Claudinha Leitte, vimos Marisa Monte entrando no palco representando Iemanjá e interpretando um
trecho da Bachiana número 5, do genial Villa Lobos. Os povos indígenas brasileiros também foram lembrados,
com tambores e ciber-dançarinos espalhados pelo palco. Em seguida BNegão, da banda Black Alien, representou o
Maracatu Atômico de Chico Science, e com a participação da bela Alessandra Ambrósio. Seu Jorge pegou o bastão
do revezamento e interpretou “Nem vem que não tem”, letra de Carlos Imperial imortalizada na voz de Wilson Si-
monal. Para fechar com chave de ouro, o atleta do século Pelé distribuía abraços, enquanto Marisa Monte cantava
com seu Jorge “Aquele abraço”, de Gilberto Gil.
Depois do que vimos ontem, se algum atleta brasileiro ainda estava na dúvida se tentaria ou não os
jogos olímpicos Rio 2016, as dúvidas não existem mais. Todo mundo vai querer fazer parte dessa festa. A marca
Brasil não poderia ter sido melhor representada do que ontem. Em recente pesquisa feita, perguntaram para di-
versas pessoas do resto do mundo uma palavra que representasse o Brasil, e logicamente a palavra que venceu
foi: alegria. O que vimos ontem foi um gostinho de nossa cultura e o que o Brasil tem de melhor. Temos inúmeros
defeitos, mas nossas virtudes falaram mais alto. Falem o que quiser, mas esse é o Brasil que temos para mostrar.
E quem não arrepiou ontem, que atire a primeira pedra.
Londres colocou o
sarrafo lá cima, mas
vamos dar conta do
recado.
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Eu moro sozinho. Mas quando chego em casa todas às noites, vou comer alguma coisa, ligo minha tele-
visão e faço log in no meu Facebook. Com um passe de mágica: eu não estou mais sozinho. Estou fazendo parte
da vida e da intimidade de outras pessoas. Nesse momento, a solidão não existe mais. É o que acontece com boa
parte das pessoas hoje em dia. Vivemos em um mundo hiperconectado. Vive-se hoje rodeado por telas, é a tela
do smartphone, da TV, do iPod, do GPS, do iPad, do relógio. E a tendência é que tudo isso se torne uma única tela,
pelo menos quando estamos em casa. Aqui na minha humilde residência por exemplo, já tenho a minha Apple TV
(paguei 99 dólares) e me permite acessar YouTube, ver fotos do meu celular, tudo por meio da tela de minha TV
LG de 40 polegadas. Genial!
Um grande pesquisador contemporâneo, Nestór Garcia Canclini, diz que nas redes sociais evidencia-se
até mesmo fenômenos de autismo e desconexão social, devido às pessoas preferirem antes ficar na frente da tela
do que relacionar-se com interlocutores em lugares fisicamente localizados. Sou obrigado a concordar carinhosa-
mente com o pensador argentino. E é exatamente assim que nos comportamos às vezes. Hoje em dia quando saio
para jantar com minha namorada, a primeira coisa que ela faz e pedir meu celular e guardar na bolsa dela, porque
senão ela diz que eu não interajo e não curto aquele momento a dois. E ela está coberta de razão! Eu dou meu ce-
lular a ela gentilmente (com o modo silencioso devidamente ativado). Ela diz que eu tenho mania de dar check-in
no Foursquare em tudo que é canto, na rua, no Starbucks, na padaria, e até na casinha do cachorro. Check in no
Ráscal é bacana. Mas check-in no Habib’s, não é. Check in no novo Shopping JK Iguatemi, show de bola. No Sho-
pping Metrô Itaquera, nem pensar! A sensação é que as pessoas gostam de demarcar território apenas em lugares
chiques. No aeroporto é cool, o cara é viajado. Na rodoviária, não! Ele é classe C. Será que é assim que funciona?
Os celulares nasceram, comercialmente falando aqui no Brasil, há cerca de 15 anos e eram gigantes,
pesados e feios. Com o tempo, foram reduzindo de tamanho e ficando mais finos. Curiosamente, hoje em dia,
estão voltando a crescer de novo, com telas cada vez maiores e mais nítidas. Senhores engenheiros e designer,
o limite é o tamanho do bolso da minha calça jeans ok? Os celulares colam a nosso corpo como um elemento a
mais de nossa indumentária. A corporabilidade abriga as novas tecnologias. O fato de eu estar conectado o tempo
todo não significa que estou interagindo o tempo todo. Conectividade não é sinônimo de interatividade. E nesse
universo, muito mais importante do que estarmos simplesmente presentes nas atraentes e viciantes redes sociais,
é preciso saber o que fazer lá, saber estar presente de forma relevante e coerente. Muitos autores importante hoje
se debruçam em todas essas questões. O fato é que temos que criar uma estratégia de como se comportar nessa
nova arena online, nesse novo ecossistema digital. Por mais que sejamos atores-sociais hoje em dia, não dá para
separar mundo online do mundo offline. Afinal, somos um só.
Redes Sociais é um assunto novo, magnético e muito fértil. Atrai gente de tudo que é tipo. No meu
email por dia chegam dezenas de mensagens me convidando para eventos, cursos, palestras, simpórios, ofici-
nas e lançamento de livros sobre mundo digital, redes sociais e afins. Confesso que deleto a maioria sem abrir,
pelo simples motivo de não conseguir decodificar esse excesso de conteúdos. Tem muita gente surfando nessa
onda. Gente boa e gente ruim. Cabe a nós sermos criteriosos ao extremo e olharmos a fundo quem está dando
o curso, quem é blogueiro, quem assina o videocast. A internet permite que as pessoas escrevam o que quiser a
bel-prazer. Take care! Analise a bagagem acadêmica de quem você lê, de quem você assiste, de quem você ouve.
Leia bons livros, procure autores com “pedigree”, e não simples aventureiros do Facebook. Quer dicar de bons
autores? Então vamos lá! Afinal tem muito gente fera no mundo hoje debruçada em enteder a fundo todas essas
O ecossistema
digital
38
questões: Sherry Turkle, pesquisadora do MIT, escreveu “Alone Together” e “Life on the Screen” (assista ela no
TED Talks e veja com que lucidez que ela analisa o impacto dessas novas tecnologias na vida das pessoas: http://
youtu.be/t7Xr3AsBEK4). Erick Felinto, super pesquisador da UERJ que estuda a cibercultura (aqui o blog do Erick:
http://poshumano.wordpress.com/). Dê uma olhada no grupo Socio Tramas, formado por pesquisadores do Mestrado
da PUC e liderado pela diva da semiótica Lucia Santaella (aqui o link: http://sociotramas.wordpress.com/). Conhece o
blog de Seth Godin, um dos maiores pensadores de marketing da contemporaneidade (acesse aqui e assine para
receber a inspiradora newsletter que ele manda todo dia no nosso email: http://www.sethgodin.com/sg/.)
Quer se capacitar? Então procure bom cursos, como por exemplo o inédito MBA em Marketing, Consumo
e Mídia Online que esse que vos escreve está coordenando na Trevisan Escola de Negócios aqui em São Paulo. O
curso conta com um corpo docente de elite, com excelente bagagem acadêmica e com o pé no mercado digital.
Montei uma proposta metodológica exclusiva, com um repertório teórico contundente, cases de mercado e com
visita técnicas programadas em agências digitais e grandes agências de publicidade. No cardápio de disciplinas,
alguns temas mais ligados a ciências sociais como Sociologia e Antropologia do Consumo, Semiótica e Pós-Moder-
nidade; outros mais técnicos do mundo web: Redação Web, Google Analytics, SEO/SEM; e outros assuntos mais
avançados como: Gestão de Reputação de Marca, Guerrilha Digital, Ativação de Eventos com foco em digital. Aqui
está o link onde você poderá ter acesso a todas as informações do curso: http://trevisan.edu.br/posgraduacao/1783/
mba-em-marketing-midia-e-consumo-on-line.
4140
Afinal, o que é
Branding?
Muito cuidado quando se lê o termo “Branding” por aí. De cada 10 empresas que usam esse bonito
termo no seu nome hoje em dia, 4 delas talvez sejam empresas de pesquisa, 4 provavelmente são agências de
design, 1 certamente não sabe o que faz, e talvez apenas 1 trabalhe efetivamente com Branding. Lembrando que
a pesquisa de mercado e o design podem ser, e geralmente são, importantes etapas do processo de Branding, mas
construção de marca é um conceito um pouco mais amplo.
Papo reto! Branding nada mais é que uma postura empresarial, ou uma filosofia de gestão que coloca a
marca no centro de todas as decisões da organização. Lembrando que a marca vai muito além daquele símbolo
no topo da sua loja, ou aquele logo no canto superior esquerdo de seu site, a sua marca é o sentimento que seus
consumidores têm por você. Uma marca é composta por dezenas de elementos: nome, símbolo, slogan, mascote,
fama, tradição, história, jingle, embalagem, entre outros. Nosso desafio, como donos de marcas, é: como calibrar
todos esses elementos, no sentido que todos estejam devidamente alinhados, e isso gere força para sua marca.
E a importância estratégica de se fazer uma devida gestão de sua marca torna-se um dos desafios mais
vitais no atual contexto empresarial. Seja qual for a indústria, tipo de cliente, segmento de mercado, país de
atuação, as estratégias de Branding devem ser cada vez mais encaradas como um dos passos mais importantes
no processo de gestão de uma empresa. A implementação de uma cultura de Branding não é uma agenda de
marketing, como vemos nas poucas empresas de entendem isso no Brasil. Branding deve estar na agenda no CEO,
tamanha a importância de se enxergar a marca como esse ativo estratégico e com riqueza de significado.
Basicamente, o Branding prega que as interferências sobre uma marca devem ser cuidadosamente pla-
nejadas e executadas, e ações de Branding bem ou mal sucedidas são automaticamente sentidas e refletidas na
imagem que uma marca tem na mente do consumidor. E todos os passos que sua marca dá devem sempre levar
em conta resultados de longo prazo, pois uma marca não constrói em semanas, ou em seis meses, uma marca se
consolida em anos e décadas de trabalho de um trabalho consistente.
Puxando a brasa para o nosso contexto brasileiro, vemos que pouquíssimas marcas praticam o Branding
em sua forma mais plena. A forte concorrência e uma exigência cada vez maior dos consumidores no Brasil, força,
os empresários e não insistirem em uma identidade única por muito tempo. De seis em seis meses, as marcas
adquirem uma cara nova, um posicionamento novo e associações novas. Todos esses movimentos até podem ser
muito bem intencionados logicamente, mas vão ao contrário do que prega o Branding. Todo mundo quer ver resul-
tados rápidos, claro. Mas geralmente não funcionam na mesma velocidade e ansiedade que o mercado responde.
O Branding prega que tudo comunica a sua marca. Por exemplo, a cor que você pinta os caminhões
de sua empresa está comunicando sua marca, a forma como seus funcionários se vestem está comunicando sua
marca, o jeito que sua recepcionista atende o telefone está comunicando sua marca, o que você conversa sobre
a empresa com seu colega durante um chope está comunicando sua marca, ou seja, absolutamente tudo comu-
nica a sua marca. E vender a filosofia do Branding, ou seja, inserir no chip de um empresário brasileiro toda essa
importância que uma marca representa é um dos desafios mais árduos que se vê nos dias de hoje. Percebe-se
que pouquíssimas marcas executam o Branding em sua forma mais plena. Todos querem uma marca forte que
conquiste o coração de seus stakeholders e não podemos esquecer, de forma alguma, que o principal stakeholder
de uma empresa é o seu capital humano – seu grupo de colaboradores –, que será encarregado de levar os valores
da empresa para fora. Além de cativar o coração dos clientes finais, uma marca bem construída conquista também
o coração dos que procuram um bom lugar para trabalhar e das pessoas que já fazem parte do time da empresa.
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Os funcionários serão os mais importantes advogados de defesa da marca muito antes dos clientes terem contato
com ela.
Fazer Branding não é exclusividade de grandes e prestigiadas empresas multinacionais. É perfeitamente
possível praticamente o Branding em pequenas e médias empresas, ou seja, a esmagadora maioria das empresas
do Brasil. Fazer Branding é simplesmente entender que tudo comunica a marca e ter paixão aos detalhes, desde
conferir se há pó nas plantas de sua loja (não pode ter) e se o esmalte de sua recepcionista está descascado (não
pode estar).
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Por que temos que estar em todas as redes sociais? Por que desconfiamos de alguém que não está no
Facebook? Por que, ao chegar uma notificação em nosso smartphone que fomos marcados em uma foto, temos
que parar tudo naquele exato instante para conferir? Por que nos intoxicamos com essas novas redes digitais e
ficamos online praticamente o dia inteiro? Pra mim, todas essas são perguntas ainda sem respostas claras. O fato
é que essas chamadas redes sociais fazem parte de uma nova revolução digital que impacta nossas relações com
as pessoas e com as marcas. Sim, há pensadores contemporâneos que classificam esse cenário que vivemos hoje
como uma verdadeira revolução. A exemplo do que foi a revolução do surgimento da escrita, a revolução indus-
trial, a revolução gutemberguiana da imprensa ou a revolução francesa séculos atrás, enxerga-se esse fenômeno
da web e seus desdobramentos digitais como uma verdadeira revolução. Eu sou obrigado a concordar.
Podemos dar um zoom out e analisar as redes sociais sob diversos aspectos. Desde uma ideia que sur-
giu dentro de um dormitório de Harvard, onde o judeu neoliberal Mark Zuckerberg criou uma das empresas mais
inovadoras do mundo, e que recentemente contratou o multipremiado arquiteto Frank Gehry – responsável pelo
emblemático edifício do Museu Guggenheim de Bilbao – para desenvolver o projeto de expansão da sede de sua
empresa em Palo Alto. Ao mesmo tempo que as ações da empresa sofrem uma certa turbulência, Zuckerberg
encomendou um conjunto que ocupará um terreno de 90 mil m², na área conhecida como Menlo Park, onde está
o quartel-general da gigante das redes sociais. Zuckerberg concebeu o Facebook para conectar as pessoas entre
si? Eu prefiro acreditar que não.
Podemos também analisar as redes sociais como meras plataformas mercadológicas onde as marcas
criam, nada mais nada menos, do que mais um ponto de contato com seus consumidores e demais públicos de
interesse. A partir do momento que uma empresa decide criar um fanpage ou um perfil no Twitter ela precisa estar
ciente e preparada que está abrindo a guarda, pois ela acaba de deixar escancarada uma porta “digital”, ou seja,
um porta mais online, mais exposta e mais mensurável. Ela acaba de criar um “touch-point” tão importante quanto
o seu 0800, tão importante quanto ao balcão de sua loja ou um anúncio publicitário, e até mesmo tão importante
como a forma que se relaciona com um fornecedor, afinal tudo comunica a marca. Quer expor sua marca nas
redes sociais? A receita de bolo é: prepare-se, capacite-se, planeje-se, crie um processo, atue de forma relevante
e muito, mas muito criteriosa. E contrate um nerd.
Por fim, pode-se analisar as redes sociais como esses novos ambientes digitais onde se constroem jogos
discursivos e narrativas envolventes. O magnetismo criado pelas redes sociais é intenso pois no mundo online não
há todas as exigências do mundo real, certo? Ligar para dar parabéns a cada um dos meus 7 aniversariantes custa
dinheiro, custa tempo e custa ter que ficar pendurado do celular ouvindo histórias dele que não estou afim de
ouvir naquele momento. Prefiro escrever um “parabéns e tudo de bom” e viva o Ctrl+C e Ctrl+V. A quem prefira
nem ligar e nem dar parabéns via Facebook, e simplesmente “curte” a mensagem de parabéns de um terceiro.
Assunto resolvido!
Nesse novo ecossistema digital, todos tendem a criar um discurso narcísico, afinal a troco de quê eu
deveria expor nesses espaços que eu estou triste, ou que terminei meu namoro, ou então dizer que aquele novo
emprego que consegui não vai nada bem. Muito pelo contrário, nesses novos espaços digitais minha vida é bela,
estou sempre jantando em lugares transados, as minhas piadas e frases clichês são as mais originais e a minha
filha vestida de caipirinha é mais bonitinha do bairro. Todos estão fazendo vigília sobre tudo que posto, publico e
compartilho.
Desintoxicação
digital?
Ainda não!
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A quem tenha adotado recentemente o chamado “detox digital” ou processo de desintoxicação digital,
afinal essas coisas viciam e ceifam nossa atenção durante boa parte do dia, certo? Uma conhecida minha me re-
latou recentemente que saiu do Facebook. Logicamente, ela me disse que eu suspeitava: quando você pede para
sair, a rede social não mata sua conta e te dá a opção de deixar sua conta adormecida. Você pode voltar quando
bem entender e como se nada tivesse acontecido. Problema é que se você sair do Facebook e ninguém perceber,
como um colega de sala meu sabiamente ponderou.
Todo mundo está no Facebook hoje, certo? Errado! Cerca de apenas 30% de nossa população brasileira
usa a rede. Recentemente em uma rápida sondagem que fiz em uma sala de aula que eu leciono, perguntei a
todos: “Quem não usa Facebook, levante a mão!”. Cerca de uns 10 estudantes levantaram a mão e as justificativas
que ouvi foram: o Facebook é muito chique (parei para pensar depois, e eles tem total razão, o “look-and-feel” do
Facebook é azul, e na teoria das cores azul é nobreza; o próprio nome “Facebook” é um rebuscado nome gringo);
já outra parcela disse que preferia a fazendinha do velho e bom Orkut.
Detox digital? Obrigado, mas ainda não. Afinal, como é que eu iria divulgar esse texto sem o meu Facebook?
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Por que amamos
Avenida Brasil?
Porque é uma obra
de arte!
Uma telenovela que fez tudo diferente. Uma ficção que inovou em diálogos, em cenários, em elenco, em
tudo. Uma obra de ficção onde uma personagem fala para a outra: “Menina, desliga esse pré-pago”. Uma novela
onde a personagem Janaína (que representa a empregada doméstica de Carminha) também tem uma empregada
doméstica na sua casa. Assim como em grande parte dos lares brasileiros, o seu sofá possui um plástico transpa-
rente que o protege contra a sujeira. O plástico foi retirado do sofá apenas no capítulo em que Tufão foi visitá-la.
Genial!
Avenida Brasil subiu a barra do quesito qualidade de telenovelas produzida pela TV Globo. A ambien-
tação dos cenários era cirurgicamente produzida com gatos de porcelana ao melhor estilo kitsch e tangibilizava
trejeitos típicos do povo brasileiro de forma sublime. Trouxe a tona o espetacular ator Marcos Caruso e seu incom-
parável personagem Leleco, e Juliano Cazarré, que nos brindou com o hilário Adauto, e que também protagonizou
um excelente papel no último filme do aclamado diretor brasileiro Fernando Meirelles.
A trama de José Emanuel Carneiro, que certamente teve seu passe valorizadíssimo após Avenida Brasil,
catalisou nos internautas do Brasil um novo hábito. Hoje assistimos a telenovela diante de mais de uma tela. Esta-
mos agora com um olho na televisão e com outro no nosso smartphone, onde em tempo real vamos comentando
e lendo comentários de pessoas. As redes sociais digitais se tornam ambientes online onde depositamos legendas
com nossas opiniões sobre as programações. Os trend topics do Twitter e os comentários do Facebook se tornam
o diapasão que modela e modula os gostos da conectada audiência brasileira. Todos os dias por volta das 21hs o
termo “oi oi oi” pipocava nas timelines das redes sociais. A própria equipe do Twitter nos Estados Unidos demorou
para entender essas intrigantes publicações. Alguns até acharam, erradamente, que fosse um flash mob.
Todos nós estamos inseridos dentro uma cultura, e que foi construída durante anos. E é nesse ecossis-
tema cultural onde as emissoras de televisão se baseiam para gerar conteúdos. A TV
Globo colocou no ar “Avenida Brasil” e a recém-terminada “Cheias de Charme”, duas telenovelas que
assumidamente tentaram se conectar com públicos emergentes, ou a grande parcela da população brasileira. O
fato é que as novelas são grandes produtos culturais, e que fazem parte da educação das pessoas. Mas há quem
possa definir as telenovelas como produtos sub-culturais e que alienam ou emburrecem o telespectador. Alguns in-
telectuais inclusive esculhambam o gênero. Com o que vi em Avenida Brasil, eu evidenciei exatamente o contrário
de tudo isso. Foi sim uma verdadeira obra de arte. Parafraseando uma das maiores pensadoras de telenovelas no
Brasil, a professora Maria Aparecida Baccega, quem pensa que telenovela aliena está chamando o povo de débil
mental. Ela sempre foi extremamente educativa e de qualidade técnica altíssima. A telenovela está sempre um
passo a frente da sociedade. Ela vai além dos limites morais de grande parte da população. Vemos personagens
que representam atores-sociais de todos os estilos e todos os tipos.
5150
Todos nós, sem exceção, já usamos o Google hoje para alguma coisa. É mais que um mero site de
buscas. O Google é um universo de intenções humanas. E saber usar o Google é saber entender as intenções
humanas de compra. Um dos aspectos mais interessantes do Google é que ele pune, de certa forma, que não
sabe usá-lo de forma correta para alavancar negócios. Se eu tenho um e-Commerce de vinhos por exemplo e
decido comprar Adwords, a maiorias das pessoas geralmente vão nas palavras óbvias como: rótulo, rolha, vinho,
taça, safra, uva, etc. Já as pessoas que entendem as intenções humanas, comprariam palavras como : sedução,
romance, namoro, etc. E o Google cobra mais caro que escolha essas palavras mais previsíveis.
Mas a maioria das pessoas não clica nos resultados pagos (esses onde compramos palavras-chave).
A maioria das pessoas clica nos resultados orgânicos (aqueles não pagos), e as pessoas decidem o clique nas
primeiras páginas. Quer colocar teu site na primeira página do Google? O nome desse trabalho de otimizar sites
é SEO (do inglês, SEO search engine marketing, ou motor de buscas de marketing). O que o Google leva em
consideração em um site para deixá-lo numa boa colocação em suas buscas? Os critérios são vários. Até o tempo
de vida do site (sim, o Google gosta de sites velhinhos), até mesmo o quanto o seu endereço na URL é amigável,
além de outras variáveis como: conteúdo relevantes, quantos outros sites direcionam para o seu, usabilidade,
acessibilidade do site, entre outros vários aspectos.
O Google dá consultoria grátis para nós. Você possui um site que vende botas femininas e decide um
dia abrir lojas físicas. Vá no Google Analytics e verifique em que região do Brasil o termo “botas femininas” é mais
buscado. Quem acredita que seja São Paulo ou o Sul do país, errou feio. É no Mato Grosso onde “botas femini-
nas” é mais buscado. Imagino que a razão disso se deve a ser um Estado com um elevado número de fazendas.
Começarei a procurar pontos comerciais no Mato Grosso. Obrigado, Google.
Se eu tenho uma pousada na cidade de Itacaré, por exemplo, e o meu site aparece em primeiro lugar
no Google quando as pessoas buscam por “pousada Itacaré”, eu terei não só mais
hóspedes me ligando para reservar, como também irei gerar na cabeça de todos eles que a minha pou-
sada é a melhor de todas. Mas não necessariamente é. Minha pousada pode ser “mais uma” dentre as centenas
que existem no sul da Bahia. Mas a percepção deles é que a minha pousada é a melhor. Afinal, ela apareceu em
primeiro lugar no Google. Percepção é realidade.
O Google não é bobo. Anos atrás, comprou o YouTube e o colocou com o segundo maior site de buscas
do planeta. Vá no YouTube e digite “palestra redes sociais”. A primeiro resultado orgânico (não pago) é uma pa-
lestra desse cidadão que vos escreve. Qual a impressão que você terá de mim ao saber que minha palestra é a
primeira nessa busca do YouTube? Que eu sou o melhor do assunto! E eu não sou. Eu sou longe disso. Sou um
mero professor universitário. Mas percepção é realidade.
Qual a palavra mais buscada no Bing? Quem respondeu “Google”, acertou!
Santo Google
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O novo ecossistema digital faz com que criemos novos hábitos, novas maneiras de nos relacionar e novas
formas de habitarmos o mundo em que vivemos. Nesse sentido, usamos as redes sociais digitais para tentar cons-
truir narrativas envolventes por meio de jogos discursivos, e com isso, tentamos obter a validação de terceiros so-
bre os conteúdos (emocionais ou não) que construímos em rede. Aplicativos de geolocalização tem sido a grande
vedete desse novo, inquieto e hesitante universo online que habitamos hoje em dia. Por meio desses aplicativos,
como o Foursquare ou o Facebook, eu vou construindo essas narrativas e demarcando o território onde estou.
Afinal, o lugar onde vou comunica muito sobre quem sou, o que eu penso, como eu ajo, ou até mesmo como eu
quero que as pessoas me percebam no mundo.
O homem é um ser narcísico por natureza. Sempre foi. O ser humano adora um espelho. As pessoas
têm pré-disposição a um certo narcisismo no ambiente em rede. Fato. Evidencia-se que na maioria das vezes, as
pessoas dão check-in em lugares transados, descolados, bonitos, atraentes e que quero que as pessoas saibam
que eu estou ali. Check-in no aeroporto é legal, afinal as pessoas vão ter a percepção que sou viajado, ocupado,
entupido de milhas, um homem de negócios. Check-in na rodoviária, nem pensar! Afinal a troco de quê, eu vou
querer que meus amigos saibam que eu estou prestes a pegar um busão no, nada atraente, Terminal Rodoviário
da Barra Funda. Is not cool! Check-in no MoMa de Nova York, UAU! Demais! Além de descolado, antenado, o cara
aprecia e adoro artes, e está lá saboreando obras de Andy Warhol, Matisse, Monet e Marcel Duchamp. Agora,
dar Check-in no novo MAC (Museu de Arte Contemporânea de São Paulo) que recentemente inaugurou seu novo
endereço no belíssimo prédio que ocupava o Detran-SP, no complexo do Parque do Ibirapuera, e foi projetado por
Oscar Niemeyer, em sua época mais áurea (entre Pampulha e Brasília), melhor não, afinal, nunca foi nesse museu,
nem sabia que existia e não entendo nada daquelas malucas instalações de arte contemporânea. O local líder
de check-ins na cidade de São Paulo é o Parque do Ibirapuera, afinal é super maneiro fazer com que as pessoas
saibam que estou no maior parque da cidade fazendo exercícios físicos, malhando e desestressando um pouco.
Há quem não obedeça o status quo e dê check-in apenas em lugares não tão prestigiados assim, como
por exemplo no restaurante Ragazzo, no Habib’s, no Shopping Interlagos, no Largo 13 de Maio, nas Lojas Mari-
sa. Não apenas para compartilhar com a turma que está nesses locais, mas sim justamente para “tirar onda” da
ferramenta e agir contra a massa. Apenas 30% das pessoas compartilham seus check-ins no Facebook ou Twitter.
Os 70% dão o check-in e deixam ele apenas ao conhecimento dos amigos do Foursquare mesmo. O Facebook
logicamente está percebendo a força e o ganho de audiência exponencial do Foursquare e tem aperfeiçoado visi-
velmente a sua funcionalidade para check-ins.
Eu sou usuário assumido dessas ferramentas, pelo simples fato que estudo e pesquiso tudo isso, e
procuro enteder como essas coisas impactam as pessoas e como elas se relacionam entre si. Recentemente, eu
dei meu milésimo check-in no Foursquare, sim já cliquei no “Check-in Here!” mais de 1000 vezes. Ao dar meu
milésimo check-in, o Foursquare me mandou um email, agradecendo por tantos check-ins dados, e mandou um
código promocional, para que eu fosse no site deles e comprasse um camiseta exclusiva da rede social com um
desconto. Não pensei duas vezes, e foi lá para efetivar a compra. Comprei não somente e camiseta, mas também
um pacotinho de adesivos. Paguei cerca de 25 dolares em tudo. No entanto, o custo do Fedex para envio foi de
mais 30 dolares, e tive o azar de ter minha compra retida na Receita Federal, e fui taxado em mais 80 reais para
liberar meu produto na aduana. Bem feito! Nisso que dá ser viciado nessas coisas.
Diga-me onde dá
check-in, e eu te
direi quem és
54
Um presidente negro, com sobrenome muçulmano, que possui conta no Instagram, que matou Bin La-
den, que adora basquete e que apostou boa parte das fichas de sua campanha em mídias digitais. Esse é Barack
Hussein Obama, re-eleito o presidente da nação mais poderosa do planeta. A mensagem enviada pelo perfil @
BarackObama anunciando a vitória foi a mensagem mais retuitada de todos os tempos (veja a mensagem aqui:
http://bit.ly/Wy05fr). E a imagem que o partido democrata publicou no Facebook foi a mais curtida e compartilha-
da da história (veja aqui: http://on.fb.me/Rg2jdF). Isso mostra a potência midiática que Obama é. Paralelo isso, a
campanha do Mitt Romney também fez o que pode no mundo online para angariar votos, no entanto, ao longo do
percurso, alguns passos da campanha foram desastrosos. Como é que ninguém avisou ou como Mitt Romney não
sabe que hoje em dia todo mundo literalmente carrega um celular que filma e grava? Meses atrás, o republicano
ter sido filmado por um garçom cometendo uma gafe durante um discurso para empresários. Esse fato certamente
subtraiu votos de Romney.
Há 4 anos, Obama e o seu partido democrata adotaram em 2008 o discurso do Change (“Mudança”)
como mote da campanha. Na ocasião, o partido democrata utilizou-se do que havia de mais impactante no que
tange estratégias de comunicação de marketing político. Os eleitores foram informados via torpedo SMS que o
vice-presidente seria Joe Biden. Em videogames de basquete via-se placas publicitárias de Obama na quadra.
Ações de SEO em sites de busca (o chamado “Search Engine Optmization”) foi feito, comerciais de 30 segundos,
documentários, ações via mídias sociais como YouTube, Twitter, Aplicativos de iPhone, Facebook,e tudo mais
que uma ação convencional de marketing de uma marca de sabão em pó, por exemplo, faz para seduzir novos
consumidores, e nesse caso, eleitores. O resultado não poderia ser diferente. Obama virou o Mr. President e a
campanha de marketing que o elegeu ganhou Leão no Festival de Cannes, na categoria “Titanium” ou campanha
de marketing integrado, onde se utiliza o maior número de ferramentas do processo de comunicação de marketing
360 graus. Veja aqui o vídeo de 3 minutos que explica como foi a premiada campanha de 2008 (em inglês: http://
bit.ly/RFs0Wn).
Dessa vez, o mote era outro, se focaram no termo “Forward” (do inglês: adiante, avante, pra frente). O
desafio agora foi não somente aproveitar todos os méritos e aprendizados da aclamadíssima campanha de 2008
mas sim fazer bombar a corrida de 2012. As redes sociais agora estão ainda mais poderosas e disseminadas pelos
Estados Unidos, e o desafio foi utilizá-las a bel-prazer. O Twitter, em especial, foi muito bem utilizado pelo partido
democrata para mobilizar correligionários entre os 50 estados americanos. A quem possa interessar, siga @Bara-
ckObama e junte-se aos 22,6 milhões (até o presente momento que digito esse despretencioso texto) de seguido-
res. Assim como há 4 anos, na campanha atual tudo foi cirurgicamente calculado para a vitória de Obama. Foram
utilizadas logicamente mídias mais tradicionais para arrebanhar o eleitorado, como por exemplo rádios para chegar
às audiências do interior dos Estados Unidos. Obama fez uma inteligente divulgação junto a comunidade negra por
meio de emissoras de rádio dirigidas ao público de afro-americanos. Já Romney tentou uma variação desta ideia, e
fez algumas entrevistas em rádios de esportes, ele e sua esposa Ann. Não funcionou tão bem assim. A campanha
do republicano tentou apoiar-se em programas de rádio mais conservadores ou estações de notícias locais para
ajudar a espalhar a mensagem do candidato. Já Obama adotou um discurso eclético, falava desde cultura pop até
sobre a NBA, logicamente para se conectar com diferentes tipos de público. Obama foi o mais votado na Califórnia,
o estado mais rico dos Estados Unidos, e em outros como Nova York, Florida, Nevada e Massachusets. Já Romney
venceu em estados pouco representativos e coadjuvantes como Arizona, Texas, Tennesse, Missouri, Idaho, entre
Obama 3.0
venceu
Romney 1.0
56
outros. No gelado Alaska deu Romney, e no quente Havaí, deu Obama na cabeça.
Os aplicativos mobile para Facebook das campanhas de Obama e Romney também foram decisivos nas
estratégias online de ambos os candidatos. Por meio dos aplicativos, foi possível absorver uma grande quantidade
de informações sobre os usuários. Como é feito em muitos aplicativos no Facebook, eles reuniram os “Likes” e
com isso postavam conteúdos personalizados para os eleitores conectados. O app de Obama começava com uma
solicitação criptografada do perfil do usuário, ou seja, se ele estiver usando uma conexão sem fio pública, qualquer
pessoa com acesso poderia ver como ele estava usando o aplicativo. Como qualquer aplicativo móvel, eles têm
pequenos pedaços de código embutidos para permitir o rastreamento do usuário. Tanto Obama, como os aplica-
tivos móveis de Romney, enviavam dados do usuário para uma variedade de empresas, para veicular anúncios e
analisar o comportamento do usuário. Esses dados nos evidenciam a potência desses dispositivos hoje em dia.
Boa sorte, Obama! Que sejam 4 anos blessed!
58
No início desse ano de 2012 estive na Califórnia, e montei um SlideShare com imagens que produzi na
viagem sobre tendências de branding, marketing, varejo e consumo (aqui o link para você visualizar as fotos:
http://slidesha.re/z9749m). E nesse mês de novembro fui para Nova York, onde montei um novo material. Mais do
que nunca, a cada passo que dava pelas ruas de Manhattan, procurava entender a dinâmica daquela cidade como
um pesquisador, como um observador do consumo, tendências de branding, marketing, varejo e pessoas. É um
prato cheio para quem quer estar up-to-date o que acontece de melhor nessas áreas. Reflexos do furacão Sandy?
Não senti absolutamente nada. A cidade estava bela, linda, pulsante, intensa.
A Apple Store da quinta avenida continua muito visitada. Recentemente fez uma reforma na sua facha-
da: antes eram 90 placas de vidro cirurgicamente montadas, agora são apenas 15, mais clean, mais moderna e
arquitetonicamente mais bela. Continua aberta 24 horas por dia e 365 dias por ano. A novidade na cidade é a
recém-inaugurada loja da Apple Store na Grand Central Station, belíssima estação de trem do início do século pas-
sado. No final do mês de outubro, a Microsoft também inaugurou sua nova loja também para divulgar o Windows
8 e seu tablet, o Surface. Eu não gostei, não achei bonito, nem mesmo intuitivo. Testei durante alguns minutos.
Fui tentar digitar meu nome no super teclado imantado que funciona como capa. Não deu certo. Os vendedores
bancam ser amigáveis e não são nada espontâneos, são meio forçados, e passam uma falsa impressão de que
são descolados e geeks moderninhos. Pra mim, não conseguiram. Exatamente como a marca Microsoft tenta se
mostrar ultimamente, até por conta de sua releitura de logotipo que foi esse ano, após anos. Tenta passar uma
impressão de uma coisa que não é e, na minha percepção, tentando copiar descaradamente a proposta de valor
da Apple, eles ferem seu próprio DNA de marca.
Fui conhecer o Whole Foods Market. Trata-se de um mercado 100% orgânico (acesse o site deles e
inspire-se: http://www.wholefoodsmarket.com/). É o mercado onde Gisele Bundchen faz suas compras semanais.
Simplesmente maravilhoso. Nestlé, Unilever, Kraft Foods e Pepsico passam longe da lá. Iogurtes gregos orgâni-
cos são a sensação por lá. Inclusive em outros varejos que visitei, como a farmácia Duane Reade, só vi o tal do
iogurte grego que, pelo visto, virou febre por lá. Parece que os iogurtes convencionais estão sendo aos poucos
substituídos pelos saborosos gregos e que são mais light e gostoso do que as marcas brasileiras que encontramos
aqui, que são praticamente “danoninhos de adulto” e altamente gordurosos. A onda de vida saudável exala pela
cidade que nunca dorme, tudo é light, tudo é orgânico, anti-oxidante e com menos açúcar. Apesar do frio, muitas
pessoas praticando running pelas ruas.
Por fim, deixo aqui a marca que mais me impressionou. A nova flagship store da marca UNIQLO que
foi inaugurada recentemente no coração da quinta avenida. Anotem esse nome: UNIQULO. Vamos ouvir falar
muito dessa empresa nos próximos anos. Uma marca japonesa de moda casual, moderna e atual. O estilo é uma
mistura de GAP com H&M e com uma pitada de Zara. Em novembro de 1998, eles abriram sua primeira loja em
Tóquio, e depois foi se espalhando para as grandes cidades em todo o Japão. Em novembro de 2006, UNIQLO
abriu sua primeira flagship store no SoHo em Manhattan, Nova York. Novos estilistas se juntaram equipe da loja
para impulsionar o renascimento de conceitos de moda. Em outubro de 2011, Uniqlo abriu sua emblemática loja
na Fifth Avenue e depois na 34th Street, perto da Macy’s. Uma loja linda, ampla, moderna e hightec. Usam os
mais diversos pantones de cores para vender todas as peças de roupas. Tudo é meio pasteurizado, mas é lindo. O
posicionamento da marca é “Made for All” (ou “Feito para todos). Muito parecido com o feliz posicionamento que
Havaianas usa no Brasil (“Todo mundo usa”). A processo de venda e o portfolio de produtos é um tanto quanto
Nova York
pulsa mais do
que nunca
60
homogeneizado, assim como outras grandes do varejo de moda, mas UNIQLO leva à risca a premissa do processo
de Branding de que tudo comunica a marca, a forma como os funcionários se vestem, como eles te abordam, a
apresentação dos produtos nas araras, a cor com que eles pintam os corrimãos das escadas rolantes, absoluta-
mente tudo comunica a marca.
Acesse o meu Slide Share e divirta-se! Fique absolutamente à vontade de usar essas imagens para
saber o que acontece na capital do mundo ou logicamente para utilizar em aulas, cursos, palestras, debates.
Conhecimento só vira conhecimento a partir do momento em que se compartilha (o link está aqui: http://slidesha.
re/10I47kL). Have fun!
6362
Nunca foi tão forte o rumor que a Disney, um dos maiores impérios do entretenimento no planeta,
estivesse em franca negociação para compra do parque Hopi Hari, na região de Vinhedo em São Paulo. Há pelo
menos 3 anos, o assunto já é discutido amplamente, e um possível acordo para a compra do parque estaria para
ser concretizado a qualquer momento. Para o Hopi Hari, que nos últimos anos sofreu sérias crises de imagem de
marca, seria um alento esse suposto processo de renascimento do parque pela marca Disney. E nada melhor do
que ser substituído por uma marca tão admirada como essa, e uma das mais valiosas do mundo, segundo o último
ranking da Millward Brown.
O conceito original do Hopi Hari é fantástico. Um parque temático, com uma marca bem montada, com
funcionários bem treinados, com um idioma próprio, brinquedos sensacionais e com outros vários detalhes fun-
damentais para construção consistente de uma marca. Perfeito! No entanto, após anos de operação, em fevereiro
de 2012, o Hopi Hari sofreu uma de suas piores crises de imagem de marca. A morte da adolescente Gabriela
Nichimura, após queda do ‘La Tour Eiffel’, fez com que o parque ficasse fechado por 22 dias. O Ministério Público
denunciou 12 pessoas por homicídio culposo. Logo após o acidente, o parque permaneceu aberto, demonstrando
total despreparo diante de uma situação gravíssima como aquela. A vítima foi atendida prontamente, mas infeliz-
mente faleceu em seguida antes de chegar ao hospital em Jundiaí. O que vimos foi uma fatalidade e que impactou
de forma contundente a marca Hopi Hari. Os números de visitação do parque sofreram quedas e outros parques
como o “Beto Carrero World” em Santa Catarina receberam excelentes índices de visitação. Isso é um movimento
meio natural das pessoas, assim como alguns turistas estão preferindo outras opções de roteiros românticos em
vez de cruzeiros marítimos pelos mares mediterrâneos, em virtude do emblemático acidente marcado pelo “Vada
a bordo, cazzo”, ouvido pelo comandante Francesco Schettino do navio de cruzeiro italiano.
Uma ação simples que o Hopi Hari poderia ter adotado após a morte da menina é a retirada do brin-
quedo “La Tour Eiffel” do parque. Sob a ótica de gestão de crise de marca, a permanência do enorme brinquedo
protagonista do acidente fatal, só reacende o fato todas as vezes que se passa de carro diante no parque na
Rodovia dos Bandeirantes em São Paulo. Mas no que tange ações digitais, ou o chamado SEO reverso, foi feito.
O SEO (sigla da Search Engine Marketing) é o trabalho que se faz em um site para que ele apareça nos primeiros
resultados da busca orgânica (não-paga) do Google. E o SEO reverso é o trabalho que se faz que um resultado
específico saia das primeiras páginas do Google. No dia de hoje por exemplo, quase 1 ano depois do acidente fatal
no parque, quando se digita o termo “Hopi Hari” o Google, o resultado com a notícia relatando o incidente já está
mais na primeira página do Google.
No dia 4 de julho do ano passado também, o Hopi Hari foi condenado pela Justiça do Trabalho de Jundiaí
a pagar indenização por danos morais coletivos no valor de R$ 500 mil por submeter trabalhadores a revista íntima
e a revista de armários, bolsas e outros pertences. Em 2012 também o parque de diversões e a empresa GT Ultra-
lights foram condenados pela Justiça do Trabalho a indenizar em R$ 1,5 milhão o esquiador norte-americano Ryan
Mitchel Bergeron, por danos morais e materiais. O jovem, de 24 anos, perdeu o movimento das pernas ao bater a
cabeça e fraturar a coluna durante um show de esqui aquático promovido por grupo especializado, em 2008. Ou
seja, uma série de incidentes e que certamente trazem riscos de imagem gravíssimos a uma marca. E crises de
imagem de marcas são como manchas de óleo no oceano, algumas são mais graves, outras menos graves. Mas
o que vem acontecendo com a marca Hopi Hari nos últimos anos trata-se de uma mancha gigantesca. Incidentes
como esses deixarão uma cicatriz profunda e eterna na marca Hopi Hari e que, se não bem estancada, pode cau-
O Hopi Hari vai
virar Disney?
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sar um sangramento fatal da marca. Só o tempo e a habilidade dos gestores da marca Hopi Hari nos darão um
diagnóstico. E nada melhor nesse momento nefrálgico do que uma das marcas mais amadas do planeta possivel-
mente aterrissar em Vinhedo para que todas essas manchas de óleo sejam instantaneamente limpadas do oceano.
Para os olhos da Disney, nada mal ter um parque no Brasil, hoje a sétima economia do mundo, e a exemplo do
que eles já fizeram levando filiais da Disney para a Europa e Japão. A Copa do Mundo do Mundo e as Olímpiadas
já estão a caminho do Brasil, nos resta assistir que camarote se Mickey Mouse pretende vir também. Tomara!
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A maior farsa de todos os tempos. Um falso atleta que enganou gerações de esportistas, a opinião públi-
ca e simplesmente a Nike, uma marca reconhecida e admirada mundialmente, e uma das mais valiosas do planeta.
Lance Armstrong foi um espetáculo midiático nos últimos anos com vendas de livros, roupas, pulseiras, é hoje o
protagonista de uma dos maiores caso de doping e de “unbranding” da história, se não o maior. A Nike enxergou
em Armstrong um casamento perfeito. Sob a ótica de branding, tudo conspirava a favor. Lance Armstrong possuía
claramente atributos como superação, alta performance, conquistas, vitórias, ou seja, tudo que se encaixava como
uma luva no DNA da Nike, que também vende todos esses atributos no seu processo de comunicação de marca. A
parceria foi feita e rendeu ganhos relevantes para ambas as partes. A pulseirinha amarela virou marca registrada
de Lance Armstrong e era vendida nas lojas Nike por 1 dólar. Milhões delas foram vendidas pelo mundo afora e
estampava simbolicamente o pulso de atletas, das mais diversas modalidade esportivas, que também queriam ser
identificados como um atleta que rompe barreiras, que é bom no que pratica, que não é mais um. O fato é que
todo encanto acabou nas últimas semanas. Desde o final do ano passado, por exemplo, nas lojas da Nike em Or-
lando já se nota as araras com peças da marca Livestrong com descontos agressivos e que, até então, não eram
feitos. Na própria Nike Town, a loja de 5 andares próxima à quinta avenida em Nova Iorque, a Livestrong tem um
belíssimo espaço exclusivo para venda de seus produtos. Nike e Lance Armstrong foi um case de branding muito
bem construído e que agora desmorona diante dos olhos de todo o mundo.
O uso de celebridades-ícones é uma prática muito habitual. A atriz Michele Pfifer com a marca Lux Luxo
nos anos 80, Cindy Crawford com a marca Rolex nos anos 90, e mais recentemente Gisele Bundchen associando
sua imagem a marca como Colcci e Pantene. Elas possuem uma aura mítica, bela e sedutora sempre desejável,
afinal a beleza pode ser um prenúncio da felicidade. Uma marca quando toma a decisão de se associar a uma
celebridade está claramente assumindo riscos em nome de um calculado ganho exponencial de lembrança de
marca e que, logicamente, se reverte em vendas. Mas por menos que possa parecer, o risco sempre existe. Outros
casos similares ainda estão na lembrança da opinião pública. Nos Estados Unidos temos casos parecidos de outros
atletas que se envolveram em escândalos como OJ Simpson, Magic Johnson e mais recemente, o golfista Tiger
Woods. Aqui no Brasil mesmo temos casos emblemáticos como Ronaldo Fenômeno. Quem poderia imaginar que
Ronaldo, até então um craque-ícone de superação, que sempre foi visto com belas mulheres e maior goleador da
história das Copas, fosse supostamente se envolver em prostituição homossexual? Ninguém. Pois é, mas isso infe-
lizmente aconteceu. E certamente quando esse episódio veio à tona, as diretorias de marketing de Nike e de Am-
bev reavaliaram com muito cuidado os seus respectivos e gordos contratos publicitários com o R9. O craque agiu
rápido, foi dar explicações para Patrícia Poeta no Fantástico, além de outras ações que contiveram rapidamente a
mancha de óleo no oceano. Ronaldo conseguiu passar uma borracha em tudo. Brasileiro esquece fácil das coisas.
A prova disso é que Ronaldo foi para o Corinthians e já sabemos o resto da história. Ronaldo é hoje adorado por
todos, acabou de ser estrela do quadro “Medida Certa” do Fantástico e hoje ele é um dos embaixadores da Copa
do Mundo no Brasil.
Só o tempo nos dirá como a Nike irá se comportar diante desse escândalo com Lance Armstrong e se isso
afetará negativamente a imagem da marca. Por maior que possa ser a gravidade do ocorrido, a marca Nike perma-
nece blindada. Fica o arranhão, fica um sangramento na marca que só o tempo nos dirá quando será entancado.
Nike tem um legado consistente, possui um símbolo com fortes alicerces de marca e está acima de tudo isso. Mas
certamente Nike pensará mais de cem vezes antes de associar novamente sua marca a celebróides do esporte.
Just don’t do it
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Reinaldo Gianechinni está hoje na campanha do Banco do Brasil e do site de empregos Catho. Neymar
foi utilizado em campanhas recentes de Lupo, Nextel, Baruel Claro, Panasonic, Guaraná Antarctica, Santander, Uni-
lever, Nike e Volkswagem Gol. O âncora do CQC Marcelo Tas está com You Move, Universidade Anhembi Morumbi
e agora com Kaiser Barril, diga-se de passagem, marca de categorias absolutamente distintas. O global Luciano
Huck está em Centrum e Banco Itaú. Ivete Sangalo foi garota-propaganda de 11 campanhas: L’Oréal, Avon, TAM,
Schincariol, Giraffas, Insinuante, Governo da Bahia, Credicard Hall, Conselho Nacional de Procuradores e Tramonti-
na. Rodrigo Faro estampa as campanhas da Oral B e das câmeras Cybershot da Sony. Já Gisele Bündchen estrelou
campanhas para C&A, ONU, P&G e Sky e, curiosamente, a modelo havia liderado a lista em 2011 das celebridades
mais vistas na publicidade.
Sim, todos eles atraem consumidores para essas marcas, e com isso enchem seus bolsos com cachês
advindos dos gordos orçamentos de marketing dos anunciantes. E ao observarmos esse vasto cardápio de marcas
e as suas celebridades escolhidas a dedo, percebemos que a maioria delas escolhem nomes que simplesmente es-
tão em evidência no momento. Sendo que deveriam sim escolher pela evidência logicamente, mas principalmente
também pelo nível de conexão que a celebridade dialoga com seu respectivo público-alvo, e mais que isso, o
quanto o DNA da marca está alinhado com o DNA da celebridade. Aliás essa última variável deveria ser o principal
critério de seleção de uma celebridade para protagonizar a campanha de uma marca.
A marca-ícone Loius Vuitton, que atua no segmento de moda há décadas, nunca tinha feito campanhas
em mídias mais tradicionais. Mas no início dos anos 2000 começou a fazer... escolheu, de forma cirúrgica pessoas
como Madonna, Francis Ford Coppola e sua filha Sophia Coppola, Bono, Maradona, Zidanne, Keith Richards, Pelé,
Sean Connery, Angelina Jolie e até mesmo o ex-líder soviétivo Mikhail Gorbachev. O que todos têm em comum?
Um perfeito alinhamento de DNA com a marca francesa. Todas são pessoas ícones no que fazem, e são raramente
vistas em campanhas publicitárias. A marca de cafés especial da Nestlé, a Nespresso, também faz um trabalho
impecável nesse sentido. George Clooney é a perfeita personificação da marca. Um homem meia idade, grisalho,
charmoso, discreto, examente valor que estão presentes no DNA da boutique de cafés espressos em cápsulas.
No entanto o que observamos, de forma mais latente aqui no Brasil, são marcas se associando a artistas simples-
mente pela suposta potencia midiática que ele carrega, e não pelo perfeito alinhamento da essência de ambas as
partes.
Associar marcas a celebridade é uma prática antiga. O uso de celebridades-ícones sempre foi muito
habitual. A atriz Michele Pfifer com a marca Lux Luxo nos anos 80, Cindy Crawford com a marca Rolex nos anos
90, e mais recentemente Gisele Bundchen associando sua imagem a marca como Colcci e Pantene. Elas possuem
uma aura mítica, bela e sedutora sempre desejável, afinal a beleza pode ser um prenúncio da felicidade. Uma
marca quando toma a decisão de se associar a uma celebridade está claramente assumindo riscos em nome de
um calculado ganho exponencial de lembrança de marca e que, logicamente, se reverte em vendas.
Construção de marca é longo prazo, é consistência, é paixão aos detalhes. E não simplesmente pegar
os celebróides do momento e usá-lo como endosso para a marca. E o mais surpreendente nessa história é que,
quando uma empresa escolhe uma celebridade simplesmente pela suposta exposição que ela tem de arrebanhar
consumidores e não pela sinergia das duas partes, percebemos que não há um processo consistente de branding.
Mais que isso, há um processo de desconstrução da marca. Marca que pensa em campanha, como a maiorias das
que citamos no inicio desse texto, e não pensam em construção de marca, na verdade constroem marca sim, mas
o líder de categoria, não para elas mesmas.
Marcas e
Celebróides
7170
Twitter 7 anos:
a maturação
da Internet
Há 7 anos nascia o Twitter. O microblog que faz com que pessoas se conectem por meio de 140 carac-
teres. O Twitter é a maturação da rede mundial de computadores em seu estado mais pleno, pois faz com que
consigamos ser lidos e ouvidos por usuário que nunca imaginávamos ter contato um dia na vida. Por exemplo, eu,
um mero professor universitário brasileiro, já troquei tweets com Marc Gobé (@mgobe), o autor do “Emotional
Branding” um das maiores autoridades mundiais no assunto marca. Gobé foi quem criou as emblemáticas bolinhas
de gás no logo da Coca-Cola e foi também um dos responsáveis pela campanha Dove Real Beauty. Outro dia,
também conversei com Jennifer Aaker (@aaker), renomada autora de marca e filha de David Aaker, hoje professor
emérito da Universidade de Berkeley, e um dos primeiros autores no mundo a escrever sobre marca. Quando que
eu imaginei conversar e me conectar com esses grande pensadores? Nunca! Mas a potência midiática do Twitter
me proporciona isso hoje, e eu adoro.
A chamada era da informação é, na realidade, a era do excesso de informação. Nesse sentido, o Twitter
me cai como uma luva. Somos bombardeados hoje em dia com um volume de informação que nunca presencia-
mos, e simplesmente nosso cérebro não dá conta de absorver e decodificar tudo. Mas no Twitter, eu seleciono
(sigo) apenas aqueles perfis que fazem parte do meu interesse. E recebo o dia inteiro informações na minha time
simplesmente e exclusivamente daqueles perfis que fazem parte do meu interesse de conhecimento. E que são
diferentes dos interesses do fulano e do beltrano. Pra mim, disparado, esse é o grande diferencial do Twitter.
Mas nem tudo são flores. O Twitter fez nascer um grupo de perfis fake: pessoas que se fazem passar
por outras pessoa na tentativa de magnetizar pessoas e buscar um minuto de fama que elas nunca teriam se não
fosse dessa forma. E tudo isso, na grande maioria das vezes, à revelia das pessoas que elas personificam. Outro
comportamento condenável do Twitter são os chamados Trolls, ou seja, perfis de pessoas que gostam de criticar,
apedrejar e repudiar outros perfis (geralmente, celebridades) pelo simples prazer de ver a pessoa “sair do sério”.
Hoje, eu tenho cerca de 2.600 seguidores. Faço parte do edulcorado grupo de 1% de perfis que possuem
mais de mil seguidores. Essas pessoas de que me seguem diariamente e lêem minhas mensagens, minhas dicas
de livros, cursos, etc. Se de repente, de um dia pra noite, você não gostar mais das coisas que escrevo, simples-
mente deixe de me seguir. Esse é o grande barato do Twitter. Diferentemente da vida real, onde se desconectar
de uma pessoa pode se transformar numa tarefa não tão fácil, e que envolve às vezes até desgaste emocional. No
Twitter, isso é simples: baste aperta um botão chamado “unfollow” e pronto. Como um passe de mágina, aquela
pessoa, que talvez tenha deixado de ser relevante para vc, deixa de fazer parte de sua timeline.
Parabéns, Twitter! Que venham mais e mais anos de vida. Quer me seguir? Meu twitter é @MarcosHiller.
Mas fique sabendo não sei para onde estou indo. Obrigado.
Ondividuous
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  • 2. Marcos Hiller ONDIVÍDUOS Marcas, consumo e cena digital Biblioteca Pública de Nova York - maio de 2013. Foto de Érico Hiller.
  • 3. Projeto gráfico Lillian Vidigal e Maurício F. Santana Diagramação Maurício F. Santana | Power Black Art | Capa Lillian Vidigal | Lift Design | Revisão técnica Marcos Hiller Dedico esse livro à Teka, o meu amor.
  • 4. 6 Marcos Hiller nasceu em Belo Horizonte em 1978. Cresceu em São Paulo, onde vive até hoje. É mestre em comunicação e práticas do consumo pela ESPM, escola onde se graduou em 2001. Hoje coordena o MBA em Marketing, Consumo e Mídia Online na Trevisan Escola de Negócios, e coordena também os cursos de mídias digitais e de branding avançado na Escola São Paulo. Atuou por mais de 10 anos de terno e gravata, mais precisamente na indústria financeira. Foi Gerente de Marketing do BankBoston e Coordenador de Comunicação do Grupo Santander Brasil. Hiller é professor convidado de instituições como FIA-USP, FAAP, Business School SP e PUC/PR, e hoje viaja todo o Brasil com palestras sobre branding, redes sociais, cibercultura e demais temas inquietamente desse ecossistema digital que habitamos. hiller78@yahoo.com.br www.marcoshiller.com.br twitter.com/MarcosHiller facebook.com/Marcos.Hiller78 instagram.com/MarcosHiller
  • 5. DEPOIMENTOS PREFÁCIO INTRODUÇÃO Benvindo ao Mundo da Ficção. Facebook: uma marca de US$ 100 bilhões. Quem tem saudade do ORKUT? E um domingo qualquer da TV brasileira, queremos conteúdo sem conteúdo. Calabresa versus Veuve Clicquot. Quem sai ganhando com a decisão da Anatel? Nós, consumidores! Londres colocou o sarrafo lá cima, mas vamos dar conta do recado. O ecossistema digital. Afinal, o que é Branding? Desintoxicação digital? Ainda não! Por que amamos Avenida Brasil? Porque é uma obra de arte! Santo Google. Diga-me onde dá check-in, e eu te direi quem és. Obama 3.0 venceu Romney 1.0. Nova York pulsa mais do que nunca. O Hopi Hari vai virar Disney? Just don’t do it. Marcas e Celebróides. Twitter 7 anos: a maturação da Internet. The FACEBOOK Power. Lucia Santaella no SIMC 2013. O “reality show fitness” no Instagram. Google Glass: um debate tecnológico, mercadológico e ético. Não existe almoço gratis (muito menos likes)! Tinder: você ainda vai baixar este aplicativo. Quer entender o consumo? Estude a cultura! O protagonismo das manifestações está no social, e não no Facebook. A nova conjugação verbal das redes sociais. ARTIGOS ACADÊMICOS COMUNICAÇÃO, CONSUMO E ESPETÁCULO: um olhar debordiano para a Nova Iorque de 2012. Referências Bibliográficas. COMUNICAÇÃO, CONSUMO E CIBERESPAÇO: Convergências e simbiose na nova arena digital. Referências Bibliográficas. COMUNICAÇÃO, TECNOLOGIA E CIBERCULTURA: usos e consumos de sites de rede sociais digitais. Referências Bibliográficas. Comunicação, cibercultura e o consumo tecnológico da Apple. Referências Bibliográficas. o “reality show fitness” no aplicativo móvel Instagram. Referências Bibliográficas. Um olhar reflexivo sobre estratégias de marcas na cena digital. Referências Bibliográficas. POSFÁCIO. Sensibilidade, perspicácia e reflexão. 8 13 15 16 20 22 24 28 30 32 34 38 42 46 48 50 52 56 60 64 66 68 70 74 76 78 80 84 88 92 94 97 98 103 104 110 112 118 120 126 128 135 138 145 147 Sumário
  • 6. 1110 Bruno Mello Editor Executivo | Mundo do Marketing “Poucas empresas hoje estão trabalhando exatamente como trabalhavam há cinco anos e certamente não estarão atuando da mesma forma daqui a mais cinco. O que fazer diante desta realidade? O que você e sua empresa estão fazendo num futuro não muito distante? As respostas estão nas próximas páginas, quando Hiller dá um grande apanhado do que vivemos recentemente e nos municia de um radar para enxergar o horizonte.” André Marchesin Gonçalves Publicitário | Sócio da Yes+Emigê “Marcos Hiller está online. Sempre. 24/7. 365 dias e 6 horas/ano. Pois para conhecer o comportamento das marcas há de se viver as duas vidas intensamente. Nao só de Google (mas também) vive o homem. E como diria Odorico Paraguaçu, sem “churrumelismos puxasaquistas”, o Hiller é daquelas pessoas que se engajam de cor- po, alma e perfil do face no assunto. Não sabe quem é Odorico Paraguaçu? procura no Google...” Bruno Toledo Reitor do Centro Universitário Toledo | UniToledo em Araçatuba “O formato digital representa o presente. É contemporâneo, ecologicamente susten- tável, ajuda a democratizar e a compartilhar a informação de forma mais rápida. Sou fã desse modelo de distribuição de conteúdo que sabiamente Hiller escolheu para apresentar ao público o ecossistema digital e conduzir o webleitor a uma reflexão crítica capaz de fazê-lo entender as novas lógicas do mercado, das marcas e do consumo. ONdivíduos revela a transformação ocorrida no mundo analógico e como o comportamento do consumidor não é mais passivo, mas altamente ativo e poten- cializado frente aos recursos tecnológicos. Por ser escrita pela autoridade brasileira quando o assunto é marca, esta obra é essencial para quem quer entender o cenário digital e descobrir como agir e lidar com os ONdivíduos”. DepoimentosDesigners | Projeto gráfico Mauricio Santana Criativo-Designer | Power Black Art Desenhista Industrial por formação (Mackenzie) e Designer Gráfico por convicção (vida). No portifolio, centenas de trabalhos para a classe artística popular (teatro de rua), editoriais para a Cooperativa de Teatro, UNESP e outros mais. No mais, havendo um job urgente, pode contar. Lillian Vidigal Brand Designer | Lift Design Foi uma das pioneiras do Brand Design no Brasil. Desde 2001, está à frente da Lift Branding & Design, responsável pela criação de mais de 150 Marcas nacionais e internacionais. Prestou consultoria em Branding para o mercado de Luxo, junto à MCF, em Branding digital, com a Diretta, e em Branding Gastronômico, para a Tasty. Atualmente se dedica à democratização do Branding. “Foi uma honra ter sido chamada pelo Hiller para fazer o design desta capa. Primeiro porque ele veio se tornando um dos ‘Papas’ do Branding no Brasil. Então é claro que um convite vindo dele deixaria qualquer Brand Designer lisonjeado. Depois porque achei o título que ele criou genial! Imediatamente imaginei esta capa. E ele imediatamente escolheu esta ao ver as alternativas apresentadas. Espero que a capa, mesmo que minimalista, traduza a força e a sofisticação do conteúdo deste livro.” “Tomei conhecimento deste grande profissional que é o Hiller através do seu ex-professor, para quem cola- borei em alguns jobs em uma agência de comunicação. Participei de um workshop sobre branding e depois disso fizemos contato para que eu diagramasse este livro, e aqui estamos. É sempre bom ter contato com uma pessoa que sabe a que veio para poder compartilhar conhecimento.” “Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo.” (Paulo Freire)
  • 7. 1312 Vicente Martin (Vince Vader) Professor da ESPM onde também supervisiona o departamento de criação “O novo livro do Hiller coloca teoria acadêmica de peso com exemplos bem detalha- dos e reais. Para o leitor é uma oportunidade única de, literalmente, aliar teoria com a prática. As páginas, carregadas de boas referências, transitam em aspectos cru- ciais para entendermos minúcias da contemporaneidade e das plataformas digitais.” Marcelo Trevisani Digital Marketing, Social Media and Brand Specialist at Tecnisa “Hiller aborda com maestria temas importantes para construção e gestão da marca, consumo, era da informação e a forte conexão que impacta as nossas vidas. O ponto forte é o olhar e o posicionamento assertivo e muitas vezes polêmico, mesclado com pensamentos de grandes pesquisadores e professores para assuntos relacionados ao nosso cotidiano, indo direto ao ponto, orientando o leitor e explanando sobre a importância de não apenas refletir sobre todas as oportunidades de ter uma marca forte, trabalhando o tangível e o intagível, mas também que ela consiga gerar o real valor para as pessoas e negócios.” Karlan Muniz Professor da PUC-PR e Católica de Santa Catarina “Respire, e deixe o Marcos Hiller ser seu guia neste ambiente aparentemente hostil e maravilhoso que é o ambiente digital. Se a internet fosse uma selva que vai inva- dindo cada espaço da vida das pessoas (e não está?) não há melhor companhia que o Sr. Hiller. Ele se parece com um Jaques Cousteau do universo representado pela tecnologia da comunicação, um pesquisador e “vivenciador” capaz de absorver e se encantar com cada nova espécie, cada nova página dessa história, cada centelha de revolução embutido nas novidades que se mostram permanentes. Se topar percorrer as páginas deste conjunto de textos, vais poder viajar a diversos lugares e para a padaria aí do lado, para conversar com ele entre um gole de café e um vislumbre por dentro dessa Matrix. O Marcos é desbravador e pensador bem humorado dessa nova era. Tanto que faz o marketing e a gestão de marcas se sentirem em casa, quando você percebe que faz parte desse território. Pare de ser turista. Deixa o Hiller te empurrar pra dentro do furacão digital. Boa leitura!!” Depoimentos Igor Caitano Analista Sênior de Comunicação | Santander “Recebi o draft do livro do amigo Marcos Hiller há alguns meses, pedindo uma opi- nião. Como muitos dos textos contidos nessa coletânea já eram de meu conhecimen- to, por meio do “Blog doHiller”, não seria tarefa das mais árduas. Dono de um humor “sacana”, de tiradas mais ácidas que limão e de uma capacidade ímpar de enxergar o mundo à sua volta, Hiller consegue trazer em seus artigos um ar de conversa de bar, mas sem perder o foco nas informações e sem deixar de traçar um paralelo básico com os grandes teóricos e pensadores, até mesmo os menos conhecidos do grande público. Estudiosos ou leigos, da área da comunicação ou das ciências exatas, não importa, os temas abordados não possuem contra indicação. Pelo contrário. São um sopro de sarcasmo inteligente em um mundo em que a intelectualidade às vezes anda monótona demais! Para finalizar, respondendo à pergunta do início: ler ONdiví- duos (marcas, consumo e cena digital) para se divertir e estar muito bem informado sobre branding, redes sociais e tudo o mais!” Emerson Sanglard Regional Marketing Manager | South America l Copa Airlines “De forma absolutamente leve , mas ao mesmo tempo envolvente, o novo livro de Marcos Hiller aborda temas e casos de um novo em plena evolução sob o ponto de vista social, comportamental e tecnológico. As novas fronteiras e os desafios para organizações e respectivas marcas, que convivem em um ambiente altamente com- plexo sob o ponto de vista dos meios de comunicação e estratégias de marketing são destaque nessa obra. Esse novo mundo é retratado sob uma ótica hibrida, na qual individuos com um formação sócio-cultural analógica precisam se adaptar ao dinâmico mundo digital, no qual a concepção de tempo e espaço são cada vez mais implacáveis e não perdoam àqueles que não acompanham tal dinâmica. Leitura re- comendada para todos os profissionais de comunicação e marketing, acadêmicos e pesquisadores em geral.”
  • 8. 1514 E nada melhor que um inquieto para lidar com as modernas teorias de marketing, hoje tão volúveis, dinâmicas e absolutamente cercadas de incertezas. Há alguns anos, Kotler, Ries e cia eram portos-seguros para os aprendizes de marketing. Seus livros e palestras eram instituições consolida- das, inquestionáveis. No ambiente atual de marketing, tudo é questionável e deve ser questionado. Teses e teorias duram cada vez menos ou se reinven- tam cada vez mais. Se você tem saudades ou sente falta de teorias que são verdades absolutas, o marketing atual vai afugentar você. Agora, se você quer ser parte de discussões sempre em aberto, de incertezas deliciosas e de um dia desafiando o outro, não há melhor praça que o marketing que hoje vivemos. O tema que o Marcos coloca em discussão – e não como verdade – é um perfeito exemplo desses tempos. As redes sociais merecem análises profundas todos os dias, por todos os experts de plantão. Para o marketing, elas já foram a grande revolução, a solução de todos os problemas, a subs- tituição inequívoca da mídia tradicional e a forma consagrada de se conectar com os “mais jovens”. Mas as redes sociais já foram também uma decepção para o marketing. E o tão falado ROI em Redes Sociais, onde está? E a queda vertiginosa das ações do Facebook pós-IPO? E a hipótese de que marcas, em redes sociais, atraem essencialmente os promonautas – gente oportunista buscando uma recompensa instantânea – e não verdadeiros adeptos delas? A cada dia, surgirá uma nova visão, um novo argumento. Ao invés de se desesperar com essa volatilidade, participe dela, surfe junto. Os “ONdivíduos”, feliz expressão criada pelo Marcos, é uma forte tese nesse marketing em eterna e gostosa crise existencial. Ao conectar- mo-nos freneticamente, estamos nos conectando ou nos desconectando? Seriam as redes sociais apenas uma forma “pro-forma” de se conectar, já que o investimento emocional e físico é baixo quando comparamos um click de “parabéns” a pegar o carro, cruzar a cidade e dar um abraço verdadeiro no aniversariante, com uma boa e longa conversa? Será que a “rede” social não é, na verdade, o lugar em que preguiçosos sociais gostam de se balançar e descansar? O inquieto Marcos e sua tese são perfeitas para que nós, marque- teiros, continuemos a desfrutar do desconforto sobre as teorias atuais de marketing. Vale a pena a minha marca ingressar nas redes sociais quando de fato o público está absolutamente ensimesmado e não aberto a verdadeiras conexões? Mas será que a minha marca pode ficar de fora desse ambiente? Quem souber a resposta, não terá entendido o que é o marketing hoje. O Marcos Hiller é um inquieto Prefácio Ricardo Sapiro Sócio Diretor da Touch Branding Foi Vice-Presidente Regional de Laundry da Unilever e um dos responsáveis pelo posicionamento “Omo, porque se sujar faz bem”
  • 9. 1716 Obrigado por fazer o download do meu livro. Espero que ele lhe seja útil de alguma forma. Conhecimento só vira conhecimento a partir do momento em que se compartilha. E é o que estou fazendo aqui. Compartilhando minhas ideias e de forma gratuita. Esse livro está sendo disponibilidade grátis na rede. Lancei BRANDING: A ARTE DE CONSTRUIR MARCA, meu pri- meiro livro, em setembro de 2012 na Livraria Cultura em São Paulo. Uma noite especial. Um momento inesquecível de minha vida. E agora você tem em mãos, ou melhor, na tela do seu tablet, laptop ou smar- tphone o meu segundo livro. Hoje é assim que uma boa parcela de pessoas lêem. Escrevi esse livro pensando nisso. É o início do fim dos livros físicos de papel? Odeio profecias e futurologistas de plantão, rs... mas eu acho que sim. A leitura não vai morrer nunca. Mas pra mim, os livros de papel respiram por aparelhos. Livro de papel pesa na mochila e dói as costas. Livro de papel pega fogo. Livro de papel ocupa espaço físico. E o livro digital não pesa, não dói e ocupa apenas nosso cada vez mais espaçoso HD. Espero que esse meu livro contribua para uma eutanásia dos livros físicos. Esse neologismo ONdíviduos nasceu sem querer. Estava eu um dia escrevendo um texto qualquer, quando, de repente, tive um mero erro de digitação. Não foi nada de mero. Fui escrever a palavra “indivíduo” e quando vi saiu “ondivíduos”. Para minha surpresa, antes sair pressionando o back space, parei e pensei: opa! temos algo aqui. São os ONindíviduos. Essa pessoa cada mais conectada, cada vez mais ON e, ao mesmo tempo, cada vez mais conectada, mais ligada, mais online. Mais que um novo termo que criei (sem querer querendo), os ONdivíduos são esses novos personagens advindos de uma cultura di- gital cada vez mais presente, viva, intensa e urgente. Ao longo desse livro, eu penso sobre muitas coisas. Trago textos que escrevi ao longo dos últimos meses sobre os mais diversos temas desse inquietante ecossistema digital que habitamos. Boa leitura! E depois me mande um email dizendo o que você achou. Aliás, email não, email é uma coisa muito oldfashioned. Me man- de um inbox no meu Facebook, ou um Tweet. Introdução
  • 10. 1918 Em 1964, o visionário professor Marshall McLuhan disse que “na espaçonave Terra, não há passageiros, somos todos tripulação”. Impressionante a nitidez da fala do pesquisador canadense, que estaria com um século de vida esse ano, em trazer uma visão tão lúcida e contemporânea como essa já na década de 60. E essa célebre frase de McLuhan traduz de forma muito pertinente esse verdadeiro universo de ficção científica que vivemos hoje. Não somos meros passageiros passivos e olhando pela janelinha dessa imensa espaçonave, mas sim seres humanos altamente participativos, prontos para performar, e modulando o tempo todo a cena em que estamos inseridos. Vivemos hoje em um mundo conectado, mas norteado pela constante interrupção. Ao mesmo tempo que estamos hiperconectados, somos interrompidos o tempo todo por toques, notificações, pop-ups sirenes e alarmes. Estamos em um mundo veloz, sintético e ansioso, regido por 140 caracteres. Se concentrar por mais de 20 minutos em uma única atividade é tarefa para poucos. Os jovens, ou nativos digitais, só conseguem ser criati- vos com 17 abas abertas em suas telas, com a TV ligada, atirando passarinhos com um estilingue e com iPod no ouvido para nossa alegria. Nós nascemos em uma era analógica e estamos migrando para uma era digital, e eles já nasceram dentro do processo digital. Estamos entrando de forma contundente numa nova cultura do espetáculo, em uma nova configuração da economia, sociedade, política e vida cotidiana, que envolve novas formas culturais e de novos modelos de experiência. “A chamada era da informação é, na realidade, a era do excesso de informação”, disse com muita serenidade Paulo Vaz, pesquisador da UFRJ, há 10 anos. Nosso cérebro e nossa cognição simplesmente não dão conta de tamanho volume de informação que nos tenta impactar por dia. Por exemplo, um exemplar da edição de domingo do The New York Times contém mais informação do que a absorvida ao longo da vida por um indivíduo culto no século XVIII. Vive-se hoje em um universo hiperconectado, onde as máquinas falam e os homens se comunicam por meio de próteses artificiais. As novas gerações incorporam plenamente essas tecnologias e as colam ao corpo como um elemento a mais de suas roupas: calças, jaquetas e mochilas são fabricados com lugar para o celular. A moda faz com que a corporabilidade abrigue as tecnologias. Quando chego diante da porta de um shopping e ela se abre sozinha, ou quando abro meu carro como o botãozinho e o bip do chaveiro, não é o chaveiro que está abrindo a porta, é meu corpo, é uma extensão do meu braço, como se eu fosse Anakin Skywalker, provido de uma força sobrenatural. Benvindo à era do YouTube, a canal de televisão mundial. O Twitter é a maturação da internet e posso me conectar e ser ouvido por qualquer pessoa do planeta. Estamos o tempo todo diante de telas, de painéis, de tecnologias touch-screen, e entramos no epicentro da era do consumo simbólico. Quando as pessoas adquirem um iPhone, por exemplo, estão não apenas comprando um aparato tecnológico, como também vivenciando certo estilo de vida (digital) e se inscrevendo num imaginário tecnológico que enfatiza as ideias de inovação, elegância e distinção econômica, diz com muita sabedoria o pesquisador Erick Felinto da UERJ. As pessoas, nessa sociedade intensa e paradoxal, buscam uma fixação narcísica por meio das redes sociais, e as marcas também procuram adotar jogos discursivos sedutores nesses novos e envolventes espaços digitais, dizia também McLuhan há 50 anos. E com a explosão das redes sociais, fenômenos desse século, vemos essa sábia frase de McLuhan cristalizada de forma sublime. Esses novos ambientes virtuais são baseados em plataformas digitais e dispositivos interativos móveis de compartilhamento de arquivos e informações, é são um Benvindo ao mundo da ficção científica.
  • 11. 20 exemplo muito claro dessa condição social-histórica imprecisa, hesitante e incompleta, complementa Felinto. Já Sherry Turkle, uma brilhante cientista do MIT, diz que com muita pertinência que nós estamos “always on”. E quando estamos conectados, estamos na verdade, negando uma certa solidão. Se estou sozinho em casa logado no meu Facebook, eu não estou mais sozinho, estou fazendo parte da vida de outra centena de pessoas e de forma muito íntima. A tecnologia ao mesmo tempo que nos aproxima de pessoas queridas, nos distancia delas. Outro grande pensador contemporâneo, o argentino Nestór Garcia Canclini diz que “chega-se a fenômenos de autismo e desconexão social, devido às pessoas preferirem antes ficar na frente da tela do que relacionar-se com interlocutores em lugares fisicamente localizados”. O fato de eu estar conectado o tempo todo não significa que estou interagindo o tempo todo. E nesse universo, muito mais importante do que estarmos simplesmente presentes nas atraentes e viciantes redes sociais, é preciso saber o que fazer lá, saber estar presente de forma relevante e coerente. Vive-se em um mundo de histórias que se iniciam e não finalizam, cada vez mais interligado por inter- câmbios de ordem mercadológica. Todo mundo praticamente está ocupado all the time fazendo business com tudo: diversão, conhecimento, avatares, casamento, sexualidade, estética, reprodução, saúde, beleza, identidade, ideias. As pessoas se tornam um verdadeiro empreendimento comercial nesse novo contexto que vivemos, e com a cauda longa de Chris Anderson mais forte do que nunca. As sociedades vivem hoje um processo de reorgani- zação, sobretudo no âmbito cultural, social, econômico e político, e fica muito evidente como esses fenômenos tecnológicos, como e explosão de redes sem fio, por exemplo, acelera a dinâmica das relações, onde posso postar tudo que eu quiser, onde eu quiser e na hora que quiser. Não queremos mais estar sucumbidos na impessoalidade massa, pois agora quero estar conectado apenas com pessoas e marcas que ajam como eu ajo. Benvindo! Estamos inseridos no chamado Turbocapitalismo, uma saborosa mistura de Blade Runner, com 2 xícaras de Segredo do Abismo, 3 colheres de Avatar, e uma pitada de Matrix. May the force be with us!
  • 12. 2322 Sinal dos tempos. Há apenas oito anos em um simples dormitório da Universidade de Harvard nascia uma marca que vale hoje U$$ 100 bilhões, se tornando o segundo maior IPO na história dos EUA. A estreia do Facebook dominou o Vale do Silício e Wall Street nas últimas semanas, já que a empresa e os mercados financeiros se preparavam para o IPO mais esperado desde o Google Inc. em 2004. As ações da empresa de Mark Zuckerberg foram abertas à US$ 42 na manhã dessa sexta-feira, quase 11% a mais da oferta pública inicial de US$ 38. Nesse sentido, o Facebook foi avaliado inicialmente em cerca de US$ 115 bilhões, mas as ações da empresa começaram a cair logo depois, comprovando que o natural hype do preço de oferta é apenas um ponto de partida. Outras grande empresas da arena online também sofreram tur- bulências significativos em sua estreia: LinkedIn, o primeiro a ir a público, quase duplicou o seu preço de oferta inicial, abrindo em US$ 83 por ação. Já o Groupon saltou 27% na sua oferta de abertura, a US$ 28 por ação. Mas o fato é que o valor do IPO do Facebook ficou mesmo em torno dos US$ 100 bilhões, não pelo fato do Facebook realmente valer esta quantia, mas por causa dos mecanismos de IPO. O Facebook não será para sempre avaliado com esse valor astronômico. No longo prazo, os preços das ações tendem a voltar ao valor fundamental, assim que o mercado for assentando e se acomodando. Funcionou assim por diversas vezes ao longo da última década. Mas o hype dos US$ 100 bi surpreendeu todo mundo, e vamos acompanhar de que forma o barômetro dos mercados vão sentir essa dinâmica. Quase 1 bilhão de terráqueos usam o Facebook todos os dias. Sherry Turkle, uma brilhante cientista do MIT, diz com muita pertinência que nesses novos ambientes virtuais, como o Facebook, nós ficamos “always on”. E quando estamos conectados, estamos na verdade, negando uma certa solidão. Se estou sozinho em casa logado no meu Facebook, eu não estou mais sozinho, estou fazendo parte da vida de outra centena de pessoas e de forma muito íntima. Outro grande pensador contemporâneo, o argentino Nestór Garcia Canclini diz que com as redes sociais “chega-se a fenômenos de autismo e desconexão social, devido às pessoas preferirem antes ficar na frente da tela do que relacionar-se com interlocutores em lugares fisicamente localizados”. O fato de eu estar conectado o tempo todo não significa que estou interagindo o tempo todo. E nesse universo, muito mais impor- tante do que estarmos simplesmente presentes nas atraentes e viciantes redes sociais, é preciso saber o que fazer lá, saber estar presente de forma relevante e coerente. As pessoas, nessa sociedade intensa e paradoxal, buscam uma fixação narcísica por meio das redes sociais como o Facebook, e os anunciantes (exceto a GM) também pro- curam adotar jogos discursivos sedutores nesses novos e envolventes espaços digitais. Enquanto isso, o fundador do Facebook, Mark Zuckerberg tocou o sino de abertura da Nasdaq sede da companhia em Menlo Park, Califórnia. Facebook: uma marca de US$ 100 bilhões.
  • 13. 2524 O Brasil adora as redes sociais. Estamos no top five dos países que mais usam Twitter, Facebook e Orkut no mundo. No entanto passamos pra lá do 100º lugar quando falamos de percentual de usuários diante do número total da população. É claro, a Internet no Brasil ainda é muito cara e muito lenta, e certamente demorará ainda para ser usada pelas empresas como mídias de massa. A televisão, jornais e revistas ainda são as mídias que dominam nosso mercado publicitário. Por volta de 2005 eu entrei no Orkut, aquela nova rede social que nos viciamos rapidamente e que nos magnetizava para ir em busca de reencontrar amigos, bisbilhotar vidas alheias e praticar nascisismo nos nossos álbuns e perfis. O Orkut era muito legal, a gente criava comunidades, interagia muito nas comunidades existentes, fuçava os scraps (praticamente uma caixa pública de emails que possuíamos). O Orkut nos ensinou a brincar de rede social e a modular nosso comportamento nesses novos ambientes virtuais. Quem nunca passou por alguma saia justa no Orkut que atire a primeira pedra. Há alguns anos eu estive em uma palestra que Orkut Büyükkokten, o criador da rede, foi ministrar na USP. Logicamente ele faz questão de pisar em solo brasileiro sempre quando pode, afinal o Brasil ainda era o maior usuário de Orkut no planeta. Logo no começo da palestra ele deu a mão à palmatória que disse que não pensou como ganhar como publicidade com aquele negócio. Criou a rede apenas para se conectar com amigos, e anos depois que foi pensar como capitalizar em cima daquilo, criou banners, links patrocinados, etc. A parte mais di- vertida da palestra foi quando ele começou a apresentar as correlações de comunidades. Disse que 80% das pes- soas que estavam comunidade “amo sushi”” também estavam na comunidade “amo fotografia”, concluindo que pessoas que tiravam foto gostavam também de comida japonesa. Mostrou também que 90% das mulheres que estavam na comunidade “sofro de TPM” também estavam na “amo chocolate”, comprovando uma correlação que já sabemos há anos que faz todo sentido. E por fim mostrou que caso a foto principal estive com a pessoa “sem camisa”, a probabilidade dele ser do Brasil era de 90%. A plateia caía na gargalhada e o Sr. Orkut não entendia aquela suposta fixação por nós brasileiros gostarmos de posar sem camisa para fotos. Aliás ele sempre fornece o email dele que é muito fácil orkut@google.com. O Orkut perde usuários de forma significativa todos os meses. E a principal hipótese é meio obvia: todos estão ao poucos migrando para o Facebook, essa genial rede social usada por quase 1 bilhão de terráqueos. Mas o Orkut ainda é muito forte. Mas como assim que a grande parte de meus amigos só usa Facebook? Pois é, temos o hábito de usarmos como referência e nos balizarmos por nossos amigos mais próximos. O Brasil é muito grande, temos vários Brasis dentro do Brasil. Temos diversos São Paulos dentro de São Paulo. Recentemente perguntei para uma turma de alunos de uma faculdade que leciono no centro de São Paulo. Perguntei se alguém ainda usava Orkut. Cerca de meia dúzia levantaram a mão, e eu questionei por que não usavam o Facebook. E a resposta veio na lata: “ah não professor, acho o Facebook muito chique”. Mas o rede de Mark Zuckerberg veio pra ficar, cresce cada vez mais no Brasil e alguns institutos de pesquisa já colocam que o Orkut foi ultrapassado pelo Facebook. Ali podemos ser nós mesmos, expor nossas opiniões, sem as exigências do relacionamento pessoal. Para dar parabéns para amigos no Facebook é muito mais cômodo: eu escrevo uma mensagem padrão como “parabéns e felicidades”, copio e vou colando nos murais de meus amigos aniversariantes. Mais conveniente e mais barato do que ligar para a pessoa e desejar tudo de bom. Seja saudosista. Ressuscite do orkuticídio que você cometeu e comece a postar tudo lá de novo. O Orkut mudou e está com um visual muito mais moderno. Até o aplicativo para iPhone disponível na app store está mais bacana e intuitivo. Quem tem saudade do ORKUT?
  • 14. 2726 Viva o controle remoto, essa extensão de nosso braço que nos dá um poder de filtrar os mais diversos conteúdos e selecionar aqueles que melhor se conectam ao nosso intelecto e ao nosso interesse. E no final do dia de um domingo qualquer, onde já estamos com a cabeça querendo concentrar para mais uma semana de trabalho, não queremos conteúdo complexo, queremos pedir uma pizza de bairro e sermos impactados por conteúdo sim- ples, temas lúdicos, que nos faça rir, que não exija muito de nós e que minimamente nos atualize para as principais conversas do escritório no dia seguinte. E hoje ficamos zapeando de canal em canal, e com nosso smartphone na mão, onde em tempo real vamos comentando e lendo comentários de pessoas. As redes sociais se tornam am- bientes onde depositamos legendas com nossas opiniões sobre as programações. Os trend topics do Twitter e os comentários do Facebook se tornam o diapasão que modela e modula os gostos da conectada audiência brasileira. Vivemos a Cultura do Espetáculo! No final da tarde desse último domingo em especial, o midiático Fausto Silva mostrava suas velhas vídeos cassetadas, assim como faz há décadas. Logo depois, na Rede TV, mais uma edição do Saturday Night Live (em um domingo à noite?), o novo programa de Rafinha Bastos com todas as suas cotas de patrocínio vendidas e que não vê a audiência decolar. Enquanto isso, o Pânico na TV da Band, ancorava sua pauta do programa ressuscitando o personagem Clô (interpretado por Ceará) que visitou uma exposição do falecido Clodovil Hernandez. Logo em seguida, também na Rede TV, mais um episódio do novo programa do Dr. Rey, onde o pitoresco cirurgião de Beverly Hills, fica analisando mulheres como se fossem mercadorias em uma prateleira. Já o Fantástico trazia à tona o caso de uma moça que desejava congelar o corpo do pai falecido, e lo- gicamente trazia mais desdobramentos do midiático caso Yoki. O grisalho oldfashioned Silvio Santos reprisava pe- gadinhas com Ivo Holanda da década de 90, e em seguida passava o bastão para Marília Gabriela que entrevistou as irmãs gêmeas do nado sincronizado. Para o mais intelectuais, e cerca de 20% da população que possui TV por assinatura em casa, há conteúdo “mais cabeça”: sintonize na Globo News para assistir ao Manhattan Connection com o âncora Lucas Mendes e sua bancada nova-iorquina que discute política, economia e cultura. Pra variar, o mal-humorado Diogo Mainardi não economizava críticas ao monstro do cinema Ridley Scott. É muito fácil ouvir comentários das pessoas que a programação dominical da televisão brasileira é de péssimo nível, que aquilo é subcultura, que entorpece a população, que a noite do último domingo em especial reuniu conteúdo de baixíssima qualidade, etc. Mas podemos analisar todo esse conteúdo que nos foi despejado pelas emissoras como o simples retrato do que nós assistimos, decodificamos e nos entretemos. A cultura, ou o acervo de conhecimento das pessoas, é que ajuda a modular o processo de recepção de todo esse conteúdo. To- dos nós estamos inseridos dentro uma cultura, e que foi construída durante anos. E é nesse ecossistema cultural onde as emissoras de televisão se baseiam para gerar conteúdos. A própria TV Globo está no ar com “Avenida Bra- sil” e “Cheias de Charme”, duas telenovelas que estão claramente tentando se conectar com públicos emergentes, ou a grande parcela da população brasileira. O fato é que as novelas são grandes produtos culturais, que fazem parte da educação das pessoas. Algumas delas são verdadeiras obras de arte. Nessa semana, a Globo deposita fichas no remake de Gabriela, dessa vez interpretada por Juliana Paes (#eunãovouassistirgabriela). Os anunciantes e agências logicamente não sou neutros quando discutem o poder dos meios de co- municação. Em evento recente sobre integração de mídias que aconteceu em São Paulo, diversos profissionais debateram como a TV, mídias sociais, entre outras, poderiam coexistir de forma integrada e aproveitando o que cada uma tem de melhor. Em dado momento do evento, após diretores de criação de grandes agências mostrarem cases belíssimos sobre mídias sociais, tomou a fala Ricardo Esturaro, o diretor de planejamento de marketing da E um domingo qualquer da TV brasileira, queremos conteúdo sem conteúdo.
  • 15. 28 TV Globo. Ele mostrou dados para justificar que ainda demorará um bocado para as chamadas redes sociais serem usada como mídia de massa. Ele mostrou que 47% dos brasileiros lêem somente o básico, 21% são analfabetos rudimentares, 7% são analfabetos e apenas 25%, ou ¼ de nossa população são alfabetizados plenos, ou seja, que compreendem e interpretam textos. E disse que a TV atinge 100% dos lares do Brasil e as novelas da Globo têm alcance de 158 milhões de lares. Não é à toa que a disparada parcela dos orçamentos de marketing das empresas ainda vão para essas mídias de massa como TV e revistas. Mídias digitais recebem cerca de míseros 10% das verbas das empresas. O modelo de remuneração das agências de publicidade no Brasil ainda privilegia essas mí- dias de maior alcance. Mesmo porque, cerca de 40% do faturamento de médias e grandes agências no Brasil hoje vêm do chamado bônus de veiculação. É esse o cenário midiático da TV brasileira e que impacta milhões de lares brasileiros. Queremos con- teúdo sem conteúdo. Queremos nos entreter com conteúdo leve, tolo e que não exija muito de nosso intelecto. Afinal, é o que se encaixa melhor no nosso repertório.
  • 16. 3130 Calabresa versus Veuve Clicquot Nesse último final de semana fui testemunha ocular de dois simbólicos centros de consumo da cidade de São Paulo. No sábado estive no Shopping Metrô Itaquera, um enorme centro de consumo popular acoplado a es- tação de metrô Corinthians-Itaquera, no extremo da Zona Leste e pertinho do estádio que sediará a Copa de 2014. Nos corredores do shopping Itaquera, o baile do consumo acontecia de maneira fervorosa. Lojas cheias, famílias andando pra lá e pra cá. Eu não resisti e tive que passar por uma experiência de compra naquele local. Precisava comprar um ferro de passar roupa. Não hesitei e fui até as Casas Bahia. A vendedora super simpática, sem parecer pegajosa e sem aquele discurso enlatado que vemos em 90% das lojas de shopping. Acabei com- prando aquele modelo clássico da Black & Decker. Fiquei realmente impressionado a forma como me tratou, de uma forma simples, porém amistosa. De uma forma espontânea, mas direta e focando na conclusão da venda. Saindo do império do consumo de Samuel Klein, continuei passeando pelos amplos e lotados corredores. Tomei meu mate com leite no Rei do Mate. Continuei andando. Deparei-me com uma loja na Adidas Outlet, onde saí de lá com um par de meias por R$ 4,63. Isso sim é preço de outlet de verdade. Passando pela enorme praça de alimentação, edulcorada por marcas como Giraffas, McDonald’s e Vivenda do Camarão, vejo dois amigos, com penteados e indumentárias no melhor estilo Neymar, e sentados numa mesa da praça com uma garrafa de Jack Daniel’s. Sim, eles estavam sentados numa praça de shopping tomando uísque caubói. Cena pitoresca. Estava adorando aquilo. Entrei na loja do Hipermercado Extra para passear e observar. Logo na entrada da loja, uma promotora me aborda com uma bandeja cheia de calabresa fatiada recém-assada. Ela estava demonstrando o novo micro-ondas Brastemp que acabara de assar a calabresa fatiada. Ela me ofereceu e não aceitei, enquanto outros fregueses iam pegando seus palitinhos e espetando nas finas fatias de calabresa. Achei aquilo o máximo! Na saída do shopping, uma série de quiosques instalados no caminho para o Metrô. Pequenas lojas da Gol Linhas Aéres, da Subway, do Chopp Brahma, entre outros tantos. Era um cardápio de marcas visivelmente interessadas em arrebanhar aqueles ávidos e cada vez mais poderosos consumidores emergentes. No dia seguinte, fui o conhecer o finalmente recém-inaugurado Shopping Iguatemi JK. É o novo epicen- tro do consumo de luxo da cidade de São Paulo. Após tanta polêmica de alvarás de abre-não-abre, ele foi aberto e pra mim, toda esse impasse, só magnetizará ainda mais consumidores para o novo reino de consumo da família Jerreissati. O extremo cuidado com detalhes já é percebido nos primeiros passos dentro do shopping. O piso intei- ro branco e cirurgicamente asseado recebe os consumidores. Todos caminham e olhando com ar de vislumbre e de novidade para as vitrines. A rede wi-fi aberta, rápida e grátis para todos darem seus check-ins e legitimarem suas presenças ali juntos aos seus amigos do Facebook e Twitter. As marcas estavam todas ali, lindas, maravilhosas, lustradas. Tinha Bvlgari, TopShop, Etiqueta Negra, Zara Home, Dolce & Gabbana, Sephora e tanta outras marcas globais que aterrisavam ali e se tornavam locais para nós. Em uma das lojas, era servida Champanhe Veuve Clic- quot para seus clientes. Na hora, lembrei da Calabresa do dia anterior. Está com fome? Você tanto pode ir no Burger King na linda praça de alimentação, como pode ir saborear a carne do Varanha, a preferida do Boni. Eu almocei no mediterrâneo Ráscal com seu vasto e saborossísimo buffet à módicos R$ 58 reais per capita. E depois tomei meu café de R$ 4,20 na sorveteria argentina Freddo. Saindo de lá, peguei o trem na Margin Marginal e voltei pra casa. Viva o consumo na sexta economia do planeta. Vamos às compras?
  • 17. 3332 Dia histórico para nós consumidores. A Anatel tomou a decisão de suspender a venda a partir de segun- da-feira (23 de julho de 2013) de novas linhas de três das maiores operadoras de telefonia móvel do país: TIM, Oi e Claro (que somadas, detêm 70% do mercado). A Anatel tomou a decisão após avaliar dados das três empresas pelos últimos meses e um dos mais recorrentes problemas é que as chamadas são interrompidas no meio da liga- ção. Logicamente, a medida da Anatel fez as ações das empresas despencarem na Bolsa. A medida já havia sido adotada contra a Telefônica no passado, mas esta é a primeira vez que a agência suspende as vendas de três operadoras de uma só vez. A nossa torcida é que essa medida da Anatel sirva não somente para que as operadoras suem a camisa em entregar um serviço à altura do que pagamos, mas também que seja um momento de reflexão. Todos nós (sem exceção) iremos passar por algum tipo de aborrecimento na condição de consumidor no dia de hoje, seja no banco, na cafeteria, na padaria, no aeroporto, no cartório, na lavanderia, etc. Legalmente falando, o consumidor pode ter inúmeros direitos e munições para se proteger, no entanto, no frigir dos ovos do dia-a-dia, o consumidor sempre pendia para o lado mais fraco da corda. Mas hoje nós vencemos. O momento é histórico, é de celebração. O editor da aclamada revista americana Wired, Chris Anderson, criador do brilhante conceito da cauda longa, escreveu anos atrás o livro intitulado FREE, que trata da evolução nos modelos de negócios e geração de receita na era digital, e fala que em um futuro próximo tudo tende a um custo zero para o consumidor. E é bem isso que estamos observando acontecer. Em inúmeros locais que estamos hoje em dia já encontramos sinal de internet wi-fi, ou seja, precisamos cada vez menos dos caríssimos e lentos pacotes de dados das operadoras para navegar. Hoje eu tenho, por exemplo, aplicativos no meu iPhone com o Viber, o Skype ou o Whatssup, todos eles permitem que eu fale com meus amigos simplesmente de graça, tudo por meio da internet. As operadoras que não bobas, e eu já perceberam que tudo realmente tende a custo zero para o consumidor, já estão investindo em telefonia fixa e até canais de TV por assinatura. Quer conhecer mais esse conceito do custo zero? Logicamente, o livro FREE do lúcido Chris Anderson está disponível gratuitamente na web. Baixe e leia! A Vivo, que não teve suas vendas suspensas, deve não somente celebrar a decisão, mas também poderia aproveitar para fazer um chamado anúncio de oportunidade. Eu sugiro aqui a chamada da campanha: “Ei consu- midor, venha pra Vivo! Ou você prefere ir para as outras que a Anatel suspendeu vendas pela má qualidade de serviço.” Fica a dica para os gerentes de marketing da Vivo que, certamente, não deixarão passar desapercebido essa decisão histórica da Anatel. A promessa é que na Copa das Confederações no ano que vem, já tenhamos a internet 4G disponível nas cidades que receberão jogos. Ora, eles precisam primeiro fazer a lição de casa, fazer funcionar muito bem o 3G para depois pensar em avanços tecnológicos. Que essa pertinente e merecida decisão da Anatel sirva de alerta para empresas de outros segmentos como bancos, TVs por assinatura, planos de saúde, etc. pensem duas vezes antes de não entregarem o que prometem. Quem sai ganhando com a decisão da Anatel? Nós, consumidores!
  • 18. 3534 As duas semanas rápidas e intensas dos Jogos Olímpicos de Londres se foram. O que fica na nossa me- mória são os momentos inesquecíveis, as performances de Usain Bolt, as medalhas de ouro do Brasil, as nossas pratas doloridas, entre outros inúmeros momentos que nos emocionaram. Agora a bola está com o Brasil, melhor ainda, a tocha está com o Rio de Janeiro. E olha que a responsabilidade se tornou ainda maior, pois Londres elevou a barra, colocou o sarrafo lá em cima mostrando nos jogos e nas cerimônias de abertura e de encerramento toda a magia, elegância e seriedade dos ingleses. Justo eles, que são simbolizados pelo mundo com um povo meio frio, com uma gastronomia pouco convincente e um céu sempre nublado. O que vimos nessas últimas suas semanas não foi nada disso, muito pelo contrário, por meio de performances de The Who, Paul McCartney, Annie Lennox, eles mostraram ao planeta o quanto rica é a cultura pop da Grã-Bretanha. E deram show também no quadro de medalhas (terminaram em terceiro). Agora cabem aos brasileiros e cariocas provarem que saberão fazer bonito também, pois o céu aqui é de brigadeiro, o povo é alegre e a gastronomia tem torresmo e cerveja trincando no copo americano. Quando Edu- ardo Paes ontem recebeu a bandeira olímpica, os comentários dos brasileiros no Twitter eram norteados por um certo frio na barriga, um sensação de medo de não fazer bem feito. Isso era refletido nos comentários em redes sociais. Um corrente de pessoas dizia que o Brasil seria bem esteriotipado no Rio 2016 por meio de cenografias de favelas, tucanos e araras voando pelo estádio olímpico, ao som de Michel Teló e mulatas sambando. E o gostoso couvert que vimos ontem mostrou ao o Rio é algo a mais que apenas isso. A própria escolha do gari Renato Sorri- so para abrir o “aperitivo” do Rio 2016 ontem já baixou a guarda dos críticos de plantão. O gari deu a largada na parte verde-amarela da festa e “ensinou” um gringo a dançar no palco. De forma sublime, ele simboliza impecavelmente o Brasil e o Rio de Janeiro. Um homem do povo, negro, trabalhador, com um espontâneo sorriso no rosto e com samba no pé. Logo depois nada de Ivete Sangalo, Daniela Mercury ou Claudinha Leitte, vimos Marisa Monte entrando no palco representando Iemanjá e interpretando um trecho da Bachiana número 5, do genial Villa Lobos. Os povos indígenas brasileiros também foram lembrados, com tambores e ciber-dançarinos espalhados pelo palco. Em seguida BNegão, da banda Black Alien, representou o Maracatu Atômico de Chico Science, e com a participação da bela Alessandra Ambrósio. Seu Jorge pegou o bastão do revezamento e interpretou “Nem vem que não tem”, letra de Carlos Imperial imortalizada na voz de Wilson Si- monal. Para fechar com chave de ouro, o atleta do século Pelé distribuía abraços, enquanto Marisa Monte cantava com seu Jorge “Aquele abraço”, de Gilberto Gil. Depois do que vimos ontem, se algum atleta brasileiro ainda estava na dúvida se tentaria ou não os jogos olímpicos Rio 2016, as dúvidas não existem mais. Todo mundo vai querer fazer parte dessa festa. A marca Brasil não poderia ter sido melhor representada do que ontem. Em recente pesquisa feita, perguntaram para di- versas pessoas do resto do mundo uma palavra que representasse o Brasil, e logicamente a palavra que venceu foi: alegria. O que vimos ontem foi um gostinho de nossa cultura e o que o Brasil tem de melhor. Temos inúmeros defeitos, mas nossas virtudes falaram mais alto. Falem o que quiser, mas esse é o Brasil que temos para mostrar. E quem não arrepiou ontem, que atire a primeira pedra. Londres colocou o sarrafo lá cima, mas vamos dar conta do recado.
  • 19. 3736 Eu moro sozinho. Mas quando chego em casa todas às noites, vou comer alguma coisa, ligo minha tele- visão e faço log in no meu Facebook. Com um passe de mágica: eu não estou mais sozinho. Estou fazendo parte da vida e da intimidade de outras pessoas. Nesse momento, a solidão não existe mais. É o que acontece com boa parte das pessoas hoje em dia. Vivemos em um mundo hiperconectado. Vive-se hoje rodeado por telas, é a tela do smartphone, da TV, do iPod, do GPS, do iPad, do relógio. E a tendência é que tudo isso se torne uma única tela, pelo menos quando estamos em casa. Aqui na minha humilde residência por exemplo, já tenho a minha Apple TV (paguei 99 dólares) e me permite acessar YouTube, ver fotos do meu celular, tudo por meio da tela de minha TV LG de 40 polegadas. Genial! Um grande pesquisador contemporâneo, Nestór Garcia Canclini, diz que nas redes sociais evidencia-se até mesmo fenômenos de autismo e desconexão social, devido às pessoas preferirem antes ficar na frente da tela do que relacionar-se com interlocutores em lugares fisicamente localizados. Sou obrigado a concordar carinhosa- mente com o pensador argentino. E é exatamente assim que nos comportamos às vezes. Hoje em dia quando saio para jantar com minha namorada, a primeira coisa que ela faz e pedir meu celular e guardar na bolsa dela, porque senão ela diz que eu não interajo e não curto aquele momento a dois. E ela está coberta de razão! Eu dou meu ce- lular a ela gentilmente (com o modo silencioso devidamente ativado). Ela diz que eu tenho mania de dar check-in no Foursquare em tudo que é canto, na rua, no Starbucks, na padaria, e até na casinha do cachorro. Check in no Ráscal é bacana. Mas check-in no Habib’s, não é. Check in no novo Shopping JK Iguatemi, show de bola. No Sho- pping Metrô Itaquera, nem pensar! A sensação é que as pessoas gostam de demarcar território apenas em lugares chiques. No aeroporto é cool, o cara é viajado. Na rodoviária, não! Ele é classe C. Será que é assim que funciona? Os celulares nasceram, comercialmente falando aqui no Brasil, há cerca de 15 anos e eram gigantes, pesados e feios. Com o tempo, foram reduzindo de tamanho e ficando mais finos. Curiosamente, hoje em dia, estão voltando a crescer de novo, com telas cada vez maiores e mais nítidas. Senhores engenheiros e designer, o limite é o tamanho do bolso da minha calça jeans ok? Os celulares colam a nosso corpo como um elemento a mais de nossa indumentária. A corporabilidade abriga as novas tecnologias. O fato de eu estar conectado o tempo todo não significa que estou interagindo o tempo todo. Conectividade não é sinônimo de interatividade. E nesse universo, muito mais importante do que estarmos simplesmente presentes nas atraentes e viciantes redes sociais, é preciso saber o que fazer lá, saber estar presente de forma relevante e coerente. Muitos autores importante hoje se debruçam em todas essas questões. O fato é que temos que criar uma estratégia de como se comportar nessa nova arena online, nesse novo ecossistema digital. Por mais que sejamos atores-sociais hoje em dia, não dá para separar mundo online do mundo offline. Afinal, somos um só. Redes Sociais é um assunto novo, magnético e muito fértil. Atrai gente de tudo que é tipo. No meu email por dia chegam dezenas de mensagens me convidando para eventos, cursos, palestras, simpórios, ofici- nas e lançamento de livros sobre mundo digital, redes sociais e afins. Confesso que deleto a maioria sem abrir, pelo simples motivo de não conseguir decodificar esse excesso de conteúdos. Tem muita gente surfando nessa onda. Gente boa e gente ruim. Cabe a nós sermos criteriosos ao extremo e olharmos a fundo quem está dando o curso, quem é blogueiro, quem assina o videocast. A internet permite que as pessoas escrevam o que quiser a bel-prazer. Take care! Analise a bagagem acadêmica de quem você lê, de quem você assiste, de quem você ouve. Leia bons livros, procure autores com “pedigree”, e não simples aventureiros do Facebook. Quer dicar de bons autores? Então vamos lá! Afinal tem muito gente fera no mundo hoje debruçada em enteder a fundo todas essas O ecossistema digital
  • 20. 38 questões: Sherry Turkle, pesquisadora do MIT, escreveu “Alone Together” e “Life on the Screen” (assista ela no TED Talks e veja com que lucidez que ela analisa o impacto dessas novas tecnologias na vida das pessoas: http:// youtu.be/t7Xr3AsBEK4). Erick Felinto, super pesquisador da UERJ que estuda a cibercultura (aqui o blog do Erick: http://poshumano.wordpress.com/). Dê uma olhada no grupo Socio Tramas, formado por pesquisadores do Mestrado da PUC e liderado pela diva da semiótica Lucia Santaella (aqui o link: http://sociotramas.wordpress.com/). Conhece o blog de Seth Godin, um dos maiores pensadores de marketing da contemporaneidade (acesse aqui e assine para receber a inspiradora newsletter que ele manda todo dia no nosso email: http://www.sethgodin.com/sg/.) Quer se capacitar? Então procure bom cursos, como por exemplo o inédito MBA em Marketing, Consumo e Mídia Online que esse que vos escreve está coordenando na Trevisan Escola de Negócios aqui em São Paulo. O curso conta com um corpo docente de elite, com excelente bagagem acadêmica e com o pé no mercado digital. Montei uma proposta metodológica exclusiva, com um repertório teórico contundente, cases de mercado e com visita técnicas programadas em agências digitais e grandes agências de publicidade. No cardápio de disciplinas, alguns temas mais ligados a ciências sociais como Sociologia e Antropologia do Consumo, Semiótica e Pós-Moder- nidade; outros mais técnicos do mundo web: Redação Web, Google Analytics, SEO/SEM; e outros assuntos mais avançados como: Gestão de Reputação de Marca, Guerrilha Digital, Ativação de Eventos com foco em digital. Aqui está o link onde você poderá ter acesso a todas as informações do curso: http://trevisan.edu.br/posgraduacao/1783/ mba-em-marketing-midia-e-consumo-on-line.
  • 21. 4140 Afinal, o que é Branding? Muito cuidado quando se lê o termo “Branding” por aí. De cada 10 empresas que usam esse bonito termo no seu nome hoje em dia, 4 delas talvez sejam empresas de pesquisa, 4 provavelmente são agências de design, 1 certamente não sabe o que faz, e talvez apenas 1 trabalhe efetivamente com Branding. Lembrando que a pesquisa de mercado e o design podem ser, e geralmente são, importantes etapas do processo de Branding, mas construção de marca é um conceito um pouco mais amplo. Papo reto! Branding nada mais é que uma postura empresarial, ou uma filosofia de gestão que coloca a marca no centro de todas as decisões da organização. Lembrando que a marca vai muito além daquele símbolo no topo da sua loja, ou aquele logo no canto superior esquerdo de seu site, a sua marca é o sentimento que seus consumidores têm por você. Uma marca é composta por dezenas de elementos: nome, símbolo, slogan, mascote, fama, tradição, história, jingle, embalagem, entre outros. Nosso desafio, como donos de marcas, é: como calibrar todos esses elementos, no sentido que todos estejam devidamente alinhados, e isso gere força para sua marca. E a importância estratégica de se fazer uma devida gestão de sua marca torna-se um dos desafios mais vitais no atual contexto empresarial. Seja qual for a indústria, tipo de cliente, segmento de mercado, país de atuação, as estratégias de Branding devem ser cada vez mais encaradas como um dos passos mais importantes no processo de gestão de uma empresa. A implementação de uma cultura de Branding não é uma agenda de marketing, como vemos nas poucas empresas de entendem isso no Brasil. Branding deve estar na agenda no CEO, tamanha a importância de se enxergar a marca como esse ativo estratégico e com riqueza de significado. Basicamente, o Branding prega que as interferências sobre uma marca devem ser cuidadosamente pla- nejadas e executadas, e ações de Branding bem ou mal sucedidas são automaticamente sentidas e refletidas na imagem que uma marca tem na mente do consumidor. E todos os passos que sua marca dá devem sempre levar em conta resultados de longo prazo, pois uma marca não constrói em semanas, ou em seis meses, uma marca se consolida em anos e décadas de trabalho de um trabalho consistente. Puxando a brasa para o nosso contexto brasileiro, vemos que pouquíssimas marcas praticam o Branding em sua forma mais plena. A forte concorrência e uma exigência cada vez maior dos consumidores no Brasil, força, os empresários e não insistirem em uma identidade única por muito tempo. De seis em seis meses, as marcas adquirem uma cara nova, um posicionamento novo e associações novas. Todos esses movimentos até podem ser muito bem intencionados logicamente, mas vão ao contrário do que prega o Branding. Todo mundo quer ver resul- tados rápidos, claro. Mas geralmente não funcionam na mesma velocidade e ansiedade que o mercado responde. O Branding prega que tudo comunica a sua marca. Por exemplo, a cor que você pinta os caminhões de sua empresa está comunicando sua marca, a forma como seus funcionários se vestem está comunicando sua marca, o jeito que sua recepcionista atende o telefone está comunicando sua marca, o que você conversa sobre a empresa com seu colega durante um chope está comunicando sua marca, ou seja, absolutamente tudo comu- nica a sua marca. E vender a filosofia do Branding, ou seja, inserir no chip de um empresário brasileiro toda essa importância que uma marca representa é um dos desafios mais árduos que se vê nos dias de hoje. Percebe-se que pouquíssimas marcas executam o Branding em sua forma mais plena. Todos querem uma marca forte que conquiste o coração de seus stakeholders e não podemos esquecer, de forma alguma, que o principal stakeholder de uma empresa é o seu capital humano – seu grupo de colaboradores –, que será encarregado de levar os valores da empresa para fora. Além de cativar o coração dos clientes finais, uma marca bem construída conquista também o coração dos que procuram um bom lugar para trabalhar e das pessoas que já fazem parte do time da empresa.
  • 22. 42 Os funcionários serão os mais importantes advogados de defesa da marca muito antes dos clientes terem contato com ela. Fazer Branding não é exclusividade de grandes e prestigiadas empresas multinacionais. É perfeitamente possível praticamente o Branding em pequenas e médias empresas, ou seja, a esmagadora maioria das empresas do Brasil. Fazer Branding é simplesmente entender que tudo comunica a marca e ter paixão aos detalhes, desde conferir se há pó nas plantas de sua loja (não pode ter) e se o esmalte de sua recepcionista está descascado (não pode estar).
  • 23. 4544 Por que temos que estar em todas as redes sociais? Por que desconfiamos de alguém que não está no Facebook? Por que, ao chegar uma notificação em nosso smartphone que fomos marcados em uma foto, temos que parar tudo naquele exato instante para conferir? Por que nos intoxicamos com essas novas redes digitais e ficamos online praticamente o dia inteiro? Pra mim, todas essas são perguntas ainda sem respostas claras. O fato é que essas chamadas redes sociais fazem parte de uma nova revolução digital que impacta nossas relações com as pessoas e com as marcas. Sim, há pensadores contemporâneos que classificam esse cenário que vivemos hoje como uma verdadeira revolução. A exemplo do que foi a revolução do surgimento da escrita, a revolução indus- trial, a revolução gutemberguiana da imprensa ou a revolução francesa séculos atrás, enxerga-se esse fenômeno da web e seus desdobramentos digitais como uma verdadeira revolução. Eu sou obrigado a concordar. Podemos dar um zoom out e analisar as redes sociais sob diversos aspectos. Desde uma ideia que sur- giu dentro de um dormitório de Harvard, onde o judeu neoliberal Mark Zuckerberg criou uma das empresas mais inovadoras do mundo, e que recentemente contratou o multipremiado arquiteto Frank Gehry – responsável pelo emblemático edifício do Museu Guggenheim de Bilbao – para desenvolver o projeto de expansão da sede de sua empresa em Palo Alto. Ao mesmo tempo que as ações da empresa sofrem uma certa turbulência, Zuckerberg encomendou um conjunto que ocupará um terreno de 90 mil m², na área conhecida como Menlo Park, onde está o quartel-general da gigante das redes sociais. Zuckerberg concebeu o Facebook para conectar as pessoas entre si? Eu prefiro acreditar que não. Podemos também analisar as redes sociais como meras plataformas mercadológicas onde as marcas criam, nada mais nada menos, do que mais um ponto de contato com seus consumidores e demais públicos de interesse. A partir do momento que uma empresa decide criar um fanpage ou um perfil no Twitter ela precisa estar ciente e preparada que está abrindo a guarda, pois ela acaba de deixar escancarada uma porta “digital”, ou seja, um porta mais online, mais exposta e mais mensurável. Ela acaba de criar um “touch-point” tão importante quanto o seu 0800, tão importante quanto ao balcão de sua loja ou um anúncio publicitário, e até mesmo tão importante como a forma que se relaciona com um fornecedor, afinal tudo comunica a marca. Quer expor sua marca nas redes sociais? A receita de bolo é: prepare-se, capacite-se, planeje-se, crie um processo, atue de forma relevante e muito, mas muito criteriosa. E contrate um nerd. Por fim, pode-se analisar as redes sociais como esses novos ambientes digitais onde se constroem jogos discursivos e narrativas envolventes. O magnetismo criado pelas redes sociais é intenso pois no mundo online não há todas as exigências do mundo real, certo? Ligar para dar parabéns a cada um dos meus 7 aniversariantes custa dinheiro, custa tempo e custa ter que ficar pendurado do celular ouvindo histórias dele que não estou afim de ouvir naquele momento. Prefiro escrever um “parabéns e tudo de bom” e viva o Ctrl+C e Ctrl+V. A quem prefira nem ligar e nem dar parabéns via Facebook, e simplesmente “curte” a mensagem de parabéns de um terceiro. Assunto resolvido! Nesse novo ecossistema digital, todos tendem a criar um discurso narcísico, afinal a troco de quê eu deveria expor nesses espaços que eu estou triste, ou que terminei meu namoro, ou então dizer que aquele novo emprego que consegui não vai nada bem. Muito pelo contrário, nesses novos espaços digitais minha vida é bela, estou sempre jantando em lugares transados, as minhas piadas e frases clichês são as mais originais e a minha filha vestida de caipirinha é mais bonitinha do bairro. Todos estão fazendo vigília sobre tudo que posto, publico e compartilho. Desintoxicação digital? Ainda não!
  • 24. 4746 A quem tenha adotado recentemente o chamado “detox digital” ou processo de desintoxicação digital, afinal essas coisas viciam e ceifam nossa atenção durante boa parte do dia, certo? Uma conhecida minha me re- latou recentemente que saiu do Facebook. Logicamente, ela me disse que eu suspeitava: quando você pede para sair, a rede social não mata sua conta e te dá a opção de deixar sua conta adormecida. Você pode voltar quando bem entender e como se nada tivesse acontecido. Problema é que se você sair do Facebook e ninguém perceber, como um colega de sala meu sabiamente ponderou. Todo mundo está no Facebook hoje, certo? Errado! Cerca de apenas 30% de nossa população brasileira usa a rede. Recentemente em uma rápida sondagem que fiz em uma sala de aula que eu leciono, perguntei a todos: “Quem não usa Facebook, levante a mão!”. Cerca de uns 10 estudantes levantaram a mão e as justificativas que ouvi foram: o Facebook é muito chique (parei para pensar depois, e eles tem total razão, o “look-and-feel” do Facebook é azul, e na teoria das cores azul é nobreza; o próprio nome “Facebook” é um rebuscado nome gringo); já outra parcela disse que preferia a fazendinha do velho e bom Orkut. Detox digital? Obrigado, mas ainda não. Afinal, como é que eu iria divulgar esse texto sem o meu Facebook?
  • 25. 4948 Por que amamos Avenida Brasil? Porque é uma obra de arte! Uma telenovela que fez tudo diferente. Uma ficção que inovou em diálogos, em cenários, em elenco, em tudo. Uma obra de ficção onde uma personagem fala para a outra: “Menina, desliga esse pré-pago”. Uma novela onde a personagem Janaína (que representa a empregada doméstica de Carminha) também tem uma empregada doméstica na sua casa. Assim como em grande parte dos lares brasileiros, o seu sofá possui um plástico transpa- rente que o protege contra a sujeira. O plástico foi retirado do sofá apenas no capítulo em que Tufão foi visitá-la. Genial! Avenida Brasil subiu a barra do quesito qualidade de telenovelas produzida pela TV Globo. A ambien- tação dos cenários era cirurgicamente produzida com gatos de porcelana ao melhor estilo kitsch e tangibilizava trejeitos típicos do povo brasileiro de forma sublime. Trouxe a tona o espetacular ator Marcos Caruso e seu incom- parável personagem Leleco, e Juliano Cazarré, que nos brindou com o hilário Adauto, e que também protagonizou um excelente papel no último filme do aclamado diretor brasileiro Fernando Meirelles. A trama de José Emanuel Carneiro, que certamente teve seu passe valorizadíssimo após Avenida Brasil, catalisou nos internautas do Brasil um novo hábito. Hoje assistimos a telenovela diante de mais de uma tela. Esta- mos agora com um olho na televisão e com outro no nosso smartphone, onde em tempo real vamos comentando e lendo comentários de pessoas. As redes sociais digitais se tornam ambientes online onde depositamos legendas com nossas opiniões sobre as programações. Os trend topics do Twitter e os comentários do Facebook se tornam o diapasão que modela e modula os gostos da conectada audiência brasileira. Todos os dias por volta das 21hs o termo “oi oi oi” pipocava nas timelines das redes sociais. A própria equipe do Twitter nos Estados Unidos demorou para entender essas intrigantes publicações. Alguns até acharam, erradamente, que fosse um flash mob. Todos nós estamos inseridos dentro uma cultura, e que foi construída durante anos. E é nesse ecossis- tema cultural onde as emissoras de televisão se baseiam para gerar conteúdos. A TV Globo colocou no ar “Avenida Brasil” e a recém-terminada “Cheias de Charme”, duas telenovelas que assumidamente tentaram se conectar com públicos emergentes, ou a grande parcela da população brasileira. O fato é que as novelas são grandes produtos culturais, e que fazem parte da educação das pessoas. Mas há quem possa definir as telenovelas como produtos sub-culturais e que alienam ou emburrecem o telespectador. Alguns in- telectuais inclusive esculhambam o gênero. Com o que vi em Avenida Brasil, eu evidenciei exatamente o contrário de tudo isso. Foi sim uma verdadeira obra de arte. Parafraseando uma das maiores pensadoras de telenovelas no Brasil, a professora Maria Aparecida Baccega, quem pensa que telenovela aliena está chamando o povo de débil mental. Ela sempre foi extremamente educativa e de qualidade técnica altíssima. A telenovela está sempre um passo a frente da sociedade. Ela vai além dos limites morais de grande parte da população. Vemos personagens que representam atores-sociais de todos os estilos e todos os tipos.
  • 26. 5150 Todos nós, sem exceção, já usamos o Google hoje para alguma coisa. É mais que um mero site de buscas. O Google é um universo de intenções humanas. E saber usar o Google é saber entender as intenções humanas de compra. Um dos aspectos mais interessantes do Google é que ele pune, de certa forma, que não sabe usá-lo de forma correta para alavancar negócios. Se eu tenho um e-Commerce de vinhos por exemplo e decido comprar Adwords, a maiorias das pessoas geralmente vão nas palavras óbvias como: rótulo, rolha, vinho, taça, safra, uva, etc. Já as pessoas que entendem as intenções humanas, comprariam palavras como : sedução, romance, namoro, etc. E o Google cobra mais caro que escolha essas palavras mais previsíveis. Mas a maioria das pessoas não clica nos resultados pagos (esses onde compramos palavras-chave). A maioria das pessoas clica nos resultados orgânicos (aqueles não pagos), e as pessoas decidem o clique nas primeiras páginas. Quer colocar teu site na primeira página do Google? O nome desse trabalho de otimizar sites é SEO (do inglês, SEO search engine marketing, ou motor de buscas de marketing). O que o Google leva em consideração em um site para deixá-lo numa boa colocação em suas buscas? Os critérios são vários. Até o tempo de vida do site (sim, o Google gosta de sites velhinhos), até mesmo o quanto o seu endereço na URL é amigável, além de outras variáveis como: conteúdo relevantes, quantos outros sites direcionam para o seu, usabilidade, acessibilidade do site, entre outros vários aspectos. O Google dá consultoria grátis para nós. Você possui um site que vende botas femininas e decide um dia abrir lojas físicas. Vá no Google Analytics e verifique em que região do Brasil o termo “botas femininas” é mais buscado. Quem acredita que seja São Paulo ou o Sul do país, errou feio. É no Mato Grosso onde “botas femini- nas” é mais buscado. Imagino que a razão disso se deve a ser um Estado com um elevado número de fazendas. Começarei a procurar pontos comerciais no Mato Grosso. Obrigado, Google. Se eu tenho uma pousada na cidade de Itacaré, por exemplo, e o meu site aparece em primeiro lugar no Google quando as pessoas buscam por “pousada Itacaré”, eu terei não só mais hóspedes me ligando para reservar, como também irei gerar na cabeça de todos eles que a minha pou- sada é a melhor de todas. Mas não necessariamente é. Minha pousada pode ser “mais uma” dentre as centenas que existem no sul da Bahia. Mas a percepção deles é que a minha pousada é a melhor. Afinal, ela apareceu em primeiro lugar no Google. Percepção é realidade. O Google não é bobo. Anos atrás, comprou o YouTube e o colocou com o segundo maior site de buscas do planeta. Vá no YouTube e digite “palestra redes sociais”. A primeiro resultado orgânico (não pago) é uma pa- lestra desse cidadão que vos escreve. Qual a impressão que você terá de mim ao saber que minha palestra é a primeira nessa busca do YouTube? Que eu sou o melhor do assunto! E eu não sou. Eu sou longe disso. Sou um mero professor universitário. Mas percepção é realidade. Qual a palavra mais buscada no Bing? Quem respondeu “Google”, acertou! Santo Google
  • 27. 5352 O novo ecossistema digital faz com que criemos novos hábitos, novas maneiras de nos relacionar e novas formas de habitarmos o mundo em que vivemos. Nesse sentido, usamos as redes sociais digitais para tentar cons- truir narrativas envolventes por meio de jogos discursivos, e com isso, tentamos obter a validação de terceiros so- bre os conteúdos (emocionais ou não) que construímos em rede. Aplicativos de geolocalização tem sido a grande vedete desse novo, inquieto e hesitante universo online que habitamos hoje em dia. Por meio desses aplicativos, como o Foursquare ou o Facebook, eu vou construindo essas narrativas e demarcando o território onde estou. Afinal, o lugar onde vou comunica muito sobre quem sou, o que eu penso, como eu ajo, ou até mesmo como eu quero que as pessoas me percebam no mundo. O homem é um ser narcísico por natureza. Sempre foi. O ser humano adora um espelho. As pessoas têm pré-disposição a um certo narcisismo no ambiente em rede. Fato. Evidencia-se que na maioria das vezes, as pessoas dão check-in em lugares transados, descolados, bonitos, atraentes e que quero que as pessoas saibam que eu estou ali. Check-in no aeroporto é legal, afinal as pessoas vão ter a percepção que sou viajado, ocupado, entupido de milhas, um homem de negócios. Check-in na rodoviária, nem pensar! Afinal a troco de quê, eu vou querer que meus amigos saibam que eu estou prestes a pegar um busão no, nada atraente, Terminal Rodoviário da Barra Funda. Is not cool! Check-in no MoMa de Nova York, UAU! Demais! Além de descolado, antenado, o cara aprecia e adoro artes, e está lá saboreando obras de Andy Warhol, Matisse, Monet e Marcel Duchamp. Agora, dar Check-in no novo MAC (Museu de Arte Contemporânea de São Paulo) que recentemente inaugurou seu novo endereço no belíssimo prédio que ocupava o Detran-SP, no complexo do Parque do Ibirapuera, e foi projetado por Oscar Niemeyer, em sua época mais áurea (entre Pampulha e Brasília), melhor não, afinal, nunca foi nesse museu, nem sabia que existia e não entendo nada daquelas malucas instalações de arte contemporânea. O local líder de check-ins na cidade de São Paulo é o Parque do Ibirapuera, afinal é super maneiro fazer com que as pessoas saibam que estou no maior parque da cidade fazendo exercícios físicos, malhando e desestressando um pouco. Há quem não obedeça o status quo e dê check-in apenas em lugares não tão prestigiados assim, como por exemplo no restaurante Ragazzo, no Habib’s, no Shopping Interlagos, no Largo 13 de Maio, nas Lojas Mari- sa. Não apenas para compartilhar com a turma que está nesses locais, mas sim justamente para “tirar onda” da ferramenta e agir contra a massa. Apenas 30% das pessoas compartilham seus check-ins no Facebook ou Twitter. Os 70% dão o check-in e deixam ele apenas ao conhecimento dos amigos do Foursquare mesmo. O Facebook logicamente está percebendo a força e o ganho de audiência exponencial do Foursquare e tem aperfeiçoado visi- velmente a sua funcionalidade para check-ins. Eu sou usuário assumido dessas ferramentas, pelo simples fato que estudo e pesquiso tudo isso, e procuro enteder como essas coisas impactam as pessoas e como elas se relacionam entre si. Recentemente, eu dei meu milésimo check-in no Foursquare, sim já cliquei no “Check-in Here!” mais de 1000 vezes. Ao dar meu milésimo check-in, o Foursquare me mandou um email, agradecendo por tantos check-ins dados, e mandou um código promocional, para que eu fosse no site deles e comprasse um camiseta exclusiva da rede social com um desconto. Não pensei duas vezes, e foi lá para efetivar a compra. Comprei não somente e camiseta, mas também um pacotinho de adesivos. Paguei cerca de 25 dolares em tudo. No entanto, o custo do Fedex para envio foi de mais 30 dolares, e tive o azar de ter minha compra retida na Receita Federal, e fui taxado em mais 80 reais para liberar meu produto na aduana. Bem feito! Nisso que dá ser viciado nessas coisas. Diga-me onde dá check-in, e eu te direi quem és
  • 28. 54 Um presidente negro, com sobrenome muçulmano, que possui conta no Instagram, que matou Bin La- den, que adora basquete e que apostou boa parte das fichas de sua campanha em mídias digitais. Esse é Barack Hussein Obama, re-eleito o presidente da nação mais poderosa do planeta. A mensagem enviada pelo perfil @ BarackObama anunciando a vitória foi a mensagem mais retuitada de todos os tempos (veja a mensagem aqui: http://bit.ly/Wy05fr). E a imagem que o partido democrata publicou no Facebook foi a mais curtida e compartilha- da da história (veja aqui: http://on.fb.me/Rg2jdF). Isso mostra a potência midiática que Obama é. Paralelo isso, a campanha do Mitt Romney também fez o que pode no mundo online para angariar votos, no entanto, ao longo do percurso, alguns passos da campanha foram desastrosos. Como é que ninguém avisou ou como Mitt Romney não sabe que hoje em dia todo mundo literalmente carrega um celular que filma e grava? Meses atrás, o republicano ter sido filmado por um garçom cometendo uma gafe durante um discurso para empresários. Esse fato certamente subtraiu votos de Romney. Há 4 anos, Obama e o seu partido democrata adotaram em 2008 o discurso do Change (“Mudança”) como mote da campanha. Na ocasião, o partido democrata utilizou-se do que havia de mais impactante no que tange estratégias de comunicação de marketing político. Os eleitores foram informados via torpedo SMS que o vice-presidente seria Joe Biden. Em videogames de basquete via-se placas publicitárias de Obama na quadra. Ações de SEO em sites de busca (o chamado “Search Engine Optmization”) foi feito, comerciais de 30 segundos, documentários, ações via mídias sociais como YouTube, Twitter, Aplicativos de iPhone, Facebook,e tudo mais que uma ação convencional de marketing de uma marca de sabão em pó, por exemplo, faz para seduzir novos consumidores, e nesse caso, eleitores. O resultado não poderia ser diferente. Obama virou o Mr. President e a campanha de marketing que o elegeu ganhou Leão no Festival de Cannes, na categoria “Titanium” ou campanha de marketing integrado, onde se utiliza o maior número de ferramentas do processo de comunicação de marketing 360 graus. Veja aqui o vídeo de 3 minutos que explica como foi a premiada campanha de 2008 (em inglês: http:// bit.ly/RFs0Wn). Dessa vez, o mote era outro, se focaram no termo “Forward” (do inglês: adiante, avante, pra frente). O desafio agora foi não somente aproveitar todos os méritos e aprendizados da aclamadíssima campanha de 2008 mas sim fazer bombar a corrida de 2012. As redes sociais agora estão ainda mais poderosas e disseminadas pelos Estados Unidos, e o desafio foi utilizá-las a bel-prazer. O Twitter, em especial, foi muito bem utilizado pelo partido democrata para mobilizar correligionários entre os 50 estados americanos. A quem possa interessar, siga @Bara- ckObama e junte-se aos 22,6 milhões (até o presente momento que digito esse despretencioso texto) de seguido- res. Assim como há 4 anos, na campanha atual tudo foi cirurgicamente calculado para a vitória de Obama. Foram utilizadas logicamente mídias mais tradicionais para arrebanhar o eleitorado, como por exemplo rádios para chegar às audiências do interior dos Estados Unidos. Obama fez uma inteligente divulgação junto a comunidade negra por meio de emissoras de rádio dirigidas ao público de afro-americanos. Já Romney tentou uma variação desta ideia, e fez algumas entrevistas em rádios de esportes, ele e sua esposa Ann. Não funcionou tão bem assim. A campanha do republicano tentou apoiar-se em programas de rádio mais conservadores ou estações de notícias locais para ajudar a espalhar a mensagem do candidato. Já Obama adotou um discurso eclético, falava desde cultura pop até sobre a NBA, logicamente para se conectar com diferentes tipos de público. Obama foi o mais votado na Califórnia, o estado mais rico dos Estados Unidos, e em outros como Nova York, Florida, Nevada e Massachusets. Já Romney venceu em estados pouco representativos e coadjuvantes como Arizona, Texas, Tennesse, Missouri, Idaho, entre Obama 3.0 venceu Romney 1.0
  • 29. 56 outros. No gelado Alaska deu Romney, e no quente Havaí, deu Obama na cabeça. Os aplicativos mobile para Facebook das campanhas de Obama e Romney também foram decisivos nas estratégias online de ambos os candidatos. Por meio dos aplicativos, foi possível absorver uma grande quantidade de informações sobre os usuários. Como é feito em muitos aplicativos no Facebook, eles reuniram os “Likes” e com isso postavam conteúdos personalizados para os eleitores conectados. O app de Obama começava com uma solicitação criptografada do perfil do usuário, ou seja, se ele estiver usando uma conexão sem fio pública, qualquer pessoa com acesso poderia ver como ele estava usando o aplicativo. Como qualquer aplicativo móvel, eles têm pequenos pedaços de código embutidos para permitir o rastreamento do usuário. Tanto Obama, como os aplica- tivos móveis de Romney, enviavam dados do usuário para uma variedade de empresas, para veicular anúncios e analisar o comportamento do usuário. Esses dados nos evidenciam a potência desses dispositivos hoje em dia. Boa sorte, Obama! Que sejam 4 anos blessed!
  • 30. 58 No início desse ano de 2012 estive na Califórnia, e montei um SlideShare com imagens que produzi na viagem sobre tendências de branding, marketing, varejo e consumo (aqui o link para você visualizar as fotos: http://slidesha.re/z9749m). E nesse mês de novembro fui para Nova York, onde montei um novo material. Mais do que nunca, a cada passo que dava pelas ruas de Manhattan, procurava entender a dinâmica daquela cidade como um pesquisador, como um observador do consumo, tendências de branding, marketing, varejo e pessoas. É um prato cheio para quem quer estar up-to-date o que acontece de melhor nessas áreas. Reflexos do furacão Sandy? Não senti absolutamente nada. A cidade estava bela, linda, pulsante, intensa. A Apple Store da quinta avenida continua muito visitada. Recentemente fez uma reforma na sua facha- da: antes eram 90 placas de vidro cirurgicamente montadas, agora são apenas 15, mais clean, mais moderna e arquitetonicamente mais bela. Continua aberta 24 horas por dia e 365 dias por ano. A novidade na cidade é a recém-inaugurada loja da Apple Store na Grand Central Station, belíssima estação de trem do início do século pas- sado. No final do mês de outubro, a Microsoft também inaugurou sua nova loja também para divulgar o Windows 8 e seu tablet, o Surface. Eu não gostei, não achei bonito, nem mesmo intuitivo. Testei durante alguns minutos. Fui tentar digitar meu nome no super teclado imantado que funciona como capa. Não deu certo. Os vendedores bancam ser amigáveis e não são nada espontâneos, são meio forçados, e passam uma falsa impressão de que são descolados e geeks moderninhos. Pra mim, não conseguiram. Exatamente como a marca Microsoft tenta se mostrar ultimamente, até por conta de sua releitura de logotipo que foi esse ano, após anos. Tenta passar uma impressão de uma coisa que não é e, na minha percepção, tentando copiar descaradamente a proposta de valor da Apple, eles ferem seu próprio DNA de marca. Fui conhecer o Whole Foods Market. Trata-se de um mercado 100% orgânico (acesse o site deles e inspire-se: http://www.wholefoodsmarket.com/). É o mercado onde Gisele Bundchen faz suas compras semanais. Simplesmente maravilhoso. Nestlé, Unilever, Kraft Foods e Pepsico passam longe da lá. Iogurtes gregos orgâni- cos são a sensação por lá. Inclusive em outros varejos que visitei, como a farmácia Duane Reade, só vi o tal do iogurte grego que, pelo visto, virou febre por lá. Parece que os iogurtes convencionais estão sendo aos poucos substituídos pelos saborosos gregos e que são mais light e gostoso do que as marcas brasileiras que encontramos aqui, que são praticamente “danoninhos de adulto” e altamente gordurosos. A onda de vida saudável exala pela cidade que nunca dorme, tudo é light, tudo é orgânico, anti-oxidante e com menos açúcar. Apesar do frio, muitas pessoas praticando running pelas ruas. Por fim, deixo aqui a marca que mais me impressionou. A nova flagship store da marca UNIQLO que foi inaugurada recentemente no coração da quinta avenida. Anotem esse nome: UNIQULO. Vamos ouvir falar muito dessa empresa nos próximos anos. Uma marca japonesa de moda casual, moderna e atual. O estilo é uma mistura de GAP com H&M e com uma pitada de Zara. Em novembro de 1998, eles abriram sua primeira loja em Tóquio, e depois foi se espalhando para as grandes cidades em todo o Japão. Em novembro de 2006, UNIQLO abriu sua primeira flagship store no SoHo em Manhattan, Nova York. Novos estilistas se juntaram equipe da loja para impulsionar o renascimento de conceitos de moda. Em outubro de 2011, Uniqlo abriu sua emblemática loja na Fifth Avenue e depois na 34th Street, perto da Macy’s. Uma loja linda, ampla, moderna e hightec. Usam os mais diversos pantones de cores para vender todas as peças de roupas. Tudo é meio pasteurizado, mas é lindo. O posicionamento da marca é “Made for All” (ou “Feito para todos). Muito parecido com o feliz posicionamento que Havaianas usa no Brasil (“Todo mundo usa”). A processo de venda e o portfolio de produtos é um tanto quanto Nova York pulsa mais do que nunca
  • 31. 60 homogeneizado, assim como outras grandes do varejo de moda, mas UNIQLO leva à risca a premissa do processo de Branding de que tudo comunica a marca, a forma como os funcionários se vestem, como eles te abordam, a apresentação dos produtos nas araras, a cor com que eles pintam os corrimãos das escadas rolantes, absoluta- mente tudo comunica a marca. Acesse o meu Slide Share e divirta-se! Fique absolutamente à vontade de usar essas imagens para saber o que acontece na capital do mundo ou logicamente para utilizar em aulas, cursos, palestras, debates. Conhecimento só vira conhecimento a partir do momento em que se compartilha (o link está aqui: http://slidesha. re/10I47kL). Have fun!
  • 32. 6362 Nunca foi tão forte o rumor que a Disney, um dos maiores impérios do entretenimento no planeta, estivesse em franca negociação para compra do parque Hopi Hari, na região de Vinhedo em São Paulo. Há pelo menos 3 anos, o assunto já é discutido amplamente, e um possível acordo para a compra do parque estaria para ser concretizado a qualquer momento. Para o Hopi Hari, que nos últimos anos sofreu sérias crises de imagem de marca, seria um alento esse suposto processo de renascimento do parque pela marca Disney. E nada melhor do que ser substituído por uma marca tão admirada como essa, e uma das mais valiosas do mundo, segundo o último ranking da Millward Brown. O conceito original do Hopi Hari é fantástico. Um parque temático, com uma marca bem montada, com funcionários bem treinados, com um idioma próprio, brinquedos sensacionais e com outros vários detalhes fun- damentais para construção consistente de uma marca. Perfeito! No entanto, após anos de operação, em fevereiro de 2012, o Hopi Hari sofreu uma de suas piores crises de imagem de marca. A morte da adolescente Gabriela Nichimura, após queda do ‘La Tour Eiffel’, fez com que o parque ficasse fechado por 22 dias. O Ministério Público denunciou 12 pessoas por homicídio culposo. Logo após o acidente, o parque permaneceu aberto, demonstrando total despreparo diante de uma situação gravíssima como aquela. A vítima foi atendida prontamente, mas infeliz- mente faleceu em seguida antes de chegar ao hospital em Jundiaí. O que vimos foi uma fatalidade e que impactou de forma contundente a marca Hopi Hari. Os números de visitação do parque sofreram quedas e outros parques como o “Beto Carrero World” em Santa Catarina receberam excelentes índices de visitação. Isso é um movimento meio natural das pessoas, assim como alguns turistas estão preferindo outras opções de roteiros românticos em vez de cruzeiros marítimos pelos mares mediterrâneos, em virtude do emblemático acidente marcado pelo “Vada a bordo, cazzo”, ouvido pelo comandante Francesco Schettino do navio de cruzeiro italiano. Uma ação simples que o Hopi Hari poderia ter adotado após a morte da menina é a retirada do brin- quedo “La Tour Eiffel” do parque. Sob a ótica de gestão de crise de marca, a permanência do enorme brinquedo protagonista do acidente fatal, só reacende o fato todas as vezes que se passa de carro diante no parque na Rodovia dos Bandeirantes em São Paulo. Mas no que tange ações digitais, ou o chamado SEO reverso, foi feito. O SEO (sigla da Search Engine Marketing) é o trabalho que se faz em um site para que ele apareça nos primeiros resultados da busca orgânica (não-paga) do Google. E o SEO reverso é o trabalho que se faz que um resultado específico saia das primeiras páginas do Google. No dia de hoje por exemplo, quase 1 ano depois do acidente fatal no parque, quando se digita o termo “Hopi Hari” o Google, o resultado com a notícia relatando o incidente já está mais na primeira página do Google. No dia 4 de julho do ano passado também, o Hopi Hari foi condenado pela Justiça do Trabalho de Jundiaí a pagar indenização por danos morais coletivos no valor de R$ 500 mil por submeter trabalhadores a revista íntima e a revista de armários, bolsas e outros pertences. Em 2012 também o parque de diversões e a empresa GT Ultra- lights foram condenados pela Justiça do Trabalho a indenizar em R$ 1,5 milhão o esquiador norte-americano Ryan Mitchel Bergeron, por danos morais e materiais. O jovem, de 24 anos, perdeu o movimento das pernas ao bater a cabeça e fraturar a coluna durante um show de esqui aquático promovido por grupo especializado, em 2008. Ou seja, uma série de incidentes e que certamente trazem riscos de imagem gravíssimos a uma marca. E crises de imagem de marcas são como manchas de óleo no oceano, algumas são mais graves, outras menos graves. Mas o que vem acontecendo com a marca Hopi Hari nos últimos anos trata-se de uma mancha gigantesca. Incidentes como esses deixarão uma cicatriz profunda e eterna na marca Hopi Hari e que, se não bem estancada, pode cau- O Hopi Hari vai virar Disney?
  • 33. 64 sar um sangramento fatal da marca. Só o tempo e a habilidade dos gestores da marca Hopi Hari nos darão um diagnóstico. E nada melhor nesse momento nefrálgico do que uma das marcas mais amadas do planeta possivel- mente aterrissar em Vinhedo para que todas essas manchas de óleo sejam instantaneamente limpadas do oceano. Para os olhos da Disney, nada mal ter um parque no Brasil, hoje a sétima economia do mundo, e a exemplo do que eles já fizeram levando filiais da Disney para a Europa e Japão. A Copa do Mundo do Mundo e as Olímpiadas já estão a caminho do Brasil, nos resta assistir que camarote se Mickey Mouse pretende vir também. Tomara!
  • 34. 6766 A maior farsa de todos os tempos. Um falso atleta que enganou gerações de esportistas, a opinião públi- ca e simplesmente a Nike, uma marca reconhecida e admirada mundialmente, e uma das mais valiosas do planeta. Lance Armstrong foi um espetáculo midiático nos últimos anos com vendas de livros, roupas, pulseiras, é hoje o protagonista de uma dos maiores caso de doping e de “unbranding” da história, se não o maior. A Nike enxergou em Armstrong um casamento perfeito. Sob a ótica de branding, tudo conspirava a favor. Lance Armstrong possuía claramente atributos como superação, alta performance, conquistas, vitórias, ou seja, tudo que se encaixava como uma luva no DNA da Nike, que também vende todos esses atributos no seu processo de comunicação de marca. A parceria foi feita e rendeu ganhos relevantes para ambas as partes. A pulseirinha amarela virou marca registrada de Lance Armstrong e era vendida nas lojas Nike por 1 dólar. Milhões delas foram vendidas pelo mundo afora e estampava simbolicamente o pulso de atletas, das mais diversas modalidade esportivas, que também queriam ser identificados como um atleta que rompe barreiras, que é bom no que pratica, que não é mais um. O fato é que todo encanto acabou nas últimas semanas. Desde o final do ano passado, por exemplo, nas lojas da Nike em Or- lando já se nota as araras com peças da marca Livestrong com descontos agressivos e que, até então, não eram feitos. Na própria Nike Town, a loja de 5 andares próxima à quinta avenida em Nova Iorque, a Livestrong tem um belíssimo espaço exclusivo para venda de seus produtos. Nike e Lance Armstrong foi um case de branding muito bem construído e que agora desmorona diante dos olhos de todo o mundo. O uso de celebridades-ícones é uma prática muito habitual. A atriz Michele Pfifer com a marca Lux Luxo nos anos 80, Cindy Crawford com a marca Rolex nos anos 90, e mais recentemente Gisele Bundchen associando sua imagem a marca como Colcci e Pantene. Elas possuem uma aura mítica, bela e sedutora sempre desejável, afinal a beleza pode ser um prenúncio da felicidade. Uma marca quando toma a decisão de se associar a uma celebridade está claramente assumindo riscos em nome de um calculado ganho exponencial de lembrança de marca e que, logicamente, se reverte em vendas. Mas por menos que possa parecer, o risco sempre existe. Outros casos similares ainda estão na lembrança da opinião pública. Nos Estados Unidos temos casos parecidos de outros atletas que se envolveram em escândalos como OJ Simpson, Magic Johnson e mais recemente, o golfista Tiger Woods. Aqui no Brasil mesmo temos casos emblemáticos como Ronaldo Fenômeno. Quem poderia imaginar que Ronaldo, até então um craque-ícone de superação, que sempre foi visto com belas mulheres e maior goleador da história das Copas, fosse supostamente se envolver em prostituição homossexual? Ninguém. Pois é, mas isso infe- lizmente aconteceu. E certamente quando esse episódio veio à tona, as diretorias de marketing de Nike e de Am- bev reavaliaram com muito cuidado os seus respectivos e gordos contratos publicitários com o R9. O craque agiu rápido, foi dar explicações para Patrícia Poeta no Fantástico, além de outras ações que contiveram rapidamente a mancha de óleo no oceano. Ronaldo conseguiu passar uma borracha em tudo. Brasileiro esquece fácil das coisas. A prova disso é que Ronaldo foi para o Corinthians e já sabemos o resto da história. Ronaldo é hoje adorado por todos, acabou de ser estrela do quadro “Medida Certa” do Fantástico e hoje ele é um dos embaixadores da Copa do Mundo no Brasil. Só o tempo nos dirá como a Nike irá se comportar diante desse escândalo com Lance Armstrong e se isso afetará negativamente a imagem da marca. Por maior que possa ser a gravidade do ocorrido, a marca Nike perma- nece blindada. Fica o arranhão, fica um sangramento na marca que só o tempo nos dirá quando será entancado. Nike tem um legado consistente, possui um símbolo com fortes alicerces de marca e está acima de tudo isso. Mas certamente Nike pensará mais de cem vezes antes de associar novamente sua marca a celebróides do esporte. Just don’t do it
  • 35. 6968 Reinaldo Gianechinni está hoje na campanha do Banco do Brasil e do site de empregos Catho. Neymar foi utilizado em campanhas recentes de Lupo, Nextel, Baruel Claro, Panasonic, Guaraná Antarctica, Santander, Uni- lever, Nike e Volkswagem Gol. O âncora do CQC Marcelo Tas está com You Move, Universidade Anhembi Morumbi e agora com Kaiser Barril, diga-se de passagem, marca de categorias absolutamente distintas. O global Luciano Huck está em Centrum e Banco Itaú. Ivete Sangalo foi garota-propaganda de 11 campanhas: L’Oréal, Avon, TAM, Schincariol, Giraffas, Insinuante, Governo da Bahia, Credicard Hall, Conselho Nacional de Procuradores e Tramonti- na. Rodrigo Faro estampa as campanhas da Oral B e das câmeras Cybershot da Sony. Já Gisele Bündchen estrelou campanhas para C&A, ONU, P&G e Sky e, curiosamente, a modelo havia liderado a lista em 2011 das celebridades mais vistas na publicidade. Sim, todos eles atraem consumidores para essas marcas, e com isso enchem seus bolsos com cachês advindos dos gordos orçamentos de marketing dos anunciantes. E ao observarmos esse vasto cardápio de marcas e as suas celebridades escolhidas a dedo, percebemos que a maioria delas escolhem nomes que simplesmente es- tão em evidência no momento. Sendo que deveriam sim escolher pela evidência logicamente, mas principalmente também pelo nível de conexão que a celebridade dialoga com seu respectivo público-alvo, e mais que isso, o quanto o DNA da marca está alinhado com o DNA da celebridade. Aliás essa última variável deveria ser o principal critério de seleção de uma celebridade para protagonizar a campanha de uma marca. A marca-ícone Loius Vuitton, que atua no segmento de moda há décadas, nunca tinha feito campanhas em mídias mais tradicionais. Mas no início dos anos 2000 começou a fazer... escolheu, de forma cirúrgica pessoas como Madonna, Francis Ford Coppola e sua filha Sophia Coppola, Bono, Maradona, Zidanne, Keith Richards, Pelé, Sean Connery, Angelina Jolie e até mesmo o ex-líder soviétivo Mikhail Gorbachev. O que todos têm em comum? Um perfeito alinhamento de DNA com a marca francesa. Todas são pessoas ícones no que fazem, e são raramente vistas em campanhas publicitárias. A marca de cafés especial da Nestlé, a Nespresso, também faz um trabalho impecável nesse sentido. George Clooney é a perfeita personificação da marca. Um homem meia idade, grisalho, charmoso, discreto, examente valor que estão presentes no DNA da boutique de cafés espressos em cápsulas. No entanto o que observamos, de forma mais latente aqui no Brasil, são marcas se associando a artistas simples- mente pela suposta potencia midiática que ele carrega, e não pelo perfeito alinhamento da essência de ambas as partes. Associar marcas a celebridade é uma prática antiga. O uso de celebridades-ícones sempre foi muito habitual. A atriz Michele Pfifer com a marca Lux Luxo nos anos 80, Cindy Crawford com a marca Rolex nos anos 90, e mais recentemente Gisele Bundchen associando sua imagem a marca como Colcci e Pantene. Elas possuem uma aura mítica, bela e sedutora sempre desejável, afinal a beleza pode ser um prenúncio da felicidade. Uma marca quando toma a decisão de se associar a uma celebridade está claramente assumindo riscos em nome de um calculado ganho exponencial de lembrança de marca e que, logicamente, se reverte em vendas. Construção de marca é longo prazo, é consistência, é paixão aos detalhes. E não simplesmente pegar os celebróides do momento e usá-lo como endosso para a marca. E o mais surpreendente nessa história é que, quando uma empresa escolhe uma celebridade simplesmente pela suposta exposição que ela tem de arrebanhar consumidores e não pela sinergia das duas partes, percebemos que não há um processo consistente de branding. Mais que isso, há um processo de desconstrução da marca. Marca que pensa em campanha, como a maiorias das que citamos no inicio desse texto, e não pensam em construção de marca, na verdade constroem marca sim, mas o líder de categoria, não para elas mesmas. Marcas e Celebróides
  • 36. 7170 Twitter 7 anos: a maturação da Internet Há 7 anos nascia o Twitter. O microblog que faz com que pessoas se conectem por meio de 140 carac- teres. O Twitter é a maturação da rede mundial de computadores em seu estado mais pleno, pois faz com que consigamos ser lidos e ouvidos por usuário que nunca imaginávamos ter contato um dia na vida. Por exemplo, eu, um mero professor universitário brasileiro, já troquei tweets com Marc Gobé (@mgobe), o autor do “Emotional Branding” um das maiores autoridades mundiais no assunto marca. Gobé foi quem criou as emblemáticas bolinhas de gás no logo da Coca-Cola e foi também um dos responsáveis pela campanha Dove Real Beauty. Outro dia, também conversei com Jennifer Aaker (@aaker), renomada autora de marca e filha de David Aaker, hoje professor emérito da Universidade de Berkeley, e um dos primeiros autores no mundo a escrever sobre marca. Quando que eu imaginei conversar e me conectar com esses grande pensadores? Nunca! Mas a potência midiática do Twitter me proporciona isso hoje, e eu adoro. A chamada era da informação é, na realidade, a era do excesso de informação. Nesse sentido, o Twitter me cai como uma luva. Somos bombardeados hoje em dia com um volume de informação que nunca presencia- mos, e simplesmente nosso cérebro não dá conta de absorver e decodificar tudo. Mas no Twitter, eu seleciono (sigo) apenas aqueles perfis que fazem parte do meu interesse. E recebo o dia inteiro informações na minha time simplesmente e exclusivamente daqueles perfis que fazem parte do meu interesse de conhecimento. E que são diferentes dos interesses do fulano e do beltrano. Pra mim, disparado, esse é o grande diferencial do Twitter. Mas nem tudo são flores. O Twitter fez nascer um grupo de perfis fake: pessoas que se fazem passar por outras pessoa na tentativa de magnetizar pessoas e buscar um minuto de fama que elas nunca teriam se não fosse dessa forma. E tudo isso, na grande maioria das vezes, à revelia das pessoas que elas personificam. Outro comportamento condenável do Twitter são os chamados Trolls, ou seja, perfis de pessoas que gostam de criticar, apedrejar e repudiar outros perfis (geralmente, celebridades) pelo simples prazer de ver a pessoa “sair do sério”. Hoje, eu tenho cerca de 2.600 seguidores. Faço parte do edulcorado grupo de 1% de perfis que possuem mais de mil seguidores. Essas pessoas de que me seguem diariamente e lêem minhas mensagens, minhas dicas de livros, cursos, etc. Se de repente, de um dia pra noite, você não gostar mais das coisas que escrevo, simples- mente deixe de me seguir. Esse é o grande barato do Twitter. Diferentemente da vida real, onde se desconectar de uma pessoa pode se transformar numa tarefa não tão fácil, e que envolve às vezes até desgaste emocional. No Twitter, isso é simples: baste aperta um botão chamado “unfollow” e pronto. Como um passe de mágina, aquela pessoa, que talvez tenha deixado de ser relevante para vc, deixa de fazer parte de sua timeline. Parabéns, Twitter! Que venham mais e mais anos de vida. Quer me seguir? Meu twitter é @MarcosHiller. Mas fique sabendo não sei para onde estou indo. Obrigado.