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URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS PEDIÁTRICAS ENEONATOLÓGICAS
Acidentes mais comuns. Afogamento. Choque hipovolêmico em Pediatria. Cortes. Quedas e
Intoxicações. Insuficiência respiratória. Suporte Básico em Pediatria. Abordagem com a família.
Abordagem frente ao luto.
A Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático (SOBRASA) afirma ser essencial o conhecimento
do perfil das vítimas e as principais razões que facilitam o processo de afogamento para, assim,
planejar as medidas preventivas específicas de cada local.
O afogamento ocorre quando há líquido em contato com a via aérea da pessoa, sendo essencial a
intervenção precoce para garantir a perviedade dessas vias e, portanto, evitar a hipoxemia, quadro
responsável pela perda de consciência e pela parada respiratória em poucos minutos.
Desse modo, faz-se essencial o conhecimento acerca desse tema, principalmente o que deve ser
feito em cada caso, evitando danos neurológicos irreversíveis ao afogado e até a morte. Além disso,
o socorrista deve ter conhecimento de maré e de mecanismos de ação do afogamento, visando o
efetivo salvamento e não, um cenário de mais uma vítima.
Epidemiologia/Etiologia
O afogamento é um problema importante e ainda muito presenciado no Brasil. Segundo dados da
Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático (SOBRASA), a cada 90 minutos um brasileiro morre
afogado. Dentro dessa estatística, os homens morrem 6,8 vezes mais do que as mulheres e 47%
dos óbitos ocorrem em pessoas com até 29 anos.
Apesar desse quadro endêmico, houve redução de 50% da mortalidade por afogamentos entre
1979 e 2016, mostrando o quanto o país evoluiu nos quesitos prevenção e tratamento imediato.
Fisiopatologia
O afogamento começa quando a água entra em contato com as vias aéreas, dificultando a
respiração do indivíduo e, portanto, em questões de segundos, ele sofre com hipóxia cerebral. Caso
a aspiração não seja cessada, ele evolui com inconsciência, apneia e, posteriormente, assistolia.
Estudos demonstram que afogamentos em águas frias tendem a ter um prognóstico melhor, uma
vez que a baixa temperatura ocasiona a redução do metabolismo e, consequentemente, um menor
consumo de oxigênio e a diminuição da atividade elétrica cerebral. Entretanto, mesmo nesses
casos, o tempo máximo de submersão para que conseguisse reverter totalmente os danos
causados foi de pouco mais de uma hora.
Apesar da diferença na composição entre águas salgadas e doces, isso pouco interfere no quadro
comprometendo os alvéolos e, podendo ocasionar um edema pulmonar não cardiogênico,
dificultando a troca gasosa.
Classificação quanto à gravidade
O afogamento é divido em 8 classificações quanto à gravidade, sendo cada uma responsável por
indicar a melhor conduta a ser seguida.
Resgate: vítima resgatada viva, sem tosse, espuma na boca e/ou nariz e com ausculta pulmonar
normal. Caso ela esteja consciente, poderá ser liberada, sem a necessidade de atendimento
médico.
Afogado grau I: vítima com tose, mas sem espuma na boca e/ou nariz. Ela deverá fazer repouso e
medidas de aquecimento, evitando a hipotermia. Não há necessidade de oxigênio suplementar,
nem de hospitalização.
Afogado grau II: vítima com pouca espuma na boca e/ou nariz. A conduta deve ser levar o paciente
a um local tranquilo, mantê-lo em repouso e fornecer aquecimento corporal, além de oxigênio nasal
a 5 litros/minuto e observação hospitalar por 24 horas.
Afogado grau III: vítima com muita espuma na boca e/ou nariz e com pulso radial palpável. A
conduta deve ser o fornecimento de oxigênio por máscara facial a 15 litros/min no local do acidente,
além de colocar esse indivíduo em posição lateral de segurança sob o lado direito e, por fim, deve
ser levado ao hospital para tratamento em CTI.
Afogado grau IV: vítima com muita espuma na boca e/ou nariz e sem pulso radial palpável. Nesses
casos, deve-se fornecer oxigênio por máscara a 15 litros/min, além de estar sempre analisando a
respiração (pois pode parar a qualquer momento). Ainda, é indicado colocar o paciente em posição
lateral de segurança sob o lado direito. O serviço de urgência móvel deve chegar rapidamente para
melhor ventilação e infusão venosa de líquidos. Ele deverá ser tratado em CTI, com internação
imediata.
Afogado grau V: vítima com parada respiratória e pulso carotídeo ou sinais de circulação presentes. Nesses casos,
deve-se realizar a ventilação boca-a-boca, sem a compressão cardíaca. Quando houver a recuperação da ventilação
espontânea, tratar paciente como grau IV.
AfogadograuVI:vítima com paradacardiorrespiratória.Deve-seiniciarrapidamente areanimaçãocardiopulmonar(2
ventilações e 30 compressões cardíacas com 1 socorrista ou 2×15 com 2 socorristas) e, após sucesso da RCP, tratar
como grau IV.
Já cadáver: vítima com PCR e tempo de submersão maior do que 1 hora ou com rigidez cadavérica ou, ainda, com
decomposiçãocorporal e/oulivores.NessassituaçõesnãodeveiniciarRCP,mas,sim,acionaroInstitutoMédicoLegal.
Abordagem inicial
A abordageminicial nopacienteafogadoé realizadade formadiferente,poisnamaioriadessasvítimas,oatendimento
é realizadonoambienteporpessoasnãotreinadas.Paraotimizaresseatendimento,existe acadeiade sobrevivência,
que é a maisimportante ferramentaparareduçãodos afogamentos.Elainclui todasasações de atendimento,desde
a prevençãoaté ahospitalização,e possuiumaabordagemeducativaesimples,paraassimilaçãopelopúblicoemgeral.
Ela será abordada adiante por tópicos:
Figura1 – Cadeiade sobrevivênciadoafogamento –Disponível noManual de EmergênciasAquáticas,SOBRASA,2019
Prevenção
A prevenção é a intervenção mais eficiente e a de menor custo. Ela é dividida em prevenção ativa e reativa.
A prevençãoativaé aquelafeitano ambiente aquático,comoa presençade guarda-vidas,acorreta sinalização,além
de restringiroacesso na água e,emcasos de piscinas,realizarmedidasanti-sucção.A prevençãoreativa,porsuavez,
diz respeito e intervenções no comportamento dos indivíduos, através de orientações ou, até mesmo, deslocar as
pessoas que estejam em locais de risco.
Reconheça o afogado
É importante identificarumafogamentoemcurso,e ainda sercapaz de anteciparas pessoasque podemse afogar.A
antecipação pode ser feita se baseando nas características do local e nos dados epidemiológicos.
Já para a identificação, é necessário se lembrar que a vítima geralmente está na posição vertical, com os braços
estendidoslateralmente,agitados,nadando,massemsairdolugar.Ela pode submergire emergirváriasvezes,sendo
que adulto resiste nessa luta por até 60 segundos, mas crianças se limitam a 20. É raro o grito por socorro, uma vez
que a respiração tem prioridade para o organismo.
Alémdisso,é fundamentalsaberaquemchamar,oque informar,e comoprosseguirdepoisdessasetapas.A prioridade
nomomentoé daroalarme,pedindoparaque alguémligue parao192/193, e assim, informaroqueestáacontecendo,
qual o local do incidente, e informações técnicas do evento.
OBS: se não houver como ligar ao 192/193, o socorrista deve sempre informar a alguém o que pretende fazer antes
de realizar o resgate.
Casohaja múltiplasvítimas,osocorristadeve seguirométodoSTARTaquático,comodemonstradonatabelaaseguir:
Tabela 1 – Método START Aquático – Disponível no Manual de Emergências Aquáticas, SOBRASA, 2019
Forneça flutuação
Apósaidentificação dopossível afogamento,osocorristadeveinterromperoprocesso.Umaformageralmente prática
e importante de se fazer isso, ao menos de forma provisória, é fornecendo flutuação ao banhista, com cuidado para
não se tornar uma segunda vítima. Essa flutuação pode ser através de boias salva-vidas, ou ainda através de
improvisações, como pranchas, garrafas vazias, isopor etc. Essa técnica geralmente ganha tempo, até que medidas
definitivas possam ser tomadas.
Remova da água – se for seguro para você
Para iniciaro tratamentodefinitivodessavítima,é necessáriaa remoção delada água. Isso pode serfeitoatravésdo
direcionamento, apontando locaissegurospara que ela saia, ou com objetos, tais como cordas, varas, galhos firmes
etc. Se ela estiver longe,recomenda-se amarrar uma corda a um objeto de flutuação, e atirá-lo em direção à vítima,
para que ela segure, e só então, o socorrista deve puxar pela outra extremidade da corda. Já se ela estiver perto o
suficiente, pode oferecer o pé para que ela segure. Entretanto, a entrada na água para o salvamento não é indicada
para socorristas não treinados para tal.
ATENÇÃO!Em casos de rio,ou enchentes,pode-se fixara corda obliquamente nasduasmargens,para que quandoa
vítima a alcance, a correnteza a empurre para uma das margens, ou ainda fixando uma ponta em uma margem, e
arremessando a outra ponta para a vítima, para que a correnteza estique a corda, e a vítima se aproxime dessa
margem.
Obs.:Se fornecessáriaaentradanaágua,o socorristadeve lembrarde avisaraalguémoque se pretendefazere levar
um objeto de flutuação consigo.Ao entrar, manter a visão na vítima, e parar a 2m dela, lhe entregando a flutuação.
Ele nãodeve chegarpertoaté queavítimaestejacalma,poisnodesespero,elapodetentaragarrare fazermaisvítimas
(caso isso ocorra, o socorrista deve afundar, que a vítima soltará).
Em seguida, deve orientá-la para que flutue, e acene pedindo ajuda. Se a vítima estiver inconsciente, é indicado
ventilação ainda na água, se possível, seguindo com o tratamento adequado.
Transporte
Geralmente, a vítima de afogamento não possui trauma medular associado. Assim, a imobilização da coluna cervical
emvítimassemsinaisde traumanãoé recomendada.Pararetiraravítimadaáguae levá-laaté umlocal secoe seguro,
é indicado a técnica australiana, pois reduz a incidência de vômitos e permite manter as vias aéreas permeáveis.
Técnica australiana: O socorrista deve colocar seu braço esquerdo sob a axila esquerda da vítima e travar o braço
esquerdo próximo ao tronco. O braço direito do socorrista por sob a axila direita da vítima segurando o queixo de
forma a abrir as vias aéreas, desobstruindo-as, permitindo a ventilação durante o transporte.
Figura 2 – Técnica Australiana para remoção de vítima afogada – Disponível no Manual de Emergências Aquáticas,
SOBRASA, 2019
Ao chegar na área seca, o socorrista deve posicionar a vítima o mais horizontal possível, e distante da água. Se ela
estiver consciente, deve posicioná-la em decúbito dorsal, se possível a 30º. Se ela estiver inconsciente, porém
ventilando, uma sugestão é a posição lateral de segurança, sob o lado direito.
Suporte de vida
É fundamental lembrar que, a abordagem do afogamento inicia-se pelo Suporte Básico de Vida, e somente após
realizadoe garantidaa ventilaçãoe circulação,realizamosa classificaçãodagravidade usandoem graus.Assim,cada
caso de afogamento deve ser tratado conforme sua gravidade.
Suporte Básico de Vida no afogado grau VI
Sempre inicieaRCPcomapenasumsocorrista,apóso1ºciclocompletopodeiniciaraalternânciacomdoissocorristas;
Somente em casos de afogamento, se estiver presente dois socorristas, o protocolo de RCP após o primeiro ciclo
poderá ser 15 compressões para 2 ventilações. A frequência das compressões devem ser de 100 a 120 vezes em 60
segundos;
Em crianças de 1 a 9 anos, utilize apenas uma mão para as compressões.
Ossocorristasdevemse colocarlateralmenteaoafogadoe emladosopostos,aqueleresponsávelpelaventilaçãodeve
manter as vias aéreas desobstruídas.
Em caso de cansaço, realize a troca rápida de função com o outro.
Após os 2 minutos de RCP, reavalie a ventilação e os sinais de circulação.Se ausente, prossiga a RCP e interrompa-a
para nova reavaliaçãoa cada 2 minutos.Fique atentodurante aRCP e verifique periodicamente se oafogadoestáou
não respondendo, o que será importante na decisão de parar ou prosseguir.
Noscasos do retornoda funçãocardíaca e respiratóriaacompanhe avítimacom muitaatenção,durante osprimeiros
30 minutos, até a chegada da equipe médica, pois ainda há risco de uma nova PCR.
O DEA nãoé útil emcasos de afogamentoprimário,poisaPCRé de causa respiratóriae ocorre emassistoliaemquase
100% dos casos em que não há indicação de desfibrilação. O DEA pode ser necessário em casos de afogamento
secundário a ocorrência de um IAM.
Noscasos em que não houverefetividade damanobrade ventilaçãoboca-a-boca,refaçaahiperextensãodopescoço
e tente novamente. Caso não funcione, pense em obstrução por corpo estranho e execute manobra apropriada.
Obs: A RCP deve serrealizadaemtodosos afogadosem PCR com tempode submersão< 1 hora; e todos os casosde
PCR que não apresentemumoumaissinais,como:rigidez cadavérica, decomposição corporal, presença de livores.
Tratamento/Condutas do Afogamento
Ao chegar na areia, ou na borda da piscina, coloque o afogado em posição paralela à água, e o socorrista de costas
para omar, e a vítimacom acabeça doseuladoesquerdo.A cabeçae otroncodevemficarnamesmalinhahorizontal;
a água aspirada não deve ser retirada pois a tentativa pode prejudicar a ventilação e oxigenação, além de facilitar
vômitos. Cheque a resposta da vítima perguntando, “Você está me ouvindo?”.
Em casos de resposta,ela estáviva e pode ser um caso de resgate ou grau 1,2,3 ou 4. Coloque emposiçãolateral de
segurança (sobre o lado direito) e aplique o tratamento direcionado para o grau de afogamento, posteriormente.
Avalie a necessidade de solicitarambulância,aguardaro socorro chegar ou fazera própriaremoção ao hospital.Se a
vítimaestiverinconscientee forpossível ligue193/192 oupeçaa alguémparachamara ambulânciaouoguarda-vidas,
e;
Abra as viasaéreas,colocandodoisdedosdamãodireitanoqueixoe a mãoesquerdanatesta, e estenda o pescoço;
Cheque arespiração – ver,ouvire sentir- alémde observaramovimentaçãodotórax.Se houverrespiraçãoé umcaso
de resgate, ou grau 1,2,3 ou 4. Coloque em posição lateral de segurança e aplique o tratamento apropriado para o
grau.
Se a respiraçãoestiverausente –inicieaventilaçãoboca-a-boca.Obstruaonarizutilizandoamão(esquerda)datesta,
e com os dois dedos da outra mão (direita) abra a boca e realize 5 ventilações boca-a-boca iniciais observando um
intervaloentre cadauma que possibilite aelevaçãodotórax,e logoem seguidaoseuesvaziamento.Érecomendável
a utilização de barreira de proteção (máscara);
Cheque sinais de circulação (movimentos ou reação à ventilação realizada);
Se houver sinais de circulação, é uma parada respiratória isolada – grau 5, mantenha somente a ventilação com 10
vezes por minuto até o retorno espontâneo da respiração. Se o paciente esboçar um esforço respiratório fugaz ou
muitofraco, é necessáriorealizarmaisalgumasventilaçõesaté que o paciente assumauma respiraçãoespontâneae
efetiva.
Se NÃO houver sinais de circulação retire os dois dedos do queixo e passe-os pelo abdômen localizandoo encontro
das duas últimas costelas. Coloque a mão no tórax e a outra por sobre a primeira e inicie 30 compressões torácicas,
em caso de 1 socorrista.
Afogamento e suas indicações de oxigênio
Grau 2: Cateter de O2 naso-faríngeo a 5 litros/min até chegar a ambulância ou o transporte ao hospital.
Grau 3 e 4 – Máscara oro-nasal de O2 a 15 litros/min. Nos casos grau 4 fique atento a possibilidade de uma parada
respiratória.
Grau 5 – Ventilação boca-a-boca como primeiro procedimento. A máscara oro-nasal de O2 a 15 litros/min pode ser
utilizadacaso haja outro socorristadisponível paratrazê-la.Realize entãooboca-a-boca/máscaracom 15 litros/min.
Após o retorno da ventilação espontânea utilize 15 litros de O2 /minuto sob máscara.
Grau 6 – Reanimação cardiopulmonar. Inicie primeiro a RCP e só então se houver disponibilidade de pessoas para
ajudar utilize o O2. Após sucesso na reanimação trate como grau 4.
O Suporte Avançado de vida (ACLS) e o hospital
O Suporte Avançadode Vidae o atendimentohospitalarsóé possível se osocorristarealizaroprimeiroatendimento,
seguindo os 5 anéis da cadeia de sobrevivência de maneira adequada e eficaz. Quanto maior a quantidade de água
aspirada maior a dificuldade na hematose e mais grave a hipoxemia resultante.
As ambulâncias aparelhadas com equipamentos tipo UTI geralmente chegam ao local em um tempo médio de 12
minutos.Emlocaisque oacessoaumaambulância ousocorromédicoultrapasse otempomédiode 15minutos,ouso
do O2 e equipamentosparaa ventilaçãonolocal é umanecessidade aolidarcom os casos de afogamento,tendoem
vistaque o afogamentoprejudicadiferentesetapasnaobtençãodoelemento fundamental a vida que é o oxigênio.
Conduta do socorrista após o resgate aquático
Em casos graves,a indicaçãoé ambulânciae/ouhospital.Emcasos menosgraves,oguarda-vidase/ousocorristatem
3 possibilidades:
Liberar a vítima sem maiores recomendações – Vítima de RESGATE sem sintomas, doenças ou traumas associados –
sem tosse, com a frequência do coração e da respiração normal, sem frio e totalmente acordado, alerta e capaz de
andar sem ajuda;
Liberar a vítima com recomendações de ser acompanhada por médico a nível ambulatorial.
Resgate com pequenas queixas;
Grau 1: liberar após observação de 15 a 30 min, se a vítima estiver se sentindo bem;
Acionar o Sistema de Emergências Médicas (SEM) – Ambulância (193) ou levar diretamente ao hospital em caso de
ausência da ambulância:
Afogamento grau 2,3,4,5 e 6
Qualquer paciente que por conta do trauma ou doença aguda o impossibilite de andar sem ajuda ou que perdeu a
consciência mesmo que por um breve período ou que necessitou de boca-a-boca ou RCP;
Qualquer paciente com suspeita de doença grave como; infarto agudo do miocárdio, lesão de coluna, trauma grave,
falta de ar, epilepsia, lesão por animal marinho, intoxicação por drogas etc.

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Afogamentos: prevenção e primeiros socorros

  • 1. URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS PEDIÁTRICAS ENEONATOLÓGICAS Acidentes mais comuns. Afogamento. Choque hipovolêmico em Pediatria. Cortes. Quedas e Intoxicações. Insuficiência respiratória. Suporte Básico em Pediatria. Abordagem com a família. Abordagem frente ao luto. A Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático (SOBRASA) afirma ser essencial o conhecimento do perfil das vítimas e as principais razões que facilitam o processo de afogamento para, assim, planejar as medidas preventivas específicas de cada local. O afogamento ocorre quando há líquido em contato com a via aérea da pessoa, sendo essencial a intervenção precoce para garantir a perviedade dessas vias e, portanto, evitar a hipoxemia, quadro responsável pela perda de consciência e pela parada respiratória em poucos minutos. Desse modo, faz-se essencial o conhecimento acerca desse tema, principalmente o que deve ser feito em cada caso, evitando danos neurológicos irreversíveis ao afogado e até a morte. Além disso, o socorrista deve ter conhecimento de maré e de mecanismos de ação do afogamento, visando o efetivo salvamento e não, um cenário de mais uma vítima. Epidemiologia/Etiologia O afogamento é um problema importante e ainda muito presenciado no Brasil. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático (SOBRASA), a cada 90 minutos um brasileiro morre afogado. Dentro dessa estatística, os homens morrem 6,8 vezes mais do que as mulheres e 47% dos óbitos ocorrem em pessoas com até 29 anos. Apesar desse quadro endêmico, houve redução de 50% da mortalidade por afogamentos entre 1979 e 2016, mostrando o quanto o país evoluiu nos quesitos prevenção e tratamento imediato. Fisiopatologia O afogamento começa quando a água entra em contato com as vias aéreas, dificultando a respiração do indivíduo e, portanto, em questões de segundos, ele sofre com hipóxia cerebral. Caso a aspiração não seja cessada, ele evolui com inconsciência, apneia e, posteriormente, assistolia. Estudos demonstram que afogamentos em águas frias tendem a ter um prognóstico melhor, uma vez que a baixa temperatura ocasiona a redução do metabolismo e, consequentemente, um menor consumo de oxigênio e a diminuição da atividade elétrica cerebral. Entretanto, mesmo nesses
  • 2. casos, o tempo máximo de submersão para que conseguisse reverter totalmente os danos causados foi de pouco mais de uma hora. Apesar da diferença na composição entre águas salgadas e doces, isso pouco interfere no quadro comprometendo os alvéolos e, podendo ocasionar um edema pulmonar não cardiogênico, dificultando a troca gasosa. Classificação quanto à gravidade O afogamento é divido em 8 classificações quanto à gravidade, sendo cada uma responsável por indicar a melhor conduta a ser seguida. Resgate: vítima resgatada viva, sem tosse, espuma na boca e/ou nariz e com ausculta pulmonar normal. Caso ela esteja consciente, poderá ser liberada, sem a necessidade de atendimento médico. Afogado grau I: vítima com tose, mas sem espuma na boca e/ou nariz. Ela deverá fazer repouso e medidas de aquecimento, evitando a hipotermia. Não há necessidade de oxigênio suplementar, nem de hospitalização. Afogado grau II: vítima com pouca espuma na boca e/ou nariz. A conduta deve ser levar o paciente a um local tranquilo, mantê-lo em repouso e fornecer aquecimento corporal, além de oxigênio nasal a 5 litros/minuto e observação hospitalar por 24 horas. Afogado grau III: vítima com muita espuma na boca e/ou nariz e com pulso radial palpável. A conduta deve ser o fornecimento de oxigênio por máscara facial a 15 litros/min no local do acidente, além de colocar esse indivíduo em posição lateral de segurança sob o lado direito e, por fim, deve ser levado ao hospital para tratamento em CTI. Afogado grau IV: vítima com muita espuma na boca e/ou nariz e sem pulso radial palpável. Nesses casos, deve-se fornecer oxigênio por máscara a 15 litros/min, além de estar sempre analisando a respiração (pois pode parar a qualquer momento). Ainda, é indicado colocar o paciente em posição lateral de segurança sob o lado direito. O serviço de urgência móvel deve chegar rapidamente para melhor ventilação e infusão venosa de líquidos. Ele deverá ser tratado em CTI, com internação imediata. Afogado grau V: vítima com parada respiratória e pulso carotídeo ou sinais de circulação presentes. Nesses casos, deve-se realizar a ventilação boca-a-boca, sem a compressão cardíaca. Quando houver a recuperação da ventilação espontânea, tratar paciente como grau IV.
  • 3. AfogadograuVI:vítima com paradacardiorrespiratória.Deve-seiniciarrapidamente areanimaçãocardiopulmonar(2 ventilações e 30 compressões cardíacas com 1 socorrista ou 2×15 com 2 socorristas) e, após sucesso da RCP, tratar como grau IV. Já cadáver: vítima com PCR e tempo de submersão maior do que 1 hora ou com rigidez cadavérica ou, ainda, com decomposiçãocorporal e/oulivores.NessassituaçõesnãodeveiniciarRCP,mas,sim,acionaroInstitutoMédicoLegal. Abordagem inicial A abordageminicial nopacienteafogadoé realizadade formadiferente,poisnamaioriadessasvítimas,oatendimento é realizadonoambienteporpessoasnãotreinadas.Paraotimizaresseatendimento,existe acadeiade sobrevivência, que é a maisimportante ferramentaparareduçãodos afogamentos.Elainclui todasasações de atendimento,desde a prevençãoaté ahospitalização,e possuiumaabordagemeducativaesimples,paraassimilaçãopelopúblicoemgeral. Ela será abordada adiante por tópicos: Figura1 – Cadeiade sobrevivênciadoafogamento –Disponível noManual de EmergênciasAquáticas,SOBRASA,2019 Prevenção A prevenção é a intervenção mais eficiente e a de menor custo. Ela é dividida em prevenção ativa e reativa. A prevençãoativaé aquelafeitano ambiente aquático,comoa presençade guarda-vidas,acorreta sinalização,além de restringiroacesso na água e,emcasos de piscinas,realizarmedidasanti-sucção.A prevençãoreativa,porsuavez, diz respeito e intervenções no comportamento dos indivíduos, através de orientações ou, até mesmo, deslocar as pessoas que estejam em locais de risco. Reconheça o afogado É importante identificarumafogamentoemcurso,e ainda sercapaz de anteciparas pessoasque podemse afogar.A antecipação pode ser feita se baseando nas características do local e nos dados epidemiológicos. Já para a identificação, é necessário se lembrar que a vítima geralmente está na posição vertical, com os braços estendidoslateralmente,agitados,nadando,massemsairdolugar.Ela pode submergire emergirváriasvezes,sendo que adulto resiste nessa luta por até 60 segundos, mas crianças se limitam a 20. É raro o grito por socorro, uma vez que a respiração tem prioridade para o organismo. Alémdisso,é fundamentalsaberaquemchamar,oque informar,e comoprosseguirdepoisdessasetapas.A prioridade nomomentoé daroalarme,pedindoparaque alguémligue parao192/193, e assim, informaroqueestáacontecendo, qual o local do incidente, e informações técnicas do evento.
  • 4. OBS: se não houver como ligar ao 192/193, o socorrista deve sempre informar a alguém o que pretende fazer antes de realizar o resgate. Casohaja múltiplasvítimas,osocorristadeve seguirométodoSTARTaquático,comodemonstradonatabelaaseguir: Tabela 1 – Método START Aquático – Disponível no Manual de Emergências Aquáticas, SOBRASA, 2019 Forneça flutuação Apósaidentificação dopossível afogamento,osocorristadeveinterromperoprocesso.Umaformageralmente prática e importante de se fazer isso, ao menos de forma provisória, é fornecendo flutuação ao banhista, com cuidado para não se tornar uma segunda vítima. Essa flutuação pode ser através de boias salva-vidas, ou ainda através de improvisações, como pranchas, garrafas vazias, isopor etc. Essa técnica geralmente ganha tempo, até que medidas definitivas possam ser tomadas. Remova da água – se for seguro para você Para iniciaro tratamentodefinitivodessavítima,é necessáriaa remoção delada água. Isso pode serfeitoatravésdo direcionamento, apontando locaissegurospara que ela saia, ou com objetos, tais como cordas, varas, galhos firmes etc. Se ela estiver longe,recomenda-se amarrar uma corda a um objeto de flutuação, e atirá-lo em direção à vítima, para que ela segure, e só então, o socorrista deve puxar pela outra extremidade da corda. Já se ela estiver perto o suficiente, pode oferecer o pé para que ela segure. Entretanto, a entrada na água para o salvamento não é indicada para socorristas não treinados para tal. ATENÇÃO!Em casos de rio,ou enchentes,pode-se fixara corda obliquamente nasduasmargens,para que quandoa vítima a alcance, a correnteza a empurre para uma das margens, ou ainda fixando uma ponta em uma margem, e arremessando a outra ponta para a vítima, para que a correnteza estique a corda, e a vítima se aproxime dessa margem. Obs.:Se fornecessáriaaentradanaágua,o socorristadeve lembrarde avisaraalguémoque se pretendefazere levar um objeto de flutuação consigo.Ao entrar, manter a visão na vítima, e parar a 2m dela, lhe entregando a flutuação. Ele nãodeve chegarpertoaté queavítimaestejacalma,poisnodesespero,elapodetentaragarrare fazermaisvítimas (caso isso ocorra, o socorrista deve afundar, que a vítima soltará). Em seguida, deve orientá-la para que flutue, e acene pedindo ajuda. Se a vítima estiver inconsciente, é indicado ventilação ainda na água, se possível, seguindo com o tratamento adequado. Transporte
  • 5. Geralmente, a vítima de afogamento não possui trauma medular associado. Assim, a imobilização da coluna cervical emvítimassemsinaisde traumanãoé recomendada.Pararetiraravítimadaáguae levá-laaté umlocal secoe seguro, é indicado a técnica australiana, pois reduz a incidência de vômitos e permite manter as vias aéreas permeáveis. Técnica australiana: O socorrista deve colocar seu braço esquerdo sob a axila esquerda da vítima e travar o braço esquerdo próximo ao tronco. O braço direito do socorrista por sob a axila direita da vítima segurando o queixo de forma a abrir as vias aéreas, desobstruindo-as, permitindo a ventilação durante o transporte. Figura 2 – Técnica Australiana para remoção de vítima afogada – Disponível no Manual de Emergências Aquáticas, SOBRASA, 2019 Ao chegar na área seca, o socorrista deve posicionar a vítima o mais horizontal possível, e distante da água. Se ela estiver consciente, deve posicioná-la em decúbito dorsal, se possível a 30º. Se ela estiver inconsciente, porém ventilando, uma sugestão é a posição lateral de segurança, sob o lado direito. Suporte de vida É fundamental lembrar que, a abordagem do afogamento inicia-se pelo Suporte Básico de Vida, e somente após realizadoe garantidaa ventilaçãoe circulação,realizamosa classificaçãodagravidade usandoem graus.Assim,cada caso de afogamento deve ser tratado conforme sua gravidade. Suporte Básico de Vida no afogado grau VI Sempre inicieaRCPcomapenasumsocorrista,apóso1ºciclocompletopodeiniciaraalternânciacomdoissocorristas; Somente em casos de afogamento, se estiver presente dois socorristas, o protocolo de RCP após o primeiro ciclo poderá ser 15 compressões para 2 ventilações. A frequência das compressões devem ser de 100 a 120 vezes em 60 segundos; Em crianças de 1 a 9 anos, utilize apenas uma mão para as compressões. Ossocorristasdevemse colocarlateralmenteaoafogadoe emladosopostos,aqueleresponsávelpelaventilaçãodeve manter as vias aéreas desobstruídas. Em caso de cansaço, realize a troca rápida de função com o outro. Após os 2 minutos de RCP, reavalie a ventilação e os sinais de circulação.Se ausente, prossiga a RCP e interrompa-a para nova reavaliaçãoa cada 2 minutos.Fique atentodurante aRCP e verifique periodicamente se oafogadoestáou não respondendo, o que será importante na decisão de parar ou prosseguir. Noscasos do retornoda funçãocardíaca e respiratóriaacompanhe avítimacom muitaatenção,durante osprimeiros 30 minutos, até a chegada da equipe médica, pois ainda há risco de uma nova PCR.
  • 6. O DEA nãoé útil emcasos de afogamentoprimário,poisaPCRé de causa respiratóriae ocorre emassistoliaemquase 100% dos casos em que não há indicação de desfibrilação. O DEA pode ser necessário em casos de afogamento secundário a ocorrência de um IAM. Noscasos em que não houverefetividade damanobrade ventilaçãoboca-a-boca,refaçaahiperextensãodopescoço e tente novamente. Caso não funcione, pense em obstrução por corpo estranho e execute manobra apropriada. Obs: A RCP deve serrealizadaemtodosos afogadosem PCR com tempode submersão< 1 hora; e todos os casosde PCR que não apresentemumoumaissinais,como:rigidez cadavérica, decomposição corporal, presença de livores. Tratamento/Condutas do Afogamento Ao chegar na areia, ou na borda da piscina, coloque o afogado em posição paralela à água, e o socorrista de costas para omar, e a vítimacom acabeça doseuladoesquerdo.A cabeçae otroncodevemficarnamesmalinhahorizontal; a água aspirada não deve ser retirada pois a tentativa pode prejudicar a ventilação e oxigenação, além de facilitar vômitos. Cheque a resposta da vítima perguntando, “Você está me ouvindo?”. Em casos de resposta,ela estáviva e pode ser um caso de resgate ou grau 1,2,3 ou 4. Coloque emposiçãolateral de segurança (sobre o lado direito) e aplique o tratamento direcionado para o grau de afogamento, posteriormente. Avalie a necessidade de solicitarambulância,aguardaro socorro chegar ou fazera própriaremoção ao hospital.Se a vítimaestiverinconscientee forpossível ligue193/192 oupeçaa alguémparachamara ambulânciaouoguarda-vidas, e; Abra as viasaéreas,colocandodoisdedosdamãodireitanoqueixoe a mãoesquerdanatesta, e estenda o pescoço; Cheque arespiração – ver,ouvire sentir- alémde observaramovimentaçãodotórax.Se houverrespiraçãoé umcaso de resgate, ou grau 1,2,3 ou 4. Coloque em posição lateral de segurança e aplique o tratamento apropriado para o grau. Se a respiraçãoestiverausente –inicieaventilaçãoboca-a-boca.Obstruaonarizutilizandoamão(esquerda)datesta, e com os dois dedos da outra mão (direita) abra a boca e realize 5 ventilações boca-a-boca iniciais observando um intervaloentre cadauma que possibilite aelevaçãodotórax,e logoem seguidaoseuesvaziamento.Érecomendável a utilização de barreira de proteção (máscara); Cheque sinais de circulação (movimentos ou reação à ventilação realizada); Se houver sinais de circulação, é uma parada respiratória isolada – grau 5, mantenha somente a ventilação com 10 vezes por minuto até o retorno espontâneo da respiração. Se o paciente esboçar um esforço respiratório fugaz ou muitofraco, é necessáriorealizarmaisalgumasventilaçõesaté que o paciente assumauma respiraçãoespontâneae efetiva. Se NÃO houver sinais de circulação retire os dois dedos do queixo e passe-os pelo abdômen localizandoo encontro das duas últimas costelas. Coloque a mão no tórax e a outra por sobre a primeira e inicie 30 compressões torácicas, em caso de 1 socorrista. Afogamento e suas indicações de oxigênio Grau 2: Cateter de O2 naso-faríngeo a 5 litros/min até chegar a ambulância ou o transporte ao hospital.
  • 7. Grau 3 e 4 – Máscara oro-nasal de O2 a 15 litros/min. Nos casos grau 4 fique atento a possibilidade de uma parada respiratória. Grau 5 – Ventilação boca-a-boca como primeiro procedimento. A máscara oro-nasal de O2 a 15 litros/min pode ser utilizadacaso haja outro socorristadisponível paratrazê-la.Realize entãooboca-a-boca/máscaracom 15 litros/min. Após o retorno da ventilação espontânea utilize 15 litros de O2 /minuto sob máscara. Grau 6 – Reanimação cardiopulmonar. Inicie primeiro a RCP e só então se houver disponibilidade de pessoas para ajudar utilize o O2. Após sucesso na reanimação trate como grau 4. O Suporte Avançado de vida (ACLS) e o hospital O Suporte Avançadode Vidae o atendimentohospitalarsóé possível se osocorristarealizaroprimeiroatendimento, seguindo os 5 anéis da cadeia de sobrevivência de maneira adequada e eficaz. Quanto maior a quantidade de água aspirada maior a dificuldade na hematose e mais grave a hipoxemia resultante. As ambulâncias aparelhadas com equipamentos tipo UTI geralmente chegam ao local em um tempo médio de 12 minutos.Emlocaisque oacessoaumaambulância ousocorromédicoultrapasse otempomédiode 15minutos,ouso do O2 e equipamentosparaa ventilaçãonolocal é umanecessidade aolidarcom os casos de afogamento,tendoem vistaque o afogamentoprejudicadiferentesetapasnaobtençãodoelemento fundamental a vida que é o oxigênio. Conduta do socorrista após o resgate aquático Em casos graves,a indicaçãoé ambulânciae/ouhospital.Emcasos menosgraves,oguarda-vidase/ousocorristatem 3 possibilidades: Liberar a vítima sem maiores recomendações – Vítima de RESGATE sem sintomas, doenças ou traumas associados – sem tosse, com a frequência do coração e da respiração normal, sem frio e totalmente acordado, alerta e capaz de andar sem ajuda; Liberar a vítima com recomendações de ser acompanhada por médico a nível ambulatorial. Resgate com pequenas queixas; Grau 1: liberar após observação de 15 a 30 min, se a vítima estiver se sentindo bem; Acionar o Sistema de Emergências Médicas (SEM) – Ambulância (193) ou levar diretamente ao hospital em caso de ausência da ambulância: Afogamento grau 2,3,4,5 e 6 Qualquer paciente que por conta do trauma ou doença aguda o impossibilite de andar sem ajuda ou que perdeu a consciência mesmo que por um breve período ou que necessitou de boca-a-boca ou RCP;
  • 8. Qualquer paciente com suspeita de doença grave como; infarto agudo do miocárdio, lesão de coluna, trauma grave, falta de ar, epilepsia, lesão por animal marinho, intoxicação por drogas etc.