Evolução da universidade de ontem para a multiversidade de hoje
1. Capítulo 12 – A universidade de ontem e de hoje
Anísio Spínola Teixeira
Mestranda: Fernanda Bortolin Maciel
Frederico Westphalen, dezembro de 2015.
2. A UNIVERSIDADE DE ONTEM E DE
HOJE
Evolução lenta
Século XIX: espírito de segregação
Iniciou-se na pesquisa desde o começo do século XX
Objetivava a harmoniosa cultura clássica
Saber aplicado e utilitário, que visava à vida do espírito – olhado
com desdém
Com a pesquisa, buscava o saber pelo saber
3. • Mestres e estudantes continuavam em
sua independência e isolamento.
• O culto do saber do passado ou a
busca do saber do futuro era a forma
leiga de convento, de alheamento aos
negócios do mundo e de entrega da
vida aos prazeres do espírito.
• Esse isolamento era corrigido com a
formação profissional (clero, bacharel
em direito, médico e engenheiro).
Fim da
Idade
Média:
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HOJE
4. A formação profissional não constituía o coração da
universidade, mas sua extensão ou desenvolvimento –
a formação universitária era a da cultura clássica,
seguida da pesquisa (primeiramente relativa a essa
cultura clássica, depois relativa à ciência experimental).
Mesmo com a ciência experimental, a universidade
continuou sua busca do “saber pelo saber”, do saber
como um fim em si mesmo.
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HOJE
5. Exceção: universidade
americana, que
davam à pesquisa o
caráter prático de
saber aplicado.
Missão da
universidade: guarda
e transmissão do
saber!
Orgulhava-se de seus
poucos alunos e da
alta qualidade de
seus intelectuais e
eruditos.
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Revolução
científica
Revolução
industrial
Revolução
democrática
6. Últimos 150 anos: para alguns, a
universidade vem perdendo sua
unidade e seu senso de missão.
UNIVERSIDADE:
• Guarda e
• Cuidado
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HOJE
DA CULTURA
HUMANA
Equipamento maior
da vida da própria
sociedade!!
8. Oxford e Cambridge – importantes para esclarecer
a missão da universidade – buscaram conservar a
cultura clássica.
• Universidade como exercício mental e não
simples transmissão do saber.
• Forma o homem para “refletir com precisão e
conversar com graça e facilidade e dispor
daquele famoso e inteligente senso de humor,
que lhe valeria como melhor substituto até
então descoberto para a sabedoria”.
• Formação da elite humana.
• Melhor exemplo para formação de uma elite
para o governo e o serviço público.
Oxford –
formação
não
utilitária.
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9. Newman (1852) fundou a universidade de Dublin
Excluía a pesquisa e condenava o caráter utilitário no seu
ensino, devendo o saber constituir o seu próprio fim.
Também Whitehead compartilhava dessa filosofia, devendo a
universidade ter por essência o ensino e a cultura do espírito.
Após essa concepção - Flexner – Universidade Moderna: “não existe fora mas dentro
da contextura geral da sociedade de determinada época”; é uma expressão de época;
Universidade de Berlim de Humboldt e universidade de Manchester – ambas
devotadas à ciência e ao seu tempo
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10. Longa e extrema luta para inclusão da
pesquisa e da ciência na universidade.
Representou a expansão:
• No desenvolvimento dos estudos de pós-graduação;
• Na educãaão de adultos e
• Na multiplicação de escolas profissionais de todo
gênero.
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11. • Instituição de serviço nacional,
devotada à solução de problemas
• À apreciação crítica das conquistas
realizadas
• Pesquisa dirigida e aplicada para o
desenvolvimento e a defesa nacional
Outra
transformação:
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Instituição que rompe resistências, nova por sua complexidade e variedade, seu
pluralismo , bem como confusão e divisionismo
12. Presidente Kerr – Universidade da Califórnia –
analisou a imensa transformação da universidade –
MULTIVERSIDADE
• Aumento no número de alunos
• Qualidade do estudante diminuiu
• Diminuiu a qualidade dos estudos
• Aumento no número de cursos
• Pesquisa aumentou enormemente
Humboldt,
Newman e
Flexner não
reconheciam
suas
universidades
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13. Hoje, a ciência fez-se a grande mola
de competição do mundo
desenvolvido e nenhuma força lhe é
igualada em importância e alcance.
Universidade na busca de soluções para uma
sociedade totalmente industrializada, penetrada
na ciência e tecnologia e coletivamente
organizadas sob a forma de grandes grupos com
interesses diversos e muitas vezes contraditórios.
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HOJE
14. A UNIVERSIDADE DE ONTEM E DE
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• Kerr – Laissez-faire universitário – liberdade de de
experimentar e tentar, característica da civilização
pluralista e democrática, cria a “moderna universidade
americana”, considerada um conjunto de fragmentos,
experimentos e conflitos.
• “Nenhuma universidade pode visar mais alto do que
que ser tão britânica (Oxford e Cambridge) quanto
possível, em relação aos seus graduandos, tão
germânica (Berlim, Halle e Gottingen) quanto seus pós-
graduandos e pesquisadores e tão americana (Harvard
e Wisconsin) quanto possível para o público em geral.”
15. • Nathan Pusey - Ocorreu um crescimento e
mudança, quanto ao currículo e quanto à
natureza da universidade contemporânea,
alargamento de sua área internacional de
interesse, avanço do saber, crescente renovação e
extrema complexidade dos métodos de pesquisa.
• Mudanças na orientação intelectual e nas
aspirações da universidade contemporânea.
• Aumento nos investimentos na universidade, no
quadro de professores, campus, nas estações
experimentais, programas no estrangeiro,
cursos... MULTIVERSIDADE
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16. Estudantes e sua tipologia:
• Típico do colégio (clubes, atletismo)
• Acadêmico (estudantes sérios, de pura vida intelectual)
• Vocacional (estudantes em busca de treinamento
específico)
• Não-conformista (políticos ativistas, intelectuais
agressivos e boêmios)
• Estudante individual (enfrenta extrema diversidade de
oportunidades que seu currículo oferece)
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HOJE
17. • Pesquisa já é a mais importante das funções.
• “Homens da empresa da ciência e da cultura” – novos
ricos.
• Movimento das escolas estaduais nos Estados Unidos –
Nova universidade que se voltava tanto para o
desenvolvimento do gentleman como à pesquisa
tecnológica, à pesquisa econômica e à pesquisa em
todos os aspectos políticos e sociais da democracia.
• “A universidade rompia com as tradições originárias de
formadora da elite, para se abrir a todos se ser o
grande instrumento de igualdade de oportunidade
para todos.
A UNIVERSIDADE DE ONTEM E DE
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18. Novo tipo de
universidade:
• Aberta
• Popular
• Participantes do
progresso
• Alto prestígio
intelectual
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19. • A separação entre ciência e aplicações da
ciência quase deixa de existir.
• Universidades se “entregam” ao serviço da
tecnologia.
• Universidade sendo solicitada para dar sua
contribuição científica ao progresso da
civilização.
• Ciência como preocupação central dos
governos.
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20. • Universidades são arrancadas da sua
segregação de instituição de formação de
homens e de busca desinteressada e lenta do
saber para ser lançada no redemoinho da
competição internacional e dos conflitos de
poder. Mas, não perder de vista:
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• Liberdade do saber
• Alargamento dos horizontes da igualdade
de oportunidades
• Aperfeiçoamento da formação humana.
Objetivos
perenes da
Universidade:
21. • A consolidação da herança greco-latina
na Idade Média a partir do século XII
• O Renascimento no século XVI
• O segundo renascimento com o séc.
XVIII
• Início da industrialização
• Surto científico no séc. XIX
• Industrialização total e a maturidade
do desenvolvimento científico
Grandes fases
de
caracterização
da universidade
processaram-se
em consonância
com os grandes
períodos
históricos:
A UNIVERSIDADE DE ONTEM E DE
HOJE
22. • A educação está intrinsecamente relacionada
com o caráter da civilização de cada país.
• Quanto mais educação, melhor
desenvolvimento nacional e tecnologia.
• Nos EUA, a crescimento do “saber” faz-se em
proporção de duas vezes o crescimento da
economia – Kerr – “indústria do
conhecimento”
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HOJE
23. • Quanto à população: já não serve somente
a elites, nem apenas à classe média, mas a
todas as classes e todo o povo.
• Quanto ao saber: identifica-se com todos
os saberes, de todas as áreas, todos os
níveis e todas as ocupações
• Quanto ao espaço: não é algo isolado, mas
estende-se à agricultura, à indústria, à
cidade e multiplica-se em pontos diversos.
Universidade
hoje:
A UNIVERSIDADE DE ONTEM E DE
HOJE
24. O próprio crescimento do saber não se faz hoje mais
apenas com indivíduos, mas por equipes, e há
tendência para a concentração desse crescimento por
áreas e não mais por pessoas.
A universidade tem que associar-se a várias outras em
certos campos do saber, com programas próprios e
intercâmbios de professores e alunos, levando à
formação de não só de multiversidades, mas de
constelações de multiversidades.
A UNIVERSIDADE DE ONTEM E DE
HOJE
25. • O saber sempre foi importante, mas nunca tanto
quanto agora. Mudanças ocorrem, problemas
surgem, o saber abre oportunidades para
soluções e não há como deter a marcha, salvo se
pudesse deter o saber.
• A universidade é hoje centro de toda a sociedade
e, apesar disto, tem de manter seus velhos ideais
e não só manter-se em equilíbrio, mas constituir-
se a força maior do equilíbrio de toda a
sociedade.
A UNIVERSIDADE DE ONTEM E DE
HOJE
26. • Muitos conflitos se encerraram entre o saber
contemplativo e o saber utilitário, entre a
ciência básica e a aplicada, entre teoria e
prática, entre preparação e consumação, entre
cultura aristocrática e cultura comum e não é
possível que o homem não consiga resolver os
novos problemas que a remoção desses
obstáculos tenha podido trazer.
A UNIVERSIDADE DE ONTEM E DE
HOJE
27. • Estamos em caminho para uma e
o preconceito a vencer é o de que uma cultura
comum, uma não possa ser
uma grande e alta cultura.
• Marchamos para essa cultura comum
então para a confusão e a anarquia.
A UNIVERSIDADE DE ONTEM E DE
HOJE
28. • Nosso ensino superior nunca representou
originalidade, mas a cópia de outras ideias
de universidade.
• Mantivemos a universidade como um
conjunto de escolas profissionais
indenpendentes entre si (lembrando a
Universidade de Paris, com vestígios
germânicos nas escolas de Medicina a
respeito de vagas ideias de pesquisa).
• Nossas universidades nunca foram
propriamente humanísticas nem de
pesquisa científica, mas simplesmente
profissionalizantes.
Brasil:
A UNIVERSIDADE DE ONTEM E DE
HOJE
29. A UNIVERSIDADE DE ONTEM E DE
HOJE
• No Brasil temos uma série de
congregações isoladas e
independentes, unidas por
uma reivindicação comum
em torno do orçamento,
(federal)
• Expansão quantitativa das
universidades.
Brasil:
30. A UNIVERSIDADE DE ONTEM E DE
HOJE
• UnB: aglutina função formadora e de
cultura básica, função de preparo do
especialista, pós-graduação e a
pesquisa e a ideia de serviço e
integração na sociedade brasileiro e
nos seus problemas.
• Somente a UnB pode ser
considerada uma universidade de
serviço (devotada aos problemas
práticos de sua sociedade e à
educação).
31. • A ideia de universidade humanista e de
formação clássica não chegou a se
caracterizar entre nós.
• A ideia de serviço, da universidade
integrada na sociedade e nos seus
problemas está apenas a esboçar-se.
• Universidade moderna organizada para a
pesquisa, integrada no presente e voltada
para o futuro apenas agora começa a
medrar.
• A ideia de multiversidade ligada à
indústria, à defesa e ao desenvolvimento
nacional ainda está para ser sentida e
compreendida.
Brasil:
A UNIVERSIDADE DE ONTEM E DE
HOJE
32. • Bibliografia
– TEIXEIRA, A. S. Educação e o mundo Moderno.
São Paulo: Nacional, 1977.
A UNIVERSIDADE DE ONTEM E DE
HOJE
Notas do Editor
UnB: aglutina função formadora e de cultura básica, função de preparo do especialista, pós-graduação e a pesquisa e a ideia de serviço e integração na sociedade brasileiro e nos seus problemas.
Somente a UnB pode ser considerada uma universidade de serviço (devotada aos problemas prticos de sua sociedade e à educação).