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                            Se(r)ver entre-línguas




    José A. Uchôa-Fernandes (UFMA)



                                     III Sidis -2012
Escolha do tema e delimitação do corpus:
grande adesão ao orkut no Brasil;
possibilidade de anonimato / múltiplos avatares/identidades;
Comunidades de semelhança;
Relação mais frouxa entre enunciado e enunciador (“fakes”, possibilidade
de edição, etc.)
Sujeito jurídico e sujeito do orkut


Foco: Relação estabelecida pelos sujeitos com as línguas (materna e
estrangeira)
Comunidades Analisadas

          Eu amo Inglês                    Eu ODEIO Inglês




•Discurso hiperbólico
Apesar de a palavra “comunidade” nos remeter a aspectos coletivos, as
comunidades acima têm sua nomenclatura fundamentada na primeira
pessoa.
Relações entre Língua, Identidade e Avatar:

De modo análogo à construção do avatar, o aprendizado de LE exige do
sujeito uma reinvenção de si mesmo (Coracini, 2006).

Em ambos os processos, conflitos emergem:

Atual / Virtual

Língua (e cultura) Materna / Estrangeira

•As redes sociais parecem propícias à observação desses conflitos.
Sujeito entre-linguas
afetado e constituído tanto pela LM quanto pela LI, independente de sua
inserção no contexto formal de ensino-aprendizagem da segunda

O-01.
“Eu não gosto da forma como o portuguès é tratado pelos próprios brasileiros.
Eu comprei uma máquina fotográfica que tinha o manual em inglês, francês, alemão, espanhol e
italiano. (...) Tive que adivinhar onde ligar os cabos, pois o manual estava apenas em
inglês, francês e espanhol. Mas a culpa não é do povo que fala inglês, nem do povo que fala
espanhol ou italiano. A culpa é dos brasileiros que acham "bonito" ficar falando em outras
línguas e não valorizam o nosso idioma.
Mas eu ainda não expliquei porque odeio o inglês... É simples, quando vou fazer compra, alguma
loja bota um cartaz bem grandão "FOR SALE", "JUST IN TIME" ou outras expressões que eu não
faço a mínima idéia do que significam. PÔ, ESTAMOS NO BRASIL, ENTÃO FALEM
PORTUGUÊS!
Não sou contra quem gosta de fazer cursos, eu até apóio, mas quando vier conversar
comigo, FALEM PORTUGUÊS.(...)”

*grifos do texto original.
Sujeito entre-línguas


•Embora a nomenclatura da comunidade sugira uma relação definitiva (de
ódio à LI), os efeitos de sentido dos enunciados sugerem uma relação na
qual o sujeito se mostra também afetado por esta língua, tal qual aqueles que
dela se declaram amantes;

•o próprio gesto de filiação nessas comunidades sugere um conflito íntimo de
um sujeito dividido ente o eu e o outro, entre sua língua e a língua do outro.

•Busca da preservação de uma identidade, de um status e de um papel
que, em suas representações de língua, são atributos da LM, aquela que o
constitui na “gênese”.
Elementos do Discurso Fundador das Metodologias de Ensino:
(cf. Mascia, 2003)

A-01.
“Tópico: Erros grotescos de inglês de membro da Comu.
Nossa, andei entrando em uma página em que este "individuo" que se diz
apaixonado por ingles comete erros que nem o Lula cometeria hahahaha
deem uma olhada e postem o que acharam!!! rsrs Riiiidiculo!!! entrem na
pagina depois pra dar uma olhada, realmente alguem que diz amar ingles
fazer isto não deveria fazer parte desta comunidade hahaha é cada um...

•Interferência da LM – Mal a ser evitado
•Comerciais de Institutos de Língua: A LM como elemento do ridículo e do
grotesco.
•O caso Pepsi/Joel Santana


Para a construção do avatar (LI) deve-se apagar as marcas do atual (LM).
Elementos do Discurso Fundador das Metodologias de Ensino:
(cf. Mascia, 2003)




Oscilação entre o desejo pela identidade fornecida pela LI (avatar) e o apego
à identidade inicial (jurídica, da LM) e da recusa à alteridade apresentada na
e pela língua estrangeira.

Discurso fundador das metodologias de ensino: hipertrofiado e hiperbolizada
pelas condições de produção do orkut.
Desejo e Recusa (da Língua) do outro:
Alguns “tópicos” encontrados nas comunidades

“Eu amo inglês”:
A – “Do you prefer portuguese or english?”;
B – “Erro grotescos de inglês de membro da Comu.”;
C – “Não consigo ler em inglês sem traduzir”.


“Eu ODEIO inglês”:
E – “Eles tb se dão muito mal!”;
F- “Foda-se o ingles, nos tamo no brasil porra ahushua”;
G –“ não gosto de ingles ou não gosto da professora”;
H – “QUER SABER PORQUE DO INGLES????”.
Desejo e Recusa (da Língua) do outro:
Alguns “tópicos” encontrados nas comunidades

“Eu amo inglês”:
A – “Do you prefer portuguese or english?”;

“Eu ODEIO inglês”:
F- “Foda-se o ingles, nos tamo no brasil porra ahushua”;

A e F: conflito LM / LE
A: implicação de que deva haver uma língua preferida em detrimento de outra;
F: resistência fundamentada em fronteiras nacionais e hostilidade à alteridade.

Em F busca-se uma relação unívoca ente língua e Estado-nação.
Desejo e Recusa (da Língua) do outro:
Alguns “tópicos” encontrados nas comunidades
 “Eu amo inglês”:
 B – “Erro grotescos de inglês de membro da Comu.”;

 “Eu ODEIO inglês”:
 H – “QUER SABER PORQUE DO INGLES????”.

Tópico H questiona as razões para se aprender a LI:
Designada como “internacional”, a língua “do mercado”, a língua dos “cidadãos do
mundo”, (comercial de TV de um Instituto de Línguas).

não falar inglês “fluentemente”  sujeição às sanções provocadas pelos “erros
grotescos” (Tópico B), que configuram o sujeito que os comete como alguém que se
encontra por fora, nos termos de Bauman (2003).
Censura ao membro da comunidade no tópico A
Desejo e Recusa (da Língua) do outro:
Alguns “tópicos” encontrados nas comunidades

 O “controle” (ou “domínio”) da LI é quase sempre representado como
 resultante de um processo que se deu (ou ainda se dá) no contexto da
 sala de aula, conforme sugere o tópico G

 “Eu ODEIO inglês”:
 G –“ não gosto de ingles ou não gosto da professora”;

 LI  saber disciplinar, adquirido por meio de instituições de ensino;
  relação de equivalência com a Química, a Física, a Biologia e a
  Matemática, etc., (implica aprovação ou reprovação)
O Inglês como saber disciplinar:

O-02.
“podemos apredner espanhol
qui porra di matéria é essa!!!Nós estamos no Brasil!!!Entaum InGlÊs vai se
fude!!!”

 O-03.
“ja tou praticamente reprovado, tenho 2% de chance de passar pra proxima
fase...rsrs”
Sujeito do orkut: intolerância para com o outro  ambiente receptivo à(s) (tentativas
de) “dilatação” dos limites do dizível peculiares a esse espaço enunciativo;

Redes sociais: nicho ideal para um sujeito que “simboliza muito pouco ou quase nada”
(Coracini, 2006 p. 149) caracterizado “por um repúdio completo à dimensão do Outro”
(Melman, 2002 apud. Coracini, 2006, p.141).
Alguns pré-construídos sobre Língua(s) e Ensino-Aprendizagem:

1 – A pressuposição da Superioridade da LI em relação à LM
A-02.
“i think we should change the name of the community to "yes, i speak english" or something like
this... it's better than "eu amo inglês"
what do u think?”

A-03.
“Sei lá, acho q se for pra mudar de nome tem q ser algo mais inteligente, nao mudar por mudar...tipo:
I´m rocked by the English Language”

2 – “O inglês é mais fácil que o português (LM)”
O-04.
“Mas inglês é mais fácil, pela forma de usar os verbos com os sujeitos. Não é necessario decorar
padrões que dependendo do verbo não são os mesmo, o que é comum em muitas línguas. E volto
a repetir, russo pra russo é fácil oras. Mas é tudo muito relativo e difícil de fazer uma experiência
com alguém que tenha uma língua materna neutra e tenha que aprender duas línguas distintas”.
Alguns pré-construídos sobre Língua(s) e Ensino-Aprendizagem:
3 - “O inglês é uma língua „pobre‟”
O-05.
“(...)3- Ingles parece lingua de cachorro!Enquanto Portugues é mais bonita(fala sério ,qual lingua
vc prefere?)
4-Vocabulário:Eles não tem nada de vocabuláriooooooooo (...) eles não tem tantas palavras para
um só siginificado,quando forem escrever um texto vaificar tudo repetitivo
5-Verbo:O verbo ´´To be`` e ´´to Have`` nossaaaaaaaaaaaaaaa!!!É TUDO IGUAL!!!As palavras
repetem,quando eles forem falar,a gente fica maluco sem saber de que pessoa ele tá falando!É
tudo´´are,are,are,are`` Que droga!!!Enqunato o da gente é´´sou,é,somos,etc...``,mesma coisa é
com o ´´to have``!(...)”

O-06.
“EU SEI MUITISSIMO BEM O POR QUE DO INGLÊS, PORÉM ODEIO ESSA LINGUA!!!!!!!!!!!!!!!!!
COMO ODEIO OS EUA!!!!!!!!!
Se não souber inglês não tenho emprego,...
mas ODEIO essa lingua idiota nem conjugação tem direito, lingua estupida
Mostre sua revolta com essa língua, vamos dar trablho aos tradutores e não aprender essa língua
escrota”
O-07.
“É uma língua estúpida e pobre. É mais um dos artifícios da
dominação da cultura americana no brasil e no mundo. Além de tudo é sonoramente feia,
visto q é de origem germânica (hiifiwqhçi) e não românica como o português e o francês.”
4 – “Gosto do inglês, mas também do português”

A-04.
Do you prefer portuguese or english?
I prefer english rsrsrs
but also like portuguese
                                          Regra de Nomralidade:
                                  I like English AND NOT Portuguese

5 – “Leave your mother tongue”
Título de redação que é parte do corpus analisado por Carmagnani (2003).

A-05.
“(...) if we love english, the community name should be in english...”




4 – O Mito do native-like speaker
A-08.
“na metodologia da escola q eu estudo (...) isso eh totalmente errado, pq a pessoa tem q aprender a
pensar em ingles. Dessa forma, ela irá entender a frase, e naum traduzir... como se vc fosse
realmente um americano...”

Como se fosse  analogia com a construção do avatar.
Estabelecendo links

 O efeito de liberdade que perpassa as redes sociais pode produzir deslocamentos nos modos de
 dizer, que dão vazão a representações e modos de enunciar, de ser e de (se) ver (n)a interação
 com o outro que não se encontram (ou são raros) em outros meios.


  saber mais sobre como esses sujeitos (se) vêem (em) sua relação com as línguas e refletir
  sobre suas expectativas e tabus pode ser um exercício valioso para nossa própria reflexão
  sobre o saber (em) língua estrangeira e como nós (Educadores, alunos, administradores
  escolares, pesquisadores, etc.) temos abordado o tema em nossa trajetória.


   As analogias que pudemos estabelecer entre o processo de construção do avatar e o
   aprendizado de uma língua estrangeira sugerem que esta ainda é tratada, na maioria dos
   casos, de um ponto de vista etnocêntrico que estabelece alto status à LI, o que aponta para a
   necessidade de uma prática educativa que possa integrar o eu e o outro. Embora defendidas
   há muito pela Linguistica Aplicada essas novas práticas ainda encontram formas abundantes
   e robustas de resistência, permeando dizeres de professores e aprendizes.
Bibliografia


BAUMAN, Z. Modernidade Líquida.Trad.: Plínio Dentzien Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2001.
___________. Comunidade: A busca por segurança no mundo atual. Trad.: Carlos Alberto Medeiros Rio de Janeiro:
Jorge Zahar Editor, 2003.
CARMAGNANI, A. M. G. A Questão da Identidade na Mídia: Reflexos na Sala de Aula. In: CORACINI (ORG.)
Identidade e Discurso: (des)construindo subjetividades, Campinas: Ed. Argos/ Unicamp, 2003.
CORACINI, M. J. F. Identidades Múltiplas e Sociedade do Espetáculo: Impacto das novas tecnologias de
comunicação. In: Magalhães et. al. (ORGS.): Práticas Identitárias: língua e discurso, São Carlos: ed. Claraluz, 2006.
CRYSTAL, D. (1997) English as a Global Language. Cambridge: CUP, 2003.
DUCROT, O. (1984). O Dizer e o Dito. Campinas: Pontes, 1987.
FINK, B. A O Sujeito Lacaniano – entre a linguagem e o gozo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1998.
FOUCAULT, M, (1971). A Ordem do Discurso. 8ª ed. São Paulo: Ed. Loyola, 2002.
GUIMARÃES, E. Semântica do Acontecimento. 4ª ed. Campinas: Editora da Unicamp, 2002.
GRIGOLETTO, M. Leitura e Funcionamento Discursivo do Livro Didático de Língua Estrangeira: Lugar de
Interpretação? In: CORACINI (ORG.) Interpretação, Autoria e Legitimação do Livro Didático. Campinas: Pontes,
1999.
LÉVY, P. O que é o Virtual. 1a ed. São Paulo, Editora 34, 1996.
MASCIA, M. A. A. Discursos Fundadores das Metodologias e Abordagens de Ensino de Língua Estrangeira. In:
Coracini & Bertoldo (ORGS.): O Desejo da Teoria e a Contingência da Prática, São Paulo: Mercado de Letras, 2003.
ORLANDI, E. P. A linguagem e seu funcionamento: as formas do discurso. São Paulo: Brasiliense, 1983.
PHILLIPSON, R. H. L. Linguistic Imperialism. 2ª ed. Oxford: Oxford University Press, 1993.
REVUZ, C. A lingua estrangeira entre o desejo de um outro lugar e o risco do exilio. In: SIGNORINI, I. (ORG).
Lingua(gem) e Identidade: Elementos para uma discussão no campo aplicado, Campinas: Mercado de Letras, 1998.
UCHÔA-FERNANDES, J. A. Jogos de (se) mostrar / dizer: o sujeito e os discursos sobre a Língua Inglesa na rede
social orkut. Dissertação de Mestrado-FFLCH-USP, São Paulo: 2008.
___________. Representações de Aluno e Professor: O Método Audiovisual para o Ensino de Inglês como Língua
Estrangeira. Trabalho de Graduação Individual, DLM-FFLCH, Universidade de São Paulo, São Paulo: 2004.

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Se(r)ver entre línguas

  • 1. dlm|fflch | usp | novembro de 2008 Se(r)ver entre-línguas José A. Uchôa-Fernandes (UFMA) III Sidis -2012
  • 2. Escolha do tema e delimitação do corpus: grande adesão ao orkut no Brasil; possibilidade de anonimato / múltiplos avatares/identidades; Comunidades de semelhança; Relação mais frouxa entre enunciado e enunciador (“fakes”, possibilidade de edição, etc.) Sujeito jurídico e sujeito do orkut Foco: Relação estabelecida pelos sujeitos com as línguas (materna e estrangeira)
  • 3. Comunidades Analisadas Eu amo Inglês Eu ODEIO Inglês •Discurso hiperbólico Apesar de a palavra “comunidade” nos remeter a aspectos coletivos, as comunidades acima têm sua nomenclatura fundamentada na primeira pessoa.
  • 4. Relações entre Língua, Identidade e Avatar: De modo análogo à construção do avatar, o aprendizado de LE exige do sujeito uma reinvenção de si mesmo (Coracini, 2006). Em ambos os processos, conflitos emergem: Atual / Virtual Língua (e cultura) Materna / Estrangeira •As redes sociais parecem propícias à observação desses conflitos.
  • 5. Sujeito entre-linguas afetado e constituído tanto pela LM quanto pela LI, independente de sua inserção no contexto formal de ensino-aprendizagem da segunda O-01. “Eu não gosto da forma como o portuguès é tratado pelos próprios brasileiros. Eu comprei uma máquina fotográfica que tinha o manual em inglês, francês, alemão, espanhol e italiano. (...) Tive que adivinhar onde ligar os cabos, pois o manual estava apenas em inglês, francês e espanhol. Mas a culpa não é do povo que fala inglês, nem do povo que fala espanhol ou italiano. A culpa é dos brasileiros que acham "bonito" ficar falando em outras línguas e não valorizam o nosso idioma. Mas eu ainda não expliquei porque odeio o inglês... É simples, quando vou fazer compra, alguma loja bota um cartaz bem grandão "FOR SALE", "JUST IN TIME" ou outras expressões que eu não faço a mínima idéia do que significam. PÔ, ESTAMOS NO BRASIL, ENTÃO FALEM PORTUGUÊS! Não sou contra quem gosta de fazer cursos, eu até apóio, mas quando vier conversar comigo, FALEM PORTUGUÊS.(...)” *grifos do texto original.
  • 6. Sujeito entre-línguas •Embora a nomenclatura da comunidade sugira uma relação definitiva (de ódio à LI), os efeitos de sentido dos enunciados sugerem uma relação na qual o sujeito se mostra também afetado por esta língua, tal qual aqueles que dela se declaram amantes; •o próprio gesto de filiação nessas comunidades sugere um conflito íntimo de um sujeito dividido ente o eu e o outro, entre sua língua e a língua do outro. •Busca da preservação de uma identidade, de um status e de um papel que, em suas representações de língua, são atributos da LM, aquela que o constitui na “gênese”.
  • 7. Elementos do Discurso Fundador das Metodologias de Ensino: (cf. Mascia, 2003) A-01. “Tópico: Erros grotescos de inglês de membro da Comu. Nossa, andei entrando em uma página em que este "individuo" que se diz apaixonado por ingles comete erros que nem o Lula cometeria hahahaha deem uma olhada e postem o que acharam!!! rsrs Riiiidiculo!!! entrem na pagina depois pra dar uma olhada, realmente alguem que diz amar ingles fazer isto não deveria fazer parte desta comunidade hahaha é cada um... •Interferência da LM – Mal a ser evitado •Comerciais de Institutos de Língua: A LM como elemento do ridículo e do grotesco. •O caso Pepsi/Joel Santana Para a construção do avatar (LI) deve-se apagar as marcas do atual (LM).
  • 8. Elementos do Discurso Fundador das Metodologias de Ensino: (cf. Mascia, 2003) Oscilação entre o desejo pela identidade fornecida pela LI (avatar) e o apego à identidade inicial (jurídica, da LM) e da recusa à alteridade apresentada na e pela língua estrangeira. Discurso fundador das metodologias de ensino: hipertrofiado e hiperbolizada pelas condições de produção do orkut.
  • 9. Desejo e Recusa (da Língua) do outro: Alguns “tópicos” encontrados nas comunidades “Eu amo inglês”: A – “Do you prefer portuguese or english?”; B – “Erro grotescos de inglês de membro da Comu.”; C – “Não consigo ler em inglês sem traduzir”. “Eu ODEIO inglês”: E – “Eles tb se dão muito mal!”; F- “Foda-se o ingles, nos tamo no brasil porra ahushua”; G –“ não gosto de ingles ou não gosto da professora”; H – “QUER SABER PORQUE DO INGLES????”.
  • 10. Desejo e Recusa (da Língua) do outro: Alguns “tópicos” encontrados nas comunidades “Eu amo inglês”: A – “Do you prefer portuguese or english?”; “Eu ODEIO inglês”: F- “Foda-se o ingles, nos tamo no brasil porra ahushua”; A e F: conflito LM / LE A: implicação de que deva haver uma língua preferida em detrimento de outra; F: resistência fundamentada em fronteiras nacionais e hostilidade à alteridade. Em F busca-se uma relação unívoca ente língua e Estado-nação.
  • 11. Desejo e Recusa (da Língua) do outro: Alguns “tópicos” encontrados nas comunidades “Eu amo inglês”: B – “Erro grotescos de inglês de membro da Comu.”; “Eu ODEIO inglês”: H – “QUER SABER PORQUE DO INGLES????”. Tópico H questiona as razões para se aprender a LI: Designada como “internacional”, a língua “do mercado”, a língua dos “cidadãos do mundo”, (comercial de TV de um Instituto de Línguas). não falar inglês “fluentemente”  sujeição às sanções provocadas pelos “erros grotescos” (Tópico B), que configuram o sujeito que os comete como alguém que se encontra por fora, nos termos de Bauman (2003). Censura ao membro da comunidade no tópico A
  • 12. Desejo e Recusa (da Língua) do outro: Alguns “tópicos” encontrados nas comunidades O “controle” (ou “domínio”) da LI é quase sempre representado como resultante de um processo que se deu (ou ainda se dá) no contexto da sala de aula, conforme sugere o tópico G “Eu ODEIO inglês”: G –“ não gosto de ingles ou não gosto da professora”; LI  saber disciplinar, adquirido por meio de instituições de ensino; relação de equivalência com a Química, a Física, a Biologia e a Matemática, etc., (implica aprovação ou reprovação)
  • 13. O Inglês como saber disciplinar: O-02. “podemos apredner espanhol qui porra di matéria é essa!!!Nós estamos no Brasil!!!Entaum InGlÊs vai se fude!!!” O-03. “ja tou praticamente reprovado, tenho 2% de chance de passar pra proxima fase...rsrs” Sujeito do orkut: intolerância para com o outro  ambiente receptivo à(s) (tentativas de) “dilatação” dos limites do dizível peculiares a esse espaço enunciativo; Redes sociais: nicho ideal para um sujeito que “simboliza muito pouco ou quase nada” (Coracini, 2006 p. 149) caracterizado “por um repúdio completo à dimensão do Outro” (Melman, 2002 apud. Coracini, 2006, p.141).
  • 14. Alguns pré-construídos sobre Língua(s) e Ensino-Aprendizagem: 1 – A pressuposição da Superioridade da LI em relação à LM A-02. “i think we should change the name of the community to "yes, i speak english" or something like this... it's better than "eu amo inglês" what do u think?” A-03. “Sei lá, acho q se for pra mudar de nome tem q ser algo mais inteligente, nao mudar por mudar...tipo: I´m rocked by the English Language” 2 – “O inglês é mais fácil que o português (LM)” O-04. “Mas inglês é mais fácil, pela forma de usar os verbos com os sujeitos. Não é necessario decorar padrões que dependendo do verbo não são os mesmo, o que é comum em muitas línguas. E volto a repetir, russo pra russo é fácil oras. Mas é tudo muito relativo e difícil de fazer uma experiência com alguém que tenha uma língua materna neutra e tenha que aprender duas línguas distintas”.
  • 15. Alguns pré-construídos sobre Língua(s) e Ensino-Aprendizagem: 3 - “O inglês é uma língua „pobre‟” O-05. “(...)3- Ingles parece lingua de cachorro!Enquanto Portugues é mais bonita(fala sério ,qual lingua vc prefere?) 4-Vocabulário:Eles não tem nada de vocabuláriooooooooo (...) eles não tem tantas palavras para um só siginificado,quando forem escrever um texto vaificar tudo repetitivo 5-Verbo:O verbo ´´To be`` e ´´to Have`` nossaaaaaaaaaaaaaaa!!!É TUDO IGUAL!!!As palavras repetem,quando eles forem falar,a gente fica maluco sem saber de que pessoa ele tá falando!É tudo´´are,are,are,are`` Que droga!!!Enqunato o da gente é´´sou,é,somos,etc...``,mesma coisa é com o ´´to have``!(...)” O-06. “EU SEI MUITISSIMO BEM O POR QUE DO INGLÊS, PORÉM ODEIO ESSA LINGUA!!!!!!!!!!!!!!!!! COMO ODEIO OS EUA!!!!!!!!! Se não souber inglês não tenho emprego,... mas ODEIO essa lingua idiota nem conjugação tem direito, lingua estupida Mostre sua revolta com essa língua, vamos dar trablho aos tradutores e não aprender essa língua escrota” O-07. “É uma língua estúpida e pobre. É mais um dos artifícios da dominação da cultura americana no brasil e no mundo. Além de tudo é sonoramente feia, visto q é de origem germânica (hiifiwqhçi) e não românica como o português e o francês.”
  • 16. 4 – “Gosto do inglês, mas também do português” A-04. Do you prefer portuguese or english? I prefer english rsrsrs but also like portuguese Regra de Nomralidade: I like English AND NOT Portuguese 5 – “Leave your mother tongue” Título de redação que é parte do corpus analisado por Carmagnani (2003). A-05. “(...) if we love english, the community name should be in english...” 4 – O Mito do native-like speaker A-08. “na metodologia da escola q eu estudo (...) isso eh totalmente errado, pq a pessoa tem q aprender a pensar em ingles. Dessa forma, ela irá entender a frase, e naum traduzir... como se vc fosse realmente um americano...” Como se fosse  analogia com a construção do avatar.
  • 17. Estabelecendo links O efeito de liberdade que perpassa as redes sociais pode produzir deslocamentos nos modos de dizer, que dão vazão a representações e modos de enunciar, de ser e de (se) ver (n)a interação com o outro que não se encontram (ou são raros) em outros meios. saber mais sobre como esses sujeitos (se) vêem (em) sua relação com as línguas e refletir sobre suas expectativas e tabus pode ser um exercício valioso para nossa própria reflexão sobre o saber (em) língua estrangeira e como nós (Educadores, alunos, administradores escolares, pesquisadores, etc.) temos abordado o tema em nossa trajetória. As analogias que pudemos estabelecer entre o processo de construção do avatar e o aprendizado de uma língua estrangeira sugerem que esta ainda é tratada, na maioria dos casos, de um ponto de vista etnocêntrico que estabelece alto status à LI, o que aponta para a necessidade de uma prática educativa que possa integrar o eu e o outro. Embora defendidas há muito pela Linguistica Aplicada essas novas práticas ainda encontram formas abundantes e robustas de resistência, permeando dizeres de professores e aprendizes.
  • 18. Bibliografia BAUMAN, Z. Modernidade Líquida.Trad.: Plínio Dentzien Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2001. ___________. Comunidade: A busca por segurança no mundo atual. Trad.: Carlos Alberto Medeiros Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2003. CARMAGNANI, A. M. G. A Questão da Identidade na Mídia: Reflexos na Sala de Aula. In: CORACINI (ORG.) Identidade e Discurso: (des)construindo subjetividades, Campinas: Ed. Argos/ Unicamp, 2003. CORACINI, M. J. F. Identidades Múltiplas e Sociedade do Espetáculo: Impacto das novas tecnologias de comunicação. In: Magalhães et. al. (ORGS.): Práticas Identitárias: língua e discurso, São Carlos: ed. Claraluz, 2006. CRYSTAL, D. (1997) English as a Global Language. Cambridge: CUP, 2003. DUCROT, O. (1984). O Dizer e o Dito. Campinas: Pontes, 1987. FINK, B. A O Sujeito Lacaniano – entre a linguagem e o gozo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1998. FOUCAULT, M, (1971). A Ordem do Discurso. 8ª ed. São Paulo: Ed. Loyola, 2002. GUIMARÃES, E. Semântica do Acontecimento. 4ª ed. Campinas: Editora da Unicamp, 2002. GRIGOLETTO, M. Leitura e Funcionamento Discursivo do Livro Didático de Língua Estrangeira: Lugar de Interpretação? In: CORACINI (ORG.) Interpretação, Autoria e Legitimação do Livro Didático. Campinas: Pontes, 1999. LÉVY, P. O que é o Virtual. 1a ed. São Paulo, Editora 34, 1996. MASCIA, M. A. A. Discursos Fundadores das Metodologias e Abordagens de Ensino de Língua Estrangeira. In: Coracini & Bertoldo (ORGS.): O Desejo da Teoria e a Contingência da Prática, São Paulo: Mercado de Letras, 2003. ORLANDI, E. P. A linguagem e seu funcionamento: as formas do discurso. São Paulo: Brasiliense, 1983. PHILLIPSON, R. H. L. Linguistic Imperialism. 2ª ed. Oxford: Oxford University Press, 1993. REVUZ, C. A lingua estrangeira entre o desejo de um outro lugar e o risco do exilio. In: SIGNORINI, I. (ORG). Lingua(gem) e Identidade: Elementos para uma discussão no campo aplicado, Campinas: Mercado de Letras, 1998. UCHÔA-FERNANDES, J. A. Jogos de (se) mostrar / dizer: o sujeito e os discursos sobre a Língua Inglesa na rede social orkut. Dissertação de Mestrado-FFLCH-USP, São Paulo: 2008. ___________. Representações de Aluno e Professor: O Método Audiovisual para o Ensino de Inglês como Língua Estrangeira. Trabalho de Graduação Individual, DLM-FFLCH, Universidade de São Paulo, São Paulo: 2004.