1) O documento descreve a história e o desenvolvimento das Bolsas de Valores no Brasil e no mundo, desde a Idade Média até a atualidade.
2) As Bolsas de Valores brasileiras, especialmente as de São Paulo e Rio de Janeiro, adotaram um modelo mais próximo das Bolsas norte-americanas e são consideradas instituições modernas.
3) O documento explica o funcionamento atual das Bolsas, incluindo os participantes (investidores, corretoras, operadores), os tipos de negociações e os sistemas de informação
1. INTRODUÇÃO
BOVESPA
A Bolsa de Valores de Nova York gira mais de US$ 1 bilhão num dia normal de
pregão, fechando o ano com qualquer coisa como 4% do Produto Nacional Bruto dos
Estados Unidos. Um em cada dez americanos tem interesse direto nas cotações de ações e
de commodities de seu país, seja comoinvestidores, como cotistas de fundos mútuos, ou
como participantes de planos de pensão, individuais e de empresas.
A origens das Bolsas de Valores é bastante remota. Durante toda a Idade Média e
até o século XVII, as operações de Bolsa resumiram-se á compra e venda de moedas,
letras de câmbio e metais preciosos. A palavra Bolsa, no seu sentido comercial e financeiro,
nasceu em Bruges, cidade lacustre da Bélgica, a Bourse de Paris foi implantada por Luís
VII em 1141. Em 1698 foi fundada a Bolsa de Fundos Públicos de Londres, mas só no
século XVIII estas instituições atingiram grande desenvolvimento, quando as exigências
de crédito público obrigaram os banqueiros a fracionar os empréstimos em títulos de
participação.
No Brasil, seu desenvolvimento está intrinsecamente ligado ao desenvolvimento da
estrutura financeira do País, que se assentou basicamente sobre dois tipos de instituições: os
bancos comerciais e as Bolsas de Valores. Antes do século XIX não se encontravam
instituições organizadas, mas apenas indivíduos exercendo as funções de banqueiros ou
corretores.
Em 13 de março de 1897 foi expedido o Decreto nº 2475, que veio a se constituir na
espinha dorsal da legislação sobre Bolsas e Corretoras. Em São Paulo, em dezembro de
1894, foi aprovada uma tabela de corretagem para a embrionária Bolsa Livre de Valores,
por ato do governo estadual. Este fato representou o passo inicial para a criação dos
primeiros cargos de corretores de fundos públicos.Em 1897, o Governo Estadual instituía a
Bolsa Oficial de títulos de São Paulo. Foi a partir das reformas que institucionalizaram o
sistema financeiro nacional, iniciadas em 1964, que as Bolsas de Valores assumiram as
características que hoje possuem.
2. Perseguindo mais o modelo norte-americano do que outros modelos europeus, as
Bolsas de Valores brasileiras- as de São Paulo e Rio de Janeiro em especial- assumiram
postura empresarial que as classifica, na atualidade, entre as instituições mais modernas do
mundo. A organização interna das Bolsas volta-se para a divulgação instantânea de
informações sobre o desenrolar das atividades de pregão, e da oferta de dados adicionais
sobre as companhias cotadas.
As Bolsas de Valores são associações civis, sem fins lucrativos. Seu patrimônio é
representado por títulos que pertencem ás sociedades corretoras membros. Possuem
autonomia financeira, patrimonial e administrativa, mas estão sujeitas á supervisão da
Comissão de Valores Mobiliarios e obedecem ás diretrizes e políticas emanadas do
Conselho Monetário Nacional. Seus objetivos e atividades são:
*Manter local adequado á realização, de transações de compra e venda de títulos e
valores mobiliários.
*Criar e organizar os meios materiais, os recursos técnicos e as dependências
administrativas necessárias a pronta, segura e eficiente realização e liquidação das
operações efetuadas no recinto de negociação(pregão), entre outros.
A atividade do corretor (com esse nome ou o de cambista) começou na mais remota
antiguidade, referia-se ás pessoas que se dedicavam a troca de moedas.
No Brasil, o corretor de fundos públicos atuou, e foi reconhecido como tal, desde
os tempos de Império. Na República, o corretor, pessoa física, com caráter de ofício público
vitalício, era nomeado pelo Presidente da República e sua indicação referenciada pelo
Ministro da Fazenda, sendo exigidas condições especiais para o exercício do cargo.
A Lei de Mercado de Capitais extinguiu a figura do corretor de fundos públicos e
instituiu as sociedades corretoras, instituições financeiras membros da Bolsa de Valores,
constituídas sob a forma de sociedade anônima ou por quotas de responsabilidade limitada.
Pretendeu-se, também, a igualdade de condições legais para todo mercado de
títulos no território nacional, o que não ocorria quando os corretores funcionavam como
serventuários oficiais nas Bolsas estaduais. Houve, portanto, uma espécie de federalização
das atividades das sociedades corretoras, que acompanhavam idêntica medida de
federalização das Bolsas de Valores.
As sociedades corretoras estão sujeitas ás normas do Conselho Monetário Nacional,
Banco Central e CVM. Seus objetivos são:
Operar com exclusividade em Bolsas de Valores.
Comprar, vender e distribuir títulos e valores mobiliários por conta de terceiros;
Formar e gerir, como líder ou participantes de consórcios para lançamento
público;
Encarregar-se da administração de carteiras de valores e da custódia de títulos e
valores mobiliários;
Encarregar-se da subscrição de títulos e valores mobiliários;
Promover o lançamento de títulos e valores mobiliários, públicos e particulares;
Instituir, organizar e administrar fundos mútuos de investimentos, bem como
clube de investimentos;
3. Oganizar fundos de investimentos, sob a forma de sociedade anônima de capital
autorizado;
Operar em open market e overnight, desde que especificamente credenciada pelo
Banco Central do Brasil;
Intermediar operações no mercado de commodities;
Assessorar os clientes no processo de tomada de decisão.
Relacionamento investidor-corretora-Bolsa necessita ser especialmente formal, para
conferir ás operações a segurança essencial á sua legitimação.
Os investidores podem emitir aos seus corretores vários tipos de ordens de compra e
venda de ações. As mais comuns são: Mercado; Limitada; Casada; De financiamento; De
stop; Para o dia; Prazo determinado; Em aberto.
Os investidores compram ações de companhias, em Bolsa, através das sociedades
corretoras. O investidor emite uma ordem de compra e venda á sua corretora e esta se
encarrega de executá-la no pregão. O operador, de posse das ordens de compra e de venda
dos clientes de sua corretora, participa diretamente do pregão, apregoando seus negócios.
As operações em Bolsa são remuneradas á base de comissões sobre os negócios efetuados.
Local mantido pelas Bolsas para a realização de negócios de compra e venda de
títulos, principalmente ações, em mercado livre e aberto. O pregão é o principal recinto de
uma Bolsa de Valores, e onde se realiza todo o seu processo operacional. Apesar de
realizar-se dentro de uma sala de dimensões normais, o pregão é um mercado onde se
efetuam milhares de negócios em um só dia, de forma segura, ágil e livre. No pregão
encontram-se os fluxos de oferta e procura do mercado de ações. Milhares de pessoas que
desejam comprar e vender ações estão aí representadas pelos operadores de Bolsa (os
próprios corretores ou seus prepostos).
Sistemas de informações liga, através de terminais, o pregão de uma Bolsa aos
pregões das demais Bolsas do País, ás sociedades corretoras dos diversos Estados, a bancos
de investimento e investidores individuais.
Pregão pode ser organizado segundo os sistemas de negociaçãoexistentes:
Operadores ficam em volta de balcão circular, onde anunciam de viva voz suas
ofertas de compra e venda. O diretor do pregão delimita intervalo de tempo para a
negociação de cada título. Esgotado o tempo, o mesmo título só pode ser transacionado no
final, em nova rodada, ou no dia seguinte. (Call System).
Negócios são realizados durante todo o período do pregão. O sistema é consagrado
nas maiores Bolsas do País e estrangeiras, e permite efetuar grandes volumes de negócios
(Trading Post).
Os negócios são realizados segundo quatro processos:
Negociação Comum- Realiza-se entre dois representantes. Apregoação de viva voz
mensiona intenção de comprar e vender, o título, características, quantidade e preço
unitário.
Negociação Direta- O mesmo operador é, simultâneamente, comprador e vendedor:
comprador para um dos clientes de sua corretora e vendedor para outro. Apregoação é feita
por um representante da Bolsa.
Negociação por Leilão- Semelhante a negociação direta. Ao ocorrer apregoação de
compra e venda de grande quantidade, representante da Bolsa interfere colocando em leilão.
4. Negociação por Oferta- Realizada entre dois operadores, sendo um deles
representado pelo posto de negociação que recebeu sua oferta.
Introduzido em 1990 e operado pela Bolsa de Valores de São Paulo, o CATS
oferece um sistema de informações de mercado e instrumentos de análise de
investimentos, contribuindo para que a Bolsa possa manter um sistema eficiente de
negociações e funcinamento do mercado.
Á Vista: Compra e venda de lotes padronizados de ações, executadas a um preço
estabelecido em determinado instante da sessão do pregão, ou através de sistemas
eletrônicos de negociação.
A Termo: Compra e venda de ações, em sessão de pregão ou através de sistemas
eletrônicos de negociação, a um preço fixado, para entrega numa data definida, entre 30 e
180 dias, a partir da data da negociação, daí resultando um contrato entre as partes.
Operações a Prazo-Conta Margem: No mercado de Bolsa as operações a prazo
podem ser realizadas através da conta margem que é um mecanismo de crédito, operado
pelas Corretoras, a seus clientes. Em verdade a conta-margem é uma operação extra-bolsa.
A Corretora empresta a seu cliente dinheiro para comprar ações, ou ações para serem
vendidas no mercado.
Operações a Futuro: Operação de futuro é aquela em que a prestação e a contra
prestação são contemporâneas no futuro.
O outro mercado que não se liquida a vista ou contra entrega é o mercado de opções.
No mercado de opções o que se negocia são direitos sobre ações. São direitos de uma parte
comprar ou vender a outra, até uma determinada data, certa quantidade de ações a um preço
preestabelecido, pagando-se de uma só vez o valor da opção.
Lançador: É quem vende a opção.
Titular: É que compra a opção.
Ação-Objeto: Ação a ser comprada ou vendida no dia de vencimento da opção.
Dia de Exercício: Dia de vencimento da opção.
Day Trade: Compra e venda de opções da mesma série, numa mesma sessão de
pregão, na mesma Bolsa.
Dentro do Preço: Opção cujo preço de exercício é maior do que o preço a vista da
ação-objeto; entre outros.
Em síntese, ao investidor no mercado de opções é dado lançar, fechar posições
exercer, comprar e vender opções e ainda fazê-lo da forma day trade.
O Índice de ações são indicadores de variação de preços de mercado utilizados para
a avaliação comparada de performance dos preços das ações para administradores e
investidores. É ainda poderoso instrumento de avaliação nas negociações a futuro.
índice de ações mais conhecido no Brasil é o Índice BOVESPA. Calculado
ininterruptamente há mais de 25 anos, em função do movimento da maior Bolsa do país, o
BOVESPA, é importante indicador do desempenho médio das cotações do mercado de
ações. O Índice BOVESPA é o valor atual em moeda do país de uma carteira teórica de
ações, a partir de uma aplicação hipotética.
O sistema de difusão de informações das Bolsas de Valores brasileiras é,
possivelmente, um dos mais avançados do mundo. As Bolsas utilizam quase todos os meios
de comunicação disponíveis: correio, malotes, imprensa escrita, falada e televisada, telex e
o teleprocessamento de dados com terminais de computadores on-line ou ligados a telex.
5. Além disso, as Bolsas de Valores do Rio e de São Paulo estão ligadas na rede internacional
Internet e por sistemas de E-mail.
As principais Bolsas de Valores do País, do Rio de Janeiro e de São Paulo,
estão equipadas com o que há de mais moderno em teleprocessamento de dados. Todo o
processo, desde o fechamento da operação até o momento da liquidação, é feito através do
computador.
As duas Bolsas instalaram uma rede de terminais que opera on-line com o sistema
central de computadores e permite a utilizaçãode um amplo sistema integrado de
teleprocessamento, com unidades que podem ser distribuídas por todo o território nacional
e memso no exterior.
As Bolsas de Valores são obrigadas a manter um Fundo de Garantia, com a
finalidade de ressarcir os clientes de seus associados dos prejuízos que lhes sejam
ocasionados por ato doloso ou culposo dos membros da entidade.
6. INTRODUÇÃO
BMF (Bolsa de Mercadorias e Futuros)
A BMF é um mercado fascinante, onde é possível comprar sem ter dinheiro e
vender sem ter mercadoria; em que menos de 2% das operações são líquidas pela entrega
efetiva do bem transacionado; onde a especulação, mais do que tolerada ou desejável, é
imprescindível.Em nenhum outro mercado, ganham-se ou perdem-se fortunas com tanta
facilidade, tudo isso é o mercado de futuros, até recentemente denominado de
commodities.(mercadorias).
Muitas pessoas relutam em negociar com futuros, por acreditar que seus
mecanismos sejam mais complicados do que na realidade o são. Depois vale esclarecer os
detalhes de um mercado extremamente interessante, repleto de perspectivas operacionais de
alta rentabilidade e motivação.
O princípio básico das negociações a futuro- contrate agora, acerte depois- é
muito antigo. Apesar do declinio de civilizações, os princípios básicos de mercado central
sobreviveram a Idade Média. Um pouco mais de tempo e duas outras grandes áreas de
comércio firmaram-se: no Norte da Itália, e na França, logo surgiram agentes
beneficiando-se, da oportunidade de geração de lucros em operações a termo- com entrega
da mercadoria em época posterior ao fechamento do negócio. É no Japão feudal, do século
XVII que está o primeiro caso registrado de comércio organizado a futuro.
Nos Estados Unidos do início do século passado, todos os anos assistia-se a um
problema de grandes proporções econômicas. É que os fazendeiros, chegando, ao mesmo
tempo, aos poucos mercados regionais existentes, carregados de grão ou de reses, geravam
7. excesso de oferta com relação á demanda imediata ou de curto prazo. Por outro lado,
ocorria também o inverso: em anos de quebra de safras ou de escassez de carne, os
suprimentos exauriam-se, os preços disparavam e as pessoas passavam fome nas cidades.
Com a guerra civil e o agravamento dos problemas de oferta e demanda, surgiu o
estímulo ao desenvolvimento de contratos a futuro. Desenvolveu-se, então, o hedge, para
minimizar o risco puro.
A Chicago Board of Trade e a Chicago Mercantile Exchange foram a grande força
por detrás dos esforços legislativos para melhoria de estradas, instalações portuárias,
armazéns e transportes, além de terem contribuído enormemente para a fixação e aceitação
plena, até em nível internacional, de padrões de qualidade e unidades de medida. A partir da
consolidação das bolsas de Chicago, da consiliação das experiências japonesas e européias
e do surgimento de novas necessidades e orientações econômicas, foi-se delineando, com
clareza e rapidez, o atual panorama do mercado mundial de futuros:
já não se contratam futuros apenas de mercadorias ou produtos primários,
evolui-se para a negociação com metais, moedas estrangeiras, petróleo e outros;
não se fala em mercadorias ou commodities, e sim, simplismente em futuros;
os contratos mais movimentados geram quase sempre, como subprodutos,
contratos de opções;
as bolsas especializam-se em certos contratos futuros, baseadas em sua
experiência, seus instituidores e investidores, seu marketing ou nas características
da economia da microrregião em que se situam.
As principais características do mercados de futuros resultam da análise da definição
e da natureza dos contrato nele operados, um contrato de futuro é o compromisso
legalmente exigível de entregar ou receber determinada quantidade ou qualidade de uma
commodity, pelo preço combinado na bolsa de futuros, no momento em que o contrato é
executado.Os contratos são compensados através ou de uma divisão específica das bolsas
de futuros ou de uma empresa autônoma, prestadora de serviços de compensação.
Cada contrato para comprar ou vender no futuro, especifica a quantidade exata de
bens de qualidade predeterminada- o que significa que tais contratos são intercambiáveis,
podendo ser rapidamente negociados entre compradores e vendedores.
As características mais importantes do mercado de futuros são também facilmente
aprendidas quando se o compara ao mercado de capitais, momento em que fica evidente
que as diferenças entre ambos são muito maiores do que suas semelhanças. O principal
propósito do mercado de ações é assistir á formação de capital; as commodities são em
geral de oferta incerta; os contrato futuros são altamente alavancados, os títulos e papéis de
mercado não; o mercado de futuros está sujeito a alterações de preços muito mais rápidas
do que no mercado de capitais; no mercado de futuro utilizam-se limites de preço e de
posições, nenhum deles existe nos mercados de ações e de capitais; não há limites sobre o
número total de contratos que podem ser efetuados; o mercado de futuros é mais
competitivo. Outra grande e peculiar característica do mercado de futuros é a coexistência,
de duas figuras exponenciais de participantes: o hedger e o especulador. Aquele não existe
sem este, e vice-versa, e o mercado não se forma nem evolui sem qualquer dos dois.
As bolsas têm de ser participantes ativas e fortes incentivadoras do desenvolvimento
dos futuros. Cabe as bolsas em primeiro lugar, buscar a todo o tempo a formatação
8. contratual mais conveniente para novas commodities e ativos financeiros, de modo que
surjam novas oportunidades para hedgers e especuladores.
Depois as bolsas precisam estar sempre alertas e prontas a adaptar os contratos
futuros em vigor ás novas condições ou exigências do mercado, para que a bolsa de futuros
cumpra a contento seu importantíssimo papel, deve:
dialogar permanentemente com o governo e as autoridades institucionais,
buscando soluções para situações que afetem os futuros;
manter a disposição de seus membros e dos interessados em geral,
departamentos, câmaras ou áreas especializadas por commodity, esclarecendo
dúvidas e prestando informações;
oferecer assessoria jurídica e juízo arbitral a seus membros e aos interessados em
geral.
Câmara de compensação, trata-se de uma entidade-chave para o mercado, que
tranforma o que não passaria de simples contrato a termo em contratos a futuro de alta
liquidez. As câmaras de compensação realizam duas funções primórdias; primeiro, tentam
assegurar a integridade financeira das transações a futuro, seja garantindo diretamente
alguns contratos, seja estabelecendo um elaborado mecanismo auto-regulável, para manter a
saúde das finanças de todos os seus associados, os agentes ou membros da compensação;
segundo, como as câmaras de compensação tornam-se parte de todos os contratos a futuros,
oferecem um meio muito simples e conveniente para seu ajuste e sua liquidação: a
compensação por diferença. A câmara de compensação do mercado de futuros atua, na
prática, como a vendedora de todos os compradores e a compradora de todos os
vendedores.
Para alguém liquidar por compensação financeira sua posição a futuro, seja
comprada seja vendida, é necessário que assuma outra posição no mesmo contrato, igual e
contrária, mas os valores dos contratos oscilam diariamente. Daí o ajuste diário, cujo
objetivo principal é a manutenção, a cada dia , dos valores das posições compradas e
vendidas de qualquer contrato nos exatos níveis em que foram negociados. E cabe á câmara
de compensação pagar o ajuste, a quem tenha a receber, e cobrar o ajuste, de quem tem a
pagar.
orgão regulador do mercado de futuros dos Estados Unidos, a Commodities
Futures Trading Commision- CFTC, define os intermediários de mercado de
futuros como indivíduos, associações, sociedades, corporações ou grupos,
engajados na aceitação ou no repasse de ordens de compra ou de venda de uma
commodity, para entrega futura em bolsa autorizada, segundo as regras de tal
instituição, que recebem somas em dinheiro, títulos de crédito ou bens reais, ou
abrem crédito para margear, garantir ou assegurar todos os negócios ou contratos
que resultam, ou possam resultar, da execução de ordens.
Tanto hedgers como especulador entram no mercado para conseguir lucros e , assim
fazendo, acabam por assumir riscos, portanto, em último análise, os dois especulam. O que
usualmente se define como especulação- ou seja, posições compradas ou vendidas em
contratos futuros, é especulação nas alterações nos nívei de preços. Por outro lado, o que se
identifica como hedge- isto é, posições compradas no físico e vendidas no futuro, ou
vice-versa, é especulação nas relações entre os preços. Hedge e especulações não são
9. opostos, ao contrário, são conceitualmente similares, constituindo-se, tão-somente, em
espécies diferentes de especulação.
Hedge significa contrabalançar a compra e venda de um título, através da venda ou
da compra de ouro. Fazer hedge é gerenciar, administrar o risco, conseguir quase um seguro
de preço para o bem ou ativo transacionado. O entendimento da base pode ser uma das mais
importantes ferramentas do hedger. A base dá o tom ao mercado, oferecendo ao hedger
auxílio precioso para descobrir quando deverá vender commodities no disponível ou
quando o relacionamento entre os preços dos mercados favorecerá, ao contrário, a venda de
contrato futuros.
O especulador julga e age segunda padrões de comportamento tipicamente
humanos. O especulador é como qualquer pessoa, sujeito a emoções e influências alheias ao
racional, por isso mesmo ele erra muito. A New York Stock Exchange, principal bolsa de
valores do mundo, define especulador como “aquele que se dispõe a assumir um risco
relativamente alto, em contrapartida a uma expectativa de ganho”.Os especuladores são os
que , dependendo de suas previsões acerca dos movimentos dos preços futuros, ou
compram ou vendem contratos futuros. O especulador quase nunca tem qualqer interesse
em ser proprietário ou possuir a commodity física. Ele compra um contrato quando sua
análise de preço sugere um movimento ascendente, esperando fazer, mais tarde, uma venda,
pelo melhor preço, e proporcione lucro. Ao contrário, ele vende um contrato quando seus
prognósticos indicam redução de preço, dependendo, por conseguinte, fazer uma compra
compensatória pelo menor preço, e, obter o lucro.
O especulador, nos mercados futuros, executa diversas funções econômicas
fundamentais, que facilitam a produção, o processamento e o marketing das commodities
básicas. Ele proporciona ao hedger tanto a oportunidade de transferência de risco quanto a
liquidez, para comprar ou vender grandes volumes com facilidade.
Com efeito, o especulador avalia o movimento provável dos preços e aventura seu
capital de risco, com o propósito de auferir lucros.
Uma primeira forma de classificar os especuladores é segundo o tipo de posição que
assumem. Por esse critério, existem especuladores short (vendidos) e long (comprados).
Depois os especuladores podem classificados segundo o tamanho, o volume ou a expressão
monetária das posições que detêm. Nesse caso, existemespeculadores grandes e pequenos.
Em terceiro lugar, é possível classificar os especuladores segundo o critério de previsão de
preços que utilizam para assumir posições. Entre as classificações mais convenientes e
elucidativas para distinguir as qualidades ou espécies de especuladores, encontra-se a que
os agrupa e determina segundo o espaço de tempo que permanecem com a posição
assimida.
Scalper (escalpelador) é o especulador que tem por técnica negociar baseado em
flutuações mínimas. Já o day trader permanece com a posição por tempo superior ao do
scalper- mas, normalmente, por não mais do que um dia. Por último, o position trader é o
especulador que carrega suas posições por um período maior: dias, semanas ou meses.
Um investidor prudente deve considerar a possibilidade de se estar formando uma
tendência favorável; deve antecipar o tamanho do movimento potencial; e deve planejar a
alocação específica de parte de seu capital operacional. No mercado de futuros, a
alavancagem e os riscos são ilimitados, uma vez que é perfeitamente possível operar sem
qualquer dispêndio inicial.
10. Cada contrato de commodity negociado no Brasil exige a prestação de determinado
depósito, ou margem original. Acontece que essa margem pode ser coberta ou ofertada por
carta de fiança bancária. Assim, se alguém tiver a sorte de realizar exclusivamente lucros, o
único pagamento que precisará fazer será o da taxa cobrada pelo banco em troca do
compromisso por assinatura.
Há duas grandes escolas de análise do mercado de futuros: a Fundamentalista e a
Técnica. O fundamentalista utiliza informação econômico-histórica para estabelecer uma
curva de preços de oferta e procura. O técnico pode fazer as mesmas avaliações a cerca do
verdadeiro valor econômico de uma commodity, mas emprega técnica diferente, para tirar
vantagens dos movimentos de preços. O trabalho de análise do fundamentalismo externa-se
em relatórios-pareceres e o técnico, em gráficos. Em geral plotados por computadores.
Investir em commodities diferentes usualmente resulta em mudanças menores na
conta corrente total de lucros e perdas, essa política praticamente garante ao investidor estar
em pelo menos uma tendência favorável de mercado, embora possa haver perdas com
algumas commodities, os lucros com outras amortecerão o impacto negativo.
A volatilidade é a qualidade do movimento de preços em certo período de tempo.
Quanto maior a variacão de preços no período considerado, maior a volatilidade. Fica
evidente que as commodities com maior volatilidade são a de maior alavancagem e
potencial de lucros e, por conseguinte, de perdas.
Os especuladores experietes recomendam que parcela substancial do capital nunca
deve ser arriscada numa única operação. Os especuladores bem-sucedidos também sugerem
que acréscimos á posição inicial sejam feitos exclusivamente quando esta se tenha mostrado
correta e gerado lucro financeiro. Trata-se, em última análise, de calcular o volume de
capital necessário para operar uma única commodity, independentemente do método,
técnica ou sistema empregado, isso porque a taxa de retorno sobre o capital, estará na razão
direta da projeção efetuada.
Para obter êxito em qualquer especulação, você precisa, primeiro, estabelecer sólida
base operacional e determinar normas. O numerário do especulador para operar em futuros
deve ser dinheiro que ele possa perder sem que arrisque o bem-estar de sua família ou que
altere sue padrão de vida, nenhum especulador tem sucesso sempre, e ele tem que estar
ciente disto.
Há ocasiões em que a incerteza dos outros participantes, a indefinição da política
nacional ou a necessidade de esclarecimentos sobre certos fatos internacionais faz com que
o mercado fique inseguro e perigoso, é óbvio que, nesses casos, é melhor o investidor ficar
de fora.
O investidor tem sempre que possuir uma reserva de capital de investimento, tanto
em sua conta de futuro como fora dela. Trata-se de um ponto básico para preservação de um
julgamento isento, que é indispensável para a especulação bem-sucedida.
O problema é que ninguém começa intencionalmente a deixar os prejuízos crescer e
a limitar os lucros. Mas se o investidor não se fixar rigorozamente a certos procedimentos
operacionais, descobrirá que fez, sem meditar, exatamente isso. O segredo do sucesso no
mercado de futuros é encarrar o ano operacional com lucros maiores do que as perdas, o
total de dólares e centavos auferido como lucro contra o total de dólares e centavos
realizado como prejuízo.
11. O investidor deve apurar o intervalo de preços de uma tendência, observar a
extenção dos movimentos de contratendência que venham a acontecer e escolher seu preço
de stop longe o bastante de tal intervalo. E, conforme o mercado se mover a favor do
investidor, o ponto de stop também deverá ser movido ao longo da tendência, para proteger
o lucro em ascensão.
Ao contrário de lutar contra a tendência, é mais lúcido observar seu movimento e
procurar enxergar sua extenção e seu ciclo, para pular fora antes dos outros.
É bom não ser muito afoito no mercado de futuros e atentar para dois conselhos dos
investidores mais experientes: não acresça sua posição, a menos que os contratos anteriores
tenham demonstrado lucros; e não adicione a sua posição original, em momento algum,
mais contratos do que os que possuí.
Os especuladores mais sofisticados, aqueles que não se incomodam e até procuram
vender a descoberto, sejam os que mais ganham dinheiro nas operações a futuro. No
mercado de futuros, o investidor sentir-se tão livre para vender a descoberto quanto para
comprar a descoberto.
Pesquisas do governo confirmam a impressão geral de que o especulador sem
sofisticação é mais afeito a estar long do que short, mas demonstram igualmente que as
posições short tendem a ser mais rentáveis.
BIBLIOGRAFIA
FORBES, Luiz F., „Mercados Futuros: Uma Introdução‟ Editora Bolsa de
Mercadorias & Futuros.
RUDGE, Luiz Fernando & CAVALCANTE, Francisco, “Mercado de Capitais”-
terceira edição, CNBV ( Comissão Nacional de Bolsas de Valores).