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“Raça e Diversidade: as teorias raciais, uma construção história de finais
do século XIX, o contexto brasileiro” (Edusp, 1996, 320 páginas), da
antropóloga, professora da USP, Lilia Schwarcz, versa sobre as diferenças
entre os homens, ou mais especificamente sobre a descoberta dessas
diferenças.
Quando o homem começou a pensar nas diferenças? Se fosse dito que foi
apenas no séc XIX que se refletiu pela primeira vez sobre a diversidade, estaria
deixando passar elementos essenciais para a compreensão da ideia de
diversidade que foi transformando-seatravés do tempo.
Com a “descoberta” do Novo Mundo no séc. XVI, a Europa lança seu olhar
curioso para esse cenário exótico e para essas “novas gentes” com seus
costumes estranhos e difíceis de serem admirados e entendidos pela
mentalidade da época. A prática do canibalismo era considerado um ritual
bárbaro e gerava repulsa nos europeus. Se podiam achar alguma humanidade
na pratica da nudez e da poligamia, isso não acontecia quanto ao canibalismo,
o que exemplifica o temor que pairava sobre as ideias acerca do Novo Mundo.
Em 1578, no livro Os Canibais, Montaigne tenta entender a prática do
canibalismo e reflete sobre por que e como se comia o inimigo. Na Bula Papal
de 1587, a Igreja declarou que os homens são iguais perante a Deus. O séc.
XVI terminou sem que fossem resolvidas questões sobre a bestialidade ou
humanidade desses seres.
No séc. XVIII a questão das diferenças é retomada de forma mais sistemática.
A interpretação Iluminista, com a Revolução Francesa, nos deixou o lema
“Igualdade, liberdade e fraternidade”, naturalizando, assim, a igualdade entre
os homens. Ao mesmo tempo surge uma visão mais pessimista e os primeiros
modelos de desvalorização da América.
No final do séc. XIX tem-se uma burguesia orgulhosa com seus feitos.
Ninguém duvidava do progresso e essa ideia vinha junto com o conceito de
civilização. A humanidade progredia em etapas e cada grupo fazia parte de
diferentes estágios da civilização. Nesse momento havia um grande debate
que opunha teólogos do monogenismo e os do poligenismo. Os monogenistas
acreditavam que os homens não eram diferentes, apenas desiguais. Os
poligenistas negavam essa ideia, pois acreditavam que os homens teriam
diferentes origens e que estas teriam gerado humanidades plurais e separadas.
Essa discussão será encerrada com a publicação de A Origem das Espécies
de C. Darwin, que traz conceitos como a seleção natural em linguagem mais
acessível. Conceitos como esse passaram a ser aplicados em questões de
ordem social, econômica e política, mesmo com Darwin negando o uso do
conceito de evolução para pensar a humanidade. A partir disso surgiu a ideia
de determinismo racial, que é o princípio do racismo e em que se discute o
grupo, não o indivíduo, e que era bastante aceita na época. Desse conceito
surge o termo eugenia, que significa “bem nascido” ou “boa geração”, e que
propunha a melhoria genética da raça humana.
Teóricos do determinismo social criaram a antropometria e a frenologia. A
antropometria é a ciência que estudava as medidas de tamanho e proporções,
e supunha que através do tamanho do crânio poderia se medir a potencialidade
de uma raça. A frenologia é uma teoria que diz ser possível o caráter e o grau
de criminalidade pela forma do crânio.
É nesse contexto do final do séc. XIX que começa a circular o discurso do
determinismo racial no Brasil. Conhecido como um “laboratório racial”, o país
recebia muitos teóricos que vinham conhecer essas novas gentes, colaborando
para a discussão sobre as raças.
Em 1844, Von Martius defendeu pela primeira vez a tese de que a história
brasileira é formada por três raças: o negro, o índio e o branco. Nesse
contexto, ter preconceito era afirmar que todos os homens eram iguais, pois
não era possível sustentar uma ideia de igualdade racial, já que não há um
acesso igualitário ao lazer, ao trabalho e até à justiça. É preciso levar a sério
essa mistura, porque não se pode abrir mão de falar das especificidades dessa
sociedade que “sofreu” uma fusão não apenas biológia, mas também cultural.
E é nessa era do discurso global que deve-se tomar as diferenças para pensar
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Resenha Raça e diversidade, de Lilia Schwarcz

  • 1. “Raça e Diversidade: as teorias raciais, uma construção história de finais do século XIX, o contexto brasileiro” (Edusp, 1996, 320 páginas), da antropóloga, professora da USP, Lilia Schwarcz, versa sobre as diferenças entre os homens, ou mais especificamente sobre a descoberta dessas diferenças. Quando o homem começou a pensar nas diferenças? Se fosse dito que foi apenas no séc XIX que se refletiu pela primeira vez sobre a diversidade, estaria deixando passar elementos essenciais para a compreensão da ideia de diversidade que foi transformando-seatravés do tempo. Com a “descoberta” do Novo Mundo no séc. XVI, a Europa lança seu olhar curioso para esse cenário exótico e para essas “novas gentes” com seus costumes estranhos e difíceis de serem admirados e entendidos pela mentalidade da época. A prática do canibalismo era considerado um ritual bárbaro e gerava repulsa nos europeus. Se podiam achar alguma humanidade na pratica da nudez e da poligamia, isso não acontecia quanto ao canibalismo, o que exemplifica o temor que pairava sobre as ideias acerca do Novo Mundo. Em 1578, no livro Os Canibais, Montaigne tenta entender a prática do canibalismo e reflete sobre por que e como se comia o inimigo. Na Bula Papal de 1587, a Igreja declarou que os homens são iguais perante a Deus. O séc. XVI terminou sem que fossem resolvidas questões sobre a bestialidade ou humanidade desses seres. No séc. XVIII a questão das diferenças é retomada de forma mais sistemática. A interpretação Iluminista, com a Revolução Francesa, nos deixou o lema “Igualdade, liberdade e fraternidade”, naturalizando, assim, a igualdade entre os homens. Ao mesmo tempo surge uma visão mais pessimista e os primeiros modelos de desvalorização da América. No final do séc. XIX tem-se uma burguesia orgulhosa com seus feitos. Ninguém duvidava do progresso e essa ideia vinha junto com o conceito de civilização. A humanidade progredia em etapas e cada grupo fazia parte de diferentes estágios da civilização. Nesse momento havia um grande debate que opunha teólogos do monogenismo e os do poligenismo. Os monogenistas acreditavam que os homens não eram diferentes, apenas desiguais. Os
  • 2. poligenistas negavam essa ideia, pois acreditavam que os homens teriam diferentes origens e que estas teriam gerado humanidades plurais e separadas. Essa discussão será encerrada com a publicação de A Origem das Espécies de C. Darwin, que traz conceitos como a seleção natural em linguagem mais acessível. Conceitos como esse passaram a ser aplicados em questões de ordem social, econômica e política, mesmo com Darwin negando o uso do conceito de evolução para pensar a humanidade. A partir disso surgiu a ideia de determinismo racial, que é o princípio do racismo e em que se discute o grupo, não o indivíduo, e que era bastante aceita na época. Desse conceito surge o termo eugenia, que significa “bem nascido” ou “boa geração”, e que propunha a melhoria genética da raça humana. Teóricos do determinismo social criaram a antropometria e a frenologia. A antropometria é a ciência que estudava as medidas de tamanho e proporções, e supunha que através do tamanho do crânio poderia se medir a potencialidade de uma raça. A frenologia é uma teoria que diz ser possível o caráter e o grau de criminalidade pela forma do crânio. É nesse contexto do final do séc. XIX que começa a circular o discurso do determinismo racial no Brasil. Conhecido como um “laboratório racial”, o país recebia muitos teóricos que vinham conhecer essas novas gentes, colaborando para a discussão sobre as raças. Em 1844, Von Martius defendeu pela primeira vez a tese de que a história brasileira é formada por três raças: o negro, o índio e o branco. Nesse contexto, ter preconceito era afirmar que todos os homens eram iguais, pois não era possível sustentar uma ideia de igualdade racial, já que não há um acesso igualitário ao lazer, ao trabalho e até à justiça. É preciso levar a sério essa mistura, porque não se pode abrir mão de falar das especificidades dessa sociedade que “sofreu” uma fusão não apenas biológia, mas também cultural. E é nessa era do discurso global que deve-se tomar as diferenças para pensar em identidades particulares.