1. Comunicação e linguagens
Carlos Straccia
Coesão e coerência textuais
Referência bibliográfica
SIQUEIRA, João Hilton Sayeg de. O texto – movimentos de leitura, táticas de produção e critérios
de avaliação. 1ª ed., São Paulo: Selinunte, 1990, p. 36-41.
KOCH, Ingedore G.V. e TRAVAGLIA, Luiz Carlos. A coerência textual. São Paulo: Contexto,
1990, p. 59-81.
2. Comunicação e linguagens
Carlos Straccia
O TEXTO E SUA COESÃO
A coesão textual refere-se à microestrutura de um texto. Ela é realizada pelas relações
semânticas e pelas relações gramaticais.
A cada recurso coesivo presente no texto dá-se o nome de “laço” ou de “elo” coesivo.
No primeiro parágrafo deste texto, pode ser observado o processo de coesão textual. Por
exemplo:
“A coesão textual”: o uso da palavra A (artigo definido feminino) é determinado
para que haja concordância com a palavra coesão (substantivo feminino). Aqui a relação é
gramatical.
“Ela é realizada”: a escolha do pronome ela evita a repetição da expressão coesão
textual. Aqui a relação é tanto gramatical (o pronome – no feminino – concorda com a
expressão substituída) quanto semântica (ela = coesão textual – semelhança de significado).
coesão e coerência textuais
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3. Comunicação e linguagens
Carlos Straccia
No caso de textos que utilizam linguagem verbal e não verbal, o que é
muito comum nos textos publicitários, deve-se notar como a coesão
ocorre também na utilização, como elos coesivos, de
- cores
- formas geométricas
- fontes
- personagens
- logomarcas
- etc.
Na página seguinte, veja alguns exemplos de coesão aplicados em um
texto publicitário.
coesão e coerência textuais
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4. Comunicação e linguagens
Carlos Straccia
Nesta peça, a Rádio Jovem Pan pretende “vender” sua
cobertura da Copa de Mundo de Futebol de 2002 (função
conativa). Porém, em nenhum momento é utilizada a palavra
futebol. Para isso, foram utilizados elementos coesivos que
informam tratar-se de futebol e não outro esporte:
A moldura construída por pequenas bolas de
futebol que tentam representar um campo de
futebol.
Nos quatro cantos, enfatiza-se o formato
semelhante ao local em que se cobra escanteio
e, além disso, há uma bola de futebol em cada
um deles.
As sedes desse evento foram o Japão e a Coréia do Sul.
Alguns elementos que revelam coesão com isso são:
A cor vermelha parece ter sido escolhida
porque essa cor tem forte relação com os
países orientais.
Peça veiculada no jornal Folha de S. Paulo 15 de março de 2002. Ilustrada, p. E 18.
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Também com essa finalidade, as fontes
imitam o formato dos ideogramas orientais.
5. Comunicação e linguagens
Carlos Straccia
Há textos em que será necessário utilizar maior quantidade de elos coesivos como garantia de
sua melhor legibilidade: científicos, didáticos, expositivos etc. Nestes casos, isso ocorre
porque, geralmente, há uma distância maior entre o emissor e o receptor.
Já, quando emissor e receptor têm maior familiaridade, existe a possibilidade de o texto ser
menos coesivo. Por exemplo:
O pai e seu filhinho de 5 anos caminham por uma calçada.
Repentinamente, o garoto vê uma sorveteria e fala:
- Pai, eu já sarei do resfriado, né?
- Você não vai tomar sorvete! – responde o pai.
Neste exemplo, é possível perceber que a resposta do pai não corresponde, coesivamente, ao
que o filho falou, mas nem por isso torna-se uma fala incoerente, pois é facilmente
compreensível que o pai “sabia” o objetivo do filho quando buscava confirmação (do pai) de
que ele (filho) já havia sarado e, posteriormente, “forçar” o pai a comprar-lhe o sorvete. Tratase de um diálogo em que há pouca coesão sem prejuízo do seu sentido.
coesão e coerência textuais
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6. Comunicação e linguagens
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O TEXTO E SUA COERÊNCIA
Coerência: numa situação comunicativa, é o que dá sentido para o texto.
Inteligibilidade – a possibilidade de um texto ser compreendido
Interpretabilidade – a possibilidade de um texto ser interpretado
Capacidade de o receptor calcular o sentido do texto
Processo cooperativo entre produtor (emissor) e destinatário (receptor)
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7. Comunicação e linguagens
Carlos Straccia
FATORES DE
COERÊNCIA
Relevância
manutenção de uma mesma
referência tematizada –
elaborar um texto com
encadeamento
Consistência
apresentar enunciados que
não tenham oposições frontais
A rigor, estes são os dois fatores que,
se não forem observados atentamente
pelo emissor, poderão “destruir” a
coerência de seu texto. E, assim,
deixar de ser um texto!
RVSP, ano I, nº 9, junho de 2005, p. 42-43 (Parte integrante da Revista Caras, nº 602) – uso
didático da peça.
coesão e coerência textuais
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8. Comunicação e linguagens
Carlos Straccia
Fonte: Folha de S. Paulo, 15 de março de 2003.
FATORES DE
COERÊNCIA
Elementos lingüísticos
(conhecimento das linguagens
verbal e não-verbal)
Conhecimento de mundo
(conhecimentos são armazenados
em blocos – modelos cognitivos*)
A foto ao lado, apresenta uma
manifestação (além do texto
jornalístico que explicita a
situação, é meu conhecimento de
mundo que permite compreender
isso). Mas há um fator de
estranhamento: a palavra pau. Daí,
o conhecimento lingüístico não é
suficiente para compreendê-la, por
isso o emissor (que de certo modo
sabe disso), na legenda, explica o
significado da palavra e desfaz o
estranhamento inicial.
coesão e coerência textuais
Um grupo de crianças forma a palavra “pau”, que significa “paz” na língua catalã, no pátio
de sua escola, em Barcelona (Espanha)
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9. Comunicação e linguagens
Carlos Straccia
Nvoa coçâleo Melissa.
Praa vcoê qeu flaa e etendne ququaler líguna.
FATORES DE
COERÊNCIA
Conhecimento partilhado
equilíbrio entre entropia – excesso de
informação nova – e redundância –
reiteração de informações dadas)
Aceitabilidade (do destinatário –
princípio da cooperação: esforço do
destinatário em tentar buscar a
coerência do texto)
Informatividade
maior ou menor previsibilidade – num texto
literário, espera-se menor previsibilidade; já no
jornalístico, ela deve ser maior. Porém, como o
“jogo” com o leitor é uma constante na
comunicação, essas características não são
inflexíveis.
coesão e coerência textuais
http://www.wbrasil.com.br/wcampanhas/index.asp Acesso em 22 de
agosto de 2005 – uso didático da peça
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10. Comunicação e linguagens
Carlos Straccia
FATORES DE
COERÊNCIA
Focalização
emissor:
estabelece
objetivos; o
título de um
texto.
receptor:
concentra-se
na busca da
compreensão
http://www.fnazca.com.b
r/. Acesso em
08/08/2005 – uso
didático da peça.
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11. Comunicação e linguagens
Carlos Straccia
FATORES DE
COERÊNCIA
Inferência
Ir além do que o
texto explicita
Fonte: CD encartado na Revista
da Criação 5 anos – junho de
2000 – uso didático da peça.
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Carlos Straccia
Inferência
Ir além do que o texto explicita
Na cena seguinte, esse
personagem segura um copo com
líquido escuro. Pode-se inferir que
se trata de Coca-Cola.
Temos uma situação típica
de paquera.
Para flertar com a moça um
dos personagens, pede algo
ao balconista.
Já, o outro, mostra ostensivamente
a garrafa de Guaraná Antarctica.
Pode-se, ainda, inferir que este comercial
pretende mostrar que o Guaraná Antarctica é
melhor do que outro refrigerante (Coca-Cola?)
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13. Comunicação e linguagens
Carlos Straccia
FATORES DE
COERÊNCIA
Fatores de contextualização
contextualizadores propriamente ditos, por
exemplo, fatores gráficos no jornal – fotos, página,
caderno. Aspectos perspectivos, por exemplo,
título, autor, início do texto
No exemplo ao lado, há aspectos perspectivos, uma vez que o nome do autor –
quando conhecido pelo receptor – pode indiciar que assuntos poderão estar
presentes na obra. Além disso, a palavra Carandiru – quando também é
conhecida – amplia a perspectiva de leitura, pois o leitor espera encontrar na
obra, assuntos relacionados àquele presídio. Ou seja, previamente, a partir da
capa do livro, o leitor já poderá criar expectativas quanto ao que poderá ler.
Intencionalidade
poder de argumentação – funções da linguagem
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14. Comunicação e linguagens
Carlos Straccia
Fatores de contextualização
contextualizadores propriamente ditos, por
exemplo, fatores gráficos no jornal – fotos, página,
caderno. Aspectos perspectivos, por exemplo,
título, autor, início do texto
FATORES DE
COERÊNCIA
Inferência
Ir além do que o
texto explicita
Focalização
emissor:
estabelece
objetivos; o
título de um
texto.
receptor:
concentra-se
na busca da
compreensão
Folha de S. Paulo, sábado, 14 de setembro de 2002
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15. Comunicação e linguagens
Carlos Straccia
FATORES DE
COERÊNCIA
Intertextualidade
recorrer ao
conhecimento
prévio de outros
textos – conteúdo
ou forma
Fonte:
http://www.meioemen
sagem.com.br/projm
mdir/home_portfolio.j
sp. Acesso em 17 de
setembro de 2005 –
uso didático da peça.
A elaboração desta peça utiliza
características da pintura de
Pablo Picasso.
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16. Comunicação e linguagens
Carlos Straccia
Créditos
Todos estes spots foram
utilizados com finalidade
didática e foram
selecionados de CD
encartado no livro:
Peças de rádio utilizadas nesta aula:
Semp Toshiba – sertanejo japonês
Seguro Itaucar – fuscão preto
Semp Toshiba – samba de breque japonês
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SILVA, Júlia Lúcia de
Oliveira Albano da. Rádio:
oralidade mediatizada – o
spot e os elementos da
linguagem radiofônica. São
Paulo: Annablume, 1999.