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Revista Canavieiros - Maio de 2015
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Revista Canavieiros - Maio de 2015
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Revista Canavieiros - Maio de 2015
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Editorial
As incertezas políticas envolvidas no anúncio do Plano Agrícola e Pecuário e o aumento recente da taxa
de juros para o financiamento de máquinas, de 4,5% para 7,5%, provocaram um impacto significativo nos
negócios da maior feira de tecnologia agrícola da América Latina e uma das três maiores do mundo. A
Agrishow fechou sua 22ª edição, realizada de 27 de abril a 1º de maio, com estimativa de vendas de R$
1,9 bilhão, contra R$ 2,7 bilhões no ano passado. Uma queda de 30%. Foi a primeira vez em mais de duas
décadas de história que a feira tem balanço negativo.
Este é o principal destaque desta edição da Revista Canavieiros, que mostra, por outro lado, que o agro-
negócio continua pujante, aproveitando a Agrishow como vitrine para mostrar seus principais lançamen-
tos, que não são poucos. A feira, que, nos últimos anos, vem diversificando seu portfólio, já atende a todos
os tipos de público, desde o grande agricultor à dona de casa, passando até mesmo por visitantes pratica-
mente sem ligação com a agricultura. É inovação nas máquinas agrícolas misturada a soluções domésticas.
Apesar da queda, a Agrishow 2015 apontou os principais caminhos para a retomada dos investimentos.
A presença de autoridades políticas, como o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, o vice-presidente
da República, Michel Temer, e a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, motivaram debates acerca das ne-
cessidades do campo para enfrentar o momento de crise do País.
Entrevistas com o presidente da FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e do
SENAI-SP (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), Paulo Skaf, e com o secretário de Desen-
volvimento Econômico de Piracicaba-SP e diretor do SIMESPI (Sindicato das Indústrias Metalúrgicas,
Mecânicas, de Material Elétrico, Eletrônico, Siderúrgicas e Fundições de Piracicaba, Saltinho-SP e
Rio das Pedras – SP), Tarcísio Ângelo Mascarim, também podem ser conferidas nesta edição. Além da
Coluna Caipirinha, assinada pelo professor Marcos Fava Neves opinam no “Ponto de Vista”, Marcos
Túlio Bullio, consultor da MBF Agribusiness; Octávio Antonio Valsechi, engenheiro agrônomo, pro-
fessor e pesquisador do Departamento de Tecnologia Agroindustrial e Socioeconomia Rural do Centro
de Ciências Agrárias da Universidade Federal de São Carlos, e Marcos Virgílio Casagrande, gerente de
Desenvolvimento de Produtos do CTC.
As notícias do Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred, entre elas, a inauguração da 21ª loja de
Ferragens e Magazine, da cooperativa, em Guará-SP, assuntos legais, informações setoriais, classificados
e dicas de leitura e de português também podem ser conferidas na revista de maio.
Agrishow no vermelho
Boa leitura!
Conselho Editorial
RC
Revista Canavieiros - Maio de 2015
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Ano IX - Edição 107 - Maio de 2015 - Circulação: Mensal
Índice:
E mais:
Capa - 34
Agrishow 2015 tem queda de
30% nas vendas
Pela primeira vez em 22 edições,
a feira registrou redução no volume
de negócios
18 - Notícias Copercana
- Copercana inaugura sua 21ª loja de Ferragens e Magazine, em Guará-SP
30 - Notícias Sicoob Cocred
- 3ª Corrida Sicoob Cocred – Copercana, Canaoeste - Parabéns Serrana
Entrevista II
Tarcísio Ângelo Mascarim
.....................página 08
Pontos de Vista
Marcos Virgílio Casagrande
.....................página 10
Marcos Tulio Bullio
.....................página 12
Dr. Octávio Antonio Valsechi
.....................página 14
Assuntos Legais
.....................página 15
Coluna Caipirinha
.....................página 16
Eventos:
Espaço Conferência Fenasucro
promove palestras e debates
.....................página 56
Artigo Técnico:
Nematoides na Cultura da Cana-
-de-Açúcar Inimigos Invisíveis
.....................página 58
Informações Setoriais
.....................página 60
Classificados
.....................página 62
Cultura
.....................página 66
Foto:RafaelMermejo
05 - Entrevista
Paulo Skaf
Paulo Skaf, presidente do Sebrae-SP e do CIESP
“Os empresários programam investimento e, de repente, as re-
gras mudam e todo mundo fica perdido”
- Presidente da Canaoeste e Orplana é homenageado na 43ª edição do Prêmio Deusa
Ceres durante a Agrishow
- Relançamento da Frente Parlamentar em Defesa do Setor Sucroenergético
- Manoel Ortolan participa de reunião com o secretário de Política Agrícola do Minis-
tério da Agricultura André Nassar
22 - Notícias Canaoeste
Expediente:
Conselho Editorial:
Antonio Eduardo Tonielo
Augusto César Strini Paixão
Clóvis Aparecido Vanzella
Manoel Carlos de Azevedo Ortolan
Manoel Sérgio Sicchieri
Oscar Bisson
Editora:
Carla Rossini - MTb 39.788
Projeto gráfico e Diagramação:
Rafael H. Mermejo
Equipe de redação e fotos:
Andréia Vital, Fernanda Clariano, Igor Saven-
hago e Rafael H. Mermejo
Comercial e Publicidade:
Marília F. Palaveri
(16) 3946-3300 - Ramal: 2208
atendimento@revistacanavieiros.com.br
Impressão: São Francisco Gráfica e Editora
Revisão: Lueli Vedovato
Tiragem DESTA EDIçÃO:
22.200 exemplares
ISSN: 1982-1530
A Revista Canavieiros é distribuída gratuitamente
aos cooperados, associados e fornecedores do
Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred.
As matérias assinadas e informes publicitários
são de responsabilidade de seus autores. A
reprodução parcial desta revista é autorizada,
desde que citada a fonte.
Endereço da Redação:
A/C Revista Canavieiros
Rua Augusto Zanini, 1591
Sertãozinho – SP - CEP:- 14.170-550
Fone: (16) 3946.3300 - (ramal 2008)
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Revista Canavieiros - Maio de 2015
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Revista Canavieiros: Qual a sua
avaliação sobre as dificuldades en-
frentadas pela indústria no Brasil?
Paulo Skaf: Hoje [27 de março], por
coincidência, foi anunciado o PIB de
2014. E a economia teve um crescimen-
to de apenas 0,1%, ou seja, não houve
crescimento no ano passado.Aindústria
geral teve um crescimento negativo, de
1,2%, e a indústria de transformação,
menos 3,8%. Isso não é novidade, mas
mostra a falta de competitividade que
o país tem passado. Os altos custos da
energia, da infraestrutura, da logística,
dos juros, dos impostos, a burocracia,
a falta de crédito, todas essas dificulda-
des roubam a competitividade do País e
prejudica, especialmente, a indústria de
transformação, que responde por 13%
do PIB e paga um terço dos impostos.
Ou seja, a cada três reais recolhidos de
impostos, um é pago por essa indústria.
Isso pesa muito e acaba dando um re-
sultado negativo.
Revista Canavieiros: Desonerar a
folha de pagamento é uma saída?
Skaf: Não. Desonerar foi já uma sa-
ída porque foi feito e o governo quer
agora retroagir. Encaminhou um proje-
Paulo Skaf
“Os empresários programam investimento e, de
repente, as regras mudam e todo mundo fica perdido”
Discutir as principais dificuldades enfrentadas pela indústria de transformação no Brasil, especialmente no
Estado de São Paulo, e possíveis medidas para reduzir seus impactos. Esse foi o principal objetivo da vinda,
a Ribeirão Preto-SP, de Paulo Skaf, presidente do Sebrae-SP (Serviço Brasileiro de Apoio a Micro e Pequenas
Empresas), da FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e do CIESP (Centro das Indústrias
do Estado de São Paulo).
O encontro, realizado no Hotel JP, em Ribeirão Preto, no dia 27 de março, com empresários de dezenas
de municípios da região, entre eles Sertãozinho-SP e Franca-SP, onde estão dois polos importantes – o su-
croenergético e o calçadista –, foi motivado por um recente levantamento que mostra que, no ano passado,
a indústria de transformação brasileira mais demitiu do que contratou, amargando uma queda de 164 mil
postos de trabalho. De acordo com o Decomtec (Departamento de Competitividade e Tecnologia da Fiesp),
foi o primeiro saldo negativo desde 2002.
Antes da reunião, que tratou de temas como desoneração da folha de pagamentos e a proposta de jun-
ção do PIS/Cofins, em pauta no Governo Federal, Skaf concedeu uma entrevista coletiva. Confira.
Igor Savenhago
Entrevista I
Crédito: Divulgação/CIESP
Revista Canavieiros - Maio de 2015
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to de lei para a Câmara dos Deputados
e nós vamos lutar, porque essa desone-
ração foi feita em troca de um percen-
tual sobre o faturamento das empresas
e, agora, o governo quer mais que do-
brar esse percentual. Quando a folha de
pagamento, dependendo do setor, foi
desonerada em 20%, foi colocado 1%
de imposto novo sobre o faturamento e,
em alguns casos, 2%. O que o governo
propõe agora é o que era 1% virar 2,5%,
e o que era 2% virar 4,5%. É isso que
não vamos permitir que aconteça.
Revista Canavieiros: O governo
está mais atrapalhando que ajudando?
Skaf: Os governos mais atrapalham
mesmo. Lamentavelmente, no Brasil,
eles têm mostrado isso. Cobram mui-
tos impostos e não dão retorno para
as pessoas, para a sociedade. Veja o
exemplo da Segurança Pública, da
Saúde, da Educação, do Transporte
Público. E, em relação ao Governo Fe-
deral, a burocracia tremenda, a carga
tributária elevadíssima e uma mudança
de regras a toda hora. Os empresários
programam investimento, uma direção
e, de repente, as regras mudam e todo
mundo fica perdido, como está aconte-
cendo agora.
Revista Canavieiros: Falando es-
pecificamente das regiões de Ribeirão
Preto, Sertãozinho e Franca, haveria
uma saída peculiar?
Skaf: A nova realidade cambial, com
o dólar a R$ 3, R$ 3,20, é um respiro,
sem dúvida, para exportação. É um res-
piro também para controlar as importa-
ções, ou seja, isso vai ajudar de uma for-
ma linear, uma forma horizontal a todos
os setores de todas as regiões. Eu diria
que, em meio a tantas más notícias, se
há uma boa é o dólar nesses patamares,
que recupera parte da competitividade
brasileira. Também estamos lutando
para ampliar a faixa do Simples. Hoje,
existem no Estado de São Paulo cerca
de 2,5 milhões de micro e pequenas
empresas que precisam ser apoiadas. E,
também, mais de um milhão de micro-
empreendedores individuais, chamados
de MEIs. E essa é a forma que estamos
encontrando para ajudá-los: aumentar
a faixa de enquadramento no Simples.
Hoje, o microempreendedor individual
tem uma faixa de até R$ 60 mil por ano
de faturamento, o microempreendedor
até R$ 360 mil e as micro e pequenas
empresas até R$ 3,6 milhões. Quando
ultrapassam essas faixas, perdem todas
as vantagens, no caso do Simples. Esta-
mos trabalhando para aprovar a amplia-
ção, dobrando o valor das faixas. Para
os microempreendedores individuais,
o limite passaria de R$ 60 mil para R$
120 mil. Para os microempreendedores,
de R$ 360 mil para R$ 720 mil. E para
as micro e pequenas empresas, dos atu-
ais R$ 3,6 milhões para R$ 7,2 milhões.
Revista Canavieiros: Outro proble-
ma que as empresas enfrentam é a di-
ficuldade de conseguir crédito. O que
pode ser feito nesse caso?
Skaf: Estive recentemente com a
presidência do BNDES (Banco Na-
cional de Desenvolvimento Econô-
mico e Social), levando justamente
essa mensagem, da dificuldade que os
setores industriais estão passando. Ci-
tei, especialmente, a região onde está
Ribeirão Preto e Sertãozinho, devido
à situação do setor sucroalcooleiro
e as empresas que fornecem equipa-
mentos para este setor. E solicitei que
o BNDES faça um estudo especial,
permitindo um fôlego a essas ativida-
des, que estão fazendo todo o sacrifí-
cio, mas não por culpa delas e, sim,
por culpa de uma conjuntura da eco-
nomia brasileira. Espero que a gente
consiga alguma coisa, um oxigênio
para esta cadeia produtiva.
Revista Canavieiros: O setor em-
prega mais de 2,5 milhões de pessoas
em todo o país. Só isso já não justifi-
ca que o governo olhe para ele com
mais carinho?
Skaf: Não tenha dúvida, ainda
mais que São Paulo responde por dois
terços deste setor no Brasil. Então, é
interesse total do nosso Estado e do
país que o setor sucroalcooleiro seja
prestigiado, coisa que não tem sido já
há algum tempo. RC
Entrevista I
Reunião contou com a presença de empresários da cana-de-açúcar e do calçado
Crédito: Divulgação/CIESP
Revista Canavieiros - Maio de 2015
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ATENÇÃO: Este produto é perigoso à saúde humana, animal e ao meio ambiente. Leia atentamente e siga rigorosamente
as instruções contidas no rótulo, na bula e na receita. Utilize sempre os equipamentos de proteção individual. Nunca permita
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daninhas de folhas estreitas e largas
Revista Canavieiros - Maio de 2015
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Revista Canavieiros: Como o pro-
jeto da Governança Corporativa pode
contribuir, efetivamente, para a recu-
peração do setor sucroenergético?
Tarcísio Ângelo Mascarim: Este
projeto é uma tentativa de forçar o go-
verno a atender às reivindicações do
setor. Ele precisa prever tudo o que é
preciso ser feito para que a cadeia cana-
vieira volte a crescer, a se desenvolver,
e, feito isso, exigir do governo que seja
implantado. Entreguei ao grupo que
elaborou o projeto um trabalho de 2011,
de especialistas do BNDES (Banco Na-
cional de Desenvolvimento Econômico
e Social), que fizeram uma pesquisa de
mercado para chegarem à conclusão de
que o país precisa de mais 134 usinas
com capacidade para moer, cada uma,
quatro milhões de toneladas de cana.
Isso seria a redenção do setor sucroe-
nergético. Nessa pesquisa, está tudo ali,
quais seriam as políticas públicas ade-
quadas. E foi algo feito pelo banco do
próprio governo. Por que está arquiva-
do até hoje? Não tem explicação.
Canavieiros: São diversas as ini-
ciativas para a recuperação do setor,
mas poucas têm dado resultado signi-
ficativo junto a esse governo. Por que
Entrevista II
Tarcísio Ângelo Mascarim
“É preciso tomar uma medida séria.
O governo tem que acordar”
Igor Savenhago
Tarcísio Ângelo Mascarim é secretário de Desenvolvimento Econômico de Piracicaba-SP e dire-
tor do SIMESPI (Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas, de Material Elétrico, Eletrônico,
Siderúrgicas e Fundições de Piracicaba, Saltinho-SP e Rio das Pedras-SP), entidade da qual já foi
presidente. Empresário, entusiasta do setor sucroenergético e do cooperativismo, defende que,
para a cadeia produtiva se recuperar, é preciso que seus representantes cobrem o Governo Federal
diretamente em Brasília.
Por isso, apoia a proposta do projeto de Governança Corporativa do setor, que pretende organizar
uma marcha até a Capital Federal e cuja primeira reunião oficial foi realizada no auditório da Ca-
naoeste, em Sertãozinho-SP, no início de abril – da qual Mascarim esteve presente. Em entrevista
à Canavieiros, ele falou sobre a insatisfação contra a política de preços dos combustíveis adotado
pela Presidente Dilma Rousseff, as dificuldades de produtores e industriais para reverter a crise e
sobre quais podem ser as possíveis contribuições dos Estados para o fortalecimento do etanol.
Revista Canavieiros - Maio de 2015
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o senhor acredita que, com o projeto
da governança, será diferente?
Mascarim: Posso dizer que estou
de acordo com o Roberto Rodrigues
(ex-ministro da Agricultura), que disse
que a Presidente (Dilma Rousseff) não
gosta do setor. Pode ser isso. Não tinha
cabimento ela segurar o preço da gaso-
lina. Se tivesse liberado, o etanol esta-
ria com mais 100 usinas construídas.
O setor quebrou na mão dela. E por
culpa dela. Não havia razão nenhuma
para isso. Ela tinha alternativas. Não
fez e, além de quebrar o setor, que-
brou a Petrobras. Agora, precisa tomar
medidas para o setor se recuperar. Os
Estados Unidos passaram à frente do
Brasil por culpa do nosso governo. O
Bush (George W. Bush, ex-presidente
norte-americano), quando esteve no
nosso país, falou que ia usar o etanol
lá, misturado na gasolina deles, e fi-
cou por isso mesmo. Naquela época,
éramos o principal produtor de etanol.
Hoje, os Estados Unidos produzem 50
bilhões de litros por ano. E de milho. E
nós não chegamos a 30 bilhões. Isso é
um absurdo. É preciso tomar uma me-
dida séria. O governo tem que acordar.
Canavieiros: O setor já passou
por outras crises. Antes dessa, a mais
recente foi no final da década de 90,
quando foi organizado em Sertãozinho
o grito pelo emprego e pela produção,
semelhante ao protesto do último dia
27 de janeiro agora de 2015. O senhor
vê diferenças entre os dois momentos
na questão do diálogo com o governo?
Mascarim: Entendo que a crise da-
quela época é diferente da crise de hoje.
Que hoje a culpa é do governo, que
segurou o preço da gasolina sem pre-
cisar. A minha sugestão é que se esta-
beleça que a gasolina vá custar sempre
30% mais caro que o álcool. Acabou o
problema. Nesse caso, fica para o con-
sumidor decidir se vai usar álcool ou
gasolina. Porque se a gasolina estiver
abaixo disso, ele vai pôr gasolina. Não
vai pensar no meio ambiente.
Canavieiros: As mudanças recen-
tes, como o aumento da CIDE (Con-
tribuições de Intervenção no Domínio
Econômico) e da mistura do etanol na
gasolina, de 25% para 27%, podem ser
um sinal de reação do setor? Ou são
medidas paliativas?
Mascarim: Paliativas. Fico pensan-
do: Por que deixar entrar no País car-
ro importado só à gasolina? Importa
só carro flex. Não precisamos dos que
usam apenas gasolina. Quem quer abas-
tecer com gasolina, usa no flex. Acho
que é paliativo porque esse aumento de
2% resulta em um bilhão a mais de li-
tros de etanol. É pouco. Representativo
apenas para quem vende. O que é pre-
ciso é ter uma política pública que seja
favorável ao etanol. É meio ambiente.
Gasolina é poluente. É isso que tem de
ser pensado. Eu, por exemplo, estou
no álcool, seja fora ou dentro dos 30%
em relação ao preço da gasolina. Mas
nem todos pensam assim. O pessoal vai
olhar o que está barato. Então, repito,
essa relação precisa ser mantida. Se o
etanol custa R$ 1,00, a gasolina tem
que custar R$ 1,30. Estabelece isso e
resolve o problema.
Canavieiros: O senhor é secretário de
Desenvolvimento Econômico de Piraci-
caba. Que reflexos têm acontecido lá?
Mascarim: Piracicaba contou com
a sorte de ter uma indústria automoti-
va, a Hyundai, entrando na cidade nes-
sa ocasião de crise. Senão seria bem
pior, como Sertãozinho, que está nessa
draga que a gente vê. Quase 80% de
Piracicaba era voltada ao setor sucroe-
nergético. Hoje, é equivalente a pouco
mais de 40%, porque o automotivo pe-
gou 30%. Então, houve uma compen-
sação nos empregos. Foram dispensa-
dos do setor canavieiro perto de sete
mil pessoas. E o automotivo admitiu,
entre autopeças e a própria Hyundai,
também em torno de sete mil. Mas,
economicamente falando, a situação
está ruim. Saí da Dedini com R$ 1,5
bilhão de faturamento. Estava bom-
bando. Hoje, ela não fatura nem um
terço disso, o que acontece em todas
as empresas. As usinas, por exemplo,
não perderam em quantidade de cana.
Mesmo assim, enfrentam dificuldades.
Atualmente, estamos com pouco mais
de 600 milhões de toneladas de cana
por safra, quando a meta era chegar a
um bilhão. São 400 milhões a menos,
o que representa as cerca de 100 usinas
que estão faltando no País.
Canavieiros: O senhor vê perspec-
tivas para o setor?
Mascarim: Desde que esse trabalho
da governança seja bem desenvolvido e
a gente chegue a Brasília, levando tra-
tores, caminhões, como fizeram os ca-
minhoneiros há pouco tempo, quando
pararam as estradas. No nosso caso, não
precisa parar estrada. É cercar o Planal-
to, entregar o projeto ao governo e dizer
o que precisamos. Não podemos ficar
quietos. Temos que nos manifestar.
Canavieiros: Recentemente, o se-
nhor escreveu um artigo em que de-
fende que, se o Governo Federal con-
tinuar não dando atenção ao etanol,
esse protagonismo poderia ser exerci-
do pelos Estados. De que forma?
Mascarim: Essa é outra alternativa,
que, inclusive, enviei à Secretaria deAgri-
cultura de São Paulo. Veja bem: São Paulo
é o maior consumidor de gasolina do País,
com dez bilhões de litros ao ano. Se qui-
ser, pode fazer um plano de não consumir
mais gasolina. Só etanol. Para isso, preci-
saria de 13 bilhões de litros de etanol ao
ano. Só para esse volume, são 55 usinas de
três milhões de toneladas de cana, o que
representaria um grande impulso ao setor.
Tranquilo de fazer. Por isso, foi muito im-
portante a criação da Frente dos Governa-
dores este ano. Se todos os governadores
se unissem e definissem um ICMS (Im-
posto sobre Circulação de Mercadorias e
Serviços) na mesma base de São Paulo, o
etanol ficaria viável em todos os Estados.
Hoje, isso acontece só em quatro Estados.
Então, acho que as unidades da federação
têm que assumir esse problema.
Canavieiros: Além de toda a história
de atuação no setor, o senhor tem muitos
anos de cooperativismo. De que forma
ele pode ajudar o setor a se reerguer?
Mascarim:Acooperativa é uma asso-
ciação que não tem dono. É dos associa-
dos. Isso é que é importante. São os asso-
ciados que escolhem a diretoria, põem o
conselho, porque todos eles têm voto. O
cara pode ter o recurso que tiver, mas o
voto dele vale um só, como o dos outros.
Além de todos terem o mesmo direito, a
cooperativa oferece maior chance de ca-
pitalização. Por isso, tende a ser o futuro
do agronegócio brasileiro. Pena que esse
futuro está demorando a chegar.RC
Revista Canavieiros - Maio de 2015
10
Ponto de Vista I
As incertezas climáticas
*Marcos Virgílio Casagrande
Marcos Virgílio Casagrande
S
egundo a FAO, em conferência
de combate à fome, realizada em
Bogotá, em 2014: “A partir de
agora, as políticas de segurança alimen-
tar na América do Sul e no Caribe terão
de considerar os efeitos na agricultura
de prolongados períodos de escassez de
chuvas e do aumento da temperatura”.
Quando se avalia o impacto do cli-
ma na produção de matéria-prima do
setor sucroenergético é necessário
considerar as oscilações dentro do ano
e aquelas que ocorrem ao longo dos
anos, pois ambas afetam a produtivi-
dade e a dinâmica dos canaviais. Para
exemplificar, a estiagem prolongada
de 2014 em São Paulo e Minas Gerais
chegou a prejudicar a renovação de ca-
naviais de algumas unidades em 2015
pela escassez de mudas.
Na região de Piracicaba, em 2014,
pela primeira vez em 13 anos, a evapo-
transpiração ultrapassou a precipitação
pluviométrica e essa situação ocorreu
em função de precipitações muito abai-
xo da média e de elevadas temperaturas
observadas ao longo do ano. Durante
sete meses de 2014, a temperatura mé-
dia máxima superou 30o
C, enquanto a
média histórica apresenta apenas um
mês nessa condição.
Embora as variedades de cana-de-
-açúcar apresentem diferentes respostas
ao binômio solo-clima, a elasticidade
para superar as limitações é finita e in-
timamente ligada ao manejo adotado
pelo produtor. As instituições de pes-
quisa têm realizado um trabalho bastan-
te significativo no sentido de produzir
variedades mais rústicas, ou seja, que
produzem razoavelmente bem em con-
dições de estresse. Contudo, é preciso
admitir que o aumento da variabilidade
climática tem dificultado a vida do pro-
dutor, mesmo aqueles mais empreende-
dores, que investem em tecnologia.
O clima não afeta somente o desen-
volvimento das plantas, afeta também
o acúmulo de sacarose e a ocorrência
de eventos que podem ser decisivos
na produtividade. Sob determinadas
condições pode ocorrer aumento no
florescimento, aumento na incidência
e severidade de doenças, aumento na
dispersão e população de pragas, au-
mento na compactação do solo, aumen-
to nas falhas de brotação pós-plantio
ou pós-colheita, além de danos diretos
e indiretos quando ocorrem geadas,
chuvas de granizo, etc. Nas últimas
cinco safras, a produtividade oscilou
entre 68,7 e 82,1 t.ha-1
com média de
76,4 t.ha-1
(figura 1), não conseguindo
deslanchar e o clima teve participação
especial nesse cenário.
Nos últimos anos, o Centro-Sul do
Brasil foi do céu ao inferno em ter-
mos de precipitação pluviométrica que,
além de ter afetado a produtividade dos
canaviais, afetou também a sua dinâmi-
ca em relação ao plantio e colheita.
Normalmente, as unidades de pro-
dução situadas em regiões de clima
menos favorável apresentam maiores
dificuldades para garantir boas produ-
tividades e isso piora quando o clima
oscila. Contudo, mesmo em tais situ-
ações, observa-se grande variação de
produtividade entre unidades de pro-
dução provando ser possível minimi-
zar os fatores deletérios do clima. Co-
nhecer a dinâmica das águas, mesmo
que sujeita a variações, é fundamen-
tal para ajustar as épocas de plantio,
favorecendo o suprimento hídrico às
plantas quando elas mais necessitam.
Estudos realizados no CTC (Centro
de Tecnologia Canavieira) mostraram
que um bom suprimento de água nos
meses de dezembro, janeiro e feverei-
ro permite o acúmulo de até 90 tone-
ladas de massa verde em um hectare
de canavial.
Figura 1 – Produtividade canaviais Centro-Sul 2000 a 2014
Revista Canavieiros - Maio de 2015
11
No campo do empreendedorismo,
para a adoção de novas tecnologias
também é necessário analisar as tendên-
cias climáticas pois uma simples dimi-
nuição no espaçamento entre sulcos de
plantio provoca um expressivo aumen-
to no número de plantas em uma mes-
ma área e, logicamente, um aumento no
suprimento de água necessário.
Os modelos de previsão do clima de
longo prazo são em muitos casos confli-
tantes em suas perspectivas, mas a grande
maioria aponta para um aumento signi-
ficativo na amplitude de variação, fato
vivenciado pelos produtores de cana-de-
-açúcar nos últimos anos. Em um cenário
como esse é preciso se adiantar e buscar
formas de se antecipar aos problemas,
gerenciando os riscos. Para diminuir o
nível de vulnerabilidade dos canaviais é
necessário melhorar sua gestão e adotar
práticas sustentáveis, apoiadas em tecno-
logias confiáveis e regidas por um sólido
sistema de tomadas de decisão.
Sem a adoção de tecnologias será
muito difícil ao produtor garantir a sus-
tentabilidade do seu negócio frente às
crescentes variações impostas pela na-
tureza. A irrigação é a opção mais inte-
ressante para evitar o estresse hídrico,
mas nem sempre é disponível ou econo-
micamente viável. Sendo assim, outras
tecnologias precisam ser consideradas:
variedades mais rústicas e mais toleran-
tes à seca, mudas de qualidade, controle
preventivo de pragas e doenças, plantio
em ambiente e época adequados, siste-
matização do terreno, aplicação de ma-
turadores e inibidores de florescimento,
etc e principalmente equipe capacitada
para harmonizar todos esses recursos,
aumentando a produtividade e dimi-
nuindo os custos de produção.
Se por um lado o clima desfavorá-
vel penaliza a lavoura, aumentando os
custos da matéria-prima, por outro pode
favorecer os valores de mercados dos
produtos dela obtidos. O clima afeta os
mercados de açúcar, etanol e energia,
contribuindo de maneira decisiva para
determinar o preço das commodities
e, paradoxalmente, em termos globais,
clima que desfavorece a produção pode
favorecer os preços dos produtos. Mais
uma razão para investir em tecnologia
garantindo boas produtividades em am-
biente hostil.
Como as incertezas são muitas,
é necessário garantir 100% daquilo
que temos maior controle: tecnolo-
gias, manejo, insumos, equipamentos
e mão-de-obra e ainda torcer por um
clima mais favorável. Olhando por
um prisma mais holístico, somos obri-
gados a admitir que mesmo passados
mais de 10 mil anos do início da agri-
cultura ainda somos perigosamente de-
pendentes do clima, ora nosso aliado,
ora nosso algoz.
*Gerente de desenvolvimento de
produtos do CTC RC
Revista Canavieiros - Maio de 2015
12
Ponto de Vista II
A importância de um sistema preciso de gestão
de custos no setor sucroenergético
*Marcos Tulio Bullio
P
raticamente todas as empresas
do setor sucroenergético dizem
possuir um sistema de apuração
de custos. Na verdade, a grande maioria
das empresas apenas imagina ter.
Antes de iniciar a apresentação das
razões que garantem a veracidade da
afirmação de que a grande maioria das
empresas somente imagina ter um sis-
tema de apuração de custos, vale a pena
responder a seguinte questão: por que
as empresas em geral, dentre as quais
se incluem as empresas do setor sucroe-
nergético, necessitam de um sistema de
apuração de custos?
Essa pergunta é particularmente in-
teressante e importante porque:
Implantar e manter um bom sistema
de apuração de custos exigem alocação
de recursos expressivos e que, portanto,
custam um valor significativo.
O sistema lida com informações do
passado. Assim, se o sistema de apu-
ração de custos deve existir para dar
suporte ao processo de tomada de de-
cisão, como frequentemente é declara-
do na literatura e por profissionais do
mercado, pode se tornar inócuo e inútil,
visto que toda e qualquer alternativa
presente em um ambiente de tomada
de decisão trata do futuro. Ou seja, usar
os valores apontados por um sistema de
apuração de custos como insu-
mos para o modelo de
apoio ao
processo de tomada de decisão é como
“dirigir um carro para a frente olhando
somente o retrovisor”.
Particularmente para o caso do setor
sucroenergético, que produz commodi-
ties, os resultados obtidos pelo sistema
não são utilizados para a formação de
preços de venda, visto que estes são for-
mados pelo mercado.
Para avançar na discussão, precisa-
mos da definição de custo. Custo é uso
de recurso em uma atividade de trans-
formação para a obtenção de um novo
recurso. Ou seja, toda vez que um recur-
so é utilizado em uma atividade, ocorre
um custo. E somente nessas ocasiões.
Assim, um dos mais importantes pré-re-
quisitos para a operação de um sistema
de apuração de custos é o registro cor-
reto da utilização de recursos (humanos,
materiais e informações) nas atividades
que compõem os processos de produção
e de gestão de uma unidade de negócio.
Um sistema de apuração de custos é
um subsistema de um amplo sistema de
gestão de custos. E este possui dois ob-
jetivos importantes: (1) apurar o resul-
tado econômico da empresa, seja para
comunicá-lo aos stakeholders, seja para
apurar os impostos devidos e (2) forne-
cer insumos (informações) para todos
os processos de tomada de decisão,
principalmente aqueles que buscam ob-
ter e/ou manter vantagens competitivas
sustentáveis para a unidade de negócio
da empresa. Para atingir esses dois ob-
jetivos, um único sistema de apuração
de custos não é suficiente. Faz-se neces-
sário que a empresa tenha pelo menos
dois sistemas de apuração de custos.
O primeiro, simplificado, deve ser
utilizado somente para apoiar o processo
de apuração do resultado econômico da
empresa. Já o segundo, muito mais de-
talhado e preciso, deve ser utilizado para
apoiar os processos de tomada de decisão.
Vamos discutir o que deve ser o se-
gundo sistema de apuração de custos –
vamos denominá-lo sistema gerencial
de apuração de custos.
As principais características desse
sistema gerencial são:
Ter capacidade de apresentar valo-
res extremamente confiáveis para os
custos das atividades, dos processos,
dos produtos, etc. E, dentre as aborda-
gens conhecidas, aquela que melhor faz
isso é a activity-based costing (ABC).
A precisão dos valores calculados se
deve principalmente ao fato de que as
margens proporcionadas pela produ-
ção e venda dos produtos da unidade
de negócio sucroenergética são, quase
sempre, muito baixas. A rentabilidade
dos projetos de investimento também,
regra geral, é muito baixa. Daí, se os
valores calculados pelo sistema serão
utilizados para apoiar o processo de
tomada de decisão acerca da alocação
dos poucos recursos disponíveis, é
muito importante que tal ambiente seja
preenchido com valores precisos.
Deve fornecer valores que possam
ser empregados na previsão do com-
portamento futuro dos custos, dado que
todo e qualquer processo de tomada de
decisão trata com alternativas que tra-
rão impacto no futuro da empresa.
Marcos Tulio Bullio
Revista Canavieiros - Maio de 2015
13
Deve ser capaz de identificar corre-
tamente os cost-drivers, ou seja, iden-
tificar corretamente o que direciona e
explica o comportamento dos custos.
Até há algum tempo, acreditava-se que
o comportamento dos custos de produ-
ção e de vendas era dado pela seguinte
equação: CT = CFT + cvu . Q
Onde CT = custo total, CFT = custo
fixo total, cvu = custo variável unitário
e Q = volume vendido. Ou seja, somen-
te o volume vendido (Q) explicaria o
comportamento dos custos totais.
Atualmente já se sabe que isso não é
mais verdade (supondo que um dia te-
nha sido). Existem muitos outros fato-
res que explicam o comportamento dos
custos. Por exemplo: a escala do empre-
endimento – tamanho do investimento;
o escopo, ou seja, o grau de integração
vertical – quantas atividades-fins da ca-
deia de valor a empresa está incluindo
na arquitetura de sua unidade de negó-
cio; a experiência da equipe gerencial
– quantas vezes no passado a equipe já
fez o que está fazendo agora e qual foi
o êxito obtido; a tecnologia empregada
x a tecnologia disponível – a empresa
emprega a versão mais atual disponí-
vel? Os concorrentes estão à frente?; a
complexidade das operações e dos pro-
dutos; o envolvimento da força de traba-
lho – motivação, empowerment, etc.; a
utilização da capacidade instalada – ou a
ociosidade; a eficiência do arranjo físico
das instalações – particularmente impor-
tante para a unidade de negócio sucroe-
nergética, visto que a localização das la-
vouras de cana é um importante gerador
de custos de produção; as configurações
dos produtos e a exploração das ligações
com os fornecedores e com os clientes
da cadeia de valor – imagine uma usina
que dependa fortemente de poucos gran-
des fornecedores de cana, por exemplo.
Ou uma usina que dependa fortemente
de poucos grandes clientes.
Se o sistema de gestão de custos de
sua empresa apresenta as características
indicadas acima, pode-se concluir que a
empresa possui um sistema para tal fi-
nalidade – gerir estrategicamente os re-
cursos disponíveis visando maximizar
o valor de mercado da empresa.
Caso contrário, a empresa ape-
nas imagina dispor de um sistema
de gestão de custos. A pior notícia
nesses casos é que, ao utilizar valo-
res incorretos como insumos para os
modelos que dão suporte ao processo
de tomada de decisão, a empresa pode
estar selecionando alternativas erra-
das dentro do elenco de alternativas
disponíveis.
A MBF Agribusiness conta com uma
equipe especializada e com grande ex-
periência na implantação e na manuten-
ção de um sistema de gestão estratégica
de custos. Podemos, sem dúvida, auxi-
liar as empresas do setor sucroenergéti-
co nessas tarefas.
*Consultor da MBF Agribusiness RC
Revista Canavieiros - Maio de 2015
14
Ponto de Vista III
E agora José? A festa acabou?
*Prof. Dr. Octávio Antonio Valsechi
Prof. Dr. Octávio Antonio Valsechi
E
stamos passando por um mo-
mento muito delicado no que
diz respeito à energia, quer seja
ela para a geração de eletricidade ou
para locomoção.
Vamos considerar as demandas e,
para isso, é necessário sabermos e en-
tendermos um pouco de economia e
suas nuances.
Sabe-se que em anos recentes houve
uma melhoria de qualidade de vida de
grande parte da população brasileira,
principalmente na questão ao acesso de
bens de consumo, como, por exemplo,
eletrodomésticos e veículos, com gran-
de incentivo de descontos, isenções de
taxas e impostos, financiamentos a per-
der de vista, entre outros.
Com o aumento do PIB (Produto In-
terno Bruto) e consequentemente da ren-
da per capita, também acompanha esta
curva ascendente a curva de consumo,
porém quando a curva do PIB entra em
fase descendente, como estamos viven-
ciando atualmente, a curva de consumo já
não a acompanha mais, demorando ainda
certo tempo para que comece a cair.
Muito se incentivou o consumo e a
produção, porém esqueceu-se de um
ponto crucial, ou seja, a infraestrutura.
No que se refere aos veículos, esque-
ceu-se de que nossas ruas e estradas que
já estavam saturadas há anos em função
da ausência de investimentos nesta área,
ocasionando em todo o país congestiona-
mentos enormes, não somente nas gran-
des cidades, mas principalmente nelas.
Quem acompanha o trânsito na cidade de
São Paulo já não mais se assusta em saber
que domingo pela manhã existe cerca de
120 a 180 km de lentidão, com picos nas
sextas-feiras ao final do dia com cerca de
500 a 550 km de lentidão.
Outro ponto esquecido é que os veí-
culos utilizam combustível para se mo-
vimentarem e aí se descobre que nossa
capacidade de refino de petróleo está no
limite e que o combustível que poderia
substituir a gasolina em sua totalidade
simplesmente é desprezado para não di-
zer ignorado pelas autoridades ligadas a
essas áreas de produção, necessitando,
dessa maneira, lançar mão de importa-
ção para poder abastecer o mercado, e
pasmem, até de etanol.
Agora vamos aos eletrodomésticos!
Que maravilha! Geladeira nova,
televisões de 40 polegadas, cafetei-
ra automática de alta pressão, freezer,
condicionadores de ar e tantos outros
consumidores de eletricidade.
E aí perguntamos: Temos tanta eletri-
cidade assim para concedermos descon-
tos objetivando o aumento do consumo?
De maneira alguma devemos ima-
ginar que houve falha no planejamento
energético e por este motivo concede-se
tal desconto àquela época.
Estamos também com nossa capaci-
dade de geração de eletricidade esgo-
tada, principalmente pelo regime das
chuvas dos últimos anos, não temos
como melhorar nossa geração hídrica
desse bem precioso e caro, digo isso,
pois sabe-se que energia é sinônimo de
desenvolvimento e de poder.
Por mais absurdo que seja, geramos
em algumas termoelétricas nacionais,
energia elétrica utilizando fontes fós-
seis a preços proibitivos, enquanto que
existe uma fonte renovável equivalente
a uma Itaipu, esquecida no interior do
país, mais uma vez a cana-de-açúcar
está jogada ao léu.
Poucos sabem que a cadeia sucroe-
nergética é a segunda maior fonte for-
necedora de energia de nossa matriz e, a
primeira, se consideradas as renováveis.
Então, o que fazer?
Acreditamos que a situação não deva
continuar desta maneira.
Inicialmente deve-se ver e ter o setor
sucroenergético como uma das melho-
res e maiores fontes de energia reno-
vável do planeta, e nesse ponto somos
exemplos, sem dar importância se o se-
tor é estatal ou privado.
Deve-se urgentemente começar a tra-
tar o etanol anidro como aditivo antide-
tonante e não mais como combustível,
quando utilizado na gasolina A, pois esta
é a sua função substituindo há anos o
chumbo tetraetila e o MTBE (aditivo da
gasolina), este de origem fóssil, e, como
tal, o anidro deve ter seu valor equi-
valente a estes aditivos, o que de certa
forma melhoraria sensivelmente a saúde
financeira do setor que está em ruínas.
Outro ponto é o tratamento dispen-
sado ao hidratado equivalente à gasoli-
na B, uma vez que a substitui em sua
totalidade, também deveria ser tratado
como ela. Desvinculando-se inclusive
a falsa relação dos 70% do preço, pois
em momento algum falam-se dos bene-
fícios, inclusive financeiros da externa-
lidade do etanol.
Não vamos nos esquecer do novo
combustível renovável composto de
etanol anidro e biodiesel na proporção
de 20% e 80%, respectivamente, que
substitui totalmente o diesel fóssil e
Revista Canavieiros - Maio de 2015
15
RC
que auxiliaria na redução da importa-
ção do fóssil ao mesmo tempo em que
incentivaria a agricultura, principal-
mente na produção de oleaginosas e de
cana-de-açúcar.
Outro ponto a considerar é o trata-
mento dispensado à geração de ener-
gia elétrica a partir da cana-de-açúcar,
com incentivos financeiros e fiscais
para melhoria das eficiências das cal-
deiras e geradores daquelas unidades
que ainda não o fizeram e tratamento
diferenciado ao setor no que se refe-
re aos leilões e comercialização desta
energia, uma vez que poderá atender
a uma alta demanda por muitos e mui-
tos anos, com investimentos muito
aquém dos aplicados nas hidroelétri-
cas e nas térmicas movidas a combus-
tível fóssil.
Temos certeza que a energia será
muito mais barata do que a que está
em vigor.
Quem sabe se investíssemos os re-
cursos do sonhado etanol de segunda
geração a partir da cana-de-açúcar.
Este produto que há mais de duas dé-
cadas ouço dizer que será viável em
até dois anos e passam-se os anos e
nada. Será que não teremos respostas
mais rápidas, precisas e econômicas
para os processos de gaseificação,
pirólise do bagaço e da palha da ca-
na-de-açúcar, aproveitamento de gás
de síntese, da reforma de hidrogênio
do etanol em células de combustível
e outros?
Enfim, existem saídas plausíveis e
tecnicamente corretas, aceitas e viá-
veis, mas isso será assunto para outra
ocasião.
E agora José, o que fazer? A festa já
acabou e ficou muito cara. Pagaremos
ainda por um bom tempo.
Agora apaguemos a luz, pois a ener-
gia também está muito cara... e vai pio-
rar! E vamos dormir.
*Prof. Dr. Octávio Antonio Valsechi
(vico@ufscar.br) é engenheiro agrôno-
mo, professor e pesquisador do Depar-
tamento de Tecnologia Agroindustrial
e Socioeconomia Rural do Centro de
Ciências Agrárias da Universidade
Federal de São Carlos e Coordena-
dor do MTA (Master of Technology
Administration) em Gestão Industrial
Sucroenergética.
CAR (Cadastro Ambiental Rural) – prazo para
inscrição obrigatória do imóvel rural é prorrogado
por mais um ano
Prezados leitores, como já dito
n’outras oportunidades, o CAR, cria-
do pelo novo Código Florestal (Lei n.
12.651/2012), “é um registro eletrôni-
co, obrigatório para todos os imóveis
rurais, que tem por finalidade integrar
as informações ambientais referentes à
situação dasAPP (Áreas de Preservação
Permanente), das áreas de Reserva Le-
gal, das florestas e dos remanescentes
de vegetação nativa, das Áreas de Uso
Restrito e das áreas consolidadas das
propriedades e posses rurais do país”
(www.car.gov.br).
Neste cadastro são informadas todas
as características espaciais das áreas
ambientais (área de preservação perma-
nente, reserva florestal legal, nascentes,
área de uso restrito, etc.), além de ou-
tras informações que identificam o imó-
vel (matrícula imobiliária, CCIR, etc.) e
seus proprietários/possuidores.
O prazo inicial para que se fizesse
a referida inscrição expirou em 5 de
maio de 2015, tendo sido prorrogado
por mais um ano, através da Porta-
Juliano Bortoloti
Advogado da Canaoeste
ria MMA n. 100, de 04/05/2015, pu-
blicada no Diário Oficial da União de
05/05/2015.
Segundo informações da ministra
do Meio Ambiente, Izabella Teixeira,
até a data de 5 de maio de 2015 foram
cadastrados 52,8% dos 373 milhões de
hectares esperados. Esse montante re-
presenta 196,7 milhões de hectares (In-
formações da Agência Brasil).
Os governos estaduais e municipais
são os responsáveis pelo CAR, por isso,
foram disponibilizados R$ 400 milhões
do Fundo Amazônia a esses entes fede-
rativos. Para a ministra, esse valor de-
veria servir de incentivo. “R$ 400 mi-
lhões é muito dinheiro e tem Estado que
não tem essa execução”, disse.
Uma informação deveras importante
é que esta deve ser a primeira e última
prorrogação, pois o próprio Código
Florestal (Lei n. 12.657/2012) estabele-
ce que o prazo é prorrogável somente
uma vez, conforme estabelecido no §
3º, do artigo 29 e no § 2º, do artigo 59
da referida lei.
Assim, devem os proprietários/possui-
dores de imóveis rurais fazerem a inscri-
ção de seus imóveis no CAR, sob pena
de ficarem com a propriedade irregular,
acarretando, com isto, diversas conse-
quências negativas, tais como: proibição
de licenciamento ambiental, limitação de
crédito junto aos bancos, impossibilidade
de quaisquer atos de averbação na matrí-
cula imobiliária (hipoteca, compra e ven-
da, retificação, etc.), entre outras.
Assuntos Legais
Revista Canavieiros - Maio de 2015
16
E
ste mês mudaremos o estilo um
pouco, pois na coluna do mês
passado fiz ampla análise das
variáveis da cana, e esperemos até a
próxima edição para voltar a comen-
tar do setor. Nesta coluna teremos uma
história composta de capítulos felizes e
tristes. Comecemos pelos felizes.
Em janeiro de 2014, a FuturaGene
submeteu à CTNBio (Comissão Téc-
nica Nacional de Biossegurança) um
pedido de liberação comercial do eu-
calipto geneticamente modificado, a
primeira empresa brasileira privada
a submeter uma planta geneticamente
modificada para aprovação comercial.
Após a aprovação, segundo a empre-
sa, será feito plantio de forma gradual,
de acordo com as práticas de manejo
florestal adotadas pela empresa na
implantação de qualquer novo clone.
Espera-se colher em seis ou sete anos.
Segundo a empresa, diversos es-
tudos foram realizados por cientistas
independentes familiarizados com a
produção e a avaliação do eucalipto
para confirmar a segurança do produ-
to, não tendo apresentado toxicidade
sobre outros organismos, demons-
trando segurança na composição fo-
liar, boa decomposição de biomassa,
semelhança fenotípica, e com inte-
rações ecológicas, tanto em relação
a insetos, decompositores, micro-or-
ganismos e doenças quanto às carac-
terísticas climáticas e de solo, como
seca, vento e deficiência de nutrien-
tes, semelhantes ao convencional.
Ainda segundo as pesquisas, o eu-
calipto apresenta pouco potencial de
cruzamento com espécies selvagens
e não possui potencial para se tornar
planta invasora. Há ainda estudo de
cientista da UFRGS (Universidade
Federal do Rio Grande do Sul) que
mostra equivalência entre as amos-
tras de mel produzidas em áreas de
árvores geneticamente modificadas e
convencionais; ausência de efeitos tó-
xicos no mel, entre outras evidências.
A empresa ainda precisa convencer o
Forest Stewardship Council que este
produto pode ter o selo de sustenta-
bilidade, cuja decisão será em 2017.
O MST, Instituto de Defesa de
Consumidores, Associações de Pro-
dutores de Mel e diversas ONG’s
contestam estes estudos, bem como
alguns concorrentes da Suzano. Mais
uma vez, tem-se um debate no campo
da ciência, mas sempre contaminado
por ranços ideológicos quando se tra-
ta de transgênicos.
Tenho grande confiança na CTN-
Bio, composta por corpo científico
formado por 27 titulares e 27 suplen-
tes, todos com título de doutor em áre-
as afins à biotecnologia, como órgão
competente para realizar a avaliação
de biossegurança de OGMs (organis-
mos geneticamente modificados) no
Brasil. O modelo brasileiro de avalia-
ção da biossegurança de organismos
geneticamente modificados é visto
internacionalmente como um dos
mais completos e rigorosos do mun-
do, sendo até considerado lento. Suas
decisões são tomadas de maneira de-
mocrática, sempre levando em conta
o Princípio da Precaução. É no campo
da ciência que os debates deveriam
se dar, no “estádio” da CTNBio. Mas
não foi o que se viu.
Na manhã de 05/03, aproximada-
mente 1.000 mulheres integrantes do
MST (Movimento dos Trabalhadores
Rurais sem Terra) invadiram a sede da
FuturaGene, em Itapetininga (SP), da-
nificaram casas de vegetação e destru-
íram as mudas experimentais. Ao mes-
mo tempo, outro grupo composto por
cerca de 300 integrantes do MST ocu-
pou a reunião da CTNBio, em Brasília.
Para mostrar a violência do ataque,
a carta a seguir foi por mim recebi-
da, e escrita por um dos integrantes
da CTNBio.
“Caros amigos. Eu estava na reu-
nião da CTNBio quando ela foi invadi-
da com violência pelo MST. A violência
foi tanta que feriram uma funcionária
da CTNBio quando meteram o pé na
porta para entrar à força na sala.
Quem liderou este ataque foi supos-
tamente um ex-membro da CTNBio,
representante do MDA (Ministério do
Desenvolvimento Agrário), que supos-
tamente também financiou a invasão
na fazenda da Futura Gene/Suzano.
Muitos estavam bêbados já cedo pela
manhã. Mando um vídeo feito no fun-
do da sala. Entraram berrando e em-
purrando. Apavoraram. Muitas pesso-
as saíram de seus lugares e foram para
a frente da sala, perto dos membros da
CTNBio procurando segurança. Eu
fiquei paralisada e felizmente abracei
meu computador e outros pertences.
Pensam que é exagero? Pois não foi,
há relatos de roubo de computadores.
Conseguiram seu intento: acabar com
a reunião. A violência, os roubos e a
destruição da pesquisa podem até ter
sido financiados com o dinheiro de
nossos impostos. Os ônibus que leva-
ram as mil mulheres para a destruição
da fazenda eram luxuosos: ônibus exe-
cutivos com abundância de comida e
bebida dentro. Esse é o governo que
temos.....e todos ficaram impunes. Nin-
Coluna Caipirinha
Marcos Fava Neves*
Caipirinha
Um Gol da Barbárie no Jogo do Avanço Científico
Revista Canavieiros - Maio de 2015
17
guém foi preso. Dá vergonha de ser
brasileiro...
A ação dos invasores do MST na
sede da FuturaGene resultou na perda
de anos de estudos e pesquisas em de-
corrência da destruição de mudas que,
após possível aprovação comercial
pela CTNBio, seriam utilizadas para
dar continuidade aos plantios expe-
rimentais no campo. Também foram
perdidas mudas de projetos que ainda
estão em fase inicial e/ou intermediá-
ria em relação à avaliação de perfor-
mance e estudos regulatórios. Houve
ainda os danos emocionais aos fun-
cionários e a brasileiros como eu. O
evento repercutiu internacionalmente
na comunidade científica, e a carta
anexa foi por mim recebida por reno-
mado cientista internacional.
“Just a note of firm solidarity and
deep chagrin. I have just been informed
about the senseless destruction at
your experimental station in Brazil
and the postponement of the CTN-Bio
discussion. in the past hours, I have
read as much information from the
Brazilian and international media as I
could find. I trust no one was physically
hurt during this terrible occurrence. I
am sad for Brazil (my second home),
for science, for the people who are
being misguided and abused and of
course for all who are dedicating their
lives, their efforts, their intellects, their
resources and their hearts to contribute
to building a better world for all. There
is much to be done and more courage
will be demanded. Count on me”.
Além da repercussão nacional e
internacional, causou espanto que
uma mobilização absolutamente bem
organizada e orquestrada muitos dias
antes, de 1000 pessoas e cerca de 40
a 50 ônibus sincronizados se deslo-
cando por estradas, não foi percebi-
da antes pelas autoridades policiais
tanto estaduais quanto federais, para
que fosse feita a prevenção do ataque.
É realmente preocupante. Foi inte-
ressante observar também a grande
quantidade de sites e blogs de ONG’s
internacionais que vibraram com esta
destruição em território brasileiro.
Esta invasão, destruição e desres-
peito institucional aos investidores,
aos cientistas e à imensa maioria dos
brasileiros, que se chocou com o fato,
foi mais um triste episódio na rica
história do agronegócio brasileiro,
que vem sustentando há décadas o
desenvolvimento econômico, social e
ambiental de nossa sociedade.
Não há nada mais perigoso a um
país que o desrespeito às regras do
jogo, às instituições, o “ganhar no gri-
to”. A ciência não pode se curvar à bar-
bárie, bem como nossas autoridades
não podem ser lenientes com o crime.
Que a CTNBio possa ter garantido
um ambiente onde as discussões exis-
tam de maneira democrática, e que a
ciência vença, seja qual for a decisão
tomada. Espero também que este tris-
te caso de invasão e destruição nunca
mais se repita no Brasil e que seus in-
vasores tenham contra si uma coisa ab-
solutamente simples: a aplicação da lei.
Quem é o homenageado do mês?
Todos os meses esta coluna home-
nageia uma personagem do setor de
cana. Este mês faremos uma home-
nagem ao grande Prof. José Luiz Io-
riatti Dematte, um clássico da nossa
ESALQ. Quanta produção adicional
de cana este país teve graças às inter-
venções deste nosso Professor com P
maiúsculo, sempre.
Haja Limão:
O governador de Minas Gerais
condecorar com uma importante me-
dalha um dos principais arquitetos da
barbárie que lemos acima foi algo re-
almente revoltante. Ainda bem que já
está colhendo os resultados disto, não
pôde aparecer na abertura da tradicio-
nal Expozebu em Uberaba, tomaria
um panelaço. Que vergonha um go-
vernador deixar de ir a Uberaba. Fazia
tempo que isso não acontecia.
Marcos Fava Neves é Professor
Titular da FEA/USP, Campus de
Ribeirão Preto.
Em 2013 foi Professor
Visitante Internacional da
Purdue University (EUA) RC
Prof. José Luiz Ioriatti Dematte
é o homenageado do mês
Foto:PortalRegional
Revista Canavieiros - Maio de 2015
18
Notícias Copercana
Copercana inaugura sua 21ª loja de
Ferragens e Magazine, em Guará-SP
A
Copercana inaugurou, no dia 16
de abril, a sua 21ª loja de Fer-
ragens e Magazine. Guará, com
pouco mais de 20 mil habitantes, no
interior paulista, foi escolhida para re-
ceber o novo empreendimento, que ofe-
rece uma linha completa em insumos
agropecuários e artigos domésticos.
O prédio, às margens da Rodovia
Anhanguera, pertencia a outra coopera-
tiva, já extinta. Com área de quase 800
metros quadrados, sendo metade para ex-
posição dos produtos e outra metade para
o estoque, foi todo reformado. Ganhou
pintura com as tradicionais cores da co-
operativa e detalhes adicionais. A soleni-
dade de reabertura recepcionou, com um
café da manhã, cooperados, empresários,
autoridades políticas de Guará, como a
vice-prefeita, Maria Aparecida Carrion
Degrande Moreira, a Cidinha do Didi, e
o vice-presidente da Câmara, Aparecido
José da Silva, o Cidão do Baiano, além de
vários moradores do município, que com-
pareceram para conhecer as novidades.
Igor Savenhago
Empreendimento, com quase 800 metros quadrados, fica na Rodovia Anhanguera e vai atender
agricultores paulistas e mineiros com amplo mix de produtos
O diácono André Luiz Rodrigues,
das Paróquias de São Sebastião e Santo
Antônio, fez uma prece para abençoar
o local e o trabalho dos sete funcioná-
rios contratados, o que representa um
incremento na geração de empregos
na região, conhecida pela produção de
cana-de-açúcar e de grãos.
Para Antonio Eduardo Tonielo, pre-
sidente da Copercana, que tem lojas de
ferragens e magazine espalhadas pelo
interior de São Paulo e Sul de Minas
Gerais, além de postos de combustíveis,
supermercados e um auto center, Guará
Filial de Guará fica localizada na Rodovia Anhaguera, Km 398.
Telefone: (16) 3831-2555
Cidinha do Didi, vice-prefeita
Cidão do Baiano, vice-presidente da Câmara
integra uma região estratégica para os
negócios da cooperativa, já que, por ali,
há um fluxo de agricultores dos dois
Antonio Eduardo Tonielo,
presidente da Copercana
Revista Canavieiros - Maio de 2015
19
Estados. Segundo ele, as instabilida-
des atravessadas pelo setor sucroener-
gético, desde 2008, que comprometem
a rentabilidade dos produtores rurais e
das usinas, não podem afetar o ritmo de
trabalho da cadeia produtiva canavieira.
“Se nós ficarmos preocupados com a
crise, não vamos fazer nada. Eu sempre
falo que temos que deixar a crise para
o governo administrar e nós fazermos
a nossa obrigação. Os produtores conti-
nuarão produzindo e o agronegócio não
vai parar, mostrando que pode salvar o
país como sempre salvou, nas horas de
maior dificuldade que o Brasil atraves-
sou”, disse ele. “Por isso, a Copercana
se preocupa em atender cada vez me-
lhor seu cooperado, oferecendo estrutu-
ra e a melhor parceria possível”.
O diretor da Copercana Pedro Es-
rael Bighetti concorda. Segundo ele,
a 21ª loja é um indicativo da solidez
dos negócios da cooperativa. “Sabe-
mos que a situação do País não é das
melhores, mas a Copercana tem os
pés no chão e a cabeça erguida. Como
ela pertence aos cooperados, quando
abrimos uma loja como essa, estamos
devolvendo a eles o fruto do próprio
trabalho, da luta, buscando oferecer
mais facilidades”.
O encarregado da nova loja é o gua-
raense Juliano Eduardo Marchi, que
tem 14 anos de experiência no ramo.
Na visão dele, a inauguração preen-
che uma lacuna que existia em Guará.
“Há um ano, com o fechamento da ou-
tra cooperativa que atuava na cidade,
faltava um estabelecimento direciona-
do ao agricultor. Temos a capacidade
de oferecer um mix muito grande de
produtos, desde ferragens à parte de
veterinária, e com uma localização
privilegiada. Tem muita gente que tem
propriedade em Minas Gerais e passa
aqui em frente. É só fazer o retorno e
entrar na loja”, afirma.
Além da área de vendas, a loja irá ofe-
recer os serviços de um agrônomo e de
um veterinário. Segundo o gerente co-
mercial da Copercana, Ricardo Meloni,
o trabalho em campo permite conhecer
as necessidades dos cooperados e ajuda
a divulgar a imagem de uma cooperati-
va preocupada com a satisfação deles.
“Temos, ainda, uma logística muito boa.
Como Guará está muito próxima da
matriz, em Sertãozinho-SP, e pelo fato
de termos loja também em Guaíra-SP,
Morro Agudo-SP e Ituverava-SP, se fal-
tar algum produto, nós pedimos hoje e
amanhã já está disponível”.
O encarregado de marketing comer-
cial da Copercana, João Carlos Sponchia-
do, destaca que a nova loja traz o concei-
to de autosserviço, em que o cliente pode
transitar pelos corredores como em um
supermercado, sem a necessidade de fa-
zer o pedido no balcão. “Com isso, você
oferece ao consumidor a possibilidade de
que ele tenha acesso a todos os produtos
e verifique a qualidade, que é uma de
nossas maiores preocupações. Prezamos
muito pela qualidade”.
Para o produtor de cana e fabricante de
máquinas Luiz Carlos Rodrigues Buza,
que falou em nome dos cooperados, os
agricultores de Guará e região ganham
muito com a instalação da Copercana, de-
finida por ele como “referência no agro-
negócio”. Tanto pela estrutura oferecida
quanto pelo fomento ao cooperativismo.
“A receita para qualquer época é união. É
como um fio de algodão. Sozinho, é fácil
de quebrar. Mas, numa corda, conforme
você junta mais fios, dificulta o rompi-
mento. E vai fortalecendo a cadeia”.
Pedro Esrael Bighetti,
diretor da Copercana
Variedade
Juliano Eduardo Marchi,
encarregado da nova loja
João Carlos Sponchiado, encarregado do
marketing comercial
Luiz Carlos Rodrigues Buza,
produtor de cana
Ricardo Meloni, gerente
comercial da Copercana
RC
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Notícias Canaoeste
Presidente da Canaoeste e Orplana é
homenageado na 43ª edição do Prêmio Deusa
Ceres durante a Agrishow
N
o dia 29 de abril, paralelo a
programação da Agrishow, o
Centro de Convenções do IAC
recebeu ilustres engenheiros agrônomos
e seus familiares, além de autoridades e
membros ligados ao setor, para solenida-
de do tradicional Prêmio “Deusa Ceres”.
A Deusa Ceres cultuada pelos ro-
manos é na mitologia grega Deméter,
a divindade da agricultura e da fecun-
didade da terra. Todas as lendas sobre
Ceres referem-se ao seu caráter agrário
que, de forma poética, procuram expli-
car fenômenos ligados ao cultivo da
terra. O prêmio Deusa Ceres foi cria-
do em 1972, pelo engenheiro Cláudio
Braga Ribeiro, à época presidente da
AEASP, e desde então, anualmente, a
entidade presta homenagens aos en-
genheiros agrônomos que se desta-
cam nas atividades agronômicas como
forma de reconhecimento ao trabalho
desses profissionais.
Homenageados
Entre os homenageados deste ano
está o engenheiro agrônomo Fernan-
do Penteado Cardoso, que acaba de
completar 100 anos de vida. Dentre os
Fernanda Clariano
A AEASP (Associação de Engenheiros Agrônomos do Estado de São Paulo) prestou tributo aos
engenheiros agrônomos que contribuíram para o desenvolvimento do setor agrícola em 2014
inúmeros prêmios já conquistados, foi
condecorado pela AEASP com a me-
dalha Luiz de Queiroz, pelos serviços
prestados ao Estado de São Paulo em
prol do desenvolvimento da agricultura
brasileira em 2008 e, este ano, recebeu
o prêmio AEASP 70 anos.
A medalha “Joaquim Eugênio de
Lima” foi para o fundador do Instituto
Plantarum de Estudos da Flora, único
herbário privado do Brasil, o engenhei-
ro agrônomo, Harri Lorenzi.
A homenagem de Engenheiro Agrô-
nomo Emérito foi entregue ao professor
e reitor da UNESP (Universidade Esta-
dual Paulista) “Júlio de Mesquita Fi-
lho”, o agrônomo Julio Cezar Durigan.
O destaque na área de Comunicação
Rural ficou para o jornalista e escritor pau-
lista Benedito Rui Barbosa, conhecido por
suas novelas com temas rurais. Ele é autor
de Pantanal (1990), Renascer (1993), O
Rei do Gado (1996), Terra Nostra (1999) e
Meu Pedacinho de Chão (2014).
O eleito Engenheiro Agrônomo do
Ano foi o consultor e ex-diretor técni-
co da Andef (Associação Nacional
de Defesa Vegetal), Luiz Carlos Sayão
Ferreira Lima. Formado pela Universi-
dade Federal Rural do Rio de Janeiro
em 1957, ele é um dos maiores especia-
listas em fitossanitários.
“Não esperava receber essa honraria,
eu estava em férias fora do País quando
fui surpreendido com uma ligação do
Ângelo Petto, dizendo que eu seria ho-
menageado como engenheiro agrôno-
mo de 2014. Fiquei felicíssimo porque
eu acredito que não há nada melhor do
que você ver a sua carreira sendo co-
roada com um prêmio importante como
esse”, afirmou o agrônomo Luiz Carlos
Sayão Ferreira Lima.
Manoel Ortolan foi homenageado
na categoria Cooperativismo
Manoel Ortolan e seu filho, Rodrigo Ortolan
Revista Canavieiros - Maio de 2015
23
Assim como o prêmio Deusa Ceres, a
entidade criou, em 1991, o prêmio “Mérito
Agronômico”, com a entrega da medalha
“Fernando Costa”. O nome da medalha
reverencia a memória de Fernando Costa,
um grande realizador, ministro da agricul-
tura no primeiro mandato de Getúlio Var-
gas, também secretário de Agricultura e
interventor do Estado, reconhecido por sua
luta em prol dos interesses da agronomia.
Acompanhe os profissionais home-
nageados e suas áreas.
Pesquisa - José Osmar Lorenzi, enge-
nheiro agrônomo, consultor internacional
e pesquisador do InstitutoAgronômico de
Campinas (IAC), um dos principais espe-
cialistas do País em mandioca.
Ensino - Sinval Silveira Neto, enge-
nheiro agrônomo, entomologista e pro-
fessor da ESALQ / USP.
Extensão rural - Sylmar Denucci, en-
genheiro agrônomo, pesquisador e dire-
tor do Departamento de Sementes Mu-
das e Matrizes da Cati – Coordenadoria
de Assistência Técnica Integral, órgão
da Secretaria de Agricultura e Abasteci-
mento do Estado de São Paulo.
Iniciativa privada e/ou autônomo -
Luiz Rossi Neto, engenheiro agrônomo
e diretor presidente da Agross Insumos
da Biociência Ltda.
Ação ambiental - Zuleica Maria de
Lisboa Perez, engenheira agrônoma, co-
ordenadora de Planejamento Ambiental
da Secretaria do Meio Ambiente do Es-
tado de São Paulo e do Programa Esta-
dual de Resíduos Sólidos.
Defesa agropecuária - Geysa Pala
Ruiz, engenheira agrônoma especialista
em controle de mudas de citrus e coor-
denadora de Defesa Agropecuária do
Estado de São Paulo.
Cooperativismo - Manoel Ortolan,
engenheiro agrônomo formado pela
ESALQ-USP (Escola Superior de Agro-
nomia “Luiz de Queiroz”), turma de
1969. Trabalhou na Copersucar, Fazen-
Medalha Fernando Costa
da Experimental de Sertãozinho (antiga
Fazenda Boa Fé). Iniciou as atividades
na Canaoeste (Associação dos Plantado-
res de Cana do Oeste do Estado de São
Paulo) para trabalhar como gerente do
Departamento Técnico onde permane-
ceu até fevereiro de 2000. Nesse mesmo
ano e mês, assumiu a presidência da Ca-
naoeste, cargo que ocupa até hoje. Em
março de 2001, foi eleito presidente da
Orplana (Organização de Plantadores de
Cana da Região Centro-Sul do Brasil),
para o mandato de seis anos. Em abril de
2013, foi reeleito presidente da Orplana
para um mandato de três anos. Ao longo
dos anos, foi convidado a participar das
atividades de entidades governamentais
e não governamentais ligadas ao setor
sucroenergético, tais como: Canaoeste;
Copercana; Sicoob Cocred; Sindicato
Rural de Ribeirão Preto; Consecana e
Cosag/Fiesp. Ortolan também é produ-
tor rural e um dos mais renomados re-
presentantes do segmento canavieiro do
Estado de São Paulo.
“Eu quero agradecer a AEASP pela
indicação do meu nome e agradecer
também por receber a medalha, Fernan-
do Costa, na área do Cooperativismo,
na presença do maior representante do
cooperativismo com reconhecimento
nacional e internacional, o querido ex-
-ministro Roberto Rodrigues. Receber
essa distinção me estimula a continuar
trabalhando cada vez mais em favor
do cooperativismo”, disse Ortolan, que
ainda agradeceu o apoio que recebeu ao
longo da sua trajetória. “Quero dividir
essa premiação a qual estou sendo dis-
tinguido com meus familiares, amigos,
colegas e companheiros de trabalho das
instituições Canaoeste, Copercana, Si-
coob Cocred e Orplana, nas quais traba-
lhei ao longo desses 40 anos. Essas ins-
tituições me deram suporte e serviram
de base sólida onde pude construir mi-
nha vida pessoal e profissional”, afirma.
O reconhecimento
“É uma honra estar na presidência da
AEASP e poder promover a 43ª edição
da solenidade Deusa Ceres, onde pre-
miamos as personalidades, as pessoas, os
colegas que atuam e contribuem com o
agronegócio brasileiro. Nesse escopo, é
uma satisfação enorme estar premiando
na condição de Cooperativismo, com a
medalha Fernando Costa, o meu colega,
Manoel Ortolan, meu contemporâneo
de ESALQ, uma vez que eu sou gradu-
ado em 1967 e ele é graduado em 1969.
Portanto, nós fomos contemporâneos de
bancos da universidade. Para quem con-
vive com o setor sucroenergético, tem
conhecimento da atividade importante
dele, da sua presença aguerrida na defesa
dos interesses, na sua dedicação em que
todos tenham acesso à tecnologia, nas
melhores práticas, enfim, um merecedor
dessa homenagem”.
Ângelo Petto Neto – presidente da
AEASP (Associação de Engenheiros
Agrônomos do Estado de São Paulo).
“Conheço o Manoel Ortolan há 40
anos. Ele sempre trabalhou com muita
honestidade, carinho, dedicação, des-
prendimento e honradez, defendendo a
agronomia, a agricultura, defendendo o
setor mais sofrido do segmento agrícola
de hoje que é o setor canavieiro. É um ho-
mem que se entregou ao cooperativismo,
Revista Canavieiros - Maio de 2015
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“Estamos extremamente satisfeitos
com essa homenagem feita ao Manoel
Ortolan pela AEASP, uma grande hon-
raria e ainda dentro da categoria Coope-
rativismo. Ele tem uma história muito
conhecida, principalmente no setor su-
croenergético, onde sempre esteve inse-
rido no cooperativismo e essa belíssima
homenagem é mais do que merecida.
Eu gosto de lembrar que, apesar dele
estar atuando dentro de uma cooperati-
va e de associação de plantadores, sem-
pre teve muita sensibilidade para pes-
quisa, para a área de desenvolvimento.
Em 1993 recebemos um grande apoio
do Manoel, e isso nos permitiu dar um
grande avanço na área de pesquisa de
cana naquele momento dentro do IAC”.
Marcos Landell – diretor do Centro
de Cana e pesquisador do IAC.
a agricultura, com tanta vontade de acer-
tar, que merece todos os prêmios. Esse é
pequeno pelo que ele já fez e faz por nós”.
Roberto Rodrigues - ex-ministro da
Agricultura do Estado de São Paulo.
“Gostaria de parabenizar o Manoel
Ortolan por essa merecida honraria. Tra-
balhamos juntos há quase 40 anos, desde
que entrou na Copercana como agrô-
nomo responsável pelo departamento
agrícola e hoje presidente da Canaoeste.
Ele sempre se dedicou às questões coo-
perativistas, onde atua com maestria, e é
sempre bom poder presenciar o estímulo
e o carinho que ele tem no que faz. Essa
é uma justa homenagem”.
Antonio Eduardo Tonielo - presiden-
te da Copercana e da Sicoob Cocred.
“O Manoel está recebendo um prê-
mio é muito mais do que merecido. Es-
tamos falando de um craque em todos
os sentidos. Sabemos do seu caráter,
do seu comprometimento e ética nas
causas as quais ele se envolve e, mais
ainda, uma pessoa com uma extrema
vontade de dedicar-se aos demais, ao
coletivo, ao associativo. Este é um prê-
mio absolutamente justo, um prêmio
nota 10, para quem é nota 10”.
Marcos Fava Neves – professor Ti-
tular da FEA/USP – Campus Ribeirão
Preto-SP.
“O Manoel recebeu o prêmio Fer-
nando Costa, que foi o mais ilustre
agrônomo da história do nosso País.
Tenho o privilégio de ser amigo dele e
fiquei muito feliz de ver essa justa ho-
menagem. Aqui se saudou o cooperati-
vismo, a visão de se enfrentar de uma
forma conjunta os problemas, aqui se
festejou a capacidade de renovação da
agricultura, o espírito de inovação pre-
sente. O Manoel incorpora esses prin-
cípios, é uma pessoa de convergência,
uma pessoa do bem e acima de tudo de
valores íntegros”.
Arnaldo Jardim - secretário da Agri-
cultura do Estado de São Paulo.
Manoel Ortolan e Edivaldo Del Grande,
presidente da Ocesp
Antonio Eduardo Tonielo,
Manoel Ortolan e Oswaldo Alonso
Antônio Eduardo Tonielo, Pedro Esrael Bighetti,
Marcos Landell (IAC), José Pedro Tonielo e
Mauro Alexandre (IAC)
Os Agrônomos da Canaoeste,
Daniela Aragão, Alessandra Durigan e Gustavo
Nogueira prestigiaram o presidente da associação
RC
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Revista Canavieiros - Maio de 2015
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Notícias Canaoeste
Relançamento da Frente Parlamentar em
Defesa do Setor Sucroenergético
O
presidente da Canaoeste e Or-
plana, Manoel Ortolan, partici-
pou da mesa de relançamento da
Frente Parlamentar pela Valorização do
Setor Sucroenergético. Criada em 2013,
a Frente agora passa a ser presidida pelo
deputado federal Sérgio Souza (PMDB-
-PR), com o objetivo de trazer as princi-
pais demandas do setor sucroenergético
para o debate político do País e somar
esforços para propor políticas públicas
que garantam a retomada do crescimento
desse importante segmento.
A cerimônia de relançamento contou
com a presença dos principais repre-
sentantes do setor sucroenergético no
Brasil: Elizabeth Farina, presidente da
UNICA (União da Indústria de Cana-
-de-Açúcar); Paulo Leal, presidente da
Feplana (Federação dos Plantadores de
Cana do Brasil); André Rocha, presi-
dente do Fórum Nacional Sucroener-
gético; Manoel Ortolan, presidente da
Canaoeste e Orplana (Organização dos
Plantadores de Cana da Região Centro-
-Sul do Brasil); Alexandre Lima, presi-
dente da Unida (União Nordestina dos
Produtores de Cana), e outras lideran-
ças da cadeia produtiva.
Da Redação
Manoel Ortolan dicursa durante o Relançamento da Frente Parlamentar
Manoel Ortolan e o presidente da Frente Parlamentar,
deputado federal Sérgio Souza (PMDB-PR) Autoridades de todo o Brasil participaram do Relançamento da Frente Parlamentar
Na oportunidade, as autoridades
falaram sobre o apoio que a frente
sempre teve com as causas do setor e
principalmente com a defesa do setor
de cana-de-açúcar. Lembraram que a
frente foi fundada pelo deputado Arnal-
do Jardim (PPS/SP), e hoje possui mais
de 200 deputados participantes. Hoje
conta com grandes resultados como o
aumento da mistura do etanol anidro na
gasolina, incentivos para o aperfeiço-
amento de motores flex no âmbito do
Programa Inovar-Auto, a inclusão do
etanol e do açúcar no Regime Especial
de Reintegração de Valores Tributá-
rios para as Empresas Exportadoras –
REINTEGRA e a extensão das linhas
de financiamentos para construção de
armazéns, em condições diferenciadas,
à indústria de açúcar.
Paulo Leal falou que com a presi-
dência assumida pelo deputado Sér-
gio Souza (PMDB/PR) terá o mesmo
compromisso na criação de um am-
biente que favoreça e incentive na
elaboração de políticas públicas que
reconheçam a importância e valori-
zem os mais de 70 mil fornecedores
de cana no País.
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Manoel Ortolan participa de reunião com o
secretário de Política Agrícola do Ministério da
Agricultura André Nassar
O
presidente da Canaoeste e
Orplana (Organização dos
Plantadores de Cana da Re-
gião Centro-Sul do Brasil), Manoel
Ortolan, participou de uma reunião or-
ganizada pela Feplana (Federação dos
Plantadores de Cana do Brasil), com
o SPA/MAPA (secretário de Política
Agrícola do Ministério da Agricultu-
ra, Pecuária e Abastecimento), André
Nassar. Estiveram presentes na audi-
ência o presidente da Feplana, Paulo
Leal; o presidente da Unida (União
Nordestina dos Produtores de Cana),
Alexandre Andrade e o presidente da
Asplana (Associação dos Plantadores
de Cana de Alagoas), Lourenço Lins.
Durante a reunião, Manoel Ortolan
falou sobre o cumprimento da legisla-
ção trabalhista. De acordo com Orto-
lan, as exigências do Ministério Públi-
co do Trabalho estão imputando custos
aos produtores de cana impossíveis
de serem cumpridos, principalmente
Da Redação
pelos pequenos produtores, tornando
impraticável a atividade.
Paulo Leal relatou ao secretário a
situação drástica em que se encontra o
setor pela falta de rentabilidade devido
aos preços recebidos pela tonelada de
cana. Na oportunidade, ele entregou
um documento contendo as principais
reivindicações do setor para sair da cri-
se, e disse que essas reivindicações são
fundamentais para que os produtores
independentes de cana possam voltar a
investir em sua atividade.
Alexandre Andrade Lima, presidente
da Unida, destacou a alta inadimplência
das unidades industriais com os fornece-
dores de cana. “Asituação está crônica na
Região Nordeste, o que coloca os produ-
tores em uma situação drástica, sem re-
ceita para a sua sobrevivência”, disse.
Paulo Leal (presidente da Feplana), José Coral (presidente da Afocapi), deputado federal Mendes Thame (PSDB),
Miguel Rubens Tranin (presidente da Alcopar), Aparecido Ailton Passoni ( presidente da Novocana), Arnaldo Jardim (secretário
de Agricultura do Estado de São Paulo), Manoel Ortolan (presidente da Canaoeste e Orplana), Arnaldo Bortoletto (presidente
da Coplacana), Gustavo Rattes de Castro, (diretor adjunto da Associação dos Produtores de Matérias-primas para a Indústria de
Bioenergia de Goiás), Ismael Perina Jr. (presidente da Câmara Setorial do Açúcar e do Álcool) RC
RC
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Notícias Canaoeste
Canaoeste realiza treinamento técnico
Reunião técnica sobre fertilizantes
A
Canaoeste, em parceria com a
empresa Netafim, realizou no dia
15 de maio de 2015, na filial de
Viradouro, um treinamento interno para
a equipe de engenheiros agrônomos.
Na ocasião foi abordado o tema: Irri-
gação por Gotejamento Subterrâneo na
Cana-de-Açúcar pelo Coordenador Re-
gional Leandro Gonçalves e o Gerente
Comercial Marcos K. Kawasse.
U
m dos principais fatores que
influencia na produtividade da
cana-de-açúcar é o solo, por-
tanto, o seu manejo adequado é muito
importante para alcançarmos lucrativi-
dade. Desta forma, a correção e adu-
bação, através da correção do pH e o
fornecimento de nutrientes, são práticas
que contribuirão para que a cana atinja
o máximo potencial produtivo.
Da redação
Da redação
Equipes técnicas Canaoeste e Netafim.
Em parceira com a Mosaic, a Copercana e Canaoeste agregam mais
conhecimentos aos produtores, na Filial de Pontal
No dia 5 de maio, foi realizada uma
reunião técnica na Filial de Pontal, em
parceria com Mosaic.
Na oportunidade, o engenheiro
agrônomo Igor Farina discursou so-
bre a tecnologia dos fertilizantes e o
manejo dos solos agrícolas, tendo a
participação dos produtores da região.
O engenheiro ainda retratou a im-
portância da análise de solo como base
do manejo, tanto para uso de calagem
como adubação, bem como a diminui-
ção dos custos com o uso de formulas
concentradas e com a tecnologia do
NPK em um único grão. Estes recur-
sos otimizam o trabalho e podem au-
mentam a produtividade e a rentabili-
dade agrícola.
RC
RC
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Notícias Sicoob Cocred
3ª Corrida Sicoob Cocred – Copercana,
Canaoeste - Parabéns Serrana
A
o completar 66 anos de eman-
cipação política, a cidade de
Serrana, no interior de São
Paulo, recebeu na manhã de 19 de abril,
um domingo ensolarado, mais de mil
atletas para a terceira corrida organiza-
da Prefeitura, em parceria com o Sis-
tema Copercana, Canaoeste e Sicoob
Cocred, com o intenção de promover
saúde e superação aos participantes.
A concentração aconteceu em frente
ao posto de atendimento da Sicoob Co-
cred na avenida Habib Jábali, onde os
participantes se reuniram para os 6 km
de corrida e 3km de caminhada, percor-
rendo ruas e avenidas da cidade.
“Por mais um ano, eu gostaria de
agradecer a parceria do Sistema Coper-
cana, Canaoeste e Sicoob Cocred. Este
é o terceiro ano de sucesso total e é com
enorme prazer e com muita alegria que
realizamos este evento e esperamos po-
der continuar contando com essa parce-
ria”, ressaltou o secretário de Esportes
de Serrana, Leonardo Capitelli.
“É muito importante para o Sistema
Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred
participar efetivamente na cidade onde
atua de uma maneira bem ampla. Por
isso, não só atende os seus cooperados
e associados, como faz questão de par-
ticipar desse tipo de evento, social e es-
portivo”, destacou o diretor de crédito da
Sicoob Cocred, Francisco César Urenha.
Fernanda Clariano
Cerca de mil atletas da cidade e da região participaram do evento em
comemoração ao aniversário da cidade.
O tradicional evento reuniu atletas de
Serrana e de várias cidades da região.
“Eu estava ficando diabético e a
médica queria que eu tomasse remé-
dio, mas, como não gosto, perguntei se
teria alternativa e ela disse: física ou
corrida. Desde então corro há oito anos
e digo que vale a pena. Hoje estou com
minha saúde em dia”, afirmou o atle-
ta de Ribeirão Preto, Ângelo Thiago
Mestriner, de 71 anos.
“Pratico corrida há uns três anos,
pois, além de fazer bem para minha
saúde, o ambiente e as pessoas me tra-
zem uma energia muito boa. É muito
bom poder estar aqui praticando esporte
e prestigiando Serrana pelo seu aniver-
sário”, disse a atleta de Ribeirão Preto,
de 55 anos, Jandira Silvestre Rirsch.
A corrida contou também com a
participação de um atleta britânico que
atualmente mora em Ribeirão Preto-SP.
“Vim da Inglaterra para Ribeirão Preto
há nove anos e sempre gostei de correr
para a prática de atividade e também
para uma vida mais saudável”, disse
John Carpenter.
Portador de deficiência visual desde a
infância, o atleta da cidade de Pitanguei-
ras André Viesba, de 21 anos, escolheu,
há sete, a corrida como esporte favorito.
Este ano, ele participou pela primeira
vez da corrida de Serrana, onde concluiu
o percurso de 6 km em 28 minutos. “Para
mim, a corrida é como se fosse o meu
combustível de vida. Eu preciso correr
para superar os meus limites e estar bem
comigo mesmo”, garantiu o atleta.
Antes da largada, os atletas receberam
as bênçãos do padre Marcelo Pereira, da
paróquia Sagrado Coração de Jesus.
Leonardo Capitelli e Francisco César Urenha
André Viesba, portador de deficiência visual à
esquerda, ao lado de seu treinador
O padre Marcelo Pereira deu
as bênçãos aos atletas
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Após a corrida, a prefeitura de Ser-
rana, através do Fundo Social de Soli-
dariedade, ofereceu aos atletas, e para
a comunidade, o total de uma tonelada
e meia de frutas variadas, distribuídas
em uma mesa montada com 66 metros,
representando os 66 anos da cidade.
“Em princípio pensamos em fazer
um bolo, mas chegamos à conclusão
de que frutas combinavam mais com
esporte e, através do esforço de todos,
conseguimos montar a mesa com 66
metros coberta de frutas. Acredito que
todos tenham gostado e quero agrade-
cer a equipe que me ajudou pelo supor-
te que tive e também a parceria do Sis-
tema Copercana, Canaoeste e Sicoob
Cocred, que estão conosco neste evento
nos apoiando”, afirmou a primeira-da-
ma de Serrana, Ana Maria de Lima.
“A Sicoob Cocred está sempre
apoiando o produtor rural, o empresá-
rio e é muito importante também apoiar
eventos esportivos. Este tipo de ativida-
de é muito importante porque incentiva
a comunidade a sair do sedentarismo e
a praticar hábitos saudáveis em benefí-
cio à saúde”, disse o gerente do Posto
de Atendimento da Sicoob Cocred de
Serrana, Luís Carlos Arroio.
“Este é o terceiro ano da corrida e a
gente vem percebendo que tem aumen-
tado o interesse da população e de atle-
tas da região em participar. Isso é um
motivo de orgulho para nós enquanto
parceiros do evento e também para os
moradores da cidade”, destacou o ge-
rente do supermercado Copercana de
Serrana, Rinaldo Aparecido Dobem.
“É a primeira vez que participo aqui
em Serrana. Achei o percurso bastante
pesado, estava quente, mas venho trei-
nando muito e acabei superando na reta
final. Fiquei muito feliz pela vitória que
é resultado de um trabalho que venho
fazendo e vem dando certo”, disse Mi-
guel Luciano, 1º lugar na categoria ge-
ral masculino.
“Participei no ano passado e estou
muito feliz em poder estar aqui nova-
mente. É uma prova muito gostosa com
um percurso bastante variado, um evento
maravilhoso. Gostaria de parabenizar os
organizadores, os patrocinadores, todos
os colaboradores e parabenizar também
Serrana pelo seu aniversário”, afirmou
Maria Zeferina Rodrigues Baldaia, 1º
lugar na categoria feminino.
Também foram premiados com troféu
e dinheiro os cinco melhores atletas da
cidade de Serrana nas categorias mascu-
lino e feminino. Dentre os destaques, o
colaborador da Copercana Zecílio Lo-
jór da Mota, que percorreu os 6 km de
corrida em 20 minutos e 26 segundos.
Lembrando que os melhores atletas nas
categorias por idades foram laureados
com um troféu e todos os participantes
do evento receberam medalhas.
GeralFeminina,asatletasquesedestacaram:
Luís Carlos Arroio, gerente da Sicoob Cocred de
Serrana, ao lado da ganhadora da categoria
feminina, Maria Zeferina Baldaia
Rinaldo Aparecido Dobem, gerente do
supermercado Copercana de Serrana
Na categoria geral masculino e feminino, o primeiro ao quinto lugar recebeu,
além do troféu, uma premiação em dinheiro.
Colaboradores da Sicoob Cocred, Copercana e da Secretaria de Esportes de Serrana,
que participaram da organização do evento
Classificação
1º - Miguel Luciano (Asa/São Carlos-
-SP) 00:18:05
2º - Anoé dos Santos Dias (Semel/Jardi-
nópolis-SP) 00:18:13
3º - Ivanei Xavier de Araújo (Ribeirão
Shopping/Ribeirão Preto-SP) 00:18:15
4º- Lucas Ferreira Cardoso (Sigmatec
Academia Winer) 00:18:18
5º- André Luiz de Cássia 00:18:19
1ª - Maria Zeferina Rodrigues Baldaia
(Ascoruse/Sertãozinho-SP) 00:21:20
2ª - Tatiana Rodrigues Fernandes (Win-
ner Academia Sigmatec) 00:21:31
3ª - Adriana Alves (Tinta & Cia - Total
Health) 00: 22:33
4ª - Joelma de Jesus (Ascoruse/Gascom/
Sertãozinho-SP) 00:24:26
5ª–IreniRibeiroJesusMachado00:25:34
Geral Masculina se destacaram os atletas:
RC
Revista Canavieiros - Maio de 2015
32
Notícias Sicoob Cocred
Balancete Mensal - (prazos segregados)
Cooperativa De Crédito Dos Produtores Rurais e Empresários do
Interior Paulista - Balancete Mensal (Prazos Segregados)
- Março/2015 - “valores em milhares de reais”
Sertãozinho/SP, 31 de Março de 2015.
Revista Canavieiros - Maio de 2015
33
Revista Canavieiros - Maio de 2015
34
“Vamos chegar no final deste ano com
uma queda de 30% da venda de maqui-
nário e isso equivale a dizer que o país
está investindo muito menos”.
Para Francisco Matturro, vice-presi-
dente daABAG-SP, a queda nas negocia-
ções durante a Agrishow representa um
sinal de alerta para o país. “Se você não
faz tecnologia agora, se não renova equi-
pamento, lá na frente é que nós vamos
pagar este preço, e essa cobrança vem”,
alertou, lembrando que a diminuição do
investimento em tecnologia contribuiu
para piorar a atual situação do setor sucro-
energético. Embora tenha sido importante
nas vendas das edições anteriores, o setor
não se destaca mais nas negociações.
“O setor sucroenergético é impor-
tantíssimo, mas contempla no Brasil
inteiro perto de 9 milhões de hectares.
E estamos falando em 60 milhões de
Agrishow 2015 tem queda
de 30% nas vendas
Pela primeira vez em 22 edições, a feira registrou redução no volume de negócios
Andréia Vital
Colaboração: Fernanda Clariano e Igor Savenhago
Especial Agrishow
34
Carlos Pastoriza
A
alta dos juros e a incerteza po-
lítico-econômica foram as prin-
cipais responsáveis pela redu-
ção de 30% dos negócios na Agrishow
2015 (Feira Internacional de Tecnolo-
gia Agrícola em Ação), em relação ao
ano anterior, afirmaram as entidades
realizadoras da feira (ABAG - As-
sociação Brasileira do Agronegócio;
ABIMAQ - Associação Brasileira da
Indústria de Máquinas e Equipamentos;
ANDA - Associação Nacional para Di-
fusão de Adubos; FAESP - Federação
da Agricultura e Pecuária do Estado de
São Paulo, e SRB - Sociedade Rural
Brasileira). O volume estimado foi de
R$ 1.9 bi, contra R$ 2.7 bi da edição
de 2014. Essa foi a primeira vez em 22
edições que ocorreu queda nas negocia-
ções fechadas durante o evento.
“O Brasil vive hoje uma crise de
confiança generalizada e sentida tam-
bém pelo produtor rural. A esperança
dos realizadores da feira é que o Plano
Safra, previsto para ser anunciado no
dia 19 de maio, possa voltar a fornecer
as condições necessárias para a reto-
mada dos investimentos”, disse o pre-
sidente da Agrishow, Fábio Meirelles,
na coletiva de encerramento da feira,
considerada a maior da América Lati-
na e uma das três maiores do mundo
neste segmento.
De acordo com o presidente da ABI-
MAQ, Carlos Pastoriza, o aumento da
taxa de juros do Moderfrota, que passou
de 4,5% para 7,5%, antes do término do
Plano de Safra em vigor, inibiu as ne-
gociações que poderiam ter ocorrido na
Agrishow. “Foi a primeira vez que, no
meio do jogo, em março deste ano, ain-
da durante o Plano Safra 2014/15, foi
anunciada uma mudança na taxa de ju-
ros, que, por si só, causou uma mudan-
ça em todos os investidores potenciais.
Além disso, temos a incerteza quanto
a que condições vamos ter quando for
anunciado o novo plano”, analisou o
executivo, ressaltando que a própria
demora do Governo em dar uma sinali-
zação preocupa os investidores, que lo-
taram os corredores da feira, mas com-
praram muito menos desta vez.
Pastoriza destacou, ainda, que o se-
tor de máquinas agrícolas era uma ex-
ceção em um cenário de dificuldades
para o setor industrial. “A ABIMAQ,
que representa 30 setores, vive já há
muito tempo a pior crise da história. O
agro era um setor praticamente fora da
curva e, infelizmente, agora está cain-
do para dentro da curva”, constatou.
Segundo ele, a venda de máquinas e
equipamentos de modo geral, não só
agrícolas, vem caindo há três anos se-
guidos, acumulando 22% de queda.
Revista Canavieiros - Maio de 2015
35
tária do País e diz que sempre foi assim,
desde a monarquia era assim. Ora gen-
te, isso é muito sério. Então, essa é a
reflexão que eu, como brasileiro, como
cidadão, transmito a minha indignação
com a situação que vivemos”.
Ao encerrar a coletiva, o presidente
da feira, Fábio Meireles, declarou que
o Governo Federal tem nas mãos a so-
lução para garantir o avanço da produ-
tividade através da tecnologia existente
e que pode ser vista na feira. “Está ha-
vendo um pouco de insensibilidade nas
análises de assuntos relevantes da eco-
nomia agrícola do País, que está sendo
hoje capaz de abastecer uma população
de mais de 200 milhões de pessoas”.
35
hectares. Mesmo assim, se o cenário
estivesse melhor para o segmento, seria
importante para os negócios realizados
na feira, porque o setor compra máqui-
na de grande valor, teria ajudado bas-
tante”, disse Matturro.
O executivo afirmou, também, que
a incerteza político-econômica que vi-
vemos atualmente no Brasil impacta
as negociações. “Nós temos hoje uma
Selic de 13,25% ao ano, sendo que
0,5% subiu somente essa semana (últi-
ma de abril). Então, se você olhar por
este ângulo, os juros não foram o maior
impacto da queda das vendas. O maior
impacto está na incerteza que vem daí.
Quem é que toma um crédito a 7,5%
para um financiamento que pode chegar
a 10 anos?”.
Destacando a importância do agro-
negócio também no aspecto social do
país, o presidente da ANDA, David
Rochetti, lembrou que o setor tem rela-
ção direta com os preços da cesta bási-
ca. “Esse valor tem caído ao longo dos
anos e ele é suportado exatamente atra-
vés desse público que vem para a feira.
Então, para que a gente consiga manter
a inflação em níveis adequados ou mais
justos, é fundamental que as condições
sejam concretizadas através de um ins-
trumento importantíssimo, que é o Pla-
no Safra”, afirmou. “Se isso não acon-
tecer, a situação do País, que hoje já é
de preocupação, pode se estender à área
básica, que é a alimentação do povo”.
Para o presidente de honra da
Agrishow, a redução no volume de ne-
gócios no evento pode ser considerada
parte de um processo natural, já que, do
ponto de vista econômico, não há um
setor que cresça de forma ininterrup-
ta. “Um dia, essa queda ia ocorrer. Na
história da Agrishow, foi a primeira vez
e aconteceu de forma dramática. Com
certeza, já podemos prever que, no pró-
ximo ano, teremos uma feira menor”.
Maurílio Biagi contou que, nos 30 anos
que atua no setor, nunca sentiu tanta a
insegurança do agricultor em relação ao
futuro, fato constatado na redução das
vendas. “Se tiver gente ajuizada, vai
analisar o que significa isso”, advertiu
ele, lembrando que não é preciso man-
dar recado ao Governo, pois as maio-
res autoridades estiveram na Agrishow,
como a ministra da Agricultura, Kátia
Abreu, embora ele tenha afirmado não
haver problema nenhum, já que os juros
estão sendo equalizados com o novo pa-
tamar da inflação.
“Quando as coisas vão mal e todo
mundo reclama e ninguém tem razão,
fica difícil e termino essa reunião muito
triste”, afirmou Biagi. “No ano passa-
do, quando abrimos a Agrishow, ao dar
uma resposta, eu falei que o Brasil es-
tava no caminho errado, mas não ima-
ginei que estivesse em um caminho tão
errado assim... estar no caminho errado
é não estar no caminho certo, porque é
muito difícil você criticar isso, aquilo. É
normal. Algumas entidades publicaram
notas de indignação por estarem home-
nageando os bandidos, dando medalha
de honra de Tiradentes para gente que
está fora da lei. Quer dizer, onde nós
estamos? Não é nada contra, veja bem,
você não pode dar uma honraria des-
te naipe para uma pessoa que não está
dentro da lei”. E completou: “Nós esta-
mos assim, depois vem a maior manda-
Francisco Matturro
Maurílio Biagi
Fábio Meirelles
Cerimônia de abertura
Revista Canavieiros - Maio de 2015
36
Especial Agrishow
36
Autoridades não discursam na abertura oficial
Medidas políticas
Uma manifestação contra a presiden-
te Dilma Rousseff marcou a abertura
oficial da Agrishow 2015. Cerca de 100
pessoas do Movimento Brasil Limpo
gritaram e apitaram contra o Governo
levantando cartazes e faixas. As vaias
tiveram início quando o vice-presidente
da República, Michel Temer, chegou ao
local e continuaram durante o início da
cerimônia, que contou com a presença
da ministra da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento, Kátia Abreu, do mi-
nistro de Ciência e Tecnologia, Aldo
Rebelo, e da prefeita de Ribeirão Pre-
to, Dárcy Vera, entre outras lideranças
políticas. O governador de São Paulo,
Geraldo Alckmin, o secretário de Agri-
cultura e Abastecimento do Estado de
São Paulo, Arnaldo Jardim, e o senador
Ronaldo Caiado (DEM), também pre-
sentes, foram os únicos a serem aplau-
didos na ocasião.
Como o vice-presidente da Repú-
blica, Michel Temer, não falou, coube
à ministra da Agricultura, Kátia Abreu,
atender à imprensa. Já fora do pavilhão
Devido ao tumulto, somente o presi-
dente da Agrishow 2015 e da Federação
da Agricultura de São Paulo, Fábio Mei-
relles, discursou. “O cenário macroeco-
nômico não é favorável em curto prazo,
mas há espaço considerável para investi-
mentos qualitativos, baseados na automa-
ção de processos, na sustentabilidade na
racionalização do uso de recursos estra-
tégicos, como solo e água”. Ele afirmou,
ainda, que, apesar do setor privado fazer
sua parte, é necessário maior apoio de po-
lítica de governo. “Precisamos endereçar
políticas consistentes e de longo e médio
prazos para equacionar as distorções do
setor sucroenergético, avançar em acor-
dos sanitários e comerciais bilaterais,
acessar novos mercados, reduzir a preca-
riedade de nossa infraestrutura logística,
reduzir a burocracia, simplificar o siste-
ma tributário e reduzir o Custo Brasil”.
Durante a solenidade, foi entregue
o Prêmio Brasil Agrociência, criado
para estimular a pesquisa em diversas
áreas do agronegócio. O homenagea-
do foi Alfredo Scheid Lopes, profes-
sor emérito da Universidade Federal
de Lavras, por sua contribuição para
a construção e o desenvolvimento do
agronegócio. O prêmio foi entregue
pelo vice-presidente, Michel Temer, e
pelo governador de São Paulo, Geral-
do Alckmin.
Scheid Lopes tem uma trajetória
profissional de destaque no segmento
agrícola mundial, sendo reconhecido
nacional e internacionalmente como
uma das maiores autoridades na área
de fertilidade e manejo de solos na re-
gião tropical.
Entrega do Prêmio Brasil Agrociência
onde foi realizada a solenidade de aber-
tura da Agrishow, ela garantiu que o
Planalto reconhece a importância do se-
tor agrícola para a economia brasileira
e que, por isso, não deveria haver cortes
nos recursos a serem disponibilizados
no Plano Agrícola e Pecuário deste ano,
que estava previsto para ser divulgado
no último dia 19 de maio.
Para os anos seguintes, no entanto, a
proposta é fazer os anúncios sempre no
mês de março. Isso será possível, segun-
do a ministra, a partir de uma nova lei
agrícola que o Governo pretende apro-
var. “Alei vai impor as regras. Se houver
alguma modificação de regulamentação,
será transmitida e anunciada a cada mês
de março. Queremos, com isso, plane-
jamento estratégico para os produtores
brasileiros, como nossos concorrentes
americanos e europeus têm”.Kátia Abreu, ministra da Agricultura
Revista Canavieiros - Maio de 2015
3737
Prazo para o CAR se estenderá por mais um ano
Governador do Estado de São Paulo
Geraldo Alckmin
Marcos Landell, diretor do
Centro de Cana do IAC
Arnaldo Jardim, secretário de Agricultura
e Abastecimento de São Paulo
Após ter revelado que 44% da área
agrícola do Estado de São Paulo já ti-
nha sido cadastrada no CAR (Cadastro
Ambiental Rural), na quarta-feira (29),
o secretário de Agricultura e Abasteci-
mento de São Paulo, Arnaldo Jardim,
afirmou, em evento na Agrishow, um
dia depois, que o prazo para a conclu-
são do cadastro se estenderá por mais
um ano. Inicialmente seria encerrado
no dia 6 de maio. O anúncio oficial foi
feito pelo ministro interino do Meio
Ambiente, Francisco Gaetani, durante
audiência na Comissão de Agricultura
da Câmara, em Brasília, contou o se-
cretário, que transferiu a secretaria para
Ribeirão Preto-SP durante a Agrishow.
Kátia afirmou que os pilares do pro-
jeto estão em discussão com pesquisa-
dores, entidades de classe e o Congres-
so Nacional, para que o resultado seja
“uma lei agrícola muito especial, como
o agronegócio brasileiro merece”.
Enquanto isso, no estande da Secre-
taria de Agricultura e Abastecimento de
São Paulo, o governador Geraldo Alck-
min, em entrevista coletiva, anunciou o
aumento do prazo para pagamento de dí-
vidas referentes ao Programa Pró-Trator.
O financiamento, que antes deveria ser
feito em até seis anos, foi esticado para
oito, com três de carência. Pouco antes,
foi entregue o trator de número 5 mil,
comprado por meio do programa.
“Estamos também possibilitando, a
quem já terminou de pagar o primeiro
Marcos Landell assina protocolo de intenção de transferência de tecnologia na área
sucroenegética paulista para o México
trator, poder adquirir o segundo. E au-
mentamos o Pró-Implemento, que era
de R$ 150 mil por produtor e agora vai
para R$ 200 mil”, disse Alckmin.
Para o diretor executivo da Abag-RP
(Associação Brasileira do Agronegócio
em Ribeirão Preto-SP), Marcos Matos, a
presença de autoridades políticas na feira
ajuda a explicar a força do setor agrícola.
“Temos o maior respeito por todos os se-
tores da economia, mas é o agronegócio
que ainda consegue gerar empregos, im-
postos e saldo comercial para nossa eco-
nomia. Em função dos endividamentos
recentes, das políticas públicas desfavorá-
veis, somados aos problemas climáticos,
estamos com um quadro um pouco difí-
cil, especialmente para a cana-de-açúcar.
Mas esperamos uma melhora, para que
possamos ter uma visão de futuro”.
Entre as atividades realizadas durante
este período, destaca-se a assinatura de
um protocolo de intenção para transfe-
rência de tecnologia na área sucroener-
gética paulista para o México. A ini-
ciativa permitirá que o IAC (Instituto
Agronômico) intensifique um trabalho já
iniciado de fornecimento de tecnologia
brasileira na área de produção de açúcar
e etanol para o governo mexicano. A in-
tenção do México é retomar as ativida-
des que o país desenvolvia na produção
de cana-de-açúcar e que foi desarticula-
da nas últimas décadas.
Para o diretor do Centro de Cana
do IAC, Marcos Landell, o convênio
é muito importante, pois possibilita o
intercâmbio e expansão da tecnologia
brasileira para outros locais. “Desde
2008, desenvolvemos um projeto na re-
gião de Veracruz, e este protocolo nos
dá exatamente a condição de continuar
com este projeto e abre perspectiva de
outros além de Veracruz, Estado que
concentra 50% dos 900 mil hectares de
cana existentes no México”.
Edição 107   maio 2015 - agrishow 2015 tem queda de 30% nas vendas
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Edição 107 maio 2015 - agrishow 2015 tem queda de 30% nas vendas

  • 1. Revista Canavieiros - Maio de 2015 1
  • 2. Revista Canavieiros - Maio de 2015 2
  • 3. Revista Canavieiros - Maio de 2015 3 Editorial As incertezas políticas envolvidas no anúncio do Plano Agrícola e Pecuário e o aumento recente da taxa de juros para o financiamento de máquinas, de 4,5% para 7,5%, provocaram um impacto significativo nos negócios da maior feira de tecnologia agrícola da América Latina e uma das três maiores do mundo. A Agrishow fechou sua 22ª edição, realizada de 27 de abril a 1º de maio, com estimativa de vendas de R$ 1,9 bilhão, contra R$ 2,7 bilhões no ano passado. Uma queda de 30%. Foi a primeira vez em mais de duas décadas de história que a feira tem balanço negativo. Este é o principal destaque desta edição da Revista Canavieiros, que mostra, por outro lado, que o agro- negócio continua pujante, aproveitando a Agrishow como vitrine para mostrar seus principais lançamen- tos, que não são poucos. A feira, que, nos últimos anos, vem diversificando seu portfólio, já atende a todos os tipos de público, desde o grande agricultor à dona de casa, passando até mesmo por visitantes pratica- mente sem ligação com a agricultura. É inovação nas máquinas agrícolas misturada a soluções domésticas. Apesar da queda, a Agrishow 2015 apontou os principais caminhos para a retomada dos investimentos. A presença de autoridades políticas, como o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, o vice-presidente da República, Michel Temer, e a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, motivaram debates acerca das ne- cessidades do campo para enfrentar o momento de crise do País. Entrevistas com o presidente da FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e do SENAI-SP (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), Paulo Skaf, e com o secretário de Desen- volvimento Econômico de Piracicaba-SP e diretor do SIMESPI (Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas, de Material Elétrico, Eletrônico, Siderúrgicas e Fundições de Piracicaba, Saltinho-SP e Rio das Pedras – SP), Tarcísio Ângelo Mascarim, também podem ser conferidas nesta edição. Além da Coluna Caipirinha, assinada pelo professor Marcos Fava Neves opinam no “Ponto de Vista”, Marcos Túlio Bullio, consultor da MBF Agribusiness; Octávio Antonio Valsechi, engenheiro agrônomo, pro- fessor e pesquisador do Departamento de Tecnologia Agroindustrial e Socioeconomia Rural do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal de São Carlos, e Marcos Virgílio Casagrande, gerente de Desenvolvimento de Produtos do CTC. As notícias do Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred, entre elas, a inauguração da 21ª loja de Ferragens e Magazine, da cooperativa, em Guará-SP, assuntos legais, informações setoriais, classificados e dicas de leitura e de português também podem ser conferidas na revista de maio. Agrishow no vermelho Boa leitura! Conselho Editorial RC
  • 4. Revista Canavieiros - Maio de 2015 4 Ano IX - Edição 107 - Maio de 2015 - Circulação: Mensal Índice: E mais: Capa - 34 Agrishow 2015 tem queda de 30% nas vendas Pela primeira vez em 22 edições, a feira registrou redução no volume de negócios 18 - Notícias Copercana - Copercana inaugura sua 21ª loja de Ferragens e Magazine, em Guará-SP 30 - Notícias Sicoob Cocred - 3ª Corrida Sicoob Cocred – Copercana, Canaoeste - Parabéns Serrana Entrevista II Tarcísio Ângelo Mascarim .....................página 08 Pontos de Vista Marcos Virgílio Casagrande .....................página 10 Marcos Tulio Bullio .....................página 12 Dr. Octávio Antonio Valsechi .....................página 14 Assuntos Legais .....................página 15 Coluna Caipirinha .....................página 16 Eventos: Espaço Conferência Fenasucro promove palestras e debates .....................página 56 Artigo Técnico: Nematoides na Cultura da Cana- -de-Açúcar Inimigos Invisíveis .....................página 58 Informações Setoriais .....................página 60 Classificados .....................página 62 Cultura .....................página 66 Foto:RafaelMermejo 05 - Entrevista Paulo Skaf Paulo Skaf, presidente do Sebrae-SP e do CIESP “Os empresários programam investimento e, de repente, as re- gras mudam e todo mundo fica perdido” - Presidente da Canaoeste e Orplana é homenageado na 43ª edição do Prêmio Deusa Ceres durante a Agrishow - Relançamento da Frente Parlamentar em Defesa do Setor Sucroenergético - Manoel Ortolan participa de reunião com o secretário de Política Agrícola do Minis- tério da Agricultura André Nassar 22 - Notícias Canaoeste Expediente: Conselho Editorial: Antonio Eduardo Tonielo Augusto César Strini Paixão Clóvis Aparecido Vanzella Manoel Carlos de Azevedo Ortolan Manoel Sérgio Sicchieri Oscar Bisson Editora: Carla Rossini - MTb 39.788 Projeto gráfico e Diagramação: Rafael H. Mermejo Equipe de redação e fotos: Andréia Vital, Fernanda Clariano, Igor Saven- hago e Rafael H. Mermejo Comercial e Publicidade: Marília F. Palaveri (16) 3946-3300 - Ramal: 2208 atendimento@revistacanavieiros.com.br Impressão: São Francisco Gráfica e Editora Revisão: Lueli Vedovato Tiragem DESTA EDIçÃO: 22.200 exemplares ISSN: 1982-1530 A Revista Canavieiros é distribuída gratuitamente aos cooperados, associados e fornecedores do Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred. As matérias assinadas e informes publicitários são de responsabilidade de seus autores. A reprodução parcial desta revista é autorizada, desde que citada a fonte. Endereço da Redação: A/C Revista Canavieiros Rua Augusto Zanini, 1591 Sertãozinho – SP - CEP:- 14.170-550 Fone: (16) 3946.3300 - (ramal 2008) redacao@revistacanavieiros.com.br www.revistacanavieiros.com.br www.twitter.com/canavieiros www.facebook.com/RevistaCanavieiros
  • 5. Revista Canavieiros - Maio de 2015 5 Revista Canavieiros: Qual a sua avaliação sobre as dificuldades en- frentadas pela indústria no Brasil? Paulo Skaf: Hoje [27 de março], por coincidência, foi anunciado o PIB de 2014. E a economia teve um crescimen- to de apenas 0,1%, ou seja, não houve crescimento no ano passado.Aindústria geral teve um crescimento negativo, de 1,2%, e a indústria de transformação, menos 3,8%. Isso não é novidade, mas mostra a falta de competitividade que o país tem passado. Os altos custos da energia, da infraestrutura, da logística, dos juros, dos impostos, a burocracia, a falta de crédito, todas essas dificulda- des roubam a competitividade do País e prejudica, especialmente, a indústria de transformação, que responde por 13% do PIB e paga um terço dos impostos. Ou seja, a cada três reais recolhidos de impostos, um é pago por essa indústria. Isso pesa muito e acaba dando um re- sultado negativo. Revista Canavieiros: Desonerar a folha de pagamento é uma saída? Skaf: Não. Desonerar foi já uma sa- ída porque foi feito e o governo quer agora retroagir. Encaminhou um proje- Paulo Skaf “Os empresários programam investimento e, de repente, as regras mudam e todo mundo fica perdido” Discutir as principais dificuldades enfrentadas pela indústria de transformação no Brasil, especialmente no Estado de São Paulo, e possíveis medidas para reduzir seus impactos. Esse foi o principal objetivo da vinda, a Ribeirão Preto-SP, de Paulo Skaf, presidente do Sebrae-SP (Serviço Brasileiro de Apoio a Micro e Pequenas Empresas), da FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e do CIESP (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo). O encontro, realizado no Hotel JP, em Ribeirão Preto, no dia 27 de março, com empresários de dezenas de municípios da região, entre eles Sertãozinho-SP e Franca-SP, onde estão dois polos importantes – o su- croenergético e o calçadista –, foi motivado por um recente levantamento que mostra que, no ano passado, a indústria de transformação brasileira mais demitiu do que contratou, amargando uma queda de 164 mil postos de trabalho. De acordo com o Decomtec (Departamento de Competitividade e Tecnologia da Fiesp), foi o primeiro saldo negativo desde 2002. Antes da reunião, que tratou de temas como desoneração da folha de pagamentos e a proposta de jun- ção do PIS/Cofins, em pauta no Governo Federal, Skaf concedeu uma entrevista coletiva. Confira. Igor Savenhago Entrevista I Crédito: Divulgação/CIESP
  • 6. Revista Canavieiros - Maio de 2015 6 to de lei para a Câmara dos Deputados e nós vamos lutar, porque essa desone- ração foi feita em troca de um percen- tual sobre o faturamento das empresas e, agora, o governo quer mais que do- brar esse percentual. Quando a folha de pagamento, dependendo do setor, foi desonerada em 20%, foi colocado 1% de imposto novo sobre o faturamento e, em alguns casos, 2%. O que o governo propõe agora é o que era 1% virar 2,5%, e o que era 2% virar 4,5%. É isso que não vamos permitir que aconteça. Revista Canavieiros: O governo está mais atrapalhando que ajudando? Skaf: Os governos mais atrapalham mesmo. Lamentavelmente, no Brasil, eles têm mostrado isso. Cobram mui- tos impostos e não dão retorno para as pessoas, para a sociedade. Veja o exemplo da Segurança Pública, da Saúde, da Educação, do Transporte Público. E, em relação ao Governo Fe- deral, a burocracia tremenda, a carga tributária elevadíssima e uma mudança de regras a toda hora. Os empresários programam investimento, uma direção e, de repente, as regras mudam e todo mundo fica perdido, como está aconte- cendo agora. Revista Canavieiros: Falando es- pecificamente das regiões de Ribeirão Preto, Sertãozinho e Franca, haveria uma saída peculiar? Skaf: A nova realidade cambial, com o dólar a R$ 3, R$ 3,20, é um respiro, sem dúvida, para exportação. É um res- piro também para controlar as importa- ções, ou seja, isso vai ajudar de uma for- ma linear, uma forma horizontal a todos os setores de todas as regiões. Eu diria que, em meio a tantas más notícias, se há uma boa é o dólar nesses patamares, que recupera parte da competitividade brasileira. Também estamos lutando para ampliar a faixa do Simples. Hoje, existem no Estado de São Paulo cerca de 2,5 milhões de micro e pequenas empresas que precisam ser apoiadas. E, também, mais de um milhão de micro- empreendedores individuais, chamados de MEIs. E essa é a forma que estamos encontrando para ajudá-los: aumentar a faixa de enquadramento no Simples. Hoje, o microempreendedor individual tem uma faixa de até R$ 60 mil por ano de faturamento, o microempreendedor até R$ 360 mil e as micro e pequenas empresas até R$ 3,6 milhões. Quando ultrapassam essas faixas, perdem todas as vantagens, no caso do Simples. Esta- mos trabalhando para aprovar a amplia- ção, dobrando o valor das faixas. Para os microempreendedores individuais, o limite passaria de R$ 60 mil para R$ 120 mil. Para os microempreendedores, de R$ 360 mil para R$ 720 mil. E para as micro e pequenas empresas, dos atu- ais R$ 3,6 milhões para R$ 7,2 milhões. Revista Canavieiros: Outro proble- ma que as empresas enfrentam é a di- ficuldade de conseguir crédito. O que pode ser feito nesse caso? Skaf: Estive recentemente com a presidência do BNDES (Banco Na- cional de Desenvolvimento Econô- mico e Social), levando justamente essa mensagem, da dificuldade que os setores industriais estão passando. Ci- tei, especialmente, a região onde está Ribeirão Preto e Sertãozinho, devido à situação do setor sucroalcooleiro e as empresas que fornecem equipa- mentos para este setor. E solicitei que o BNDES faça um estudo especial, permitindo um fôlego a essas ativida- des, que estão fazendo todo o sacrifí- cio, mas não por culpa delas e, sim, por culpa de uma conjuntura da eco- nomia brasileira. Espero que a gente consiga alguma coisa, um oxigênio para esta cadeia produtiva. Revista Canavieiros: O setor em- prega mais de 2,5 milhões de pessoas em todo o país. Só isso já não justifi- ca que o governo olhe para ele com mais carinho? Skaf: Não tenha dúvida, ainda mais que São Paulo responde por dois terços deste setor no Brasil. Então, é interesse total do nosso Estado e do país que o setor sucroalcooleiro seja prestigiado, coisa que não tem sido já há algum tempo. RC Entrevista I Reunião contou com a presença de empresários da cana-de-açúcar e do calçado Crédito: Divulgação/CIESP
  • 7. Revista Canavieiros - Maio de 2015 7 ATENÇÃO: Este produto é perigoso à saúde humana, animal e ao meio ambiente. Leia atentamente e siga rigorosamente as instruções contidas no rótulo, na bula e na receita. Utilize sempre os equipamentos de proteção individual. Nunca permita a utilização do produto por menores de idade. CONSULTE SEMPRE UM ENGENHEIRO AGRÔNOMO. VENDA SOB RECEITUÁRIO AGRONÔMICO. Produto de uso agrícola. Faça o Manejo Integrado de Pragas. Descarte corretamente as embalagens e restos do produto. Saiba mais: www.dupontagricola.com.br Amplo eSpectro de proteção pArA Seu cAnAviAl. Front® é único em benefícios integrados na mesma solução. Com um único produto, seu canavial fica livre das principais plantas daninhas por mais tempo, fazendo surgir o máximo potencial produtivo da plantação. É a DuPont aliando tecnologia e inovação com a sua dedicação por um canavial mais produtivo. Porque, juntos, podemos produzir ainda mais, hoje e no futuro. Um produto, ampla proteção. Com Front® a gente pode mais. Copyright© 2015DuPont.Todososdireitosreservados.DuPontovallogo,DuPont™etodososprodutosmencionados com®ou™sãomarcasoumarcasregistradasdaE.I.duPontdeNemoursandCompanyoudesuasafiliadas. 150diasde residual até umproduto, amplaproteçãoFacilidade no gerenciamento do controle de plantas daninhas amploespectroControle das principais plantas daninhas de folhas estreitas e largas
  • 8. Revista Canavieiros - Maio de 2015 8 Revista Canavieiros: Como o pro- jeto da Governança Corporativa pode contribuir, efetivamente, para a recu- peração do setor sucroenergético? Tarcísio Ângelo Mascarim: Este projeto é uma tentativa de forçar o go- verno a atender às reivindicações do setor. Ele precisa prever tudo o que é preciso ser feito para que a cadeia cana- vieira volte a crescer, a se desenvolver, e, feito isso, exigir do governo que seja implantado. Entreguei ao grupo que elaborou o projeto um trabalho de 2011, de especialistas do BNDES (Banco Na- cional de Desenvolvimento Econômico e Social), que fizeram uma pesquisa de mercado para chegarem à conclusão de que o país precisa de mais 134 usinas com capacidade para moer, cada uma, quatro milhões de toneladas de cana. Isso seria a redenção do setor sucroe- nergético. Nessa pesquisa, está tudo ali, quais seriam as políticas públicas ade- quadas. E foi algo feito pelo banco do próprio governo. Por que está arquiva- do até hoje? Não tem explicação. Canavieiros: São diversas as ini- ciativas para a recuperação do setor, mas poucas têm dado resultado signi- ficativo junto a esse governo. Por que Entrevista II Tarcísio Ângelo Mascarim “É preciso tomar uma medida séria. O governo tem que acordar” Igor Savenhago Tarcísio Ângelo Mascarim é secretário de Desenvolvimento Econômico de Piracicaba-SP e dire- tor do SIMESPI (Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas, de Material Elétrico, Eletrônico, Siderúrgicas e Fundições de Piracicaba, Saltinho-SP e Rio das Pedras-SP), entidade da qual já foi presidente. Empresário, entusiasta do setor sucroenergético e do cooperativismo, defende que, para a cadeia produtiva se recuperar, é preciso que seus representantes cobrem o Governo Federal diretamente em Brasília. Por isso, apoia a proposta do projeto de Governança Corporativa do setor, que pretende organizar uma marcha até a Capital Federal e cuja primeira reunião oficial foi realizada no auditório da Ca- naoeste, em Sertãozinho-SP, no início de abril – da qual Mascarim esteve presente. Em entrevista à Canavieiros, ele falou sobre a insatisfação contra a política de preços dos combustíveis adotado pela Presidente Dilma Rousseff, as dificuldades de produtores e industriais para reverter a crise e sobre quais podem ser as possíveis contribuições dos Estados para o fortalecimento do etanol.
  • 9. Revista Canavieiros - Maio de 2015 9 o senhor acredita que, com o projeto da governança, será diferente? Mascarim: Posso dizer que estou de acordo com o Roberto Rodrigues (ex-ministro da Agricultura), que disse que a Presidente (Dilma Rousseff) não gosta do setor. Pode ser isso. Não tinha cabimento ela segurar o preço da gaso- lina. Se tivesse liberado, o etanol esta- ria com mais 100 usinas construídas. O setor quebrou na mão dela. E por culpa dela. Não havia razão nenhuma para isso. Ela tinha alternativas. Não fez e, além de quebrar o setor, que- brou a Petrobras. Agora, precisa tomar medidas para o setor se recuperar. Os Estados Unidos passaram à frente do Brasil por culpa do nosso governo. O Bush (George W. Bush, ex-presidente norte-americano), quando esteve no nosso país, falou que ia usar o etanol lá, misturado na gasolina deles, e fi- cou por isso mesmo. Naquela época, éramos o principal produtor de etanol. Hoje, os Estados Unidos produzem 50 bilhões de litros por ano. E de milho. E nós não chegamos a 30 bilhões. Isso é um absurdo. É preciso tomar uma me- dida séria. O governo tem que acordar. Canavieiros: O setor já passou por outras crises. Antes dessa, a mais recente foi no final da década de 90, quando foi organizado em Sertãozinho o grito pelo emprego e pela produção, semelhante ao protesto do último dia 27 de janeiro agora de 2015. O senhor vê diferenças entre os dois momentos na questão do diálogo com o governo? Mascarim: Entendo que a crise da- quela época é diferente da crise de hoje. Que hoje a culpa é do governo, que segurou o preço da gasolina sem pre- cisar. A minha sugestão é que se esta- beleça que a gasolina vá custar sempre 30% mais caro que o álcool. Acabou o problema. Nesse caso, fica para o con- sumidor decidir se vai usar álcool ou gasolina. Porque se a gasolina estiver abaixo disso, ele vai pôr gasolina. Não vai pensar no meio ambiente. Canavieiros: As mudanças recen- tes, como o aumento da CIDE (Con- tribuições de Intervenção no Domínio Econômico) e da mistura do etanol na gasolina, de 25% para 27%, podem ser um sinal de reação do setor? Ou são medidas paliativas? Mascarim: Paliativas. Fico pensan- do: Por que deixar entrar no País car- ro importado só à gasolina? Importa só carro flex. Não precisamos dos que usam apenas gasolina. Quem quer abas- tecer com gasolina, usa no flex. Acho que é paliativo porque esse aumento de 2% resulta em um bilhão a mais de li- tros de etanol. É pouco. Representativo apenas para quem vende. O que é pre- ciso é ter uma política pública que seja favorável ao etanol. É meio ambiente. Gasolina é poluente. É isso que tem de ser pensado. Eu, por exemplo, estou no álcool, seja fora ou dentro dos 30% em relação ao preço da gasolina. Mas nem todos pensam assim. O pessoal vai olhar o que está barato. Então, repito, essa relação precisa ser mantida. Se o etanol custa R$ 1,00, a gasolina tem que custar R$ 1,30. Estabelece isso e resolve o problema. Canavieiros: O senhor é secretário de Desenvolvimento Econômico de Piraci- caba. Que reflexos têm acontecido lá? Mascarim: Piracicaba contou com a sorte de ter uma indústria automoti- va, a Hyundai, entrando na cidade nes- sa ocasião de crise. Senão seria bem pior, como Sertãozinho, que está nessa draga que a gente vê. Quase 80% de Piracicaba era voltada ao setor sucroe- nergético. Hoje, é equivalente a pouco mais de 40%, porque o automotivo pe- gou 30%. Então, houve uma compen- sação nos empregos. Foram dispensa- dos do setor canavieiro perto de sete mil pessoas. E o automotivo admitiu, entre autopeças e a própria Hyundai, também em torno de sete mil. Mas, economicamente falando, a situação está ruim. Saí da Dedini com R$ 1,5 bilhão de faturamento. Estava bom- bando. Hoje, ela não fatura nem um terço disso, o que acontece em todas as empresas. As usinas, por exemplo, não perderam em quantidade de cana. Mesmo assim, enfrentam dificuldades. Atualmente, estamos com pouco mais de 600 milhões de toneladas de cana por safra, quando a meta era chegar a um bilhão. São 400 milhões a menos, o que representa as cerca de 100 usinas que estão faltando no País. Canavieiros: O senhor vê perspec- tivas para o setor? Mascarim: Desde que esse trabalho da governança seja bem desenvolvido e a gente chegue a Brasília, levando tra- tores, caminhões, como fizeram os ca- minhoneiros há pouco tempo, quando pararam as estradas. No nosso caso, não precisa parar estrada. É cercar o Planal- to, entregar o projeto ao governo e dizer o que precisamos. Não podemos ficar quietos. Temos que nos manifestar. Canavieiros: Recentemente, o se- nhor escreveu um artigo em que de- fende que, se o Governo Federal con- tinuar não dando atenção ao etanol, esse protagonismo poderia ser exerci- do pelos Estados. De que forma? Mascarim: Essa é outra alternativa, que, inclusive, enviei à Secretaria deAgri- cultura de São Paulo. Veja bem: São Paulo é o maior consumidor de gasolina do País, com dez bilhões de litros ao ano. Se qui- ser, pode fazer um plano de não consumir mais gasolina. Só etanol. Para isso, preci- saria de 13 bilhões de litros de etanol ao ano. Só para esse volume, são 55 usinas de três milhões de toneladas de cana, o que representaria um grande impulso ao setor. Tranquilo de fazer. Por isso, foi muito im- portante a criação da Frente dos Governa- dores este ano. Se todos os governadores se unissem e definissem um ICMS (Im- posto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) na mesma base de São Paulo, o etanol ficaria viável em todos os Estados. Hoje, isso acontece só em quatro Estados. Então, acho que as unidades da federação têm que assumir esse problema. Canavieiros: Além de toda a história de atuação no setor, o senhor tem muitos anos de cooperativismo. De que forma ele pode ajudar o setor a se reerguer? Mascarim:Acooperativa é uma asso- ciação que não tem dono. É dos associa- dos. Isso é que é importante. São os asso- ciados que escolhem a diretoria, põem o conselho, porque todos eles têm voto. O cara pode ter o recurso que tiver, mas o voto dele vale um só, como o dos outros. Além de todos terem o mesmo direito, a cooperativa oferece maior chance de ca- pitalização. Por isso, tende a ser o futuro do agronegócio brasileiro. Pena que esse futuro está demorando a chegar.RC
  • 10. Revista Canavieiros - Maio de 2015 10 Ponto de Vista I As incertezas climáticas *Marcos Virgílio Casagrande Marcos Virgílio Casagrande S egundo a FAO, em conferência de combate à fome, realizada em Bogotá, em 2014: “A partir de agora, as políticas de segurança alimen- tar na América do Sul e no Caribe terão de considerar os efeitos na agricultura de prolongados períodos de escassez de chuvas e do aumento da temperatura”. Quando se avalia o impacto do cli- ma na produção de matéria-prima do setor sucroenergético é necessário considerar as oscilações dentro do ano e aquelas que ocorrem ao longo dos anos, pois ambas afetam a produtivi- dade e a dinâmica dos canaviais. Para exemplificar, a estiagem prolongada de 2014 em São Paulo e Minas Gerais chegou a prejudicar a renovação de ca- naviais de algumas unidades em 2015 pela escassez de mudas. Na região de Piracicaba, em 2014, pela primeira vez em 13 anos, a evapo- transpiração ultrapassou a precipitação pluviométrica e essa situação ocorreu em função de precipitações muito abai- xo da média e de elevadas temperaturas observadas ao longo do ano. Durante sete meses de 2014, a temperatura mé- dia máxima superou 30o C, enquanto a média histórica apresenta apenas um mês nessa condição. Embora as variedades de cana-de- -açúcar apresentem diferentes respostas ao binômio solo-clima, a elasticidade para superar as limitações é finita e in- timamente ligada ao manejo adotado pelo produtor. As instituições de pes- quisa têm realizado um trabalho bastan- te significativo no sentido de produzir variedades mais rústicas, ou seja, que produzem razoavelmente bem em con- dições de estresse. Contudo, é preciso admitir que o aumento da variabilidade climática tem dificultado a vida do pro- dutor, mesmo aqueles mais empreende- dores, que investem em tecnologia. O clima não afeta somente o desen- volvimento das plantas, afeta também o acúmulo de sacarose e a ocorrência de eventos que podem ser decisivos na produtividade. Sob determinadas condições pode ocorrer aumento no florescimento, aumento na incidência e severidade de doenças, aumento na dispersão e população de pragas, au- mento na compactação do solo, aumen- to nas falhas de brotação pós-plantio ou pós-colheita, além de danos diretos e indiretos quando ocorrem geadas, chuvas de granizo, etc. Nas últimas cinco safras, a produtividade oscilou entre 68,7 e 82,1 t.ha-1 com média de 76,4 t.ha-1 (figura 1), não conseguindo deslanchar e o clima teve participação especial nesse cenário. Nos últimos anos, o Centro-Sul do Brasil foi do céu ao inferno em ter- mos de precipitação pluviométrica que, além de ter afetado a produtividade dos canaviais, afetou também a sua dinâmi- ca em relação ao plantio e colheita. Normalmente, as unidades de pro- dução situadas em regiões de clima menos favorável apresentam maiores dificuldades para garantir boas produ- tividades e isso piora quando o clima oscila. Contudo, mesmo em tais situ- ações, observa-se grande variação de produtividade entre unidades de pro- dução provando ser possível minimi- zar os fatores deletérios do clima. Co- nhecer a dinâmica das águas, mesmo que sujeita a variações, é fundamen- tal para ajustar as épocas de plantio, favorecendo o suprimento hídrico às plantas quando elas mais necessitam. Estudos realizados no CTC (Centro de Tecnologia Canavieira) mostraram que um bom suprimento de água nos meses de dezembro, janeiro e feverei- ro permite o acúmulo de até 90 tone- ladas de massa verde em um hectare de canavial. Figura 1 – Produtividade canaviais Centro-Sul 2000 a 2014
  • 11. Revista Canavieiros - Maio de 2015 11 No campo do empreendedorismo, para a adoção de novas tecnologias também é necessário analisar as tendên- cias climáticas pois uma simples dimi- nuição no espaçamento entre sulcos de plantio provoca um expressivo aumen- to no número de plantas em uma mes- ma área e, logicamente, um aumento no suprimento de água necessário. Os modelos de previsão do clima de longo prazo são em muitos casos confli- tantes em suas perspectivas, mas a grande maioria aponta para um aumento signi- ficativo na amplitude de variação, fato vivenciado pelos produtores de cana-de- -açúcar nos últimos anos. Em um cenário como esse é preciso se adiantar e buscar formas de se antecipar aos problemas, gerenciando os riscos. Para diminuir o nível de vulnerabilidade dos canaviais é necessário melhorar sua gestão e adotar práticas sustentáveis, apoiadas em tecno- logias confiáveis e regidas por um sólido sistema de tomadas de decisão. Sem a adoção de tecnologias será muito difícil ao produtor garantir a sus- tentabilidade do seu negócio frente às crescentes variações impostas pela na- tureza. A irrigação é a opção mais inte- ressante para evitar o estresse hídrico, mas nem sempre é disponível ou econo- micamente viável. Sendo assim, outras tecnologias precisam ser consideradas: variedades mais rústicas e mais toleran- tes à seca, mudas de qualidade, controle preventivo de pragas e doenças, plantio em ambiente e época adequados, siste- matização do terreno, aplicação de ma- turadores e inibidores de florescimento, etc e principalmente equipe capacitada para harmonizar todos esses recursos, aumentando a produtividade e dimi- nuindo os custos de produção. Se por um lado o clima desfavorá- vel penaliza a lavoura, aumentando os custos da matéria-prima, por outro pode favorecer os valores de mercados dos produtos dela obtidos. O clima afeta os mercados de açúcar, etanol e energia, contribuindo de maneira decisiva para determinar o preço das commodities e, paradoxalmente, em termos globais, clima que desfavorece a produção pode favorecer os preços dos produtos. Mais uma razão para investir em tecnologia garantindo boas produtividades em am- biente hostil. Como as incertezas são muitas, é necessário garantir 100% daquilo que temos maior controle: tecnolo- gias, manejo, insumos, equipamentos e mão-de-obra e ainda torcer por um clima mais favorável. Olhando por um prisma mais holístico, somos obri- gados a admitir que mesmo passados mais de 10 mil anos do início da agri- cultura ainda somos perigosamente de- pendentes do clima, ora nosso aliado, ora nosso algoz. *Gerente de desenvolvimento de produtos do CTC RC
  • 12. Revista Canavieiros - Maio de 2015 12 Ponto de Vista II A importância de um sistema preciso de gestão de custos no setor sucroenergético *Marcos Tulio Bullio P raticamente todas as empresas do setor sucroenergético dizem possuir um sistema de apuração de custos. Na verdade, a grande maioria das empresas apenas imagina ter. Antes de iniciar a apresentação das razões que garantem a veracidade da afirmação de que a grande maioria das empresas somente imagina ter um sis- tema de apuração de custos, vale a pena responder a seguinte questão: por que as empresas em geral, dentre as quais se incluem as empresas do setor sucroe- nergético, necessitam de um sistema de apuração de custos? Essa pergunta é particularmente in- teressante e importante porque: Implantar e manter um bom sistema de apuração de custos exigem alocação de recursos expressivos e que, portanto, custam um valor significativo. O sistema lida com informações do passado. Assim, se o sistema de apu- ração de custos deve existir para dar suporte ao processo de tomada de de- cisão, como frequentemente é declara- do na literatura e por profissionais do mercado, pode se tornar inócuo e inútil, visto que toda e qualquer alternativa presente em um ambiente de tomada de decisão trata do futuro. Ou seja, usar os valores apontados por um sistema de apuração de custos como insu- mos para o modelo de apoio ao processo de tomada de decisão é como “dirigir um carro para a frente olhando somente o retrovisor”. Particularmente para o caso do setor sucroenergético, que produz commodi- ties, os resultados obtidos pelo sistema não são utilizados para a formação de preços de venda, visto que estes são for- mados pelo mercado. Para avançar na discussão, precisa- mos da definição de custo. Custo é uso de recurso em uma atividade de trans- formação para a obtenção de um novo recurso. Ou seja, toda vez que um recur- so é utilizado em uma atividade, ocorre um custo. E somente nessas ocasiões. Assim, um dos mais importantes pré-re- quisitos para a operação de um sistema de apuração de custos é o registro cor- reto da utilização de recursos (humanos, materiais e informações) nas atividades que compõem os processos de produção e de gestão de uma unidade de negócio. Um sistema de apuração de custos é um subsistema de um amplo sistema de gestão de custos. E este possui dois ob- jetivos importantes: (1) apurar o resul- tado econômico da empresa, seja para comunicá-lo aos stakeholders, seja para apurar os impostos devidos e (2) forne- cer insumos (informações) para todos os processos de tomada de decisão, principalmente aqueles que buscam ob- ter e/ou manter vantagens competitivas sustentáveis para a unidade de negócio da empresa. Para atingir esses dois ob- jetivos, um único sistema de apuração de custos não é suficiente. Faz-se neces- sário que a empresa tenha pelo menos dois sistemas de apuração de custos. O primeiro, simplificado, deve ser utilizado somente para apoiar o processo de apuração do resultado econômico da empresa. Já o segundo, muito mais de- talhado e preciso, deve ser utilizado para apoiar os processos de tomada de decisão. Vamos discutir o que deve ser o se- gundo sistema de apuração de custos – vamos denominá-lo sistema gerencial de apuração de custos. As principais características desse sistema gerencial são: Ter capacidade de apresentar valo- res extremamente confiáveis para os custos das atividades, dos processos, dos produtos, etc. E, dentre as aborda- gens conhecidas, aquela que melhor faz isso é a activity-based costing (ABC). A precisão dos valores calculados se deve principalmente ao fato de que as margens proporcionadas pela produ- ção e venda dos produtos da unidade de negócio sucroenergética são, quase sempre, muito baixas. A rentabilidade dos projetos de investimento também, regra geral, é muito baixa. Daí, se os valores calculados pelo sistema serão utilizados para apoiar o processo de tomada de decisão acerca da alocação dos poucos recursos disponíveis, é muito importante que tal ambiente seja preenchido com valores precisos. Deve fornecer valores que possam ser empregados na previsão do com- portamento futuro dos custos, dado que todo e qualquer processo de tomada de decisão trata com alternativas que tra- rão impacto no futuro da empresa. Marcos Tulio Bullio
  • 13. Revista Canavieiros - Maio de 2015 13 Deve ser capaz de identificar corre- tamente os cost-drivers, ou seja, iden- tificar corretamente o que direciona e explica o comportamento dos custos. Até há algum tempo, acreditava-se que o comportamento dos custos de produ- ção e de vendas era dado pela seguinte equação: CT = CFT + cvu . Q Onde CT = custo total, CFT = custo fixo total, cvu = custo variável unitário e Q = volume vendido. Ou seja, somen- te o volume vendido (Q) explicaria o comportamento dos custos totais. Atualmente já se sabe que isso não é mais verdade (supondo que um dia te- nha sido). Existem muitos outros fato- res que explicam o comportamento dos custos. Por exemplo: a escala do empre- endimento – tamanho do investimento; o escopo, ou seja, o grau de integração vertical – quantas atividades-fins da ca- deia de valor a empresa está incluindo na arquitetura de sua unidade de negó- cio; a experiência da equipe gerencial – quantas vezes no passado a equipe já fez o que está fazendo agora e qual foi o êxito obtido; a tecnologia empregada x a tecnologia disponível – a empresa emprega a versão mais atual disponí- vel? Os concorrentes estão à frente?; a complexidade das operações e dos pro- dutos; o envolvimento da força de traba- lho – motivação, empowerment, etc.; a utilização da capacidade instalada – ou a ociosidade; a eficiência do arranjo físico das instalações – particularmente impor- tante para a unidade de negócio sucroe- nergética, visto que a localização das la- vouras de cana é um importante gerador de custos de produção; as configurações dos produtos e a exploração das ligações com os fornecedores e com os clientes da cadeia de valor – imagine uma usina que dependa fortemente de poucos gran- des fornecedores de cana, por exemplo. Ou uma usina que dependa fortemente de poucos grandes clientes. Se o sistema de gestão de custos de sua empresa apresenta as características indicadas acima, pode-se concluir que a empresa possui um sistema para tal fi- nalidade – gerir estrategicamente os re- cursos disponíveis visando maximizar o valor de mercado da empresa. Caso contrário, a empresa ape- nas imagina dispor de um sistema de gestão de custos. A pior notícia nesses casos é que, ao utilizar valo- res incorretos como insumos para os modelos que dão suporte ao processo de tomada de decisão, a empresa pode estar selecionando alternativas erra- das dentro do elenco de alternativas disponíveis. A MBF Agribusiness conta com uma equipe especializada e com grande ex- periência na implantação e na manuten- ção de um sistema de gestão estratégica de custos. Podemos, sem dúvida, auxi- liar as empresas do setor sucroenergéti- co nessas tarefas. *Consultor da MBF Agribusiness RC
  • 14. Revista Canavieiros - Maio de 2015 14 Ponto de Vista III E agora José? A festa acabou? *Prof. Dr. Octávio Antonio Valsechi Prof. Dr. Octávio Antonio Valsechi E stamos passando por um mo- mento muito delicado no que diz respeito à energia, quer seja ela para a geração de eletricidade ou para locomoção. Vamos considerar as demandas e, para isso, é necessário sabermos e en- tendermos um pouco de economia e suas nuances. Sabe-se que em anos recentes houve uma melhoria de qualidade de vida de grande parte da população brasileira, principalmente na questão ao acesso de bens de consumo, como, por exemplo, eletrodomésticos e veículos, com gran- de incentivo de descontos, isenções de taxas e impostos, financiamentos a per- der de vista, entre outros. Com o aumento do PIB (Produto In- terno Bruto) e consequentemente da ren- da per capita, também acompanha esta curva ascendente a curva de consumo, porém quando a curva do PIB entra em fase descendente, como estamos viven- ciando atualmente, a curva de consumo já não a acompanha mais, demorando ainda certo tempo para que comece a cair. Muito se incentivou o consumo e a produção, porém esqueceu-se de um ponto crucial, ou seja, a infraestrutura. No que se refere aos veículos, esque- ceu-se de que nossas ruas e estradas que já estavam saturadas há anos em função da ausência de investimentos nesta área, ocasionando em todo o país congestiona- mentos enormes, não somente nas gran- des cidades, mas principalmente nelas. Quem acompanha o trânsito na cidade de São Paulo já não mais se assusta em saber que domingo pela manhã existe cerca de 120 a 180 km de lentidão, com picos nas sextas-feiras ao final do dia com cerca de 500 a 550 km de lentidão. Outro ponto esquecido é que os veí- culos utilizam combustível para se mo- vimentarem e aí se descobre que nossa capacidade de refino de petróleo está no limite e que o combustível que poderia substituir a gasolina em sua totalidade simplesmente é desprezado para não di- zer ignorado pelas autoridades ligadas a essas áreas de produção, necessitando, dessa maneira, lançar mão de importa- ção para poder abastecer o mercado, e pasmem, até de etanol. Agora vamos aos eletrodomésticos! Que maravilha! Geladeira nova, televisões de 40 polegadas, cafetei- ra automática de alta pressão, freezer, condicionadores de ar e tantos outros consumidores de eletricidade. E aí perguntamos: Temos tanta eletri- cidade assim para concedermos descon- tos objetivando o aumento do consumo? De maneira alguma devemos ima- ginar que houve falha no planejamento energético e por este motivo concede-se tal desconto àquela época. Estamos também com nossa capaci- dade de geração de eletricidade esgo- tada, principalmente pelo regime das chuvas dos últimos anos, não temos como melhorar nossa geração hídrica desse bem precioso e caro, digo isso, pois sabe-se que energia é sinônimo de desenvolvimento e de poder. Por mais absurdo que seja, geramos em algumas termoelétricas nacionais, energia elétrica utilizando fontes fós- seis a preços proibitivos, enquanto que existe uma fonte renovável equivalente a uma Itaipu, esquecida no interior do país, mais uma vez a cana-de-açúcar está jogada ao léu. Poucos sabem que a cadeia sucroe- nergética é a segunda maior fonte for- necedora de energia de nossa matriz e, a primeira, se consideradas as renováveis. Então, o que fazer? Acreditamos que a situação não deva continuar desta maneira. Inicialmente deve-se ver e ter o setor sucroenergético como uma das melho- res e maiores fontes de energia reno- vável do planeta, e nesse ponto somos exemplos, sem dar importância se o se- tor é estatal ou privado. Deve-se urgentemente começar a tra- tar o etanol anidro como aditivo antide- tonante e não mais como combustível, quando utilizado na gasolina A, pois esta é a sua função substituindo há anos o chumbo tetraetila e o MTBE (aditivo da gasolina), este de origem fóssil, e, como tal, o anidro deve ter seu valor equi- valente a estes aditivos, o que de certa forma melhoraria sensivelmente a saúde financeira do setor que está em ruínas. Outro ponto é o tratamento dispen- sado ao hidratado equivalente à gasoli- na B, uma vez que a substitui em sua totalidade, também deveria ser tratado como ela. Desvinculando-se inclusive a falsa relação dos 70% do preço, pois em momento algum falam-se dos bene- fícios, inclusive financeiros da externa- lidade do etanol. Não vamos nos esquecer do novo combustível renovável composto de etanol anidro e biodiesel na proporção de 20% e 80%, respectivamente, que substitui totalmente o diesel fóssil e
  • 15. Revista Canavieiros - Maio de 2015 15 RC que auxiliaria na redução da importa- ção do fóssil ao mesmo tempo em que incentivaria a agricultura, principal- mente na produção de oleaginosas e de cana-de-açúcar. Outro ponto a considerar é o trata- mento dispensado à geração de ener- gia elétrica a partir da cana-de-açúcar, com incentivos financeiros e fiscais para melhoria das eficiências das cal- deiras e geradores daquelas unidades que ainda não o fizeram e tratamento diferenciado ao setor no que se refe- re aos leilões e comercialização desta energia, uma vez que poderá atender a uma alta demanda por muitos e mui- tos anos, com investimentos muito aquém dos aplicados nas hidroelétri- cas e nas térmicas movidas a combus- tível fóssil. Temos certeza que a energia será muito mais barata do que a que está em vigor. Quem sabe se investíssemos os re- cursos do sonhado etanol de segunda geração a partir da cana-de-açúcar. Este produto que há mais de duas dé- cadas ouço dizer que será viável em até dois anos e passam-se os anos e nada. Será que não teremos respostas mais rápidas, precisas e econômicas para os processos de gaseificação, pirólise do bagaço e da palha da ca- na-de-açúcar, aproveitamento de gás de síntese, da reforma de hidrogênio do etanol em células de combustível e outros? Enfim, existem saídas plausíveis e tecnicamente corretas, aceitas e viá- veis, mas isso será assunto para outra ocasião. E agora José, o que fazer? A festa já acabou e ficou muito cara. Pagaremos ainda por um bom tempo. Agora apaguemos a luz, pois a ener- gia também está muito cara... e vai pio- rar! E vamos dormir. *Prof. Dr. Octávio Antonio Valsechi (vico@ufscar.br) é engenheiro agrôno- mo, professor e pesquisador do Depar- tamento de Tecnologia Agroindustrial e Socioeconomia Rural do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal de São Carlos e Coordena- dor do MTA (Master of Technology Administration) em Gestão Industrial Sucroenergética. CAR (Cadastro Ambiental Rural) – prazo para inscrição obrigatória do imóvel rural é prorrogado por mais um ano Prezados leitores, como já dito n’outras oportunidades, o CAR, cria- do pelo novo Código Florestal (Lei n. 12.651/2012), “é um registro eletrôni- co, obrigatório para todos os imóveis rurais, que tem por finalidade integrar as informações ambientais referentes à situação dasAPP (Áreas de Preservação Permanente), das áreas de Reserva Le- gal, das florestas e dos remanescentes de vegetação nativa, das Áreas de Uso Restrito e das áreas consolidadas das propriedades e posses rurais do país” (www.car.gov.br). Neste cadastro são informadas todas as características espaciais das áreas ambientais (área de preservação perma- nente, reserva florestal legal, nascentes, área de uso restrito, etc.), além de ou- tras informações que identificam o imó- vel (matrícula imobiliária, CCIR, etc.) e seus proprietários/possuidores. O prazo inicial para que se fizesse a referida inscrição expirou em 5 de maio de 2015, tendo sido prorrogado por mais um ano, através da Porta- Juliano Bortoloti Advogado da Canaoeste ria MMA n. 100, de 04/05/2015, pu- blicada no Diário Oficial da União de 05/05/2015. Segundo informações da ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, até a data de 5 de maio de 2015 foram cadastrados 52,8% dos 373 milhões de hectares esperados. Esse montante re- presenta 196,7 milhões de hectares (In- formações da Agência Brasil). Os governos estaduais e municipais são os responsáveis pelo CAR, por isso, foram disponibilizados R$ 400 milhões do Fundo Amazônia a esses entes fede- rativos. Para a ministra, esse valor de- veria servir de incentivo. “R$ 400 mi- lhões é muito dinheiro e tem Estado que não tem essa execução”, disse. Uma informação deveras importante é que esta deve ser a primeira e última prorrogação, pois o próprio Código Florestal (Lei n. 12.657/2012) estabele- ce que o prazo é prorrogável somente uma vez, conforme estabelecido no § 3º, do artigo 29 e no § 2º, do artigo 59 da referida lei. Assim, devem os proprietários/possui- dores de imóveis rurais fazerem a inscri- ção de seus imóveis no CAR, sob pena de ficarem com a propriedade irregular, acarretando, com isto, diversas conse- quências negativas, tais como: proibição de licenciamento ambiental, limitação de crédito junto aos bancos, impossibilidade de quaisquer atos de averbação na matrí- cula imobiliária (hipoteca, compra e ven- da, retificação, etc.), entre outras. Assuntos Legais
  • 16. Revista Canavieiros - Maio de 2015 16 E ste mês mudaremos o estilo um pouco, pois na coluna do mês passado fiz ampla análise das variáveis da cana, e esperemos até a próxima edição para voltar a comen- tar do setor. Nesta coluna teremos uma história composta de capítulos felizes e tristes. Comecemos pelos felizes. Em janeiro de 2014, a FuturaGene submeteu à CTNBio (Comissão Téc- nica Nacional de Biossegurança) um pedido de liberação comercial do eu- calipto geneticamente modificado, a primeira empresa brasileira privada a submeter uma planta geneticamente modificada para aprovação comercial. Após a aprovação, segundo a empre- sa, será feito plantio de forma gradual, de acordo com as práticas de manejo florestal adotadas pela empresa na implantação de qualquer novo clone. Espera-se colher em seis ou sete anos. Segundo a empresa, diversos es- tudos foram realizados por cientistas independentes familiarizados com a produção e a avaliação do eucalipto para confirmar a segurança do produ- to, não tendo apresentado toxicidade sobre outros organismos, demons- trando segurança na composição fo- liar, boa decomposição de biomassa, semelhança fenotípica, e com inte- rações ecológicas, tanto em relação a insetos, decompositores, micro-or- ganismos e doenças quanto às carac- terísticas climáticas e de solo, como seca, vento e deficiência de nutrien- tes, semelhantes ao convencional. Ainda segundo as pesquisas, o eu- calipto apresenta pouco potencial de cruzamento com espécies selvagens e não possui potencial para se tornar planta invasora. Há ainda estudo de cientista da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) que mostra equivalência entre as amos- tras de mel produzidas em áreas de árvores geneticamente modificadas e convencionais; ausência de efeitos tó- xicos no mel, entre outras evidências. A empresa ainda precisa convencer o Forest Stewardship Council que este produto pode ter o selo de sustenta- bilidade, cuja decisão será em 2017. O MST, Instituto de Defesa de Consumidores, Associações de Pro- dutores de Mel e diversas ONG’s contestam estes estudos, bem como alguns concorrentes da Suzano. Mais uma vez, tem-se um debate no campo da ciência, mas sempre contaminado por ranços ideológicos quando se tra- ta de transgênicos. Tenho grande confiança na CTN- Bio, composta por corpo científico formado por 27 titulares e 27 suplen- tes, todos com título de doutor em áre- as afins à biotecnologia, como órgão competente para realizar a avaliação de biossegurança de OGMs (organis- mos geneticamente modificados) no Brasil. O modelo brasileiro de avalia- ção da biossegurança de organismos geneticamente modificados é visto internacionalmente como um dos mais completos e rigorosos do mun- do, sendo até considerado lento. Suas decisões são tomadas de maneira de- mocrática, sempre levando em conta o Princípio da Precaução. É no campo da ciência que os debates deveriam se dar, no “estádio” da CTNBio. Mas não foi o que se viu. Na manhã de 05/03, aproximada- mente 1.000 mulheres integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra) invadiram a sede da FuturaGene, em Itapetininga (SP), da- nificaram casas de vegetação e destru- íram as mudas experimentais. Ao mes- mo tempo, outro grupo composto por cerca de 300 integrantes do MST ocu- pou a reunião da CTNBio, em Brasília. Para mostrar a violência do ataque, a carta a seguir foi por mim recebi- da, e escrita por um dos integrantes da CTNBio. “Caros amigos. Eu estava na reu- nião da CTNBio quando ela foi invadi- da com violência pelo MST. A violência foi tanta que feriram uma funcionária da CTNBio quando meteram o pé na porta para entrar à força na sala. Quem liderou este ataque foi supos- tamente um ex-membro da CTNBio, representante do MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário), que supos- tamente também financiou a invasão na fazenda da Futura Gene/Suzano. Muitos estavam bêbados já cedo pela manhã. Mando um vídeo feito no fun- do da sala. Entraram berrando e em- purrando. Apavoraram. Muitas pesso- as saíram de seus lugares e foram para a frente da sala, perto dos membros da CTNBio procurando segurança. Eu fiquei paralisada e felizmente abracei meu computador e outros pertences. Pensam que é exagero? Pois não foi, há relatos de roubo de computadores. Conseguiram seu intento: acabar com a reunião. A violência, os roubos e a destruição da pesquisa podem até ter sido financiados com o dinheiro de nossos impostos. Os ônibus que leva- ram as mil mulheres para a destruição da fazenda eram luxuosos: ônibus exe- cutivos com abundância de comida e bebida dentro. Esse é o governo que temos.....e todos ficaram impunes. Nin- Coluna Caipirinha Marcos Fava Neves* Caipirinha Um Gol da Barbárie no Jogo do Avanço Científico
  • 17. Revista Canavieiros - Maio de 2015 17 guém foi preso. Dá vergonha de ser brasileiro... A ação dos invasores do MST na sede da FuturaGene resultou na perda de anos de estudos e pesquisas em de- corrência da destruição de mudas que, após possível aprovação comercial pela CTNBio, seriam utilizadas para dar continuidade aos plantios expe- rimentais no campo. Também foram perdidas mudas de projetos que ainda estão em fase inicial e/ou intermediá- ria em relação à avaliação de perfor- mance e estudos regulatórios. Houve ainda os danos emocionais aos fun- cionários e a brasileiros como eu. O evento repercutiu internacionalmente na comunidade científica, e a carta anexa foi por mim recebida por reno- mado cientista internacional. “Just a note of firm solidarity and deep chagrin. I have just been informed about the senseless destruction at your experimental station in Brazil and the postponement of the CTN-Bio discussion. in the past hours, I have read as much information from the Brazilian and international media as I could find. I trust no one was physically hurt during this terrible occurrence. I am sad for Brazil (my second home), for science, for the people who are being misguided and abused and of course for all who are dedicating their lives, their efforts, their intellects, their resources and their hearts to contribute to building a better world for all. There is much to be done and more courage will be demanded. Count on me”. Além da repercussão nacional e internacional, causou espanto que uma mobilização absolutamente bem organizada e orquestrada muitos dias antes, de 1000 pessoas e cerca de 40 a 50 ônibus sincronizados se deslo- cando por estradas, não foi percebi- da antes pelas autoridades policiais tanto estaduais quanto federais, para que fosse feita a prevenção do ataque. É realmente preocupante. Foi inte- ressante observar também a grande quantidade de sites e blogs de ONG’s internacionais que vibraram com esta destruição em território brasileiro. Esta invasão, destruição e desres- peito institucional aos investidores, aos cientistas e à imensa maioria dos brasileiros, que se chocou com o fato, foi mais um triste episódio na rica história do agronegócio brasileiro, que vem sustentando há décadas o desenvolvimento econômico, social e ambiental de nossa sociedade. Não há nada mais perigoso a um país que o desrespeito às regras do jogo, às instituições, o “ganhar no gri- to”. A ciência não pode se curvar à bar- bárie, bem como nossas autoridades não podem ser lenientes com o crime. Que a CTNBio possa ter garantido um ambiente onde as discussões exis- tam de maneira democrática, e que a ciência vença, seja qual for a decisão tomada. Espero também que este tris- te caso de invasão e destruição nunca mais se repita no Brasil e que seus in- vasores tenham contra si uma coisa ab- solutamente simples: a aplicação da lei. Quem é o homenageado do mês? Todos os meses esta coluna home- nageia uma personagem do setor de cana. Este mês faremos uma home- nagem ao grande Prof. José Luiz Io- riatti Dematte, um clássico da nossa ESALQ. Quanta produção adicional de cana este país teve graças às inter- venções deste nosso Professor com P maiúsculo, sempre. Haja Limão: O governador de Minas Gerais condecorar com uma importante me- dalha um dos principais arquitetos da barbárie que lemos acima foi algo re- almente revoltante. Ainda bem que já está colhendo os resultados disto, não pôde aparecer na abertura da tradicio- nal Expozebu em Uberaba, tomaria um panelaço. Que vergonha um go- vernador deixar de ir a Uberaba. Fazia tempo que isso não acontecia. Marcos Fava Neves é Professor Titular da FEA/USP, Campus de Ribeirão Preto. Em 2013 foi Professor Visitante Internacional da Purdue University (EUA) RC Prof. José Luiz Ioriatti Dematte é o homenageado do mês Foto:PortalRegional
  • 18. Revista Canavieiros - Maio de 2015 18 Notícias Copercana Copercana inaugura sua 21ª loja de Ferragens e Magazine, em Guará-SP A Copercana inaugurou, no dia 16 de abril, a sua 21ª loja de Fer- ragens e Magazine. Guará, com pouco mais de 20 mil habitantes, no interior paulista, foi escolhida para re- ceber o novo empreendimento, que ofe- rece uma linha completa em insumos agropecuários e artigos domésticos. O prédio, às margens da Rodovia Anhanguera, pertencia a outra coopera- tiva, já extinta. Com área de quase 800 metros quadrados, sendo metade para ex- posição dos produtos e outra metade para o estoque, foi todo reformado. Ganhou pintura com as tradicionais cores da co- operativa e detalhes adicionais. A soleni- dade de reabertura recepcionou, com um café da manhã, cooperados, empresários, autoridades políticas de Guará, como a vice-prefeita, Maria Aparecida Carrion Degrande Moreira, a Cidinha do Didi, e o vice-presidente da Câmara, Aparecido José da Silva, o Cidão do Baiano, além de vários moradores do município, que com- pareceram para conhecer as novidades. Igor Savenhago Empreendimento, com quase 800 metros quadrados, fica na Rodovia Anhanguera e vai atender agricultores paulistas e mineiros com amplo mix de produtos O diácono André Luiz Rodrigues, das Paróquias de São Sebastião e Santo Antônio, fez uma prece para abençoar o local e o trabalho dos sete funcioná- rios contratados, o que representa um incremento na geração de empregos na região, conhecida pela produção de cana-de-açúcar e de grãos. Para Antonio Eduardo Tonielo, pre- sidente da Copercana, que tem lojas de ferragens e magazine espalhadas pelo interior de São Paulo e Sul de Minas Gerais, além de postos de combustíveis, supermercados e um auto center, Guará Filial de Guará fica localizada na Rodovia Anhaguera, Km 398. Telefone: (16) 3831-2555 Cidinha do Didi, vice-prefeita Cidão do Baiano, vice-presidente da Câmara integra uma região estratégica para os negócios da cooperativa, já que, por ali, há um fluxo de agricultores dos dois Antonio Eduardo Tonielo, presidente da Copercana
  • 19. Revista Canavieiros - Maio de 2015 19 Estados. Segundo ele, as instabilida- des atravessadas pelo setor sucroener- gético, desde 2008, que comprometem a rentabilidade dos produtores rurais e das usinas, não podem afetar o ritmo de trabalho da cadeia produtiva canavieira. “Se nós ficarmos preocupados com a crise, não vamos fazer nada. Eu sempre falo que temos que deixar a crise para o governo administrar e nós fazermos a nossa obrigação. Os produtores conti- nuarão produzindo e o agronegócio não vai parar, mostrando que pode salvar o país como sempre salvou, nas horas de maior dificuldade que o Brasil atraves- sou”, disse ele. “Por isso, a Copercana se preocupa em atender cada vez me- lhor seu cooperado, oferecendo estrutu- ra e a melhor parceria possível”. O diretor da Copercana Pedro Es- rael Bighetti concorda. Segundo ele, a 21ª loja é um indicativo da solidez dos negócios da cooperativa. “Sabe- mos que a situação do País não é das melhores, mas a Copercana tem os pés no chão e a cabeça erguida. Como ela pertence aos cooperados, quando abrimos uma loja como essa, estamos devolvendo a eles o fruto do próprio trabalho, da luta, buscando oferecer mais facilidades”. O encarregado da nova loja é o gua- raense Juliano Eduardo Marchi, que tem 14 anos de experiência no ramo. Na visão dele, a inauguração preen- che uma lacuna que existia em Guará. “Há um ano, com o fechamento da ou- tra cooperativa que atuava na cidade, faltava um estabelecimento direciona- do ao agricultor. Temos a capacidade de oferecer um mix muito grande de produtos, desde ferragens à parte de veterinária, e com uma localização privilegiada. Tem muita gente que tem propriedade em Minas Gerais e passa aqui em frente. É só fazer o retorno e entrar na loja”, afirma. Além da área de vendas, a loja irá ofe- recer os serviços de um agrônomo e de um veterinário. Segundo o gerente co- mercial da Copercana, Ricardo Meloni, o trabalho em campo permite conhecer as necessidades dos cooperados e ajuda a divulgar a imagem de uma cooperati- va preocupada com a satisfação deles. “Temos, ainda, uma logística muito boa. Como Guará está muito próxima da matriz, em Sertãozinho-SP, e pelo fato de termos loja também em Guaíra-SP, Morro Agudo-SP e Ituverava-SP, se fal- tar algum produto, nós pedimos hoje e amanhã já está disponível”. O encarregado de marketing comer- cial da Copercana, João Carlos Sponchia- do, destaca que a nova loja traz o concei- to de autosserviço, em que o cliente pode transitar pelos corredores como em um supermercado, sem a necessidade de fa- zer o pedido no balcão. “Com isso, você oferece ao consumidor a possibilidade de que ele tenha acesso a todos os produtos e verifique a qualidade, que é uma de nossas maiores preocupações. Prezamos muito pela qualidade”. Para o produtor de cana e fabricante de máquinas Luiz Carlos Rodrigues Buza, que falou em nome dos cooperados, os agricultores de Guará e região ganham muito com a instalação da Copercana, de- finida por ele como “referência no agro- negócio”. Tanto pela estrutura oferecida quanto pelo fomento ao cooperativismo. “A receita para qualquer época é união. É como um fio de algodão. Sozinho, é fácil de quebrar. Mas, numa corda, conforme você junta mais fios, dificulta o rompi- mento. E vai fortalecendo a cadeia”. Pedro Esrael Bighetti, diretor da Copercana Variedade Juliano Eduardo Marchi, encarregado da nova loja João Carlos Sponchiado, encarregado do marketing comercial Luiz Carlos Rodrigues Buza, produtor de cana Ricardo Meloni, gerente comercial da Copercana RC
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  • 22. Revista Canavieiros - Maio de 2015 22 Notícias Canaoeste Presidente da Canaoeste e Orplana é homenageado na 43ª edição do Prêmio Deusa Ceres durante a Agrishow N o dia 29 de abril, paralelo a programação da Agrishow, o Centro de Convenções do IAC recebeu ilustres engenheiros agrônomos e seus familiares, além de autoridades e membros ligados ao setor, para solenida- de do tradicional Prêmio “Deusa Ceres”. A Deusa Ceres cultuada pelos ro- manos é na mitologia grega Deméter, a divindade da agricultura e da fecun- didade da terra. Todas as lendas sobre Ceres referem-se ao seu caráter agrário que, de forma poética, procuram expli- car fenômenos ligados ao cultivo da terra. O prêmio Deusa Ceres foi cria- do em 1972, pelo engenheiro Cláudio Braga Ribeiro, à época presidente da AEASP, e desde então, anualmente, a entidade presta homenagens aos en- genheiros agrônomos que se desta- cam nas atividades agronômicas como forma de reconhecimento ao trabalho desses profissionais. Homenageados Entre os homenageados deste ano está o engenheiro agrônomo Fernan- do Penteado Cardoso, que acaba de completar 100 anos de vida. Dentre os Fernanda Clariano A AEASP (Associação de Engenheiros Agrônomos do Estado de São Paulo) prestou tributo aos engenheiros agrônomos que contribuíram para o desenvolvimento do setor agrícola em 2014 inúmeros prêmios já conquistados, foi condecorado pela AEASP com a me- dalha Luiz de Queiroz, pelos serviços prestados ao Estado de São Paulo em prol do desenvolvimento da agricultura brasileira em 2008 e, este ano, recebeu o prêmio AEASP 70 anos. A medalha “Joaquim Eugênio de Lima” foi para o fundador do Instituto Plantarum de Estudos da Flora, único herbário privado do Brasil, o engenhei- ro agrônomo, Harri Lorenzi. A homenagem de Engenheiro Agrô- nomo Emérito foi entregue ao professor e reitor da UNESP (Universidade Esta- dual Paulista) “Júlio de Mesquita Fi- lho”, o agrônomo Julio Cezar Durigan. O destaque na área de Comunicação Rural ficou para o jornalista e escritor pau- lista Benedito Rui Barbosa, conhecido por suas novelas com temas rurais. Ele é autor de Pantanal (1990), Renascer (1993), O Rei do Gado (1996), Terra Nostra (1999) e Meu Pedacinho de Chão (2014). O eleito Engenheiro Agrônomo do Ano foi o consultor e ex-diretor técni- co da Andef (Associação Nacional de Defesa Vegetal), Luiz Carlos Sayão Ferreira Lima. Formado pela Universi- dade Federal Rural do Rio de Janeiro em 1957, ele é um dos maiores especia- listas em fitossanitários. “Não esperava receber essa honraria, eu estava em férias fora do País quando fui surpreendido com uma ligação do Ângelo Petto, dizendo que eu seria ho- menageado como engenheiro agrôno- mo de 2014. Fiquei felicíssimo porque eu acredito que não há nada melhor do que você ver a sua carreira sendo co- roada com um prêmio importante como esse”, afirmou o agrônomo Luiz Carlos Sayão Ferreira Lima. Manoel Ortolan foi homenageado na categoria Cooperativismo Manoel Ortolan e seu filho, Rodrigo Ortolan
  • 23. Revista Canavieiros - Maio de 2015 23 Assim como o prêmio Deusa Ceres, a entidade criou, em 1991, o prêmio “Mérito Agronômico”, com a entrega da medalha “Fernando Costa”. O nome da medalha reverencia a memória de Fernando Costa, um grande realizador, ministro da agricul- tura no primeiro mandato de Getúlio Var- gas, também secretário de Agricultura e interventor do Estado, reconhecido por sua luta em prol dos interesses da agronomia. Acompanhe os profissionais home- nageados e suas áreas. Pesquisa - José Osmar Lorenzi, enge- nheiro agrônomo, consultor internacional e pesquisador do InstitutoAgronômico de Campinas (IAC), um dos principais espe- cialistas do País em mandioca. Ensino - Sinval Silveira Neto, enge- nheiro agrônomo, entomologista e pro- fessor da ESALQ / USP. Extensão rural - Sylmar Denucci, en- genheiro agrônomo, pesquisador e dire- tor do Departamento de Sementes Mu- das e Matrizes da Cati – Coordenadoria de Assistência Técnica Integral, órgão da Secretaria de Agricultura e Abasteci- mento do Estado de São Paulo. Iniciativa privada e/ou autônomo - Luiz Rossi Neto, engenheiro agrônomo e diretor presidente da Agross Insumos da Biociência Ltda. Ação ambiental - Zuleica Maria de Lisboa Perez, engenheira agrônoma, co- ordenadora de Planejamento Ambiental da Secretaria do Meio Ambiente do Es- tado de São Paulo e do Programa Esta- dual de Resíduos Sólidos. Defesa agropecuária - Geysa Pala Ruiz, engenheira agrônoma especialista em controle de mudas de citrus e coor- denadora de Defesa Agropecuária do Estado de São Paulo. Cooperativismo - Manoel Ortolan, engenheiro agrônomo formado pela ESALQ-USP (Escola Superior de Agro- nomia “Luiz de Queiroz”), turma de 1969. Trabalhou na Copersucar, Fazen- Medalha Fernando Costa da Experimental de Sertãozinho (antiga Fazenda Boa Fé). Iniciou as atividades na Canaoeste (Associação dos Plantado- res de Cana do Oeste do Estado de São Paulo) para trabalhar como gerente do Departamento Técnico onde permane- ceu até fevereiro de 2000. Nesse mesmo ano e mês, assumiu a presidência da Ca- naoeste, cargo que ocupa até hoje. Em março de 2001, foi eleito presidente da Orplana (Organização de Plantadores de Cana da Região Centro-Sul do Brasil), para o mandato de seis anos. Em abril de 2013, foi reeleito presidente da Orplana para um mandato de três anos. Ao longo dos anos, foi convidado a participar das atividades de entidades governamentais e não governamentais ligadas ao setor sucroenergético, tais como: Canaoeste; Copercana; Sicoob Cocred; Sindicato Rural de Ribeirão Preto; Consecana e Cosag/Fiesp. Ortolan também é produ- tor rural e um dos mais renomados re- presentantes do segmento canavieiro do Estado de São Paulo. “Eu quero agradecer a AEASP pela indicação do meu nome e agradecer também por receber a medalha, Fernan- do Costa, na área do Cooperativismo, na presença do maior representante do cooperativismo com reconhecimento nacional e internacional, o querido ex- -ministro Roberto Rodrigues. Receber essa distinção me estimula a continuar trabalhando cada vez mais em favor do cooperativismo”, disse Ortolan, que ainda agradeceu o apoio que recebeu ao longo da sua trajetória. “Quero dividir essa premiação a qual estou sendo dis- tinguido com meus familiares, amigos, colegas e companheiros de trabalho das instituições Canaoeste, Copercana, Si- coob Cocred e Orplana, nas quais traba- lhei ao longo desses 40 anos. Essas ins- tituições me deram suporte e serviram de base sólida onde pude construir mi- nha vida pessoal e profissional”, afirma. O reconhecimento “É uma honra estar na presidência da AEASP e poder promover a 43ª edição da solenidade Deusa Ceres, onde pre- miamos as personalidades, as pessoas, os colegas que atuam e contribuem com o agronegócio brasileiro. Nesse escopo, é uma satisfação enorme estar premiando na condição de Cooperativismo, com a medalha Fernando Costa, o meu colega, Manoel Ortolan, meu contemporâneo de ESALQ, uma vez que eu sou gradu- ado em 1967 e ele é graduado em 1969. Portanto, nós fomos contemporâneos de bancos da universidade. Para quem con- vive com o setor sucroenergético, tem conhecimento da atividade importante dele, da sua presença aguerrida na defesa dos interesses, na sua dedicação em que todos tenham acesso à tecnologia, nas melhores práticas, enfim, um merecedor dessa homenagem”. Ângelo Petto Neto – presidente da AEASP (Associação de Engenheiros Agrônomos do Estado de São Paulo). “Conheço o Manoel Ortolan há 40 anos. Ele sempre trabalhou com muita honestidade, carinho, dedicação, des- prendimento e honradez, defendendo a agronomia, a agricultura, defendendo o setor mais sofrido do segmento agrícola de hoje que é o setor canavieiro. É um ho- mem que se entregou ao cooperativismo,
  • 24. Revista Canavieiros - Maio de 2015 24 “Estamos extremamente satisfeitos com essa homenagem feita ao Manoel Ortolan pela AEASP, uma grande hon- raria e ainda dentro da categoria Coope- rativismo. Ele tem uma história muito conhecida, principalmente no setor su- croenergético, onde sempre esteve inse- rido no cooperativismo e essa belíssima homenagem é mais do que merecida. Eu gosto de lembrar que, apesar dele estar atuando dentro de uma cooperati- va e de associação de plantadores, sem- pre teve muita sensibilidade para pes- quisa, para a área de desenvolvimento. Em 1993 recebemos um grande apoio do Manoel, e isso nos permitiu dar um grande avanço na área de pesquisa de cana naquele momento dentro do IAC”. Marcos Landell – diretor do Centro de Cana e pesquisador do IAC. a agricultura, com tanta vontade de acer- tar, que merece todos os prêmios. Esse é pequeno pelo que ele já fez e faz por nós”. Roberto Rodrigues - ex-ministro da Agricultura do Estado de São Paulo. “Gostaria de parabenizar o Manoel Ortolan por essa merecida honraria. Tra- balhamos juntos há quase 40 anos, desde que entrou na Copercana como agrô- nomo responsável pelo departamento agrícola e hoje presidente da Canaoeste. Ele sempre se dedicou às questões coo- perativistas, onde atua com maestria, e é sempre bom poder presenciar o estímulo e o carinho que ele tem no que faz. Essa é uma justa homenagem”. Antonio Eduardo Tonielo - presiden- te da Copercana e da Sicoob Cocred. “O Manoel está recebendo um prê- mio é muito mais do que merecido. Es- tamos falando de um craque em todos os sentidos. Sabemos do seu caráter, do seu comprometimento e ética nas causas as quais ele se envolve e, mais ainda, uma pessoa com uma extrema vontade de dedicar-se aos demais, ao coletivo, ao associativo. Este é um prê- mio absolutamente justo, um prêmio nota 10, para quem é nota 10”. Marcos Fava Neves – professor Ti- tular da FEA/USP – Campus Ribeirão Preto-SP. “O Manoel recebeu o prêmio Fer- nando Costa, que foi o mais ilustre agrônomo da história do nosso País. Tenho o privilégio de ser amigo dele e fiquei muito feliz de ver essa justa ho- menagem. Aqui se saudou o cooperati- vismo, a visão de se enfrentar de uma forma conjunta os problemas, aqui se festejou a capacidade de renovação da agricultura, o espírito de inovação pre- sente. O Manoel incorpora esses prin- cípios, é uma pessoa de convergência, uma pessoa do bem e acima de tudo de valores íntegros”. Arnaldo Jardim - secretário da Agri- cultura do Estado de São Paulo. Manoel Ortolan e Edivaldo Del Grande, presidente da Ocesp Antonio Eduardo Tonielo, Manoel Ortolan e Oswaldo Alonso Antônio Eduardo Tonielo, Pedro Esrael Bighetti, Marcos Landell (IAC), José Pedro Tonielo e Mauro Alexandre (IAC) Os Agrônomos da Canaoeste, Daniela Aragão, Alessandra Durigan e Gustavo Nogueira prestigiaram o presidente da associação RC
  • 25. Revista Canavieiros - Maio de 2015 25 ®
  • 26. Revista Canavieiros - Maio de 2015 26 Notícias Canaoeste Relançamento da Frente Parlamentar em Defesa do Setor Sucroenergético O presidente da Canaoeste e Or- plana, Manoel Ortolan, partici- pou da mesa de relançamento da Frente Parlamentar pela Valorização do Setor Sucroenergético. Criada em 2013, a Frente agora passa a ser presidida pelo deputado federal Sérgio Souza (PMDB- -PR), com o objetivo de trazer as princi- pais demandas do setor sucroenergético para o debate político do País e somar esforços para propor políticas públicas que garantam a retomada do crescimento desse importante segmento. A cerimônia de relançamento contou com a presença dos principais repre- sentantes do setor sucroenergético no Brasil: Elizabeth Farina, presidente da UNICA (União da Indústria de Cana- -de-Açúcar); Paulo Leal, presidente da Feplana (Federação dos Plantadores de Cana do Brasil); André Rocha, presi- dente do Fórum Nacional Sucroener- gético; Manoel Ortolan, presidente da Canaoeste e Orplana (Organização dos Plantadores de Cana da Região Centro- -Sul do Brasil); Alexandre Lima, presi- dente da Unida (União Nordestina dos Produtores de Cana), e outras lideran- ças da cadeia produtiva. Da Redação Manoel Ortolan dicursa durante o Relançamento da Frente Parlamentar Manoel Ortolan e o presidente da Frente Parlamentar, deputado federal Sérgio Souza (PMDB-PR) Autoridades de todo o Brasil participaram do Relançamento da Frente Parlamentar Na oportunidade, as autoridades falaram sobre o apoio que a frente sempre teve com as causas do setor e principalmente com a defesa do setor de cana-de-açúcar. Lembraram que a frente foi fundada pelo deputado Arnal- do Jardim (PPS/SP), e hoje possui mais de 200 deputados participantes. Hoje conta com grandes resultados como o aumento da mistura do etanol anidro na gasolina, incentivos para o aperfeiço- amento de motores flex no âmbito do Programa Inovar-Auto, a inclusão do etanol e do açúcar no Regime Especial de Reintegração de Valores Tributá- rios para as Empresas Exportadoras – REINTEGRA e a extensão das linhas de financiamentos para construção de armazéns, em condições diferenciadas, à indústria de açúcar. Paulo Leal falou que com a presi- dência assumida pelo deputado Sér- gio Souza (PMDB/PR) terá o mesmo compromisso na criação de um am- biente que favoreça e incentive na elaboração de políticas públicas que reconheçam a importância e valori- zem os mais de 70 mil fornecedores de cana no País.
  • 27. Revista Canavieiros - Maio de 2015 27 Manoel Ortolan participa de reunião com o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura André Nassar O presidente da Canaoeste e Orplana (Organização dos Plantadores de Cana da Re- gião Centro-Sul do Brasil), Manoel Ortolan, participou de uma reunião or- ganizada pela Feplana (Federação dos Plantadores de Cana do Brasil), com o SPA/MAPA (secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultu- ra, Pecuária e Abastecimento), André Nassar. Estiveram presentes na audi- ência o presidente da Feplana, Paulo Leal; o presidente da Unida (União Nordestina dos Produtores de Cana), Alexandre Andrade e o presidente da Asplana (Associação dos Plantadores de Cana de Alagoas), Lourenço Lins. Durante a reunião, Manoel Ortolan falou sobre o cumprimento da legisla- ção trabalhista. De acordo com Orto- lan, as exigências do Ministério Públi- co do Trabalho estão imputando custos aos produtores de cana impossíveis de serem cumpridos, principalmente Da Redação pelos pequenos produtores, tornando impraticável a atividade. Paulo Leal relatou ao secretário a situação drástica em que se encontra o setor pela falta de rentabilidade devido aos preços recebidos pela tonelada de cana. Na oportunidade, ele entregou um documento contendo as principais reivindicações do setor para sair da cri- se, e disse que essas reivindicações são fundamentais para que os produtores independentes de cana possam voltar a investir em sua atividade. Alexandre Andrade Lima, presidente da Unida, destacou a alta inadimplência das unidades industriais com os fornece- dores de cana. “Asituação está crônica na Região Nordeste, o que coloca os produ- tores em uma situação drástica, sem re- ceita para a sua sobrevivência”, disse. Paulo Leal (presidente da Feplana), José Coral (presidente da Afocapi), deputado federal Mendes Thame (PSDB), Miguel Rubens Tranin (presidente da Alcopar), Aparecido Ailton Passoni ( presidente da Novocana), Arnaldo Jardim (secretário de Agricultura do Estado de São Paulo), Manoel Ortolan (presidente da Canaoeste e Orplana), Arnaldo Bortoletto (presidente da Coplacana), Gustavo Rattes de Castro, (diretor adjunto da Associação dos Produtores de Matérias-primas para a Indústria de Bioenergia de Goiás), Ismael Perina Jr. (presidente da Câmara Setorial do Açúcar e do Álcool) RC RC
  • 28. Revista Canavieiros - Maio de 2015 28 Notícias Canaoeste Canaoeste realiza treinamento técnico Reunião técnica sobre fertilizantes A Canaoeste, em parceria com a empresa Netafim, realizou no dia 15 de maio de 2015, na filial de Viradouro, um treinamento interno para a equipe de engenheiros agrônomos. Na ocasião foi abordado o tema: Irri- gação por Gotejamento Subterrâneo na Cana-de-Açúcar pelo Coordenador Re- gional Leandro Gonçalves e o Gerente Comercial Marcos K. Kawasse. U m dos principais fatores que influencia na produtividade da cana-de-açúcar é o solo, por- tanto, o seu manejo adequado é muito importante para alcançarmos lucrativi- dade. Desta forma, a correção e adu- bação, através da correção do pH e o fornecimento de nutrientes, são práticas que contribuirão para que a cana atinja o máximo potencial produtivo. Da redação Da redação Equipes técnicas Canaoeste e Netafim. Em parceira com a Mosaic, a Copercana e Canaoeste agregam mais conhecimentos aos produtores, na Filial de Pontal No dia 5 de maio, foi realizada uma reunião técnica na Filial de Pontal, em parceria com Mosaic. Na oportunidade, o engenheiro agrônomo Igor Farina discursou so- bre a tecnologia dos fertilizantes e o manejo dos solos agrícolas, tendo a participação dos produtores da região. O engenheiro ainda retratou a im- portância da análise de solo como base do manejo, tanto para uso de calagem como adubação, bem como a diminui- ção dos custos com o uso de formulas concentradas e com a tecnologia do NPK em um único grão. Estes recur- sos otimizam o trabalho e podem au- mentam a produtividade e a rentabili- dade agrícola. RC RC
  • 29. Revista Canavieiros - Maio de 2015 29
  • 30. Revista Canavieiros - Maio de 2015 30 Notícias Sicoob Cocred 3ª Corrida Sicoob Cocred – Copercana, Canaoeste - Parabéns Serrana A o completar 66 anos de eman- cipação política, a cidade de Serrana, no interior de São Paulo, recebeu na manhã de 19 de abril, um domingo ensolarado, mais de mil atletas para a terceira corrida organiza- da Prefeitura, em parceria com o Sis- tema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred, com o intenção de promover saúde e superação aos participantes. A concentração aconteceu em frente ao posto de atendimento da Sicoob Co- cred na avenida Habib Jábali, onde os participantes se reuniram para os 6 km de corrida e 3km de caminhada, percor- rendo ruas e avenidas da cidade. “Por mais um ano, eu gostaria de agradecer a parceria do Sistema Coper- cana, Canaoeste e Sicoob Cocred. Este é o terceiro ano de sucesso total e é com enorme prazer e com muita alegria que realizamos este evento e esperamos po- der continuar contando com essa parce- ria”, ressaltou o secretário de Esportes de Serrana, Leonardo Capitelli. “É muito importante para o Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred participar efetivamente na cidade onde atua de uma maneira bem ampla. Por isso, não só atende os seus cooperados e associados, como faz questão de par- ticipar desse tipo de evento, social e es- portivo”, destacou o diretor de crédito da Sicoob Cocred, Francisco César Urenha. Fernanda Clariano Cerca de mil atletas da cidade e da região participaram do evento em comemoração ao aniversário da cidade. O tradicional evento reuniu atletas de Serrana e de várias cidades da região. “Eu estava ficando diabético e a médica queria que eu tomasse remé- dio, mas, como não gosto, perguntei se teria alternativa e ela disse: física ou corrida. Desde então corro há oito anos e digo que vale a pena. Hoje estou com minha saúde em dia”, afirmou o atle- ta de Ribeirão Preto, Ângelo Thiago Mestriner, de 71 anos. “Pratico corrida há uns três anos, pois, além de fazer bem para minha saúde, o ambiente e as pessoas me tra- zem uma energia muito boa. É muito bom poder estar aqui praticando esporte e prestigiando Serrana pelo seu aniver- sário”, disse a atleta de Ribeirão Preto, de 55 anos, Jandira Silvestre Rirsch. A corrida contou também com a participação de um atleta britânico que atualmente mora em Ribeirão Preto-SP. “Vim da Inglaterra para Ribeirão Preto há nove anos e sempre gostei de correr para a prática de atividade e também para uma vida mais saudável”, disse John Carpenter. Portador de deficiência visual desde a infância, o atleta da cidade de Pitanguei- ras André Viesba, de 21 anos, escolheu, há sete, a corrida como esporte favorito. Este ano, ele participou pela primeira vez da corrida de Serrana, onde concluiu o percurso de 6 km em 28 minutos. “Para mim, a corrida é como se fosse o meu combustível de vida. Eu preciso correr para superar os meus limites e estar bem comigo mesmo”, garantiu o atleta. Antes da largada, os atletas receberam as bênçãos do padre Marcelo Pereira, da paróquia Sagrado Coração de Jesus. Leonardo Capitelli e Francisco César Urenha André Viesba, portador de deficiência visual à esquerda, ao lado de seu treinador O padre Marcelo Pereira deu as bênçãos aos atletas
  • 31. Revista Canavieiros - Maio de 2015 31 Após a corrida, a prefeitura de Ser- rana, através do Fundo Social de Soli- dariedade, ofereceu aos atletas, e para a comunidade, o total de uma tonelada e meia de frutas variadas, distribuídas em uma mesa montada com 66 metros, representando os 66 anos da cidade. “Em princípio pensamos em fazer um bolo, mas chegamos à conclusão de que frutas combinavam mais com esporte e, através do esforço de todos, conseguimos montar a mesa com 66 metros coberta de frutas. Acredito que todos tenham gostado e quero agrade- cer a equipe que me ajudou pelo supor- te que tive e também a parceria do Sis- tema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred, que estão conosco neste evento nos apoiando”, afirmou a primeira-da- ma de Serrana, Ana Maria de Lima. “A Sicoob Cocred está sempre apoiando o produtor rural, o empresá- rio e é muito importante também apoiar eventos esportivos. Este tipo de ativida- de é muito importante porque incentiva a comunidade a sair do sedentarismo e a praticar hábitos saudáveis em benefí- cio à saúde”, disse o gerente do Posto de Atendimento da Sicoob Cocred de Serrana, Luís Carlos Arroio. “Este é o terceiro ano da corrida e a gente vem percebendo que tem aumen- tado o interesse da população e de atle- tas da região em participar. Isso é um motivo de orgulho para nós enquanto parceiros do evento e também para os moradores da cidade”, destacou o ge- rente do supermercado Copercana de Serrana, Rinaldo Aparecido Dobem. “É a primeira vez que participo aqui em Serrana. Achei o percurso bastante pesado, estava quente, mas venho trei- nando muito e acabei superando na reta final. Fiquei muito feliz pela vitória que é resultado de um trabalho que venho fazendo e vem dando certo”, disse Mi- guel Luciano, 1º lugar na categoria ge- ral masculino. “Participei no ano passado e estou muito feliz em poder estar aqui nova- mente. É uma prova muito gostosa com um percurso bastante variado, um evento maravilhoso. Gostaria de parabenizar os organizadores, os patrocinadores, todos os colaboradores e parabenizar também Serrana pelo seu aniversário”, afirmou Maria Zeferina Rodrigues Baldaia, 1º lugar na categoria feminino. Também foram premiados com troféu e dinheiro os cinco melhores atletas da cidade de Serrana nas categorias mascu- lino e feminino. Dentre os destaques, o colaborador da Copercana Zecílio Lo- jór da Mota, que percorreu os 6 km de corrida em 20 minutos e 26 segundos. Lembrando que os melhores atletas nas categorias por idades foram laureados com um troféu e todos os participantes do evento receberam medalhas. GeralFeminina,asatletasquesedestacaram: Luís Carlos Arroio, gerente da Sicoob Cocred de Serrana, ao lado da ganhadora da categoria feminina, Maria Zeferina Baldaia Rinaldo Aparecido Dobem, gerente do supermercado Copercana de Serrana Na categoria geral masculino e feminino, o primeiro ao quinto lugar recebeu, além do troféu, uma premiação em dinheiro. Colaboradores da Sicoob Cocred, Copercana e da Secretaria de Esportes de Serrana, que participaram da organização do evento Classificação 1º - Miguel Luciano (Asa/São Carlos- -SP) 00:18:05 2º - Anoé dos Santos Dias (Semel/Jardi- nópolis-SP) 00:18:13 3º - Ivanei Xavier de Araújo (Ribeirão Shopping/Ribeirão Preto-SP) 00:18:15 4º- Lucas Ferreira Cardoso (Sigmatec Academia Winer) 00:18:18 5º- André Luiz de Cássia 00:18:19 1ª - Maria Zeferina Rodrigues Baldaia (Ascoruse/Sertãozinho-SP) 00:21:20 2ª - Tatiana Rodrigues Fernandes (Win- ner Academia Sigmatec) 00:21:31 3ª - Adriana Alves (Tinta & Cia - Total Health) 00: 22:33 4ª - Joelma de Jesus (Ascoruse/Gascom/ Sertãozinho-SP) 00:24:26 5ª–IreniRibeiroJesusMachado00:25:34 Geral Masculina se destacaram os atletas: RC
  • 32. Revista Canavieiros - Maio de 2015 32 Notícias Sicoob Cocred Balancete Mensal - (prazos segregados) Cooperativa De Crédito Dos Produtores Rurais e Empresários do Interior Paulista - Balancete Mensal (Prazos Segregados) - Março/2015 - “valores em milhares de reais” Sertãozinho/SP, 31 de Março de 2015.
  • 33. Revista Canavieiros - Maio de 2015 33
  • 34. Revista Canavieiros - Maio de 2015 34 “Vamos chegar no final deste ano com uma queda de 30% da venda de maqui- nário e isso equivale a dizer que o país está investindo muito menos”. Para Francisco Matturro, vice-presi- dente daABAG-SP, a queda nas negocia- ções durante a Agrishow representa um sinal de alerta para o país. “Se você não faz tecnologia agora, se não renova equi- pamento, lá na frente é que nós vamos pagar este preço, e essa cobrança vem”, alertou, lembrando que a diminuição do investimento em tecnologia contribuiu para piorar a atual situação do setor sucro- energético. Embora tenha sido importante nas vendas das edições anteriores, o setor não se destaca mais nas negociações. “O setor sucroenergético é impor- tantíssimo, mas contempla no Brasil inteiro perto de 9 milhões de hectares. E estamos falando em 60 milhões de Agrishow 2015 tem queda de 30% nas vendas Pela primeira vez em 22 edições, a feira registrou redução no volume de negócios Andréia Vital Colaboração: Fernanda Clariano e Igor Savenhago Especial Agrishow 34 Carlos Pastoriza A alta dos juros e a incerteza po- lítico-econômica foram as prin- cipais responsáveis pela redu- ção de 30% dos negócios na Agrishow 2015 (Feira Internacional de Tecnolo- gia Agrícola em Ação), em relação ao ano anterior, afirmaram as entidades realizadoras da feira (ABAG - As- sociação Brasileira do Agronegócio; ABIMAQ - Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos; ANDA - Associação Nacional para Di- fusão de Adubos; FAESP - Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo, e SRB - Sociedade Rural Brasileira). O volume estimado foi de R$ 1.9 bi, contra R$ 2.7 bi da edição de 2014. Essa foi a primeira vez em 22 edições que ocorreu queda nas negocia- ções fechadas durante o evento. “O Brasil vive hoje uma crise de confiança generalizada e sentida tam- bém pelo produtor rural. A esperança dos realizadores da feira é que o Plano Safra, previsto para ser anunciado no dia 19 de maio, possa voltar a fornecer as condições necessárias para a reto- mada dos investimentos”, disse o pre- sidente da Agrishow, Fábio Meirelles, na coletiva de encerramento da feira, considerada a maior da América Lati- na e uma das três maiores do mundo neste segmento. De acordo com o presidente da ABI- MAQ, Carlos Pastoriza, o aumento da taxa de juros do Moderfrota, que passou de 4,5% para 7,5%, antes do término do Plano de Safra em vigor, inibiu as ne- gociações que poderiam ter ocorrido na Agrishow. “Foi a primeira vez que, no meio do jogo, em março deste ano, ain- da durante o Plano Safra 2014/15, foi anunciada uma mudança na taxa de ju- ros, que, por si só, causou uma mudan- ça em todos os investidores potenciais. Além disso, temos a incerteza quanto a que condições vamos ter quando for anunciado o novo plano”, analisou o executivo, ressaltando que a própria demora do Governo em dar uma sinali- zação preocupa os investidores, que lo- taram os corredores da feira, mas com- praram muito menos desta vez. Pastoriza destacou, ainda, que o se- tor de máquinas agrícolas era uma ex- ceção em um cenário de dificuldades para o setor industrial. “A ABIMAQ, que representa 30 setores, vive já há muito tempo a pior crise da história. O agro era um setor praticamente fora da curva e, infelizmente, agora está cain- do para dentro da curva”, constatou. Segundo ele, a venda de máquinas e equipamentos de modo geral, não só agrícolas, vem caindo há três anos se- guidos, acumulando 22% de queda.
  • 35. Revista Canavieiros - Maio de 2015 35 tária do País e diz que sempre foi assim, desde a monarquia era assim. Ora gen- te, isso é muito sério. Então, essa é a reflexão que eu, como brasileiro, como cidadão, transmito a minha indignação com a situação que vivemos”. Ao encerrar a coletiva, o presidente da feira, Fábio Meireles, declarou que o Governo Federal tem nas mãos a so- lução para garantir o avanço da produ- tividade através da tecnologia existente e que pode ser vista na feira. “Está ha- vendo um pouco de insensibilidade nas análises de assuntos relevantes da eco- nomia agrícola do País, que está sendo hoje capaz de abastecer uma população de mais de 200 milhões de pessoas”. 35 hectares. Mesmo assim, se o cenário estivesse melhor para o segmento, seria importante para os negócios realizados na feira, porque o setor compra máqui- na de grande valor, teria ajudado bas- tante”, disse Matturro. O executivo afirmou, também, que a incerteza político-econômica que vi- vemos atualmente no Brasil impacta as negociações. “Nós temos hoje uma Selic de 13,25% ao ano, sendo que 0,5% subiu somente essa semana (últi- ma de abril). Então, se você olhar por este ângulo, os juros não foram o maior impacto da queda das vendas. O maior impacto está na incerteza que vem daí. Quem é que toma um crédito a 7,5% para um financiamento que pode chegar a 10 anos?”. Destacando a importância do agro- negócio também no aspecto social do país, o presidente da ANDA, David Rochetti, lembrou que o setor tem rela- ção direta com os preços da cesta bási- ca. “Esse valor tem caído ao longo dos anos e ele é suportado exatamente atra- vés desse público que vem para a feira. Então, para que a gente consiga manter a inflação em níveis adequados ou mais justos, é fundamental que as condições sejam concretizadas através de um ins- trumento importantíssimo, que é o Pla- no Safra”, afirmou. “Se isso não acon- tecer, a situação do País, que hoje já é de preocupação, pode se estender à área básica, que é a alimentação do povo”. Para o presidente de honra da Agrishow, a redução no volume de ne- gócios no evento pode ser considerada parte de um processo natural, já que, do ponto de vista econômico, não há um setor que cresça de forma ininterrup- ta. “Um dia, essa queda ia ocorrer. Na história da Agrishow, foi a primeira vez e aconteceu de forma dramática. Com certeza, já podemos prever que, no pró- ximo ano, teremos uma feira menor”. Maurílio Biagi contou que, nos 30 anos que atua no setor, nunca sentiu tanta a insegurança do agricultor em relação ao futuro, fato constatado na redução das vendas. “Se tiver gente ajuizada, vai analisar o que significa isso”, advertiu ele, lembrando que não é preciso man- dar recado ao Governo, pois as maio- res autoridades estiveram na Agrishow, como a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, embora ele tenha afirmado não haver problema nenhum, já que os juros estão sendo equalizados com o novo pa- tamar da inflação. “Quando as coisas vão mal e todo mundo reclama e ninguém tem razão, fica difícil e termino essa reunião muito triste”, afirmou Biagi. “No ano passa- do, quando abrimos a Agrishow, ao dar uma resposta, eu falei que o Brasil es- tava no caminho errado, mas não ima- ginei que estivesse em um caminho tão errado assim... estar no caminho errado é não estar no caminho certo, porque é muito difícil você criticar isso, aquilo. É normal. Algumas entidades publicaram notas de indignação por estarem home- nageando os bandidos, dando medalha de honra de Tiradentes para gente que está fora da lei. Quer dizer, onde nós estamos? Não é nada contra, veja bem, você não pode dar uma honraria des- te naipe para uma pessoa que não está dentro da lei”. E completou: “Nós esta- mos assim, depois vem a maior manda- Francisco Matturro Maurílio Biagi Fábio Meirelles Cerimônia de abertura
  • 36. Revista Canavieiros - Maio de 2015 36 Especial Agrishow 36 Autoridades não discursam na abertura oficial Medidas políticas Uma manifestação contra a presiden- te Dilma Rousseff marcou a abertura oficial da Agrishow 2015. Cerca de 100 pessoas do Movimento Brasil Limpo gritaram e apitaram contra o Governo levantando cartazes e faixas. As vaias tiveram início quando o vice-presidente da República, Michel Temer, chegou ao local e continuaram durante o início da cerimônia, que contou com a presença da ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Kátia Abreu, do mi- nistro de Ciência e Tecnologia, Aldo Rebelo, e da prefeita de Ribeirão Pre- to, Dárcy Vera, entre outras lideranças políticas. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, o secretário de Agri- cultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Arnaldo Jardim, e o senador Ronaldo Caiado (DEM), também pre- sentes, foram os únicos a serem aplau- didos na ocasião. Como o vice-presidente da Repú- blica, Michel Temer, não falou, coube à ministra da Agricultura, Kátia Abreu, atender à imprensa. Já fora do pavilhão Devido ao tumulto, somente o presi- dente da Agrishow 2015 e da Federação da Agricultura de São Paulo, Fábio Mei- relles, discursou. “O cenário macroeco- nômico não é favorável em curto prazo, mas há espaço considerável para investi- mentos qualitativos, baseados na automa- ção de processos, na sustentabilidade na racionalização do uso de recursos estra- tégicos, como solo e água”. Ele afirmou, ainda, que, apesar do setor privado fazer sua parte, é necessário maior apoio de po- lítica de governo. “Precisamos endereçar políticas consistentes e de longo e médio prazos para equacionar as distorções do setor sucroenergético, avançar em acor- dos sanitários e comerciais bilaterais, acessar novos mercados, reduzir a preca- riedade de nossa infraestrutura logística, reduzir a burocracia, simplificar o siste- ma tributário e reduzir o Custo Brasil”. Durante a solenidade, foi entregue o Prêmio Brasil Agrociência, criado para estimular a pesquisa em diversas áreas do agronegócio. O homenagea- do foi Alfredo Scheid Lopes, profes- sor emérito da Universidade Federal de Lavras, por sua contribuição para a construção e o desenvolvimento do agronegócio. O prêmio foi entregue pelo vice-presidente, Michel Temer, e pelo governador de São Paulo, Geral- do Alckmin. Scheid Lopes tem uma trajetória profissional de destaque no segmento agrícola mundial, sendo reconhecido nacional e internacionalmente como uma das maiores autoridades na área de fertilidade e manejo de solos na re- gião tropical. Entrega do Prêmio Brasil Agrociência onde foi realizada a solenidade de aber- tura da Agrishow, ela garantiu que o Planalto reconhece a importância do se- tor agrícola para a economia brasileira e que, por isso, não deveria haver cortes nos recursos a serem disponibilizados no Plano Agrícola e Pecuário deste ano, que estava previsto para ser divulgado no último dia 19 de maio. Para os anos seguintes, no entanto, a proposta é fazer os anúncios sempre no mês de março. Isso será possível, segun- do a ministra, a partir de uma nova lei agrícola que o Governo pretende apro- var. “Alei vai impor as regras. Se houver alguma modificação de regulamentação, será transmitida e anunciada a cada mês de março. Queremos, com isso, plane- jamento estratégico para os produtores brasileiros, como nossos concorrentes americanos e europeus têm”.Kátia Abreu, ministra da Agricultura
  • 37. Revista Canavieiros - Maio de 2015 3737 Prazo para o CAR se estenderá por mais um ano Governador do Estado de São Paulo Geraldo Alckmin Marcos Landell, diretor do Centro de Cana do IAC Arnaldo Jardim, secretário de Agricultura e Abastecimento de São Paulo Após ter revelado que 44% da área agrícola do Estado de São Paulo já ti- nha sido cadastrada no CAR (Cadastro Ambiental Rural), na quarta-feira (29), o secretário de Agricultura e Abasteci- mento de São Paulo, Arnaldo Jardim, afirmou, em evento na Agrishow, um dia depois, que o prazo para a conclu- são do cadastro se estenderá por mais um ano. Inicialmente seria encerrado no dia 6 de maio. O anúncio oficial foi feito pelo ministro interino do Meio Ambiente, Francisco Gaetani, durante audiência na Comissão de Agricultura da Câmara, em Brasília, contou o se- cretário, que transferiu a secretaria para Ribeirão Preto-SP durante a Agrishow. Kátia afirmou que os pilares do pro- jeto estão em discussão com pesquisa- dores, entidades de classe e o Congres- so Nacional, para que o resultado seja “uma lei agrícola muito especial, como o agronegócio brasileiro merece”. Enquanto isso, no estande da Secre- taria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, o governador Geraldo Alck- min, em entrevista coletiva, anunciou o aumento do prazo para pagamento de dí- vidas referentes ao Programa Pró-Trator. O financiamento, que antes deveria ser feito em até seis anos, foi esticado para oito, com três de carência. Pouco antes, foi entregue o trator de número 5 mil, comprado por meio do programa. “Estamos também possibilitando, a quem já terminou de pagar o primeiro Marcos Landell assina protocolo de intenção de transferência de tecnologia na área sucroenegética paulista para o México trator, poder adquirir o segundo. E au- mentamos o Pró-Implemento, que era de R$ 150 mil por produtor e agora vai para R$ 200 mil”, disse Alckmin. Para o diretor executivo da Abag-RP (Associação Brasileira do Agronegócio em Ribeirão Preto-SP), Marcos Matos, a presença de autoridades políticas na feira ajuda a explicar a força do setor agrícola. “Temos o maior respeito por todos os se- tores da economia, mas é o agronegócio que ainda consegue gerar empregos, im- postos e saldo comercial para nossa eco- nomia. Em função dos endividamentos recentes, das políticas públicas desfavorá- veis, somados aos problemas climáticos, estamos com um quadro um pouco difí- cil, especialmente para a cana-de-açúcar. Mas esperamos uma melhora, para que possamos ter uma visão de futuro”. Entre as atividades realizadas durante este período, destaca-se a assinatura de um protocolo de intenção para transfe- rência de tecnologia na área sucroener- gética paulista para o México. A ini- ciativa permitirá que o IAC (Instituto Agronômico) intensifique um trabalho já iniciado de fornecimento de tecnologia brasileira na área de produção de açúcar e etanol para o governo mexicano. A in- tenção do México é retomar as ativida- des que o país desenvolvia na produção de cana-de-açúcar e que foi desarticula- da nas últimas décadas. Para o diretor do Centro de Cana do IAC, Marcos Landell, o convênio é muito importante, pois possibilita o intercâmbio e expansão da tecnologia brasileira para outros locais. “Desde 2008, desenvolvemos um projeto na re- gião de Veracruz, e este protocolo nos dá exatamente a condição de continuar com este projeto e abre perspectiva de outros além de Veracruz, Estado que concentra 50% dos 900 mil hectares de cana existentes no México”.