SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 7
Baixar para ler offline
Revista África e Africanidades - Ano 2 - n. 8, fev. 2010 - ISSN 1983-2354
www.africaeafricanidades.com
Revista África e Africanidades - Ano 2 - n. 8, fev. 2010 - ISSN 1983-2354
www.africaeafricanidades.com
E quem disse que Chapeuzinho Vermelho
não pode ser negra?
Paulo de Tássio Borges da Silva1
Pedagogo, especialista em Sociologia
E-mail: paulo_tassio@correios.net.br
RESUMO: A presente tessitura nasce a partir de uma experiência vivenciada num
espaço educativo não-formal com crianças de idade entre 5 e 6 anos. O trabalho teve
como objetivo problematizar o preconceito racial presente nos contos infantis e
provocar uma desconstrução do mesmo a partir das vozes, dos gestos, olhares e
performances das crianças. O mesmo se desenvolveu na perspectiva qualitativa sob o
enfoque etnográfico, utilizando-se da metodologia do teatro aplicado à educação.
PALAVRAS-CHAVES: Educação não-formal; criança; conto infantil.
ABSTRACT: This fabric comes from an experience within a non-formal education to
children aged between 5 and 6 years. The work aims to discuss the racial bias present
in children’s stories and cause deconstruction of it from the voices, gestures, looks and
performances of children. The same is developed in a qualitative way in the
ethnographic approach, using the methodology applied to the theater education.
KEY- WORDS: Non-formal education; children; children’s story.
“As pessoas grandes não compreendem nada sozinhas, e é
cansativo, para as crianças, estar toda hora explicando”. (SAINT-
EXUPÉRY, Antoine de. O Pequeno Príncipe)
1
Pesquisador do Núcleo de Pesquisa em Educação, Educação Escolar Indígena e
Interculturalidade: Experiências entre os Povos indígenas Tupinambá, Pataxó e Pataxó Hã Hã
Hãe e do Órgão de Educação e Relações Étnicas com Ênfase em Culturas Afro-Brasileiras -
ODEERE da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia -UESB.
Revista África e Africanidades - Ano 2 - n. 8, fev. 2010 - ISSN 1983-2354
www.africaeafricanidades.com
Revista África e Africanidades - Ano 2 - n. 8, fev. 2010 - ISSN 1983-2354
www.africaeafricanidades.com
Introdução
A desconstrução do preconceito racial contra o (a) afrodescendente é desafio
que se faz latente em diferentes espaços e tempos. Nessa perspectiva, o presente
artigo tem como objetivos problematizar o preconceito racial presente nos contos
infantis e provocar a desconstrução do mesmo a partir das vozes, dos gestos, olhares
e performances das crianças.
Para o desenvolvimento do trabalho foi apropriado o conceito de cultura
problematizado por Gueertz (1989) e Thompson (1988). Cultura esta não como algo
fixo, estático, legitimado e neutro; mas como uma rede de significados construídos na
cotidianidade, nas vozes e nos gestos ativos e até mesmo naqueles que parecem
conformados.
Na compreensão dos olhares, das vozes, dos gestos e silêncios das crianças
foi utilizada a antropologia da criança. Por entender que as mesmas não são seres em
miniaturas, mas sujeitos sociais, protagonistas do seu processo histórico, social e
cultural.
Metodologicamente o trabalho se desenvolve na perspectiva qualitativa sob o
enfoque etnográfico. Neste sentido, Cohn nos salienta que “[...] usando-se da
etnografia, um estudioso das crianças pode observar diretamente o que elas fazem e
ouvir delas o que tem a dizer sobre o mundo” (CONH, 2005, p. 10).
Contexto da Pesquisa
A Organização Não Governamental Asas da Esperança e Liberdade (ONG
ASELIAS) fica localizada no bairro Tancredo Neves, no município de Teixeira de
Freitas, no Extremo Sul da Bahia. O mesmo é um bairro periférico, tido como um dos
mais violentos e marginalizados do município.
A ONG ASELIAS foi constituída em 17 de dezembro de 2001, pela parceria
entre o Centro Missionário Italiano, o Frade franciscano Elias Hoiiji, a Pastoral da
Juventude, a Pequena Fraternidade Franciscana de Santa Isabel da Hungria e a
Universidade do Estado da Bahia - Departamento de Educação - Campus X, com as
docentes Maria Mavanier Assis Siquara e Olga Suely Soares de Souza, onde
começou suas atividades em abril de 2002. A mesma nasceu com a finalidade de
atender crianças e adolescentes a partir dos 6 anos em situação de risco, promover o
desenvolvimento humano e a integração das mesmas com projetos de reforço escolar,
atividades esportivas, de lazer e artesanato.
Cabe aqui evidenciar, que uma criança em situação de risco é aquela que não
possui seu desenvolvimento esperado para sua faixa etária de acordo com os
parâmetros de sua cultura (BANDEIRA, KOLLER, HUTZ,FORSTER 1996). Desta
forma, o risco poderá ser físico, social e psicológico.
Nesta perspectiva, é válido salientar que o advento das ONG’s no Brasil surgiu
no final dos anos 70, onde a combinação do modelo econômico-político fordista/
keynesiano se exauria, dando lugar as empresas informatizadas e terceirizadas. Neste
mesmo contexto se discutia a organização dos movimentos populares, sindicais
urbanos e rurais e Comunidades Eclesiais de Base- CEB’s, onde nasceu a ONG
ASELIAS.
Revista África e Africanidades - Ano 2 - n. 8, fev. 2010 - ISSN 1983-2354
www.africaeafricanidades.com
Revista África e Africanidades - Ano 2 - n. 8, fev. 2010 - ISSN 1983-2354
www.africaeafricanidades.com
Relato Etnográfico
A oficina se desenvolvia numa tarde nas dependências da ONG ASELIAS,
ao chegar e explicar sobre a atividade daquela tarde, logo se formou um alvoroço com
as crianças. Era possível ver os olhos brilharem e os sorrisos estampados nos rostos.
Era a atividade que eles mais gostavam, fazer teatro.
Conversamos e decidimos em conjunto que iríamos recontar a história da
chapeuzinho vermelho, em poucos minutos, algumas crianças começaram a contar a
história da chapeuzinho vermelho como aprenderam na escola e em outros espaços.
Todos estavam empenhados na produção do cenário e nas vestimentas
dos atores e atrizes. Mas e agora, quem serão os (as) personagens? O impasse
estava feito, logo Mariana gritou! “Eu quero ser a chapeuzinho vermelho” e Elivelto do
outro lado. “Eu quero ser o lobo”!
Se aproximando de mim veio Aninha dizendo alto e fazendo “bicos”: “Eu
quero ser a chapeuzinho vermelho, por que nunca deixam eu ser nada”? Levei para o
debate com as crianças que Aninha gostaria de ser a chapeuzinho vermelho, então
teríamos que decidir coletivamente quem faria esta personagem. Ouvindo as crianças,
um comentário me chamou atenção e mudou todo o planejamento da oficina. Eis a
fala de uma das crianças: “Aninha não pode ser chapeuzinho vermelho porque ela é
negra, não existe chapeuzinho negra, então quem tem que ser chapeuzinho é Mariana
porque é branca”.
Ao ouvirem esta fala de Amanda, as crianças começaram a dizer: “é
verdade, não existe chapeuzinho negra”. Aninha chateada, cruzou os braços com os
olhos cheio de água e franzindo os lábios disse: “Mas mesmo assim eu queria ser a
chapeuzinho vermelho”.
O debate não cessava, então resolvi problematizar um pouco dizendo:
“Mas quem disse que não existe chapeuzinho negra e por que não existe?”
Algumas crianças diziam: “Não sei porque, mas sei que não existe!”, outra
disse: “É porque ela vai ficar muito feia com vermelho!”
Problematizando mais um pouco questionei o comportamento da crianças.
“O que é isto que vocês estão fazendo com Aninha? Como se chama? Está certo ou
errado?”
Logo algumas crianças responderam: “isto é preconceito tio e não está
certo!”. Ao ouvir estas palavras me enchi de alegria e contentamento e logo dei uma
sugestão. “Vamos fazer uma história diferente?”
Passando alguns minutos, o elenco estava formado e tinha Aninha como
chapeuzinho vermelho e Mariana como amiga da Chapeuzinho Vermelho, Elivelton
como lobo e Fabrício como amigo do lobo, dentre outros personagens que entraram
no teatro. Na encenação, Aninha parecia estar num momento mágico, era enorme seu
sorriso e alegria atuando diante dos (as) colegas (as). O teatro ocorreu de maneira
fantástica! Cumprindo com sua função de alegrar, diverti e questionar.
Revista África e Africanidades - Ano 2 - n. 8, fev. 2010 - ISSN 1983-2354
www.africaeafricanidades.com
Revista África e Africanidades - Ano 2 - n. 8, fev. 2010 - ISSN 1983-2354
www.africaeafricanidades.com
O Teatro e a Educação
Os primeiros trabalhos realizados com o teatro em educação são da
década de 1970, realizados por Viola Spolin (1992). Sploin (1992) dedicou-se quase
três décadas de pesquisa junto a crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos nos
Estados Unidos. Adotando uma pedagogia a partir dos jogos teatrais Spolin (1992)
tinha como objetivo libertar as crianças e todos (as) envolvidos (as) em suas oficinas,
de comportamentos do teatro de palco, mecânicos, sem autonomia e sem vida, o que
resultou em um grande trabalho em linguagem teatral para escolas, associações
comunitárias, ONG’s, companhias teatrais, etc. Sua base pedagógica é o teatro de
improviso, que teve grande repercussão no Brasil a partir dos anos 70, com a
utilização dos seus jogos teatrais pelo grupo de pesquisa da USP em Teatro-
educação.
A oficina de teatro realizada na ONG ASELIAS se insere nos jogos teatrais
para não atores desenvolvido por Boal na perspectiva do teatro do oprimido. Para
Boal, o teatro do oprimido é estético, onde se trabalha não apenas o teatro, mas
outros tipos de arte que desmecanizam fisicamente e intelectualmente seus
participantes.
A perspectiva do teatro do oprimido surge no final dos ano 50 e início dos
anos 60, num contexto histórico, político e cultural em que o Partido Comunista
Brasileiro (PCB) tinha alcançado prestígio social, com apoio de intelectuais e artistas
da época. Primeiro nasce em forma de teatro jornal, tendo como objetivo tratar dos
problemas sociais. É a metodologia do teatro do oprimido, não fixa e cartesiana criada
por Boal que permite os (as) participantes um envolvimento sem travas, onde quem
atua leva o todo de si para a cena, misturando-se em emaranhados de realidades.
Observando o teatro das crianças, um teatro totalmente fora da
convencionalidade teatral era visível perceber a transformação que se dava com o
grupo, sendo importante dizer que tais transformações ocorreram com seus diálogos,
no ir e vir do questionamento um do outro.
A desconstrução do conto “A chapeuzinho vermelho” e a reconstrução
pelas crianças da ONG ASELIAS remodelou e criou novos padrões estéticos.
Observando a confecção das vestes e o momento da maquiagem feito pelas crianças
era possível ver um diálogo e respeito à alteridade, onde a cor da pele, o cabelo
crespo e/ou liso não possuía grandes significados. Acerca da estética negra, o estudo
desenvolvido por Domingues (1915), junto à população negra de São Paulo no
período de 1915-1930 mostra que a ideologia do branqueamento expressa o modelo
branco como padrão de beleza. Neste sentido, o alisamento do cabelo era motivo de
felicidade do (a) negro (a), uma vez que estaria realizado um sonho inculcado por
diferentes instituições.
Segundo Domingues (1915), o branqueamento iria além dos produtos de
alisamento que até hoje possuem grandes influências e ditam padrões de beleza, a
cor da pele sendo definidora de raça no Brasil levou a comercialização de produtos
que prometiam transformar o negro em branco com a despigmentação. É notório que
o estudo de Domingues (1915) se faz contemporâneo, uma vez que ainda se verifica
legitimado um padrão de beleza que perpassa o domínio do cabelo crespo,
segregando pessoas e definindo papeis.
Revista África e Africanidades - Ano 2 - n. 8, fev. 2010 - ISSN 1983-2354
www.africaeafricanidades.com
Revista África e Africanidades - Ano 2 - n. 8, fev. 2010 - ISSN 1983-2354
www.africaeafricanidades.com
Criança X Infância
Ao se trabalhar com criança é preciso ter em mente a diferença entre
criança e infância. É preciso saber que a infância não é um modo universal de pensar
a criança. Segundo Philppe Ariés a infância é uma construção social e histórica do
ocidente, ela foi sendo construída em diferentes espaços e tempos em que a
configuração familiar sofreu inúmeras mudanças. Neste sentido, a infância pode ou
não existir, ou existir de outros modos nas diferentes culturas. Poderíamos então
perguntar o que é ser criança e até onde vai à infância para os moradores do bairro
Tancredo Neves, onde está localizado a ONG ASELIAS.
Em uma realidade em que as composições familiares não são legitimadas
como algum tempo atrás, ou para outras famílias da classe média em que a infância
se resume como espaço de crescimento para brincar, fazer aulas de piano, natação,
inglês ir ao cinema, teatro, etc., perceber que a infância das crianças da ONG
ASELIAS se dá em meio a atividades tidas como adultas como o cuidado com a casa,
com os irmãos, o trabalho na feira, dentre outras atividades realizadas com os seus
para o sustento material da família é uma tarefa necessária, uma vez que não se
podem exigir os mesmos padrões para diferentes realidades culturais e sociais. É
claro, que não se pode relativizar todos os aspectos, a criança como tal não é um
adulto, e tem necessidades e desejos particulares, logo se precisam respeitar seus
direitos à educação, saúde, lazer e etc.. Nessa perspectiva, a noção de atividades a
serem feitas por crianças e a finalização da infância é particular a cada cultura, grupo
e/ou classe social.
A Criança como Protagonista
Entender que a criança é um ser dotado de capacidade para ser e estar em
determinada sociedade, enxergando-a além da visão adultocêntrica “é entender que,
onde quer que esteja, ela interage ativamente com os adultos e as outras crianças,
com o mundo, sendo parte importante na consolidação dos papéis que assume e de
suas relações” (COHN, 2005, p. 28).
Ir além da idéia que as crianças são “adultos em miniatura” é parte
fundamental na construção de seres humanos autônomos, criativos e participativos em
uma sociedade em que se vela a infância sob um único olhar, o olhar do colonizador
ocidental, que não dá mais conta das diversidades de crianças e consequentemente
das mais variadas concepções de infância no território brasileiro.
Nesta perspectiva, cabe perguntar: Para que concepção de infância e para
quais crianças estão as políticas públicas brasileiras? Sob quais aspectos e culturas
está sendo a educação infantil em nosso país? Há respeito para com as histórias e as
culturas dos diferentes povos que habitam em nosso território?
Responder tais questionamentos não seria possível de uma hora para
outra, mas é um desafio que se faz latente em nosso país, em particular, no nosso
sistema educativo. Rever os currículos das licenciaturas, que até então reproduzem
teorias fechadas de gabinete pode ser o primeiro passo nesta caminhada em que a
criança negra, índia, judia, cigana, filha de mãe solteira, de pai solteiro, de casais
homossexuais e de avós seja respeitada em suas particularidades, como crianças que
são e não que virão ser. Entender que as crianças não são “menores” que os adultos e
Revista África e Africanidades - Ano 2 - n. 8, fev. 2010 - ISSN 1983-2354
www.africaeafricanidades.com
Revista África e Africanidades - Ano 2 - n. 8, fev. 2010 - ISSN 1983-2354
www.africaeafricanidades.com
que são produtoras de culturas e significados é um fator crucial no trabalho com
crianças em qualquer grupo étnico e social.
Considerações Finais
O trabalho educativo popular não-formal sem dúvida alguma é um dos mais
gratificantes. O dialogo com crianças de classes populares possibilita um confronto
com teorias educativas que em nada dizem acerca de tais realidades. Realidades
estas que o currículo das licenciaturas, os livros didáticos, os contos infantis, dentre
outros dispositivos pedagógicos educativos se tornam frágeis.
A oficina realizada na ONG ASELIAS revela o quanto o preconceito e as
representações negativas acerca do (a) afrodescendente ainda é latente. Construir
dispositivos de desconstrução e dialogo onde esteja em palco o debate sobre este
preconceito velado historicamente é um compromisso de todo educador que tenha
como concepção educativa o respeito à vida com suas diferenças.
A metodologia do teatro em educação, este teatro que não engessa, mas
aquele que dá autonomia aos corpos e à criatividade daquele (a) que atua é capaz de
ser um dispositivo de libertação e emancipação humana. O ato de estar atento às
dinâmicas que ocorrem em espaços educativos formais e não-formais é uma das
atribuições que se espera do (a) educador (a) reflexivo (a) e pesquisador (a). Neste
sentido, a etnografia pode vir a ser uma metodologia interessante de pesquisa em
educação, sendo importante dizer que tal etnografia não deve ser algo como aquele
que apenas observa e anota, a etnografia só ganha formato de vida e pesquisa
quando a mesma dialoga com os seus, ou seja se constrói no coletivo, ao contrário
disto ela não passará de um olhar externo de um amontoado de fatos.
Autorizada a citação e/ou reprodução deste texto, desde que não seja
para fins comerciais e que seja mencionada a referência que segue. Favor
alterar a data para o dia em que acessou-o:
SILVA, Paulo de Tássio Borges da. Marias E quem disse que Chapeuzinho
Vermelho não pode ser negra? Revista África e Africanidades, Rio de
Janeiro, ano 2, n. 8, fev. 2010. Disponível em:
<http://www.africaeafricanidades.com/documentos/Chapeuzinho_vermelho_ne
gra.pdf>. Acesso em: 31 jan. 2010.
Revista África e Africanidades - Ano 2 - n. 8, fev. 2010 - ISSN 1983-2354
www.africaeafricanidades.com
Revista África e Africanidades - Ano 2 - n. 8, fev. 2010 - ISSN 1983-2354
www.africaeafricanidades.com
Referências
ANDRÉ, Marli E.D.A. ; LÜDKE, Menga. Pesquisa em educação: abordagens
qualitativas. São Paulo: Pedagógica e Universitária, 1986.
BANDEIRA, D.; KOLLER, S. H.; HUTZ, C.; FORSTER, L. Desenvolvimento psico-
social e profissionalização: uma experiência com adolescentes de risco. Psicologia:
Reflexão e Crítica, n. 9, 1996.
BOAL, Augusto. 200 exercícios e jogos para o ator e o não-ator com vontade de
dizer algo através do Teatro. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1983.
CHIZOTTI, A. A Pesquisa em Ciências Humanas e Sociais. São Paulo: Cortez,
1991.
COHN, Clarice. Antropologia da Criança. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 22 ed.. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1970.
GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: LTC, 1989.
JAPIASSU, Ricardo Ottoni Vaz. Jogos teatrais na escola pública. Rev. Fac. Educ.
[online]. 1998. v. 24, n.2.
SPOLIN,Viola. Improvisação para o teatro. São Paulo: Perspectiva, 1992.
THOMPSON, E. P. Costumes em comum: estudos sobre a cultura popular
tradicional. 2 ed. São Paulo: Schwarcz, 1988.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Quinzena Da Consciencia Negra
Quinzena Da Consciencia NegraQuinzena Da Consciencia Negra
Quinzena Da Consciencia Negraculturaafro
 
05 contribuicao povos-africanos técnicas
05 contribuicao povos-africanos técnicas05 contribuicao povos-africanos técnicas
05 contribuicao povos-africanos técnicasprimeiraopcao
 
Lições Sobre a África (Tese)
Lições Sobre a África (Tese)Lições Sobre a África (Tese)
Lições Sobre a África (Tese)Historia_da_Africa
 
Literatura negra infanto juvenil
Literatura negra infanto juvenilLiteratura negra infanto juvenil
Literatura negra infanto juvenilJuciara Brito
 
Coleção Historia - Estudos Africanos - Multiplas Abordagens
Coleção Historia - Estudos Africanos - Multiplas AbordagensColeção Historia - Estudos Africanos - Multiplas Abordagens
Coleção Historia - Estudos Africanos - Multiplas AbordagensHistoria_da_Africa
 
Ressignificando a história
Ressignificando a históriaRessignificando a história
Ressignificando a históriaprimeiraopcao
 
história e cultura afro brasileira e africana
história e cultura afro brasileira e africanahistória e cultura afro brasileira e africana
história e cultura afro brasileira e africanaculturaafro
 
história e cultura afro brasileira e africana
história e cultura afro brasileira e africanahistória e cultura afro brasileira e africana
história e cultura afro brasileira e africanaculturaafro
 
O ensino de História da África e dos Africanos no Brasil
O ensino de História da África e dos Africanos no Brasil O ensino de História da África e dos Africanos no Brasil
O ensino de História da África e dos Africanos no Brasil Historia_da_Africa
 
A Representação do Negro em Obras Infantis de Monteiro Lobato
A Representação do Negro em Obras Infantis de Monteiro LobatoA Representação do Negro em Obras Infantis de Monteiro Lobato
A Representação do Negro em Obras Infantis de Monteiro Lobatojaquemiranda
 
cultura afro-brasileira
cultura afro-brasileiracultura afro-brasileira
cultura afro-brasileiraculturaafro
 
OT Currículo e histórias indígena, africana e afro-brasileira
OT Currículo e histórias indígena, africana e afro-brasileiraOT Currículo e histórias indígena, africana e afro-brasileira
OT Currículo e histórias indígena, africana e afro-brasileiraClaudia Elisabete Silva
 
HISTÓRIA DA AFRICA
HISTÓRIA DA AFRICAHISTÓRIA DA AFRICA
HISTÓRIA DA AFRICAculturaafro
 
Inclusao da historia cultura afro-brasileira e indigena nos currículos
Inclusao da historia cultura afro-brasileira e indigena nos currículosInclusao da historia cultura afro-brasileira e indigena nos currículos
Inclusao da historia cultura afro-brasileira e indigena nos currículosWilson
 

Mais procurados (20)

Culinária afro brasileira
Culinária afro brasileiraCulinária afro brasileira
Culinária afro brasileira
 
Quinzena Da Consciencia Negra
Quinzena Da Consciencia NegraQuinzena Da Consciencia Negra
Quinzena Da Consciencia Negra
 
05 contribuicao povos-africanos técnicas
05 contribuicao povos-africanos técnicas05 contribuicao povos-africanos técnicas
05 contribuicao povos-africanos técnicas
 
Lições Sobre a África (Tese)
Lições Sobre a África (Tese)Lições Sobre a África (Tese)
Lições Sobre a África (Tese)
 
C.A. 02
C.A. 02C.A. 02
C.A. 02
 
ÁFrica na sala de aula
ÁFrica na sala de aulaÁFrica na sala de aula
ÁFrica na sala de aula
 
Literatura negra infanto juvenil
Literatura negra infanto juvenilLiteratura negra infanto juvenil
Literatura negra infanto juvenil
 
Coleção Historia - Estudos Africanos - Multiplas Abordagens
Coleção Historia - Estudos Africanos - Multiplas AbordagensColeção Historia - Estudos Africanos - Multiplas Abordagens
Coleção Historia - Estudos Africanos - Multiplas Abordagens
 
Ressignificando a história
Ressignificando a históriaRessignificando a história
Ressignificando a história
 
história e cultura afro brasileira e africana
história e cultura afro brasileira e africanahistória e cultura afro brasileira e africana
história e cultura afro brasileira e africana
 
história e cultura afro brasileira e africana
história e cultura afro brasileira e africanahistória e cultura afro brasileira e africana
história e cultura afro brasileira e africana
 
Monografia Noêmia Pedagogia 2009
Monografia Noêmia Pedagogia 2009Monografia Noêmia Pedagogia 2009
Monografia Noêmia Pedagogia 2009
 
O ensino de História da África e dos Africanos no Brasil
O ensino de História da África e dos Africanos no Brasil O ensino de História da África e dos Africanos no Brasil
O ensino de História da África e dos Africanos no Brasil
 
cultura afro
cultura afrocultura afro
cultura afro
 
A Representação do Negro em Obras Infantis de Monteiro Lobato
A Representação do Negro em Obras Infantis de Monteiro LobatoA Representação do Negro em Obras Infantis de Monteiro Lobato
A Representação do Negro em Obras Infantis de Monteiro Lobato
 
cultura afro-brasileira
cultura afro-brasileiracultura afro-brasileira
cultura afro-brasileira
 
OT Currículo e histórias indígena, africana e afro-brasileira
OT Currículo e histórias indígena, africana e afro-brasileiraOT Currículo e histórias indígena, africana e afro-brasileira
OT Currículo e histórias indígena, africana e afro-brasileira
 
HISTÓRIA DA AFRICA
HISTÓRIA DA AFRICAHISTÓRIA DA AFRICA
HISTÓRIA DA AFRICA
 
Literatura afrobrasileira
Literatura afrobrasileiraLiteratura afrobrasileira
Literatura afrobrasileira
 
Inclusao da historia cultura afro-brasileira e indigena nos currículos
Inclusao da historia cultura afro-brasileira e indigena nos currículosInclusao da historia cultura afro-brasileira e indigena nos currículos
Inclusao da historia cultura afro-brasileira e indigena nos currículos
 

Semelhante a 03 chapeuzinho vermelho negra

Piá - espaço de encontro Fabi Ribeiro
Piá - espaço de encontro Fabi RibeiroPiá - espaço de encontro Fabi Ribeiro
Piá - espaço de encontro Fabi Ribeiropiaprograma
 
Trocas Metodológicas
Trocas MetodológicasTrocas Metodológicas
Trocas Metodológicasguest2399b1
 
INFORMATIVO #1 - TRUPE DE TRUÕES EM GOIÂNIA
INFORMATIVO #1 - TRUPE DE TRUÕES EM GOIÂNIAINFORMATIVO #1 - TRUPE DE TRUÕES EM GOIÂNIA
INFORMATIVO #1 - TRUPE DE TRUÕES EM GOIÂNIAtrupedetruoes
 
Cultura Afro nas Escolas - Lei 10.639/03 - Profs. Laura Longarai e Lúcia
Cultura Afro nas Escolas - Lei 10.639/03 - Profs. Laura Longarai e LúciaCultura Afro nas Escolas - Lei 10.639/03 - Profs. Laura Longarai e Lúcia
Cultura Afro nas Escolas - Lei 10.639/03 - Profs. Laura Longarai e LúciaAlexandre da Rosa
 
EnCanta Uirapuru - Novembro de 2014
EnCanta Uirapuru - Novembro de 2014EnCanta Uirapuru - Novembro de 2014
EnCanta Uirapuru - Novembro de 2014Marcia Dias da Silva
 
O preconceito nos contos de fadas
O preconceito nos contos de fadasO preconceito nos contos de fadas
O preconceito nos contos de fadasClarice-Borges
 
Multiculturalismo - Prof. Cristina
Multiculturalismo - Prof. CristinaMulticulturalismo - Prof. Cristina
Multiculturalismo - Prof. CristinaAlexandre da Rosa
 
Projeto Iguais e Diferentes - Prof. Ana Lúcia
Projeto Iguais e Diferentes - Prof. Ana LúciaProjeto Iguais e Diferentes - Prof. Ana Lúcia
Projeto Iguais e Diferentes - Prof. Ana LúciaAlexandre da Rosa
 
Projeto Consciência Negra - Minha pele de ébano...
Projeto Consciência Negra - Minha pele de ébano...Projeto Consciência Negra - Minha pele de ébano...
Projeto Consciência Negra - Minha pele de ébano...Cintia Pereira
 
PROJETO DIDÁTICO 3 ANO PNAIC unidade 6
PROJETO DIDÁTICO 3 ANO PNAIC unidade 6PROJETO DIDÁTICO 3 ANO PNAIC unidade 6
PROJETO DIDÁTICO 3 ANO PNAIC unidade 6Marisa Seara
 
Slides Diversidade 2009 Encontro Nr Es
Slides Diversidade   2009   Encontro Nr EsSlides Diversidade   2009   Encontro Nr Es
Slides Diversidade 2009 Encontro Nr Esguest0c5f235
 
A ARTE DE CONTAR HISTÓRIAS E SUA IMPORTÂNCIA NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL
A ARTE DE CONTAR HISTÓRIAS E SUA IMPORTÂNCIA NO  DESENVOLVIMENTO INFANTILA ARTE DE CONTAR HISTÓRIAS E SUA IMPORTÂNCIA NO  DESENVOLVIMENTO INFANTIL
A ARTE DE CONTAR HISTÓRIAS E SUA IMPORTÂNCIA NO DESENVOLVIMENTO INFANTILRossita Figueira
 
Apresentação maternais 26-10-12
Apresentação maternais  26-10-12Apresentação maternais  26-10-12
Apresentação maternais 26-10-12lucassgabriell
 
Cleosimarina maia de lima professor inovador
Cleosimarina maia de lima   professor inovadorCleosimarina maia de lima   professor inovador
Cleosimarina maia de lima professor inovadorSimoneHelenDrumond
 
Book Espetáculo "Histórias fora da caixa"
Book Espetáculo  "Histórias fora da caixa"Book Espetáculo  "Histórias fora da caixa"
Book Espetáculo "Histórias fora da caixa"Grupo de Teatro Da Casa
 

Semelhante a 03 chapeuzinho vermelho negra (20)

Africanidade
AfricanidadeAfricanidade
Africanidade
 
Piá - espaço de encontro Fabi Ribeiro
Piá - espaço de encontro Fabi RibeiroPiá - espaço de encontro Fabi Ribeiro
Piá - espaço de encontro Fabi Ribeiro
 
Trocas Metodológicas
Trocas MetodológicasTrocas Metodológicas
Trocas Metodológicas
 
Projeto : África
Projeto : ÁfricaProjeto : África
Projeto : África
 
INFORMATIVO #1 - TRUPE DE TRUÕES EM GOIÂNIA
INFORMATIVO #1 - TRUPE DE TRUÕES EM GOIÂNIAINFORMATIVO #1 - TRUPE DE TRUÕES EM GOIÂNIA
INFORMATIVO #1 - TRUPE DE TRUÕES EM GOIÂNIA
 
Cultura Afro nas Escolas - Lei 10.639/03 - Profs. Laura Longarai e Lúcia
Cultura Afro nas Escolas - Lei 10.639/03 - Profs. Laura Longarai e LúciaCultura Afro nas Escolas - Lei 10.639/03 - Profs. Laura Longarai e Lúcia
Cultura Afro nas Escolas - Lei 10.639/03 - Profs. Laura Longarai e Lúcia
 
EnCanta Uirapuru - Novembro de 2014
EnCanta Uirapuru - Novembro de 2014EnCanta Uirapuru - Novembro de 2014
EnCanta Uirapuru - Novembro de 2014
 
O preconceito nos contos de fadas
O preconceito nos contos de fadasO preconceito nos contos de fadas
O preconceito nos contos de fadas
 
Multiculturalismo - Prof. Cristina
Multiculturalismo - Prof. CristinaMulticulturalismo - Prof. Cristina
Multiculturalismo - Prof. Cristina
 
Projeto Iguais e Diferentes - Prof. Ana Lúcia
Projeto Iguais e Diferentes - Prof. Ana LúciaProjeto Iguais e Diferentes - Prof. Ana Lúcia
Projeto Iguais e Diferentes - Prof. Ana Lúcia
 
Projeto Consciência Negra - Minha pele de ébano...
Projeto Consciência Negra - Minha pele de ébano...Projeto Consciência Negra - Minha pele de ébano...
Projeto Consciência Negra - Minha pele de ébano...
 
PROJETO DIDÁTICO 3 ANO PNAIC unidade 6
PROJETO DIDÁTICO 3 ANO PNAIC unidade 6PROJETO DIDÁTICO 3 ANO PNAIC unidade 6
PROJETO DIDÁTICO 3 ANO PNAIC unidade 6
 
Slides Diversidade 2009 Encontro Nr Es
Slides Diversidade   2009   Encontro Nr EsSlides Diversidade   2009   Encontro Nr Es
Slides Diversidade 2009 Encontro Nr Es
 
A ARTE DE CONTAR HISTÓRIAS E SUA IMPORTÂNCIA NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL
A ARTE DE CONTAR HISTÓRIAS E SUA IMPORTÂNCIA NO  DESENVOLVIMENTO INFANTILA ARTE DE CONTAR HISTÓRIAS E SUA IMPORTÂNCIA NO  DESENVOLVIMENTO INFANTIL
A ARTE DE CONTAR HISTÓRIAS E SUA IMPORTÂNCIA NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL
 
Apresentação maternais 26-10-12
Apresentação maternais  26-10-12Apresentação maternais  26-10-12
Apresentação maternais 26-10-12
 
Cleosimarina maia de lima professor inovador
Cleosimarina maia de lima   professor inovadorCleosimarina maia de lima   professor inovador
Cleosimarina maia de lima professor inovador
 
Book Espetáculo "Histórias fora da caixa"
Book Espetáculo  "Histórias fora da caixa"Book Espetáculo  "Histórias fora da caixa"
Book Espetáculo "Histórias fora da caixa"
 
Book Histórias Fora da Caixa
Book   Histórias Fora da CaixaBook   Histórias Fora da Caixa
Book Histórias Fora da Caixa
 
Modosbrincar
ModosbrincarModosbrincar
Modosbrincar
 
Grafismo indígena
Grafismo indígenaGrafismo indígena
Grafismo indígena
 

Mais de primeiraopcao

A desigualdade racial
A desigualdade racialA desigualdade racial
A desigualdade racialprimeiraopcao
 
Educação a distância: conceitos e história no Brasil e no mundo
Educação a distância: conceitos  e história no Brasil e no mundoEducação a distância: conceitos  e história no Brasil e no mundo
Educação a distância: conceitos e história no Brasil e no mundoprimeiraopcao
 
Disciplina: construção da disciplina consciente e interativa em sala de aula ...
Disciplina: construção da disciplina consciente e interativa em sala de aula ...Disciplina: construção da disciplina consciente e interativa em sala de aula ...
Disciplina: construção da disciplina consciente e interativa em sala de aula ...primeiraopcao
 
Indisciplina escolar: diferentes olhares teóricos
Indisciplina escolar: diferentes olhares teóricosIndisciplina escolar: diferentes olhares teóricos
Indisciplina escolar: diferentes olhares teóricosprimeiraopcao
 
Os motivos da indisciplina na escola: a perspectiva dos alunos
Os motivos da indisciplina na escola: a perspectiva dos alunosOs motivos da indisciplina na escola: a perspectiva dos alunos
Os motivos da indisciplina na escola: a perspectiva dos alunosprimeiraopcao
 
Os desafios da indisciplina em sala de aula e na escola
Os desafios da indisciplina em sala de aula e na escolaOs desafios da indisciplina em sala de aula e na escola
Os desafios da indisciplina em sala de aula e na escolaprimeiraopcao
 
Direitos e-normas-disciplinares-dos-alunos
Direitos e-normas-disciplinares-dos-alunosDireitos e-normas-disciplinares-dos-alunos
Direitos e-normas-disciplinares-dos-alunosprimeiraopcao
 
11 cultura afro brasileira e cultura indígena
11 cultura afro brasileira e cultura indígena11 cultura afro brasileira e cultura indígena
11 cultura afro brasileira e cultura indígenaprimeiraopcao
 
08 as tecnologias de comunicação e a construção do conhecimento em comunidade...
08 as tecnologias de comunicação e a construção do conhecimento em comunidade...08 as tecnologias de comunicação e a construção do conhecimento em comunidade...
08 as tecnologias de comunicação e a construção do conhecimento em comunidade...primeiraopcao
 
07 aperfeiçoamento em estudos indígenas
07 aperfeiçoamento em estudos indígenas07 aperfeiçoamento em estudos indígenas
07 aperfeiçoamento em estudos indígenasprimeiraopcao
 
05 cultura e identidades indígenas
05 cultura e identidades indígenas05 cultura e identidades indígenas
05 cultura e identidades indígenasprimeiraopcao
 
patrimônio cultural povos indígenas
patrimônio cultural   povos indígenaspatrimônio cultural   povos indígenas
patrimônio cultural povos indígenasprimeiraopcao
 
Mitologia dos orixás
Mitologia dos orixásMitologia dos orixás
Mitologia dos orixásprimeiraopcao
 
Desigualdades raciais no brasil
Desigualdades raciais no brasilDesigualdades raciais no brasil
Desigualdades raciais no brasilprimeiraopcao
 
Desigualdades raciais
Desigualdades raciaisDesigualdades raciais
Desigualdades raciaisprimeiraopcao
 
A igualdade que não veio
A igualdade que não veioA igualdade que não veio
A igualdade que não veioprimeiraopcao
 
como fazer sequência didática
como fazer sequência didáticacomo fazer sequência didática
como fazer sequência didáticaprimeiraopcao
 

Mais de primeiraopcao (20)

A desigualdade racial
A desigualdade racialA desigualdade racial
A desigualdade racial
 
Educação a distância: conceitos e história no Brasil e no mundo
Educação a distância: conceitos  e história no Brasil e no mundoEducação a distância: conceitos  e história no Brasil e no mundo
Educação a distância: conceitos e história no Brasil e no mundo
 
Disciplina: construção da disciplina consciente e interativa em sala de aula ...
Disciplina: construção da disciplina consciente e interativa em sala de aula ...Disciplina: construção da disciplina consciente e interativa em sala de aula ...
Disciplina: construção da disciplina consciente e interativa em sala de aula ...
 
Indisciplina escolar: diferentes olhares teóricos
Indisciplina escolar: diferentes olhares teóricosIndisciplina escolar: diferentes olhares teóricos
Indisciplina escolar: diferentes olhares teóricos
 
Os motivos da indisciplina na escola: a perspectiva dos alunos
Os motivos da indisciplina na escola: a perspectiva dos alunosOs motivos da indisciplina na escola: a perspectiva dos alunos
Os motivos da indisciplina na escola: a perspectiva dos alunos
 
Os desafios da indisciplina em sala de aula e na escola
Os desafios da indisciplina em sala de aula e na escolaOs desafios da indisciplina em sala de aula e na escola
Os desafios da indisciplina em sala de aula e na escola
 
Direitos e-normas-disciplinares-dos-alunos
Direitos e-normas-disciplinares-dos-alunosDireitos e-normas-disciplinares-dos-alunos
Direitos e-normas-disciplinares-dos-alunos
 
11 cultura afro brasileira e cultura indígena
11 cultura afro brasileira e cultura indígena11 cultura afro brasileira e cultura indígena
11 cultura afro brasileira e cultura indígena
 
08 as tecnologias de comunicação e a construção do conhecimento em comunidade...
08 as tecnologias de comunicação e a construção do conhecimento em comunidade...08 as tecnologias de comunicação e a construção do conhecimento em comunidade...
08 as tecnologias de comunicação e a construção do conhecimento em comunidade...
 
07 aperfeiçoamento em estudos indígenas
07 aperfeiçoamento em estudos indígenas07 aperfeiçoamento em estudos indígenas
07 aperfeiçoamento em estudos indígenas
 
05 cultura e identidades indígenas
05 cultura e identidades indígenas05 cultura e identidades indígenas
05 cultura e identidades indígenas
 
patrimônio cultural povos indígenas
patrimônio cultural   povos indígenaspatrimônio cultural   povos indígenas
patrimônio cultural povos indígenas
 
Cantigas infantis
Cantigas infantisCantigas infantis
Cantigas infantis
 
Receitas africanas
Receitas africanasReceitas africanas
Receitas africanas
 
Contos africanos
Contos africanosContos africanos
Contos africanos
 
Mitologia dos orixás
Mitologia dos orixásMitologia dos orixás
Mitologia dos orixás
 
Desigualdades raciais no brasil
Desigualdades raciais no brasilDesigualdades raciais no brasil
Desigualdades raciais no brasil
 
Desigualdades raciais
Desigualdades raciaisDesigualdades raciais
Desigualdades raciais
 
A igualdade que não veio
A igualdade que não veioA igualdade que não veio
A igualdade que não veio
 
como fazer sequência didática
como fazer sequência didáticacomo fazer sequência didática
como fazer sequência didática
 

Último

PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfPRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfprofesfrancleite
 
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdfA QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdfAna Lemos
 
Slide - EBD ADEB 2024 Licao 02 2Trim.pptx
Slide - EBD ADEB 2024 Licao 02 2Trim.pptxSlide - EBD ADEB 2024 Licao 02 2Trim.pptx
Slide - EBD ADEB 2024 Licao 02 2Trim.pptxedelon1
 
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.
Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.Mary Alvarenga
 
PROJETO DE EXTENÇÃO - GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS.pdf
PROJETO DE EXTENÇÃO - GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS.pdfPROJETO DE EXTENÇÃO - GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS.pdf
PROJETO DE EXTENÇÃO - GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS.pdfHELENO FAVACHO
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdfPROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdfHELENO FAVACHO
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia TecnologiaPROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia TecnologiaHELENO FAVACHO
 
atividades_reforço_4°ano_231206_132728.pdf
atividades_reforço_4°ano_231206_132728.pdfatividades_reforço_4°ano_231206_132728.pdf
atividades_reforço_4°ano_231206_132728.pdfLuizaAbaAba
 
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdfplanejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdfmaurocesarpaesalmeid
 
apostila projeto de vida 2 ano ensino médio
apostila projeto de vida 2 ano ensino médioapostila projeto de vida 2 ano ensino médio
apostila projeto de vida 2 ano ensino médiorosenilrucks
 
matematica aula didatica prática e tecni
matematica aula didatica prática e tecnimatematica aula didatica prática e tecni
matematica aula didatica prática e tecniCleidianeCarvalhoPer
 
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de..."É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...Rosalina Simão Nunes
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...HELENO FAVACHO
 
Projeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdf
Projeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdfProjeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdf
Projeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdfHELENO FAVACHO
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdfPROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdfHELENO FAVACHO
 
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Ilda Bicacro
 
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividadesRevolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividadesFabianeMartins35
 
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdfLeloIurk1
 
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdfPROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdfHELENO FAVACHO
 

Último (20)

PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfPRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
 
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdfA QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdf
 
Slide - EBD ADEB 2024 Licao 02 2Trim.pptx
Slide - EBD ADEB 2024 Licao 02 2Trim.pptxSlide - EBD ADEB 2024 Licao 02 2Trim.pptx
Slide - EBD ADEB 2024 Licao 02 2Trim.pptx
 
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.
Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.
 
PROJETO DE EXTENÇÃO - GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS.pdf
PROJETO DE EXTENÇÃO - GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS.pdfPROJETO DE EXTENÇÃO - GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS.pdf
PROJETO DE EXTENÇÃO - GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS.pdf
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdfPROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdf
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia TecnologiaPROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
 
atividades_reforço_4°ano_231206_132728.pdf
atividades_reforço_4°ano_231206_132728.pdfatividades_reforço_4°ano_231206_132728.pdf
atividades_reforço_4°ano_231206_132728.pdf
 
Aula sobre o Imperialismo Europeu no século XIX
Aula sobre o Imperialismo Europeu no século XIXAula sobre o Imperialismo Europeu no século XIX
Aula sobre o Imperialismo Europeu no século XIX
 
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdfplanejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
 
apostila projeto de vida 2 ano ensino médio
apostila projeto de vida 2 ano ensino médioapostila projeto de vida 2 ano ensino médio
apostila projeto de vida 2 ano ensino médio
 
matematica aula didatica prática e tecni
matematica aula didatica prática e tecnimatematica aula didatica prática e tecni
matematica aula didatica prática e tecni
 
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de..."É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
 
Projeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdf
Projeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdfProjeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdf
Projeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdf
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdfPROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdf
 
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
 
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividadesRevolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
 
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf
 
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdfPROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO - EDUCAÇÃO FÍSICA BACHARELADO.pdf
 

03 chapeuzinho vermelho negra

  • 1. Revista África e Africanidades - Ano 2 - n. 8, fev. 2010 - ISSN 1983-2354 www.africaeafricanidades.com Revista África e Africanidades - Ano 2 - n. 8, fev. 2010 - ISSN 1983-2354 www.africaeafricanidades.com E quem disse que Chapeuzinho Vermelho não pode ser negra? Paulo de Tássio Borges da Silva1 Pedagogo, especialista em Sociologia E-mail: paulo_tassio@correios.net.br RESUMO: A presente tessitura nasce a partir de uma experiência vivenciada num espaço educativo não-formal com crianças de idade entre 5 e 6 anos. O trabalho teve como objetivo problematizar o preconceito racial presente nos contos infantis e provocar uma desconstrução do mesmo a partir das vozes, dos gestos, olhares e performances das crianças. O mesmo se desenvolveu na perspectiva qualitativa sob o enfoque etnográfico, utilizando-se da metodologia do teatro aplicado à educação. PALAVRAS-CHAVES: Educação não-formal; criança; conto infantil. ABSTRACT: This fabric comes from an experience within a non-formal education to children aged between 5 and 6 years. The work aims to discuss the racial bias present in children’s stories and cause deconstruction of it from the voices, gestures, looks and performances of children. The same is developed in a qualitative way in the ethnographic approach, using the methodology applied to the theater education. KEY- WORDS: Non-formal education; children; children’s story. “As pessoas grandes não compreendem nada sozinhas, e é cansativo, para as crianças, estar toda hora explicando”. (SAINT- EXUPÉRY, Antoine de. O Pequeno Príncipe) 1 Pesquisador do Núcleo de Pesquisa em Educação, Educação Escolar Indígena e Interculturalidade: Experiências entre os Povos indígenas Tupinambá, Pataxó e Pataxó Hã Hã Hãe e do Órgão de Educação e Relações Étnicas com Ênfase em Culturas Afro-Brasileiras - ODEERE da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia -UESB.
  • 2. Revista África e Africanidades - Ano 2 - n. 8, fev. 2010 - ISSN 1983-2354 www.africaeafricanidades.com Revista África e Africanidades - Ano 2 - n. 8, fev. 2010 - ISSN 1983-2354 www.africaeafricanidades.com Introdução A desconstrução do preconceito racial contra o (a) afrodescendente é desafio que se faz latente em diferentes espaços e tempos. Nessa perspectiva, o presente artigo tem como objetivos problematizar o preconceito racial presente nos contos infantis e provocar a desconstrução do mesmo a partir das vozes, dos gestos, olhares e performances das crianças. Para o desenvolvimento do trabalho foi apropriado o conceito de cultura problematizado por Gueertz (1989) e Thompson (1988). Cultura esta não como algo fixo, estático, legitimado e neutro; mas como uma rede de significados construídos na cotidianidade, nas vozes e nos gestos ativos e até mesmo naqueles que parecem conformados. Na compreensão dos olhares, das vozes, dos gestos e silêncios das crianças foi utilizada a antropologia da criança. Por entender que as mesmas não são seres em miniaturas, mas sujeitos sociais, protagonistas do seu processo histórico, social e cultural. Metodologicamente o trabalho se desenvolve na perspectiva qualitativa sob o enfoque etnográfico. Neste sentido, Cohn nos salienta que “[...] usando-se da etnografia, um estudioso das crianças pode observar diretamente o que elas fazem e ouvir delas o que tem a dizer sobre o mundo” (CONH, 2005, p. 10). Contexto da Pesquisa A Organização Não Governamental Asas da Esperança e Liberdade (ONG ASELIAS) fica localizada no bairro Tancredo Neves, no município de Teixeira de Freitas, no Extremo Sul da Bahia. O mesmo é um bairro periférico, tido como um dos mais violentos e marginalizados do município. A ONG ASELIAS foi constituída em 17 de dezembro de 2001, pela parceria entre o Centro Missionário Italiano, o Frade franciscano Elias Hoiiji, a Pastoral da Juventude, a Pequena Fraternidade Franciscana de Santa Isabel da Hungria e a Universidade do Estado da Bahia - Departamento de Educação - Campus X, com as docentes Maria Mavanier Assis Siquara e Olga Suely Soares de Souza, onde começou suas atividades em abril de 2002. A mesma nasceu com a finalidade de atender crianças e adolescentes a partir dos 6 anos em situação de risco, promover o desenvolvimento humano e a integração das mesmas com projetos de reforço escolar, atividades esportivas, de lazer e artesanato. Cabe aqui evidenciar, que uma criança em situação de risco é aquela que não possui seu desenvolvimento esperado para sua faixa etária de acordo com os parâmetros de sua cultura (BANDEIRA, KOLLER, HUTZ,FORSTER 1996). Desta forma, o risco poderá ser físico, social e psicológico. Nesta perspectiva, é válido salientar que o advento das ONG’s no Brasil surgiu no final dos anos 70, onde a combinação do modelo econômico-político fordista/ keynesiano se exauria, dando lugar as empresas informatizadas e terceirizadas. Neste mesmo contexto se discutia a organização dos movimentos populares, sindicais urbanos e rurais e Comunidades Eclesiais de Base- CEB’s, onde nasceu a ONG ASELIAS.
  • 3. Revista África e Africanidades - Ano 2 - n. 8, fev. 2010 - ISSN 1983-2354 www.africaeafricanidades.com Revista África e Africanidades - Ano 2 - n. 8, fev. 2010 - ISSN 1983-2354 www.africaeafricanidades.com Relato Etnográfico A oficina se desenvolvia numa tarde nas dependências da ONG ASELIAS, ao chegar e explicar sobre a atividade daquela tarde, logo se formou um alvoroço com as crianças. Era possível ver os olhos brilharem e os sorrisos estampados nos rostos. Era a atividade que eles mais gostavam, fazer teatro. Conversamos e decidimos em conjunto que iríamos recontar a história da chapeuzinho vermelho, em poucos minutos, algumas crianças começaram a contar a história da chapeuzinho vermelho como aprenderam na escola e em outros espaços. Todos estavam empenhados na produção do cenário e nas vestimentas dos atores e atrizes. Mas e agora, quem serão os (as) personagens? O impasse estava feito, logo Mariana gritou! “Eu quero ser a chapeuzinho vermelho” e Elivelto do outro lado. “Eu quero ser o lobo”! Se aproximando de mim veio Aninha dizendo alto e fazendo “bicos”: “Eu quero ser a chapeuzinho vermelho, por que nunca deixam eu ser nada”? Levei para o debate com as crianças que Aninha gostaria de ser a chapeuzinho vermelho, então teríamos que decidir coletivamente quem faria esta personagem. Ouvindo as crianças, um comentário me chamou atenção e mudou todo o planejamento da oficina. Eis a fala de uma das crianças: “Aninha não pode ser chapeuzinho vermelho porque ela é negra, não existe chapeuzinho negra, então quem tem que ser chapeuzinho é Mariana porque é branca”. Ao ouvirem esta fala de Amanda, as crianças começaram a dizer: “é verdade, não existe chapeuzinho negra”. Aninha chateada, cruzou os braços com os olhos cheio de água e franzindo os lábios disse: “Mas mesmo assim eu queria ser a chapeuzinho vermelho”. O debate não cessava, então resolvi problematizar um pouco dizendo: “Mas quem disse que não existe chapeuzinho negra e por que não existe?” Algumas crianças diziam: “Não sei porque, mas sei que não existe!”, outra disse: “É porque ela vai ficar muito feia com vermelho!” Problematizando mais um pouco questionei o comportamento da crianças. “O que é isto que vocês estão fazendo com Aninha? Como se chama? Está certo ou errado?” Logo algumas crianças responderam: “isto é preconceito tio e não está certo!”. Ao ouvir estas palavras me enchi de alegria e contentamento e logo dei uma sugestão. “Vamos fazer uma história diferente?” Passando alguns minutos, o elenco estava formado e tinha Aninha como chapeuzinho vermelho e Mariana como amiga da Chapeuzinho Vermelho, Elivelton como lobo e Fabrício como amigo do lobo, dentre outros personagens que entraram no teatro. Na encenação, Aninha parecia estar num momento mágico, era enorme seu sorriso e alegria atuando diante dos (as) colegas (as). O teatro ocorreu de maneira fantástica! Cumprindo com sua função de alegrar, diverti e questionar.
  • 4. Revista África e Africanidades - Ano 2 - n. 8, fev. 2010 - ISSN 1983-2354 www.africaeafricanidades.com Revista África e Africanidades - Ano 2 - n. 8, fev. 2010 - ISSN 1983-2354 www.africaeafricanidades.com O Teatro e a Educação Os primeiros trabalhos realizados com o teatro em educação são da década de 1970, realizados por Viola Spolin (1992). Sploin (1992) dedicou-se quase três décadas de pesquisa junto a crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos nos Estados Unidos. Adotando uma pedagogia a partir dos jogos teatrais Spolin (1992) tinha como objetivo libertar as crianças e todos (as) envolvidos (as) em suas oficinas, de comportamentos do teatro de palco, mecânicos, sem autonomia e sem vida, o que resultou em um grande trabalho em linguagem teatral para escolas, associações comunitárias, ONG’s, companhias teatrais, etc. Sua base pedagógica é o teatro de improviso, que teve grande repercussão no Brasil a partir dos anos 70, com a utilização dos seus jogos teatrais pelo grupo de pesquisa da USP em Teatro- educação. A oficina de teatro realizada na ONG ASELIAS se insere nos jogos teatrais para não atores desenvolvido por Boal na perspectiva do teatro do oprimido. Para Boal, o teatro do oprimido é estético, onde se trabalha não apenas o teatro, mas outros tipos de arte que desmecanizam fisicamente e intelectualmente seus participantes. A perspectiva do teatro do oprimido surge no final dos ano 50 e início dos anos 60, num contexto histórico, político e cultural em que o Partido Comunista Brasileiro (PCB) tinha alcançado prestígio social, com apoio de intelectuais e artistas da época. Primeiro nasce em forma de teatro jornal, tendo como objetivo tratar dos problemas sociais. É a metodologia do teatro do oprimido, não fixa e cartesiana criada por Boal que permite os (as) participantes um envolvimento sem travas, onde quem atua leva o todo de si para a cena, misturando-se em emaranhados de realidades. Observando o teatro das crianças, um teatro totalmente fora da convencionalidade teatral era visível perceber a transformação que se dava com o grupo, sendo importante dizer que tais transformações ocorreram com seus diálogos, no ir e vir do questionamento um do outro. A desconstrução do conto “A chapeuzinho vermelho” e a reconstrução pelas crianças da ONG ASELIAS remodelou e criou novos padrões estéticos. Observando a confecção das vestes e o momento da maquiagem feito pelas crianças era possível ver um diálogo e respeito à alteridade, onde a cor da pele, o cabelo crespo e/ou liso não possuía grandes significados. Acerca da estética negra, o estudo desenvolvido por Domingues (1915), junto à população negra de São Paulo no período de 1915-1930 mostra que a ideologia do branqueamento expressa o modelo branco como padrão de beleza. Neste sentido, o alisamento do cabelo era motivo de felicidade do (a) negro (a), uma vez que estaria realizado um sonho inculcado por diferentes instituições. Segundo Domingues (1915), o branqueamento iria além dos produtos de alisamento que até hoje possuem grandes influências e ditam padrões de beleza, a cor da pele sendo definidora de raça no Brasil levou a comercialização de produtos que prometiam transformar o negro em branco com a despigmentação. É notório que o estudo de Domingues (1915) se faz contemporâneo, uma vez que ainda se verifica legitimado um padrão de beleza que perpassa o domínio do cabelo crespo, segregando pessoas e definindo papeis.
  • 5. Revista África e Africanidades - Ano 2 - n. 8, fev. 2010 - ISSN 1983-2354 www.africaeafricanidades.com Revista África e Africanidades - Ano 2 - n. 8, fev. 2010 - ISSN 1983-2354 www.africaeafricanidades.com Criança X Infância Ao se trabalhar com criança é preciso ter em mente a diferença entre criança e infância. É preciso saber que a infância não é um modo universal de pensar a criança. Segundo Philppe Ariés a infância é uma construção social e histórica do ocidente, ela foi sendo construída em diferentes espaços e tempos em que a configuração familiar sofreu inúmeras mudanças. Neste sentido, a infância pode ou não existir, ou existir de outros modos nas diferentes culturas. Poderíamos então perguntar o que é ser criança e até onde vai à infância para os moradores do bairro Tancredo Neves, onde está localizado a ONG ASELIAS. Em uma realidade em que as composições familiares não são legitimadas como algum tempo atrás, ou para outras famílias da classe média em que a infância se resume como espaço de crescimento para brincar, fazer aulas de piano, natação, inglês ir ao cinema, teatro, etc., perceber que a infância das crianças da ONG ASELIAS se dá em meio a atividades tidas como adultas como o cuidado com a casa, com os irmãos, o trabalho na feira, dentre outras atividades realizadas com os seus para o sustento material da família é uma tarefa necessária, uma vez que não se podem exigir os mesmos padrões para diferentes realidades culturais e sociais. É claro, que não se pode relativizar todos os aspectos, a criança como tal não é um adulto, e tem necessidades e desejos particulares, logo se precisam respeitar seus direitos à educação, saúde, lazer e etc.. Nessa perspectiva, a noção de atividades a serem feitas por crianças e a finalização da infância é particular a cada cultura, grupo e/ou classe social. A Criança como Protagonista Entender que a criança é um ser dotado de capacidade para ser e estar em determinada sociedade, enxergando-a além da visão adultocêntrica “é entender que, onde quer que esteja, ela interage ativamente com os adultos e as outras crianças, com o mundo, sendo parte importante na consolidação dos papéis que assume e de suas relações” (COHN, 2005, p. 28). Ir além da idéia que as crianças são “adultos em miniatura” é parte fundamental na construção de seres humanos autônomos, criativos e participativos em uma sociedade em que se vela a infância sob um único olhar, o olhar do colonizador ocidental, que não dá mais conta das diversidades de crianças e consequentemente das mais variadas concepções de infância no território brasileiro. Nesta perspectiva, cabe perguntar: Para que concepção de infância e para quais crianças estão as políticas públicas brasileiras? Sob quais aspectos e culturas está sendo a educação infantil em nosso país? Há respeito para com as histórias e as culturas dos diferentes povos que habitam em nosso território? Responder tais questionamentos não seria possível de uma hora para outra, mas é um desafio que se faz latente em nosso país, em particular, no nosso sistema educativo. Rever os currículos das licenciaturas, que até então reproduzem teorias fechadas de gabinete pode ser o primeiro passo nesta caminhada em que a criança negra, índia, judia, cigana, filha de mãe solteira, de pai solteiro, de casais homossexuais e de avós seja respeitada em suas particularidades, como crianças que são e não que virão ser. Entender que as crianças não são “menores” que os adultos e
  • 6. Revista África e Africanidades - Ano 2 - n. 8, fev. 2010 - ISSN 1983-2354 www.africaeafricanidades.com Revista África e Africanidades - Ano 2 - n. 8, fev. 2010 - ISSN 1983-2354 www.africaeafricanidades.com que são produtoras de culturas e significados é um fator crucial no trabalho com crianças em qualquer grupo étnico e social. Considerações Finais O trabalho educativo popular não-formal sem dúvida alguma é um dos mais gratificantes. O dialogo com crianças de classes populares possibilita um confronto com teorias educativas que em nada dizem acerca de tais realidades. Realidades estas que o currículo das licenciaturas, os livros didáticos, os contos infantis, dentre outros dispositivos pedagógicos educativos se tornam frágeis. A oficina realizada na ONG ASELIAS revela o quanto o preconceito e as representações negativas acerca do (a) afrodescendente ainda é latente. Construir dispositivos de desconstrução e dialogo onde esteja em palco o debate sobre este preconceito velado historicamente é um compromisso de todo educador que tenha como concepção educativa o respeito à vida com suas diferenças. A metodologia do teatro em educação, este teatro que não engessa, mas aquele que dá autonomia aos corpos e à criatividade daquele (a) que atua é capaz de ser um dispositivo de libertação e emancipação humana. O ato de estar atento às dinâmicas que ocorrem em espaços educativos formais e não-formais é uma das atribuições que se espera do (a) educador (a) reflexivo (a) e pesquisador (a). Neste sentido, a etnografia pode vir a ser uma metodologia interessante de pesquisa em educação, sendo importante dizer que tal etnografia não deve ser algo como aquele que apenas observa e anota, a etnografia só ganha formato de vida e pesquisa quando a mesma dialoga com os seus, ou seja se constrói no coletivo, ao contrário disto ela não passará de um olhar externo de um amontoado de fatos. Autorizada a citação e/ou reprodução deste texto, desde que não seja para fins comerciais e que seja mencionada a referência que segue. Favor alterar a data para o dia em que acessou-o: SILVA, Paulo de Tássio Borges da. Marias E quem disse que Chapeuzinho Vermelho não pode ser negra? Revista África e Africanidades, Rio de Janeiro, ano 2, n. 8, fev. 2010. Disponível em: <http://www.africaeafricanidades.com/documentos/Chapeuzinho_vermelho_ne gra.pdf>. Acesso em: 31 jan. 2010.
  • 7. Revista África e Africanidades - Ano 2 - n. 8, fev. 2010 - ISSN 1983-2354 www.africaeafricanidades.com Revista África e Africanidades - Ano 2 - n. 8, fev. 2010 - ISSN 1983-2354 www.africaeafricanidades.com Referências ANDRÉ, Marli E.D.A. ; LÜDKE, Menga. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: Pedagógica e Universitária, 1986. BANDEIRA, D.; KOLLER, S. H.; HUTZ, C.; FORSTER, L. Desenvolvimento psico- social e profissionalização: uma experiência com adolescentes de risco. Psicologia: Reflexão e Crítica, n. 9, 1996. BOAL, Augusto. 200 exercícios e jogos para o ator e o não-ator com vontade de dizer algo através do Teatro. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1983. CHIZOTTI, A. A Pesquisa em Ciências Humanas e Sociais. São Paulo: Cortez, 1991. COHN, Clarice. Antropologia da Criança. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005. FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 22 ed.. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1970. GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: LTC, 1989. JAPIASSU, Ricardo Ottoni Vaz. Jogos teatrais na escola pública. Rev. Fac. Educ. [online]. 1998. v. 24, n.2. SPOLIN,Viola. Improvisação para o teatro. São Paulo: Perspectiva, 1992. THOMPSON, E. P. Costumes em comum: estudos sobre a cultura popular tradicional. 2 ed. São Paulo: Schwarcz, 1988.