3. APRESENTAÇÃO
Os pássaros, antes de saberem voar, aprendem a se apoiar sobre os seus
pés”. (Rubem Alves)
O fim do século XX e o desabrochar do século XXI trazem
profundas transformações que acometem a estrutura social
contemporânea. A acentuação do processo de globalização possibilita o
surgimento e disseminação de novas formas de pensar e agir, bem como
altera a dinâmica de conexão global.
Outrossim, a educação também perpassa por um processo de
céleres mudanças. Notadamente com a evolução das Tecnologias de
Informação e Comunicação (TICs), emerge-se um ambiente propício ao
desenvolvimento de diversificados instrumentos educacionais e de novas
práticas pedagógicas.
Nesse cenário, o Programa de Formação Continuada Mídias na
Educação ocupa posição de destaque, na medida em que objetiva
preparar o professor para a efetivação de um ensino de qualidade, crítico
e reflexivo, através da utilização e inserção das mídias em sua atividade
cotidiana. Com o explorar dos recursos midiáticos, a prática docente é
aquilatada e o processo de ensino-aprendizagem ressignificado. As
fronteiras espaço-temporais são ultrapassadas e o aprendizado
oportunizado pela construção coletiva dos conhecimentos torna a sala de
aula muito mais atraente.
É esta conjuntura de transformação e preocupação com os saberes
construídos que visualizamos nos cursistas do Programa ofertado em nossa
Universidade. Cada um desses profissionais que aqui se qualificou
demonstra competência técnica, humana e ética para continuar trilhando
itinerários perenes no campo da educação. Os trabalhos apresentados
neste livro atestam o desenvolvimento pessoal evidenciado ao longo do
curso, assim como o eclodir de sujeitos, cidadãos, comprometidos com o
trabalho e com a criação de um futuro melhor para todos.
Assim, temos convicção de que apresentamos à sociedade, profissionais
preparados para o complexo e essencial desafio que reside no ato de
educar e, concomitantemente, de ser educado. Parabéns a todos que
envidaram e envidam diuturnamente esforços para a realização deste
curso e para a construção de um mundo melhor.
Professora Maria Ivete Soares de Almeida
Vice-Reitora/Unimontes
MÍDIAS NA EDUCAÇÃO:
PRÁTICA PEDAGÓGICA RENOVADA
FONSECA, Gildette Soares1
REIS, Tyellen Sany Cruz dos2
RIOS, Clitien Alice Meira3
INTRODUÇÃO
A educação escolar no Brasil tem se tornado assunto de
várias discussões e ações com o intuito de melhorar a qualificação
do professor, para que este desenvolva atividades que oportunize
aprendizagem significativa para o cotidiano do estudante.
Neste contexto, este artigo tem por objetivo refletir sobre a
importância do Programa de Formação Continuada em Mídias na
Educação para o processo de educação continuada de professores
e, especialmente, para o ensino/aprendizagem de estudantes da
educação básica. Para tanto, fizemos uma pesquisa bibliográfica
1 Professora do Departamento de Geociências da Universidade Estadual de Montes Claros –
UNIMONTES. Doutoranda em Geografia – PUC/MG. Mestre em Geografia – PUC/SP. Especialista
em Geografia e Meio Ambiente – UNIMONTES. Atuou como Coordenadora dos Ciclos Intermediário
e Avançado – 3ª Edição – Complementação do Programa de Formação Continuada em Mídias na
Educação.
2 Professora Formadora do Programa de Formação Continuada em Mídias na Educação
– Unimontes. Especialista em Mídias na Educação. Atuou como Coordenadora de Tutoria do
Programa Mídias na Educação de 2009 a 2012.
3 Professora do Departamento de Comunicação e Letras da Unimontes. Especialista em
Linguística Aplicada ao Ensino do Português. Atuou como Coordenadora do Programa de
Formação Continuada em Mídias na Educação de 2010 a 2012.
5
4. Prática Pedagógica Renovada
Mídias na Educação
e consideramos, ainda, a nossa experiência no referido Programa.
O Programa Mídias na Educação funciona na modalidade a
distância de ensino, contribuindo para o aperfeiçoamento tanto
pedagógico quanto técnico do docente, no uso das tecnologias de
informação e comunicação, tais como: TV/Vídeo, Informática,
Rádio e Material Impresso, tendo como público-alvo prioritário
os professores da Educação Básica da rede pública de ensino.
O Programa foi desenvolvido pela Secretaria de Educação a
Distância (SEED), em parceria com as Secretarias Municipais de
Educação e Universidades Públicas.
Em 2009 houve migração do Programa da SEED para a
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES), passando a se beneficiar da estrutura da Universidade
Aberta do Brasil (UAB). Assim, em 2010, o programa passa a
ser ofertado no âmbito do Plano Nacional de Formação de
Professores das Redes Públicas de Ensino pela UAB/DED/CAPES,
sendo reestruturado para se adequar aos níveis e parâmetros
da UAB/DED/CAPES. Os autores reformularam os três cursos
que constituíam ciclos de estudos: Básico (120h), Intermediário
(60h) e Avançado (180h), em dois formatos independentes: o
Curso de Extensão em Mídias na Educação (120h) e o Curso de
Especialização em Mídias na Educação (360h).
Ao ingressar em um curso de especialização entendemos
que o profissional busca uma formação continuada, o que nos leva
a concordar com Tomini (2011, p.23): “As dificuldades produzidas
pela formação inicial dos professores têm sido supridas a partir
da formação continuada, ocasião em que, já lecionando, são
orientados a participarem de seminários, congressos, palestras,
oficinas, atividades voltadas à educação etc”.
Pensamos que a responsabilidade com a prática pedagógica,
a boa experiência e os resultados adquiridos com os trabalhos
realizados impulsionarão estes professores a continuarem
inovando e ampliando as possibilidades de aprender e ensinar.
Sabemos que o exercício da docência é repleto de
desafios, mas, também, é o ofício onde se percebe o crescimento
intelectual e emocional do estudante quando desenvolvemos
um trabalho de qualidade. O docente da educação básica é o
formador de todos os demais profissionais da sociedade, o que
pode ser entendido com grande mérito, pois contribui com o
processo de amadurecimento e engrandecimento do ser humano,
Palavras-chave: Educação Básica. Mídias na Educação.
Aprendizagem. Professores. Alunos.
DESENVOLVIMENTO
No transcorrer do Programa Mídias na Educação, pudemos
observar que os professores-cursistas participantes, apesar das
dificuldades enfrentadas, obtiveram ótimos resultados para a
sua vida profissional e, consequentemente, para a aprendizagem
dos alunos, pois o programa possibilita a ampliação do trabalho
docente em sala de aula, transformando os saberes adquiridos
em novas perspectivas de aprendizagem. Acompanhamos
diversos trabalhos desenvolvidos pelos professores que podemos
considerar inovadores dentro das escolas, construídos a partir do
curso Mídias na Educação, como: elaboração de blog’s, escrita de
livros, produção de vídeos, confecção de revistas, jornais, entre
outros.
Na contemporaneidade, a sociedade convive com grandes
transformações em todos os âmbitos. As informações circulam
com tamanha rapidez que temos a sensação que não vamos dar
conta de processar, assimilar e compreender. Neste contexto,
os profissionais da educação escolar no Brasil, responsáveis pela
formação de cidadãos críticos, agentes ativos se veem temerosos,
pois as gerações de estudantes já nascem dentro do “mundo da
tecnologia”, enquanto alguns professores não têm domínio do
mouse.
6
7
Destarte, é necessário que o docente tenha ótima formação
acadêmica, ética, didática, criatividade, vontade de aprimorar
seus conhecimentos e que o ambiente escolar disponibilize
5. Prática Pedagógica Renovada
Mídias na Educação
recursos didáticos para desenvolver seu trabalho com qualidade,
ou seja, são muitos os fatores que devem estar atrelados. O livro
didático, o quadro negro, o giz, cópias de exercícios e ou textos
não são suficientes para atrair a atenção dos estudantes.
Freire (2001, p. 20) afirma:
Pensar na História como possibilidade é reconhecer a
educação também como possibilidade. É reconhecer
que se ela, a educação, não pode tudo, pode alguma
coisa. Sua força, como costumo dizer, reside na sua
fraqueza. Uma de nossas tarefas como educadores e
educadoras, é descobrir o que historicamente pode ser
feito no sentido de contribuir para a transformação do
mundo, de que resulte um mundo mais “redondo”, menos arestoso, mais humano, e em que se prepare a materialização da grande utopia: Unidade na Diversidade.
Promover uma educação escolar que respeite a diversidade
cultural e ao mesmo tempo reduza as desigualdades sociais
tornou-se desafio de governantes e da comunidade escolar. No
Brasil, parte da sociedade entende a real necessidade de reverter
o quadro caótico da educação escolar estabelecido, mas cabe ao
educador o maior encargo. Cury (2008, p. 42) salienta:
Se um professor não conseguir provocar a inteligência
dos alunos durante sua exposição, ele não o educou. O
que é mais importante na educação: a dúvida ou a resposta? Muitos pensam que é a resposta. Mas a resposta
é uma das maiores armadilhas intelectuais. Quem determina o tamanho da resposta é o tamanho da dúvida.
A dúvida nos provoca muito mais do que a resposta.
O professor precisa, antes de tudo, estar capacitado para
instigar o educando, nas palavras de Passini (1998, p.73):
O professor é o parceiro mais importante no processo
de aprendizagem, pois ele pode incitar o grupo de alunos ao aprendizado, desafiá-los a serem pesquisadores
permanentes, como pode também ser o responsável
pela amputação intelectual, desistência e desânimo de
uma turma inteira.
O processo de aprendizagem é constante, fato que faz
do professor eterno aprendiz, ao planejar as aulas, faz leituras,
pesquisa novas formas de ensinar, utiliza a criatividade para
atender os estudantes. Libâneo (2002, p. 6) afirma que:
O papel do professor, portanto é o de planejar, selecionar e organizar os conteúdos, programar tarefas,
criar condições de estudo dentro da classe, incentivar
os alunos, ou seja, o professor dirige as atividades de
aprendizagem dos alunos a fim de que estes se tornem
sujeitos ativos da própria aprendizagem. Não há ensino
verdadeiro se os alunos não desenvolvem suas capacidades e habilidades mentais, se não assimilam pessoal
e ativamente os conhecimentos ou se não dão conta de
aplicá-los, seja nos exercícios e verificações feitos em
classe, seja na prática da vida.
As habilidades e competências desenvolvidas pelo estudante
perpassam pelo trabalho do professor. Para White (2002, p.4) os
professores que tornam, “[...] seu objetivo educar os alunos de
maneira que estes vejam e sintam estar neles próprios o poder de
formar homens e mulheres de sólidos princípios, habilitados para
qualquer posição na vida, são os mestres mais úteis e de êxito
permanente”.
Marques (1992, p.163) afirma:
Não se trata de formar um profissional fechado no seu
casulo de um saber exclusivo e autossuficiente, mas de
formar, no profissional, o homem da competência comunicativa, que construa seu saber no diálogo fecundo
e provocador e no serviço à sociedade ampla e plural,
no mundo da vida compartilhando entre os iguais.
Nesta perspectiva, o docente da educação básica é
formador diretamente de todos os demais profissionais da
sociedade, o que pode ser entendido com o privilégio, pois
contribui com o processo de amadurecimento e engrandecimento
do ser humano. Especialmente aqueles professores que fazem
questão de buscarem novos conhecimentos.
Cury (2008, p. 93) comenta: “Os professores devem
8
9
6. Prática Pedagógica Renovada
Mídias na Educação
superar o vício de transmitir o conhecimento pronto como se
fossem verdades absolutas.” Acreditamos que o docente pode
sobrepujar todas as barreiras e promover a construção do saber
com o estudante.
[...] no processo de aprendizagem, só aprende verdadeiramente aquele que se apropria do aprendido,
transformando-o em apreendido, com o que pode, por
isso mesmo, reinventá-lo; aquele que é capaz de aplicar o aprendido-apreendido a situações existenciais
concretas. Pelo contrário, aquele que é “enchido” por
outros de conteúdos cuja inteligência não percebe, de
conteúdos que contradizem a própria forma de estar
em seu mundo, sem que seja desafiado, não aprende
(FREIRE 1983, p.7).
São muitas as alternativas para o aprimoramento do
docente na contemporaneidade, mas os cursos voltados para o
aprendizado das novas ferramentas tecnológicas são, sem dúvida,
necessários e muito atraentes. Saber fazer uso adequadamente de
jogos interativos; da televisão; do aparelho de DVD; do projetor
de multimídia; do micro system; da mídia impressa (jornais,
revistas, textos); da internet, que oferece site de pesquisa,
blog, imagens de satélites [...], entre outros é uma ferramenta
interessante para promover uma aprendizagem prazerosa.
Nesta perspectiva, Moran (2000, p. 23) argumenta
Que fatores podem nos levar a aprender melhor e de
forma mais prazerosa? Aprendemos melhor quando vivenciamos, experimentamos, sentimos. Aprendemos
quando relacionamos, estabelecemos vínculos, laços
entre o que estava solto, caótico, disperso, integrando-o em um novo contexto, dando-lhe significado, encontrando um novo sentido.
Com o Programa de Formação Continuada em Mídias na
Educação obtivemos resultados extremamente significativos na
Universidade Estadual de Montes Claros. Foi atendido um público
aproximado de 1.502 cursistas, conforme nos apresenta o Quadro I.
10
QUADRO I - CURSISTAS MATRICULADOS POR ANO
ANO
2007
2008
2009
2011
Nº. MATRICULADOS
193
343
484
482
Fonte: Sistema de Gestão Questionário de Avaliação - SGQA, 2012.
No Quadro II, apresentamos dados dos Ciclos ofertados
entre os anos de 2007 a 2012 e, ainda, o quantitativo de alunos
concluintes em cada Ciclo do Curso Mídias na Educação.
QUADRO II – CURSISTAS CONCLUÍNTES POR CICLO.
ANO
2007
2008
2008
2009
2009
2009
2010
2010
2011
2012
CICLO
1ª oferta - Básico
2ª oferta - Básico
1ª oferta - Intermediário
3ª oferta - Básico
2ª oferta - Intermediário
1ª oferta - Avançado
3ª oferta – Intermediário
2ª oferta – Avançado
4ª oferta – Básico
Avançado
CONCLUINTES
93
240
84
288
189
80
220
108
333
169
Fonte: Sistema de Gestão Questionário de Avaliação - SGQA, 2012
Ainda de acordo com os dados do Quadro II, observamos que
954 cursitas concluíram o Ciclo Básico, 493 o Ciclo Intermediário
e 341 o Ciclo Avançado, sendo este último o que certifica ao aluno
o título de Especialização em Mídias na Educação. Se levarmos em
consideração as dificuldades vividas pelos cursistas, como acesso
a internet e baixo conhecimento em informática, obtivemos um
quantitativo excelente de cursistas formados pelo programa.
A Internet e demais tecnologias nos ajudam a realizar o que já fazemos ou que desejamos. Se somos pessoas abertas, nos ajuda a ampliar a nossa comunicação; se somos fechados, contribui para controlar mais.
Se temos propostas inovadoras, facilita a mudança.
Com ou sem tecnologias avançadas podemos vivenciar
processos participativos de compartilhamento de ensinar e aprender (poder distribuído) através da comuni-
11
7. Prática Pedagógica Renovada
Mídias na Educação
cação mais aberta, confiante, de motivação constante,
de integração de todas as possibilidades da aula-pesquisa/aula-comunicação, num processo dinâmico e
amplo de informação inovadora, reelaborada pessoalmente e em grupo, de integração do objeto de estudo
em todas as dimensões pessoais: cognitivas, emotivas,
sociais, éticas e utilizando todas as habilidades disponíveis do professor e do aluno (MORAN, 2000, p.27).
O Programa de Formação Continuada em Mídias na
Educação com o propósito de capacitar profissionais da educação,
oportunizou a diversos professores a possibilidade de aprender
e aperfeiçoar seus conhecimentos, introduzir novas formas de
ensinar e de se relacionar, melhorando, consequentemente, o
processo de aprendizagem dos seus alunos.
Professores mais abertos, confiantes, bem resolvidos
podem compreender melhor e implantar novas formas
de relacionamento, de cooperação no processo de ensinar e aprender. Estão atentos para o novo, conseguem ouvir os outros e expressar-se de forma clara, não
ficam ressentidos porque suas ideias não foram eventualmente aceitas. Cooperam em projetos que foram decididos democraticamente, mesmo que não coincidam
com todos os seus pontos de vista (MORAN, 2000, p. 4).
Consideramos que a formação do professor é simultânea
à sua prática, não há dissociação. Portanto, ela deve ser um
processo dinâmico, visando o conhecimento e o aperfeiçoamento
deste conhecimento, o que propiciará a melhoria da prática
educativa.
12
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A prática pedagógica do professor deve se apoiar sempre
na renovação do conhecimento. Um professor comprometido
com a educação reflete constantemente sobre o seu papel na
dinâmica da sala de aula. Mais que isso, busca capacitação e
alternativas inteligentes para que a aprendizagem ocorra de
fato. E as tecnologias podem ser um instrumento importante
nesse processo.
Devido ao sucesso da realização do Mídias na Educação,
na Unimontes, em atendimento a milhares de professores da
educação básica, acreditamos na importância do oferecimento
de cursos de formação continuada a professores da rede pública,
visando, sobretudo, a capacitação para o uso pedagógico dos
recursos tecnológicos em sala de aula. Sendo que, o resultado
direto de uma boa formação de professores é, com certeza, o
aprendizado dos alunos.
Assim, consideramos que o Curso Mídias na Educação,
com a sua proposta dinâmica do aprender/fazendo,
oportuniza aos professores cursistas a ampliação e a
aplicabilidade do saber, tendo em contrapartida um melhor
aproveitamento do conteúdo escolar.
13
8. Prática Pedagógica Renovada
REFERÊNCIAS
CURY, Augusto. Pais brilhantes, professores fascinantes. Rio de
Janeiro: Sextante, 2008.
FREIRE, Paulo. Extensão ou Comunicação? 8ª ed. Rio de Janeiro:
Paz e Terra, 1983.
FREIRE, Paulo. Política e Educação. 5ª ed. São Paulo: Cortez,
2001.
LIBÂNEO, José Carlos. Didática Velhos e Novos Temas. Edição do
autor. Maio de 2002.
O VÍDEO PUBLICITÁRIO COMO PRÁTICA DIDÁTICA
PARA A INCLUSÃO DE UM NOVO IDIOMA
BORGES, Cláudia Lúcia dos Santos1
QUEIROZ, Antônia Márcia Duarte2
MARQUES, M. O. A formação do profissional da educação. Ijuí
(RS): UNIJUÍ, 1992.
MORAN, José Manuel, MASETTO, Marcos T., BEHRENS, Marilda
A. Novas tecnologias e mediação pedagógica. Campinas, SP:
Papirus, 2000. 133p.
__________ A educação que desejamos novos desafios e como
chegar lá. Campinas: Papirus, 2007.
PASSINI, Elza Yasuko (Org.) - Prática de ensino e estágio
supervisionado – Autonomia, São Paulo: Cooperativa técnicoeducacional, 1998.
WHITE, Ellen Goldman. Conselhos sobre Educação. Tatuí (SP):
Editora Casa Publicadora brasileira. 2002.
TOMINI, I. M. et al. O ensino de Geografia e suas composições
Curriculares. Porto Alegre, UFRGS, 2011.
INTRODUÇÃO
Esse trabalho busca apontar os resultados de uma pesquisa
de intervenção aplicada em uma turma do 7º ano da Escola
Municipal “Dalva Ferreira Diniz” e destacar o uso da televisão e
do vídeo em sala de aula como recursos didáticos para a inclusão
de um outro idioma e os desafios na incorporação desses recursos
à prática do professor para motivação dos educandos.
Para estudo e pesquisa utilizou-se da teoria inovadora
e midiática de Moran (1995, 1998), os Parâmetros Curriculares
Nacionais de Língua Inglesa BRASIL (1998, 1999) e do material
disponibilizado pelo Curso Mídias na Educação BRASIL (2010)
que revelou a necessidade de uma redefinição do papel do
1 Cursista do Programa de Formação Continuada Mídias na Educação através da Universidade
Estadual de Montes Claros (UNIMONTES); Graduada em letras e Especialista em Metodologia e
Ensino da Língua Inglesa; Professora dos anos finais do Ensino Fundamental da Rede Municipal e
Estadual de Sete Lagoas MG.
2 Graduada em Geografia e Mestre em Desenvolvimento Social pela Universidade Estadual
de Montes Claros (UNIMONTES); possui experiência docente como professora na educação
básica; na Graduação no Departamento de Geociências – UNIMONTES; Professora Formadora da
Universidade Aberta do Brasil- UAB e Professora Orientadora do Ciclo Avançado (Pós-Graduação
Lato-Sensu) do Programa de Formação Continuada - Mídias na Educação.
14
15
9. Prática Pedagógica Renovada
Mídias na Educação
professor, para que este estabeleça uma interação com os meios
de comunicação e uma atuação enquanto mediador do processo
de ensino-aprendizagem, potencializando, com isso, a formação
de um aluno mais crítico em relação ao veículo televisivo. Desta
forma este trabalho cria possibilidades para novos olhares e
novos diálogos para a construção da aprendizagem, apontando
a televisão como um desafio para a escola, uma possibilidade
de interação entre educador e educandos e um instrumento
mediador do ensino-aprendizado.
A educação contemporânea precisa estar voltada para a
formação de cidadãos capazes de participar na construção de
uma sociedade melhor, conscientes de seus direitos e deveres e
preparados para acompanhar as transformações do mercado de
trabalho e do mundo.
Nesse sentido, o objetivo geral desse trabalho foi fazer
com que o aluno conhecesse as vantagens e oportunidades que o
domínio de um outro idioma traz.
mídias contribuir para o ensino aprendizagem? Como despertar
o interesse dos alunos para a aprendizagem da língua inglesa?
Como motivá-los para a sua transformação na sociedade?
O Uso da TV e vídeo como ferramenta educacional
norteados por uma teoria Sociointeracionista, que é defendida
pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (1998) proporcionará
interatividade entre professor e aluno. Os processos cognitivos
têm uma natureza social, sendo gerados por meio da interação
entre um aluno e um parceiro mais competente. Em sala de aula,
esta interação tem, em geral, caráter assimétrico, o que coloca
dificuldades específicas para a construção do conhecimento. Daí
a importância de o professor aprender a compartilhar seu poder
e dar voz ao aluno de modo que este possa se constituir como
sujeito do discurso e, portanto, da aprendizagem.
O ENSINO DA LÍNGUA INGLESA SOB UM NOVO OLHAR
A Escola Municipal “Dalva Ferreira Diniz”, na cidade de
Sete Lagoas - MG, esta inserida em uma comunidade carente do
ponto de vista social, econômico, educativo e cultural e a turma
escolhida, do 7º ano, a qual trabalho como professora de língua
inglesa desde 2010 tem um perfil de imatura quanto as reais
necessidades de se estudar uma segunda língua, fez-se necessário,
então uma intervenção pedagógica para nortear a concepção dos
alunos em relação ao poder transformador da educação na sua
vida social, entre elas o domínio da língua inglesa, como agente
socializador na formação do indivíduo.
Os alunos são todos muito diferentes, diferem-se em idade,
sexo, naturalidade, nacionalidade e nível de conhecimento.
Suas atitudes em sala de aula são afetadas por sua motivação,
suas necessidades, sua formação cultural e educacional e seu
contexto social. Ele não está só, logo, ele precisa se comunicar.
E ao contrário do que muitos pensam, a comunicação não
acontece somente quando falamos, estabelecemos um diálogo
ou redigimos um texto, ela se faz presente em todos (ou quase
todos) os momentos. Comunicamo-nos com nossos colegas de
escola, com o livro que lemos, com a revista, com os documentos
que manuseamos, através de nossos gestos e ações.
É comum ouvir sempre as perguntas: Por que nós temos que
estudar inglês? Eu não vou morar em outro país! Possivelmente,
essa grande maioria (de alunos adolescentes) não sente nenhuma
necessidade ou desejo de se comunicar em língua estrangeira e
não percebe a necessidade futura de se falar um segundo idioma.
Por que não usar o que os alunos mais gostam para mostrar
que a língua inglesa é de suma importância? Poderia o uso de
O objetivo de aprender uma língua é se comunicar
nessa língua. Isso significa que a língua que se ensina deve ser
significativa, natural e útil aos alunos. A educação em Língua
Estrangeira na escola, particularmente o inglês, dá acesso à
ciência e à tecnologia modernas, à comunicação intercultural,
ao mundo dos negócios e a outros modos de se conceber a vida
humana.
16
17
10. Prática Pedagógica Renovada
Mídias na Educação
Com o advento da globalização econômica, vem
aumentando cada vez mais o fascínio que os meios de comunicação
exercem sobre as pessoas e, especialmente, sobre o adolescente.
A aquisição do conhecimento através da televisão acontece
principalmente pela via mais leve e mais fácil o da distração e do
entretenimento.
O vídeo parte do concreto, do visível, do imediato, próximo, que toca todos os sentidos. Mexe com
o corpo, com a pele, toca-nos e “tocamos” os
outros, estão ao nosso alcance através dos re-cortes
visuais, do close, do som estéreo envolven-te. Pelo
vídeo sentimos experienciamos sensorial-mente o
outro, o mundo, nós mesmos (MORAN, 1995. p. 27).
O avanço tecnológico acelerado urge que se mude a relação
da escola com a tecnologia. Isso se deve a massificação de mídias
e recursos tecnológicos como a televisão, o celular (cada vez
mais sofisticado) e a Internet cada vez mais presentes na vida das
novas gerações que já nasceram em um mundo digital.
Dentre os muitos gêneros textuais e discursivos que se
podem estudar utilizando a TV, a propaganda e a publicidade
em vídeo são as que mais contribuem para a formação e
construção do conhecimento, pois permitem apropriar-se de uma
determinada linguagem com determinadas intenções ideológicas
e comunicativas contribuindo para o desenvolvimento não só da
linguagem em geral, inclusive da língua estrangeira, mas também
para a formação de uma leitura crítica dos textos verbais e nãoverbais que são produzidos socialmente.
Entretanto, é preciso saber aproveitar a liberdade e a
criatividade do espaço televisivo (publicidade e propaganda), e,
ao mesmo tempo, aprender a definir os limites, a consciência
crítica, reabilitar os valores e fortalecer a identidade das pessoas
e dos grupos – desafios de hoje a serem enfrentados por todos os
profissionais do ensino.
18
Nesta concepção televisão e vídeo atuam como recurso
para potencializar o processo de aprendizagem do aluno. Uma vez
que esses meios têm grande participação na vida de estudantes
e de professores. Segundo Moran (1995, s/p) [...] Os jovens lêem
o que podem visualizar, ou seja, precisam ver para compreender;
[...] A TV e o vídeo respondem às sensibilidades dos jovens como
para a grande maioria da população; [...] A linguagem visual
desenvolve múltiplas atitudes perceptivas.
É um exercício muito motivador para o aluno a criação de
seu próprio vídeo. Este é um trabalho que terá como resultado
um produto informativo, divertido e significativo. Ao se trabalhar
com temas, cria-se a possibilidade de interdisciplinaridade,
de construção conjunta de um conhecimento contextualizado.
Conceitos são criados, recriados ou aprofundados. A TV e o
vídeo trazem informações que possibilitam ao professor ser um
mediador e não mais aquele que informa, além de colocar-nos
em contato com diversas linguagens (audiovisual, multimídia,
coloquiais).
Assim desenvolveram-se práticas pedagógicas com os
alunos para a inclusão da língua inglesa. A pesquisa de intervenção
foi realizada com uma turma do 7º ano da Escola Municipal
“Dalva Ferreira Diniz”. Estes alunos apresentavam desde o
início do ano uma grande apatia para os estudos. Muitos desses
alunos eram repetentes, alguns até mais de dois anos na mesma
série. Determinados alunos apresentavam grande dificuldade em
interagir com certas atividades, outros apresentavam resistência
total no sentido de adquirir conhecimentos, se isolando dos
demais colegas, negando a participar das atividades propostas,
bem como não apresentando interesse qualquer em realizar
algo que se refere à aprendizagem. Nossa grande dificuldade era
despertar o interesse desses alunos pelo estudo, principalmente
pela língua inglesa que para eles não tem muita importância.
Para diagnosticar o porquê desse desinteresse dos alunos
foi aplicado um questionário obtendo o resultado apresentado
19
11. Prática Pedagógica Renovada
Mídias na Educação
nos gráficos abaixo.
Não
41%
processo de ensino e aprendizagem. Os principais usos
são: Para motivar, sensibilizar os alunos – É, do meu
ponto de vista, o uso mais importante na escola. Um
bom vídeo é interessantíssimo para introduzir um novo
assunto, para despertar a curiosidade, a motivação
para novos temas. Isso facilitará o desejo de pesquisa
nos alunos para aprofundar o assunto do vídeo e da
matéria (MORAN, 2009, s/p).
Sim
47%
Mais ou
menos
12%
O projeto teve início no mês de setembro e encerrou-se
no mês de dezembro, perfazendo uma média de quinze
módulos/aulas de cinqüenta minutos.
GRÁFICO 01: Você gosta de estudar
inglês?
GRÁFICO 02: Em que aspectos o ensino
da língua inglesa precisa melhorar?
Fonte: resultados do questionário.
Fonte: resultados do questionário
No gráfico 01 percebeu-se que 47% dos alunos gostam de
estudar inglês contra 41% que não gosta, os 12% que não souberam
responder corresponde a parcela dos alunos que se encontram
desmotivados e que demonstram grande apatia para o estudo
independente de qualquer matéria. Já no gráfico 02 os alunos
reconhecem que o ensino da língua inglesa como é ministrado nos
dias atuais precisa melhor. Quando perguntado em que aspectos
devem-se melhorar o ensino a grande maioria concorda que o
uso da tecnologia durante as aulas e na resolução de problemas
ajudaria muito mais na aquisição de um outro idioma.
No sentido de ajudar os alunos desmotivados e também
para a desconstrução de um modelo de escola autoritária
e centrada no professor, propomos a criação de um vídeo
publicitário para ser exibido em toda a escola, criando assim a
oportunidade para que todos os alunos se envolvam no processo
de ensino e aprendizagem, atendendo a solicitação da maioria
que era o uso de tecnologias e filmes, mudando assim o ambiente
de aprendizagem.
Os vídeos podem ser utilizados em todas as etapas do
20
Em uma roda de conversas os alunos responderam que
era através de trailers que ficavam sabendo o que estavam em
cartaz. O vencedor foi “Planeta dos Macacos”3. Já na segunda
aula aproveitamos a resenha do filme para trabalhar algumas
palavras na língua inglesa, iniciando assim o processo de aquisição
de conhecimento em uma língua estrangeira.
O próximo passo antes de assistir o filme no cinema foi
assistir em sala de aula os trailers dos filmes que estavam em
cartaz. Para a terceira aula da pesquisa preparamos uma exibição
de cada trailer em duas versões: primeiro em língua inglesa,
onde questionamos os alunos sobre o que entenderam. Alguns de
primeira responderam que não entenderam nada, mas após assistir
várias vezes, puderam sim, falar sobre o que imaginavam que iria
acontecer. Logo perguntamos quais foram as pistas que levaram
os alunos a entender o trailer. Alguns responderam que foram as
cenas e os letreiros em inglês que passaram. Assim mostramos para
eles que é possível entender imagens e até textos sem precisar
saber falar e compreender a língua fluentemente. Depois exibimos
o trailer em português para que pudessem confirmar o que sabiam.
3 PLANETA DOS MACACOS – A ORIGEM (Rise of The Planet of The Apes, EUA, 2011) Duração: 105
min. Gênero: Ficção Científica. A arrogância do Homem deflagra uma cadeia de acontecimentos
que leva os símios a ter um outro tipo de inteligência e a desafiar nosso posto de espécie
dominante no planeta. César, o primeiro símio inteligente, é traído pelos humanos e se revolta
passando a liderar a incrível corrida de sua espécie rumo à liberdade e ao inevitável confronto
com o Homem. http://www.cinepop.com.br/filmes/planeta-dos-macacos-2011.php
21
12. Prática Pedagógica Renovada
Mídias na Educação
Com o objetivo de produzir um vídeo publicitário,
provocou-se os alunos perguntando se agora já estavam
preparados para dirigir, atuar e editar um filme promocional.
Todos estavam empolgados. Como tema, escolhemos a divulgação
dos cursos de inglês, assim eles poderiam entender e dissertar
sobre a importância da língua inglesa nos dias atuais.
Para
a quinta aula do projeto escolhemos duas atividades do livro
didático dos alunos. A primeira sobre a origem da língua inglesa,
sua importância e sua história. E a segunda abordando os meios
de comunicação de massa, suas características e usos. Quase
todas as atividades foram desenvolvidas na língua estrangeira e
resolvidas sem reclamações ou preguiça. E o melhor foi que eles
compreenderam o objetivo dessas atividades.
Já na sexta aula, escolhemos alguns vídeos publicitários
de escolas de idiomas para levar para a classe. Nosso objetivo era
estudar como um vídeo publicitário era organizado, reconhecer
os elementos constitutivos e algumas estratégias de um anúncio
publicitário. (Bilingual Cat, Ad on foreign languages, Comercial
Cultura Inglesa, Comercial Wizard, Seatbelt). Em casa baixamos
os vídeos e gravamos para assistir na TV da escola. Para usá-la os
professores agendam com a bibliotecária o dia e quando fomos
agendar as datas para os alunos assistirem não havia vaga para
os próximos dias, logo adiamos por alguns dias os nossos planos
de assistir aos anúncios e introduzimos a gramática que seria
necessária para que os alunos pudessem criar seus anúncios , com
tema como Present Continuous Tense para descrever as cenas de
cada filmagem, tema de nossa sétima aula.
Após conhecerem a estrutura de um vídeo publicitário,
conhecer as vantagens e desvantagens do produto ou ideia
anunciada os alunos em grupo de trabalho seguiram a seguintes
etapas: Na nona aula criaram e planejaram o vídeo discutindo o
que poderiam abordar, como fariam, o tipo de linguagem (verbal,
não-verbal ou mista), o público alvo, o slogan e os efeitos visuais;
Na décima aula fizeram o roteiro, escrevendo a história que seria
22
contada no vídeo. Descreveram em língua inglesa as cenas que
deveriam ser gravadas, destacando o que, quando, onde e como;
Na décima primeira e décima segunda aula foi realizadas algumas
tomadas. Utilizando máquinas fotográficas e filmadoras os alunos
se dividiram em atores, produtores e diretor e organizaram os
dias de filmagens de cada cena. As filmagens não aconteceram
todas no mesmo dia devido a cenários diferentes e também
porque nossas aulas são módulos de cinqüenta minutos, tempo
insuficiente para todas as gravações. Para que os alunos tivessem
algumas noções sobre filmagem, exibiu-se um vídeo sobre
técnicas de filmagem em sua aula; Da décima terceira à décima
quinta aula os alunos editaram os vídeos: Durante as aulas após as
gravações trabalhando sob a orientação da professora e de outros
alunos que dominavam as técnicas de edição de vídeo utilizando
o notebook da biblioteca, pois os computadores do laboratório de
informática não possuem editores de vídeo, os alunos opinaram
na criação do vídeo, escolhendo as imagens, cores, plano de
fundo e letras.
Foram produzidos quatro vídeos persuadindo o telespectador
a estudar a Língua Inglesa. O primeiro vídeo o personagem é um
garoto bom de bola e que foi contratado para jogar em um time
porque além de jogar bem ele estuda e fala inglês. O segundo
vídeo os alunos demonstram grandes manobras com a bicicleta e
instiga o telespectador a praticar algo diferente como o estudo de
um outro idioma. Já no terceiro vídeo a turma do Sítio do Picapau
Amarelo dá uma aula de inglês para todos. E no quarto vídeo,
um adolescente perde um encontro com uma garota porque não
entendeu o bilhete que ela lhe deixou escrito em língua inglesa.
O professor pode encontrar na utilização de tecnologias
de informação e comunicação o suporte técnico instrumental que
faltava para incentivar os alunos a se comunicar em outro idioma
incrementando o processo de interação, despertando-lhes o
sentimento de responsabilidade e parceria no processo de ensinoaprendizagem.
23
13. Prática Pedagógica Renovada
Mídias na Educação
Prova disso foram os resultados das avaliações que os
alunos apresentaram no decorrer do ano após iniciarmos a
pesquisa intervenção com estes alunos. O rendimento da turma
na qual foi aplicada a pesquisa de intervenção durante o ano
de 2011 mostrou que no primeiro bimestre quase a metade dos
alunos ficou com notas perdidas na disciplina de inglês, enquanto
no quarto bimestre após encerramos a pesquisa de intervenção
praticamente toda a turma conseguiu a média do bimestre, tendo
assim um alto índice de aprovação.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo era despertar o interesse do aluno para o
estudo de um outro idioma, pois a grande maioria não sentia
necessidade ou desejo de se comunicar em língua estrangeira,
não compreendiam a importância do estudo da língua inglesa e
por que o domínio deste idioma está se tornando cada vez mais
necessário para o sucesso na vida adulta. Durante as atividades os
alunos perceberam que a Língua Inglesa faz parte de um mundo
plurilíngüe, seu papel hegemônico em determinado momento
histórico e identificaram seu uso no universo dos sistemas de
comunicação. Os alunos se sentiram motivados a participar das
aulas de criação do vídeo publicitário, pois nossa proposta foi
fazer com que os alunos além de estarem assistindo também
produzissem seu próprio vídeo. A gravação de um vídeo publicitário
despertou o interesse dos alunos para os estudos de modo geral.
Dentre as dificuldades e problemas no desenvolvimento
desta pesquisa, destaca-se a greve dos professores que atrasou
o início da nossa intervenção, tivemos problemas técnicos no
laboratório de informática que nos impossibilitou o acesso
a internet, a falta dos programas de edição de vídeo nos
computadores do laboratório de informática, porém não nos
desanimamos, buscamos outras formas de usar o computador
como por exemplo levando o notebook da biblioteca, de
professores e de alunos para desenvolver o trabalho em sala de
24
aula, problemas na agenda da biblioteca para disponibilizar a TV
e o vídeo, para assistirmos os vídeos utilizamos algumas vezes o
data show e a carência de apoio humano que acreditassem na
proposta, por isso buscou-se o apoio maior dos alunos o que fez
com que aumentassem ainda mais o laço de amizade e a confiança
deles em relação ao trabalho desenvolvido.
REFERÊNCIAS
BRASIL, Ministério da Educação, Secretaria de Educação Média e
Tecnológica. Parâmetros curriculares nacionais, códigos e suas
tecnologias. Língua estrangeira moderna. Brasília: MEC, 1999.
BRASIL. SEED/ MEC. Programa de Formação Continuada Mídias
na Educação. Módulo Básico TV e Vídeo.
BRASIL, SEED/MEC. Mídias na Educação – TV E VIDEO
http://webeduc.mec.gov.br/midiaseducacao/material/tv/tv_
intermediario/p_08.htm
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros
curriculares nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino
fundamental: língua estrangeira. Brasília: MEC/SEF, 1998.
MORAN, José Manuel. Desafios da televisão e do vídeo à escola.
1995. Disponível em: http://www.eca.usp.br/prof/moran/desafio.
htm. Acesso em: 09/2011.
MORAN, José Manuel. Internet no Ensino Universitário: Pesquisa
e Comunicação na sala de aula. 1998.
MORAN, José Manuel. Vídeos são instrumentos de comunicação
e de produção. Entrevista publicada no Portal do Professor do MEC
em 06.03.2009
25
14. A RELEVÂNCIA DAS IMAGENS MIDIÁTICAS NO
PROCESSO DE LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE
DADOS HISTÓRICOS
SIQUEIRA, Tânia Joaquina Pereira de1
ALVES, Cássia Regina Machado Alves2
INTRODUÇÃO
A sociedade hoje é cada vez mais tecnológica, e, por esse
motivo, é preciso que o sistema educacional se conscientize da
necessidade de incluir nos currículos escolares as competências
e habilidades para lidar com as novas tecnologias, além de
proporcionar os meios para que isso aconteça.
Este artigo tem como tema “A relevância das imagens
midiáticas no processo de leitura e interpretação de dados
históricos” e o objetivo geral da pesquisa/intervenção foi
desenvolver, por meio da apreciação e análise de imagens, o
hábito e as habilidades de leitura dos alunos, durante as aulas
de História. Os objetivos específicos foram: Analisar imagens
como recurso importante para o desenvolvimento de leitura;
Despertar no aluno o gosto pela leitura através da apreciação de
imagens; realizar momentos de leitura e interação através das
1 Graduada em Normal Superior pela Universidade Presidente Antonio Carlos – UNIPAC e em
História pelo Instituto Superior de Educação Ibituruna – ISEIB. Professora dos Anos Iniciais do
Ensino Fundamental. Cursista do Curso Mídias em Educação (Unimontes-MEC).
2 Pedagoga, Especialista em Tecnologias na Educação pela Universidade Estadual de Montes
Claros - Unimontes. Professora-orientadora do Curso Mídias em Educação (Unimontes-MEC).
27
15. Prática Pedagógica Renovada
Mídias na Educação
mídias disponíveis na escola; criar um espaço para publicação
das produções discentes na internet; divulgar as informações
coletadas.
O caminho teórico metodológico utilizado para realizar
o estudo foi descritivo/exploratório com base na revisão da
literatura sobre o objeto de estudo. A escolha desse tipo de
pesquisa deve-se ao fato de que a pesquisa bibliográfica é feita
a partir de material já elaborado, constituído, principalmente,
de livros e artigos científicos mas, foram também utilizados,
documentos do meio eletrônico. Alguns dos autores estudados
foram: Bittencourt (2005) (1998); Fonseca (2003); Furtado (1998);
Macedo (2005); Moran (1998); Napolitano (2005; 1999); Seffener
(2000); Freire (1985); Silva (2005) dentre outros, além das Leis de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996) e dos Parâmetros
Curriculares Nacionais (1998).
Concomitantemente,
desenvolveu-se
uma
prática
pedagógica de intervenção e análise utilizando a leitura de
imagens e gravuras procurando responder ao seguinte problema:
“o que fazer para que os alunos desenvolvam o gosto pela leitura
e ao mesmo tempo consigam interpretar os diferentes textos
históricos que circulam na sociedade utilizando o computador e
o material impresso?”.
Esta intervenção pedagógica foi desenvolvida na Escola
Municipal Antonio de Souza Rosa, localizada no povoado de
Morrinhos, município de Bocaiúva-MG, com 15 alunos do 6º ano
do Ensino Fundamental. Apesar do interesse pelos estudos, estes
alunos apresentavam dificuldade para ler e interpretar textos. A
escolha deste tema deveu-se ao fato de, no desenvolvimento do
meu trabalho docente na escola com esses alunos, pude perceber
que poderia despertar o interesse pelo estudo de História através
da análise de imagens e do uso do computador e de material
impresso, ajudando-os a desenvolverem as competências de
leitura, escrita, argumentação, interpretação de dados, imagens
e textos.
28
Sabe-se que além do quadro-negro e dos livros existem
outras formas de desenvolver o processo de ensino/aprendizagem
do conteúdo de História, quer seja dentro ou fora do espaço
escolar. Inserir os meios de comunicação pode significar um passo
decisivo na formação dos discentes e representar uma maior
compreensão do mundo individual de cada aluno e da sociedade
em que está inserido, o que o tornará um cidadão mais crítico,
consciente e participativo, capaz de escrever a sua própria
história.
AS MÍDIAS NO PROCESSO DE ENSINO/APRENDIZAGEM DO
CONTEÚDO DE HISTÓRIA
No mundo atual dependemos cada vez mais da tecnologia
e não podemos deixar de incorporá-la no meio educacional.
A informática é um importante auxiliar para nós professores,
na tarefa de transmitir o conhecimento. Com o uso da mesma em
situações de aprendizagem, os alunos ampliam a maneira de ver o
mundo numa perspectiva reflexiva, questionadora, pesquisadora
e analítica de tudo o que estiver à sua volta, sem, contudo, deixar
de lado o diálogo e a interação. Como afirma Freire(1985, p.13)
“a leitura e a realidade se prendem dinamicamente”.
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais: História
(1998), “o professor tem de ensinar os alunos a fazer uma leitura
histórica do mundo”. Nessa perspectiva, ele pode explorar com os
alunos conceitos de metodologias de análise histórica, tais como,
interpretar documentos e relacioná-los no tempo e no espaço em
que foi feito e/ou escrito. Cabe a ele prover os meios pedagógicos
para que os alunos desenvolvam competências e habilidades que
os levem a contextualizar documentos através da capacidade de
interação e interpretação, de forma a retirar informações destes,
sejam eles: imagens, revistas, livros didáticos, músicas, dentre
outros.
[...] para a área de História procuram valorizar o intercâmbio de idéias, sugerindo a análise e interpretação
29
16. Prática Pedagógica Renovada
Mídias na Educação
de diferentes fontes e linguagens – imagens, texto, objeto, musica, etc. – a comparação entre informações
e o debate acerca de explicações diferentes para
um mesmo acontecimento (BRASIL, 1998, p.60).
Infere-se, pois, que o ensino de História deve utilizar
diferentes tipos de fontes, sempre com o objetivo de desenvolver
o espírito crítico dos educandos. Para que isso aconteça é de
fundamental importância que alunos e professores tenham claros
seus objetivos sobre o processo de ensino/aprendizagem do
conteúdo a ser estudado.
As mídias escolhidas para esse trabalho foram utilizadas
para despertar o interesse pelo conteúdo proposto nas aulas de
História, pois estas atuam cada vez mais como complemento das
atividades educativas, contribuindo para uma aula mais dinâmica
e tornando a prática pedagógica diferenciada e mais significativa.
No trabalho diário, observa-se que os alunos demonstram
um maior interesse quando as aulas envolvem o computador e a
internet. Com o uso das imagens pelo computador os educandos
passaram a fazer uma leitura e uma interpretação mais crítica,
o que muito contribuiu para a construção do conhecimento
histórico. As imagens visualizadas através da internet e que foram
utilizadas como recursos didáticos são constituídas de filmes,
fotografias e imagens informáticas dos CD-ROMs e softwares.
PROJETO DE INTERVENÇÃO NO CONTEÚDO DE HISTÓRIA
A pesquisa de intervenção A Relevância das imagens
midiáticas no processo de leitura e interpretação de dados
Históricos foi realizada na Escola Municipal Antônio de Souza
Rosa, situada no povoado de Morrinhos, zona rural do município
de Bocaiuva, região norte do estado de Minas Gerais.
Os sujeitos-alvo do trabalho desenvolvido foram os alunos
do 6º ano do Ensino Fundamental, do turno matutino. A turma
é formada por quinze alunos, sendo quatro meninas e onze
meninos com idades compreendidas entre dez e catorze anos. A
30
intervenção foi motivada pelo desejo de melhorar o entendimento
dos fatos históricos, pois os alunos tinham muita dificuldade para
ler e interpretar os diferentes documentos históricos. O uso das
imagens como temática para a intervenção, além de contribuir
para a melhoria da qualidade da leitura e escrita tornou as aulas
de História mais atraentes e diversificadas, porque os alunos
tiveram a oportunidade de construir a sua própria história e
conhecer a história da comunidade em que estão inseridos.
O projeto foi desenvolvido durante os meses de setembro e
outubro de 2011 e pôde-se perceber que o objetivo do trabalho foi
atingido, pois os alunos desenvolveram o hábito e as habilidades
de leitura, escrita e interpretação a partir da apreciação e leitura
de imagens com a utilização das mídias disponíveis na escola.
Todo o trabalho didático foi desenvolvido com o conhecimento da
comunidade escolar e, como esse ia envolver algumas atividades
novas, o primeiro passo foi realizar uma reunião com a direção
da escola para levar ao seu conhecimento as estratégias contidas
no projeto.
Em setembro de 2011 o projeto foi apresentado aos alunos
e organizou-se na sala de aula uma mesa redonda, com o objetivo
de deixá-los à vontade para expressarem as suas opiniões. No
inicio foi difícil, por causa da timidez, mas aos poucos, os alunos
foram se soltando e falaram bastante da comunidade onde vivem
e como podiam ajudar a entender a história a partir das fotos e
documentos que tinham em casa.
Posto isso, convocamos os pais e responsáveis para uma
reunião na escola, para lhes ser apresentado o projeto. Todos
compareceram no dia marcado e desta reunião participaram
também, a direção, o corpo docente e os alunos. Durante a
reunião os pais foram participativos e se comprometeram a ajudar
os filhos nas atividades e a autorizar as atividades extraescolares.
Começava, então, o trabalho de desenvolvimento do
projeto. Na sala de aula foi utilizado o livro didático História,
Sociedade Cidadania, de Alfredo Boulos Júnior, livro adotado na
31
17. Prática Pedagógica Renovada
Mídias na Educação
turma e que vinha ao encontro do que era preciso, pois é repleto
de textos, figuras e fotografias que podem ser trabalhadas, para
atingir o objetivo proposto: ler e interpretar a diversidade de
textos históricos.
Logo na unidade um, o livro trata da “História e fontes
históricas”. Através de fotos modernas e antigas, o aluno é
convidado a observar as diferenças existentes na maneira de se
vestir, estudar, enfeitar e agir e, a partir daí, foram construindo
o conhecimento sobre o que a História estuda: as mudanças e
as permanências. Em seguida foi introduzida a ideia de “fontes
históricas” e como elas se materializam através de documentos
escritos, da arte, dos desenhos, das fotos, das musicas. Estas
foram as conclusões tiradas pelos alunos ao verem o livro didático
e ao discutirem o assunto com a professora. Então, foi-lhes pedido
que procurassem em casa ou na comunidade fontes históricas
para trazerem para a sala de aula. Para Schemidt (2001, p.57),
O professor de História pode ensinar o aluno a adquirir
as ferramentas de trabalho necessárias; o saber-fazer,
o saber-fazer-bem, lançar os germes do histórico. Ele e
responsável por ensinar o aluno a captar e a valorizar
a diversidade dos pontos de vista. Ao professor cabe
ensinar o aluno a levantar problemas e a reintegrá-los
num conjunto mais vastos de outros problemas, procurando transformar, em cada aula de História, temas em
problemáticas.
Com o desenvolvimento deste projeto foi esse o papel
do professor: orientar os alunos para o saber-fazer, preparandoos para a diversidade de pontos de vista. Com o material que
os alunos trouxeram, fotos, recortes de jornal, documentos de
identificação, certidões de nascimento e óbito, cada um escreveu
a sua própria história, apresentou-a para os colegas e toda a
produção foi exposta no mural da escola.
Pré-História, dos primeiros habitantes da terra e de seus hábitos
e costumes. A partir de gravuras e imagens, eles recriaram a vida
no período Paleolítico e falaram também nas experiências que
tiveram para conseguir fogo, quando estavam em pescarias com
a família e amigos e conseguiram entender que esse método de
rolar uma madeira em cima de outra ou de esfregar uma pedra na
outra deu ao homem na antiguidade o domínio do fogo e, mudou
para melhor a sua vida. Os alunos que já haviam passado por essa
experiência fizeram a demonstração para os colegas, num passeio
feito pela comunidade.
Como os alunos já tinham noções sobre o período Neolítico
foi-lhes pedido para pesquisarem sobre o período em livros e
revistas e para trazerem gravuras de utensílios ou desenhos para
a sala.
O próximo passo foi levar os alunos para a sala de
informática. A sala de informática é uma sala de aula que foi
adaptada, com 10 computadores. Nas horas das atividades, às
vezes alguns alunos têm que tem usar o mesmo computador para
pesquisar. Muitas vezes, os trabalhos têm que ser interrompidos
por falta de conexão, então o professor salva o que já está pronto
ou no computador ou no pen drive para depois se concluir a
tarefa.
Primeiro foi ensinado como ligar e desligar o computador
e apresentadas as peças mais importantes e sua utilidade, como
CPU, monitor, teclado e mouse. Depois os alunos ficaram à vontade
para descobrir em que o computador poderia ajudá-los, sempre
orientados pelo professor. Foi-lhes ensinado como poderiam fazer
o próprio desenho e colorir. Em seguida, foi-lhes pedido, então,
que em casa pensassem o que queriam pesquisar para o trabalho
que teriam que apresentar sobre a Pré-História.
Ao construírem sua própria história, os alunos perceberam
que tinham um passado que estavam vivenciando a partir de
documentos históricos variados e a partir daí passamos a falar da
Nesta atividade, os alunos pesquisaram sobre a PréHistória em vários sites. No site http://julirossi.blogspot.
com/2008/02/pr-histria.html os alunos pesquisaram desenhos
artísticos e sobre a história da arte. Em http://clickeaprenda.
32
33
18. Prática Pedagógica Renovada
Mídias na Educação
uol.com.br/cgi-local/lib-site/conteudo/mostra_conteudo eles
puderam visualizar imagens da pré-história. Em http://www.
colorirgratis.com/desenhos-de-pre-historia-para-colorir.html,
os alunos puderam colorir vários desenhos sobre o assunto e se
entusiasmaram muito.
objetos que contam a história do município ela ia explicando e
respondendo às perguntas dos alunos. Foi uma tarde maravilhosa
de mergulho na nossa história e de reconhecimento do muito que
os primeiros habitantes fizeram para se chegar ao estado atual de
desenvolvimento.
No desenrolar do projeto recorreu-se também ao manuseio
de mapas, imagens de diferentes tipos (pinturas, desenhos,
gravuras, fotografias, etc.) e trabalhamos com eles esse variado
tipo de fontes históricas através de diferentes suportes como:
revistas, livros, jornais, internet. Tinha-se trabalhado até aqui
com documentos históricos que se referiam à Pré-História
mundial, os alunos também já tinham construído a história da
sua comunidade e precisavam, portanto, ter contato com os
documentos históricos relativos ao meio em que estão inseridos.
Foi-lhes, então, proposta uma visita ao museu da cidade.
Como despedida da visita, foi pedido a todos que se
preparassem para os debates da próxima aula. O difícil foi conter
os ânimos. Todos queriam falar ao mesmo tempo, mas conseguiuse organizar a sala de modo que cada um ouvisse a opinião do
colega e expusesse a sua. Faltava organizar a exposição dos
trabalhos e a criação do blog para conhecimento do trabalho
desenvolvido nas aulas de história. A exposição dos trabalhos foi
aberta à toda a comunidade escolar e os alunos apresentaram
desenhos, fotografias, jornais e textos feitos por eles sobre o
conteúdo e as atividades desenvolvidas.
No dia da visita, que foi realizada extra-horário escolar,
foram debatidos alguns pontos importantes, tais como: Só se pode
conhecer o passado por meio de vestígios deixados pelos seres
humanos na sua passagem pela Terra; É através da investigação
que se chega à versão dos fatos. Parte-se de questões colocadas
no presente, buscam-se as respostas no passado e retorna-se ao
presente para reescrever a História; Os conceitos também têm
uma história situada no tempo e no espaço; O conhecimento
histórico é algo construído, portanto é algo que não se acaba
nunca.
Todo o trabalho desenvolvido foi embasado em imagens.
Era preciso tornar as aulas mais dinâmicas e atraentes. Como
postula Bittencourt (1998, p. 14):
Portanto, mostrou-se aos alunos que a História é uma
construção e que o conhecimento que se tem da realidade é
sempre parcial e incompleto, por isso a História está sempre
sendo reescrita à luz de novos fatos históricos que vão surgindo
com a descoberta de novas fontes.
No dia e hora marcada lá estavam os alunos prontos
para a nossa visita que seria um retorno às origens. Fomos
recebidos pela guia que iria nos orientar na visita. À medida
que se percorria as salas e os stands com os manuscritos, fotos e
Apesar de termos usado a oralidade e todo o material que
cerca uma sala de aula usou-se também as imagens dos livros, dos
museus e da internet e isso conseguiu atrair a atenção dos alunos.
Estes puderam aprender que, para se entender uma imagem, é
necessário contextualizá-la historicamente porque ela por si só
não fala, ao tomá-la como fonte, deve-se perceber que “ela
não reproduz o real, mas que ela congela um instante do real,
‘organizando-o’ de acordo com determinada estética e visão do
mundo” (JUNIOR, 2009, p. 13).
34
35
A escola sofreu e continua sofrendo cada vez mais a
concorrência da mídia, com gerações de alunos formados por uma gama de informações obtidas por intermédio de sistemas de comunicação audiovisuais, por
um repertório de dados obtidos por imagens e sons,
com formas de transmissão diferentes das que têm sido
realizadas pelo professor, que se comunica pela oralidade, lousa, giz, cadernos e livros na sala de aula.
19. Prática Pedagógica Renovada
Mídias na Educação
O último passo de desenvolvimento do projeto era a
montagem do Blog. Como já possuía um blog, este foi aproveitado
para postar o trabalho. Foram escolhidos quatro alunos que
ficaram responsáveis por postar os artigos sobre o projeto
e fotografias. Nele já se encontram alguns documentos escritos
sobre a visita ao museu e fotos que serão atualizados à medida que
o trabalho se desenvolva na escola com outras turmas. Durante
todo o desenvolvimento do projeto foram utilizados textos de
gêneros variados, diferentes tipos de imagens, procurando
explorar ao máximo seu potencial pedagógico. Procurou-se,
também desenvolver competências e habilidades necessárias
à construção da cidadania e da capacidade crítica dos alunos.
Todas essas estratégias contribuíram para que os objetivos
propostos fossem alcançados e os resultados da intervenção
fossem satisfatórios, promovendo uma aprendizagem eficiente e
tornando as aulas mais atrativas.
didáticos, oficina utilizando imagem e divulgação do material
reproduzido durante o desenvolvimento do projeto mostraram que
é importante que professor e aluno devem aprender a interagir
e manusear materiais diferenciados, com múltiplas linguagens
existentes nos meios de comunicação durante o processo de
ensino/aprendizagem, pois ler criticamente o discurso da mídia
propicia a inserção do sujeito na sociedade e na História de seu
tempo.
Os resultados foram tão positivos, e ficou tão evidente que
o trabalho desenvolvido com o uso da tecnologia torna as aulas
mais atraentes, que foi sugerido à direção que implementasse a
prática de utilização de imagens, enfatizando o uso das mídias,
com os professores de outros conteúdos, e que, nessa perspectiva,
cada um (re)elabore a sua própria dinâmica.
Conclui-se, pois, que a partir da introdução de novas
estratégias para o ensino dos conteúdos como a utilização dos
recursos midiáticos no trabalho com imagens pode ajudar no
desenvolvimento da leitura e escrita, bem como estimular as
habilidades de observar, descrever, sintetizar e relacionar, além
de contribuir para conscientizar da importância do trabalho em
grupo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Antigamente éramos “educados” pelos pais, pela escola,
pelo cinema e pelos amigos; hoje, somos educados pela televisão,
os jornais, as revistas e a Internet. É, portanto, cada vez mais
importante o papel da mídia como instrumento de informação
e formação. A educação atualmente não se restringe à escola,
ela tem de estar articulada com toda a sociedade e os meios
de comunicação devem ser vistos como auxiliares da educação e
consequentemente da construção da cidadania.
As atividades desenvolvidas nessa intervenção, como:
visita a museu, pesquisa em sites, debates, o uso de livros
36
Pode-se afirmar que, através dos trabalhos realizados
na execução dessa intervenção, o uso das imagens, da internet
e do material impresso em sala de aula contribuiu de forma
significativa no processo de aprendizagem. Muitos alunos que não
conseguiam interpretar e nem fazer uma leitura critica, com o
uso de imagens passaram a ter mais interesse pelas aulas e a
entender a importância da História na formação da sociedade
contemporânea.
REFERÊNCIAS
BITTENCOURT, C.M.F. Ensino de História fundamentos e métodos.
São Paulo: Cortez, 2005.
BOULOS JUNIOR, A. História Sociedade Cidadania. São Paulo:
FTP, 2009.
BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e quarto
37
20. Prática Pedagógica Renovada
ciclos do ensino fundamental: introdução. Brasília: MEC/SEF,
1998.
BRASIL. LDB - Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
LEI No. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Brasília D.O. U. 23 de
dezembro de 1996.
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler em três artigos que se
completam. São Paulo, Autores Associados. 10ª ed, 1985.
FONSECA, S. G. Didática e prática de ensino de Historia:
experiências, reflexões e aprendizados. São Paulo: Papirus, 2003.
(Coleção Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico).
AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM:
INSTRUMENTO PARA LEITURA DE TEXTOS EM
ESPANHOL
NAPOLITANO, M. Pensando a estranha história sem fim. In.
KARNAL, L. (Org.)
História na Sala de Aula: conceitos, práticas e propostas. São
Paulo: Contexto, 2005.
______. Como usar a televisão na sala de aula. São Paulo:
Contexto, 1999.
ROCHA, U. Reconstruindo a história a partir do imaginário do
aluno. In: NIKITIUK, S.
M. L. (org). Repensando o ensino de história. 3ª ed. São Paulo:
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SCHMIDT, M. A. A formação do professor de História e o cotidiano
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BITTENCOURT C. (org.) O saber histórico na sala de aula. São
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SEFFENER, F. Indagações sobre a história ensinada. In: GUAZZELLI,
C. A. B. et al. Questões da teoria e metodologia da história.
Guazzelli et al. Porto Alegre: Ed. UFRGS, 2000, p. 257-288.
RODRIGUES, Valéria Daiane Soares1
SANTOS, Dulce Pereira dos2
INTRODUÇÃO
O Curso Espanhol Instrumental, ferramenta de intervenção
para desenvolvimento do projeto “Utilização das mídias no
desenvolvimento da habilidade de leitura de textos em espanhol”,
foi realizado em parceria com a Diretoria de Desenvolvimento
de Recursos Humanos- DDRH, bem como do Centro de Educação
a Distância- CEAD, da Universidade Estadual de Montes Claros
– UNIMONTES. A Diretoria foi responsável pela divulgação, pela
seleção dos alunos e pela emissão dos certificados e o CEAD
cedeu espaço para montagem da sala virtual, oferecendo o
suporte humano necessário para manutenção do ambiente virtual
de aprendizagem.
O Projeto teve início após a realização de um
diagnóstico, que evidenciou a necessidade de servidores e
professores da Unimontes em estudar espanhol. O público-alvo
apresentou diferentes motivos para aprender o idioma,
principalmente, por reconhecerem a importância do Mercado
Comum do Cone Sul e pela necessidade
1 Cursista do Programa de Formação Continuada em Mídias na Educação. Graduada em Letras
Espanhol pela Universidade Estadual de Montes Claros- UNIMONTES.
2 Professora Orientadora do Programa de Formação Continuada Mídias na Educação - Unimontes
38
39
21. Prática Pedagógica Renovada
Mídias na Educação
de participar de processos seletivos para mestrado e doutorado.
Sobre a importância do ensino de língua espanhola e sobre o papel
do MERCOSUL, os Parâmetros Curriculares Nacionais de
Língua Estrangeira (PCN – LE) estabelecem:
de intervenção, como o próprio nome indica, serve como
instrumento, permitindo ao professor lançar mão de estratégias
pedagógicas capazes de intervir em problemas detectados na
instituição. Quanto à ação de intervir, é importante mencionar:
Sua crescente importância, devido ao Mercosul, tem
determinado sua inclusão nos currículos escolares,
principalmente nos estados limítrofes com países onde
o espanhol é falado. A aprendizagem do espanhol no
Brasil e do português nos países de língua espanhola
na América é também um meio de fortalecimento da
América Latina, pois seus habitantes passam a (re)
conhecerem não só uma força cultural expressiva e
múltipla, mas também política (um bloco de nações
que podem influenciar a política internacional) (BRASIL, 1998, p. 50).
[...] podemos afirmar, no plano da experiência, uma
inseparabilidade entre análise das implicações e intervenção. Intervir, então, é fazer esse orgulho no plano
implicacional em que as posições de quem conhece e
do que é conhecido, do que analisa e do que é analisado se dissolvem na dinâmica de propagação de forças
instituintes caracterizando os processos de institucionalização (PASSOS, 2009, p. 25).
A partir do diagnóstico foi possível perceber que a
maioria dos inscritos sentia necessidade de aprender a ler
textos em espanhol. Nesse sentido, tomando como referência
as afirmações dos PCNs sobre o ensino de língua estrangeira e
a demanda apresentada pelos alunos optou-se por oferecer um
Curso de Espanhol Instrumental, a fim de trabalhar estratégias
que priorizaram o desenvolvimento da habilidade de leitura
em língua estrangeira, trabalhando aspectos linguísticos e
semânticos do idioma e abordando aspectos culturais dos países
hispanoahablantes. 3 O Curso teve duração de, aproximadamente,
três meses. Como espaço de aprendizagem foi utilizada a
plataforma moodle (virtualmontes), contando com carga horária
de 120 horas, divididas em 20 horas presenciais e 100 horas a
distância.
REFERENCIAL TEÓRICO
Como assinalado na introdução, este texto relata uma
pesquisa de intervenção pedagógica realizada no âmbito da
Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES. A pesquisa
3 Nativos de países que tem o espanhol como língua oficial.
40
Nesse contexto, e tendo em vista as palavras do autor
no que se refere ao ato de intervir, é importante frisar que o
diagnóstico inicial foi de primordial importância para detectar a
demanda de professores e servidores da Instituição por Cursos de
Espanhol e as reais necessidades desse público-alvo com relação
à aprendizagem. De posse dos resultados, desse diagnóstico, foi
possível traçar as estratégias de intervenção do projeto.
Levando-se em conta a contribuição de Moço (2011)
sobre o trabalho envolvendo projetos e buscando aplicar uma
metodologia (uma intervenção) condizente com a necessidade
dos alunos, o primeiro encontro presencial teve como objetivo
esclarecer os objetos do Curso, a metodologia utilizada, os
instrumentos de avaliação, a dinâmica das atividades, os
conteúdos que seriam trabalhados, a carga horária, informar
sobre as principais potencialidades da plataforma virtual, entre
outros aspectos importantes.
Para embasar o desenvolvimento das atividades foram
utilizadas contribuições de diversos autores que tratam
da importância da internet como instrumento de ensino
aprendizagem, bem como de autores que tratam de questões
subjacentes à leitura e produção textual. Com relação à principal
mídia utilizada no Projeto, convém assinalar que a internet
configura-se como:
41
22. Prática Pedagógica Renovada
Mídias na Educação
[...] espaço virtual de comunicação e de divulgação.
Hoje é necessário que cada escola mostre sua cara para
a sociedade, que diga o que está fazendo, os projetos
que desenvolve, a filosofia pedagógica que segue, as
atribuições e responsabilidades de cada um dentro da
escola. É a divulgação para a sociedade toda. É uma
informação aberta, com possibilidade de acesso para
todos em torno de informações gerais4.
Tomando como referência a citação acima e pensando na
experiência do Curso, pode-se dizer que a internet, de forma
geral, configura-se como um espaço de interação, representando
um excelente instrumento pedagógico. Além disso, representa
a oportunidade de construir conhecimento, independente de
tempo, de espaço, de forma coletiva, interativa. Essa mídia possui
informações diversificadas e disponíveis a qualquer usuário. Nesse
caso específico, além de oferecer suporte para disponibilização
da plataforma virtual, a internet constituiu-se como banco de
dados para pesquisa de textos dos mais diversos gêneros.
Tendo em vista o objetivo de trabalhar com estratégias de
leitura de textos em língua espanhola, fez-se importante utilizar
como ponto de partida a leitura orientada por gêneros textuais,
como: história em quadrinhos, contos, jornais e revista on-line,
mediados pela utilização da internet. A esse respeito convém
apontar as palavras de Marcuschi (2003) que faz referência ao
trabalho de leitura orientado pela utilização de gêneros textuais:
O trabalho com gêneros textuais é uma extraordinária
oportunidade de se lidar com a língua em seus mais
diversos usos autênticos no dia-a-dia. [...] E há muitos gêneros produzidos de maneira sistemática e com
grande incidência na vida diária, merecedores de nossa
atenção. Inclusive e talvez de maneira fundamental, os
que aparecem nas diversas mídias hoje existentes, sem
excluir a mídia virtual, tão bem conhecida dos internautas e navegadores da internet (MARCUSCHI, 2003,
35).
4 Programa de Formação Continuada Mídias na Educação- Módulo Gestão integradas de Mídias
na Educação. Módulo Introdutório - Etapa 1.
42
As palavras do autor ratificam a importância de trabalhar
leitura e produção de texto por meio da utilização de gêneros que
traduzem as situações reais do cotidiano. É importante considerar
ainda a contribuição de Izabel Solé que conceitua a leitura como
“[...] processo de interação entre leitor e o texto; nesse processo
tenta-se satisfazer [obter uma informação pertinente para] os
objetivos que guiam sua leitura” (1998 p. 41).
Levando-se em conta que a pesquisa intervenção se
desenvolveu no campo do ensino aprendizagem de uma língua
estrangeira, especificamente o idioma espanhol, convém dizer
que o processo de aquisição e decodificação de uma segunda
língua também passa por esse processo de inter-relação entre
leitor e texto. Acredita-se que o sujeito, estudioso de uma
segunda língua, tem seus objetivos bem definidos. O objetivo,
em geral, direciona o processo de leitura e a decodificação das
informações.
Sobre os objetivos de aprendizagem, Izabel Solé afirma
que:
[...] a questão dos objetivos que o leitor se propõe a
alcançar com a leitura são cruciais, porque determina
tanto as estratégias responsáveis pela compreensão,
quanto o controle que, de forma inconsciente, vai exercendo sobre ela, à medida que lê. Isso é um pouco
difícil de explicar, mas acontece. Enquanto lemos e
compreendemos, tudo está certo, e não percebemos
que, além de estarmos lendo, estamos controlando o
que vamos compreendendo (SOLÉ, 1998, p. 41).
A autora afirma, ainda, que há diferenças significativas
entre os sujeitos leitores, visto que a compreensão de um texto
depende de questões próprias do leitor, como conhecimento
prévio, motivação e outros. Com base na fala da autora
supracitada e pensando no processo de ensino aprendizagem de
uma língua estrangeira, é importante dizer que seu estudo difere
da aprendizagem de língua materna, visto que:
43
23. Prática Pedagógica Renovada
Mídias na Educação
El camino que recorre un hablante no nativo hasta que
consigue (sic) dominar la lengua objeto y comunicarse
eficazmente con ella es bastante diferente del camino
recorrido por el niño, ayudado por sus padres o por
expertos que lo rodean. Varía en el contexto en el que
se llevan a cabo los actos de habla, la actitud de los
mayores hacia el niño, es el estilo de la lengua maternal. No es lo mismo aprender una lengua dentro de un
aula, mediante la simulación de objetos, situaciones
y personajes, que aprenderla como un miembro de un
mundo real, con toda la información referencial necesaria para que se dé un acto de habla cooperativo y
eficaz5 (BARALO, 1999, p. 29).
Pressupõe-se, com base na afirmação acima, que fatores
como motivação, idade, contexto no qual o sujeito está inserido
interfere positiva ou negativamente na aprendizagem de uma
segunda língua. Considerando a utilização da internet para fins
educacionais e em Cursos a distância (oferecidos via plataforma
virtual), além da compreensão textual, é exigida a questão da
escrita, visto que a comunicação se estabelece, principalmente,
por meio de textos verbais. Sobre o processo de escrita, é
necessário apontar:
[...] a prática da escrita vista na dimensão interacional leva o aluno a escrever estabelecendo relações entre ele (autor) e o leitor do texto. Assim, o produtor
textual precisa pensar no outro desde o planejamento
de sua escrita. Trata-se de autor-texto-leitor em interação. Para isso a escrita deve ser feita com planejamento, revisão e reescrita, etapas indispensáveis nesse
trabalho (BARBOSA, 2011, p. 2).
Apesar do processo de escrita não ter se constituído como
objetivo principal do Curso, esse aspecto não pôde ser ignorado,
visto que a comunicação se estabeleceu por meio da escrita. A
tentativa dos alunos em escrever no idioma espanhol foi válida
por denotar interesse e empenho, tendo sido relevante para a
avaliação do Curso. Cumpre ressaltar que a plataforma virtual
pode servir como um importante banco de dados para pesquisas
linguísticas.
RESULTADOS DA INTERVENÇÃO
Estruturalmente, o Curso Español Instrumental foi dividido
em quatro módulos, a saber: Nociones básicas de gramática y
vocabulário de la lengua española, Estrategias de lectura y
compresión de textos en español, Las expresiones idiomáticas del
español y los “falsos amigos” e Contribuciones del conocimiento
cultural hispánico para comprensión de textos en lengua
española, respectivamente.
O primeiro módulo ofereceu informações gerais sobre o
Curso. Apesar de tratar-se do estudo de conteúdos gramaticais,
foi importante enfatizar que a aprendizagem de uma
língua não se reduz à gramática e nem à tradução. Já nesse
primeiro módulo foram realizadas atividades utilizando, como
instrumento pedagógico, tiras cômicas, mapas conceituais e
notícias jornalísticas. Entre essas atividades e buscando estudar
gramática de forma mais descontraída e interessante, os alunos
foram direcionados a acessar um site da internet que apresentava
conteúdos gramaticais (substantivos, adjetivos, pronomes, etc).
Na continuação, teriam que escolher um dos conteúdos disponíveis
no site e elaborar um mapa conceitual.
se eficazmente com ela é muito diferente do caminho percorrido pela criança, ajudada
pelos pais e por especialistas que o r odeiam. Varia em função do contexto em que ocorre
o ato da fala, em função da atitude do adulto em relação à criança. É diferente aprender
uma língua dentro de uma sala de aula, mediante a simulação de objetos, situações e
personagens, que aprender-la como membro de um mundo real, com toda informação
necessária para realização de um ato de fala cooperativo e eficaz.
O segundo módulo tratou do estudo das estratégias de
leitura que facilitam a compreensão de texto. Com relação às
técnicas e recursos para compreensão leitora, Daniel Cassany
(2011), professor do Departamento de Tradução y Filologia
da Universidade Pompeu Fabra, em Barcelona, afirma que
quando o aprendiz antecipa aspectos da leitura considera
os seguintes pontos: análise do título, imagens, última frase
44
45
5 O caminho que percorre um falante não nativo até dominar a língua objeto e comunicar-
24. Prática Pedagógica Renovada
Mídias na Educação
do texto, palavras conhecidas, outros dados (autor, gênero
textual, destinatário, intenção do texto, ideia principal, etc)
e outros estímulos (predições sobre o texto, a partir de outros
elementos, como música, ruídos, objetos, etc). Utilizando como
referência a contribuição do autor, essas questões nortearam o
desenvolvimento das atividades no segundo módulo.
Nesse módulo, é interessante destacar, também, a
disponibilização de um jogo de perguntas e respostas sobre uma
notícia veiculada em jornal. O objetivo da atividade foi promover
uma leitura orientada que conduziu os alunos a entender a
mensagem final do texto. O jogo teve, entre outros objetivos,
a função de ativar o conhecimento prévio dos alunos, bem
como partir de uma análise orientada pela concepção de gênero
textual, nesse caso, notícia de jornal. Além dessa atividade,
foram realizados três fóruns de discussão que objetivaram
trabalhar as diversas estratégias de leitura estudadas durante o 2º
encontro presencial do Curso, bem como um chat que permitiu,
numa comunicação instantânea, sanar dúvidas com relação ao
conteúdo.
O terceiro módulo tratou das expressões idiomáticas do
espanhol, bem como dos falsos cognatos ou “falsos amigos”.
Priorizou-se a pesquisa na internet, por ser um extenso banco
de dados capaz de oferecer subsídios para uma aprendizagem
mais consistente. Nesse ponto, cumpre ressaltar que expressões
idiomáticas são “secuencias de palabras cuyo significado no
es compositivo, es decir, el significado de la expresión no se
deriva del de sus componentes” (BUSTOS, 2011, s/p) 6, ou seja,
são enunciados que não apresentam uma tradução literal,
normalmente não podem ser encontrados em dicionários e devem
ser entendidos por meio de uma análise contextual.
Com relação aos falsos cognatos, o Diccionário de
Falsos Amigos ou Falsos Cognatos define essas palavras como:
“normalmente derivadas del latín que aparecen en diferentes
idiomas con morfología semejante, y que tienen por lo tanto
el mismo origen, pero que al largo de los tiempos acabaron
adquiriendo significados parcial o totalmente diferentes”7.
Esse módulo foi importante por desmitificar algumas
crenças relacionadas a aprendizagem do espanhol. Alguns alunos
acreditavam que a língua se reduzia a palavras com grafia igual
ao português e sentido diferente. Nesse módulo, os alunos foram
desafiados a apresentar o maior número de expressões existentes.
Cada uma teria que descobrir uma expressão e o significado, com
o cuidado de não postar a mesma dos colegas. Nesse ponto, e
tendo em vista a internet como instrumento pedagógico, foi
interessante direcionar o uso da pesquisa no vasto banco de dados
disponíveis nesse suporte.
No quarto e último módulo foi abordada a contribuição do
conhecimento cultural hispânico para entendimento dos textos
em espanhol. Neste contexto, optou-se por propor pesquisas
na internet sobre aspectos culturais de reconhecida relevância.
Sobre o conceito de cultura, é importante explicar que “[...] é
todo comportamento humano-cultural, transmissão social [...]
Cultura é um termo que dá realce aos costumes de um povo”
(ULMANN, 1980, p.86). Buscando apreender a relevância do
termo cultura, a primeira atividade consistiu em realizar uma
pesquisa sobre danças típicas dos países de fala hispânica.
Por meio dessa pesquisa, os alunos tiveram a oportunidade de
descobrir a existência de inúmeros ritmos musicais, como: La
cumbia, La cueca, El Merengue, El joropo, El Pasodoble, El
flamenco e outros.
A segunda atividade propunha uma pesquisa sobre as
belezas naturais e pontos turísticos dos países de fala hispânica.
6 Sequências de palavras cujo significado não é compositivo, ou seja, o significado das
7 Palavras normalmente derivadas do latim que aparecem em diferentes idiomas com
morfologia semelhante, e que tem, no entanto, a mesma origem, mas que ao longo do
tempo acabam adquirindo significados parcial ou totalmente diferente.
46
47
expressões não deriva de seus componentes.
25. Prática Pedagógica Renovada
Mídias na Educação
A partir de uma discussão inicial sobre “El lago Titicaca”,
considerado o lago navegável mais alto do mundo, foi possível
discorrer sobre a natureza latino-americana. Procurando ratificar
a importância dos aspectos culturais na aprendizagem de língua,
foi proposta uma pesquisa sobre aspectos culturais do Chile. Para
tanto, optou-se por partir de um estudo sobre Pablo Neruda,
um dos nomes mais importantes da literatura mundial. Foram
realizadas, ainda, duas outras atividades propondo uma discussão
sobre a Educação em Cuba, bem como uma atividade sobre
Miguel de Cervantes, objetivando tratar da cultura espanhola,
concernente a autores e escritores de renome mundial.
O processo avaliativo aconteceu durante todo o Curso,
sendo considerada a disponibilidade e interesse dos alunos em
participar das atividades propostas e, principalmente, pelos
resultados das tarefas realizadas. Para nortear o processo de
avaliação dessa pesquisa, predominou a concepção de que é um
instrumento que faz parte do sistema de ensino, podendo, dessa
forma, contribuir para a aprendizagem dos alunos.
Luckesi (1996, p.33) define avaliação como “...um
conjunto de valor sobre manifestações relevantes da realidade,
tendo em vista uma tomada de decisões”. Logo os alunos são
construtores do próprio conhecimento, sendo o professor um
orientador da aprendizagem. Nesse contexto, a avaliação
aconteceu mediante a observação da aprendizagem do
aluno, que serviu como diagnóstico para essa “tomada
de decisões”.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Acredita-se que o Curso Espanhol Instrumental cumpriu
seus objetivos e, principalmente, os objetivos do Projeto
“Desenvolvimento da habilidade de leitura de textos em espanhol”,
na medida em que os alunos conseguiram acompanhar a evolução
do Curso e, consequentemente, apresentar uma progressão com
relação ao nível das atividades. Para muitos, aprender a ler em
outro idioma já não era uma tarefa fácil, estudar via internet
48
então era outro desafio ainda maior. Entretanto, perceberam que
realmente é possível aprender de forma dinâmica e interativa,
por meio da internet. Esse Curso, além de introduzir os alunos
no universo da cultura hispânica, permitiu que eles entendessem
a dinâmica de um curso a distância, quebrando paradigmas e
preconceitos com relação a essa modalidade de ensino.
REFERÊNCIAS
BARALO, Marta. La adquisición del español como lengua
extranjera. Madrid: Arco/Libros, 1999.
BARBOSA, Rosângela Góis. Leitura e escrita: Atividades
interacionais e interligadas. Programa de Pós- Graduação em
Letras e Lingüística da Universidade Federal da Bahia- UFBA.
Disponível em http://alb.com.br, acessado em 21 de maio de 2011.
BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros
Curriculares Nacionais:
terceiro e quarto ciclo do Ensino Fundamental: Língua Estrangeira.
Brasília:
MEC/SEF, 1998.
BUSTOS, Alberto. Qué son las expresiones idiomáticas? Blog de
Lengua española. Disponível em http://blog.lengua-e.com/2007/
que-son-las-expresiones-idiomaticas, acessado em 15 de outubro de
2011.
CASSANY, Daniel. Técnicas y Recursos para la comprensión
lectora. Disponible em http://www.plec.es/documentos.php?id_
seccion=5id_documento=140nivel=Secundaria, acessado em 20 de
dezembro de 2011.
DICIONÁRIO
DE FALSOS AMIGOS, disponível em http://
victoriaygabyruffo.activeboard.com/t20558597/dicionrio-de-falsos49
26. Prática Pedagógica Renovada
amigos-ou-falsos-cognatos/, acessado em 30 de novembro de 2011.
LUCKESI, C. C. Avaliação da Aprendizagem Escolar. 4. Ed. São
Paulo: Cortez, 1996.
MARCUSCHI, L. A. Gêneros textuais: definição e funcionalidade.
IN: Gêneros textuais ensino. Organizadoras: Ângela Paiva
Dionísio, Anna Rachel Machado, Maria Auxiliadora Bezerra. 2. ed.
Rio de Janeiro: Lucerna, 2003.
MOÇO, Anderson. Tudo o que você sempre quis saber sobre
projetos. Revista Nova Escola, abril de 2011.
PASSOS, Eduardo; KASTRUP, Virgínia; ESCÓSSIA, Liliana da (Orgs).
Pistas do Método da Cartografia-Pesquisa-intervenção e produção
de subjetividade. Porto Alegra: Sulina, 2009.
PROGRAMA DE FORMAÇÃO CONTINUADA EM MÍDIAS NA EDUCAÇÃO.
- Módulo Gestão integradas de Mídias na Educação. Módulo
Introdutório - Etapa 1.
SOLÉ, Izabel. Estratégias de Leitura. 6 ed. Porto Alegre: ArtMed,
1998.
ULLMANN, Runholdo Aloysio. Antropologia Cultural. Escola
Superior de Teologia. Porto Alegre. São Lourenço de Brindes,
1980.
A INTERNET NA EDUCAÇÃO: A IMPORTÂNCIA DO
TRABALHO COM A HISTÓRIA EM QUADRINHOS NO
ENSINO FUNDAMENTAL
FREITAS, Eliana Soares de1
CASTRO, Gabriella Aparecida Santos2
INTRODUÇÃO
Realizar pesquisa sobre o uso da internet na educação
não é um tema novo. Fazendo um levantamento bibliográfico
sobre o tema, percebemos que há várias concepções que
podemos adotar em nossa prática usando a internet como um
recurso metodológico. Mas tratamos de apresentar aqui a nossa
experiência tendo a pesquisa de intervenção nos auxiliado a
inserir a internet em nossas aulas de forma significativa no
processo ensino-aprendizagem.
Tivemos como objetivo geral compreender a utilização da
internet no processo de ensino aprendizagem nas aulas de língua
portuguesa e como objetivo específico produzir histórias em
quadrinhos utilizando o site Máquinas de Quadrinhos observando
as regras da língua oral e escrita para esse tipo de texto.
1 Mestre em Educação, Professora do Departamento de Métodos e Técnicas Educacionais da
Unimontes, Tutora e Orientadora do Programa de Formação Continuada Mídias na Educação –
edfsoares.midias@gmail.com
2 Cursista do Programa de Formação Continuada Mídias na Educação, através da
Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES. Graduada em Pedagogia – UNIMONTES.
Supervisora Pedagógica da Rede Municipal de Ensino do município de Montes Claros-MG -
gabriellapolinario@yahoo.com.br
50
51
27. Prática Pedagógica Renovada
Mídias na Educação
Percebemos como relevante este estudo por trazer algumas
contribuições do uso do computador na escola e as suas formas de
utilização como mediador do conhecimento. Buscamos introduzir
na escola a prática pedagógica mediada pelos computadores dos
laboratórios de informática que, no século XXI, já são realidade
na maioria das escolas públicas.
Esses laboratórios foram disponibilizados pelo governo
federal recentemente através do Programa Educacional
de Tecnologia Educacional (PROINFO), que visa, além da
informatização das escolas, a capacitação continuada dos
professores para a utilização dos computadores. Porém, nem
todos os professores se encontram preparados para trabalhar com
computador e a internet no processo de ensino aprendizagem,
alguns, inclusive, são contra o uso desta tecnologia na escola,
muitas vezes, por não saberem utilizá-las e por não conhecerem
as possibilidades de uso desta tecnologia na educação.
Na Escola Municipal Professora Simone Soares essa situação
não é diferente. O laboratório de informática está à disposição
de alunos e professores que o utilizam apenas como um simples
complemento da aula, ora para digitar um texto, ora para uma
pesquisa na internet. Portanto, como professora dessa instituição,
percebemos que era necessário inserir o computador e a internet
no processo de ensino aprendizagem como um instrumento de
interação, capaz de mediar a construção do conhecimento, e não
somente como um instrumento de transmissão de informações.
Adotamos uma abordagem qualitativa, utilizando os
seguintes autores na nossa fundamentação: Moran (1997), Franco
(2000), Piconi e Tanaka (2003), entre outros.
A UTILIZAÇÃO DA INTERNET NO PROCESSO DE ENSINO
APRENDIZAGEM
A inserção das tecnologias na educação já é realidade da
sociedade atual. Atualmente, as escolas já convivem com esta
realidade, as novas tecnologias estão inseridas em seu espaço,
52
assim como já estão totalmente inseridas em todos os aspectos
da sociedade.
A internet, rede mundial de computadores ligados entre si
e que usam um protocolo de ligação comum (TCP/IP), partilhando
dados da mais diversa ordem é um exemplo de Tecnologia da
Informação e Comunicação (TIC) que hoje pode ser utilizada
como dispositivo capaz de facilitar e mediar o processo de ensinoaprendizagem. (MOURA, 1998).
A partir da utilização das TICs na educação é possível
pensar e praticar uma educação em que a colaboração entre os
envolvidos (professor x aluno) realmente exista, de forma que
transforme o ensino numa troca de experiência, seguida de novas
descobertas, que vão sendo compartilhadas e discutidas, gerando
a construção do conhecimento.
Ensinar na e com a Internet atinge resultados significativos quando se está integrado em um contexto estrutural de mudança do processo de ensino-aprendizagem, no qual professores e alunos vivenciam formas de
comunicação abertas, de participação interpessoal e
grupal efetivas (MORAN, 1997, s/p -destaque no original).
professor precisa estar capacitado para dominar
O
os recursos tecnológicos, elaborar atividades de aplicação
desses recursos escolhendo os mais adequados aos objetivos
pedagógicos, analisar os fundamentos dessa prática e as
respectivas conseqüências produzidas em seus alunos. (ALMEIDA;
ALMEIDA, 1999)
Ao inserir o trabalho com a internet no processo de ensino
aprendizagem, as escolas precisam assumir uma nova postura
perante a relação professor x aluno e promover mudanças nas
práticas docentes, priorizando a interatividade e a troca de
experiências e conhecimentos entre os sujeitos envolvidos
no processo. A inserção das TICs na educação também não
corresponde ao fim de todos os problemas educacionais, mas
53
28. Prática Pedagógica Renovada
Mídias na Educação
são fortes aliadas na luta em prol da qualidade do ensino nas
instituições educacionais.
O GÊNERO HISTÓRIA EM QUADRINHOS
O trabalho com o gênero histórias em quadrinhos é aliado
da prática docente, pois desperta o interesse pela leitura na
maioria dos alunos, devido a sua característica principal, que é a
junção da linguagem verbal e não verbal através de um só texto.
A história em quadrinhos (HQ) é uma modalidade de
literatura simultaneamente icônica e verbal. Seu público abrange tanto crianças, adolescentes e adultos
de diferentes níveis sócio-econômicos e educacionais
e é o campo iconográfico mais rico e mais vasto que
a história conhece, sendo uma arte de narrativa
em imagem acessível mesmo a pessoas que não
sabem ler (PICONI; TANAKA, 2003, s/p).
É certo que as HQs, por si só, já despertam o interesse dos
alunos pela leitura, porém não basta apenas inseri-las nas salas
de aulas. O professor precisa ter certo conhecimento sobre este
gênero textual, suas características e com base nisso, planejar
suas aulas, com criatividade, para que sejam explorados com os
alunos todos os aspectos deste gênero, enfatizando seus principais
elementos, e desta forma propiciar o desenvolvimento da leitura
(através das apreciações) e da escrita (através da produção).
AS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS E A INTERNET
Com o avanço das TICs, as histórias em quadrinhos
passaram a ser publicadas também no meio digital. O computador
se transformou numa das ferramentas mais utilizadas atualmente
54
para produção dos quadrinhos e a internet é um dos meios pelo
qual são divulgados e compartilhados.
Os sites que têm como principal objetivo a veiculação de
histórias em quadrinhos on-line buscam oferecer além de imagens
diversas, algumas animações, sons e recursos de multimídia e
interatividade, como fóruns, chats, hipertextos entre outros.
(FRANCO, 2000). Com a criação de HQtrônicas3 a audição e
o tato são sentidos que também serão estimulados (já que toda
a navegação e interação é feita com o uso do mouse e teclado),
mudando significativamente o paradigma criativo anterior e
abrindo espaço para trabalhos de maior sinestesia, levando
os webquadrinhistas4 a se envolverem com variáveis antes
inexistentes em seu processo criativo como o som, exigindo em
muitos dos casos que eles trabalhem em parceria com outros
artistas como músicos e animadores. (FRANCO, 2004).
Não há que se preocupar com a substituição total das
histórias em quadrinhos impressas pelas HQtrônicas, pois, como
afirma Franco (2004), as HQs veiculadas na rede Internet, ao
contrário de significarem uma ameaça às tradicionais impressas,
contribuem para o surgimento de novos títulos, fazendo o
caminho inverso daquele que poderíamos prever, ou seja,
muitos quadrinhos de sucesso criados para a Internet acabam
migrando posteriormente para o suporte papel.
CRIAÇÃO DA HISTÓRIA EM QUADRINHOS ONLINE: O PASSO A
PASSO
Dentro da perspectiva da pesquisa de intervenção,
desenvolvemos um trabalho com o site “Máquina de Quadrinhos”
com os alunos do 5º ano azul da Escola Municipal Professora
Simone Soares, com o objetivo de trabalhar a produção de
histórias em quadrinhos através da internet, bem como, reforçar
3 Termo criado por Edgar Franco para denominar a
hipermídia.
linguagem híbrida de quadrinhos e
4 Nome utilizado por Edgar Franco aos quadrinhistas que criam trabalhos hipermidiáticos.
55
29. Prática Pedagógica Renovada
Mídias na Educação
as regras gramaticais, ortográficas, de pontuação e acentuação
necessárias para a produção textual.
foram atendidas de forma individual, sendo necessário todo o
período de quatro horas diárias para concluirmos esta atividade.
A turma do 5º ano azul, em 2011, contava com vinte e seis
alunos e todos participaram desse trabalho, pois a dificuldade
em produzir textos se apresentava em graus variados. Foram
necessárias doze aulas no laboratório de informática e quatro
aulas em sala de aula para a conclusão de todo o trabalho.
O trabalho foi desenvolvido no segundo semestre de 2011.
Escolhemos trabalhar com as historinhas em quadrinhos por ser
um gênero textual que atrai a todas as faixas etárias.
partir do momento que cada dupla teve seu cadastro
A
aprovado, levamos os alunos novamente ao laboratório e
fizemos o primeiro acesso ao site Máquina de Quadrinhos. Nesta
oportunidade, os alunos puderam experimentar as ferramentas
disponíveis, visualizar os objetos, os personagens, os cenários,
os balões e se encantaram com o site. Mas se esbarraram na
dificuldade de digitar corretamente o endereço do site, porque
não tinham o hábito de digitar endereços eletrônicos, digitavam
as palavras com espaçamentos, ora com erros de digitação, ora
esquecendo algum caractere, mas com o nosso apoio e do monitor
de informática venceram esta dificuldade.
Utilizamos o portal www.maquinadequadrinhos.com.br,
pois neste site é possível criar histórias em quadrinhos
utilizando os personagens, os cenários, os balões e demais
objetos da Turma da Mônica e publicá-las, ler produções já
publicadas e interagir com os demais participantes cadastrados
do site.
Iniciamos o trabalho apresentando informações sobre o site
para a turma. Para isso, acompanhamos os alunos ao laboratório
da escola e lá apresentamos o site “Maquina de Quadrinhos”.
Nesta ocasião, utilizamos o projetor de multimídia e os alunos
apenas viram o site e suas ferramentas, pois para ter o acesso,
era preciso ter o cadastro.
Feito a apresentação, a próxima etapa foi à criação do
cadastro no site. Dividimos os alunos em duplas e para cada
dupla criamos um e-mail para confirmação do cadastro. Muitos
alunos já tinham seus e-mails criados e estes foram aproveitados
para o cadastro no site. Mas os alunos que ainda não o tinham,
tiveram muita dificuldade na abertura das contas e necessitando
de auxilio nesse processo.
Em seguida, fizemos o cadastro no site Máquina de
Quadrinhos, informando o nome da dupla, o e-mail e uma senha
de acesso. A maior dificuldade dos alunos foi conseguir preencher
todos os dados necessários para o cadastro em tampo hábil, antes
que a página do cadastro de e-mail expirasse. Por isto, as duplas
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FIGURA 1 – Alunos fazendo o primeiro acesso ao site
Fonte: Arquivo pessoal da pesquisadora, 2011.
O próximo passo foi a criação da história em quadrinhos
em sala de aula. Nesta etapa, auxiliamos os alunos na criação
do enredo da história e criação dos diálogos. Não foi necessário
trabalhar sistematicamente com as características de cada
personagem da Turma da Mônica, pois eram conhecidos pelos
alunos desta turma, o que facilitou o desenvolvimento do
trabalho. Definimos nesse momento, qual seria a história, quem
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