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O EVANGELHO segundo o  POETA Fernando Peixoto
De ti pouco mais sei do que o que li E apenas pelo que outros me disseram Mas nunca te escutei, sequer te vi Nos livros que os antigos escreveram. E de tudo o que retive e que aprendi Recordo alguns prodígios que fizeste. Mas depois, refletindo, concluí: Quem foste afinal, Tu? E o que disseste? Nenhum dos escritores te conheceu, Nenhum deles jamais te acompanhou. Nem ao certo se sabe onde nasceu O Jesus que até hoje a nós chegou.
Por isso é que aprendi a duvidar E daquilo que li pouco me importa. Duvidando aprendi a acreditar Porque ter Fé, sem dúvida, é Fé morta. Que fizeste, tu, Amigo? Francamente! Como pudeste cair em tanta asneira? Tu, que tiveste o mundo à tua frente E o deixaste cair desta maneira? Tu, que divino sempre te julgaste E como filho de Deus te assumiste, Tu, que a própria família abandonaste E os míseros aos ricos preferiste,
Que surgiste, já homem, sem sabermos Que fizeste na tua adolescência, Que caminhos tomaste, sem te vermos,  Onde colheste tu tanta ciência? Depois permaneceste errando, incerto, Meditando em contínua oração, Preparando, sozinho, no deserto O caminho da tua pregação. Partiste rumo ao mar para pescar Com redes de palavras pescadores Acolheste-os a todos, sem cuidar Em separar os bons dos pecadores.
Quem eras Tu, que assim se aventurava Em abalar um mundo instituído? Quem eras tu, Jesus, que assim falava De um Novo Deus de amor, desconhecido? Quem eras tu, surgido de repente Um pobre, natural de Nazaré, Acompanhado assim, por tanta gente, Pregando às multidões a nova Fé? Que o Velho Testamento transformaste  Num novo Deus, sem fúria nem vingança, Um novo Deus de Amor, que proclamaste, Num Novo Testamento de esperança,
Tu, que amaste as crianças com ternura, Como eternos símbolos de pureza, Que trilhaste os caminhos da ventura E foste dos humanos frágil presa, Que a fome por milagre mitigaste Em pão que se espalhou com abundância, Que mesmo aos inimigos abraçaste Com idêntico amor e tolerância, Que à mulher conferiste a dignidade Tornando-a tua amiga e tua irmã, Pois do seu ventre emerge a humanidade Que faz de cada parto uma manhã,
Que morreste sozinho, abandonado Pelo povo que foi o teu algoz, Exangue e por espinhos cravejado Suportando na cruz a dor atroz Questionaste o Pai sobre a razão De ter-te abandonado nesse instante. E qual foi a resposta? Um trovão,  Apenas um trovão no céu distante. Disseram que depois ressuscitaste! Embora já de forma não terrena, E que aos olhos daquela a quem amaste Te mostraste primeiro: Madalena.
Mas não creio que tal seja verdade. E tudo não passou duma visão Daquela, para quem a realidade Eras Tu, inda vivo: uma ilusão. Eras tu, Jesus, o Deus que amava, Eras tu, Jesus, a flor eterna, A pétala da flor que não murchava No amoroso jardim de Madalena.  E por isso te via a todo o instante  E nunca se sentia em solidão Porque tinha guardado o seu amante No cofre mais secreto da paixão.
Para mim nunca foste a divindade, Aquela que não passa dum conceito, Foste um Homem apenas, na verdade,  Foste um Homem, apenas, mas PERFEITO. E se hoje creio em ti desta maneira Acredita: não é por má vontade. É por não ver a humanidade inteira Seguir o teu exemplo de bondade. Morreste torturado numa cruz Às mãos dos que querias libertar. Mas pra mim tu és sempre esse Jesus Que eu tanto gostaria de imitar!
Mas tão débil eu sou que não consigo Ultrapassar os vícios que consomem O difícil caminho que prossigo À procura de ti, pra ser um Homem. Por isso sinto a dor tão pertinaz De tão perto estar de ti e tão distante,  sentir-me cada vez mais incapaz de ser igual a ti, ou semelhante. A minha cruz é de outra natureza E nada tem em si de misticismo: É a pesada cruz desta fraqueza De não poder vencer o meu egoísmo.
E só pensando em ti me tornarei Capaz de resistir e ser mais forte Vencendo este percurso que encetei No dia em que nasci até à morte. Porque a Vida, Jesus, é mesmo assim, Um rumo que se traça e se percorre, Que tem sempre um começo e tem um fim: Se tudo nasce e vive, tudo morre. E se de nada mais tenho a certeza, Pretendo ter ao menos a ambição De estar conforme a minha natureza Desta frágil e humana condição.
Do Bem e da Pureza soberano Foste o fruto de humana concepção. Eu apenas serei um ser humano Incapaz de atingir a perfeição. Se como tu não passo de um mortal E assumo por inteiro este conceito, Eu não sou como tu, sou desigual, Não sou como tu foste: um ser perfeito. E por isso te quero e te encareço E por isso te recordo e me ajoelho Em tributo fraterno. E reconheço Nos teus humanos atos o Evangelho.
FORMATAÇÃO: Mima (Wilma) Badan [email_address] MÚSICA: Beethoven – Spring Sonata for piano and violin (Repasse com os devidos créditos)

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O Evangelho segundo o poeta - Fernando Peixoto

  • 1. O EVANGELHO segundo o POETA Fernando Peixoto
  • 2. De ti pouco mais sei do que o que li E apenas pelo que outros me disseram Mas nunca te escutei, sequer te vi Nos livros que os antigos escreveram. E de tudo o que retive e que aprendi Recordo alguns prodígios que fizeste. Mas depois, refletindo, concluí: Quem foste afinal, Tu? E o que disseste? Nenhum dos escritores te conheceu, Nenhum deles jamais te acompanhou. Nem ao certo se sabe onde nasceu O Jesus que até hoje a nós chegou.
  • 3. Por isso é que aprendi a duvidar E daquilo que li pouco me importa. Duvidando aprendi a acreditar Porque ter Fé, sem dúvida, é Fé morta. Que fizeste, tu, Amigo? Francamente! Como pudeste cair em tanta asneira? Tu, que tiveste o mundo à tua frente E o deixaste cair desta maneira? Tu, que divino sempre te julgaste E como filho de Deus te assumiste, Tu, que a própria família abandonaste E os míseros aos ricos preferiste,
  • 4. Que surgiste, já homem, sem sabermos Que fizeste na tua adolescência, Que caminhos tomaste, sem te vermos, Onde colheste tu tanta ciência? Depois permaneceste errando, incerto, Meditando em contínua oração, Preparando, sozinho, no deserto O caminho da tua pregação. Partiste rumo ao mar para pescar Com redes de palavras pescadores Acolheste-os a todos, sem cuidar Em separar os bons dos pecadores.
  • 5. Quem eras Tu, que assim se aventurava Em abalar um mundo instituído? Quem eras tu, Jesus, que assim falava De um Novo Deus de amor, desconhecido? Quem eras tu, surgido de repente Um pobre, natural de Nazaré, Acompanhado assim, por tanta gente, Pregando às multidões a nova Fé? Que o Velho Testamento transformaste Num novo Deus, sem fúria nem vingança, Um novo Deus de Amor, que proclamaste, Num Novo Testamento de esperança,
  • 6. Tu, que amaste as crianças com ternura, Como eternos símbolos de pureza, Que trilhaste os caminhos da ventura E foste dos humanos frágil presa, Que a fome por milagre mitigaste Em pão que se espalhou com abundância, Que mesmo aos inimigos abraçaste Com idêntico amor e tolerância, Que à mulher conferiste a dignidade Tornando-a tua amiga e tua irmã, Pois do seu ventre emerge a humanidade Que faz de cada parto uma manhã,
  • 7. Que morreste sozinho, abandonado Pelo povo que foi o teu algoz, Exangue e por espinhos cravejado Suportando na cruz a dor atroz Questionaste o Pai sobre a razão De ter-te abandonado nesse instante. E qual foi a resposta? Um trovão, Apenas um trovão no céu distante. Disseram que depois ressuscitaste! Embora já de forma não terrena, E que aos olhos daquela a quem amaste Te mostraste primeiro: Madalena.
  • 8. Mas não creio que tal seja verdade. E tudo não passou duma visão Daquela, para quem a realidade Eras Tu, inda vivo: uma ilusão. Eras tu, Jesus, o Deus que amava, Eras tu, Jesus, a flor eterna, A pétala da flor que não murchava No amoroso jardim de Madalena. E por isso te via a todo o instante E nunca se sentia em solidão Porque tinha guardado o seu amante No cofre mais secreto da paixão.
  • 9. Para mim nunca foste a divindade, Aquela que não passa dum conceito, Foste um Homem apenas, na verdade, Foste um Homem, apenas, mas PERFEITO. E se hoje creio em ti desta maneira Acredita: não é por má vontade. É por não ver a humanidade inteira Seguir o teu exemplo de bondade. Morreste torturado numa cruz Às mãos dos que querias libertar. Mas pra mim tu és sempre esse Jesus Que eu tanto gostaria de imitar!
  • 10. Mas tão débil eu sou que não consigo Ultrapassar os vícios que consomem O difícil caminho que prossigo À procura de ti, pra ser um Homem. Por isso sinto a dor tão pertinaz De tão perto estar de ti e tão distante, sentir-me cada vez mais incapaz de ser igual a ti, ou semelhante. A minha cruz é de outra natureza E nada tem em si de misticismo: É a pesada cruz desta fraqueza De não poder vencer o meu egoísmo.
  • 11. E só pensando em ti me tornarei Capaz de resistir e ser mais forte Vencendo este percurso que encetei No dia em que nasci até à morte. Porque a Vida, Jesus, é mesmo assim, Um rumo que se traça e se percorre, Que tem sempre um começo e tem um fim: Se tudo nasce e vive, tudo morre. E se de nada mais tenho a certeza, Pretendo ter ao menos a ambição De estar conforme a minha natureza Desta frágil e humana condição.
  • 12. Do Bem e da Pureza soberano Foste o fruto de humana concepção. Eu apenas serei um ser humano Incapaz de atingir a perfeição. Se como tu não passo de um mortal E assumo por inteiro este conceito, Eu não sou como tu, sou desigual, Não sou como tu foste: um ser perfeito. E por isso te quero e te encareço E por isso te recordo e me ajoelho Em tributo fraterno. E reconheço Nos teus humanos atos o Evangelho.
  • 13. FORMATAÇÃO: Mima (Wilma) Badan [email_address] MÚSICA: Beethoven – Spring Sonata for piano and violin (Repasse com os devidos créditos)