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HOMOSSEXUALIDADE: UM ENGANO
       EM MINHA VIDA


        Saulo A. Navarro
Homossexualidade: um engano em minha vida                                               2




     Este material foi idealizado e editado por Saulo Navarro. Apoiamos e
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(Hebreus 4:12,13) “Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais penetrante do
que uma espada de dois gumes, e penetra até à divisão da alma, e do espírito, e das
juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração. E
não há criatura alguma encoberta diante dEle; antes, todas as coisas estão nuas e
patentes aos olhos daquele com quem temos de tratar.” (Hebreus 4:12,13)




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        “Quem sabe, o único referencial de pai que você tem, é de um pai ausente, de um
pai, muitas vezes, tão áspero, tão rígido, tão duro com você. Quem sabe, um pai que até
mesmo te tocou como não devia, te bateu como não devia. Um pai, que não tinha nada
para poder te dar, além de amarguras, rancores, que ele mesmo recebeu. Quem sabe,
você como eu, teve o privilégio de ter um bom pai, graças a Deus por isso. Mas, nem
mesmo o melhor dos pais, nem mesmo o melhor dos homens, por mais que se
esforçasse poderia, suprir a carência e o vazio do meu coração, do seu coração, do nosso
coração. Como é bom conhecermos o Deus pai, adore-o, adore o pai que você tem, que
nunca te deixa só, que nunca te abandona, que nunca te desampara, que nunca vai
embora, que nunca te agride, mas toca, e sara as feridas da alma, que está sempre
presente, que supre as suas necessidades, um pai que compreende, um pai que te
entende, que não te acusa, mas que diz: meu filho, te amo. Quantos podem dizer: o meu
pai é assim, é bom, fiel, forte, o meu pai me ama, supre as minhas necessidades, me diz
quem realmente sou, eu sou seu filho amado, não tenho falta de nada, porque o meu pai,
cuida de mim, Ele sabe tudo que eu preciso, e tudo que você precisa. Quantas vezes o
filho cresce, e esquece, mas nós não queremos nos esquecer. Eu amo, meu pai.”

Agradeço a Ana Paula Valadão por ceder este “Cântico Espontâneo”, parte integrante do
CD Diante do Trono nº 5 - Nos Braços do Pai. Ao nosso Deus seja toda Honra, Glória e
Louvor.




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Introdução


       Todo ser humano precisa de Deus, até mesmo aquele que se diz ateu, que muitas
vezes tenta provar através da ciência como o homem surgiu, proclamando para o mundo
que Deus não tem nada a ver com isto. Como é maravilhoso e agradável saber que existe
um Deus que fez todas as coisas, que deixou a sua Palavra para podermos hoje viver
pela fé.

       Levei tempo para reconhecer que Jesus veio em carne a este mundo, que veio
buscar e salvar aquele que se havia perdido e morreu na cruz ressuscitando ao terceiro
dia. Acreditava que isto fazia parte da história, dizia que a Bíblia foi feita por homens e por
isso continha erros, acreditava no que me era conveniente, vivendo por minhas próprias
vontades, desejos e decisões. Em um certo momento na minha vida a Palavra de Deus foi
semeada em meu coração e passei a crer totalmente na vontade de Deus para mim, e
não foi por força ou insistência humana, mas sim, pela ação do Espírito Santo de Deus
que nos convence do pecado, da justiça e do juízo.

       Cristo tornou-se presente em minha vida através da Palavra de Deus. Aceitei Jesus
como meu único Senhor e Salvador, o caminho certo que leva a Deus. Pude escolher
entre continuar no engano em que vivia ou acertar minha vida através das verdades que
se encontram na sua Palavra que nos torna livre, modela nosso caráter e nos coloca em
um caminho reto.

      Irei compartilhar com você como eu vivia, mas também irei compartilhar do mais
importante, de quem realmente sou e as conquistas que tenho alcançado, da certeza de
onde vim e para onde irei.

      Não conheço você, mas Deus conhece e sabe exatamente o que está em seu
coração neste momento, as dores físicas e emocionais que já passou ou tem passado, o
desprezo que já recebeu, as dificuldades do seu dia, as alegrias, desejos e vontades,
enfim, não há nada encoberto diante Dele, nem mesmo aquele segredo que só você
sabe, que está escondido em seu coração, encoberto diante das pessoas.




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                                                            SUMÁRIO




1. Infância ............................................................................................................................6

2. Adolescência ..................................................................................................................10

3. Juventude ......................................................................................................................12

4. Entrando na Homossexualidade ...................................................................................14

5. A Volta para Casa ..........................................................................................................16

6. Encontro com Deus .......................................................................................................18

7. Namoro ..........................................................................................................................23

8. Noivado ..........................................................................................................................25

9. Casamento .....................................................................................................................27




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Infância


      Nasci em Contagem, Estado de Minas Gerais. Durante minha infância recebi
grande atenção, amor e carinho das mulheres da família. Minhas tias adoravam passar o
dia comigo e eu as observava e recebia tudo o que me davam de atenção e carinho.
Recordo de uma cena onde uma tia estava se arrumando na frente do espelho,
penteando os cabelos e cantando para mim uma música que tinha uma letra assim:
“embaixo dos caracóis, dos seus cabelos...”. Eu ficava ali, só observando o jeito dela e de
como se arrumava na frente do espelho. Consigo lembrar até mesmo de um chinelo
branco que ela tinha, este chinelo continha uma tira feita com pedrinhas de vidro, eu
gostava dele por causa destas pedrinhas de vidro, achava bonito.

       Aos quatro anos de idade fiquei doente e fui internado em um hospital por vários
dias, Hospital Santa Rita. Lembro-me de ser muito apegado à minha mãe. Meus olhos
não saiam de perto dela. Não queria ficar no hospital, a não ser que minha mãe ficasse
sempre comigo. Levaram-me para um quarto que continha vários berços onde passei a
receber atenção das enfermeiras. Uma das enfermeiras teve um carinho todo especial
comigo e me apeguei a ela. Dormi e quando acordei, olhei à minha volta e não vi ninguém
que conhecia, e pior, não vi minha mãe. Comecei a chorar e a soluçar, queria minha mãe.
As enfermeiras tentavam me fazer parar, e cada vez mais eu chorava. O cansaço
aumentou e não agüentei, cai num sono profundo e quando acordei minha mãe já estava
de volta. Como foi difícil este momento, tive a sensação de abandono e tristeza profunda,
uma sensação esmagadora. A figura materna era mais forte para mim do que a figura
paterna. Não tenho na lembrança de ter chorado assim pela presença do meu pai.

        Ao chegar o tempo de ir para a escola, um desespero afligiu minha alma.
Simplesmente chorava até que a professora ligasse para minha mãe ir me buscar. E isto
se repetiu por várias vezes, eu não queria ficar ali com aquelas crianças num lugar que
não era meu. Não ficava à vontade de estar ali, de pedir para a professora que eu
precisava ir ao banheiro, tinha vergonha de tudo, trazia comigo um temperamento tímido,
dócil e amoroso. Este temperamento somado ao comportamento introvertido levou-me a
ouvir muitas palavras destrutivas vindas dos outros alunos. Ouvia por diversas vezes os
meninos me chamarem de chorão, de menininha. Estas palavras feriam demais meu
coração, e me afastavam deles. Procurei não demonstrar que estava sendo ferido. Como
gostaria de ser aceito por eles.

       Uma vez, estava de mãos dadas com meus pais, fomos até um posto de gasolina
perto de casa. No caminho encontramos uma mulher que os conhecia, ela olhou para
mim e disse: “que menina mais linda!”. Meus pais disseram: “Não é menina, é menino”.
Como fiquei triste de ser comparado com uma menina mais uma vez. Eu recebia
cobranças da família e amigos só por que não gostava de futebol e corrida de fórmula 1.
Gostava de estar com as meninas, identifiquei-me com elas, eram calmas e falavam
comigo, nos entendíamos muito bem. Ao contrário dos meninos, eu os via correndo atrás
de uma bola, sem camisa, suados, gritando um com o outro e achava tudo isto uma perda
de tempo. Sentia certa exclusão por não gostar do que eles gostavam. Como poderia
sentir vontade de estar com eles se estavam sempre me jogando para longe do seu grupo
com brincadeiras e comentários que me feriam? Na escola tinha aula de educação física


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e sempre tinha que parar por causa da falta de ar. Fazer educação física era passar por
vários constrangimentos, como ficar com dificuldades para respirar e receber as palavras
dos meus colegas, de que eu era de vidro, não conseguia nem jogar bola que ficava
doente. Para proteger-me das provocações dos meus colegas eu fazia com que a falta de
ar ficasse sempre pior e assim, eles veriam que realmente era difícil para mim. Gostaria
de ser como eles, “hominhos”, tinham gosto de jogar bola e fazer esporte. Não conseguia
fazer parte do clube, pois até mesmo as conversas sobre meninas não me agradava.
Falavam de como iriam fazer com uma menina, como eles estavam conhecendo seus
corpos. Como se gabavam de contar estas histórias. Estas conversas serviam para me
constranger, achava que sexo era pura maldade. Cresci achando o sexo algo muito
vulgar. Não havia ligação do sexo com amor, era sempre ligado à maldade, para mim era
algo pecaminoso e errado e que só era feito às escondidas.

        Certa vez meus primos me levaram para brincar em um parque que estava na
cidade. Minha mãe e tias me vestiram e cuidaram de mim. Ao olhar no espelho não gostei
do que vi. Não gostei da minha roupa. Meu cabelo me fazia parecer uma menina. Saímos
de casa em direção ao parque. Até então tudo estava indo bem. Em um certo momento,
fiquei longe dos meus primos, e me vi frente a um grupo de meninos que ficaram a minha
volta e começaram a zombar da minha roupa e cabelo. As palavras eram duras, fui
chamado de “veadinho”, menininha, “bichinha”. Como aqueles garotos podiam fazer
aquilo? Vieram do nada e me atacaram com palavras que feriram profundamente minha
alma. Novamente ali estava eu, fora do grupo, excluído do clube dos meninos, queria ser
aceito por eles, só isto. Um dos meus primos viu a cena e foi enfrentar os meninos. Neste
momento me senti protegido e seguro. Assim que consegui fugir do meio deles fui para
casa, sozinho, carregando comigo todo aquele emaranhado de sentimentos ruins, nem
avisei meus primos. Ao chegar em casa, recebi uma bronca por ter vindo embora sozinho.
Meus primos ficaram zangados comigo. Não entenderam o porquê do meu
comportamento. Guardei comigo o que houve naquele parque e sofri sozinho. Passei a
conviver com estes sentimentos dentro de mim, uma mistura de mágoa, tristeza e solidão.
Na verdade eu estava entrando em uma prisão dentro de mim mesmo. Novamente senti
a exclusão, o desprezo e a dificuldade de fazer parte do clube dos meninos. O que havia
de tão mal nestes garotos que não faziam nenhum esforço para me aceitar no meio
deles? Várias vezes os meninos do bairro perto de casa se reuniam para fazer
brincadeiras sexuais entre si, neste momento eu me sentia aceito por eles. Neste
momento eles deixavam que eu participasse das brincadeiras, por um bom tempo aprendi
a fazer as “sacanagens” que um fazia com o outro e a desejar aquilo. Enfim fui aceito.

       Minha mãe começou a trabalhar fora de casa, saía cedo e só voltava à noite. Uma
empregada passou a fazer parte da rotina da casa durante todo o dia. Durante parte do
dia eu ia para a escola, que era um local onde eu sofria muitos ataques dos meninos. Por
um tempo ir para a escola seria passar por um desgaste emocional sem tamanho. No
início da noite eu ficava sentado na frente do portão de casa esperando minha mãe
chegar. Quando ela chegava uma felicidade surgia em meu coração. Toda vez que eu ia
para casa de algum primo para dormir fora, eu chorava até que me trouxessem de volta.
Podia passar o dia com eles, mas na hora de ir dormir eu queria ir para casa. Interessante
que eu não buscava por meu pai, eu me via preso a minha mãe, era uma dependência
total da companhia dela. Eu gostaria que me pai demonstrasse mais amor por mim, de
forma que eu sentisse este amor e desejasse a presença dele.




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       Uma vez, estava na sala de casa no colo dele. Brincava com o cabelo do seu peito
e na TV passava uma novela chamada Pai Herói. Na abertura desta novela tocava uma
música muito bonita falando do relacionamento entre pai e filho. Enquanto a música
tocava, uma cena me chamou atenção. Um quebra cabeças era montado, e aos poucos
surgia um caminho entre árvores e um menino caminhando junto à figura do que seria seu
pai. Detalhe, a figura do pai não foi preenchida, estava em branco. Uma criança
passeando de mãos dadas com o pai, seu pai herói, por outro lado o pai não estava lá,
ele estava presente, mas ausente. O que deve ser mais cruel para a formação de uma
criança, um pai presente ausente ou um pai que mora longe? Era assim que me sentia
em relação ao meu pai, um vazio, uma necessidade de aceitação e afirmação por parte
dele, de receber carinho e ser amado. Mas, por mais perto que ele estivesse fisicamente
de mim, sentia um abismo enorme entre nós. Eu queria um pai herói, que estivesse junto
de mim, mas ele não era assim. Hoje sei que ele não poderia me dar o que não tinha
aprendido e nem recebido dos pais dele.

       Em um certo dia, uma de minhas tias e seus filhos estavam conosco em casa. Ela
tinha uma menina e um menino da minha idade. Estávamos brincando no quintal e esta
tia teve a idéia de me vestir com roupas de menina, colocou um lenço em meu cabelo,
uma saia e uma blusinha de menina, até passou batom e maquiagem no meu rosto. No
início achei legal, gostei de estar vestido de menina, mas logo vi as pessoas que
passavam na rua olharem para aquela situação e rirem de mim. Corri para trás de um
monte de pedras e me escondi. As pessoas riam e faziam piadas ao me verem vestido de
menina. Acredito que esta tia me vestiu de menina porque percebeu que eu gostava do
que as meninas gostavam e que eu tinha um certo “jeitinho efeminado”. Teve uma vez
que meu irmão falou que eu era “veado”, eu até achei engraçado porque pensei que ele
estava me comparando com um animal. Tempos depois descobri que na verdade ele
estava me chamando de “bicha” e que eu não gostava de namorar meninas. Neste
momento senti meu coração, minha alma ser ferida profundamente.

       As brincadeiras de menina me chamavam atenção, tanto que eu brincava de
boneca e de casinha com elas. As bonecas Barbie e Susi eram as minhas preferidas. E
como eu gostava de usar saia. Quando as meninas me chamavam para brincar de
desfilar eu era o primeiro a me fantasiar de menina e sair desfilando. A conversa das
meninas me agradava mais do que a conversa dos meninos, elas sabiam me receber e
me aceitavam sem críticas e restrições. As meninas não zombavam de mim. As pessoas
a minha volta percebiam este comportamento em mim, cada uma reagia de uma forma.
Uns eram mais vorazes em seus comentários, me chamavam de “bichinha”, “veadinho”,
menininha, outros não diziam nada, outros ficavam falando entre si. Toda família
reconhecia que eu tinha um “jeitinho esquisito”, mas não tocavam no assunto.

          Aos nove anos de idade comecei a pensar em namorar e nutria um carinho por
uma menina. Quando comentei com meus colegas, eles riam e diziam que eu não ia
conseguir porque não gostava de meninas e era “efeminado”. Simplesmente me rotularam
por verem em mim um comportamento mais tímido e introvertido. Com toda minha
insegurança e timidez fui até o encontro desta menina que eu gostava. Quando cheguei
perto dela fiquei mudo, com muita vergonha da situação não fiz nada. Criei uma
expectativa não só em mim, mas nas pessoas que me levaram até ela. Ficavam me
cobrando para que fizesse um movimento na direção dela. A vergonha tomou conta de
mim e só consegui trocar algumas frases com ela. Percebi que seria complicado demais
me relacionar com ela ou com qualquer menina que fosse por causa da vergonha e


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timidez. Passei a conviver com um sentimento de frustração e impotência. Fiquei
convencido de que não conseguiria namorar uma garota. Conseguia sonhar com uma
menina, imaginar namorando e passeando, mas quando o sonho ia se tornando real e
vendo que não daria conta da situação, parava tudo. Ao contrário de mim meus colegas
se davam muito bem com as meninas, tinham uma certeza do que eram e poderiam fazer
com elas que eu não entendia. Tinham o domínio da situação, não tinham vergonha nem
timidez. Estavam se dando bem em suas paqueras, namoros e intimidades. Tudo isto era
muito difícil para mim. Eu os inveja por saberem se comportar como meninos e fazer o
que faziam sem dificuldade nenhuma. Esta inveja me fazia desejar as características
deles. Lembro que eu tinha inveja dos meus primos, eles eram tão masculinos e definidos
em sua sexualidade, eles falavam das meninas com uma desenvoltura que eu não
conseguia. Eu queria ser como eles, por isto os invejava. E esta inveja prosseguiu comigo
até a idade adulta.




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Adolescência


       Devido às dificuldades financeiras de minha família, meu pai foi para o sul, cidade
de Curitiba no Paraná. Conseguiu um trabalho em Pontal do Paraná. Sem ele conosco,
nos mudamos para o apartamento de minha avó. Que época difícil para todos nós. Morar
numa casa que não era nossa, conviver com pessoas que tinham seus compromissos,
suas manias. Senti falta do meu pai. Escrevi diversas cartas para ele falando da saudade
que sentia e de que gostaria de tê-lo por perto. Ele era um homem calado, de poucas
palavras. Não demonstrava carinho físico nem verbal pelos filhos. Gostaria que meu pai
fosse como os pais dos meus primos, que os abraçavam, davam atenção e eram próximo
deles. Raramente eu via meus pais demonstrando carinho um pelo outro. Sabia que se
gostavam mesmo não vendo na prática o amor que tinham entre si. Nem imaginava que
eles faziam amor, acreditei na mentira que uma cegonha trazia os bebês e que o beijo
poderia engravidar uma mulher. Não me recordo de meu pai falando que me amava ou
que gostava de mim, nem mesmo de receber um abraço bem forte dele.

       Aos 14 anos de idade recebi a notícia que teríamos que ir morar em Curitiba. Lá
estávamos eu, minha mãe e irmã, dentro de um carro indo para a rodoviária de Belo
Horizonte. Ainda dentro do carro, olhei para trás e vi minhas tias e avó sendo deixadas
para trás. Ao chegar na cidade de Curitiba senti as dificuldades que estavam por
começar, não só para minha família, mas principalmente para minha vida. Ficamos
hospedados na casa de parentes. Havia uma pessoa conhecida que estava descobrindo
sua sexualidade vendo fotos em revistas pornográficas. Uma vez ela pediu-me que
devolvesse uma destas revistas para uma amiga, e no caminho abri e fiquei vendo as
fotos. Fiquei surpreso ao ver o que aquelas mulheres faziam, era a tal da maldade que
sempre ouvi dos meus colegas. Toda vez que ouvia meus colegas, tios, primos falarem
de sexo, era de uma forma totalmente maliciosa e sem respeito nenhum com a figura da
mulher. Pensei que só as mulheres vulgares e impuras é que faziam sexo. Fiquei com a
imagem daquelas fotos na minha mente e ao ver o corpo nu dos homens naquela revista
lembrei-me das brincadeiras que fazia com meus primos e colegas do bairro. Associei as
brincadeiras sexuais que aprendi com eles aos homens das fotos pornográficas. Percebi
que desejava o corpo daqueles homens. Senti desejo sexual por aqueles homens, desejo
pelo mesmo sexo. Não conseguia me imaginar fazendo aquilo com uma mulher, mas ao
mesmo tempo desejei o corpo nu dos homens. Desejei a masculinidade deles, as
características físicas que os faziam homens.

       Começou o ano letivo e fui matriculado em uma escola. Novamente, ao conviver
com outros adolescentes, percebi minha dificuldade de relacionamento. Logo as palavras
que feriam minha masculinidade começaram a ser ditas pelos meus novos colegas. Minha
timidez aumentava a dificuldade de relacionamento com as pessoas. Neste tempo queria
namorar mesmo sabendo da minha dificuldade de relacionamento com as meninas,
principalmente quando imaginava que elas faziam sexo daquela forma que vi nas revistas
pornográficas. Sexo para mim não estava relacionado com amor e sim com maldade e
sacanagem. Meus amigos já falavam de seus envolvimentos, suas intimidades com as
garotas, suas experiências sexuais e eu nada.




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       Minha adolescência foi marcada por um ponto de interrogação. Não me sentia à
vontade com os garotos. Com as garotas só havia amizade e carinho por elas. Sentia
uma inadequação de ser garoto, não me sentia nada a vontade de estar com eles. Na
verdade eu não sabia a que gênero eu pertencia, não sabia para onde correr. Até tentei
alguns namoros com garotas, mas todos me traziam grande aflição, eu não sabia lidar
com a situação. Por várias vezes eu demonstrava interesse por uma garota e quando ela
fazia um movimento em minha direção um pânico tomava conta de mim. Sim, esta é a
palavra que descreve o que sentia: pânico. Era como se eu estivesse mentindo para eu
mesmo, como se estivesse enganando aquela menina, pois eu não poderia dar conta
dela. Na adolescência eu me sentia fora de qualquer grupo, nesta fase eu sentia solidão e
vazio por não saber em que grupo eu me enquadrava.

       Nesta fase morávamos em um apartamento, meus pais e meus irmãos, eu tinha
uma irmã e dois irmãos, um mais velho e os outros mais novos do que eu. Em casa a
nossa comunicação era quase nula, era cada um com sua vida, o máximo que eu
compartilhava com eles era assuntos muito superficiais. Realmente não tínhamos muito o
que falar, mesmo tendo dentro de mim uma bomba relógio prestes a explodir a qualquer
momento. Eu vivia uma adolescência solitária, triste, onde todas as situações que passei
que feriram minha masculinidade criaram raízes em minha alma. Mas eu jamais havia
falado com ninguém sobre isto, eu carreguei estas feridas desde a infância. Enquanto eu
crescia as raízes geradas pelas palavras que feriram minha masculinidade ficavam cada
vez mais fortes dentro de mim.

       Era uma prisão dentro de mim mesmo. Eu não gostava do que via em mim, isto
chegou num ponto em que rabisquei o meu rosto em todas as fotos da família. Eu via nas
fotos um menino fraco, mais parecido com uma menina, como odiei me ver assim.
Nestas fotos eu via um garoto tímido e introvertido, que não conseguia se sentir bem com
os garotos e nem com as garotas de quem gostava. Ninguém imaginava a confusão que
havia no meu ser. Em casa nós não falávamos sobre nosso dia, nossa vida. Não havia
um ambiente que favorecesse o diálogo. Como eu gostaria que meu pai tivesse um canal
de diálogo aberto para comigo. Quantas vezes eu desejei conseguir abrir este caminho de
comunicação, mas era algo difícil demais para mim. Nem mesmo eu sabia o que fazer
com tudo que se criou em minha alma. Eu precisava me identificar com algum grupo,
fazer parte de algum grupo em que sentisse à vontade e aceito.

       Quando ouvia algumas pessoas falando de casamento eu nem imaginava a
hipótese de passar por isto, era lago muito distante para mim. Algumas vezes uma ou
outra pessoa fazia um comentário em minha direção referente a namoro e casamento.
Não tinha sentido ouvir isto, como eu poderia me ver namorando, noivando e casando se
nem mesmo sabia o que eu era? Estas pessoas não tinham noção da confusão que se
passava dentro de mim. Resumo minha adolescência num enorme ponto de interrogação.




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Juventude


      Conheci um grupo de pessoas da minha idade que se tornaram meus amigos. Este
grupo foi um amparo que tive e onde eu me relacionava melhor do que em casa. Saíamos
para passear, dançar nos divertir. Sempre me cobravam para ter uma namorada e como
sempre tinha um casalzinho no grupo eu nutria uma vontade de namorar também, não
sabia como mas queria namorar. Tentei várias vezes e sempre ficava sem jeito. Uma vez
arrumei uma namoradinha, com muita dificuldade começamos a nos conhecer. Ela
terminou comigo, achou um cara mais posicionado em sua masculinidade do que eu e
terminou o namoro comigo. Foi complicado lidar com esta rejeição.

        Aos 18 anos, enfim arrumei uma namorada, gostei dela, da feminilidade dela. Era
algo novo estar com ela, de certa forma eu não sabia como namorar e nem me comportar.
Em pouco tempo de namoro ela começou a ter atitudes que me assustaram, teve
iniciativas que fizeram com que temesse estar com ela. Ela já havia tido suas
experiências sexuais e eu não. Certa noite, em uma danceteria, ela pediu-me que a
tocasse de modo mais íntimo e recusei por estar no meio de pessoas. Ela insistiu, fiquei
constrangido. Como eu não tomava nenhuma iniciativa ela disse ao meu ouvido: “às
vezes acho que você não é homem”. Naquele momento, veio em minha mente todas as
palavras de maldição que feriram minha masculinidade. As palavras da minha namorada
me feriram profundamente. Minha atitude naquele momento foi deixá-la naquele lugar. Sai
dali e não a vi por um bom tempo. O que havia se quebrado na infância e adolescência
veio a se quebrar ainda mais. Decidi não ter relacionamento com mulheres, com ninguém,
assim estaria seguro. Decidi ficar sozinho com minhas raízes de feridas na alma.

      O que mais me deixou paralisado neste acontecimento foi em sentir que minha
namorada havia percebido que eu não era homem, que eu poderia ser veado e bicha.
Que pavor, medo e angústia. Eu tentando me ajustar num espaço em que me sentia
inadequado e de repente minha namorada me diz que eu não sou homem! Então tudo o
que eu ouvi na infância e adolescência era verdade! Eu não poderia namorar garotas e
nem me relacionar com elas porque eu era efeminado. Que confusão em minha mente. E
agora o que faço com tudo isto? Onde me enquadro?

       Neste mesmo ano, meus pais viajaram e fiquei sozinho cuidando da casa. Alguém
tocou a campainha. Ao abrir a porta qual minha surpresa ao ver aquela garota da
danceteria, minha ex-namorada ali, na porta de casa. Deixei-a entrar e ficamos vendo TV
e conversando. Aconteceu um beijo e logo ela tirava sua roupa e me levava para o quarto.
Fiquei em pânico, meu corpo inteiro travou. Mas ela insistiu em manter relações não
respeitando meu pânico. Ela viu e sentiu que eu brochei mesmo. E não foi porque eu não
senti aração sexual por ela e sim pelo desespero de não saber agir naquela situação.
Desesperadamente fugi dali. Tranquei-me no banheiro e fiquei lá sentindo um monte de
“coisas”. Ela foi atrás e bateu na porta perguntando se eu estava bem. Abri a porta e fingi
estar passando mal e ela fingiu que acreditava.

      Após um tempo levei-a para casa e achei que tudo estaria resolvido, não a veria
mais. Mal sabia eu que havia sido abusado sexualmente, e isto eu fui descobrir aos 36
anos. Carreguei dentro de mim um emaranhado de sentimentos sem saber que a origem
era o abuso sexual. A ferida deste abuso sexual já estava instalada em minha alma.


Saulo A Navarro
Homossexualidade: um engano em minha vida                                               13


Simplesmente fingi que aquele constrangimento não aconteceu, não dei atenção aos
sentimentos que passei ali. Não fazia idéia do abuso sexual que havia passado, do que
isto causaria em minha vida a partir de então. Descartei toda hipótese de me relacionar
com mulheres, iria ficar só pelo resto de minha vida. Senti frustração, insegurança, medo.
Senti minha masculinidade ser destruída. Todas as palavras de maldição que recebi até
então se materializaram na minha mente. Era como se aquela garota houvesse
descoberto o meu segredo, o meu medo, que eu poderia ter problemas, que talvez não
fosse homem, assim como ela havia dito para mim naquela danceteria. Após este
acontecido, o rumo da minha vida começou a mudar, eu não fazia idéia do deserto e do
engano que viria a passar.




Saulo A Navarro
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Entrando na homossexualidade


      Neste mesmo ano consegui um trabalho em uma empresa. Nesta empresa conheci
um rapaz que era assumidamente homossexual e às vezes se comportava como homem
e às vezes como mulher. Ele não escondia de ninguém que gostava de homens e algo a
mais conquistou minha confiança, fui aceito, não houve rejeição e exclusão, me vi aceito
no meio ao qual ele estava inserido. Aquele rapaz que se dizia homossexual me aceitou
no clube. Fizemos amizade e logo recebi um convite para participar de um churrasco em
sua casa.

       Ele viu que eu tinha uma tendência para a homossexualidade. Na verdade ele
estaria me ajudando a “sair do armário”. Mesmo com muito medo do que poderia ver ali
decidi participar do churrasco. Chegando lá, presenciei uma cena que mudou realmente o
rumo da minha vida. Ali havia homens namorando homens e mulheres namorando
mulheres. Fiquei assustado e ao mesmo tempo aliviado por saber que aquilo era real, que
existiam pessoas que gostavam de se relacionar com o mesmo sexo de forma aberta e
sem receio do que os outros iriam falar delas.

       Conheci uma garota que estava na mesma situação, foi ali para ver o que
acontecia na vida daquelas pessoas tão diferentes em sua forma de amar. Fiz amizade
com ela e ficamos juntos conversando sobre essa nossa descoberta. Ela nunca havia se
relacionado com o mesmo sexo, estava noiva de um homem até pouco tempo, mas
decidiu terminar o noivado porque acreditava estar amando uma mulher. Assim como eu,
ela havia descoberto pessoas que se rotulavam de homossexuais e que de imediato nos
aceitaram sem nenhum desprezo. Depois desta descoberta eu queria encontrar um rapaz
para viver um grande amor, e seria firmado na fidelidade mútua, eu queria amar e ser
amado. Neste momento eu estava buscando amor e não sexo. O sexo foi conseqüência
do relacionamento homossexual que vivi.

       Depois deste encontro, minha vida mudou. Meus caminhos se voltaram para a
homossexualidade. Passei a ter amigos e amigas homossexuais e a participar de um
grupo que me aceitava. Porque sofrer tanto com as palavras de maldição que recebia dos
outros durante minha vida inteira se poderia fazer parte daquele meio homossexual, onde
ninguém zoava de ninguém por gostar do mesmo sexo. Doce ilusão, doce engano, mal
sabia que o pior estava por vir. Havia muita festa, muita risada, muita maquiagem, mas
quando a cortina se fechava, o vazio e a insatisfação daquela vida apareciam por trás dos
bastidores. Ah se eu soubesse o caminho pedregoso que iria ter que atravessar. Comecei
a freqüentar bares e boates para homossexuais. Fiz novos amigos e identifiquei-me com
a história de cada um. Todos passaram por situações parecidas com a minha.

       Com o passar dos anos eu entrava cada vez mais na prática da homossexualidade.
Passei a acreditar que havia nascido homossexual quando direcionei meus sentimentos,
desejos e vontades para a prática homossexual, aceitei então que não haveria mudança,
sempre seria homossexual. Fiquei 12 anos nesta prática, sem contar os anos decorridos
da infância até a adolescência, onde pensava que era diferente, que algo estava errado
comigo. Pensei que havia descoberto a verdade, onde tudo que havia escutado de
maldição se resolvia naquele mundo homossexual que descobri. O último relacionamento
durou cinco anos. Não é necessário descrever aqui tudo o que fiz enquanto na


Saulo A Navarro
Homossexualidade: um engano em minha vida                                           15


homossexualidade, mas posso dizer que realmente acreditava que havia nascido assim.
       Não existia nenhuma possibilidade de mudança. Nestes 12 anos que passei na
prática da homossexualidade, foram poucos os momentos em que me senti seguro. Pelo
contrário, vivia na insegurança e na busca de amor e aceitação, que jamais encontraria
nos rapazes com quem estive, eles não poderiam preencher o vazio do meu coração,
homem nenhum poderia.

       A verdade que achei ter encontrado na homossexualidade começou a causar dor.
Esta dor era emocional e fazia minha alma tremer de tanta angústia, aquilo que um dia
encontrei num churrasco estava me matando, então pensei: “que liberdade é esta que me
faz tremer de tanta dor? Cansei de viver em busca do príncipe encantado, que depois de
um tempo virava sapo e o encanto acabava.




Saulo A Navarro
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A volta para casa


       De repente, tudo começou a mudar e seguir um novo caminho em minha vida.
Aquele brilho da descoberta do meio homossexual começou a passar. Aquele vislumbre
de poder “sair do armário” que me acometeu no início começou a perder sua força. Após
anos de prática homossexual entendi que nada preenchia o vazio e a insatisfação
daquela vida. Minha vida na homossexualidade girava em torno de bares, boates,
paquera, insegurança, parecia que meu coração havia virado carne moída. Mesmo
buscando um relacionamento com base na fidelidade ninguém me levava a sério por
muito tempo. A novidade de estar com alguém logo passava. Meus amigos viviam
trocando de parceiros. Quanto engano. Na realidade eu buscava em outro homem aquilo
que faltava em mim, precisava suprir uma carência que havia em minha alma que homem
nenhum iria preencher, pois nem mesmo eles estavam satisfeitos consigo mesmo. Toda
vez que conhecia um “casal” gay eu ficava imaginando se eram felizes verdadeiramente,
e não dava outra, logo vinha a notícia de que o relacionamento havia acabado. O que
parecia ser verdadeiro não durava muito tempo, e se durava era porque havia muita
permissividade no relacionamento, o que fazia parecer que estavam juntos há muitos
anos. Cansei de ver meus amigos passarem de mão em mão, trocando de parceiros
como se troca de roupa.

       Só depois de passar por um processo de resignificação de vida que entendi as
histórias de vida abaixo:

       Uma de minhas amigas contou sua história de como entrou na vida lésbica. Ela
jamais havia imaginado estar num relacionamento lésbico. Ela apanhava do primeiro
marido, e no segundo casamento também apanhou do marido que era muito possessivo.
Daí conheceu nosso grupinho de amigos homossexuais e começou a freqüentar os bares
e boates e logo recebeu um convite de uma mulher, a partir deste momento ela se
entregou ao carinho e consolo desta mulher e iniciou uma longa caminhada de novas
parceiras sexuais. A carência desta amiga fez com que aceitasse o consolo nos braços de
outra mulher. Um rapaz do nosso grupo falou do relacionamento dele com o pai e dos
abusos que sofria de um tio, depois de vários encontros na vida homossexual ele passou
a ser Drag Queen. Um dos rapazes que tive um relacionamento veio de uma família onde
o pai era totalmente ausente, a mãe para compensar a ausência do marido sufocou este
filho que não tinha o pai como referência de homem e de masculinidade sadia. Cada um
tinha um histórico que os remetia a uma tendência homossexual, mas era mais fácil viver
como homossexual do que buscar mudança de comportamento.

       Pensei na hipótese de abandonar a prática homossexual. Como sair se estava
preso naquela vida? Afinal de contas eu não pedi para ter desejos pelo mesmo sexo.
Quando percebi a atração pelo mesmo sexo já estava em mim, tomando conta da minha
vida e dos meus desejos. Eu jamais iria optar em sofrer numa vida na homossexualidade.
Enfim foram 12 anos na prática de um erro que fazia parte da minha vida. A vida na
homossexualidade até então era o que eu sabia fazer e até então era verdade para mim.
Certo dia, liguei para meu irmão menor e pedi que me ajudasse, precisava levar o que era
meu para casa de minha mãe.




Saulo A Navarro
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       Saí da casa daquele rapaz, com quem vivi por quase cinco anos, não suportei tanta
incerteza, tanta mentira, infidelidade e insatisfação. Meu irmão veio até a casa onde eu
morava e lá estava eu com três sacos de lixo com tudo o que me pertencia dentro deles.
Retornei para casa de minha mãe carregando comigo três sacos de lixo, financeiramente
falido e numa tremenda dependência emocional, deixando para trás um “amigo” e tudo
que até então achava que era verdade em minha vida.

       A dependência emocional que nutria pelo meu “amigo” estava me matando a cada
dia. Olhei para minha vida e percebi que havia construído minha história numa areia
movediça. Tudo afundou nesta areia, assim como os amigos, as festas, os
relacionamentos, os amores, as paixões. Cai numa depressão profunda. Surgiram
questionamentos em minha mente do tipo: quem sou eu? O que fiz até agora? Acreditei
ter nascido homossexual e agora percebo que esta prática está me matando. Precisava
mudar, mas como? Não pedi para ter desejos pelo mesmo sexo. Não acordei de manhã e
disse que seria homossexual. Deixar a prática homossexual era uma hipótese que estava
longe demais para alcançar, ainda mais com desejos e sentimentos por pessoas do
mesmo sexo.

       Conseguia manter meu trabalho mesmo com a depressão. Programei em minha
mente uma situação para que pudesse sobrevier à depressão e a dependência emocional
que sentia pela vida na homossexualidade e por todos que lá ficaram. Era como se
acionasse um botão imaginário em minha mente onde programava meu corpo para sair
em direção ao trabalho, depois o desligava ao chegar em casa. Funcionou mesmo com
angústia e tristeza tomando conta da minha alma. Minhas forças estavam se esgotando.
Olhava para trás e não gostava do que via, o presente estava me torturando, olhava para
frente e não visualizava nada. Dentro desta dor emocional ao qual estava enfiado, de
tanto pranto, surgiu uma ajuda, uma mão que estava estendida para mim, pronta para me
segurar até que recuperasse minhas forças e pudesse caminhar novamente. De repente
recebi uma palavra de conforto e surgiu uma esperança. Uma porta de esperança onde
não havia nada.




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Encontro com Deus


       Minha mãe, vendo toda minha angústia, fez-me um convite. Indicou que fizesse
uma visita em uma igrejinha onde lá haveria uma missionária falando da Palavra de Deus.
Não tinha nada a perder e aceitei o convite. A igreja era pequena, no Bairro Boa Vista. Lá
estava eu sentado no meio dos ouvintes. A pastora anunciou a missionária que iria pregar
naquela noite. Quando a missionária começou a falar do amor de Deus, meus olhos se
encheram de lágrimas. Até então nunca havia ouvido alguém falar do grande amor de
Deus pela minha vida, de um Deus que entregou seu Filho por amor de mim. Comi
aquelas palavras, bebi de uma água (a Palavra de Deus) que poderia matar a minha
sede. Ouvi que Deus me amava e poderia mudar a história da minha vida, que iria dar um
novo significado para minha história e bastava eu crer no Filho de Deus, em Jesus.
Comecei a buscar por este amor, por este Deus que ela falou tão bem. Um Deus que me
prometia fidelidade, salvação e vida eterna através de Jesus. Jesus passou a ser parte da
minha caminhada e através dEle encontrei resignificação da minha história.

       Ao retornar para casa olhei para mim e permiti Deus mudar minha história. Surgiu
uma esperança onde até então não havia nada. Tentava imaginar como aquele Deus
mudaria minha vida. Em poucos dias, um gerente que trabalhava no mesmo setor que eu,
vendo que minha angústia estava me consumindo, fez-me um convite. Amavelmente
convidou-me para visitar a casa dele e participar de uma reunião. Aceitei de imediato sem
saber o que realmente aconteceria nesta reunião. Ao chegar lá, fui recebido por pessoas
de uma igreja que me amaram muito, um amor sem cobranças e julgamentos, apenas me
amaram. Estudamos a palavra de Deus e comecei a aprender mais sobre aquele Deus
que a missionária falou que iria mudar minha história, que iria dar um novo sentido para
minha vida. No meio da dor, angústia e desespero pude sentir o amor de Deus me
envolver. A graça de Deus é maravilhosa, ela alcança o mais profundo abismo. Não há
lugar onde a graça de Deus não chegue para te tocar. Entendi que não estava sozinho
neste momento tão difícil.

       Em um destes encontros comentei da vida que levei na homossexualidade. Fui
apresentado para um casal que ali estava. Um casal disposto a caminhar comigo. Toda
semana eu estaria com eles para receber ajuda e orientação através das verdades que
estão na Bíblia. Desesperadamente aceitei o desafio. Passei a fazer parte da rotina
daquela família e a freqüentar uma igreja, pois precisava criar um novo círculo de
amizades. Ficou combinado que toda segunda-feira eu estaria junto com o rapaz para
estudar a Bíblia e fazer um discipulado. No primeiro encontro eu “vomitei” tudo o que
estava preso em meu coração. Contei toda minha história e a dor emocional que ainda
sentia. Ele ouviu pacientemente e falou que eu não era homossexual, disse que eu estava
homossexual. Estas palavras entraram em meu coração e neste momento pensei que ele
estava totalmente enganado, que não sabia o que estava falando. Eu sabia de tudo o que
havia feito, da vida que levei na prática homossexual, dos desejos e vontades que tinha
pelo mesmo sexo. E ele vem me dizer que eu não era homossexual. Imagina, tinha
acabado de sair de um relacionamento homossexual de cinco anos e vem alguém me
dizer que eu não era homossexual. Resolvi dar uma chance e continuei o discipulado.
Começamos a sair e conversar não só sobre Bíblia, mas sobre relacionamento homem e
mulher. Várias vezes íamos andar a cavalo em uma cidade próxima de Curitiba, chamada


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Campo Largo, comprei meu próprio cavalo. Foi muito terapêutico, pois lá eu ficava
envolvido com outras atividades e esquecia da dependência emocional e da dor que
sentia em meu coração.

       A luz da Palavra de Deus trouxe a verdade, caindo toda mentira e engano. O vazio
que havia em meu coração foi preenchido pelo amor de Deus. Conforme ia aprendendo a
viver com Jesus, as mentiras iam sendo descobertas. Posicionei-me com todas as armas
oferecidas na sua Palavra para resistir às imposições do mundo. Eu e o rapaz que vivia
comigo, tínhamos uma Bíblia aberta na cabeceira da cama de casal, aberta em algum
Salmo que não falava do erro em que vivíamos. Só líamos o que nos era conveniente, era
mais fácil. É mais fácil dizer que a Bíblia precisa ser revista do que buscar mudança de
vida.

       Durante madrugadas estudei a Bíblia, procurei nela por algo que favorecesse a
homossexualidade e não encontrei. Neste período clamava em oração por ajuda,
chegava em casa na sexta-feira após o trabalho e só saía na segunda-feira para
trabalhar. Lembrava-me das festas, do falso brilho, muita risada, gente bonita em suas
roupas de marca, barriga cheia de comida e um espírito vazio, mas ao raiar do dia o falso
brilho começava a se apagar e aí sim, vinha o vazio daquela vida. Não aceito mais isto
em minha vida, hoje a luz que brilha em meu coração vem de Jesus e que a satisfação
que tenho em viver vem dEle. Descobri que Deus me amava, mas não ao erro que
cometia. Deus não condenaria esta prática em minha vida sem antes oferecer uma saída.
A saída está na sua Palavra que é viva e eficaz e no amor de Jesus. Através do Espírito
Santo fui convencido do erro em que vivia. Pois só o Espírito Santo pode nos convencer
do erro, da justiça e do juízo. Compreendi e aceitei como verdade textos bíblicos que até
então eu não aceitava como verdade. Achava que era somente para aquela época. Qual
minha surpresa ao ver em minha vida as promessas de Deus serem cumpridas. Aquelas
palavras de muito tempo atrás estavam causando efeito em minha vida hoje. A Palavra se
mostrou em mim viva e eficaz.

       Pude então perceber que realmente havia uma inversão na minha forma de amar.
Analisei toda minha vida e conclui que durante o passar dos anos eu estava sendo
“construído” para levar uma vida na homossexualidade. Seria difícil uma criança viver as
situações que passei e não entrar na homossexualidade. O que havia sido aprendido
poderia ser desaprendido. Na verdade aprendi a ser homossexual, e tudo o que fiz na
prática homossexual não alterou minha heterossexualidade. Precisava não só mudar
radicalmente, mas manter-me nesta mudança. Então tomei a decisão, fiz uma escolha,
mudar a história da minha vida, buscar um sentido real para minha história. Conforme
superava minhas dificuldades passava a ajudar outras pessoas. Iniciei um trabalho
voluntário em uma casa de apoio onde havia crianças, jovens e idosos na mais drástica
situação de abandono. Convivi com pessoas que contavam com ajuda voluntária para
sobreviverem, pessoas que não serviam mais para a sociedade, deixadas de lado em
conseqüência de suas escolhas erradas tais como uso de drogas, prostituição, tráfico
entre outras. Algumas pessoas vinham das ruas, sujas e maltrapilhas, outras de famílias
completamente disfuncionais. Olhei para a realidade delas e entendi que em meio a
minha dor, poderia doar algo de mim para ajudá-los.

      O tempo que passei nesta casa de apoio ajudou-me a crescer e amadurecer como
pessoa. Sabia que poderia continuar com o trabalho voluntário, mas também aceitei que
precisava de ajuda para tratar as minhas feridas na alma. Senti que faltava tratar algumas


Saulo A Navarro
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áreas em minha vida que estavam atrapalhando meu crescimento como cristão e como
homem. Sentia solidão, passei a pensar em conhecer uma garota e poder fazer este
trabalho voluntário junto com ela. Este passo, deixar uma mulher entrar em minha vida,
exigiria muito de mim, teria que abrir mão de várias conquistas para alcançar este
momento tão importante, pois não queria ficar só. Decidi não viver mais com homens
logicamente teria que me relacionar com uma mulher. Só de pensar nas áreas de minha
vida que teriam de ser tratadas eu já ficava em pânico. Não se trata da homossexualidade
e sim das raízes que sustentavam a homossexualidade na minha vida.

       Algumas pessoas que praticam a homossexualidade são completamente contra
alguém oferecer ajuda a uma vida que deseja voluntariamente sair desta prática sexual.
Isto é uma injustiça, eu precisei e busquei por esta ajuda e fico feliz por ter conseguido.
Toda pessoa que está insatisfeita com sua homossexualidade deve ter a liberdade de
buscar apoio. Nada mais justo do que isto, quem deseja estar na homossexualidade que
fique, procure ser feliz, mas os que estão insatisfeitos merecem receber o apoio devido.
Deve haver respeito para os dois lados. Se eu não tivesse recebido ajuda para deixar a
prática homossexual não estaria vivendo esta felicidade e satisfação que tenho hoje fora
desta prática. Sou contra quem condena e dificulta a vida dos praticantes da
homossexualidade, deve-se com toda certeza ter respeito com todos. Quando decidi sair
da homossexualidade, as pessoas que me ajudaram em nenhum momento quiseram
mudar minha sexualidade, pois elas sabiam que sempre fui heterossexual, e que tudo que
fiz e achei ser na questão homossexual não alterou minha heterossexualidade. Então,
quando vejo alguém querendo impedir que se ajudem pessoas que voluntariamente
buscam apoio para deixar a prática homossexual, fico perplexo, pois esta pessoa não
está sendo justa. Há tempos atrás acompanhei um debate entre praticantes da
homossexualidade e políticos sobre a questão de proporcionar ajuda aos que buscam
voluntariamente deixar a prática homossexual. Neste debate, um praticante da
homossexualidade foi questionado se em algum momento buscou ajuda para deixar esta
prática e ele respondeu que sim. Isto quer dizer que ele teve a oportunidade de escolher
buscar ajuda, porém não deu certo, e vem agora impedir que outros façam o mesmo?

      Assim como eu, que era convicto da minha homossexualidade, um dia me
encontrei muito insatisfeito e busquei ajuda para mudar, concordo que se ofereça apoio
aos que buscam mudança de comportamento. Hoje posso viver a heterossexualidade de
forma plena, imagina se houvesse algum impedimento?

       Todos os rapazes com quem estive mantinham no seu íntimo a vontade de um dia
terem uma vida diferente. Eu podia bater o pé e negar com minhas atitudes e palavras,
mas no coração eu desejava mudar, só não sabia como. Deixar anos de prática
homossexual exigiu de mim cura das feridas da alma, foi um processo gradativo e levou
seis anos. Se tivessem prometido mudança instantânea e isto não ocorresse, eu poderia
ir embora por não ver meus desejos e vontades transformados de um instante para outro
e pior, poderia desacreditar do maravilhoso evangelho de Cristo. Mesmo no erro fui muito
amado pelas pessoas que me evangelizaram. Aprendi que Jesus realmente veio ao
mundo para buscar e salvar a todos que estão cativos do erro. Precisava buscar Deus de
todo o meu coração, de toda minha alma e entendimento, pois não há transformação se
não houver busca. Foi preciso abrir mão das situações que até então dominavam minha
vida.




Saulo A Navarro
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       Muitos “amigos” do meio antigo me ligavam, não para me ajudar, mas para piorar o
estado em que me encontrava. Lembro-me de uma ligação que recebi logo que decidi me
afastar daquele meio. A pessoa dizia: ”Como está você Saulo, neste carnaval com
quantas pessoas você ficou? Respondi: nenhuma. E ela dizia: “não posso acreditar, pois
eu fiquei com seis pessoas nestes dias de carnaval!"”. Quanto vazio, hoje se puder falar
com esta criatura novamente eu diria: “venha conhecer a verdade, a verdade que trás paz
e descanso para sua alma, venha para a luz que é viver com Jesus. Somente em Jesus
poderá encontrar descanso e conforto para sua alma”. Cansei de buscar consolo, amor e
aceitação através da homossexualidade.

       Quando deixei tudo e todos do meio homossexual eu mantive contato somente
com uma grande amiga. Ela continuava na vida lésbica e nos víamos de vez em quando.
Se eu quisesse continuar em busca de resignificação de vida eu teria de deixá-la ir
embora. Pois a influência dela poderia prejudicar minha caminhada. Uma vez aceitei um
convite dela para ir num bar para homossexuais e o risco de regredir foi altíssimo, fui a
um lugar que já havia freqüentado, e pela primeira vez pude perceber como eu havia
vivido. Aquele bar parecia um açougue, onde bastava olhar para o lado e tinha um pedaço
de carne para se relacionar comigo. Pude perceber como eu buscava me identificar com
alguém, como procurava no outro o que faltou receber do meu pai e da minha mãe. Não
poderia alcançar resignificação de vida voltando ao que sempre fiz, praticar a
homossexualidade. Quando cheguei em casa, depois de sair deste bar, entrei no meu
quarto e fiz uma oração de clamor a Deus, pedindo ajuda. Continuei a caminhada e
abracei Jesus com toda minha força. Nenhum erro está fora da graça de Deus, nenhum.
O amor de Jesus pode alcançar o mais profundo abismo. Passei a compreender a
diferença entre tentação e pecado. Eu possuía o Espírito Santo que Deus me dera não
para me impedir de ser tentado, mas para que me capacitasse a resistir e não ser vencido
pelas tentações. Precisava de amadurecimento espiritual. Era preciso dedicação
constante de minha parte. Neste momento eu precisava de amor e não de julgamentos.

       Durante muito tempo continuei recebendo ligações para sair nos bares e boates.
Relutei para não aceitar estes convites. Em meio a dor emocional que afetava até mesmo
meu físico eu fiz uma escolha, decidi mudar e buscar crescimento e amadurecimento. De
repente Deus providenciou uma mudança na minha vida. Que surpresa mais agradável. O
louvor no final deste testemunho diz exatamente sobre esta libertação que recebi. Meus
caminhos estavam sendo endireitados. Afastei-me de tudo e de todos do meio antigo,
precisava buscar alimento para sobreviver e permanecer firme. Hoje posso enxergar e
estar aqui falando do que Deus tem feito em minha vida, para honrar e glorificar este
Deus que sirvo, onde pude receber e aceitar a verdade que está em sua Palavra que
liberta e dá vida. Descobri que estava alimentado por uma mentira, que acreditara em
uma mentira. Quando pude perceber o que realmente eu tinha vivido, confessei que era
pecador, aceitando Jesus como meu único Senhor e Salvador. Precisava desaprender o
comportamento errado que havia aprendido e a Palavra de Deus começou a fazer
sentido. Entendi que conheceria a verdade, e se iria conhecer a verdade o que eu vivia
era mentira, falso, ilusão. Esta verdade me libertou do cativeiro ao qual me encontrava.
Os rótulos que havia recebido começavam a cair. Hoje sou livre e sirvo a um Deus que
muda o caminho errado e incerto de quem Ele quiser, e Ele quer que todos se salvem.
Aquele que perder a sua vida por amor a Jesus encontrá-la-á. Lembremo-nos que Ele é o
nosso Senhor, devemos nos curvar diante dEle. Ele nos dá o livre arbítrio para escolher
entre a vida e a morte.



Saulo A Navarro
Homossexualidade: um engano em minha vida                                              22


       Hoje falo da dificuldade que vivi enquanto na homossexualidade. Falo mais da
verdade que descobri através da palavra de Deus, verdade que me libertou e me tornou
livre de todo engano que envolvia minha vida. Para você que se acha livre, que faz o que
quer, cuidado, você está mais preso do que possa imaginar. A minha liberdade enquanto
na homossexualidade acabou se tornando minha prisão.

       Algum tempo atrás um travesti famoso deu uma entrevista em um programa de
televisão, onde o entrevistador perguntou: “Você já colocou seios, já delimitou seu corpo
com formas femininas, deixou o cabelo crescer, mudou seu rosto, seus lábios, pergunto:
porque não faz uma cirurgia para tirar seu pênis e colocar uma vagina?”. Resposta:
“Porque não quero fazer o que muitos travestis tem feito, passam horas com
psicanalistas, horas de mutilação através de uma cirurgia, depois vão para casa se
recuperar, e batem a cabeça na parede, porque sabem que foram feitos homens e
pensam como homens”. As leis que hoje existem em países liberais, que asseguram o
relacionamento homossexual, cirurgias para troca de órgão genital, seguro de vida,
poderiam aliviar o preconceito à minha volta, facilitar o meu dia-a-dia, mas não poderiam
assegurar e me proteger do vazio que estava dentro de mim. Existe perfeição em Deus.
Compreendi que a vida homossexual que eu levava estava fora do plano perfeito de Deus
para mim. A vontade de Deus para mim é boa, perfeita e agradável.

       Durante os estudos de 2º grau tive um colega de sala que recebia muitas palavras
de maldição vinda dos outros alunos, ele apresentava um jeito efeminado e por isto era
rotulado de “veado”, “bicha”. Quando comecei a freqüentar as boates, vi uma mulher que
me chamou a atenção, estava vestida de modo muito sensual, fui até ela para conhecê-la,
ao me aproximar reconheci seu rosto. Qual minha surpresa ao ver que não era ela e sim
ele, aquele rapaz do 2º grau que era efeminado. Havia colocado silicone no seu corpo
para ganhar formas femininas.

        Esta porção da sociedade que disse para este rapaz se aceitar assim é a mesma
sociedade que o jogou em um caldeirão de água fervendo. Vejo uma grande parte de
adolescentes e jovens sendo influenciados pela mídia, pela cultura, a se permitirem. De
tanto receber informações de que a sexualidade deve ser vivida da forma em que achar
melhor estes jovens acabam entrando em relacionamentos com pessoas do mesmo sexo
por simples influência de alguns. Há um cultura do “se é bom para você então faça,
permita-se”. E paralelo a isto existem pessoas que insistem em dizer “eu preciso viver
isto, preciso passar por isto para ver como é”. Nada mais do que tentar enganar a si
mesmo para amenizar os efeitos da situação. Há poder na Palavra de Deus, poder que
pôde transformar minha vida desde que aceitei a verdade. Busquei cura para as feridas
da alma e transformação no meu viver. Deus oferece água viva para todos que tem sede.
Quem tem sede vá até esta água que é a Palavra de Deus e beba e rios de água viva
fluirão do seu interior.




Saulo A Navarro
Homossexualidade: um engano em minha vida                                            23




Namoro


       Comentei no decorrer deste texto que desejava conhecer uma garota, não queria
viver só, mesmo sabendo que teria que tratar outras áreas da minha vida que até então
não havia tratado. Relacionamento com pessoas do mesmo sexo eu não queria mais,
então precisava aprender a me relacionar com o sexo oposto. Após 5 anos fora da prática
homossexual e de aprendizado da Palavra de Deus participei de um encontro onde
homens e mulheres insatisfeitos com uma vida na homossexualidade buscavam ajuda. Lá
conheci uma psicóloga que comentou comigo sobre a necessidade de tratar algumas
questões que estavam me impedindo de ter mais qualidade de vida, de alcançar meus
novos objetivos e obter amadurecimento.

      Trazia comigo cicatrizes que precisavam ser realmente tratadas. Agradeci o
conselho desta psicóloga e sabia que iria precisar mexer nestas questões mais cedo ou
mais tarde. A tendência homossexual que tive era conseqüência de diversas raízes
profundas em minha alma. Esta psicóloga tinha conhecimento do que estava falando. Até
hoje não tive a oportunidade de dizer a ela, mas uma frase que ela me disse causou
grande impacto em mim. Perguntei se ela estava tendo muitos problemas por mudar a
sexualidade de uma pessoa de homossexual para heterossexual. A resposta foi
tremenda: “Jamais busquei mudar a sexualidade de ninguém, todos são heterossexuais,
apenas auxilio pessoas em diferentes áreas de suas vidas que acabam fazendo com que
elas deixem de estar homossexuais”.

       Antes de ir para este encontro havia terminado meu namoro, pois estas questões
que a psicóloga comentou afetavam minha saúde emocional. Conheci esta namorada em
uma casa de apoio que passei a ajudar. Cheguei lá para oferecer ajuda voluntária e a
conheci ao participar como ouvinte de uma palestra sobre abuso sexual. Gostei dela
naquele momento, e sabia que uma nova fase em minha restauração na sexualidade
estaria por começar. Vou compartilhar com você um pouco deste momento.

      Convidei esta garota para tomar um café, um dos fatores que me motivou foi a
admiração que tive por ela. Uma garota que passou pela dor e que havia decidido
também resignificar sua história. Em minhas orações eu pedia para Deus que me
apresentasse uma mulher que sabia o que era dor, assim ela entenderia a minha dor.
Minha real intenção não seria tomar um café com ela e sim pedir para ela namorar
comigo. Estava nervoso e minha voz tremia, e falei que desejava namorá-la, na verdade o
nervosismo era tanto que quase vomitei as palavras.

       Ela aceitou meu pedido e disse que seria preciso eu procurar o líder da casa de
apoio e conversar com ele. Assim teríamos alguém acompanhando nosso
relacionamento, onde indicasse limites seguros para nós dois. Esta decisão foi muito
importante, ter alguém para prestar contas de nossas atitudes. De um lado estava eu com
este histórico de homossexualidade e do outro estava ela com a sua história. Até aqui
estávamos sofrendo conseqüências de escolhas erradas, então nos posicionamos para
pelo menos tentarmos acertar em tudo que podíamos neste namoro.

      Passamos a ter uma amizade especial, onde saíamos para nos conhecer. Foi
ótimo para mim pois eu me sentia seguro sabendo que havia limites. De início nós íamos


Saulo A Navarro
Homossexualidade: um engano em minha vida                                              24


em parques, tomar sorvete, tomar café numa panificadora, e até mesmo sair para não
fazer nada juntos, só sair e ficar junto. Passado um tempo iniciamos nosso namoro, nesta
fase nós ficávamos mais tempo juntos, eu tive que aprender a andar de mãos dadas com
ela, a sentir a pele do corpo e dos lábios. Tudo era um aprendizado, eu estava
acostumado com a pele e o toque de pessoas do mesmo sexo. Foi incômodo no início,
mas depois meu corpo foi se acostumando com estas novas situações. Um momento de
grande alegria foi quando eu fiquei excitado ao beijá-la, e foi natural. Quando isto
aconteceu pensei em como poderia ser isto. Passei anos me achando diferente, esquisito
e de que não poderia namorar uma mulher e muito menos ter um relacionamento
profundo e meu corpo se excita naturalmente com um beijo? Então quer dizer que minha
heterossexualidade sempre esteve comigo, prontinha para ser usada! Até aqui eu só tinha
relacionamentos com pessoas do mesmo sexo e me vejo excitado desta forma!

       Tive admiração por minha namorada, o desejo de estar com ela era mais forte do
que o medo que sentia pelo desconhecido. Volta e meia um pânico se apoderava de mim,
pois tinha medo de algumas situações, medo de ficar sozinho com ela e ser abusado
novamente, medo de ouvir novamente palavras que pudessem ferir minha masculinidade.
Hoje consigo dar risada desta situação. Foi difícil cada momento deste relacionamento.
Quando nós saíamos para namorar eu já planejava todo o percurso, desde o início até o
fim, assim teria a certeza que não ficaríamos sozinhos. Com o namoro nosso
relacionamento foi se estreitando e percebi que estaria em perigo.

       A situação que vou contar agora demonstra como aquele abuso que sofri aos 18
anos ainda paralisava minha vida hoje. Estava em casa e recebi uma ligação, era minha
namorada. Ela me fez uma pergunta que estremeceu meu chão, ela perguntou se poderia
me chamar de “meu amor”, fiquei sem ar nesta hora, seria muita intimidade e eu poderia
ser abusado na primeira chance. Durante outra conversa ela falou que assim que nos
encontrássemos ela iria fazer algo bem gostoso para mim. Assim que eu desliguei o
telefone entrei em pânico. Entendi que ela iria chegar em casa e abusar de mim assim
como aconteceu aos 18 anos de idade. Senti todas as sensações daquele abuso, era
como se ela fosse me ridicularizar e atacar minha masculinidade. Em minha mente
passou um filme, onde eu sofria todos os danos causados pelo abuso sexual de 20 e
poucos anos atrás! Então seria mais fácil terminar o namoro, assim estaria seguro.

       Então, terminei o namoro. Mais uma vez me vi sozinho fugindo de uma garota por
estar com medo. Era necessário aprender a me relacionar com o sexo oposto, passar a
ter relacionamento profundo e não superficial. Para isto acontecer eu precisaria tratar
deste medo de ser abusado e ridicularizado. E eu precisaria contar para ela tudo o que se
passava comigo, assim ela poderia saber em como lidar comigo nestes momentos.

       Passou o tempo e senti saudades dela, detectei que o amor que sentia por ela era
maior que todo o medo. Mas ela poderia estar me esperando ou não, eu estava correndo
este risco. Em uma viagem que fizemos com nossos amigos voltamos a namorar. Pela
segunda vez a pedi em namoro.




Saulo A Navarro
Homossexualidade: um engano em minha vida                                              25




Noivado


       A fase do namoro foi passando e decidi comprar as alianças para o noivado.
Localizei a loja que iria comprar as alianças, enquanto caminhava em direção á loja fui
surpreendido por um ataque de pânico, parecia que havia uma multidão a minha volta
lançando palavras e olhares de reprovação por estar para adquirir as alianças do meu
futuro casamento. Não consegui entrar na loja, dei outra volta e venci o medo entrando na
loja sem demonstrar minha insegurança, tremia por dentro e suava muito. Estas
sensações eram conseqüências do abuso sexual.

      Guardei as alianças por um mês para me acostumar com a idéia e marcar um
passeio com ela para fazer uma surpresa. Levei-a para um passeio ecológico e no meio
do caminho parei o carro e com o coração saltando pela boca a pedi em casamento. Foi
uma cena inesquecível para nós dois. Neste momento estávamos demonstrando um para
o outro a aceitação e concordância mútua da nossa união. Conto este fato para que
possam entender a dificuldade que havia em mim para alcançar o meu sonho de ter uma
mulher ao meu lado. Teria que vencer o medo.

       Certa noite ao voltarmos de uma formatura, senti medo de ficar sozinho com ela,
mesmo estando noivo. Decidi compartilhar com minha noiva sobre este medo, pois não
queria estar casado e de repente ter medo de estar com ela em casa. Decidimos que eu
iria procurar ajuda profissional, de algum psicólogo, e isto seria antes do casamento.
Levei esta questão do medo para uma psicóloga de minha confiança, e falei do meu medo
de ser abusado sexualmente pela minha noiva, do medo que havia na minha mente de
ver minha masculinidade ser destruída novamente. Mesmo sabendo que minha noiva
jamais faria isto senti medo. Era como se entre eu e ela surgisse um monstro enorme
chamado “Abuso Sexual” e “Palavras Destrutivas”. Interessante que neste momento a
questão da homossexualidade nem foi levado em conta. A homossexualidade havia
ficado para trás e o que ficou foram resquícios de experiências ruins da infância e
adolescência.

       Conforme ia tratando certas áreas em minha alma, a homossexualidade ficava
cada vez mais distante. A psicóloga fez um trabalho excepcional em cima de várias
experiências traumáticas que vivi. Detectamos que o medo era devido ao abuso sexual
que passei há 20 anos atrás. As sensações do abuso sexual e das palavras que ouvi
ficaram em minha mente e sempre que algum gatilho era acionado o medo surgia na
minha frente. Este gatilho poderia ser simplesmente uma palavra que eu ouvia, como por
exemplo o caso da conversa ao telefone com minha namorada onde ela disse para mim
que iria fazer algo bem gostoso assim que nos encontrássemos. Estas palavras
acionaram um gatilho onde pensei que ela iria fazer o mesmo que a namorada que tive á
20 anos atrás que causou o abuso. Neste momento eu queria terminar o namoro e ficar
longe dela, fugir dela. O medo fazia com que eu parasse e não enxergasse mais nada na
minha frente, a não ser o abuso sexual que poderia vir a sofrer. A psicóloga utilizou uma
técnica que desensibilizou o trauma causado pelo abuso sexual.

      Por incrível que pareça, não sobrou nenhum resquício do abuso que sofri. Foi
como ela disse no início do tratamento, que eu iria estar sentado no banco do passageiro
de um carro olhando a paisagem passar. Já havia participado de encontros de homens na


Saulo A Navarro
Homossexualidade: um engano em minha vida                                            26


igreja e estive sendo acompanhado por ela durante seis meses, em um período recebi a
ajuda do seu marido. Foi de grande importância estar sendo aconselhado por este
homem. Com ele pude ouvir situações que acontecem no relacionamento existente entre
homem e mulher, como ter uma boa convivência com o sexo oposto. Conversávamos
sobre sexualidade, intimidade sexual, relacionamento e outros assuntos de grande
relevância para quem estava prestes a se casar. Este caminhar foi até o casamento e sei
que posso contar com ele sempre que precisar. Procurei aproveitar todas as
oportunidades que surgiam em minha frente, vários casais estiveram comigo neste
período de restauração. Deixo claro aqui que em nenhum momento ninguém tentou
mudar minha sexualidade, houve sim um tratamento de várias áreas da minha vida que
acabaram atingindo uma melhora gradativa em minha sexualidade, onde os desejos
homossexuais foram gradativamente perdendo força. O medo foi lançado fora, descobri
que o verdadeiro amor lança fora todo o medo.




Saulo A Navarro
Homossexualidade: um engano em minha vida                                            27




Casamento


      Casei-me em novembro de 2006. Durante o noivado nós decidimos fazer algo bem
simples, só no cartório para que não gerasse mais desgastes emocionais. Mas tudo
caminhou tão agradavelmente que no final fizemos nosso casamento numa chácara com
bastante convidados. Vivemos e degustamos cada fase do nosso relacionamento. Cada
passo na hora certa, sem apressar o rio.

       Agradeço a Deus por ter usado de pessoas em minha caminhada de restauração
para que pudesse me relacionar adequadamente com uma mulher. Não há necessidade
alguma em fazer o que eu fazia. A vida que levo com minha esposa é gratificante em
todos os sentidos. Tenho alcançado saúde emocional e através disto tenho me tornado
um homem melhor, um cristão melhor. As feridas na alma que carreguei por cinco anos,
após entrar num processo, dificultavam minha caminhada como cristão. Quando aceitei a
Cristo em minha vida tive a convicção que estava salvo, mas também sabia que precisaria
tratar as feridas que estavam na minha alma. Deus também nos oferece saúde
emocional. Paz é o que sinto hoje. Realmente a vontade de Deus para os que o amam é
boa, perfeita e agradável. Casei-me porque não queria viver só, mas não é o casamento
que irá dizer que uma pessoa deixou a homossexualidade.

      Eu quero o bem desta terra e você? Muitos me chamam de louco, por ir contra o
padrão deste mundo. Mas Deus escolhe as coisas loucas deste mundo para confundir as
sábias. Escolhe os pequenos para confundir os grandes.

      Para você que deseja mudança de vida, que está cansado de tudo que tem feito,
saiba que há esperança para você, enquanto houver vida, haverá esperança. Declare
com sua boca que Jesus é o único Senhor e Salvador de sua vida, procure um povo de
Deus para receber você, um povo que pregue Jesus como único Senhor e Salvador,
passe a viver conforme a sua palavra porque, assim como Jesus me chamou pelo meu
nome, Ele também te chama pelo seu nome.




Saulo A Navarro
Homossexualidade: um engano em minha vida                                                                      28




                                        “Onde você vai parar com esta solidão
                                      em seu rosto transparece a dor do coração
                                  como um prisioneiro triste disfarçando em livre
                                     caminhando em toda pressa sem ter onde ir
                                  tu choras assim que alguém te vê, isto é natural
                                 de alguém que desprezou a paz e veio o temporal
                                tu dizes: não tem mais remédio pra curar meu tédio
                                    contudo há uma esperança tu podes ser livre
                                                livre, livre, livre, livre
                                        entrega tua vida a Cristo e serás livre,
                                               contigo faz uma aliança
                                     tu nasce tal como criança e serás livre, livre
                                            hoje sou livre, livre, livre, livre
                                                         Aleluia
                                        entrega tua vida a Cristo e serás livre”.

                                               Letra e música: Pastor Camilo
                                                Gravado por: Irmãs Camilo
                  Agradeço por terem cedido a utilização do louvor “Livre” para este trabalho evangelístico.
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  • 1. HOMOSSEXUALIDADE: UM ENGANO EM MINHA VIDA Saulo A. Navarro
  • 2. Homossexualidade: um engano em minha vida 2 Este material foi idealizado e editado por Saulo Navarro. Apoiamos e incentivamos sua reprodução, utilização e distribuição. Nossa intenção ao lançar o material em arquivo “pdf” é alcançar o maior número de pessoas gratuitamente. É PROIBIDO COMERCIALIZAR OU ALTERAR ESTE ARQUIVO. Contato com o autor: afontedejaco@gmail.com / sauloanavarro@hotmail.com Caso deseje conhecer outros materiais, escreva para: closetbook@hotmail.com http://closetfullbr.blogspot.com (Hebreus 4:12,13) “Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais penetrante do que uma espada de dois gumes, e penetra até à divisão da alma, e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração. E não há criatura alguma encoberta diante dEle; antes, todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele com quem temos de tratar.” (Hebreus 4:12,13) Saulo A Navarro
  • 3. Homossexualidade: um engano em minha vida 3 “Quem sabe, o único referencial de pai que você tem, é de um pai ausente, de um pai, muitas vezes, tão áspero, tão rígido, tão duro com você. Quem sabe, um pai que até mesmo te tocou como não devia, te bateu como não devia. Um pai, que não tinha nada para poder te dar, além de amarguras, rancores, que ele mesmo recebeu. Quem sabe, você como eu, teve o privilégio de ter um bom pai, graças a Deus por isso. Mas, nem mesmo o melhor dos pais, nem mesmo o melhor dos homens, por mais que se esforçasse poderia, suprir a carência e o vazio do meu coração, do seu coração, do nosso coração. Como é bom conhecermos o Deus pai, adore-o, adore o pai que você tem, que nunca te deixa só, que nunca te abandona, que nunca te desampara, que nunca vai embora, que nunca te agride, mas toca, e sara as feridas da alma, que está sempre presente, que supre as suas necessidades, um pai que compreende, um pai que te entende, que não te acusa, mas que diz: meu filho, te amo. Quantos podem dizer: o meu pai é assim, é bom, fiel, forte, o meu pai me ama, supre as minhas necessidades, me diz quem realmente sou, eu sou seu filho amado, não tenho falta de nada, porque o meu pai, cuida de mim, Ele sabe tudo que eu preciso, e tudo que você precisa. Quantas vezes o filho cresce, e esquece, mas nós não queremos nos esquecer. Eu amo, meu pai.” Agradeço a Ana Paula Valadão por ceder este “Cântico Espontâneo”, parte integrante do CD Diante do Trono nº 5 - Nos Braços do Pai. Ao nosso Deus seja toda Honra, Glória e Louvor. Saulo A Navarro
  • 4. Homossexualidade: um engano em minha vida 4 Introdução Todo ser humano precisa de Deus, até mesmo aquele que se diz ateu, que muitas vezes tenta provar através da ciência como o homem surgiu, proclamando para o mundo que Deus não tem nada a ver com isto. Como é maravilhoso e agradável saber que existe um Deus que fez todas as coisas, que deixou a sua Palavra para podermos hoje viver pela fé. Levei tempo para reconhecer que Jesus veio em carne a este mundo, que veio buscar e salvar aquele que se havia perdido e morreu na cruz ressuscitando ao terceiro dia. Acreditava que isto fazia parte da história, dizia que a Bíblia foi feita por homens e por isso continha erros, acreditava no que me era conveniente, vivendo por minhas próprias vontades, desejos e decisões. Em um certo momento na minha vida a Palavra de Deus foi semeada em meu coração e passei a crer totalmente na vontade de Deus para mim, e não foi por força ou insistência humana, mas sim, pela ação do Espírito Santo de Deus que nos convence do pecado, da justiça e do juízo. Cristo tornou-se presente em minha vida através da Palavra de Deus. Aceitei Jesus como meu único Senhor e Salvador, o caminho certo que leva a Deus. Pude escolher entre continuar no engano em que vivia ou acertar minha vida através das verdades que se encontram na sua Palavra que nos torna livre, modela nosso caráter e nos coloca em um caminho reto. Irei compartilhar com você como eu vivia, mas também irei compartilhar do mais importante, de quem realmente sou e as conquistas que tenho alcançado, da certeza de onde vim e para onde irei. Não conheço você, mas Deus conhece e sabe exatamente o que está em seu coração neste momento, as dores físicas e emocionais que já passou ou tem passado, o desprezo que já recebeu, as dificuldades do seu dia, as alegrias, desejos e vontades, enfim, não há nada encoberto diante Dele, nem mesmo aquele segredo que só você sabe, que está escondido em seu coração, encoberto diante das pessoas. Saulo A Navarro
  • 5. Homossexualidade: um engano em minha vida 5 SUMÁRIO 1. Infância ............................................................................................................................6 2. Adolescência ..................................................................................................................10 3. Juventude ......................................................................................................................12 4. Entrando na Homossexualidade ...................................................................................14 5. A Volta para Casa ..........................................................................................................16 6. Encontro com Deus .......................................................................................................18 7. Namoro ..........................................................................................................................23 8. Noivado ..........................................................................................................................25 9. Casamento .....................................................................................................................27 Saulo A Navarro
  • 6. Homossexualidade: um engano em minha vida 6 Infância Nasci em Contagem, Estado de Minas Gerais. Durante minha infância recebi grande atenção, amor e carinho das mulheres da família. Minhas tias adoravam passar o dia comigo e eu as observava e recebia tudo o que me davam de atenção e carinho. Recordo de uma cena onde uma tia estava se arrumando na frente do espelho, penteando os cabelos e cantando para mim uma música que tinha uma letra assim: “embaixo dos caracóis, dos seus cabelos...”. Eu ficava ali, só observando o jeito dela e de como se arrumava na frente do espelho. Consigo lembrar até mesmo de um chinelo branco que ela tinha, este chinelo continha uma tira feita com pedrinhas de vidro, eu gostava dele por causa destas pedrinhas de vidro, achava bonito. Aos quatro anos de idade fiquei doente e fui internado em um hospital por vários dias, Hospital Santa Rita. Lembro-me de ser muito apegado à minha mãe. Meus olhos não saiam de perto dela. Não queria ficar no hospital, a não ser que minha mãe ficasse sempre comigo. Levaram-me para um quarto que continha vários berços onde passei a receber atenção das enfermeiras. Uma das enfermeiras teve um carinho todo especial comigo e me apeguei a ela. Dormi e quando acordei, olhei à minha volta e não vi ninguém que conhecia, e pior, não vi minha mãe. Comecei a chorar e a soluçar, queria minha mãe. As enfermeiras tentavam me fazer parar, e cada vez mais eu chorava. O cansaço aumentou e não agüentei, cai num sono profundo e quando acordei minha mãe já estava de volta. Como foi difícil este momento, tive a sensação de abandono e tristeza profunda, uma sensação esmagadora. A figura materna era mais forte para mim do que a figura paterna. Não tenho na lembrança de ter chorado assim pela presença do meu pai. Ao chegar o tempo de ir para a escola, um desespero afligiu minha alma. Simplesmente chorava até que a professora ligasse para minha mãe ir me buscar. E isto se repetiu por várias vezes, eu não queria ficar ali com aquelas crianças num lugar que não era meu. Não ficava à vontade de estar ali, de pedir para a professora que eu precisava ir ao banheiro, tinha vergonha de tudo, trazia comigo um temperamento tímido, dócil e amoroso. Este temperamento somado ao comportamento introvertido levou-me a ouvir muitas palavras destrutivas vindas dos outros alunos. Ouvia por diversas vezes os meninos me chamarem de chorão, de menininha. Estas palavras feriam demais meu coração, e me afastavam deles. Procurei não demonstrar que estava sendo ferido. Como gostaria de ser aceito por eles. Uma vez, estava de mãos dadas com meus pais, fomos até um posto de gasolina perto de casa. No caminho encontramos uma mulher que os conhecia, ela olhou para mim e disse: “que menina mais linda!”. Meus pais disseram: “Não é menina, é menino”. Como fiquei triste de ser comparado com uma menina mais uma vez. Eu recebia cobranças da família e amigos só por que não gostava de futebol e corrida de fórmula 1. Gostava de estar com as meninas, identifiquei-me com elas, eram calmas e falavam comigo, nos entendíamos muito bem. Ao contrário dos meninos, eu os via correndo atrás de uma bola, sem camisa, suados, gritando um com o outro e achava tudo isto uma perda de tempo. Sentia certa exclusão por não gostar do que eles gostavam. Como poderia sentir vontade de estar com eles se estavam sempre me jogando para longe do seu grupo com brincadeiras e comentários que me feriam? Na escola tinha aula de educação física Saulo A Navarro
  • 7. Homossexualidade: um engano em minha vida 7 e sempre tinha que parar por causa da falta de ar. Fazer educação física era passar por vários constrangimentos, como ficar com dificuldades para respirar e receber as palavras dos meus colegas, de que eu era de vidro, não conseguia nem jogar bola que ficava doente. Para proteger-me das provocações dos meus colegas eu fazia com que a falta de ar ficasse sempre pior e assim, eles veriam que realmente era difícil para mim. Gostaria de ser como eles, “hominhos”, tinham gosto de jogar bola e fazer esporte. Não conseguia fazer parte do clube, pois até mesmo as conversas sobre meninas não me agradava. Falavam de como iriam fazer com uma menina, como eles estavam conhecendo seus corpos. Como se gabavam de contar estas histórias. Estas conversas serviam para me constranger, achava que sexo era pura maldade. Cresci achando o sexo algo muito vulgar. Não havia ligação do sexo com amor, era sempre ligado à maldade, para mim era algo pecaminoso e errado e que só era feito às escondidas. Certa vez meus primos me levaram para brincar em um parque que estava na cidade. Minha mãe e tias me vestiram e cuidaram de mim. Ao olhar no espelho não gostei do que vi. Não gostei da minha roupa. Meu cabelo me fazia parecer uma menina. Saímos de casa em direção ao parque. Até então tudo estava indo bem. Em um certo momento, fiquei longe dos meus primos, e me vi frente a um grupo de meninos que ficaram a minha volta e começaram a zombar da minha roupa e cabelo. As palavras eram duras, fui chamado de “veadinho”, menininha, “bichinha”. Como aqueles garotos podiam fazer aquilo? Vieram do nada e me atacaram com palavras que feriram profundamente minha alma. Novamente ali estava eu, fora do grupo, excluído do clube dos meninos, queria ser aceito por eles, só isto. Um dos meus primos viu a cena e foi enfrentar os meninos. Neste momento me senti protegido e seguro. Assim que consegui fugir do meio deles fui para casa, sozinho, carregando comigo todo aquele emaranhado de sentimentos ruins, nem avisei meus primos. Ao chegar em casa, recebi uma bronca por ter vindo embora sozinho. Meus primos ficaram zangados comigo. Não entenderam o porquê do meu comportamento. Guardei comigo o que houve naquele parque e sofri sozinho. Passei a conviver com estes sentimentos dentro de mim, uma mistura de mágoa, tristeza e solidão. Na verdade eu estava entrando em uma prisão dentro de mim mesmo. Novamente senti a exclusão, o desprezo e a dificuldade de fazer parte do clube dos meninos. O que havia de tão mal nestes garotos que não faziam nenhum esforço para me aceitar no meio deles? Várias vezes os meninos do bairro perto de casa se reuniam para fazer brincadeiras sexuais entre si, neste momento eu me sentia aceito por eles. Neste momento eles deixavam que eu participasse das brincadeiras, por um bom tempo aprendi a fazer as “sacanagens” que um fazia com o outro e a desejar aquilo. Enfim fui aceito. Minha mãe começou a trabalhar fora de casa, saía cedo e só voltava à noite. Uma empregada passou a fazer parte da rotina da casa durante todo o dia. Durante parte do dia eu ia para a escola, que era um local onde eu sofria muitos ataques dos meninos. Por um tempo ir para a escola seria passar por um desgaste emocional sem tamanho. No início da noite eu ficava sentado na frente do portão de casa esperando minha mãe chegar. Quando ela chegava uma felicidade surgia em meu coração. Toda vez que eu ia para casa de algum primo para dormir fora, eu chorava até que me trouxessem de volta. Podia passar o dia com eles, mas na hora de ir dormir eu queria ir para casa. Interessante que eu não buscava por meu pai, eu me via preso a minha mãe, era uma dependência total da companhia dela. Eu gostaria que me pai demonstrasse mais amor por mim, de forma que eu sentisse este amor e desejasse a presença dele. Saulo A Navarro
  • 8. Homossexualidade: um engano em minha vida 8 Uma vez, estava na sala de casa no colo dele. Brincava com o cabelo do seu peito e na TV passava uma novela chamada Pai Herói. Na abertura desta novela tocava uma música muito bonita falando do relacionamento entre pai e filho. Enquanto a música tocava, uma cena me chamou atenção. Um quebra cabeças era montado, e aos poucos surgia um caminho entre árvores e um menino caminhando junto à figura do que seria seu pai. Detalhe, a figura do pai não foi preenchida, estava em branco. Uma criança passeando de mãos dadas com o pai, seu pai herói, por outro lado o pai não estava lá, ele estava presente, mas ausente. O que deve ser mais cruel para a formação de uma criança, um pai presente ausente ou um pai que mora longe? Era assim que me sentia em relação ao meu pai, um vazio, uma necessidade de aceitação e afirmação por parte dele, de receber carinho e ser amado. Mas, por mais perto que ele estivesse fisicamente de mim, sentia um abismo enorme entre nós. Eu queria um pai herói, que estivesse junto de mim, mas ele não era assim. Hoje sei que ele não poderia me dar o que não tinha aprendido e nem recebido dos pais dele. Em um certo dia, uma de minhas tias e seus filhos estavam conosco em casa. Ela tinha uma menina e um menino da minha idade. Estávamos brincando no quintal e esta tia teve a idéia de me vestir com roupas de menina, colocou um lenço em meu cabelo, uma saia e uma blusinha de menina, até passou batom e maquiagem no meu rosto. No início achei legal, gostei de estar vestido de menina, mas logo vi as pessoas que passavam na rua olharem para aquela situação e rirem de mim. Corri para trás de um monte de pedras e me escondi. As pessoas riam e faziam piadas ao me verem vestido de menina. Acredito que esta tia me vestiu de menina porque percebeu que eu gostava do que as meninas gostavam e que eu tinha um certo “jeitinho efeminado”. Teve uma vez que meu irmão falou que eu era “veado”, eu até achei engraçado porque pensei que ele estava me comparando com um animal. Tempos depois descobri que na verdade ele estava me chamando de “bicha” e que eu não gostava de namorar meninas. Neste momento senti meu coração, minha alma ser ferida profundamente. As brincadeiras de menina me chamavam atenção, tanto que eu brincava de boneca e de casinha com elas. As bonecas Barbie e Susi eram as minhas preferidas. E como eu gostava de usar saia. Quando as meninas me chamavam para brincar de desfilar eu era o primeiro a me fantasiar de menina e sair desfilando. A conversa das meninas me agradava mais do que a conversa dos meninos, elas sabiam me receber e me aceitavam sem críticas e restrições. As meninas não zombavam de mim. As pessoas a minha volta percebiam este comportamento em mim, cada uma reagia de uma forma. Uns eram mais vorazes em seus comentários, me chamavam de “bichinha”, “veadinho”, menininha, outros não diziam nada, outros ficavam falando entre si. Toda família reconhecia que eu tinha um “jeitinho esquisito”, mas não tocavam no assunto. Aos nove anos de idade comecei a pensar em namorar e nutria um carinho por uma menina. Quando comentei com meus colegas, eles riam e diziam que eu não ia conseguir porque não gostava de meninas e era “efeminado”. Simplesmente me rotularam por verem em mim um comportamento mais tímido e introvertido. Com toda minha insegurança e timidez fui até o encontro desta menina que eu gostava. Quando cheguei perto dela fiquei mudo, com muita vergonha da situação não fiz nada. Criei uma expectativa não só em mim, mas nas pessoas que me levaram até ela. Ficavam me cobrando para que fizesse um movimento na direção dela. A vergonha tomou conta de mim e só consegui trocar algumas frases com ela. Percebi que seria complicado demais me relacionar com ela ou com qualquer menina que fosse por causa da vergonha e Saulo A Navarro
  • 9. Homossexualidade: um engano em minha vida 9 timidez. Passei a conviver com um sentimento de frustração e impotência. Fiquei convencido de que não conseguiria namorar uma garota. Conseguia sonhar com uma menina, imaginar namorando e passeando, mas quando o sonho ia se tornando real e vendo que não daria conta da situação, parava tudo. Ao contrário de mim meus colegas se davam muito bem com as meninas, tinham uma certeza do que eram e poderiam fazer com elas que eu não entendia. Tinham o domínio da situação, não tinham vergonha nem timidez. Estavam se dando bem em suas paqueras, namoros e intimidades. Tudo isto era muito difícil para mim. Eu os inveja por saberem se comportar como meninos e fazer o que faziam sem dificuldade nenhuma. Esta inveja me fazia desejar as características deles. Lembro que eu tinha inveja dos meus primos, eles eram tão masculinos e definidos em sua sexualidade, eles falavam das meninas com uma desenvoltura que eu não conseguia. Eu queria ser como eles, por isto os invejava. E esta inveja prosseguiu comigo até a idade adulta. Saulo A Navarro
  • 10. Homossexualidade: um engano em minha vida 10 Adolescência Devido às dificuldades financeiras de minha família, meu pai foi para o sul, cidade de Curitiba no Paraná. Conseguiu um trabalho em Pontal do Paraná. Sem ele conosco, nos mudamos para o apartamento de minha avó. Que época difícil para todos nós. Morar numa casa que não era nossa, conviver com pessoas que tinham seus compromissos, suas manias. Senti falta do meu pai. Escrevi diversas cartas para ele falando da saudade que sentia e de que gostaria de tê-lo por perto. Ele era um homem calado, de poucas palavras. Não demonstrava carinho físico nem verbal pelos filhos. Gostaria que meu pai fosse como os pais dos meus primos, que os abraçavam, davam atenção e eram próximo deles. Raramente eu via meus pais demonstrando carinho um pelo outro. Sabia que se gostavam mesmo não vendo na prática o amor que tinham entre si. Nem imaginava que eles faziam amor, acreditei na mentira que uma cegonha trazia os bebês e que o beijo poderia engravidar uma mulher. Não me recordo de meu pai falando que me amava ou que gostava de mim, nem mesmo de receber um abraço bem forte dele. Aos 14 anos de idade recebi a notícia que teríamos que ir morar em Curitiba. Lá estávamos eu, minha mãe e irmã, dentro de um carro indo para a rodoviária de Belo Horizonte. Ainda dentro do carro, olhei para trás e vi minhas tias e avó sendo deixadas para trás. Ao chegar na cidade de Curitiba senti as dificuldades que estavam por começar, não só para minha família, mas principalmente para minha vida. Ficamos hospedados na casa de parentes. Havia uma pessoa conhecida que estava descobrindo sua sexualidade vendo fotos em revistas pornográficas. Uma vez ela pediu-me que devolvesse uma destas revistas para uma amiga, e no caminho abri e fiquei vendo as fotos. Fiquei surpreso ao ver o que aquelas mulheres faziam, era a tal da maldade que sempre ouvi dos meus colegas. Toda vez que ouvia meus colegas, tios, primos falarem de sexo, era de uma forma totalmente maliciosa e sem respeito nenhum com a figura da mulher. Pensei que só as mulheres vulgares e impuras é que faziam sexo. Fiquei com a imagem daquelas fotos na minha mente e ao ver o corpo nu dos homens naquela revista lembrei-me das brincadeiras que fazia com meus primos e colegas do bairro. Associei as brincadeiras sexuais que aprendi com eles aos homens das fotos pornográficas. Percebi que desejava o corpo daqueles homens. Senti desejo sexual por aqueles homens, desejo pelo mesmo sexo. Não conseguia me imaginar fazendo aquilo com uma mulher, mas ao mesmo tempo desejei o corpo nu dos homens. Desejei a masculinidade deles, as características físicas que os faziam homens. Começou o ano letivo e fui matriculado em uma escola. Novamente, ao conviver com outros adolescentes, percebi minha dificuldade de relacionamento. Logo as palavras que feriam minha masculinidade começaram a ser ditas pelos meus novos colegas. Minha timidez aumentava a dificuldade de relacionamento com as pessoas. Neste tempo queria namorar mesmo sabendo da minha dificuldade de relacionamento com as meninas, principalmente quando imaginava que elas faziam sexo daquela forma que vi nas revistas pornográficas. Sexo para mim não estava relacionado com amor e sim com maldade e sacanagem. Meus amigos já falavam de seus envolvimentos, suas intimidades com as garotas, suas experiências sexuais e eu nada. Saulo A Navarro
  • 11. Homossexualidade: um engano em minha vida 11 Minha adolescência foi marcada por um ponto de interrogação. Não me sentia à vontade com os garotos. Com as garotas só havia amizade e carinho por elas. Sentia uma inadequação de ser garoto, não me sentia nada a vontade de estar com eles. Na verdade eu não sabia a que gênero eu pertencia, não sabia para onde correr. Até tentei alguns namoros com garotas, mas todos me traziam grande aflição, eu não sabia lidar com a situação. Por várias vezes eu demonstrava interesse por uma garota e quando ela fazia um movimento em minha direção um pânico tomava conta de mim. Sim, esta é a palavra que descreve o que sentia: pânico. Era como se eu estivesse mentindo para eu mesmo, como se estivesse enganando aquela menina, pois eu não poderia dar conta dela. Na adolescência eu me sentia fora de qualquer grupo, nesta fase eu sentia solidão e vazio por não saber em que grupo eu me enquadrava. Nesta fase morávamos em um apartamento, meus pais e meus irmãos, eu tinha uma irmã e dois irmãos, um mais velho e os outros mais novos do que eu. Em casa a nossa comunicação era quase nula, era cada um com sua vida, o máximo que eu compartilhava com eles era assuntos muito superficiais. Realmente não tínhamos muito o que falar, mesmo tendo dentro de mim uma bomba relógio prestes a explodir a qualquer momento. Eu vivia uma adolescência solitária, triste, onde todas as situações que passei que feriram minha masculinidade criaram raízes em minha alma. Mas eu jamais havia falado com ninguém sobre isto, eu carreguei estas feridas desde a infância. Enquanto eu crescia as raízes geradas pelas palavras que feriram minha masculinidade ficavam cada vez mais fortes dentro de mim. Era uma prisão dentro de mim mesmo. Eu não gostava do que via em mim, isto chegou num ponto em que rabisquei o meu rosto em todas as fotos da família. Eu via nas fotos um menino fraco, mais parecido com uma menina, como odiei me ver assim. Nestas fotos eu via um garoto tímido e introvertido, que não conseguia se sentir bem com os garotos e nem com as garotas de quem gostava. Ninguém imaginava a confusão que havia no meu ser. Em casa nós não falávamos sobre nosso dia, nossa vida. Não havia um ambiente que favorecesse o diálogo. Como eu gostaria que meu pai tivesse um canal de diálogo aberto para comigo. Quantas vezes eu desejei conseguir abrir este caminho de comunicação, mas era algo difícil demais para mim. Nem mesmo eu sabia o que fazer com tudo que se criou em minha alma. Eu precisava me identificar com algum grupo, fazer parte de algum grupo em que sentisse à vontade e aceito. Quando ouvia algumas pessoas falando de casamento eu nem imaginava a hipótese de passar por isto, era lago muito distante para mim. Algumas vezes uma ou outra pessoa fazia um comentário em minha direção referente a namoro e casamento. Não tinha sentido ouvir isto, como eu poderia me ver namorando, noivando e casando se nem mesmo sabia o que eu era? Estas pessoas não tinham noção da confusão que se passava dentro de mim. Resumo minha adolescência num enorme ponto de interrogação. Saulo A Navarro
  • 12. Homossexualidade: um engano em minha vida 12 Juventude Conheci um grupo de pessoas da minha idade que se tornaram meus amigos. Este grupo foi um amparo que tive e onde eu me relacionava melhor do que em casa. Saíamos para passear, dançar nos divertir. Sempre me cobravam para ter uma namorada e como sempre tinha um casalzinho no grupo eu nutria uma vontade de namorar também, não sabia como mas queria namorar. Tentei várias vezes e sempre ficava sem jeito. Uma vez arrumei uma namoradinha, com muita dificuldade começamos a nos conhecer. Ela terminou comigo, achou um cara mais posicionado em sua masculinidade do que eu e terminou o namoro comigo. Foi complicado lidar com esta rejeição. Aos 18 anos, enfim arrumei uma namorada, gostei dela, da feminilidade dela. Era algo novo estar com ela, de certa forma eu não sabia como namorar e nem me comportar. Em pouco tempo de namoro ela começou a ter atitudes que me assustaram, teve iniciativas que fizeram com que temesse estar com ela. Ela já havia tido suas experiências sexuais e eu não. Certa noite, em uma danceteria, ela pediu-me que a tocasse de modo mais íntimo e recusei por estar no meio de pessoas. Ela insistiu, fiquei constrangido. Como eu não tomava nenhuma iniciativa ela disse ao meu ouvido: “às vezes acho que você não é homem”. Naquele momento, veio em minha mente todas as palavras de maldição que feriram minha masculinidade. As palavras da minha namorada me feriram profundamente. Minha atitude naquele momento foi deixá-la naquele lugar. Sai dali e não a vi por um bom tempo. O que havia se quebrado na infância e adolescência veio a se quebrar ainda mais. Decidi não ter relacionamento com mulheres, com ninguém, assim estaria seguro. Decidi ficar sozinho com minhas raízes de feridas na alma. O que mais me deixou paralisado neste acontecimento foi em sentir que minha namorada havia percebido que eu não era homem, que eu poderia ser veado e bicha. Que pavor, medo e angústia. Eu tentando me ajustar num espaço em que me sentia inadequado e de repente minha namorada me diz que eu não sou homem! Então tudo o que eu ouvi na infância e adolescência era verdade! Eu não poderia namorar garotas e nem me relacionar com elas porque eu era efeminado. Que confusão em minha mente. E agora o que faço com tudo isto? Onde me enquadro? Neste mesmo ano, meus pais viajaram e fiquei sozinho cuidando da casa. Alguém tocou a campainha. Ao abrir a porta qual minha surpresa ao ver aquela garota da danceteria, minha ex-namorada ali, na porta de casa. Deixei-a entrar e ficamos vendo TV e conversando. Aconteceu um beijo e logo ela tirava sua roupa e me levava para o quarto. Fiquei em pânico, meu corpo inteiro travou. Mas ela insistiu em manter relações não respeitando meu pânico. Ela viu e sentiu que eu brochei mesmo. E não foi porque eu não senti aração sexual por ela e sim pelo desespero de não saber agir naquela situação. Desesperadamente fugi dali. Tranquei-me no banheiro e fiquei lá sentindo um monte de “coisas”. Ela foi atrás e bateu na porta perguntando se eu estava bem. Abri a porta e fingi estar passando mal e ela fingiu que acreditava. Após um tempo levei-a para casa e achei que tudo estaria resolvido, não a veria mais. Mal sabia eu que havia sido abusado sexualmente, e isto eu fui descobrir aos 36 anos. Carreguei dentro de mim um emaranhado de sentimentos sem saber que a origem era o abuso sexual. A ferida deste abuso sexual já estava instalada em minha alma. Saulo A Navarro
  • 13. Homossexualidade: um engano em minha vida 13 Simplesmente fingi que aquele constrangimento não aconteceu, não dei atenção aos sentimentos que passei ali. Não fazia idéia do abuso sexual que havia passado, do que isto causaria em minha vida a partir de então. Descartei toda hipótese de me relacionar com mulheres, iria ficar só pelo resto de minha vida. Senti frustração, insegurança, medo. Senti minha masculinidade ser destruída. Todas as palavras de maldição que recebi até então se materializaram na minha mente. Era como se aquela garota houvesse descoberto o meu segredo, o meu medo, que eu poderia ter problemas, que talvez não fosse homem, assim como ela havia dito para mim naquela danceteria. Após este acontecido, o rumo da minha vida começou a mudar, eu não fazia idéia do deserto e do engano que viria a passar. Saulo A Navarro
  • 14. Homossexualidade: um engano em minha vida 14 Entrando na homossexualidade Neste mesmo ano consegui um trabalho em uma empresa. Nesta empresa conheci um rapaz que era assumidamente homossexual e às vezes se comportava como homem e às vezes como mulher. Ele não escondia de ninguém que gostava de homens e algo a mais conquistou minha confiança, fui aceito, não houve rejeição e exclusão, me vi aceito no meio ao qual ele estava inserido. Aquele rapaz que se dizia homossexual me aceitou no clube. Fizemos amizade e logo recebi um convite para participar de um churrasco em sua casa. Ele viu que eu tinha uma tendência para a homossexualidade. Na verdade ele estaria me ajudando a “sair do armário”. Mesmo com muito medo do que poderia ver ali decidi participar do churrasco. Chegando lá, presenciei uma cena que mudou realmente o rumo da minha vida. Ali havia homens namorando homens e mulheres namorando mulheres. Fiquei assustado e ao mesmo tempo aliviado por saber que aquilo era real, que existiam pessoas que gostavam de se relacionar com o mesmo sexo de forma aberta e sem receio do que os outros iriam falar delas. Conheci uma garota que estava na mesma situação, foi ali para ver o que acontecia na vida daquelas pessoas tão diferentes em sua forma de amar. Fiz amizade com ela e ficamos juntos conversando sobre essa nossa descoberta. Ela nunca havia se relacionado com o mesmo sexo, estava noiva de um homem até pouco tempo, mas decidiu terminar o noivado porque acreditava estar amando uma mulher. Assim como eu, ela havia descoberto pessoas que se rotulavam de homossexuais e que de imediato nos aceitaram sem nenhum desprezo. Depois desta descoberta eu queria encontrar um rapaz para viver um grande amor, e seria firmado na fidelidade mútua, eu queria amar e ser amado. Neste momento eu estava buscando amor e não sexo. O sexo foi conseqüência do relacionamento homossexual que vivi. Depois deste encontro, minha vida mudou. Meus caminhos se voltaram para a homossexualidade. Passei a ter amigos e amigas homossexuais e a participar de um grupo que me aceitava. Porque sofrer tanto com as palavras de maldição que recebia dos outros durante minha vida inteira se poderia fazer parte daquele meio homossexual, onde ninguém zoava de ninguém por gostar do mesmo sexo. Doce ilusão, doce engano, mal sabia que o pior estava por vir. Havia muita festa, muita risada, muita maquiagem, mas quando a cortina se fechava, o vazio e a insatisfação daquela vida apareciam por trás dos bastidores. Ah se eu soubesse o caminho pedregoso que iria ter que atravessar. Comecei a freqüentar bares e boates para homossexuais. Fiz novos amigos e identifiquei-me com a história de cada um. Todos passaram por situações parecidas com a minha. Com o passar dos anos eu entrava cada vez mais na prática da homossexualidade. Passei a acreditar que havia nascido homossexual quando direcionei meus sentimentos, desejos e vontades para a prática homossexual, aceitei então que não haveria mudança, sempre seria homossexual. Fiquei 12 anos nesta prática, sem contar os anos decorridos da infância até a adolescência, onde pensava que era diferente, que algo estava errado comigo. Pensei que havia descoberto a verdade, onde tudo que havia escutado de maldição se resolvia naquele mundo homossexual que descobri. O último relacionamento durou cinco anos. Não é necessário descrever aqui tudo o que fiz enquanto na Saulo A Navarro
  • 15. Homossexualidade: um engano em minha vida 15 homossexualidade, mas posso dizer que realmente acreditava que havia nascido assim. Não existia nenhuma possibilidade de mudança. Nestes 12 anos que passei na prática da homossexualidade, foram poucos os momentos em que me senti seguro. Pelo contrário, vivia na insegurança e na busca de amor e aceitação, que jamais encontraria nos rapazes com quem estive, eles não poderiam preencher o vazio do meu coração, homem nenhum poderia. A verdade que achei ter encontrado na homossexualidade começou a causar dor. Esta dor era emocional e fazia minha alma tremer de tanta angústia, aquilo que um dia encontrei num churrasco estava me matando, então pensei: “que liberdade é esta que me faz tremer de tanta dor? Cansei de viver em busca do príncipe encantado, que depois de um tempo virava sapo e o encanto acabava. Saulo A Navarro
  • 16. Homossexualidade: um engano em minha vida 16 A volta para casa De repente, tudo começou a mudar e seguir um novo caminho em minha vida. Aquele brilho da descoberta do meio homossexual começou a passar. Aquele vislumbre de poder “sair do armário” que me acometeu no início começou a perder sua força. Após anos de prática homossexual entendi que nada preenchia o vazio e a insatisfação daquela vida. Minha vida na homossexualidade girava em torno de bares, boates, paquera, insegurança, parecia que meu coração havia virado carne moída. Mesmo buscando um relacionamento com base na fidelidade ninguém me levava a sério por muito tempo. A novidade de estar com alguém logo passava. Meus amigos viviam trocando de parceiros. Quanto engano. Na realidade eu buscava em outro homem aquilo que faltava em mim, precisava suprir uma carência que havia em minha alma que homem nenhum iria preencher, pois nem mesmo eles estavam satisfeitos consigo mesmo. Toda vez que conhecia um “casal” gay eu ficava imaginando se eram felizes verdadeiramente, e não dava outra, logo vinha a notícia de que o relacionamento havia acabado. O que parecia ser verdadeiro não durava muito tempo, e se durava era porque havia muita permissividade no relacionamento, o que fazia parecer que estavam juntos há muitos anos. Cansei de ver meus amigos passarem de mão em mão, trocando de parceiros como se troca de roupa. Só depois de passar por um processo de resignificação de vida que entendi as histórias de vida abaixo: Uma de minhas amigas contou sua história de como entrou na vida lésbica. Ela jamais havia imaginado estar num relacionamento lésbico. Ela apanhava do primeiro marido, e no segundo casamento também apanhou do marido que era muito possessivo. Daí conheceu nosso grupinho de amigos homossexuais e começou a freqüentar os bares e boates e logo recebeu um convite de uma mulher, a partir deste momento ela se entregou ao carinho e consolo desta mulher e iniciou uma longa caminhada de novas parceiras sexuais. A carência desta amiga fez com que aceitasse o consolo nos braços de outra mulher. Um rapaz do nosso grupo falou do relacionamento dele com o pai e dos abusos que sofria de um tio, depois de vários encontros na vida homossexual ele passou a ser Drag Queen. Um dos rapazes que tive um relacionamento veio de uma família onde o pai era totalmente ausente, a mãe para compensar a ausência do marido sufocou este filho que não tinha o pai como referência de homem e de masculinidade sadia. Cada um tinha um histórico que os remetia a uma tendência homossexual, mas era mais fácil viver como homossexual do que buscar mudança de comportamento. Pensei na hipótese de abandonar a prática homossexual. Como sair se estava preso naquela vida? Afinal de contas eu não pedi para ter desejos pelo mesmo sexo. Quando percebi a atração pelo mesmo sexo já estava em mim, tomando conta da minha vida e dos meus desejos. Eu jamais iria optar em sofrer numa vida na homossexualidade. Enfim foram 12 anos na prática de um erro que fazia parte da minha vida. A vida na homossexualidade até então era o que eu sabia fazer e até então era verdade para mim. Certo dia, liguei para meu irmão menor e pedi que me ajudasse, precisava levar o que era meu para casa de minha mãe. Saulo A Navarro
  • 17. Homossexualidade: um engano em minha vida 17 Saí da casa daquele rapaz, com quem vivi por quase cinco anos, não suportei tanta incerteza, tanta mentira, infidelidade e insatisfação. Meu irmão veio até a casa onde eu morava e lá estava eu com três sacos de lixo com tudo o que me pertencia dentro deles. Retornei para casa de minha mãe carregando comigo três sacos de lixo, financeiramente falido e numa tremenda dependência emocional, deixando para trás um “amigo” e tudo que até então achava que era verdade em minha vida. A dependência emocional que nutria pelo meu “amigo” estava me matando a cada dia. Olhei para minha vida e percebi que havia construído minha história numa areia movediça. Tudo afundou nesta areia, assim como os amigos, as festas, os relacionamentos, os amores, as paixões. Cai numa depressão profunda. Surgiram questionamentos em minha mente do tipo: quem sou eu? O que fiz até agora? Acreditei ter nascido homossexual e agora percebo que esta prática está me matando. Precisava mudar, mas como? Não pedi para ter desejos pelo mesmo sexo. Não acordei de manhã e disse que seria homossexual. Deixar a prática homossexual era uma hipótese que estava longe demais para alcançar, ainda mais com desejos e sentimentos por pessoas do mesmo sexo. Conseguia manter meu trabalho mesmo com a depressão. Programei em minha mente uma situação para que pudesse sobrevier à depressão e a dependência emocional que sentia pela vida na homossexualidade e por todos que lá ficaram. Era como se acionasse um botão imaginário em minha mente onde programava meu corpo para sair em direção ao trabalho, depois o desligava ao chegar em casa. Funcionou mesmo com angústia e tristeza tomando conta da minha alma. Minhas forças estavam se esgotando. Olhava para trás e não gostava do que via, o presente estava me torturando, olhava para frente e não visualizava nada. Dentro desta dor emocional ao qual estava enfiado, de tanto pranto, surgiu uma ajuda, uma mão que estava estendida para mim, pronta para me segurar até que recuperasse minhas forças e pudesse caminhar novamente. De repente recebi uma palavra de conforto e surgiu uma esperança. Uma porta de esperança onde não havia nada. Saulo A Navarro
  • 18. Homossexualidade: um engano em minha vida 18 Encontro com Deus Minha mãe, vendo toda minha angústia, fez-me um convite. Indicou que fizesse uma visita em uma igrejinha onde lá haveria uma missionária falando da Palavra de Deus. Não tinha nada a perder e aceitei o convite. A igreja era pequena, no Bairro Boa Vista. Lá estava eu sentado no meio dos ouvintes. A pastora anunciou a missionária que iria pregar naquela noite. Quando a missionária começou a falar do amor de Deus, meus olhos se encheram de lágrimas. Até então nunca havia ouvido alguém falar do grande amor de Deus pela minha vida, de um Deus que entregou seu Filho por amor de mim. Comi aquelas palavras, bebi de uma água (a Palavra de Deus) que poderia matar a minha sede. Ouvi que Deus me amava e poderia mudar a história da minha vida, que iria dar um novo significado para minha história e bastava eu crer no Filho de Deus, em Jesus. Comecei a buscar por este amor, por este Deus que ela falou tão bem. Um Deus que me prometia fidelidade, salvação e vida eterna através de Jesus. Jesus passou a ser parte da minha caminhada e através dEle encontrei resignificação da minha história. Ao retornar para casa olhei para mim e permiti Deus mudar minha história. Surgiu uma esperança onde até então não havia nada. Tentava imaginar como aquele Deus mudaria minha vida. Em poucos dias, um gerente que trabalhava no mesmo setor que eu, vendo que minha angústia estava me consumindo, fez-me um convite. Amavelmente convidou-me para visitar a casa dele e participar de uma reunião. Aceitei de imediato sem saber o que realmente aconteceria nesta reunião. Ao chegar lá, fui recebido por pessoas de uma igreja que me amaram muito, um amor sem cobranças e julgamentos, apenas me amaram. Estudamos a palavra de Deus e comecei a aprender mais sobre aquele Deus que a missionária falou que iria mudar minha história, que iria dar um novo sentido para minha vida. No meio da dor, angústia e desespero pude sentir o amor de Deus me envolver. A graça de Deus é maravilhosa, ela alcança o mais profundo abismo. Não há lugar onde a graça de Deus não chegue para te tocar. Entendi que não estava sozinho neste momento tão difícil. Em um destes encontros comentei da vida que levei na homossexualidade. Fui apresentado para um casal que ali estava. Um casal disposto a caminhar comigo. Toda semana eu estaria com eles para receber ajuda e orientação através das verdades que estão na Bíblia. Desesperadamente aceitei o desafio. Passei a fazer parte da rotina daquela família e a freqüentar uma igreja, pois precisava criar um novo círculo de amizades. Ficou combinado que toda segunda-feira eu estaria junto com o rapaz para estudar a Bíblia e fazer um discipulado. No primeiro encontro eu “vomitei” tudo o que estava preso em meu coração. Contei toda minha história e a dor emocional que ainda sentia. Ele ouviu pacientemente e falou que eu não era homossexual, disse que eu estava homossexual. Estas palavras entraram em meu coração e neste momento pensei que ele estava totalmente enganado, que não sabia o que estava falando. Eu sabia de tudo o que havia feito, da vida que levei na prática homossexual, dos desejos e vontades que tinha pelo mesmo sexo. E ele vem me dizer que eu não era homossexual. Imagina, tinha acabado de sair de um relacionamento homossexual de cinco anos e vem alguém me dizer que eu não era homossexual. Resolvi dar uma chance e continuei o discipulado. Começamos a sair e conversar não só sobre Bíblia, mas sobre relacionamento homem e mulher. Várias vezes íamos andar a cavalo em uma cidade próxima de Curitiba, chamada Saulo A Navarro
  • 19. Homossexualidade: um engano em minha vida 19 Campo Largo, comprei meu próprio cavalo. Foi muito terapêutico, pois lá eu ficava envolvido com outras atividades e esquecia da dependência emocional e da dor que sentia em meu coração. A luz da Palavra de Deus trouxe a verdade, caindo toda mentira e engano. O vazio que havia em meu coração foi preenchido pelo amor de Deus. Conforme ia aprendendo a viver com Jesus, as mentiras iam sendo descobertas. Posicionei-me com todas as armas oferecidas na sua Palavra para resistir às imposições do mundo. Eu e o rapaz que vivia comigo, tínhamos uma Bíblia aberta na cabeceira da cama de casal, aberta em algum Salmo que não falava do erro em que vivíamos. Só líamos o que nos era conveniente, era mais fácil. É mais fácil dizer que a Bíblia precisa ser revista do que buscar mudança de vida. Durante madrugadas estudei a Bíblia, procurei nela por algo que favorecesse a homossexualidade e não encontrei. Neste período clamava em oração por ajuda, chegava em casa na sexta-feira após o trabalho e só saía na segunda-feira para trabalhar. Lembrava-me das festas, do falso brilho, muita risada, gente bonita em suas roupas de marca, barriga cheia de comida e um espírito vazio, mas ao raiar do dia o falso brilho começava a se apagar e aí sim, vinha o vazio daquela vida. Não aceito mais isto em minha vida, hoje a luz que brilha em meu coração vem de Jesus e que a satisfação que tenho em viver vem dEle. Descobri que Deus me amava, mas não ao erro que cometia. Deus não condenaria esta prática em minha vida sem antes oferecer uma saída. A saída está na sua Palavra que é viva e eficaz e no amor de Jesus. Através do Espírito Santo fui convencido do erro em que vivia. Pois só o Espírito Santo pode nos convencer do erro, da justiça e do juízo. Compreendi e aceitei como verdade textos bíblicos que até então eu não aceitava como verdade. Achava que era somente para aquela época. Qual minha surpresa ao ver em minha vida as promessas de Deus serem cumpridas. Aquelas palavras de muito tempo atrás estavam causando efeito em minha vida hoje. A Palavra se mostrou em mim viva e eficaz. Pude então perceber que realmente havia uma inversão na minha forma de amar. Analisei toda minha vida e conclui que durante o passar dos anos eu estava sendo “construído” para levar uma vida na homossexualidade. Seria difícil uma criança viver as situações que passei e não entrar na homossexualidade. O que havia sido aprendido poderia ser desaprendido. Na verdade aprendi a ser homossexual, e tudo o que fiz na prática homossexual não alterou minha heterossexualidade. Precisava não só mudar radicalmente, mas manter-me nesta mudança. Então tomei a decisão, fiz uma escolha, mudar a história da minha vida, buscar um sentido real para minha história. Conforme superava minhas dificuldades passava a ajudar outras pessoas. Iniciei um trabalho voluntário em uma casa de apoio onde havia crianças, jovens e idosos na mais drástica situação de abandono. Convivi com pessoas que contavam com ajuda voluntária para sobreviverem, pessoas que não serviam mais para a sociedade, deixadas de lado em conseqüência de suas escolhas erradas tais como uso de drogas, prostituição, tráfico entre outras. Algumas pessoas vinham das ruas, sujas e maltrapilhas, outras de famílias completamente disfuncionais. Olhei para a realidade delas e entendi que em meio a minha dor, poderia doar algo de mim para ajudá-los. O tempo que passei nesta casa de apoio ajudou-me a crescer e amadurecer como pessoa. Sabia que poderia continuar com o trabalho voluntário, mas também aceitei que precisava de ajuda para tratar as minhas feridas na alma. Senti que faltava tratar algumas Saulo A Navarro
  • 20. Homossexualidade: um engano em minha vida 20 áreas em minha vida que estavam atrapalhando meu crescimento como cristão e como homem. Sentia solidão, passei a pensar em conhecer uma garota e poder fazer este trabalho voluntário junto com ela. Este passo, deixar uma mulher entrar em minha vida, exigiria muito de mim, teria que abrir mão de várias conquistas para alcançar este momento tão importante, pois não queria ficar só. Decidi não viver mais com homens logicamente teria que me relacionar com uma mulher. Só de pensar nas áreas de minha vida que teriam de ser tratadas eu já ficava em pânico. Não se trata da homossexualidade e sim das raízes que sustentavam a homossexualidade na minha vida. Algumas pessoas que praticam a homossexualidade são completamente contra alguém oferecer ajuda a uma vida que deseja voluntariamente sair desta prática sexual. Isto é uma injustiça, eu precisei e busquei por esta ajuda e fico feliz por ter conseguido. Toda pessoa que está insatisfeita com sua homossexualidade deve ter a liberdade de buscar apoio. Nada mais justo do que isto, quem deseja estar na homossexualidade que fique, procure ser feliz, mas os que estão insatisfeitos merecem receber o apoio devido. Deve haver respeito para os dois lados. Se eu não tivesse recebido ajuda para deixar a prática homossexual não estaria vivendo esta felicidade e satisfação que tenho hoje fora desta prática. Sou contra quem condena e dificulta a vida dos praticantes da homossexualidade, deve-se com toda certeza ter respeito com todos. Quando decidi sair da homossexualidade, as pessoas que me ajudaram em nenhum momento quiseram mudar minha sexualidade, pois elas sabiam que sempre fui heterossexual, e que tudo que fiz e achei ser na questão homossexual não alterou minha heterossexualidade. Então, quando vejo alguém querendo impedir que se ajudem pessoas que voluntariamente buscam apoio para deixar a prática homossexual, fico perplexo, pois esta pessoa não está sendo justa. Há tempos atrás acompanhei um debate entre praticantes da homossexualidade e políticos sobre a questão de proporcionar ajuda aos que buscam voluntariamente deixar a prática homossexual. Neste debate, um praticante da homossexualidade foi questionado se em algum momento buscou ajuda para deixar esta prática e ele respondeu que sim. Isto quer dizer que ele teve a oportunidade de escolher buscar ajuda, porém não deu certo, e vem agora impedir que outros façam o mesmo? Assim como eu, que era convicto da minha homossexualidade, um dia me encontrei muito insatisfeito e busquei ajuda para mudar, concordo que se ofereça apoio aos que buscam mudança de comportamento. Hoje posso viver a heterossexualidade de forma plena, imagina se houvesse algum impedimento? Todos os rapazes com quem estive mantinham no seu íntimo a vontade de um dia terem uma vida diferente. Eu podia bater o pé e negar com minhas atitudes e palavras, mas no coração eu desejava mudar, só não sabia como. Deixar anos de prática homossexual exigiu de mim cura das feridas da alma, foi um processo gradativo e levou seis anos. Se tivessem prometido mudança instantânea e isto não ocorresse, eu poderia ir embora por não ver meus desejos e vontades transformados de um instante para outro e pior, poderia desacreditar do maravilhoso evangelho de Cristo. Mesmo no erro fui muito amado pelas pessoas que me evangelizaram. Aprendi que Jesus realmente veio ao mundo para buscar e salvar a todos que estão cativos do erro. Precisava buscar Deus de todo o meu coração, de toda minha alma e entendimento, pois não há transformação se não houver busca. Foi preciso abrir mão das situações que até então dominavam minha vida. Saulo A Navarro
  • 21. Homossexualidade: um engano em minha vida 21 Muitos “amigos” do meio antigo me ligavam, não para me ajudar, mas para piorar o estado em que me encontrava. Lembro-me de uma ligação que recebi logo que decidi me afastar daquele meio. A pessoa dizia: ”Como está você Saulo, neste carnaval com quantas pessoas você ficou? Respondi: nenhuma. E ela dizia: “não posso acreditar, pois eu fiquei com seis pessoas nestes dias de carnaval!"”. Quanto vazio, hoje se puder falar com esta criatura novamente eu diria: “venha conhecer a verdade, a verdade que trás paz e descanso para sua alma, venha para a luz que é viver com Jesus. Somente em Jesus poderá encontrar descanso e conforto para sua alma”. Cansei de buscar consolo, amor e aceitação através da homossexualidade. Quando deixei tudo e todos do meio homossexual eu mantive contato somente com uma grande amiga. Ela continuava na vida lésbica e nos víamos de vez em quando. Se eu quisesse continuar em busca de resignificação de vida eu teria de deixá-la ir embora. Pois a influência dela poderia prejudicar minha caminhada. Uma vez aceitei um convite dela para ir num bar para homossexuais e o risco de regredir foi altíssimo, fui a um lugar que já havia freqüentado, e pela primeira vez pude perceber como eu havia vivido. Aquele bar parecia um açougue, onde bastava olhar para o lado e tinha um pedaço de carne para se relacionar comigo. Pude perceber como eu buscava me identificar com alguém, como procurava no outro o que faltou receber do meu pai e da minha mãe. Não poderia alcançar resignificação de vida voltando ao que sempre fiz, praticar a homossexualidade. Quando cheguei em casa, depois de sair deste bar, entrei no meu quarto e fiz uma oração de clamor a Deus, pedindo ajuda. Continuei a caminhada e abracei Jesus com toda minha força. Nenhum erro está fora da graça de Deus, nenhum. O amor de Jesus pode alcançar o mais profundo abismo. Passei a compreender a diferença entre tentação e pecado. Eu possuía o Espírito Santo que Deus me dera não para me impedir de ser tentado, mas para que me capacitasse a resistir e não ser vencido pelas tentações. Precisava de amadurecimento espiritual. Era preciso dedicação constante de minha parte. Neste momento eu precisava de amor e não de julgamentos. Durante muito tempo continuei recebendo ligações para sair nos bares e boates. Relutei para não aceitar estes convites. Em meio a dor emocional que afetava até mesmo meu físico eu fiz uma escolha, decidi mudar e buscar crescimento e amadurecimento. De repente Deus providenciou uma mudança na minha vida. Que surpresa mais agradável. O louvor no final deste testemunho diz exatamente sobre esta libertação que recebi. Meus caminhos estavam sendo endireitados. Afastei-me de tudo e de todos do meio antigo, precisava buscar alimento para sobreviver e permanecer firme. Hoje posso enxergar e estar aqui falando do que Deus tem feito em minha vida, para honrar e glorificar este Deus que sirvo, onde pude receber e aceitar a verdade que está em sua Palavra que liberta e dá vida. Descobri que estava alimentado por uma mentira, que acreditara em uma mentira. Quando pude perceber o que realmente eu tinha vivido, confessei que era pecador, aceitando Jesus como meu único Senhor e Salvador. Precisava desaprender o comportamento errado que havia aprendido e a Palavra de Deus começou a fazer sentido. Entendi que conheceria a verdade, e se iria conhecer a verdade o que eu vivia era mentira, falso, ilusão. Esta verdade me libertou do cativeiro ao qual me encontrava. Os rótulos que havia recebido começavam a cair. Hoje sou livre e sirvo a um Deus que muda o caminho errado e incerto de quem Ele quiser, e Ele quer que todos se salvem. Aquele que perder a sua vida por amor a Jesus encontrá-la-á. Lembremo-nos que Ele é o nosso Senhor, devemos nos curvar diante dEle. Ele nos dá o livre arbítrio para escolher entre a vida e a morte. Saulo A Navarro
  • 22. Homossexualidade: um engano em minha vida 22 Hoje falo da dificuldade que vivi enquanto na homossexualidade. Falo mais da verdade que descobri através da palavra de Deus, verdade que me libertou e me tornou livre de todo engano que envolvia minha vida. Para você que se acha livre, que faz o que quer, cuidado, você está mais preso do que possa imaginar. A minha liberdade enquanto na homossexualidade acabou se tornando minha prisão. Algum tempo atrás um travesti famoso deu uma entrevista em um programa de televisão, onde o entrevistador perguntou: “Você já colocou seios, já delimitou seu corpo com formas femininas, deixou o cabelo crescer, mudou seu rosto, seus lábios, pergunto: porque não faz uma cirurgia para tirar seu pênis e colocar uma vagina?”. Resposta: “Porque não quero fazer o que muitos travestis tem feito, passam horas com psicanalistas, horas de mutilação através de uma cirurgia, depois vão para casa se recuperar, e batem a cabeça na parede, porque sabem que foram feitos homens e pensam como homens”. As leis que hoje existem em países liberais, que asseguram o relacionamento homossexual, cirurgias para troca de órgão genital, seguro de vida, poderiam aliviar o preconceito à minha volta, facilitar o meu dia-a-dia, mas não poderiam assegurar e me proteger do vazio que estava dentro de mim. Existe perfeição em Deus. Compreendi que a vida homossexual que eu levava estava fora do plano perfeito de Deus para mim. A vontade de Deus para mim é boa, perfeita e agradável. Durante os estudos de 2º grau tive um colega de sala que recebia muitas palavras de maldição vinda dos outros alunos, ele apresentava um jeito efeminado e por isto era rotulado de “veado”, “bicha”. Quando comecei a freqüentar as boates, vi uma mulher que me chamou a atenção, estava vestida de modo muito sensual, fui até ela para conhecê-la, ao me aproximar reconheci seu rosto. Qual minha surpresa ao ver que não era ela e sim ele, aquele rapaz do 2º grau que era efeminado. Havia colocado silicone no seu corpo para ganhar formas femininas. Esta porção da sociedade que disse para este rapaz se aceitar assim é a mesma sociedade que o jogou em um caldeirão de água fervendo. Vejo uma grande parte de adolescentes e jovens sendo influenciados pela mídia, pela cultura, a se permitirem. De tanto receber informações de que a sexualidade deve ser vivida da forma em que achar melhor estes jovens acabam entrando em relacionamentos com pessoas do mesmo sexo por simples influência de alguns. Há um cultura do “se é bom para você então faça, permita-se”. E paralelo a isto existem pessoas que insistem em dizer “eu preciso viver isto, preciso passar por isto para ver como é”. Nada mais do que tentar enganar a si mesmo para amenizar os efeitos da situação. Há poder na Palavra de Deus, poder que pôde transformar minha vida desde que aceitei a verdade. Busquei cura para as feridas da alma e transformação no meu viver. Deus oferece água viva para todos que tem sede. Quem tem sede vá até esta água que é a Palavra de Deus e beba e rios de água viva fluirão do seu interior. Saulo A Navarro
  • 23. Homossexualidade: um engano em minha vida 23 Namoro Comentei no decorrer deste texto que desejava conhecer uma garota, não queria viver só, mesmo sabendo que teria que tratar outras áreas da minha vida que até então não havia tratado. Relacionamento com pessoas do mesmo sexo eu não queria mais, então precisava aprender a me relacionar com o sexo oposto. Após 5 anos fora da prática homossexual e de aprendizado da Palavra de Deus participei de um encontro onde homens e mulheres insatisfeitos com uma vida na homossexualidade buscavam ajuda. Lá conheci uma psicóloga que comentou comigo sobre a necessidade de tratar algumas questões que estavam me impedindo de ter mais qualidade de vida, de alcançar meus novos objetivos e obter amadurecimento. Trazia comigo cicatrizes que precisavam ser realmente tratadas. Agradeci o conselho desta psicóloga e sabia que iria precisar mexer nestas questões mais cedo ou mais tarde. A tendência homossexual que tive era conseqüência de diversas raízes profundas em minha alma. Esta psicóloga tinha conhecimento do que estava falando. Até hoje não tive a oportunidade de dizer a ela, mas uma frase que ela me disse causou grande impacto em mim. Perguntei se ela estava tendo muitos problemas por mudar a sexualidade de uma pessoa de homossexual para heterossexual. A resposta foi tremenda: “Jamais busquei mudar a sexualidade de ninguém, todos são heterossexuais, apenas auxilio pessoas em diferentes áreas de suas vidas que acabam fazendo com que elas deixem de estar homossexuais”. Antes de ir para este encontro havia terminado meu namoro, pois estas questões que a psicóloga comentou afetavam minha saúde emocional. Conheci esta namorada em uma casa de apoio que passei a ajudar. Cheguei lá para oferecer ajuda voluntária e a conheci ao participar como ouvinte de uma palestra sobre abuso sexual. Gostei dela naquele momento, e sabia que uma nova fase em minha restauração na sexualidade estaria por começar. Vou compartilhar com você um pouco deste momento. Convidei esta garota para tomar um café, um dos fatores que me motivou foi a admiração que tive por ela. Uma garota que passou pela dor e que havia decidido também resignificar sua história. Em minhas orações eu pedia para Deus que me apresentasse uma mulher que sabia o que era dor, assim ela entenderia a minha dor. Minha real intenção não seria tomar um café com ela e sim pedir para ela namorar comigo. Estava nervoso e minha voz tremia, e falei que desejava namorá-la, na verdade o nervosismo era tanto que quase vomitei as palavras. Ela aceitou meu pedido e disse que seria preciso eu procurar o líder da casa de apoio e conversar com ele. Assim teríamos alguém acompanhando nosso relacionamento, onde indicasse limites seguros para nós dois. Esta decisão foi muito importante, ter alguém para prestar contas de nossas atitudes. De um lado estava eu com este histórico de homossexualidade e do outro estava ela com a sua história. Até aqui estávamos sofrendo conseqüências de escolhas erradas, então nos posicionamos para pelo menos tentarmos acertar em tudo que podíamos neste namoro. Passamos a ter uma amizade especial, onde saíamos para nos conhecer. Foi ótimo para mim pois eu me sentia seguro sabendo que havia limites. De início nós íamos Saulo A Navarro
  • 24. Homossexualidade: um engano em minha vida 24 em parques, tomar sorvete, tomar café numa panificadora, e até mesmo sair para não fazer nada juntos, só sair e ficar junto. Passado um tempo iniciamos nosso namoro, nesta fase nós ficávamos mais tempo juntos, eu tive que aprender a andar de mãos dadas com ela, a sentir a pele do corpo e dos lábios. Tudo era um aprendizado, eu estava acostumado com a pele e o toque de pessoas do mesmo sexo. Foi incômodo no início, mas depois meu corpo foi se acostumando com estas novas situações. Um momento de grande alegria foi quando eu fiquei excitado ao beijá-la, e foi natural. Quando isto aconteceu pensei em como poderia ser isto. Passei anos me achando diferente, esquisito e de que não poderia namorar uma mulher e muito menos ter um relacionamento profundo e meu corpo se excita naturalmente com um beijo? Então quer dizer que minha heterossexualidade sempre esteve comigo, prontinha para ser usada! Até aqui eu só tinha relacionamentos com pessoas do mesmo sexo e me vejo excitado desta forma! Tive admiração por minha namorada, o desejo de estar com ela era mais forte do que o medo que sentia pelo desconhecido. Volta e meia um pânico se apoderava de mim, pois tinha medo de algumas situações, medo de ficar sozinho com ela e ser abusado novamente, medo de ouvir novamente palavras que pudessem ferir minha masculinidade. Hoje consigo dar risada desta situação. Foi difícil cada momento deste relacionamento. Quando nós saíamos para namorar eu já planejava todo o percurso, desde o início até o fim, assim teria a certeza que não ficaríamos sozinhos. Com o namoro nosso relacionamento foi se estreitando e percebi que estaria em perigo. A situação que vou contar agora demonstra como aquele abuso que sofri aos 18 anos ainda paralisava minha vida hoje. Estava em casa e recebi uma ligação, era minha namorada. Ela me fez uma pergunta que estremeceu meu chão, ela perguntou se poderia me chamar de “meu amor”, fiquei sem ar nesta hora, seria muita intimidade e eu poderia ser abusado na primeira chance. Durante outra conversa ela falou que assim que nos encontrássemos ela iria fazer algo bem gostoso para mim. Assim que eu desliguei o telefone entrei em pânico. Entendi que ela iria chegar em casa e abusar de mim assim como aconteceu aos 18 anos de idade. Senti todas as sensações daquele abuso, era como se ela fosse me ridicularizar e atacar minha masculinidade. Em minha mente passou um filme, onde eu sofria todos os danos causados pelo abuso sexual de 20 e poucos anos atrás! Então seria mais fácil terminar o namoro, assim estaria seguro. Então, terminei o namoro. Mais uma vez me vi sozinho fugindo de uma garota por estar com medo. Era necessário aprender a me relacionar com o sexo oposto, passar a ter relacionamento profundo e não superficial. Para isto acontecer eu precisaria tratar deste medo de ser abusado e ridicularizado. E eu precisaria contar para ela tudo o que se passava comigo, assim ela poderia saber em como lidar comigo nestes momentos. Passou o tempo e senti saudades dela, detectei que o amor que sentia por ela era maior que todo o medo. Mas ela poderia estar me esperando ou não, eu estava correndo este risco. Em uma viagem que fizemos com nossos amigos voltamos a namorar. Pela segunda vez a pedi em namoro. Saulo A Navarro
  • 25. Homossexualidade: um engano em minha vida 25 Noivado A fase do namoro foi passando e decidi comprar as alianças para o noivado. Localizei a loja que iria comprar as alianças, enquanto caminhava em direção á loja fui surpreendido por um ataque de pânico, parecia que havia uma multidão a minha volta lançando palavras e olhares de reprovação por estar para adquirir as alianças do meu futuro casamento. Não consegui entrar na loja, dei outra volta e venci o medo entrando na loja sem demonstrar minha insegurança, tremia por dentro e suava muito. Estas sensações eram conseqüências do abuso sexual. Guardei as alianças por um mês para me acostumar com a idéia e marcar um passeio com ela para fazer uma surpresa. Levei-a para um passeio ecológico e no meio do caminho parei o carro e com o coração saltando pela boca a pedi em casamento. Foi uma cena inesquecível para nós dois. Neste momento estávamos demonstrando um para o outro a aceitação e concordância mútua da nossa união. Conto este fato para que possam entender a dificuldade que havia em mim para alcançar o meu sonho de ter uma mulher ao meu lado. Teria que vencer o medo. Certa noite ao voltarmos de uma formatura, senti medo de ficar sozinho com ela, mesmo estando noivo. Decidi compartilhar com minha noiva sobre este medo, pois não queria estar casado e de repente ter medo de estar com ela em casa. Decidimos que eu iria procurar ajuda profissional, de algum psicólogo, e isto seria antes do casamento. Levei esta questão do medo para uma psicóloga de minha confiança, e falei do meu medo de ser abusado sexualmente pela minha noiva, do medo que havia na minha mente de ver minha masculinidade ser destruída novamente. Mesmo sabendo que minha noiva jamais faria isto senti medo. Era como se entre eu e ela surgisse um monstro enorme chamado “Abuso Sexual” e “Palavras Destrutivas”. Interessante que neste momento a questão da homossexualidade nem foi levado em conta. A homossexualidade havia ficado para trás e o que ficou foram resquícios de experiências ruins da infância e adolescência. Conforme ia tratando certas áreas em minha alma, a homossexualidade ficava cada vez mais distante. A psicóloga fez um trabalho excepcional em cima de várias experiências traumáticas que vivi. Detectamos que o medo era devido ao abuso sexual que passei há 20 anos atrás. As sensações do abuso sexual e das palavras que ouvi ficaram em minha mente e sempre que algum gatilho era acionado o medo surgia na minha frente. Este gatilho poderia ser simplesmente uma palavra que eu ouvia, como por exemplo o caso da conversa ao telefone com minha namorada onde ela disse para mim que iria fazer algo bem gostoso assim que nos encontrássemos. Estas palavras acionaram um gatilho onde pensei que ela iria fazer o mesmo que a namorada que tive á 20 anos atrás que causou o abuso. Neste momento eu queria terminar o namoro e ficar longe dela, fugir dela. O medo fazia com que eu parasse e não enxergasse mais nada na minha frente, a não ser o abuso sexual que poderia vir a sofrer. A psicóloga utilizou uma técnica que desensibilizou o trauma causado pelo abuso sexual. Por incrível que pareça, não sobrou nenhum resquício do abuso que sofri. Foi como ela disse no início do tratamento, que eu iria estar sentado no banco do passageiro de um carro olhando a paisagem passar. Já havia participado de encontros de homens na Saulo A Navarro
  • 26. Homossexualidade: um engano em minha vida 26 igreja e estive sendo acompanhado por ela durante seis meses, em um período recebi a ajuda do seu marido. Foi de grande importância estar sendo aconselhado por este homem. Com ele pude ouvir situações que acontecem no relacionamento existente entre homem e mulher, como ter uma boa convivência com o sexo oposto. Conversávamos sobre sexualidade, intimidade sexual, relacionamento e outros assuntos de grande relevância para quem estava prestes a se casar. Este caminhar foi até o casamento e sei que posso contar com ele sempre que precisar. Procurei aproveitar todas as oportunidades que surgiam em minha frente, vários casais estiveram comigo neste período de restauração. Deixo claro aqui que em nenhum momento ninguém tentou mudar minha sexualidade, houve sim um tratamento de várias áreas da minha vida que acabaram atingindo uma melhora gradativa em minha sexualidade, onde os desejos homossexuais foram gradativamente perdendo força. O medo foi lançado fora, descobri que o verdadeiro amor lança fora todo o medo. Saulo A Navarro
  • 27. Homossexualidade: um engano em minha vida 27 Casamento Casei-me em novembro de 2006. Durante o noivado nós decidimos fazer algo bem simples, só no cartório para que não gerasse mais desgastes emocionais. Mas tudo caminhou tão agradavelmente que no final fizemos nosso casamento numa chácara com bastante convidados. Vivemos e degustamos cada fase do nosso relacionamento. Cada passo na hora certa, sem apressar o rio. Agradeço a Deus por ter usado de pessoas em minha caminhada de restauração para que pudesse me relacionar adequadamente com uma mulher. Não há necessidade alguma em fazer o que eu fazia. A vida que levo com minha esposa é gratificante em todos os sentidos. Tenho alcançado saúde emocional e através disto tenho me tornado um homem melhor, um cristão melhor. As feridas na alma que carreguei por cinco anos, após entrar num processo, dificultavam minha caminhada como cristão. Quando aceitei a Cristo em minha vida tive a convicção que estava salvo, mas também sabia que precisaria tratar as feridas que estavam na minha alma. Deus também nos oferece saúde emocional. Paz é o que sinto hoje. Realmente a vontade de Deus para os que o amam é boa, perfeita e agradável. Casei-me porque não queria viver só, mas não é o casamento que irá dizer que uma pessoa deixou a homossexualidade. Eu quero o bem desta terra e você? Muitos me chamam de louco, por ir contra o padrão deste mundo. Mas Deus escolhe as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias. Escolhe os pequenos para confundir os grandes. Para você que deseja mudança de vida, que está cansado de tudo que tem feito, saiba que há esperança para você, enquanto houver vida, haverá esperança. Declare com sua boca que Jesus é o único Senhor e Salvador de sua vida, procure um povo de Deus para receber você, um povo que pregue Jesus como único Senhor e Salvador, passe a viver conforme a sua palavra porque, assim como Jesus me chamou pelo meu nome, Ele também te chama pelo seu nome. Saulo A Navarro
  • 28. Homossexualidade: um engano em minha vida 28 “Onde você vai parar com esta solidão em seu rosto transparece a dor do coração como um prisioneiro triste disfarçando em livre caminhando em toda pressa sem ter onde ir tu choras assim que alguém te vê, isto é natural de alguém que desprezou a paz e veio o temporal tu dizes: não tem mais remédio pra curar meu tédio contudo há uma esperança tu podes ser livre livre, livre, livre, livre entrega tua vida a Cristo e serás livre, contigo faz uma aliança tu nasce tal como criança e serás livre, livre hoje sou livre, livre, livre, livre Aleluia entrega tua vida a Cristo e serás livre”. Letra e música: Pastor Camilo Gravado por: Irmãs Camilo Agradeço por terem cedido a utilização do louvor “Livre” para este trabalho evangelístico. Ao nosso Deus seja toda Honra, Glória e Louvor para sempre. Saulo A Navarro