A história conta a festa do rei Trintão em Atlântida por completar 555 anos. Ele precisa passar a coroa para um descendente masculino, o sobrinho Coração Negro, que planeja transformar Atlântida em um lugar sombrio. O sábio Cheio-De-Vida pede dois dias para encontrar outro herdeiro e descobre que havia outro sobrinho, o bondoso Coração Gordo. Cheio-De-Vida é morto antes de contar, mas o segredo é revelado e Coração Gordo torna-se o novo rei.

1. Os descendentes
da Atlântida
Mariana Monteiro
Mosteiro e Cávado
Outubro -2011

2. Os descendentes da Atlântida
No imenso escuro do mar á uma luz. “O que será?” Perguntam vocês, eu digo-
vos, é um continente que todos pensam ser um mito, a Atlântida.
A Atlântida é uma terra cheia de luz e de vida. Hoje é o dia de o rei trintão, o
pai da pequena sereia, festejar os seus 555 anos de vida no mar. Todos o aplaudem
quando ele aclama o seu discurso:
-Bom dia a todos caros peixes, mamíferos, conchas e algas. Hoje é,
novamente o meu peixeaniversário. Completo hoje os meus 555 anos. Acho que todos
vocês sabem o que acontece aos 555 anos de vida de um rei.
Todos suspiram quando o rei diz aquilo. Não vos vou massacrar mais, vou vos
contar o que vai acontecer. Aos 555 anos de reinado, o rei tem que passar a coroa ao
seu descendente.
Mas o problema deste rei é que ele só tinha uma filha, a pequena sereia, e a
coroa teria que passar obrigatoriamente para um homem, como mandava a lei. Assim
sendo o descendente masculino do rei trintão era o seu sobrinho, o atum Coração
Negro.
Ora penso que, já pelo nome, adivinham que ele era um atum mafioso. Este
atum á 232 anos que tenta, derrubar o mundo alegre e cheio de vida e anexá-lo ao
império do Coração Negro. Ele quer tomar a Atlântida num lugar comandado por ele e
onde todos fizessem o que ele quer. Agora já imaginam a preocupação do povo.
Enquanto a festa decorria, o Coração Negro prepara-se para receber a coroa e o
poder:
-Agora eles vão saber o que eu sofri durante estes anos todos. Em primeiro
lugar vou pôr o Trintão nas masmorras, depois vou pôr a sua querida filha como minha
empregada e ,claro ,vou transformar este lugar cheio de vida num lugar escuro e meu
obviamente. Ááááá, ááááá, ááááá.
O rei alheio a estes pensamentos do seu sobrinho, continuou o seu discurso:
-Bem, todos sabem que eu não tenho escolha. Tenho de entregar a coroa ao…
-Rei Trintão, rei Trintão. – Interrompeu o peixe mais antigo de Atlântida, com
861 anos, o atum Cheio-De-Vida.
-O que quereis Cheio-De-Vida?
-Deixe-me avaliar, e tentar descobrir outro descendente.
- Cheio-De-Vida, creio que isso não é possível.
-Mas, por favor, deixe-me.

3. -Deixe-o rei Trintão, deixe-o! - gritava o povo.
-Bem, dou-te dois dias.
-Obrigado, prometo que não o vou desiludir.
Quando o Coração Negro soube disto, ficou furioso e preocupado, pois tinha
um segredo. O Coração Negro não era o único descendente masculino, havia outro
sobrinho, o Coração Gordo. Era um peixe baixo, feio, mas com um coração gordo, ou
seja, pleno de grandes sentimentos. O Coração Negro tinha que fazer alguma coisa
pois sabia que o Cheio-De-Vida era um homem sábio. Cheio-De-Vida passou o dia, a
noite inteira a pesquisar, mas não encontrava nada, até que, olhando para a história
da falecida irmã de Trintão, reparou que ela tivera dois filhos gémeos: O coração
Negro e o Coração Gordo. Ele fez um enorme círculo à volta do nome e correu a
avisar o rei, porém quando ia a caminho do palácio o Cheio-De-Vida foi baleado e
morreu.
O rei Trintão encontrou o Cheio-De-Vida no chão, morto, mas no seu bolso
estava o papel no qual Coração Negro não reparou.
O rei percorreu a Atlântida toda até encontrar uma casinha quase destruída,
onde descobriu o Coração Gordo.
Aí o Coração Negro foi preso e a coroa ficou na cabeça careca do Coração
Gordo.
E assim acabou a história de um atum cansado que, no meio do oceano
Atlântico, esmagou um segredo que estava bem guardado e adormeceu como um
anjo, afinal ao fim de 861 anos, pôde, finalmente, dormir descansado.