2. Amor verdadeiro
Era uma vez um rapaz que acreditava no amor verdadeiro. Esse rapaz
morava em Espanha, na ilha de Tenerife, numa casa grande branca com um jardim
enorme, cheio de flores e de pássaros, era um jardim cheio de alegria. Era um rapaz
de vinte e cinco anos, alto, magro, de olhos verdes e com bastantes músculos. Enfim,
era um rapaz bonito, simpático, divertido, inteligente e apaixonado, pois tinha uma
namorada também ela muito bonita. Este casal era invejado por todos por ser um
casal de amor verdadeiro, namoravam desde a adolescência e desde então nunca
tinham tido uma grande discussão.
Um dia a rapariga, a Teresa, descobriu que tinha uma doença muito grave
e que contava apenas com quatro anos de vida. Teresa passou dois anos sem contar
nada ao seu namorado, o José, até uma altura em que decidiu deixar Espanha e José
e ir para Portugal. Teresa deixou uma carta dizendo:
«José, sei que estranhaste quando acordaste e não me viste em casa,
mas eu tinha de sair de Espanha. Não te contei nada porque não te queria preocupar,
mas há dois anos atrás fui ao médico e ele disse-me que eu tinha quatro anos de vida.
Aguentei dois anos mas agora não conseguia esconder mais, por isso decidi sair do
país para tu não me veres morrer. Amo-te muito. Teresa»
No dia seguinte José acordou e deu por falta de Teresa, como era de
esperar, ele encontrou na mesa-de-cabeceira a tal carta, leu-a chorando, cada vez
mais e mais e decidiu ir procurá-la, pois não podia, de maneira alguma, ficar sem a
sua amada.
Foram passando meses e meses e ele não conseguiu encontrá-la. Já
passado um ano ele encontrou uma coisa no meio de papéis e mais papeis, na caixa
pessoal de Teresa, onde estava uma agenda que dizia:
«21 De Fevereiro – Viagem para Açores, Ilha do Pico.»
José fez as malas e foi para o porto, onde entrou num navio, partindo em
direção a Portugal.
No meio do caminho o navio embate numa rocha e afunda-se. José com
tanta determinação deixou tudo o que ele tinha no barco e foi a nadar pelo mar. Sorte
a sua quando ele avista um pequeno barco de pescadores que o ajudaram a chegar à
tal desejada, Ilha do Pico.
3. Quando lá chegou, José foi procurar Teresa. Demorou alguns meses mas
consegui aguentar-se com a ajuda de uns sem abrigo que lhe deram comida, pouca
mas foi comida, alguns trapos para se aquecer e uma família. Por fim José encontrou-
a no hospital, em coma. Grande choque que José teve, já não sabia o que fazer e o
médico disse-lhe que ele não podia fazer nada, teria que desligar as máquinas.
José, destroçado, pediu ao médico para ver pela última vez a sua amada.
O médico levou-o ao quarto de Teresa e José ajoelhou-se a chorar em frente à cama
pequena e alta onde ela estava Teresa. Seguidamente dirigiu-se à saída com alma
vazia mas como que por milagre ouviu duas uma das enfermeiras que estavam a
acompanhar Teresa a dizer:
- Pobre rapariga vai morrer por não ter nenhum familiar aqui para pagar o
transplante de órgãos. daquela rapariga com a mesma idade que sofreu um acidente
de carro e morreu.
Mal José ouviu aquilo foi ter com as enfermeiras e disse-lhes, com o
coração a bater muito, que ele era o namorado dela e estava disposto a ajudar.
As enfermeiras olharam uma para a outra e levaram o rapaz ao cirurgião
do hospital.
Depois de uma conversa, o médico disse-lhe para dar o dinheiro. José
lembrou-se então que não tinha nada mas que ele tinha umas reservas com grande
valor em Tenerife e combinou com os médicos acreditaram nele e deixaram-no pagar
a cirurgia num prazo de três meses. claro que José teve que deixar as suas
impressões digitais.
José esperou na sala de espera do hospital, enquanto Teresa era
operada. E passando alguns minutos começaram a entrar no hospital os pescadores e
mais tarde a sua nova família, os sem abrigo, a sala encheu e todos olhavam para a
porta do bloco operatório e para o relógio, e de repente Teresa entrou vestida com
uma bata branca agarrada á de mão dada com a enfermeira mais velha. O espanto foi
enorme ao ver aquela gente toda só para a ver.
Após uns dias de convalescença, Teresa e José despediram-se de todos
e foram, novamente, de navio, apesar de algum receio, mas será que fizeram uma boa
escolha? Bem, sim fizeram, pelo menos até meio do caminho, quando de repente o
navio começou a tremer. O alarme dispara e todos os passageiros se dirigem para o
convés do navio.
De repente, ouve-se um cântico extraordinário e os passageiros olham
para o mar para ver o que é que se passava. Quando repararam que se tratava de
sereias, todos os homens daquele navio, incluindo o José, começaram a agir com um
4. comportamento estranho, os olhos começavam a mudar de cor e num curto instante
eles estavam todos juntos a dizer:
- Salvé, minha sereia, salvé!
Teresa estava assustada pois via esse comportamento em José ela e não
sabia o que fazer. Depois começou a dizer:
- José, meu amor, o que é que tu tens? – Mas José continuava com o seu
comportamento. – José olha para mim. – Teresa desesperada começou a cantar
também a canção, dançando, pela onde dançou, a primeira vez, com José.
Num momento repentino e mágico José olhou-a nos olhos e beijou-a.
Nesse momento instante, os homens daquele navio passaram de uns “escravos” a
apaixonados, e o “feitiço” acabou-se e as sereias começaram a desaparecer
misteriosamente, como que se algo as agarra-se agarrasse. O navio que tinha o nome
de NAVIO DOS ACONTECIMENTOS passou-se a chamar-se NAVIO DOS AMORES.
Depois de uma longa viagem eles chegaram a Tenerife, onde lhes os
esperava uma enorme festa.
Enquanto a festa decorri, José decidiu surpreender novamente Teresa e
quando estavam a dançar ele mandou parar a música e em frente a Teresa ajoelhou-
se à sua frente, e tirou do bolso uma caixa com um anel e disse:
-Teresa, minha amada, queres casar comigo?
-Claro que sim. Sim! – disse Teresa emocionada e surpreendida.
Então, passado um mês eles realizaram o seu casamento na Ilha do Pico.
Pagaram o transplante e o casamento foi espectacular. Claro que lá estavam os
pescadores e a outra família. Foi o dia mais feliz das suas vidas, bem, minto, o dia
mais feliz das suas vidas foram foi quando na lua-de-mel eles se aperceberam -se que
iam ser pais de uma criança portuguesa.