Versão integral da edição n.º 6 do quinzenário “O Centro”, que se publica em Coimbra. 26.06.2006.
Para além de poderem ser úteis para o público em geral, estes documentos destinam-se a apoio dos alunos que frequentam as unidades curriculares de “Arte e Técnicas de Titular”, “Laboratório de Imprensa I” e “Laboratório de Imprensa II”, leccionadas por Dinis Manuel Alves no Instituto Superior Miguel Torga (www.ismt.pt).
Para saber mais sobre a arte e as técnicas de titular na imprensa, assim como sobre a “Intertextualidade”, visite http://www.mediatico.com.pt/manchete/index.htm (necessita de ter instalado o Java Runtime Environment), e www.youtube.com/discover747
Visite outros sítios de Dinis Manuel Alves em www.mediatico.com.pt , www.slideshare.net/dmpa,
www.youtube.com/mediapolisxxi, www.youtube.com/fotographarte, www.youtube.com/tiremmedestefilme, www.youtube.com/discover747 ,
http://www.youtube.com/camarafixa, , http://videos.sapo.pt/lapisazul/playview/2 e em www.mogulus.com/otalcanal
Ainda: http://www.mediatico.com.pt/diasdecoimbra/ , http://www.mediatico.com.pt/redor/ ,
http://www.mediatico.com.pt/fe/ , http://www.mediatico.com.pt/fitas/ , http://www.mediatico.com.pt/redor2/, http://www.mediatico.com.pt/foto/yr2.htm ,
http://www.mediatico.com.pt/manchete/index.htm ,
http://www.mediatico.com.pt/foto/index.htm , http://www.mediatico.com.pt/luanda/ ,
http://www.biblioteca2.fcpages.com/nimas/intro.html
ATIVIDADE 1 - GCOM - GESTÃO DA INFORMAÇÃO - 54_2024.docx
O Centro - n.º 6
1. DIRECTOR J O R G E C A S T I L H O
OPINIÃO
Carlos Carranca
João Caetano
J.A. Alves Ambrósio
José d’Encarnação
Renato Ávila
PÁGINAS 8 e 10
| Taxa Paga | Devesas – 4400 V. N. Gaia |
Autorizado a circular
em invólucro de plástico fechado
ANO I N.º 5 (II série) De 21 de Junho a 4 de Julho de 2006 € 1 euro
Observatório
(iva incluído)
POR INCAPACIDADE DE ESCLARECER POPULAÇÃO
da Saúde
critica Governo PÁG. 7
Pedro Ferreira, responsável pelo
Museu da Pedra
Observatório dos Sistemas de Saúde
CANTANHEDE É HOJE A FESTA PROMOVIDA PELA ALLIANCE FRANÇAISE
é referência
a nível nacional
PÁG. 4 e 5
Oito horas de música
oferecida a Coimbra PÁG. 22
EMPREENDEDORISMO VIAGENS DESPORTO ASSINE O «CENTRO»
E GANHE OBRA DE ARTE
Presidente Florença: Basquetebol
da República monumental Futebol
esteve ontem cidade Futsal
na Região dos Ginástica
Centro artistas Karate
PÁG. 2 PÁG. 11 PÁG. 3
PÁG. 12 a 19
2. 2 DE 21 DE JUNHO A 4 DE JULHO DE 2006
EDITORIAL
Exageros
coisas que justo mas exaustivo seria aqui re- por exemplo, sustenta que “os deputados Aqui, nesta edição do “Centro”, onde a
lacionar… – esta faculdade sem preço, in- são preguiçosos, incultos e eleitos de forma bola e o jogo que protagoniza (embora só
tangível mas desde então praticável por errada”. se fale nos que lhe dão pontapés…) ocu-
Jorge Castilho
todos (até pelos que a combatem!), que se Se com ela comungo quanto ao método pam um record(e) de páginas – desde o
jorge.castilho@zmail.pt
José Saramago declarou há dias, de chama Liberdade. De forma menos lata, a eleitoral, já na preguiça e falta de cultura Mundial (com destaque para as belas ima-
forma peremptória: “Não ficou nada, rigo- que para aqui convoco é a que sustenta as considero abusiva a generalização, pois é gens das páginas centrais recolhidas na
rosamente nada, do 25 de Abril!”. palavras que assim podem fluir, sem peias uniforme tacanho para muitos parlamenta- Alemanha por Mário Martins) até ao local
Apesar de todo o respeito e grande ad- nem receios: a liberdade de expressão. res que no hemiciclo se vão assentando (e, (onde o quase desconhecido Sampaense
miração que tenho pelo ilustre escritor (e Mesmo um laureado com o mais presti- por vezes, ausentando...). Haverá, certa- mereceu oportuno trabalho de António
antigo jornalista), discordo da radical afir- giado dos prémios literários pode exagerar mente, alguns preguiçosos – e esses, prova- José Ferreira).
mação. no que diz e no que escreve. Do mesmo velmente, serão incultos. Mas garantida- E se é quase certo que muitos leitores
Aliás, uma afirmação que se contradiz a modo que pode dizer e escrever coisas di- mente que lá está apreciável quantidade de deste jornal acharão que a dose é excessiva,
si mesma, pois se nada tivesse ficado do 25 versas das que pensa… mulheres e homens cultos – e esses só pa- não menos provável é que os amantes do fu-
de Abril, esta frase saramaguiana não teria Por outras palavras (sempre livres!), o radoxalmente seriam preguiçosos. tebol (e são um incontável ror deles e delas!)
vindo a público, pelo menos em Portugal, Nobel Saramago certamente que exagerou, Afinal, todos exageramos, aqui e ali. considerem esta minha afirmação exagerada
antes se quedaria pelo seu círculo de ami- quiçá deliberadamente, ao proferir tão in- Então neste momento é um desvario! e achem que o jornal deveria conceder ainda
gos e, quando muito, seria divulgada nou- justa sentença. Rigorosamente… Refiro-me, obviamente, ao futebol… mais espaço ao seu “desporto” preferido. Eu
tras paragens. Mas este pecadilho do exagero está a ba- Ali, nas televisões – como bem comenta prefiro dizer espectáculo (ou mais adequado
Quero dizer com isto que do 25 de Abril nalizar-se. De forma exagerada… Francisco Amaral, na saborosa “Pública seria negócio?) – e por isso pus as aspas.
de 1974 ficou – para além de muitas outras A socióloga Maria Filomena Mónica, Fracção” da última página. Exageros...
Blogue ao Centro «Coimbra - Cidade da Saúde
MEDALHA DA CIDADE PARA O CIRURGIÃO MANUEL ANTUNES
constrói-se com homens destes»
O “Centro” está a preparar a sua edi- OS LEITORES
ção on line, que dentro em breve será A PARTICIPAREM
– sublinhou o Presidente da Câmara Municipal
disponibilizada ao público.
Trata-se de um passo coerente com a im- E, indo ainda mais longe, gostaríamos O cirurgião Manuel Antunes, Professor
portância que temos vindo a dedicar à que os leitores tivessem uma efectiva da Faculdade de Medicina de Coimbra, vai
Internet, nomeadamente através da secção participação nos conteúdos de cada edi- receber a Medalha da Cidade de Coimbra,
“Ideias Digitais”, que tantos elogios tem sus- ção do “Centro”, enviando-nos textos e por decisão da Câmara Municipal, que deli-
citado, já que nela Inês Amaral nos indica al- imagens que entendam terem interesse
berou também distinguir algumas outras
guns dos sítios mais originais e com maior para publicação (e que editaremos se,
entidades com a Medalha de Mérito e da
interesse, em áreas muito variadas deste fas- efectivamente, preencherem os indis-
pensáveis requisitos para esse efeito). Solidariedade Social.
cinante mundo virtual que é a Internet.
Mas enquanto o nosso “site” não está Os textos deverão ser curtos e focar A proposta aprovada pelo executivo mu-
disponível, queremos desde já estreitar questões de interesse geral, ou então nicipal foi apresentada pelo respectivo
os laços com os nossos leitores, através casos insólitos ou relevantes. Quanto Presidente, que nela sublinha o “notabilíssi-
de outro meio de comunicação virtual às imagens, podem ser mesmo as cap- mo currículo e intensíssima actividade pro-
que está a crescer e a vulgarizar-se de tadas por telemóvel (embora, natural- fissional” de Manuel Antunes, Director do
forma espantosa: os blogues. mente, seja preferível obtê-las com má- Centro de Cirurgia Cardiotorácica dos
Assim, acabámos de criar um blogue, quinas digitais, para melhorar a qualida- Hospitais da Universidade de Coimbra
cujo endereço é de da reprodução), e deverão identifi- (HUC) e um dos mais reputados especialis-
car o respectivo autor, a data e o local tas na sua área, mesmo a nível mundial.
http://jornalcentro.blogspot.com onde foram recolhidas e o que docu- Carlos Encarnação sublinhou “o incon-
mentam. tornável número de intervenções cirúrgi-
que está já disponível para os leitores O desafio aqui fica, esperando que ra- cas, a constância e a certeza com que são
nos remeterem as suas críticas, mas tam- pidamente comece a merecer resposta realizadas e a sua invejável taxa de mortali-
bém as suas sugestões. de muitos leitores. dade (0,7% no último ano) constituem re-
ferências de significado internacional”,
Violência
acrescentando que “o próprio edifício do
Centro de Cirurgia Cardiotorácica deveu-se
doméstica
à insistência e capacidade do Prof. Manuel
Antunes, que conseguiu, também, com a
em conferência
Director: Jorge Castilho sua dedicação e empenho, edificar uma
(Carteira Profissional n.º 99) obra no prazo certo e com redução de cus- Manuel Antunes
Propriedade: Audimprensa
tos em relação ao orçamentado”.
Nif: 501 863 109 “Violência doméstica na sociedade Carlos Encarnação realçou também o A Câmara Municipal aprovou também a
portuguesa” é o título da conferência que programa de transplantes de coração, lan- atribuição da Medalha de Mérito e da Soli-
Sócios: Jorge Castilho e Irene Castilho vai ser proferida amanhã (quinta-feira), çado em 2003, que levou a equipa de Ma- dariedade Social à Associação das Cozinhas
pelas 17,30 horas, na Delegação de nuel Antunes a efectuar até ao momento 70 Económicas Rainha Santa Isabel (uma obra
Inscrito na DGCS sob o n.º 120 930
Coimbra da Universidade Aberta. transplantes, que tornam a cidade “como o que há décadas exerce um notável e discre-
Composição e montagem: Audimprensa - Será conferencista Luísa Ferreira da mais produtivo centro de transplantes do to trabalho de apoio aos desfavorecidos); a
Rua da Sofia, 95, 3.º Silva, docente da referida Universidade, país”. José Mendes Barros, Director do Centro de
3000-390 Coimbra - Telefone: 239 854 150 sendo a entrada livre. E o Presidente da Câmara Municipal de Reabilitação de Paralisia Cerebral de
Fax: 239 854 154 Esta iniciativa insere-se no ciclo de- Coimbra concluiu a proposta nos seguintes Coimbra; a Nuno Viegas do Nascimento,
e-mail: centro.jornal@gmail.com
nominado “Conferências Abertas” que termos: Presidente da Fundação Bissaya Barreto; ao
Impressão: CIC - CORAZE a citada Delegação vai continuar a pro- “Coimbra-Cidade da Saúde constrói-se padre António Sousa, Presidente da Cáritas
Oliveira de Azeméis mover nas respectivas instalações (Rua com exemplos, com homens destes que Diocesana de Coimbra; e ao padre Fran-
Tiragem: 10.000 exemplares
Alexandre Herculano, 52 – junto aos conseguem mobilizar pessoas e recursos e cisco Proença Serra, Presidente do Lar São
Arcos do Jardim). colocá-los ao serviço do país”. Martinho.
3. DE 21 DE JUNHO A 4 DE JULHO DE 2006 COIMBRA 3
Empreendimento quer criar Cavaco Silva presidiu a fim
PARQUE TECNOLÓGICO DE COIMBRA NA UNIVERSIDADE DE COIMBRA
5 mil postos de trabalho de curso de empreendedorismo
Beira Interior e pelo CEC (Conselho Em-
A Câmara Municipal de Coimbra apro- obras consiste na construção de um edifí- presarial do Centro).
vou anteontem (segunda-feira), por unani- cio central, um conjunto de lotes e execu- O curso pretendeu contribuir para a cri-
midade, o projecto do Plano de Pormenor ção de infra-estruturas em 29,8 hectares do ação de novas empresas de base tecnológi-
para o Parque Tecnológico que prevê a cri- terreno. ca, estimulando a inovação com base em
ação a de 5 mil postos de trabalho. De acordo com o autarca, as obras da tecnologias desenvolvidas nas unidades de
Abrangendo uma área de cerca de 150 primeira fase estão aprovadas pelo Pro- I&D das três Universidades da Região
hectares, entre as freguesias de Antanhol e grama Operacional Centro do Ministério Centro, culminar agora, depois de um ano
S. Martinho do Bispo, na margem esquerda da Economia, devendo estar concluídas em de trabalho, com a apresentação dos resu-
do rio Mondego, o parque foi concebido 30 de Junho de 2008. mos dos planos de negócio das 15 equipas
para receber unidades industriais de inova- Para a segunda fase, que será também envolvidas.
ção e tecnologia, equipamentos e habitação, candidatada a fundos europeus, está pro- Para além de Cavaco Silva (que anda a
representando um investimento final esti- gramada a restante zona industrial e os con- fazer um périplo por centros de investi-
mado em 175 milhões de euros. juntos residenciais previstos, com os res- gação do País), a sessão contou com a pre-
A Câmara de Coimbra pretende criar pectivos equipamentos complementares e sença de várias outras entidades.
quot;uma cidade tecnológica dentro da cidadequot;, de apoio. Antes do encerramento formal, foi feita
que potencie a criação de emprego e rique- Na reunião camarária, Pina Prata afir- a apresentação dos 15 planos que represen-
za, apostando numa zona que é servida mou que já existem empresas interessa- tam outras tantas oportunidades de negócio
pelo IC2 e IP3, próxima do aeródromo de das em instalar-se no Parque Tecnológico promissores, com as várias equipas partici-
Cernache e da auto-estrada do Norte em de Coimbra, que será gerido pela socieda- pantes no curso a aprofundar alguns aspec-
Taveiro, onde se prevê uma paragem do de Coimbra Inovação Parque, na qual a tos dos conceitos de negócio desenvolvidos.
comboio de alta velocidade. autarquia detém 51 por cento do capital Na sessão de encerramento usaram da
O Parque Tecnológico terá uma área de social. palavra o Presidente do CEC, António Al-
316.235.9 metros quadrados de construção Entre as que já manifestaram desejo de meida Henriques, o Reitor da Universidade
bruta, dos quais mais de dois terços são se instalarem, o autarca destacou o Centro Cavaco Silva presidiu ontem (terça- da Beira Interior, Manuel Santos Silva, a
para indústria, 10 por cento para equipa- de Excelência para a Floresta, a criar no -feira), no Auditório do Edifício Central da Reitora da Universidade de Aveiro, Maria
mentos e cerca de 23 por cento para habi- âmbito de um protocolo com a Associação FCTUC (no Pólo II) à sessão de encerra- Helena Nazaré, o Reitor da Universidade
tação a preços controlados. de Produtores Florestais e a Fundação mento do Curso de Empreendedorismo de de Coimbra, Fernando Seabra Santos, e o
Segundo o Vice-Presidente da autarquia, Luso-Americana, e o Centro Tecnológico Base Tecnológica, um projecto promovido Presidente da Republica, Aníbal Cavaco
Horácio Pina Prata, a primeira fase das da Cerâmica e do Vidro. pelas Universidades de Coimbra, Aveiro e Silva.
Assine o jornal «Centro»
Jornal “CENTRO”
Rua da Sofia. 95 - 3.º
APENAS 20 EUROS POR UMA ASSINATURA ANUAL!
3000–390 COIMBRA
e ganhe valiosa obra de arte
Poderá também dirigir-nos o seu pedi-
do de assinatura através de:
telefone 239 854 156
fax 239 854 154
ou para o seguinte endereço
Nesta campanha de lançamento do jor- nio arquitectónico, de deslumbrantes pai- terá sempre bem informado sobre o que de e-mail:
nal “Centro” temos uma aliciante propos- sagens (desde as praias magníficas até às de mais importante vai acontecendo nesta centro.jornal@gmail.com
ta para os nossos leitores. serras verdejantes) e, ainda, de gente hos- Região, no País e no Mundo.
De facto, basta subscreverem uma assi- pitaleira e trabalhadora. Tudo isto, voltamos a sublinhá-lo, por Para além da obra de arte que desde já lhe
natura anual, por apenas 20 euros, para au- Não perca, pois, a oportunidade de rece- APENAS 20 EUROS! oferecemos, estamos a preparar muitas ou-
tomaticamente ganharem uma valiosa obra ber já, GRATUITAMENTE, esta magní- Não perca esta campanha promocional, tras regalias para os nossos assinantes, pelo
de arte. fica obra de arte, que está reproduzida na e ASSINE JÁ o “Centro”. que os 20 euros da assinatura serão um ex-
Trata-se de um belíssimo trabalho da primeira página, mas que tem dimensões Para tanto, basta cortar e preencher o celente investimento.
autoria de Zé Penicheiro, expressamente bem maiores do que aquelas que ali apre- cupão que abaixo publicamos, e enviá-lo, O seu apoio é imprescindível para que o
concebido para o jornal “Centro”, com o senta (mais exactamente 50 cm x 34 cm). acompanhado do valor de 20 euros (de “Centro” cresça e se desenvolva, dando
cunho bem característico deste artista plás- Para além desta oferta, passará a receber preferência em cheque passado em nome voz a esta Região.
tico – um dos mais prestigiados pintores directamente em sua casa (ou no local que de AUDIMPRENSA), para a seguinte
portugueses, com reconhecimento mesmo nos indicar), o jornal “Centro”, que o man- morada: CONTAMOS CONSIGO!
a nível internacional, estando representado
em colecções espalhadas por vários pontos
do Mundo.
Neste trabalho, Zé Penicheiro, com o
seu traço peculiar e a inconfundível utiliza-
Desejo receber uma assinatura do jornal CENTRO (26 edições).
ção de uma invulgar paleta de cores, criou
uma obra que alia grande qualidade artísti-
Para tal envio: cheque vale de correio no valor de 20 euros.
ca a um profundo simbolismo.
De facto, o artista, para representar a
Região Centro, concebeu uma flor, com-
Nome:
posta pelos seis distritos que integram esta
zona do País: Aveiro, Castelo Branco,
Morada:
Coimbra, Guarda, Leiria e Viseu.
Cada um destes distritos é representado
Localidade: Cód. Postal: Telefone:
por um elemento (remetendo para respec-
tivo património histórico, arquitectónico
Profissão: e-mail:
ou natural).
A flor, assim composta desta forma tão Desejo receber recibo na volta do correio N.º de contribuinte:
original, está a desabrochar, simbolizando
o crescente desenvolvimento desta Região
Centro de Portugal, tão rica de potenciali-
Assinatura:
dades, de História, de Cultura, de patrimó-
4. 4 REPORTAGEM DE 21 DE JUNHO A 4 DE JULHO DE 2006
Museu da Pedra é referência a
CANTANHEDE
É o único Museu da Pedra des, e em que se diminui o peso da infor-
de Portugal e situa-se mação – cada vez mais efémera, daí resul-
em Cantanhede. Consagrando-se tando a alienação e consequente perda de
aos muitos séculos de história sentido de cidadania –, o Museu da Pedra
do calcário da região e ofícios vem contrariar esta tendência, colocando a
tónica da sua acção na preservação da
a ele associados, o Museu
História e no reencontro com as raízes cul-
da Pedra foi criado pelo turais, com base na pedagogia e no ensino
Município há menos de cinco interactivos. Até porque, como frisa Maria
anos e é já uma referência Carlos, “o trabalho passa muito pela educa-
no país. Honrosamente ção junto das escolas e instituições”.
galardoado por duas vezes, Prova irrefutável do valor patrimonial e
cultural da região, o Museu alberga um
o Museu prima por uma forte
acervo representativo de testemunhos pale-
componente educativa, sendo ontológicos e das obras de arte que, desde
frequentemente caracterizado há muitos séculos, foram sendo – e conti-
como um “museu vivo”. nuam a ser – elaboradas com o calcário
local, por meio de mãos ágeis e habilidosas.
O ESPÓLIO DO MUSEU
Flávia Diniz
Não existirá no país melhor exemplo, a
nível de espaços museológicos temáticos, do As jazidas milenares de calcário, que se es-
que o Museu da Pedra do Município de tendem a sul do concelho de Cantanhede
Cantanhede. Pelo menos na área em que se (Ançã, Portunhos, Outil e Vila Nova), são,
demarca: essencialmente geologia e paleonto- desde há longa data, alvo de extracção e traba-
logia. Inaugurado a 20 de Outubro de 2001, o lho da sua pedra, facto que tem produzido mar-
Museu foi, nesse mesmo ano, premiado com cas de indiscutível relevo artístico e cultural que
a Menção Honrosa de Melhor Museu importa perpetuar. O Museu da Pedra foi o
Português, do Triénio 1999/2001, pela local escolhido para acolher esse vasto legado.
Associação Portuguesa de Museologia. Mais Artefactos arqueológicos recolhidos em
recentemente, a 22 de Abril deste ano, rece- várias estações do concelho, estatuária anti-
beu o Prémio Geoconservação 2006, destina- ga e ornamentos com “pedra de Ançã”,
do a distinguir as autarquias relativamente à fósseis, a caracterização geológica do con-
implementação de estratégias de conservação celho, os métodos de extracção da pedra, os
e valorização do património geológico do seu utensílios tradicionais usados no trabalho
concelho. Objectivos que o Museu da Pedra da pedra e peças artísticas, são apenas al-
parece ter cumprido integralmente ou não lhe guns exemplos do que o Museu tem para
teria sido atribuído tal galardão – “um reco- mostrar, na parte permanente, e conse-
nhecimento notável do trabalho desenvolvido quentemente nuclear, do mesmo.
pelo Museu”, segundo Pedro Cardoso, Entre o material exposto, destaca-se uma
Vereador da Cultura de Cantanhede, e que colecção de arte sacra – esta, temporária e re-
acrescenta alguma “responsabilidade” aos gularmente renovada –, que visa dar a conhe-
que, desde o início, trabalham neste projecto. cer as riquezas das igrejas e capelas do Baixo
Maria Carlos Pêgo, responsável pelo Mondego e incentivar a sua conservação.
Museu, afirma lidar com um “desafio diário”, Realizada em colaboração com as Paróquias,
na medida em que é fundamental inovar esta é “pedagogicamente uma das exposições
constantemente, de modo a cativar o público. mais importantes”, segundo nos confia Maria
“Não podemos esgotar as nossas actividades Carlos, coordenadora do Museu. Outra das
nem repetir as mesmas”, diz, reiterando de exposições temporárias presentes no Museu
seguida: “Tentamos ser o mais criativos pos- neste momento é dedicada à ourivesaria e à
sível, para atrair o nosso público-alvo”. joalharia da região, tendo sido já exibidas ou-
Criado pela Câmara Municipal de tras, todas relacionadas com a pedra – como
Cantanhede, o Museu recebe anualmente a de escultores contemporâneos, a de cantei-
uma média de 14 mil visitantes, de todas as ros, a de minerais, entre outras.
faixas etárias, mas sobretudo crianças e jo- Além disto, o Museu dispõe de actividades
vens, que o visitam com as escolas durante lúdico-pedagógicas como ateliers de arte
a semana, acabando depois por voltar plástica e exibição de filmes, visitas guiadas
acompanhados das respectivas famílias. De (gerais e temáticas) para públicos diferencia-
referir que a autarquia disponibiliza gratui- dos, ou ainda actividades de campo com as
tamente um autocarro de 50 lugares, todas escolas, nas pedreiras do concelho. Como
as quartas-feiras, para levar escolas ao marca da sua versatilidade, há ainda que fazer
Museu da Pedra, o que, de acordo com alusão às visitas destinadas a invisuais, a
Maria Carlos, “é algo a valorizar”. quem é facultada uma planta táctil do museu,
textos e legendas em braille. Para isto, conta
UM LOCAL PRIVILEGIADO com a colaboração da Associação de Cegos e
DE APRENDIZAGEM Amblíopes de Portugal (ACAPO).
Toda esta movimentação do Museu
Uma vez que é nos mais pequenos que valeu-lhe a designação frequente de “museu
se concentram as expectativas na criação de vivo”, o que evidencia, uma vez mais, o seu
um mundo melhor, o Museu da Pedra de empenho na preservação e valorização do
Cantanhede aposta fortemente na vertente património cultural e ambiental, sensibili-
pedagógica e numa relação estreita com as zando públicos distintos para a arte e para a
escolas. Com efeito, numa altura em que a importância da afirmação dos valores tradi-
globalização se impõe, ofuscando identida- cionais da região.
5. DE 21 DE JUNHO A 4 DE JULHO DE 2006 REPORTAGEM 5
nível nacional
A equipa
Por detrás do sucesso do Museu, exis- cnologia da Universidade de Coimbra.
te uma vasta equipa, dinâmica e dedicada, Maria Carlos considera que “é muito im-
que trabalha em conjunto para manter e, portante que os museus estejam interli-
se possível, elevar a qualidade do espaço. gados, porque alguns têm peças descon-
Maria Carlos explica como geólogos, an- textualizadas, não as podendo mostrar
tropólogos, arqueólogos e paleontólogos ao público”. E enfatiza o facto de o Mu-
colaboram graciosamente com o municí- seu da Pedra valorizar essa articulação,
pio de Cantanhede, na materialização de pertencendo também à Rede Portuguesa
um mesmo fim. “Há todo um trabalho de Museus, à Associação de Museus e
de investigação, limpeza e tratamento de Centros de Ciência de Portugal e ainda à
conservação preventiva”, revela a respon- Associação Portuguesa de Museologia.
sável pelo Museu, para além de as peças No tocante a apoios financeiros, o
serem fotografadas e inventariadas. Museu conta com a cooperação do Fun-
De realçar também o trabalho desen- do Europeu de Desenvolvimento Regio-
volvido em parceria com outras institui- nal (FEDER), do Ministério da Cultura
ções museológicas e científicas, designa- e da própria autarquia.
damente o Museu Nacional de História O Museu está aberto de terça-feira a
Natural de Lisboa, o Museu Nacional de sexta-feira, das 10h às 13h e das 14h às
Machado de Castro, o Departamento de 18h; e aos sábados e domingos das 14h
Ciências da Terra e o Museu de Antro- às 19h. Com entrada gratuita, encerra à
pologia da Faculdade de Ciências e Te- segunda-feira e aos feriados.
6. 6 CIÊNCIA DE 21 DE JUNHO A 4 DE JULHO DE 2006
Francisco José Viegas apresentou
LIVRO COORDENADO POR DOIS PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS
«Tempo e Ciência» em Coimbra
Em primeiro plano o Prof. Morais Barbosa, de quem Francisco José Viegas foi assistente
Rui Fausto Lourenço, Francisco José Viegas e Rita Marnoto na Universidade de Évora
Foi apresentado no passado dia 30 de logia) e por Rita Marnoto (Professora de da leitura de um artigo sobre a vida do ci- sim por “textos a propósito de outros tex-
Maio (na FNAC de Coimbra) o livro “Tem- Literatura Comparada da Faculdade de Le- entista que se apercebeu de que ele come- tos” e que, em paralelo com outros textos,
po e Ciência”, um conjunto de textos da au- tras), ambos da Universidade de Coimbra. çou por ter outros empregos, um dos pri- “abrem novas perspectivas”.
toria de vários cientistas e pensadores, co- A ideia que motivou o livro surgiu de meiros o de coordenar horários de comboi- Rui Fausto salientou ainda a beleza da
ordenados por Rui Fausto (Professor de forma ocasional. Tal como referiu Rita os, tarefa difícil devido aos relógios que di- capa, da autoria de António Olaio (artista
Química da Faculdade de Ciências e Tecno- Marnoto, teve algo a ver com Einstein. Foi feriam em alguns minutos, o que deu ori- plástico e docente da licenciatura em
gem a reflexões sobre o tempo. Coincidiu Arquitectura da Universidade de Coimbra)
este factor com a apresentação de propos- e o carinho com que o livro foi tratado pela
Um dos mais jovens a receber
tas culturais para Coimbra Capital da respectiva editora, a Gradiva.
Cultura, no ano de 2003. Surgiu assim, A obra foi apresentada por Francisco Jo-
o Grande Prémio da APE
nessa altura, um ciclo de conferências inter- sé Viegas, escritor, jornalista, actualmente,
disciplinares, algumas das quais viriam a dar Director da Casa Fernando Pessoa, e que
origem ao livro “Tempo e Ciência”, con- poucos dias depois viria a ser distinguido
junto de comentários acerca do tempo, com o Grande Prémio da Associação Por-
Como acima referimos, Francisco Manaus” é “o melhor livro” de Viegas. E cujos autores pertencem não só à Universi- tuguesa de Escritores – como noutro local
José Viegas foi galardoado com o acrescentou: “É um livro estupendo, que dade de Coimbra, mas também a outras se noticia.
Grande Prémio de Romance e Novela da tem um enredo policial, mas também instituições portuguesas e estrangeiras. Francisco José Viegas falou sobre a dua-
Associação Portuguesa de Escritores uma natureza psicológica e mítica, e que Rui Fausto, actualmente Presidente do lidade entre as áreas das Ciências e das
(APE), sendo um dos mais jovens escri- junta dos perspectivas, a portuguesa e a Instituto de Investigação Interdisciplinar da Letras, mundos entre os quais “é necessário
tores a receber esta distinção, atribuída a brasileira”. Universidade de Coimbra (III), salientou a estabelecer pontes”. Exemplo disso, subli-
autores portugueses desde 1982. Baptista-Bastos disse que “Longe de “interdisciplinaridade do livro”, um “cruza- nhou o escritor, é a Colecção Ciência
Viegas tem 44 anos. Nasceu em 1962 Manaus” é “um belíssimo romance de mento sistemático de saberes”. O tempo é Aberta, da qual faz parte o livro apresenta-
em Vila Nova de Foz Côa, fez os estudos um grande escritor da língua portuguesa, um tema transversal que trouxe aos comen- do. Assim, segundo Viegas, o que o “Tem-
secundários em Chaves, formou-se em que escreve um português admirável, tadores, pessoas com formações distintas, a po e Ciência” tem de mais fascinante é esse
Letras na Universidade de Lisboa e che- coisa que vai sendo cada vez mais rara oportunidade de darem a sua opinião. Rei- “diálogo entre as letras e a ciência”, ponte
gou a ser docente de Linguística na nos escritores e nos jornalistas portu- terou, no entanto, que o livro não é com- estabelecida entre dois conhecimentos e
Universidade de Évora. Tem desenvolvi- gueses”. posto por verdadeiros comentários, mas “atravessada por linguagens diferentes”.
do, a par da escrita, actividades múltiplas A obra ficcional de Viegas inclui títu-
A crise da qualidade na leitura
de divulgação cultural, na rádio, nos jor- los como “Crime em Ponta Delgada”,
nais e na televisão. “Morte no estádio”, “As duas águas do
Surpreendido com a atribuição do mar” e “Lourenço Marques”, romances
prémio, considerou-o um estímulo. assentes em tramas policiais mas não se Numa breve entrevista ao “Centro”,
Viegas estreou-se nas letras em 1983, limitando a um desenvolvimento linear Francisco José Viegas disse não poder afir-
aos 21 anos, com uma recolha poética a desse “esquema”. mar que exista hoje uma crise de leitura, na
que deu o título de “Olhos de água”. Escreveu ainda uma peça de teatro, medida em que, refere, “não existem dados
Quatro anos depois, publicou um novo “O segundo marinheiro”, e um livro de seguros desse facto”.
título poético, “As imagens”, e lançou a viagens, Comboios portugueses”. Segundo o escritor nos afirmou, em sua
sua primeira ficção, “Regresso por um O Grande Prémio de Romance e opinião a verdadeira crise tem a ver com as
rio”. Novela da APE registou na edição deste escolas, na medida em que são leccionados
“Excelente poeta”, na opinião do ano um número recorde de obras con- “menos autores clássicos”.
também poeta e ficcionista Vasco Graça correntes, 90. O seu valor pecuniário é Para Francisco José Viegas o “problema
Moura, o anterior vencedor do prémio de 15.000 euros. está na qualidade da leitura”, ou seja, não
com o romance “Por detrás da magnó- Nas anteriores edições foram distin- tem a ver com a quantidade do que se lê,
lia”, Viegas deu já à estampa, 23 anos guidos autores como José Cardoso Pires, mas sim com a qualidade do que se lê.
volvidos sobre a sua estreia, seis livros de Augusto Abelaira, Saramago, Agustina “Não é um drama, nem um perigo”, afirma
poesia e nove de ficção. Bessa-Luís, David Mourão Ferreira, o escritor, mas a mudança teria que passar
Para Lídia Jorge, distinguida com o Vergílio Ferreira, Mário Cláudio e pelas escolas, as quais deveriam ser “um
Grande Prémio em 2002, “Longe de António Lobo Antunes. lugar onde as pessoas aprendessem a ler e
a ter princípios de leitura”.
7. DE 21 DE JUNHO A 4 DE JULHO DE 2006 SAÚDE 7
Medicamentos sem receita
DENUNCIA OBSERVATÓRIO DOS SISTEMAS DE SAÚDE
mais caros fora das farmácias GOVERNO NÃO ESCLARECE
Os medicamentos sem receita vendidos o Relatório critica a dificuldade em quot;descor-
fora da farmácia são mais caros, o que con- tinarquot; um quot;claro enfoque estratégicoquot;, POPULAÇÕES
traria um dos objectivos anunciados pelo dando como exemplo a criação das Unida-
Governo para avançar com a medida, reve- des Locais de Saúde, quot;sem que se perceba O Relatório acusa o Governo de ser in-
la o 6º Relatório do Observatório Portu- qual o desempenho e papelquot; dos hospitais e capaz de esclarecer as populações sobre o
guês dos Sistemas de Saúde. centros de saúde que as compõem. processo de fecho de blocos de partos e do
O documento, que foi ontem apresenta- Sob a crítica do documento está também fim dos actuais serviços de urgência dos
do em Lisboa, procura analisar o impacto a quot;tomada de decisões que alteram substan- centros de saúde.
do primeiro ano de governação em saúde cialmente a estrutura do sistema de saúde, O OPSS diz apoiar tecnicamente as duas
da actual equipa ministerial, debruçando-se sem que se tenha tornado clara a existência decisões tomadas pelo Ministro da Saúde,
tanto sobre as medidas já tomadas, como de um planeamento para as transformações mas lamenta que elas sejam tomadas quot;sem
sobre os projectos entretanto anunciados. anunciadas ou em cursoquot;, como o encerra- que se tenha tornado clara a existência de
Em relação às primeiras, e tendo em mento dos blocos de partos de 11 materni- um planeamento para as transformações
conta que o sector do medicamento foi um dades e fim do atendimento de urgência anunciadasquot;.
dos que mais alterações conheceu durante o dos centros de saúde. Em relação ao fecho de onze blocos de
primeiro ano de tutela do Ministro da Saú- O Relatório lamenta também que se partos de várias maternidades, o documen-
de, António Correia de Campos, o Rela- continue a sentir quot;a falta de alguma transpa- to sustenta que o quot;actual governo demons-
tório realça que a medida emblemática da rência na informaçãoquot; e quot;alguma dificulda- tra coragem ao tentar colocar de novo no
venda de medicamentos sem receita médica dequot; em abandonar quot;más práticas de gover- terreno decisões tecnicamente defensáveis,
fora das farmácias apresentada pelo Pri- nos anterioresquot;. que só interesses locais mais pequenos têm
meiro-Ministro aquando da sua tomada de Neste caso o exemplo apontado pelo dificultadoquot;.
posse está a ter um resultado diferente do Relatório é o das listas de espera para cirur- Porém, quot;todo este processo talvez pudes-
anunciado. gia, que o OPSS estima englobarem já 257 se ter sido conduzido de forma diferentequot;,
De acordo com o 6.º Relatório do mil pessoas, e em relação à qual lamenta nomeadamente quot;se tivessem sido encaradas
Observatório Português dos Sistemas de que o ministro da Saúde quot;tenha ignorado o com antecedência as eventuais reacções dos
Saúde (OPSS), a quot;informação disponível Pedro Ferreira, professor da Faculdade de pedido de fornecimento de dadosquot; apre- autarcas, mesmo quando imbuídas de algu-
aponta para o aumento generalizado dos Economia de Coimbra e responsável pelo sentado a 31 de Março. ma dose de populismoquot;, realça o relatório.
preços dos Medicamentos Não Sujeitos a Observatório dos Sistemas de Saúde
Por isto, o Observatório reitera as reco- O documento contesta ainda que o encer-
Receita Médica (MNSRM) face ao período mendações feitas no documento do ano ramento dos blocos de partos possa ser en-
prévio à liberalizaçãoquot;, salientando-se que OPSS resulta de uma parceria entre a Es- passado, nomeadamente a divulgação dos tendido como uma quot;decisão puramente eco-
quot;os preços de venda ao público nestes cola Nacional de Saúde Pública, a Facul- tempos de espera por patologia e serviço de nomicistaquot; e considera que a polémica insta-
novos estabelecimentos são, na generalida- dade de Economia da Universidade de saúde. lada nas autarquias e populações contra a me-
de, superiores aos preços praticados nas Coimbra /Centro de Estudos e Investiga- A falta de informação clara é também dida do Ministério da Saúde é quot;mais uma ma-
farmáciasquot;. ção em Saúde da Universidade de Coimbra apontada ao processo das parcerias entre os nifestação de pouca coerência com opções
Tal como assinala o documento, quot;estes e o Instituto Superior de Serviço Social do sectores público e privado para a constru- tomadas em diferentes ciclos políticosquot;.
factos contrariam, no presente, um dos ob- Porto. ção de dez novos hospitais - quot;das quais não Chamando a atenção para a necessidade de
jectivos da liberalização dos MNSRMquot; Neste documento anual, o OPSS salien- transparece para o grande publico a infor- envolver mais as autarquias e informar os cida-
anunciada pelo Primeiro-Ministro, José ta que quot;não toma posição sobre as agendas mação sobre o que acontecequot; -, e às contas dãos da quot;melhoria de qualidade e segurança que
Sócrates, nomeadamente quot;a diminuição do políticasquot;, mas pretende sim quot;analisar os dos hospitais Sociedade Anónima que o passam a terquot;, o relatório do OPSS alerta tam-
[seu] preço, com obtenção de ganhos para seus efeitos, assim como a qualidade da go- Governo transformou em Entidades Pú- bém o Ministério da Saúde para a necessidade
os consumidores, decorrente do aumento vernação em saúde no paísquot;. blicas Empresariais (EPE). de precaver e impedir quot;qualquer tentativa de
da concorrênciaquot;. O sector do medicamento é um dos quot;A não publicação periódica de dados de aproveitamento desta situação para a criação e
O Relatório do OPSS, intitulado quot;Um poucos em que o Relatório apresenta al- desempenho e a quase ausência de publica- manutenção de unidades privadas de partosquot;.
ano de Governação em Saúde: Sentidos e guns resultados concretos da governação ção dos Relatórios de Gestão e Contas le- A forma como o processo de encerra-
Significadosquot;, critica ainda a entidade regu- socialista, uma vez que, por se tratar do pri- vam a afirmar que, se a anterior equipa mi- mento dos blocos de partos se tem desen-
ladora do sector, o Instituto Nacional da meiro ano, quot;não há ainda tempo suficiente nisterial foi várias vezes alvo de críticas re- rolado leva ainda o Observatório a questio-
Farmácia e do Medicamento, que quot;não dis- parta se apreciar com o rigor e detalhe ne- lacionados com a veracidade dos dados pu- nar se, quot;apesar da sustentação técnicaquot;, está
ponibilizou qualquer informação sobre a cessários (Ó) os efeitos das medidas toma- blicados, neste caso, a ausência de dados realmente a ocorrer uma quot;reestruturação
evolução, subsequente à medida tomada, dasquot;. oficiais relacionados com o desempenho integrada da rede de cuidadosquot; ou quot;se esta
do mercado totalquot;. Na apreciação geral que faz à actuação hospitalar é uma realidade infelizmente ve- é uma intervenção desgarrada duma con-
Lançado desde 2001, o Relatório do da equipa liderada por Correia de Campos, rificadaquot;, sustenta o documento. cepção mais global dessa rede de serviçosquot;.
Pó de giz das escolas pode afectar ambiente
ESTUDO SOBRE QUALIDADE DO AR ESTÁ A DECORRER EM VISEU
O giz usado para escrever nos quadros dar” avançaram já, no Dia Mundial do Participam no estudo quatro escolas de para o interior da sala levam consigo “de-
das escolas poderá ser o responsável por Ambiente (5 de Junho), alguns resultados, Viseu, duas situadas na zona urbana terminado tipo de partículas que são depois
elevadas concentrações de partículas detec- conseguidos no âmbito da primeira campa- (Marzovelos e Massorim) e outras duas em levantadas”.
tadas na atmosfera do interior dos edifícios, nha experimental do projecto, desenvolvida zonas mais periféricas (Jugueiros e Ra- “Isto significa que haverá com certeza
revelam resultados preliminares de um es- em Janeiro deste ano. nhados). cuidados adicionais a ter no interior das
tudo a decorrer em Viseu. Segundo Carlos Borrego, da Universi- No interior das escolas “as partículas são salas de aulas e a segunda campanha já está
O projecto “Saudar - A saúde e o ar que dade de Aveiro, nesta campanha foi possí- em concentrações três a quatro vezes supe- orientada para aí”, sublinhou.
respiramos”, elaborado pelas Universidades vel verificar que “não há poluição signifi- riores às do exterior”, afirmou Carlos Na próxima campanha, a desenvolver
de Aveiro e Nova de Lisboa e financiado cativa” em Viseu, excepto no que respeita Borrego, esclarecendo que esta “não é com durante este mês, vai haver “uma sala de
pela Fundação Calouste Gulbenkian, teve às partículas, tendo sido encontrados “al- certeza poluição que vem de fora, é sim po- aulas com quadro de giz e uma outra onde
início em Abril de 2004 e só deverá estar guns indícios quer de concentrações ele- luição no interior da própria escola”. se vão usar marcadores”, sendo previamen-
concluído em 2008. vadas no exterior, quer no interior da es- Por outro lado, acrescentou, os próprios te medidos “os compostos orgânicos volá-
No entanto, os responsáveis do “Sau- colas”. alunos ao levarem as suas mochilas e pastas teis que esses marcadores têm”.
8. 8 OPINIÃO
32 anos e meio
DE 21 DE JUNHO A 4 DE JULHO DE 2006
PRAÇA DA
REPÚBLICA
De facto, apesar de existirem graves proble- telar. Depois há ainda quem se espante por-
mas de ineficácia das instituições públicas, que os portugueses não esperam nem con-
João Caetano raramente ocorre a responsabilização do fiam nas decisões dos tribunais.
Estado ou dos seus agentes. A verdade é que muitas coisas se perdem
A Guitarra
Carlos Carranca
É também verdade que, em muitas áreas por não serem faladas. Uma coisa é a acção
relvaocaetano@yahoo.com
Um dos maiores obstáculos dos nossos sociais, a acção dos privados é mais frutuo- do poder político não poder ser posta em
de João Alvarez
dias à acção política é a burocracia, ela sa do que a pública. Na base de tal facto, causa pela acção dos particulares. Outra
mesma fruto do seu labor. Até pode pare- parece estar a natureza da intervenção: as coisa é a colaboração que os particulares
cer que a burocracia fala direito, mas a ver- obras privadas são mais apelativas do que as querem dar. Esta é imprescindível. Mas
O tempo dade é que se irrita à primeira dúvida. públicas, porque estão mais perto do cora- para isso as pessoas precisam de poder falar
me constrói Extremamente rígida e impaciente, a buro- ção. Já o problema das obras públicas resi- alto e justo, de maneira que todos ouçam.
e me destrói cracia é alheia a valores e iniciativas, faz de na divisa que as orienta. À semelhança Falar também significa dizer a verdade.
o tempo. com que cada um viva no seu pequeno do que ocorre nas obras particulares, a divi- Mas só diz a verdade quem diz a verdade
mundo, afasta a verdadeira generosidade. sa correcta das obras públicas deveria ser toda. Os sistemas políticos que consagram
Falo do tempo… Quando se verifica, como é o caso de “procurar acima de tudo o bem de quem é o medo de que as pessoas falem, tocando o
Portugal, a prevalência ideológica das obras servido”. O espírito financista hoje muito coração dos seus, criam inevitavelmente fal-
E há uma guitarra ditas do Estado sobre todas as outras, nin- em voga se, por um lado, exerce uma fun- sas caricaturas. É o caso do cidadão a quem
por dentro desse tempo guém dá nada às primeiras. Pelo contrário, ção de racionalização positiva, por outro são reconhecidos direitos, mas que formal-
e é de vento. cria-se margem para a criminalidade econó- lado, pode gerar a corrupção, fazendo crer mente, na hierarquia das prioridades, está
mica e administrativa, na conta de que não que o que importa é produzir resultados a condenado a não os exercer.
É por dentro que nos dói se será descoberto. Um bom conhecedor todo o custo. Contra quem assim julga, eu Quem procura a verdade não pode ter
essa guitarra-vento. dos romances de Eça de Queirós não igno- digo que não há bom governo sem justiça. medo do que pode vir. E quem clama por
ra este facto político relevante: os portu- Não se pense porém que a acção dos par- justiça, e é reconhecido como um legítimo
E há o vento gueses são manhosos. E a manha é tanto ticulares é fácil. Os seus passos são muitas interveniente do sistema político, não pode
- uma guitarra. mais forte quando se está dentro do vezes tímidos ou titubeantes, porque, contra deixar de dizer a verdade toda.
E há o tempo Estado. E muitos dos que lá não estão para os seus desejos sinceros, não lhes é permiti- O poder é demasiado alto, quando não
que nos dói lá espreitam. “Não te preocupes, isto é do do falar. Muitas obras de voluntariado soci- se refere a quem anda na terra. 32 anos de-
e nos amarra Estado”. Muitos ainda acham que os con- al ficam à margem dos seus objectivos por pois do 25 de Abril de 1974, apraz-me re-
e nos constrói tratos da sua vida serão feitos com o falta de direitos de decisão. Ainda há poucos cordar uma frase da célebre – embora
e nos destrói. Estado, porque os preços serão mais altos e dias os jornais noticiaram que o Tribunal assim impropriamente denominada – carta
os contratos menos escrutinados. Existe Administrativo e Fiscal de Lisboa indeferiu de D. António Ferreira Gomes a Salazar,
Uma guitarra abundante comprovação do que acabei de uma providência cautelar interposta por escrita 32 anos após 28 de Maio de 1926:
uma guitarra dizer: desde os pequenos e tolerados furtos uma associação de mulheres, com funda- “V. Ex.ª insiste em que a política não tem
e é de vento. dos economatos públicos até à negociação mento na ilegitimidade da requerente. Não futuro, mas sim a necessidade de governar.
de contrapartidas pela realização de contra- seria nada de estranho, se a curta decisão, in- Concordo, mas precisamente no sentido de
tos com o Estado, passando pela sua per- cidindo exclusivamente sobre matéria pro- que a política vai submeter-se à sociologia
versa redacção, de modo a incluir trabalhos cessual, não tivesse sido proferida quatro se- [a um conjunto de finalidades úteis para
e tempos não previstos. Para a maior parte manas depois de dois dias de intensa produ- todos]. Quanto a nós, apesar das aparências
das pessoas, o Estado é um senhor desco- ção de prova, em que intervieram testemu- e da urgência – “nos próximos seis
nhecido, que mora muito longe. A distância nhas de todo o país, e quase cinco meses meses”… – sinto ter de pensar que não es-
significa ausência, e a ausência é injustiça. após a entrada em juízo da providência cau- tamos a caminhar, a não ser do avesso”.
foram comprados, que nunca foram mon- servirá aos empresários e trabalhadores pri-
tados nem usados e que agora vão ser ven- vados auto-avaliarem-se com notas eleva-
didos. Quem é que é responsável? Há aqui das, se não tiverem clientes que os esco-
dois aspectos, o de olhar para trás e o de lham. No ensino privado, os pais dos alu-
olhar para a frente. No olhar para a frente nos são, afinal, os avaliadores das escolas,
gostaria que isto não fosse mais possível, através da sua escolha.
itações
que houvesse transparência e uma gestão Infelizmente, os utilizadores dos servi-
criteriosa das aquisições de equipamento ços do Estado não têm esse privilégio. E os
militar. Olhando para trás, quero que se que menos posses têm não dispõem de al-
apure responsabilidades, tanto política ternativas às escolas, hospitais e tribunais
como tecnicamente por estas compras ab- do Estado.
CARTÓRIO NOTARIAL DE A. NUNES DA COSTA
Gaveto à Av. Fernão de Magalhães, n.º 136, 1.º, salas E, F e G
solutamente desastrosas”. Ao menos que se lhes permita emitir
3000-171 Coimbra - Tel: 239832258 Fax: 239832160
uma opinião acerca dos serviços que o
Primeira publicação
Ana Gomes Estado, com os impostos de todos, lhes
JN 13/JUN/06 presta”.
JUSTIFICAÇÃO NOTARIAL
O BANQUETE
EXTRACTO
A AVALIAÇÃO PELOS PAIS Proença da Carvalho
E O FOSSO
CERTIFICO, narrativamente, para efeitos de publicação,
DN 10/JUN/06
que por escritura de vinte e seis de Maio de dois mil e seis,
iniciada a folhas duas, do livro número “dez-A”, de notas
“Dizem as estatísticas que, em Portugal, “Mas o que terá de sacrílego que os pais
A DUPLA
para escrituras diversas, deste Cartório, Luís Manuel
91% da população são católicos e que cerca dos alunos dêem a sua participação na ava-
Cardoso de Meneses de Almeida, casado com Maria de
DA ESQUERDA
Fátima Cristino Teixeira Dias Cardoso Meneses Almeida, sob
de dois milhões e meio de portugueses ce- liação dos professores? Não são os alunos,
o regime de comunhão de adquiridos, natural da freguesia
da Sé Nova, concelho de Coimbra, residente na Avenida
lebram todos os domingos a Missa, o ban- justamente, a razão de ser do trabalho dos
Marnouco de Sousa, número vinte e oito, freguesia da Sé
quete fraterno do Senhor. O que não se professores? “Sócrates-Cavaco. A esquerda tem uma
Nova, cidade e concelho de Coimbra, JUSTIFICOU PELA
USUCAPIÃO, a aquisição dos seguintes imóveis, como seu
percebe então é, por exemplo, como é que A realidade é que existe um enorme dé- dupla como nunca teve . O consulado Gu-
bem próprio:
a) Prédio urbano, sito na Avenida Marnouco e Sousa,
o fosso entre os 20% mais ricos e os 20% fice de avaliação dos profissionais que exer- terres- Sampaio esteve a anos-luz deste
freguesia da Sé Nova, cidade e concelho de Coimbra, com-
posto de casa de habitação de cave, garagem, rés-do-chão
mais pobres se cava cada vez mais fundo”. cem funções na administração pública. novo “ticket” da política portuguesa.
e primeiro andar, com a área coberta de duzentos e vinte e
Esse défice é seguramente um dos factores Eleito em nome da Direita, só votou
cinco metros quadrados e área descoberta de trezentos e
noventa metros quadrados, que confronta do norte com
Anselmo Borges responsáveis pelo mau funcionamento do Cavaco quem preferiu o mal menor, julgan-
Maria Amélia Albergaria Nunes, sul com Avenida Marnouco
e Sousa, nascente com Carriço e poente com João Duarte
DN 10/JUN/06 Estado, por falta de estímulo aos que mais do que os velhinhos Soares e Alegre podi-
de Oliveira, não descrito na Conservatória do Registo Predial
se empenham ao seu serviço. Nas activida- am levar a melhor.
competente, inscrito na matriz urbana respectiva sob o arti-
COMPRAS DESASTROSAS
go 1413, com o valor patrimonial de € 102.170,63, proprieda-
des privadas, o mercado exerce essa avalia- Eu pecador, me confesso, votei Cavaco,
de perfeita pelos meios normais.
DE CONFORMIDADE COM O ORIGINAL
Coimbra e Cartório Notarial de A. Nunes da Costa, em
ção permanentemente. As empresas e os como quem se despede da família”.
“Houve a admissão pelo ministro da De- profissionais liberais não sobrevivem se os
um de Junho de dois mil e seis.
fesa português na Lei de Programação consumidores dos seus produtos e serviços Manuel Serrão
A colaboradora do Notário,
Militar desse episódio dos aviões F-16, que escolherem os seus concorrentes. De nada JN 14/JUN/06
Maria Lisete Carreira
(“Centro”, edição nº 6, de 21/06/06)
9. DE 21 DE JUNHO A 4 DE JULHO DE 2006 PUBLICIDADE 9
10. 10 OPINIÃO
Escola de emergência
DE 21 DE JUNHO A 4 DE JULHO DE 2006
cessivas governações foram deixando na inconsequente de esforços e cabedais, em reira dos docentes que a seriedade e compe-
manta de retalhos que é o nosso sistema tempo algum será uma escola de excelência tência regressarão à escola mas através
educativo. Só que, à farda de bombeiro, tido que é aquela de que precisamos como do ar duma revisão profunda, consistente e coe-
como soldado da paz, associou ela a espada que nos mantém vivos. rente da política curricular, da organização
do guerreiro, desencadeando, tal como o A escola tem de ser um lugar agradável e da escola e da formação de professores nas
chefe do governo, quixotescas e desneces- apelativo. Com crianças e jovens ensonados suas vertentes inicial e permanente pelo en-
sárias guerras contra quem, no fundo, pior arrebanhados nos casais e aldeias ainda riquecimento integrado e equilibrado das
ou melhor, faz funcionar o próprio sistema. noite cerrada, com alunos amedrontados competências pedagógicas, científicas e téc-
Renato Ávila Atacar o insucesso educativo e o aban- por uma crescente onda de violência que nico-didácticas.
dono escolar com as pontuais medidas de ninguém combate e que muitos pretendem É importante deixar trabalhar a Senhora
O Senhor Presidente da República res- encerramento das pequenas escolas, do silenciar, com professores continuamente Ministra, como foi importante deixar traba-
suscitou há dias uma das frases marcantes tapa-furos lectivos, do prolongamento in- sujeitos a uma gratuita e soez campanha lhar os Ministros Couto dos Santos e
do seu duplo consulado de primeiro-minis- tempestivo do horário escolar, da mobiliza- descredibilizadora, confinados uns e outros Manuela Ferreira Leite.
tro – quot;deixem-nos trabalhar!quot; ção máxima da pretensa disponibilidade em espaços arquitectonicamente inacolhe- E foi o que se viu.
Deixem trabalhar a Senhora Ministra, re- temporária dos docentes, da duplicação dos dores e desadequados ao salutar funciona- Seria bem melhor que esta burocrática e
comendava S.Excª da etérea e suprema cá- professores de matemática, da adopção de mento das práticas lectivas e para-lectivas, esburacada manta de retalhos desse lugar a
tedra de Primo Magistrado da Nação. currículos alternativos para motivar a esco- a escola estará sempre sujeita à rejeição e ao uma peça única bem pensada e bem urdida
De facto, a Senhora Ministra da laridade aos candidatos ao abandono, as insucesso. na construção duma escola de excelência,
Educação arregaçou as mangas e vem ata- draconianas e caricatas disposições de jul- A escola tem de ser um lugar de trabalho só possível com a definição e prossecução
cando com mais ou menos sabedoria, mas gamento e punição das faltas dos professo- sério e consequente. O sistema não tem fi- duma coerente e consistente política educa-
com muito empenho, os gravíssimos pro- res para combater um supra empolado ab- losofia clara e credível. Funciona de acordo tiva.
blemas de que enferma a escola e a educa- stencionismo... não só não tapam os bura- com as expectativas e vicissitudes imediatas È que, nesta escola de emergência, a
ção no país. cos da manta como ainda lhe abrem muitos e com os tiques burocratizantes de sucessi- Senhora Ministra, por mais que se esforce,
É inegável. A Senhora Ministra está a outros. vas décadas de poderes mal definidos. Não não vai longe.
É fartar, vilanagem!!
tentar tapar os inúmeros buracos que as su- Esta escola de emergência, delapidadora será, nunca, na alteração do estatuto da car- E todos continuamos a perder.
Educação desde o 25 de Abril não são pro- peliu ao exílio. De Chagall a Kandinsky não soberba herança clássica que – desde logo –
priamente anónimos; e, todavia, é a eles – e faltam exemplos, mas os professores não deu o tom para as desgraças que nos espera-
só a eles – que se deve a inenarrável catástro- vão, evidentemente, exilar-se. vam. Quem, na altura, o identificou? Nivelar,
fe em que nos encontramos. “ Um rei fraco Que qualquer jornalista rasca incense a sim, mas por baixo – as Escolas Secundárias
faz fraca a forte gente”, como disse o vate. Senhora Ministra e o próprio Primeiro- aí estão, com insofismável designação, a atra-
Bastaria a seriedade e o empenhamento Ministro ainda não tenha dado pela heca- içoar o excelso escopo do Educar.
J.A. Alves que os professores põem na sua tarefa para tombe… a quem é que isso espanta? E até Claro que a ancestral e procaz incultura lusa
Ambrósio os alcandorar ao reconhecimento público – um tão espantoso filósofo como Proença logo virá bramar contra a palavra “liceu”. Mas
donde o que se passa só poder provir de de Carvalho compõe o ramo. Foi no DN de aí, nela precisamente, é que a educação está
O mundo da Educação é muito mais um espírito maligno que, na melhor das hi- hoje. Lembrou-me uma afirmação de com esta Ministra, a quem, com absoluta legi-
vasto, complexo e profundo – sobretudo póteses, tem uma aparência especiosa. Heraclito que, por pudor, não cito. timidade se dirão as palavras, em Alfarrobeira
muito mais espiritual – que qualquer cida- O que, nas suas palavras, parece elevado, Estas nossas palavras não são nem far- proferidas por D. Pedro. Ademais, o que acon-
dão, momentaneamente desperto para a provém do deletério. E faz-me lembrar os ronca, nem demagogia. Conhecer o funcio- teceu no estabelecimento do Lumiar é – tão-
questão pelas trombetas da comunicação elementos das vanguardas russas, todos de- namento de um liceu por dentro é, não raro, só – o retrato da praxis da Senhora Ministra.
social, pôde alguma vez imaginar. dicados – e a sonhar com a transformação situarmo-nos no puro domínio da emoção. É fartar, vilanagem!!
Os pré-filatélicos POIS...
É tanto assim, que os responsáveis pela – a quem Estaline, uma vez no poder, com- Liceu – sim, Liceu. Foi o desprezo pela Guarda, 11-VI-06
FILATELICAMENTE
João Paulo
Simões
Comunicar, sempre foi uma necessida- José
de do Homem. Inicialmente, usava as d’Encarnação
pinturas nas cavernas, as pinturas rupes-
tres para comunicar. Mais tarde, com a Três anos de estudos intensivos.
descoberta do fogo, passou a enviar si- Sim, que estudo não é apenas ir às
nais de fumo e, na Idade Média, eram os aulas: é preciso ler, ler, ler; investigar;
mensageiros que levavam a correspon- pensar, em espírito crítico; seguir as
dência a cavalo. Hoje usamos as cartas. últimos tinham uma cor sépia. Também Estas cartas são hoje muito raras, va- pistas traçadas nas sessões; ter um mes-
Antes do aparecimento do selo, as cartas havia cartas pagas pelo remetente. Neste lendo por isso muito dinheiro. Há colec- tre sempre disponível para “atendi-
eram colocadas no correio e recebiam um caso o carimbo a aplicar era outro: FRAN- cionadores que se dedicam a esta temáti- mento personalizado” (que frase boni-
carimbo nominal da estação expeditora. CA, ou PAGOU O PORTE. Os serviços ca com álbuns bastante valiosos. ta na publicidade empresarial!...); saber
Caso não existisse esse carimbo, o que era públicos isentos de pagamento apresenta- Deixo aqui dois exemplos de duas car- os nomes dos professores e os profes-
raro, era substituído pela designação manus- vam ao centro em cima, as iniciais RS ou tas distintas. Uma segura de Alenquer sores saberem os nomes dos estudan-
crita da localidade. A correspondência era SNeR. Nas cartas registadas escrevia-se SE- para Azambuja em 13 de Maio de 1836, tes; ter turmas pequenas…
paga pelo destinatário e, no canto superior GURA. muito rara. Outra expedida normalmente A mudança radical! De… mentali-
direito era colocado um selo fixo ou manus- (Baseado em www.pwp.netcabo.pt/cm.fonse- de Coimbra para o Porto em 10 de Ou- dades! Assim, do dia para a noite.
crito, ou aplicado através de carimbo. Estes ca/selos/cartas.htm) tubro de 1837.
11. CRÓNICA DE VIAGENS 11
A cidade-monumento dos artistas
DE 21 DE JUNHO A 4 DE JULHO DE 2006
Florença é a cidade das artes
e de todos os artistas. Fervilha
de Cultura e de História, respira
vida. As ruas, estreitas, estão
repletas de fachadas renascentistas.
O amor celebra-se a cada esquina.
José Manuel Simões
(texto e fotos)
O rio Arno prossegue a sua lânguida ca-
valgada por debaixo da Ponte Vecchia, a
mais antiga de Florença. Facilmente se ima-
ginam os romanos que por ali passaram, os
comerciantes de ouro e de pedras preciosas
trazidas do além-mar a estabelecerem tro-
cas comerciais. Turistas olham fascinados
para as vitrinas luxuosamente imponentes
que bordam esta ponte que divide a parte
nova e a velha da cidade. Algo de maravi-
lhoso se passa.
Um casal de namorados troca carícias,
um artista transpõe para a tela a grandiosi-
dade da paisagem envolvente, séculos de
História penetram o nosso olhar pasmado.
Pese embora a instável situação social e
política que Florença viveu na segunda me-
tade do século XIII, foi durante estes tem-
pos que a cidade registou um enorme de-
senvolvimento na Arte e na Literatura.
Eram os anos de Dante e do dolce stilo
nuovo, de Giotto e de Arnolfo di Cambio, dio improvisado é a Piazza della Signoria – Na Via San Gallo, pode apreciar-se a «COMPRAR» CULTURA
em que muitas famílias ricas e poderosas, onde ficam situados alguns dos mais belos Igreja de San Gallo e, para manter o des-
como os Pitti e os Frescobaldi, mandaram monumentos europeus como o Palazzo lumbramento, basta entrar nas galerias Em Florença a História tem início com
construir os seus palácios. Vecchio – grande trono dos Médici – e a Ufizzi, admirar as gravuras de Albrecht os romanos, 59 anos antes de Cristo. A
Caminhando pelas ruas estreitas que sepa- Galeria Uffizi, casa-museu do efebo Durer, as obras de Filippo e Filippino Lip- inundação de 4 de Novembro de 1966 pro-
ram as fachadas renascentistas – artérias “David”, de Miguel Ângelo, e do “Hércules pi, a “Anunciação” de Leonardo, os impres- vocou graves danos na arquitectura local e
vivas da antiga República – sente-se uma ci- e Caco” de Bandinelli. Por aqui acontecem sionantes trabalhos de Rafael. o atentado de 27 de Maio de 1994 danificou
dade a fervilhar de cultura e de entusiasmo. inúmeros concertos de música clássica. Ao lado do Duomo fui abordado por um seriamente as Galerias Ufizzi. Todavia, con-
As realizações artísticas são celebradas, como grupo de ciganas vestidas com roupas colo- tinua a ser o berço de artistas, de amantes
se de um ritual se tratasse, em qualquer ponto JUNHO FLORIDO ridas e falas exuberantes, carregando filhos da cultura e de compradores. Aqui, é possí-
recôndito ou visível desta cidade-monumen- ao colo, cara suja de terra misturada com lá- vel adquirir inúmeros produtos com direito
to. Na Via Cavou fica-se perplexo diante da Se tiver oportunidade de visitar a cidade, grimas. Enquanto intensificavam os gestos, ao rótulo de “artísticos”, desde o vestuário
beleza do Palácio dos Médicis. Junho é o mês indicado. A ponte de Santa iam, perante o meu espanto, passando as ao artesanato, até à joalharia e às louças e
É Domingo de Páscoa. A cidade fervilha Trinitá (reconstruída depois da II Guerra mãos pelo meu corpo. Quando me prepara- vidros. Uma cidade que tem um dos cen-
com uma festa única no mundo, a “Ex- Mundial segundo o modelo original do sé- va para entrar no Museu do Duomo consta- tros europeus mais ricos em palácios e igre-
plosão do Carro”, espectáculo de fogo-de- culo XVI) é decorada de flores para receber tei que a minha carteira tinha mudado de jas e que comporta o maior número de ar-
artifício que enche de cor todas as artérias. a “Festa Íris Show”. Odores a rosas e fascí- bolso. Alguns dias depois compreendi que tistas por metro quadrado da Europa. E
Tal como em muitas cidades portugueses, nio envolvente suavizam a caminhada. So- em Florença existem inúmeras mulheres de como é fantástico caminhar pelas ruas
também aqui, no dia 24 de Junho, se celebra mos transportados até ao Renascimento, etnia cigana que se dedicam a roubar turistas. desta cidade-monumento, apreciando os ar-
o S. João. No mesmo dia, festeja-se ainda o época em que Florença viu emergir perso- Dentro do Museu do Duomo, esplendor tistas que em qualquer rua, canto ou esqui-
Cálcio Storico, um jogo de futebol em mol- nalidades como Leonardo de Vinci e Miguel do estilo gótico, ver a “Pietá” de Miguel na, se deixam inspirar pela arte que herda-
des medievais, com um notável guarda- Ângelo, obtendo, através das suas obras, Ângelo é das experiências mais fantásticas ram de um dos passados históricos mais
roupa que lembra tempos distantes. O está- muito do prestígio que ainda hoje possui. para quem ama a arte. ricos do Mundo.
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