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Fora do Caminho da Graça em Cristo, não há caminho a ser feito! 
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Espírito Santo: 
O Deus que vive em Nós 
Caio Fábio D’Araújo Filho 
CLC – Editora 
Caixa Postal 700 
12201 S. José dos Campos (SP)
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Í N D I C E 
I − Quem é o Espírito Santo? 11 
1. O Espírito Santo é Deus 12 
2. O Espírito Santo é Uma Pessoa 15 
II − Como Age o Espírito Santo? 21 
1. O Espírito Santo em Relação a Jesus 21 
2. O Espírito Santo em Relação à Palavra 23 
3. O Espírito Santo em Relação ao Mundo 25 
4. O Espírito Santo em Relação ao Crente 27 
5. O Espírito Santo em Relação à Igreja 33 
III − Plenitude do Espírito Santo 37 
1. A Plenitude do Espírito Como Experiência de Crise 39 
2. A Plenitude do Espírito Como Processo na Vida 42 
3. Os Sete Princípios Sobre Como Obter a Plenitude do Espírito 44 
Diálogo e Comunhão 44 Nutrição do Amor 45 Ecumenicidade 46 O Ciclo de Efésios 47 
Sofrimento e Perseguição 52 
A Vida de Oração 54 
A Palavra 55 
Sinais da Plenitude 57 
IV − O Batismo Com o Espírito Santo 59 
1. Atos Não Serve à Teologia Sistemática 61 
2. Teologia Sistemática, Somente nas Cartas Doutrinárias 62 
3. O Batismo Com o Espírito Santo Conforme o Novo Testamento 63 
4. Justificativas Quanto à Afirmação Pentecostal de Ser o Batismo 
Com o Espírito Santo Uma Segunda Bênção 63 
5. Por Que Afirmo Que o Batismo Com o Espírito Santo 
é a Conversão? 74 
V − Os Dons do Espírito Santo São Para Hoje? 85 
1. Argumentos Contestadores à Movimentação Acerca do 
Espírito Santo 86 
2. O Que Aconteceu aos Dons Espirituais Entre os Anos 400 e 1700 91 
3. Os Dons Existem e São Para Hoje 93 
VI − Distinguindo os Dons do Espírito 97 
1. O Dom de Contribuir 98 
2. O Dom de Governo 99 
3. O Dom do Socorro 100 
4. O Dom de Administração 100 
5. O Dom de Misericórdia 101 
6. O Dom de Sabedoria 102 
7. O Dom de Conhecimento 103
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8. O Dom de Fé 104 
9. O Dom de Cura 105 
10. O Dom de Operar Milagres 107 
11. O Dom de Discernimento de Espíritos 107 
12. O Dom de Línguas 109 
13. O Dom de Interpretação 112 
14. O Dom de Apostolado 113 
15. O Dom de Evangelista 115 
16. O Dom de Pastor 116 
17. O Dom de Solteiro ou de Celibato 117 
18. O Dom de Pobreza Voluntária 118 
19. O Dom de Martírio 118 
20. O Dom de Profecia 119 
21. O Dom de Mistério 121 
22. O Dom de Ensino 122 
23. O Dom de Exortação 122 
24. O Dom de Hospitalidade 123 
25. O Dom de Missionário 124 
VII − Obstáculos ao Funcionamento dos Dons no Corpo de Cristo 125 
1. Vencendo os Obstáculos Através de Uma Visão Equilibrada 128 
2. A Que Nos Conduz o Equilíbrio? 130 
VIII − Como Descobrir Seus Dons Espirituais 133 
1. Dom de Apóstolo 133 
2. Dom de Profeta 135 
3. Dom de Evangelista 136 
4. Dom de Pastor-Mestre 140 
5. Dom de Operação de Milagre e Cura 142 
6. Dom de Socorro 144 
7. Dom de Governo, Administração 144 
IX − Mutualidade dos Dons no Corpo de Cristo 147 
1. Mandamentos de Mutualidade Referentes ao Amor Cristão 149 
2. Mandamentos da Mutualidade Referentes ao Serviço 153 
3. Comunhão Espiritual Entre Irmãos 157 
4. Mandamentos da Mutualidade Relacionados ao Uso da Língua 161 
X − Fluxo e Refluxo do Espírito Santo no Homem Interior 167 
1. Benção do Fluxo e do Refluxo no Nosso Homem Interior 170
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D A D O S O B R E O A U T O R 
Rev. Caio Fábio D‟Araújo Filho 
Amazonense, casado, quatro filhos. Converteu-se ao evangelho em junho de 1973. 
O encontro com Jesus Cristo revolucionou a sua existência, resgatando-o de um viver desesperado, e transformando-o num apaixonado pregador do evangelho. 
Em 1974 iniciou seu ministério de TV através do programa “Jesus, Esperança das Gerações”, que após três anos passou a se chamar “Pare e Pense”, hoje transmitido pela Rede Bandeirantes de Televisão. Este ministério se expande agora com o Projeto VINDESAT. 
Em janeiro de 1977 foi ordenado pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil, à qual pertence. 
Fundou a VINDE − Visão Nacional de Evangelização, missão que preside desde 1978, e que tem servido de apoio ao seu ministério de evangelização. 
Tem realizado cruzadas em todo o Brasil e no exterior. 
Conferencista, tem participado como palestrante convidado de eventos de alcance mundial na Europa, União Soviética, América Latina e Estados Unidos. Além de evangelista e conferencista, dedica-se com entusiasmo a produzir livros, que muito têm contribuído para a edificação da Igreja Evangélica do Brasil. Traduzidos vários deles ao espanhol, alcançam já a América Latina e a América do Norte, tendo sido publicados, até outubro de 1988, 21 títulos, dos quais 7 estão em processo de distribuição em países de língua espanhola. 
Foi evangelista do Presbitério de Manaus (74-76), pastor da Igreja Presbiteriana Central de Manaus (77-80) e pastor da Igreja Presbiteriana Betânia, em Niterói (81-84). É membro da Fraternidade Teológica Latino-Americana e da Comissão Presbiteriana de Evangelização, como também presidente da VINDE − Visão Nacional de Evangelização, entidade interdenominacional que presta serviços às igrejas evangélicas na área de reflexão teológica, cruzadas de evangelização pelo Brasil e exterior, atuando também na produção de programas de televisão.
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P R E F Á C I O 
O presente texto é resultado de uma série de palestras sobre o tema “Espírito Santo”, que realizei no ano de 1982. 
Naquele tempo eu era pastor titular da Igreja Presbiteriana Betânia, em Niterói, e sentia, no dia- a-dia da minha existência pastoral, como a temática do Espírito Santo era mais que uma doutrina ou um fato abençoador na vida de muitos daqueles irmãos e irmãs. Na realidade este assunto constituía para eles um elemento doutrinário altamente perturbador. Prova disso é que quase todas as semanas eu era abordado por pessoas que traziam consigo frustrações, perplexidades e até enfermidades emocionais pelo fato de terem tido algum tipo de má-relação com grupos chamados carismáticos. 
Ora, como pastor, o que muito me perturbava era a constatação de que elas acabavam, além de enfermas, um tanto cínicas com respeito ao genuíno poder do Espírito de Deus. Também havia aqueles que não criam nas ações contemporâneas do Espírito, atribuindo quase sempre tais maus- contatos espirituais ao fato de o Espírito já não estar em ação em nossos dias, razão por que as chamadas experiências com ele não passavam de meras experiências psicológicas, sendo vivenciadas com todos os riscos que tais relações trazem em si mesmas. 
No entanto, como estava e estou convencido de que não há má-relação com o Espírito, o que sobrava para mim a nível de conclusão era a dedução de que tais pessoas haviam se relacionado com uma mera caricatura do Espírito. Eu não negava que houvessem tido alguma experiência com o Espírito. No entanto estava convencido de que a saúde de nossas relações ─ tanto com os homens como Deus ─ depende fundamentalmente do modo como entendemos a pessoa com a qual nos relacionamos. Assim, uma criatura maravilhosa pode se tornar num elemento de promoção de enfermidade emocional, se aquele que lhe devota tal amizade é alguém que a encara numa perspectiva errada, distorcida. Foi por isso que resolvi entregar-me a estes estudos, que lhe chegam agora às mãos na forma de livros. Minha intenção era traçar alguns perfis que pudessem orientar aqueles irmãos no seu discernimento de experiências carismáticas. 
Alguns autores foram minhas fontes originais de inspiração ou confirmação de pensamento. Entre eles destaco especialmente John Stott (“O Batismo e a Plenitude do Espírito Santo”) e Michael Green (“Creo en el Espíritu Santo”, livro ainda não traduzido para o 
português). Além desses, houve ainda dezenas de pequenos textos que no curso de minha vida têm não só me influenciado como constituído fontes de inspiração. Digo tudo isso a fim de deixar bem claro que as idéias aqui defendidas não são originais. Original é apenas a maneira de dizê-las, ou seja, meu modo particular de dizer coisas. Além disso, fiz tal tentativa, substanciando o livro, tanto quanto possível, em minhas próprias experiências a fim de tornar evidente que não estou tratando de algo a cujo respeito simplesmente ouvi falar, mas referindo-me a coisas que não só tenho experimentado, como inclusive encontrado vasta fundamentação bíblica. 
Por ser este um livro cheio de ilustrações relacionadas também à minha própria vida, acredito que me trará alguns problemas. Primeiro, porque alguns amados irmãos de teologia bastante reformada poderão afirmar que fui longe demais na questão dos “dons espirituais”. Certamente muitos ficarão chocados com minhas opiniões pessoais nesta área. Por outro lado, alguns amados irmãos de teologia pentecostal talvez digam que andei para trás no que se refere à minha persuasão do que seja “batismo com o Espírito Santo”. Isso porque minhas idéias sobre a contemporaneidade dos dons espirituais podem ser entendidas como excessivamente carismática, para o sofisticado sabor dos mais tradicionais. Por outro lado, minhas convicções sobre o que seja batismo com o Espírito Santo serão certamente entendidas como excessivamente moderadas e decepcionantes, para o gosto mais picante da fé pentecostal.
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Preferi no entanto correr o risco de ser julgado dessa forma, porque estou convencido de que apesar dos riscos e das inevitáveis cons que tais “julgamentos” humanos trazem, haverá um grupo imenso de irmãos e irmãs que se identificarão com a posição aqui advogada. Esses são aqueles que conhecem suficientemente a Bíblia e o Espírito Santo, a ponto de não se atreverem, a afirmar que ele limitou e circunscreveu seu exuberante poder aos dias apostólicos. Esses mesmos também são suficientemente aferrados à compreensão a respeito da imensurável graça de Deus a ponto de se recusarem a aceitar que ele se haja restringido a certas expressões temperamentais ou religioso- evangélico-pentecostal-culturais. Em outras palavras: eles crêem que o Espírito age ainda hoje e age como quer e de diferentes modos em diferentes grupos. 
Como membro de uma igreja de teologia chamada tradicional, sinto-me perfeitamente à vontade para dizer que muitas vezes, em nossas teologias, reservamos um lugarzinho para o Espírito Santo, sendo amiúde nossa intenção muito mais não ofender o Espírito, através de nosso silêncio a seu respeito, do que realmente conhecê-lo e conviver com ele de forma consciente e profunda. 
Finalmente, quando você já se prepara para dar início à leitura deste livro, faço-lhe dois pedidos. O primeiro é que o leia com coração de ouvinte. Afinal de contas, o texto foi transcrito de sua forma falada, sendo, portanto, natural que nele apareçam muitas das maneiras usuais desse tipo de comunicação. O segundo pedido é que você tente não ser “reformado” ou “pentecostal” em sua leitura, mas exclusivamente cristão ─ em harmonia com a beleza e a simplicidade neotestamentária do que significava ser um cristão nos primórdios da fé. Dessa forma você irá perceber que não obstante simples e teologicamente leve, pelo menos do ponto de vista dos mais exigentes na matéria, ele irá fazer um grande sentido com a Bíblia e com o bom-senso com os quais a ação de Deus deve ser interpretada na História. 
Rev. Caio Fábio D‟Araújo Filho
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Capítulo I 
QUEM É 
O ESPÍRITO SANTO? 
Seguramente o Espírito Santo é a pessoa da Trindade que menos atenção tem recebido no curso da história da Igreja, bem como por parte dos teólogos nestes dois mil anos de reflexão teológica. 
Muito se fala sobre Deus o Pai e como ele age. Também a Cristologia (doutrinas relacionadas à obra de Cristo) tem recebido atenção especial, e a tal ponto que muitas vezes nem sabemos que fazer com tantas teologias a respeito da natureza e da obra de Jesus. Quanto ao Espírito Santo, aparece em doutrinas mofadas nos pesados livros de teologia sistemática, os quais muito raramente o povo de Deus abre e folheia; só mesmo os teólogos mais meticulosos o fazem. 
Há também um elemento imensamente contraditório relacionado à doutrina do Espírito Santo. Isso porque não obstante ele seja a Pessoa mais gregária por excelência na Trindade ─ ele é o supremo edificador, agindo na perspectiva da promoção da Unidade desde a dimensão da matéria física (da qual é o sustentador) até a vida espiritual da Igreja (da qual é o unificador) ─, sua doutrina tem sido pomo da discórdia, o elemento mais significantemente divisor da Igreja de Cristo no curso da história. No entanto, mesmo essa história ─ tão dividida em nome daquele que veio para unir ─ não nos permite negar-lhe a realidade de que o Espírito Santo tem agido. 
O Espírito também tem sido objeto de compreensões cristãs a mais variadas, na maioria das vezes má compreensão. Pois é essa má compreensão acerca do Espírito Santo que ora faz dele um mero agente especial em pequenas reuniões de oração carismática, ora transforma em “energia” de Deus, uma espécie de força santa que age em nosso favor. Por outro lado, é comum acontecer de não o conseguirmos relacionar de modo claro, específico, a uma pessoa que sente. A maioria de nós não pensa nele como Pessoa e como Deus. 
Então quem é, de fato, o Espírito Santo? Antes de mais nada faço esta afirmação categórica ─ que aliás talvez à grande maioria pareça redundante: O Espírito Santo é Deus. Ele não é uma emanação secundária da divindade, como pensava o presbítero Ário, de Alexandria, aí por volta do ano 300. Ário propagara a doutrina de que Deus, o Pai, criara Jesus Cristo, o Filho, e o Filho criara o Espírito Santo e o enviara à Terra. Essa doutrina ganhou algum espaço na Igreja Cristã, até que no ano 325, o credo niceno estabeleceu que Deus-Pai, Filho e Espírito Santo, são igualmente Deus; ou seja, um só Deus em três pessoas. 
Podemos afirmar que o Espírito Santo é Deus em razão de alguns elementos básicos significativos que estabelecem esta sua caracterização. 
O ESPÍRITO SANTO É DEUS 
1. O Espírito Santo é Deus porque Sua natureza é divina; e a natureza básica essencial da divindade é espírito. Em João 4:24 Jesus fala sobre a natureza essencial de Deus, e afirma que Deus é espírito. Ora, se Deus é espírito, e o Espírito Santo é o espírito de Deus, e consequentemente tem a mesma natureza divina, resta-nos afirmar que ele é da mesma substância essencial da divindade. 
2. Ele é Deus porque estava presente na criação quando tirou as coisas do nada, do vazio, e do vazio fez o cosmos. É o que diz Gênesis 1:1-2. No princípio “criou Deus”, diz o v. 1 de Gênesis cap. 1. “Criou” vem do verbo hebraico bara, que significa “tirar do nada”. O texto de Gênesis poderia então ser lido assim: “No princípio tirou Deus do nada os céus e a Terra. A Terra, porém, era sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do abismo, e o Espírito de Deus pairava sobre as águas”.
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3. Ele é o mantenedor da vida, por isso é Deus. Em Jó 34:14 e 15 encontramos uma das mais belas e significativas afirmações bíblicas a esse respeito: “Se Deus pensasse apenas em si mesmo e para si recolhesse o seu Espírito e o seu sopro, toda carne juntamente expiraria e o homem voltaria ao pó”. O que o texto está dizendo é que quem energiza, quem sustenta toda vida, os corações latejando, o sangue correndo; quem preserva a fotossíntese dos vegetais; enfim que mantém vivo tudo que tem vida é o Espírito de Deus. 
No Salmo 104 encontramos também a mesma afirmação de que o Espírito Santo é o mantenedor da vida. Confirme isto lendo o trecho entre os v.5 e 30: 
“Lançaste os fundamentos da Terra, para que não vacile em tempo nenhum. Tomaste o abismo por vestuário e o cobriste; as águas ficaram acima das montanhas; à tua repreensão fugiram, à voz do teu trovão bateram em retirada. Elevaram-se os montes, desceram os vales, até o lugar que lhes havias preparado. Puseste às águas divisa que não ultrapassarão, para que não tornem a cobrir a Terra. Tu fazes rebentar fontes no vale, cujas águas correm entre os montes; dão de beber a todos os animais do campo; os jumentos selvagens matam a sua sede. Junto delas têm as aves do céu o seu pouso e, por entre a ramagem, desferem o seu canto. Do alto da tua morada regas os montes; a terra farta-se do fruto de tuas obras. Fazes crescer a relva para os animais, e as plantas para o serviço do homem, de sorte que da terra tire o seu pão; o vinho, que alegra o coração do homem, o azeite que lhe dá brilho ao rosto, e o pão que lhe sustém as forças. Avigoram-se as árvores do Senhor, e os cedros do Líbano que ele plantou, em que as aves fazem seus ninhos; quanto à cegonha, a sua casa é nos ciprestes. Os altos montes são das cabras montesinhas, e as rochas o refúgio dos arganazes. Fez a lua para marcar o tempo: o sol conhece a hora do seu ocaso. Dispõe as trevas, e vem a noite, na qual vagueiam os animais da selva. Os leõezinhos rugem pela presa, e buscam de Deus o sustento; em vindo o sol, eles se recolhem e se acomodam nos seus covis. Sai o homem para o seu trabalho, e para o seu encargo até a tarde”. 
E assim o salmista vai passo a passo descrevendo a criação magnificente e grandiosa de Deus, até declarar: “Que variedade, Senhor, nas tuas obras! Todas com sabedoria as fizeste; cheia está a Terra das tuas riquezas. Eis o mar, vasto imenso, no qual se movem seres sem conta, animais pequenos e grandes. Por ele transitam os navios, e o monstro marinho que formaste para nele folgar. Todos eles esperam em ti, que lhes dês de comer a seu tempo. Se lhes dás, eles o recolhem; se abres a mão, eles se fartam de bens. Se ocultas o teu rosto, eles se perturbam; se lhes cortas a respiração, morrem, e voltam ao seu pó. Envias o teu Espírito; eles são criados e assim renovas a face da terra”. 
Esse texto afirma que o Espírito Santo continua atuando hoje na perspectiva de renovação da natureza e do cosmos. Deus não apenas criou, mas continua mantendo, renovando e criando dentro da criação. O texto se refere, pois, à preservação da vida, dizendo que Deus prossegue mantendo-a através do envio do seu Espírito (v.30). Dessa forma poderíamos dizer que vivemos numa Natureza Carismática. Ou seja, poderíamos ver na chegada da primavera uma manifestação de uma espécie de pentecoste natural, uma explosão de graça, uma tremenda renovação da vida, um testemunho da permanente possibilidade de avivamento. Vendo a vida por essa perspectiva, o Cosmos se torna um grande sacramento. O Espírito Santo é uma entidade confinada e guetos carismáticos e aposentos escuros. Ele trabalha em todo o cosmos! 
4. Ele é Deus porque é chamado Deus da Bíblia. Em atos 5:3 e 4, passagem que narra o caso da mentira de Ananias e Safira, bem como o juízo que Deus trouxe sobre eles, observe a palavra de Pedro: “Ananias, por que encheu Satanás teu coração para que mentisses ao Espírito Santo?” E conclui: “Não mentiste aos homens, mas a Deus”. O que Pedro diz é que mentir ao Espírito Santo é o mesmo que mentir a Deus. 
Ele é deus, pois é chamado de Senhor. II Coríntios 3 faz esta afirmação no v.17 diz: “Ora, o Senhor é o Espírito”; e no v. 18 ele diz; todos nós, “contemplando como por espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito”. Observe que à palavra Senhor segue-se uma vírgula, depois do que está dito: “O Espírito”. Ou seja; Paulo chama o Espírito de o Senhor. 
5. O Espírito Santo é Deus porque possui atributos divinos. Em Hebreus 9:14 o apóstolo diz que o Espírito possui eternidade, ao chamá-lo de “Espírito eterno”. O Salmo 139:7 e 10 declara que o Espírito Santo possui onipresença, pois é capaz de estar a um só tempo em todo lugar. O salmista indaga: “... para onde fugirei da tua face? Para onde me ausentarei do teu Espírito? Se subo aos céus,
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lá, estás; se faço a minha cama mo mais profundo abismo, lá estás também; se tomo as asas da alvorada e me detenho nos confins dos mares, ainda lá me haverá de guiar a tua mão e a tua destra me susterá. Se eu digo: As trevas, com efeito, me encobrirão, e a luz ao redor de mim se fará noite, até as próprias trevas não te serão escuras: as trevas e a luz são a mesma coisa”. O Espírito do Senhor tem onipresença! ─ é o que declara este salmo. 
Diz ainda a Bíblia que ele tem onipotência. Lucas 1:35 fala sobre a concepção milagrosa de Jesus no ventre de Maria quando foi engendrado pelo poder do Espírito Santo, e a sombra do Altíssimo cobriu Maria. O interessante é que na imediata do texto conclui-se dizendo que “não haverá impossíveis para nenhuma das promessas do Senhor”, outra vez se criando uma conexão indissolúvel entre a obra do Espírito Santo (na concepção de Jesus) e a onipotência de Deus (aquele para quem não há impossíveis). 
Também nos é dito, em I Coríntios 1:10 e 11, que o Espírito Santo tem onisciência. “... o Espírito a todas as coisas perscruta; até mesmo as profundezas de Deus” ─ diz Paulo. Ele sabe tudo. Não existe mistério algum para ele; nada lhe é oculto; as maiores profundidades da inteligência e da divindade são inteiramente discernidas por ele. 
6. O Espírito Santo é Deus porque possui nomes divinos. Em I Coríntios 3:16 ele é chamado de Espírito de Deus. Em Isaías 11:2, de “Espírito do Senhor”. Em Isaías 61:1, de “Espírito do Senhor Deus”. E em II Coríntios 3:3, de “Espírito do Deus vivente”. Lembre que a primeira afirmação que fiz sobre quem é o Espírito Santo foi que ele é Deus. Para a maioria das pessoas isto pode soar óbvio. O fato, entretanto, é que não poderíamos tratar dos assuntos aqui relacionados sem primeiro dizer quem é o Espírito Santo. 
O ESPÍRITO SANTO É UMA PESSOA 
O Espírito Santo é Deus e é também uma Pessoa. Ele não é uma energia impessoal, uma mente fria, sem personalidade, sem coração. A Bíblia não coloca o Espírito Santo na categoria do Isto, da Coisa, mas do Tu, da Pessoa. Há no entanto muita confusão a esse respeito, inclusive nos meios evangélicos. Não que afirmemos teológica e doutrinariamente que ele seja apenas uma Coisa Santa. Mas a verdade é que nós nos relacionamos muitas vezes com ele, e oramos a ele como se ele não passasse de uma energia, uma força. Você já observou que as nossas orações, quando relacionadas ao Espírito, muitas vezes lhe atribuem apenas pode energético? Oramos: “Ò Deus, manda a força do Espírito, o poder do Espírito, a influência do Espírito...” 
De onde virá essa idéia a respeito da impessoalidade do Espírito Santo? A mim me parece que essa idéia resulta da má compreensão das metáforas que a Bíblia usa para caracterizar, manifestar e expressar a pessoa do Espírito. Se não vejamos: 
Em João 20:20, Jesus associa o Espírito ao fôlego. Jesus aparece aos seus discípulos e os saúda: “Paz seja nesta casa”. Em seguida sopra e diz: “Recebei o Espírito Santo”. O Espírito aparece pois associado ao fôlego, ao sopro. Em João 3:6-8 ele o associa ao vento; “O vento [ou pneuma] sopra onde quer”. E acrescenta: “...não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo o que nascido do Espírito”. Dessa maneira volta à nossa mente essa idéia de vento. 
Em atos 2:1-3 o Espírito se manifesta como fogo: “... e apareceram distribuídas sobre eles línguas como de fogo”. Portanto, quando o Espírito se manifestou no dia de Pentecoste, o elemento que ele escolheu para expressar a si mesmo foi o fogo. O próprio João Batista já havia dito que o batismo do Espírito Santo seria também batismo com fogo: “Aquele que vem após mim vos batizará com Espírito Santo e com fogo”. 
Ora, tudo isso me traz à memória uma singela história vivida por mim e Ciro, meu mais velho. Na ocasião ele tinha uns três anos, e mostrava muita curiosidade por alguns assuntos de teologia. 
Um dia ele me perguntou: 
─ Papai, Deus sabe tudo? 
─ Sabe! ─ respondi. 
─ Se ele sabia de tudo, por que então criou Adão, se sabia que Adão ia pecar, papai? 
─ Meu filho ─ esclareci ─, eu pensei nisso pela primeira vez aos 13 anos. Você pensou 10 anos antes de mim...
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E tentei explicar como pude. Uns dois ou três dias depois, eu estava em casa, à tarde. Ventava demais. Ele vinha chegando do quintal, cansado, suadinho, com o rosto cheio de terra. 
─ Papai, eu queria ser cheio do Espírito Santo. Como é que faço? 
O que é o Espírito Santo? 
Eu não sabia como explicar e como poderia me fazer entender. 
Fui para o quintal com ele. Nosso quintal era muito arborizado; ventava muito. O cabelo de Ciro, um pouco grande, começou a se agitar. 
─ Você está sentindo esse vento em nossa direção? ─ perguntei. 
─ Estou. 
─ Pense como seria se este vento tivesse a capacidade de amar, de sentir, de saber tudo, de estar em todo lugar, de morar no seu coração. 
Ele estava olhando para mim, atento e curioso. Então acrescentei: 
─ O Espírito Santo é como esse vento. Com a diferença de que é um vento que ama; é uma “pessoa”. 
Ele pensou, respirou fundo, e disse: 
─ Ah, papai, eu quero ficar cheio do Espírito Santo. 
Ora, estou desejando aproveitar essa memória daquela minha conversa com o Ciro para dizer a você a mesma coisa: O Espírito Santo é Energia, é Força, é Poder, mas é sobretudo Pessoa. 
Vejamos as razões por que afirmamos que o Espírito Santo é uma Pessoa. 
1. O Espírito Santo é pessoa porque pode entristecer-se. Em Efésios 4:30, Paulo diz: “E não entristeçais o Espírito de Deus, no qual fostes selados para o dia da redenção”. O Espírito Santo é uma pessoa capaz da tristeza, da dor e do sofrimento. Ele sofre quando eu peco, quando você peca. Ele vive em nós, e se entristece com as manifestações do nosso pecado. 
2. O Espírito Santo é pessoa porque é capaz de sentir ciúmes. É Tiago que nos diz isto quando afirma: 
“Infiéis, não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de Deus? Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo, constitui-se inimigo de Deus. Ou supondes que em vão afirma a Escritura: É com ciúme que por nós anseia o Espírito, que ele fez habitar em nós?” (Tg. 4:4,5). 
Quando traímos a Deus através dos nossos pecados, ambiguidades, contradições negações da fé, amasiamentos com o mundo, o Espírito de Deus sente ciúmes, como o marido, quando a mulher adultera, e vice-versa. Ele sente ciúmes do adultério moral (impureza) espiritual (idolatria), econômico (amor ao dinheiro), político (paixão e esperanças políticas mais acentuadas em relação ao programa humano que ao Reino de Deus). O Espírito não é simplesmente alguém que entra em nós de vez em quando e depois sai. Ele vem e fica. Além disso, ele não está presente apenas para energizar-nos a vida. Não: ele é uma Pessoa com a qual mantemos relações pessoais. E é o marido da nossa alma e da nossa consciência. 
3. O Espírito Santo é uma pessoa porque pode gemer de dor empática, é capaz de sentir conosco as agonias da nossa existência. Este talvez seja o aspecto mais existencial da ação do Espírito na vida do cristão. Paulo diz: 
“Também o Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza; porque não sabemos orar como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós sobremaneira com gemidos inexprimíveis. E aquele que sonda os corações sabe qual é a mente do Espírito, porque segundo a vontade de Deus é que ele intercede pelos santos” (Rm. 8:26,27). 
O Espírito sente dores não apenas em razão de nossos pecados, mas também das nossas dores. Ele sente não somente as dores que nossos pecados causam nele, mas também as dores que sentimos. Paulo diz que o Espírito intercede por nós quando a nossa existência está imersa em profunda fraqueza. O Espírito é aquele que se revolve na nossa interioridade, nos levando a orar. É também ele que expressa o inexprimível da nossa alma diante de Deus com gemidos inexprimíveis, e faz orações coadunáveis com a perspectiva do Pai no que diz respeito a responder de acordo com as nossas necessidades. 
Foi por tudo isso que eu disse que provavelmente este seja o elemento mais existencial da ação do Espírito Santo na vida humana. Jean Paul Sartre afirmou que a vida é angústia. No caso dele era uma angústia angustiadamente solitária porque não havia ninguém com ele. Não obstante estivesse repleto de amigos ao redor, estava irremediavelmente sozinho. Mas quando se conhece o Espírito
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Santo, mesmo nos dias mais escuros da alma haverá alguém conosco, gemendo nosso gemido e orando o inexprimível para o Pai. 
4 - O Espírito Santo é pessoa porque tem uma mente que pensa, e pensa de maneira livre! (Rm. 8:27) Paulo fala a respeito da “mente do Espírito”. Ele não é um programado; não é o mecanismo intercessor da Trindade. Ele não faz apenas aquelas coisas que desde a antiguidade foi determinado que fizesse. Não é mesmo surpreendente pensar no fato de que essa Pessoa da Trindade, que mora em nós, tem uma mente, e pensa? E tal poder de pensar acontece simultaneamente ao nosso! O Espírito que vive em nós é livre para pensar. É por isso que ouso afirmar que todo estado de paz mental é resultado de uma harmonização entre o nosso pensar e o pensar do Espírito. Quando penso numa direção diferente daquela na qual o Espírito pensa, então o resultado é angústia e depressão. 
5. O Espírito Santo é uma pessoa porque é capaz de ensinar. Em I Coríntios 2:11 e 13, Paulo diz que o Espírito conhece e perscruta todas as coisas até as profundezas de Deus. No v. 13 está dito que ele não apenas as conhece e revela, como também as ensina, o que implica o fato de que nos ensina a pensar. Há sentido e há ordem quando o Espírito fala. Deus não fala com expressões sem sentido. O Espírito nos ensina a conferir coisa com coisa (I Co. 2:13). Daí a minha certeza de que, quanto mais sadiamente espiritual uma mente é, mais capaz de reflexão em bom-senso ele será. 
6. O Espírito Santo é pessoa porque é capaz de falar. Este é, de acordo com os antropólogos, o maior sinal de pessoalidade consciente que um ser pode manifestar: o poder de falar. A Bíblia está repleta de textos que nos afirmam que o Espírito fala. Fala porque é capaz disso. E fala porque faz isso de modo perceptível e compreensível. O livro de Atos deixa isso muito claro, quando registra expressões como: “... disse-me o Espírito”, “falou-me o Espírito...” 
Em Atos 8:29 lemos: “Então disse o Espírito a Filipe: Aproxima-te desse carro e acompanha-o”. Em Atos 10:19,20, depois de ter Pedro uma visão, enquanto meditava sobre ela diz-lhe o Espírito: “Estão aí dois homens que te procuram; levanta-te, pois, desce e vai com eles (...)” Ou em Atos 13:2, onde está escrito: “... disse o Espírito Santo: Separai-me agora o Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado”. 
Vemos que o Espírito não falava apenas no Velho Testamento, aos profetas, mas neotestamentariamente é descrito como alguém que fala à Igreja. E ele não falava apenas à Igreja no primeiro século porque o cânon da Escritura ainda não estava terminado. Para os judeus na antiguidade ─ mesmo considerando que do ponto de vista deles a revelação tinha chegado ao fim ─ o Espírito era livre para continuar se comunicando. Isso porque eles faziam diferença entre o que o Espírito dizia e deveria ser escrito como Escritura, e o que ele dizia sem finalidade redatorial. É lamentável que boa parte da Igreja de Cristo no mundo não acredite mais que o Espírito fala. Pois ele fala quando ilumina a Escritura, mas também fala de acordo com os parâmetros bíblicos. Nem tudo que o Espírito fala é para ser escrito, mas tudo que ele fala deve ser ouvido. 
Uma das máximas do livro de Apocalipse é advertir as igrejas acerca do que o Espírito diz. “O Espírito diz às igrejas (...)” ─ é o que lemos. 
6. O Espírito é pessoa porque tem vontade. Se não,veja o que a esse respeito diz a Escritura. Talvez a mais importante afirmação seja a de que ele distribui dons segundo seu alvitre, conforme lhe apraz! Ele tem volição, no sentido divino do termo (I Co. 12:11). 
7. O Espírito é uma pessoa porque ama. A esse respeito Paulo diz: “Rogo-vos pelo amor do Espírito que (...)” (Rm. 15:30). O apóstolo menciona o amor do Espírito num texto cheio de apelo à solidariedade cristã: “Rogo-vos, pois, irmãos, por nosso Senhor Jesus Cristo e também pelo amor do Espírito, que luteis juntamente comigo nas orações a Deus a meu favor”. Paulo pede que os irmãos assumam uma espécie de integração de almas para interceder junto com ele, com base no amor do Espírito. Ora, nesta mesma perspectiva do amor, Neemias chama o Espírito de “o bom Espírito” (9:20). 
O Espírito Santo é realmente uma Pessoa. Ninguém pode entristecer o vento oriental. Ninguém pode despertar ciúmes no fogo, nem produzir paixão nas águas. Ninguém irrita a lei da gravidade. Mas ao Espírito é possível entristecer, enciumar, provocar paixão dolorida etc. O Espírito Santo é força, é poder, e é energia. Entretanto, e antes de tudo, ele é uma Pessoa ─ pessoa que sente, se entristece, tem ciúmes, geme de dor empática, tem uma mente, conhece, ensina, fala, tem vontade e ama.
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Capítulo II 
COMO AGE 
O ESPÍRITO SANTO? 
Neste capítulo estudaremos algumas das principais expressões de ação do Espírito Santo. Isso porque, como vimos no capítulo precedente, o Espírito é pessoa. E tal atributo é a propulsão essencial para a capacidade de agir com consciência. O Espírito age com base no que sente, pensa, sofre, ama e deseja. Em outras palavras, suas ações são todas coerentes com seu ser essencial. Neste capítulo estudaremos cinco das principais relações do Espírito Santo. Começaremos observando o relacionamento do Espírito com Jesus. 
O ESPÍRITO SANTO EM RELAÇÃO A JESUS 
1. O Espírito foi o agente da fecundação de Jesus “Descerá sobre ti o Espírito Santo e o poder do Altíssimo te envolverá com a sua sombra; por isso também o entre santo que há de nascer será chamado Filho do Altíssimo” (Lc. 1:35). Este é um fato sobejamente conhecido. O milagre do nascimento de Jesus foi milagre do Espírito. Foi ele quem criou as excepcionais e milagrosas condições biológicas que permitiram a Maria conceber sem jamais ter tido relação sexual. Assim, Jesus não foi uma criação de Deus fora da criação, mas também não foi apenas o resultado comum e natural do ininterrupto processo humano de concepção e transferência ─ via concepção ─ de todos os nossos legados humanos de corrupção essencial. Jesus nasce de mulher herdando humanidade total, sem no entanto herdar pecados e corrupção essenciais. 
2. Foi o Espírito também quem ungiu Jesus. Jesus, que sumariou o Deus eterno ─ o qual se encarnou nele, se engendrou nele, porque era Deus ─, foi também ungindo pelo Espírito Santo. É o que nos diz Lucas 3:22, quando afirma que no batismo de Jesus veio o Espírito em forma corpórea, como pomba, e pousou sobre ele. Jesus é Deus ungido por Deus como homem, mostrando que nem Deus no homem quer ser homem sem a unção de Deus. O fato de que Jesus é ungido pelo Espírito nos mostra que não há possibilidade de se fazer ministério cristão sem a unção do Espírito. Nem Deus-homem age na história sem unção. Lucas 4:1 nos diz que Jesus estava cheio do Espírito Santo; o v. 14 do mesmo capítulo nos informa que ao voltar da tentação ele iniciou seu ministério no poder do Espírito Santo. O livro de Atos dos Apóstolos diz que ele foi ungido pelo Espírito para fazer o bem, curar e libertar a todos os oprimidos do diabo (10:38). 
2. É o Espírito Santo que dá testemunho de Jesus. Em João 15:26, Jesus afirma que ele, o Espírito, daria testemunho dele, Jesus exaltá-lo-ia acima de tudo e antes de qualquer coisa. Jesus, em outras palavras, estava dizendo que o maior, mais profundo e essencial assunto e mensagem do Espírito Santo seria Jesus Cristo, sua morte, sua ressurreição, sua sabedoria, seu poder salvador e seu senhorio. Assim é o Espírito que glorifica. Acerca disso Jesus afirma: “Ele me glorificará porque há de receber do que é meu” (Jo. 16:14). Após a obra terrena de Jesus, ele veio habitar o coração dos crentes. Em João 16:7, Jesus diz: “Convém que eu vá, porque se eu não for, o Consolador não irá para vós outros; se, porém, eu for, eu vo-lo enviarei”. O interessante é que, no cap. 14, v. 14 de João,
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Jesus fala da companhia do Espírito Santo na comunidade dos discípulos. Jesus diz: “Ele habita convosco”. Ou seja: “Ele está influenciando tudo; está trabalhando o coração de vocês nesses três anos do meu ministério”. Mas, então Jesus promete que o Espírito não apenas habitaria com eles, mas estaria neles, não mais como uma simples influência no ambiente, mas como presença real no interior, no coração, invadindo tudo, se embrenhando em tudo: miscigenando-se, fundindo-se à alma deles; selando, lacrando, morando definitivamente em seu coração: “Ele habita convosco, mas estará em vós. 
3. A ressurreição de Jesus é obra do Espírito Santo, Jesus ressuscitou dentre os mortos mediante a ação glorificante do Espírito Santo. Isto está registrado em Romanos 8:11: “Se habita em vós o Espírito daquele que ressuscitou Jesus dentre os mortos, esse mesmo que ressuscitou Cristo Jesus entre os mortos vivificará também os vossos corpos mortais por meio do seu Espírito que em vós habita. 
4. O Espírito Santo foi o agente da entrega dos mandamentos aos discípulos. Em Atos 1:1 e 2, Lucas afirma que Jesus, antes de ser assunto aos céus, entregou mandamentos por intermédio do Espírito Santo aos apóstolos por ele escolhidos. Todo o seu ensino foi impresso na mente dos discípulos pelo poder da manifestação especial do Espírito Santo, que lhes gravou verdades na alma, mesmo antes do Pentecoste. 
O ESPÍRITO SANTO EM RELAÇÃO À PALAVRA 
1. O Espírito Santo inspirou as Escrituras. Pedro diz a esse respeito “que nenhuma Escritura provém de particular elucidação humana; porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto homens santos falaram da parte de Deus movidos pelo Espírito Santo” (II Pe. 1:20,21). Não há, à luz desse texto, margem para qualquer debulhação críticas das Escrituras, ou para descobrirmos a teologia produzida por Paulo, Pedro, Tiago, ou quaisquer outros, como se concebidas por homens, divorciadas entre si e seccionáveis para estudos que saciem a curiosidade humana. A Escritura, muito ao contrário, revela-se como um todo; toda ela é inspirada pelo Espírito Santo, ainda que tal revelação tenha sido gradual e progressiva. Pedro incluía, entre aquilo que ele chamava de Escritura, as cartas de Paulo. Ainda em sua segunda epístola, cap. 3, v 16, o apóstolo faz referência a elas dizendo que se equiparavam às “demais Escrituras”. Diz o v. 16: “nas quais há certas coisas difíceis de entender, que os ignorantes e instáveis deturpam”. Pedro coloca as cartas de Paulo em pé de igualdade com Jeremias, Isaías, os profetas, o Pentateuco e tudo o mais. Ele as considera tão inspiradas quanto as outras partes da Palavra de Deus; corrompê-las equivalia, portanto, a deturpar a Escritura. Afirma-se assim, mais uma vez, a inspiração do Espírito na Palavra de Deus. Paulo, como homem, errou algumas vezes. Nem sua conversão o isentou de tal possibilidade. Todavia suas cartas foram mais que cartas. Foram cartas de Deus à Igreja e à História. 
2. O Espírito Santo interpreta as Escrituras. Em Efésios 1:17 Paulo ora, pedindo a Deus que os homens recebam inspiração, iluminação e espírito de sabedoria e de revelação, no pleno conhecimento e discernimento das coisas de Deus. Dessa forma a iluminação do coração para discernir as Escrituras é obra do Espírito. Sem a iluminação do Espírito é possível conhecer muito da Escritura através dos instrumentos hermenêuticos. Também qualquer estudo histórico-técnico do texto bíblico é extremamente revelador em si mesmo, ainda que o estudioso não ore e nem creia no Espírito. No entanto, tais estudos e instrumentos só nos possibilitam sua compreensão objetiva. E sem dúvida a Escritura se permite tal análise. Contudo, seu significado para hoje como Palavra de Deus dirigida a nós como pessoas, não se dá, de modo nenhum, mediante os instrumentos hermenêuticos. Ele decorre da iluminação do Espírito Santo. E nesse sentido toda instrução e sabedoria do mundo são totalmente inúteis. Afinal, quando somos estimulados pela Escritura a nela meditar e a entendê-la, somos instigados a um estudo inteligente, conferindo coisas espirituais com coisas espirituais. Não há, entretanto, um estudo técnico da Escritura. Tais estudos são utilíssimos quando acompanhados de piedade e reverência diante da Palavra de Deus. Caso contrário eles são apenas estudos da letra morta da Palavra. Parece que foi exatamente isso que João quis dizer quando afirmou: “Quanto a vós outros, a unção que dele recebestes permanecem em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas como a sua unção vos ensina a respeito de todas as coisas, e é verdadeira, e não é falsa, permanecei nele, como também ela vos ensinou” (I Jo. 2:27).
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3. O Espírito transforma a Palavra de Deus em espada, Paulo diz, em Efésios 6:17, que ela é a espada do Espírito. Sem o Espírito, a Escritura é um livro que alguns teólogos céticos conseguem reduzir a quase nada. Sem ele, ela é lida, manifesta, e amiúde não produz os efeitos esperados porque, frequentemente, pregamos a Palavra movidos por presunção e não pela unção que faz da Escritura a Palavra-espada de Deus. Ela é espada, mas tem que ser usada pelo Espírito. Nas mãos do Espírito ela edifica; nas mãos de um ser humano presunçoso e nem temor de Deus ela é uma calamidade. Serve para dar base a qualquer loucura humana. Nas mãos do Espírito a Escritura golpeia o pecado, constrói o amor, defende a verdade, promove a justiça, consola o aflito e entroniza Jesus, mas, nas mãos do espírita, por exemplo, ela exalta Chico Xavier, porque ele a interpreta de forma completamente errada, dela se aproveitando de modo desastroso. 
4. O Espírito Santo torna a Escritura uma realidade escatológica: “Quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo aquilo que tiver ouvido, e vos anunciará as coisas que hão de vir” (Jo. 16:13). É portanto o Espírito Santo quem dá à Escritura essa característica preditiva. Jesus diz que o Espírito viria e anunciaria as coisas que haveriam de acontecer. Por isso, quando leio Paulo em II Timóteo, que fala das coisas referentes aos “últimos dias”, ou o Apocalipse, e encontro predições sobre as últimas coisas, meu coração é confortado, pois tenho o respaldo de Jesus, ensinando e avisando que quando o Espírito viesse daria à Palavra e à mensagem esse cunho escatológico e preditivo. Por isso, ao estudarmos os elementos escatológicos contidos no Novo Testamento, as doutrinas das últimas coisas, sentimos a segurança de não estarmos lidando com sonhos humanos, mas com verdades de Deus para o futuro. 
5. Foi o Espírito Santo quem trouxe a Palavra de Deus à memória dos discípulos (Jo 14:26). Como pôde Mateus lembrar-se de todas aquelas coisas? E João? Marcos narra basicamente fatos, o que é sem dúvida mais fácil de recordar. Ele escrevia as reminiscências de Pedro. Lucas fez sua coletânea de “assuntos em ordem”. Entretanto, João apresenta mais do que fatos. Ele diz: “E o Senhor disse...” e, então, nos apresenta em detalhes discursos inteiros de Jesus, palavra por palavra. Como tal memória poderia ser tão precisa sem a ação direta e relembradora do Espírito Santo? 
Quando ainda jovem na fé eu lia o evangelho de João e me questionava: “Meu Deus, sem um gravador para gravar tudo isso... Como pôde esse homem reter tanta coisa?...” Mas é aí, que vem a palavra de Jesus e tira essa crise canônico-tecnológica da nossa mente, quando diz: “Quando o Espírito Santo vier, ele vos fará lembrar de tudo quanto eu vos tenho dito”. Os teólogos liberais tiveram muita dificuldade em acreditar que o Evangelho era a expressão original dos ensinos de Jesus, porque lhes faltava a dimensão “carismática” do modo pelo qual a Palavra foi “preservada” na “memória” dos apóstolos e da Igreja. 
O ESPÍRITO SANTO EM RELAÇÃO AO MUNDO 
1. O Espírito Santo convence o mundo do pecado, da justiça e do juízo (Jo. 16:8). É ele quem dá ao homem convicção de pecado, neste nosso mundo onde dia-a-dia as consciências se entorpecem, se cauterizam; neste mundo onde certas correntes da Psicologia ensinam que sentimentos de pecado são apenas subproduto de condicionamentos de opressões culturais, sociais e religiosas, nada mais. E que não existe nenhum absoluto que possa julgar a conduta e a vida humana, porque todos os absolutos foram relativizados. Numa sociedade como a nossa, somente o Espírito Santo pode convencer o homem do pecado. A sociedade brasileira tem atingido índices inimagináveis de sodomia e perversão. Temos uma das televisões mais sujas do mundo, e a maior expressão de orgia pública do planeta e da história da raça humana, que é o carnaval. Neste país e nesta sociedade sem consciência, somente o poder do Espírito Santo pode convencer do pecado. Só o Espírito Santo pode persuadir de pecado o ser humano identificado com a cultura deste século. Todas as vezes que vejo alguém considerado “entendido” chorando, quebrantado, eu me regozijo com o milagre. 
Ele convence da justiça. Convence não apenas do fato de que Deus é justo, mas de que ele é justo e justificador. Quando Jesus afirmou esta obra do Espírito, ele estava falando sobretudo da justiça e da justificação. O Espírito Santo convence da possibilidade de se ficar em paz com Deus, com a consciência tranquila; e traz convencimento da justificação. Após convencer do pecado e da possibilidade da justificação, se o homem confrontado com essas coisas não se apropria delas com fé
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e arrependimento, o Espírito então o convence do juízo, da condenação que vem sobre o diabo e todos aqueles que se fazem seus filhos pela obediência aos seus desejos (Jo. 8:44). 
2. É o Espírito Santo quem detém o poder do anticristo. Em II Tessalonicenses 2:6-8, Paulo fala da vinda do anticristo, da apostasia dos últimos dias e do poder que hoje detém tal manifestação, para que esse mistério da impiedade seja manifesto apenas em ocasião própria. Literalmente é assim que o apóstolo diz: “Com efeito, o ministério da iniquidade já opera e aguarda somente que seja afastado aquele que agora o detém. 
Há quem diga que quem detém a vinda do anticristo é a igreja. Outros afirmam que é o poder político que está impedindo a manifestação do anticristo. No entanto, o que penso é que quem detém o anticristo é o Espírito Santo. Mas à luz do v. 6, seria difícil pensar que é o Espírito, porque o pronome que aparece aí ─ “e sabeis o que detém” ─ tem no original um sentido totalmente impessoal, não é pessoa, mas força, energia. Mas o v. 7 anula o questionamento, quando o chama de aquele, atribuindo-lhe pessoalidade: ou seja, é uma força pessoal que o detém. E a única força pessoal capaz de deter o anticristo na história é o Espírito Santo. É por isso que até aqui o anticristo não se manifestou. Têm aparecido os Hitlers, os Idi Amins, os Khomeinis da vida, mas o Espírito do Senhor continua detendo a manifestação final. No entanto, chegará a hora em que o Espírito cessará de deter, e essa manifestação será como uma das evidências, claras e inequívocas, de que a vinda do Senhor está próxima. 
3. O Espírito Santo trabalha em toda a Terra. Apocalipse 5:6 diz que o Espírito de Deus é “enviado pro toda a Terra”. Viajo frequentemente de avião em alturas muito elevadas. Olhando para baixo avisto choupanas mínimas, em lugares inóspitos. A primeira vez que atravessei o Atlântico e vi lá do alto as ilhas Canárias, pensei: “Meu Deus, tua Palavra me diz que o Espírito do Senhor está trabalhando em vidas ali!” Algumas vezes sobrevoei o deserto do Saara. De vez em quando apareciam povoados. Com a mente cheia do que Jesus dizia, repetia para mim mesmo: “E o Espírito de Deus será enviado por toda a Terra para aplicar a salvação em Jesus, e para derramar o conhecimento de Deus sobre a Terra assim como os mares enchem e cobrem a Terra”. 
O ESPÍRITO SANTO EM RELAÇÃO AO CRENTE 
As relações do Espírito Santo com o cristão devem ser descritas na categoria existencial. Quando falo em categoria existencial estou me referindo a coisas experienciais, que se provam verdadeiras a partir de relações interiores e místicas com o Espírito. 
Neste particular dois extremos podem ser hoje observados: o teólogo-doutrinário, que diz que tudo que os cristãos têm que ter do Espírito é conhecimento teológico; e o pentecostal e neopentecostal, que dão ênfase unicamente à condição existencial, experiencial da relação com o Espírito. As Escrituras nos apresentam a validade dos dois aspectos apenas se eles estão juntos. Separados, são deformantes e redutores do projeto da Bíblia, quanto a ensinar qual deva ser a legítima relação do cristão com o Espírito. Dessa forma, na Bíblia, esses dois aspectos se fundem equilibradamente. Tenho que ter conhecimento teológico de quem é o Espírito Santo; entretanto esse conhecimento tem que ser experiencial ─ precisa produzir realidades existenciais, mudanças em minha vida. 
1. O Espírito Santo é quem nos regenera, nos transforma numa nova criação de Deus, nos faz nascer de novo (Tt. 3:5 e Jo. 3:5). Sem a obra do Espírito, não há nada novo no coração humano. Somente o Espírito gera uma nova criatura. A moral social faz surgir um moralista. Os compromissos cívicos fazem aparecer um cidadão responsável. A política faz desabrochar um homem crítico e esperto. A religião faz nascer um filantropo. O amor pela família torna o ser humano menos egoísta. Mas nenhuma destas coisas faz nascer o novo homem, segundo a imagem de Deus. “Quem é nascido da carne”, disse o Senhor Jesus. Somente o “lavar renovador e regenerador do Espírito Santo” pode fazer aparecer o ser humano cidadão do reino de Deus. Qualquer outra perspectiva de fazer o Novo Homem sem um encontro radical, essencial, revolucionário e dramático com o Espírito é totalmente utópica e fadada ao fracasso. Neste século tivemos um tremendo exemplo disso ─ a derrota do comunismo no seu intento autônomo de resolver o problema da natureza humana de fora para dentro, apenas com pão e justiça social. O fracasso foi tão retumbante que dispensa maiores comentários. Ainda neste mesmo filão de raciocínio, devo afirmar que a
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própria igreja-instituição tem sido outro exemplo desse desastre humano quanto a produzir o novo homem sem o Espírito. A trágica história do Ocidente está intrinsecamente ligada à história da Igreja. A Europa, os Estados Unidos e a América Latina foram teoricamente continentes cristãos. Mas esse cristianismo não impediu tais sociedades de se imortalizarem pelas maiores atrocidades já cometidas na história humana. Sem o Espírito, não há o novo homem segundo Deus, mesmo que haja abundância de cristianismo. 
2. O Espírito Santo é nossa garantia de salvação. Paulo diz em Efésios 1:13 e 14 que Deus colocou o Espírito no coração como “penhor da nossa herança até o resgate da sua propriedade, em louvor da sua glória”. O que é penhor? Penhor é algo que se deixa como garantia de que se vai voltar para efetuar o pagamento; de que se vai retornar para cumprir uma promessa. Veio o Senhor e deixou o Espírito como penhor, como garantia absoluta da nossa salvação, como prova de que não só estamos salvos como também ele voltará um dia, ressuscitará nosso corpo mortal e o tomará como propriedade exclusiva sua, para louvor eterno de sua glória. 
3. O Espírito Santo é nossa garantia de comunhão com Deus. Em I João 3:24 está dito: “E aquele que guarda os seus mandamentos permanece em nós, pelo Espírito que nos deu”. Eu permaneço em Deus, Deus permanece em mim. Sei que ele permanece em mim pelo Espírito que me deu. No cap. 4, v. 13 de I João está escrito: “Nisto conhecemos que permanecemos nele, e ele em nós, em que nos deu do seu Espírito”. 
Ninguém tem que conflitar-se a esse respeito. Não se angustie com questões do tipo: “Não sei se ainda tenho comunhão com Deus... Se a perdi...” “Deus está aí, em e com você, morando em seu coração! Você tem o Espírito em você. Acredite nisto! Se você tem o Espírito e tem comunhão com ele, e ele com você, ele permanece em você, e você permanece nele. Aproprie-se disto, pela fé. 
4. O Espírito Santo é nossa consolação. Em João 14:16, Jesus prometeu enviar “outro Controlador”. Este “outro” estabelece uma equivalência comparativa. Os discípulos de vez em quando se sentiam desanimados, tristes, alquebrados: “Deixamos tudo para te seguir ─ a casa, a família, a pesca, tudo. Que vamos fazer agora?” Jesus vem e os conforta: “Ouçam, vocês vão ter aqui cem vezes mais. Quanto ao que está por vir, nem dá para falar”. Então, eles retrucam: “Somos os párias do mundo! O que vai ser de nós?” Jesus responde: “Você vão reinar, vão governar no reino de Deus”. Agora Jesus está prestes a partir, e eles estão murchos, deprimidos... Jesus lhes diz: “Pensem na mulher; quando ela está para dar luz ela fica abatida, sente dores! O que vocês estão sentido agora são as dores do parto da salvação. Eu vou sentir as agonias. Mas vocês estão vivendo à sombra desta hora de agonia. A vida, no entanto, não é só parto. A cruz não ficará erguida para sempre. Eu vou ressuscitar. Vocês então vão ficar alegres como a mulher quando ao ter o filho, toma-o nos braços, chorando, e diz: „Graças a Deus! Meu neném!‟ A ressurreição vai fazer isso. E mais ainda: Vou mandar-lhes um outro Controlador”. Pode-se observar que não obstante Jesus tenha ido para o céu, o livro de Atos não nos passa nenhuma impressão de nostalgia ou sentimentalismo. Pedro não se queixa: “Há, que saudade do Senhor! Estou triste; tudo tão vazio! Estou a ponto de ser consumido de angústia!” Isso não aconteceu porque o Senhor derramou o seu Espírito, um outro Consolador. Ele subiu ao céu, mas a Igreja ficou retumbante como nunca, alegre, poderosa, transbordante do Espírito Santo. Ela tem a presença do Consolador, presença animadora do Senhor, do próprio Jesus. 
5. O Espírito Santo é quem dá acesso ao Pai em orações mediante Jesus (Ef. 2:18). Ou seja, por intermédio de Jesus nós nos aproximamos de Deus, “temos acesso ao Pai em um Espírito”. Jesus também disse “que Deus é espírito e importa que seus adoradores o adorem em espírito e em verdade”. Na minha maneira de entender, Jesus estava dizendo a mesma coisa que Paulo posteriormente disse, conforme o texto de Efésios transcrito acima. Não apenas temos que adorar a Deus em espírito, mas também adorá-lo no Espírito. Em outras palavras: não há qualquer possibilidade de relação da alma humana com Deus a não ser no Espírito Santo. Quando Jesus disse que a adoração seria em espírito (espírito com “e” minúsculo), ele estava afirmando a adoração como tendo que ser livre de quaisquer materialismos condicionantes do sagrado a tempo e espaço (“nem neste monte nem em Jerusalém é o lugar onde se deve adorar”). No entanto ele não estava ensinando o culto a Deus como uma possibilidade fenomenológica inerente ao espírito humano no seu estado de queda. O homem é capaz de ânsias pelo sagrado mesmo enquanto caído e alienado; no entanto não está apto de fato a cultuar a Deus, a menos que tal culto se dê no Espírito Santo.
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6. Ele é nosso intercessor espiritual. Devemos aqui fazer uma diferença entre intercessor existencial e judicial. A Bíblia diz, em I João 2:1 e 2, que Jesus é nosso parácleto, nosso advogado, nosso intercessor judicial: “Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o justo; e ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro”. Mas em Romanos 8:26, o Espírito Santo é colocado como o nosso intercessor existencial. Jesus intercede pelo que fiz de errado. Ele tira, elimina a culpa. Mas o Espírito Santo intercede existencialmente, tentando me livrar de cair no erro, de ser dominado pela fraqueza. Isto é o que diz Romanos 8:26. 
7. O Espírito é nosso vínculo vital com Jesus. É impossível alguém afirmar que é de Jesus se não tem o Espírito Santo ─ conforme a teologia de Atos 19. Nesse texto vemos que os discípulos encontrados em Éfeso se diziam discípulos, tinham cara de discípulos, sabiam alguma coisa de Jesus, e não obstante todas as realidades aparentes, ignoravam que o Espírito Santo existia. A Bíblia diz em Romanos 8:9 que “se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele”. Quem é de Jesus tem o Espírito do Senhor. 
8. O Espírito Santo é quem transforma nosso corpo ─ enrugado, cansado, estressado, gasto, exausto ─ em santuário de Deus. I Coríntios 6:19 diz que nós somos templos vivos, onde Deus habita. E nossos sentimentos, atitudes, motivações e pensamentos são a liturgia viva desse culto que tem que ser prestado a ele. 
9. O Espírito é nossa fonte de sabedoria na tribulação. Mateus 10:20, Marcos 13:14 e Lucas 12:11 e12 são textos sinóticos, onde Jesus fala aos discípulos que na hora do aperto, da tribulação, da angústia, da opressão, dos tribunais, dos questionamentos; quando estivessem confrontados com homens maus e situações adversas, o Espírito lhes daria sabedoria, conforme deu a Estevão ─ de forma tão tremenda, profunda e poderosa que ninguém lhe poderia resistir. 
10. O Espírito Santo é nossa fonte de vida existencial. Em João 7:37-39, Jesus, no grande dia da Festa dos Tabernáculos, em Jerusalém, disse: “Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva”. E João interpreta assim suas palavras: “Isto ele disse com respeito ao Espírito que haviam de receber os que nele cressem; pois o Espírito até esse momento não fora dado, porque Jesus não havia sido ainda glorificado”. Com isso Jesus declarando que a vida cristã tem que ter uma fonte existencial cotidiana e sobrenatural. A intenção de Jesus era que o Espírito nos livrasse da angústia de uma vida seca e sem propósito. Ele nos propiciaria a novidade de uma fonte que não se esgota. 
11. O Espírito é quem contemporaneamente julga os cristãos. Atos 5:1 em diante, narra o fato de que o Espírito exerceu juízo sobre Ananias e Safira, que haviam mentido, enganado, usado de hipocrisia. Deus julga hoje, em plena “época” da Graça. Existe uma outra idéia da Graça, segundo a qual o Deus que ama não julga. Mas de acordo com I Coríntios 11:32 ele nos julga para que não sejamos condenados com o mundo. Julga na Ceia, julga pelo Espírito, julga pela Palavra; julga a nossa vida pelas expressões de dor e perplexidade que nos acometem. 
12. O Espírito Santo quem nos santifica. II Tessalonicenses 2:13 afirma que nós fomos escolhidos “para a salvação, pela santificação do Espírito”. Em I Coríntios 6:11 também está claro o fato de que o Espírito nos santifica, mas não apenas metafisicamente. Paulo, no contexto antecedente, diz que os impuros, beberrões, adúlteros, injustos, maldizentes, ladrões, não herdarão o reino dos céus. A seguir declara: “Tais fostes alguns de vós”. A Igreja de Corinto era uma grande casa de recuperação, um hospital, uma comunidade terapêutica: “Tais fostes alguns de vós”. Em outras palavras, isto é o que Paulo diz: “Viestes para cá beberrões, prostitutas, lésbicas, sodomitas, homossexuais, mas fostes feitos de fato santos. Se não, veja o texto: “Tais fostes alguns de vós, mas vós vos lavastes; mas fostes santificados (...) no Espírito”. Tal significação podia realmente ser vista na vida deles através de mudanças práticas e perceptíveis. 
13. É o Espírito quem fortalece o nosso íntimo (Ef. 3:16). Ele fortifica o nosso homem interior com “dynamis”, com poder maravilhoso, para não sermos como aquelas horríveis hienas: “Ó mês, ó dia, ó ano, ó azar!...” Quando lemos o livro de C.S. Lewis, “Cadeira de Prata”, conhecemos um sapo chamado Paulama, que murmura: “Ó dia” Não vai dar certo! Dia de sol é prenúncio de dia de chuva...” Mas o que acontece para quem tem Jesus no coração é algo maravilhoso: vem o Espírito e fortalece o coração com poder; o homem interior com “dynamis”, com explosão, com força miraculosa.
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14. É o Espírito que nos inunda de amor na tribulação, nas situações amargas e difíceis. Romanos 5 contém a conhecida sequência que fala da tribulação que produz perseverança; a perseverança, experiência; e a experiência, esperança. Após o que o Espírito de Deus se derrama no coração. Há uma especial inundação do Espírito no coração do cristão que persevera esperançoso em Deus. 
15. O Espírito é o Espírito da alegria. Essa alegria não é simples resultado de música alegre, animada ─ uma espécie de festival evangélico. Pode até ser; de vez em quando isso é bom. Mas alegria espiritual não é brincadeira; é fruto do Espírito do Senhor em nossa alma. O Reino de Deus não é comida nem bebida. Não é através disso que sou feliz. Não é pelo fato de me fartar de delícias que me encho de contentamento. Paulo afirma que o Reino de Deus não é nada disso; pelo contrário, “é paz, justiça e alegria no Espírito Santo”. Em I Tessalonicenses 1:16 Paulo dia que a Igreja de Tessalônica, mesmo em meio à tribulação, “transbordava de alegria no Espírito Santo”. 
16. É o Espírito que nos concede a mente de Cristo. O Espírito conhece as profundezas de Deus. Só ele sabe realmente o que Deus pensa. E é ele quem compartilha conosco o pensar de Deus. Dessa maneira podemos alcançar o milagre de termos a “mente de Cristo” (I Co. 2:14,15). A harmonização da nossa mente com a mente de Cristo é, portanto, obra do Espírito, mediante sua capacidade de imprimir as mais fortes impressões do caráter e da vontade de Deus em nossa mente. Tal trabalho não nos dispensa a relação com a Palavra de Deus na nossa conformação mental a seus padrões. Todavia, requer-se de nós mais que leitura e estudo da Palavra. É necessário que se mantenha essa relação com ela enquanto se assume singeleza intelectual. Através de tal singeleza nossa mente se oferece ao Espírito de Deus a fim de que ele nos “imprima” a Palavra de Deus no coração. Essa atitude nos assegura uma relação com a revelação dos referenciais básicos da mente de Deus (a Palavra), enquanto se tem também percepção da mente de Cristo em relação aos aspectos particulares da nossa vida (pela aplicação que o Espírito faz da Palavra). Ou seja: a Bíblia nos oferece a certeza de como é o caráter de Deus. Mas é mediante uma profunda relação com o Espírito que somos capacitados a discernir quais são os aspectos da mente de Cristo que têm relação com nossa vida individual. Tal discernimento é a especificação da vontade de Deus com respeito a nós, e que se dá dentro dos referenciais do caráter de Deus, conforme definidos de maneira inequívoca na Escritura. 
17. É o Espírito quem nos proporciona a vida e paz. Romanos 8:6 diz que “o pendor da carne dá para a morte, mas o pendor do Espírito dá para vida e paz”. Isso porque ele nos capacita também a viver em obediência à vontade de Deus, ainda que libertos da lei. Romanos 8:4 diz que agora estamos aptos, capacitados pelo Espírito a cumprir a lei do Espírito e da vida, porém isentos da lei moral. Isso parece contraditório, mas não é. De fato, Cristo nos libertou da lei moral a fim de que vivamos a vontade de Deus. A lei moral é inobedecível porque determina que a relação do indivíduo com ela tem que ser obediência objetiva absoluta. Caso contrário se está morto. No entanto, a fé cristã nos apresenta nossa relação com Deus como sendo livre da moral, a fim de que sejamos escravos do seu amor. Para muitos, isso pode parecer a mesma coisa, mas não é. No primeiro caso (da lei moral), o indivíduo é pressionado à obediência de fora para dentro. São preceitos externos que se tornam nos referenciais da vida dele. Já no segundo caso (escravidão ao amor de Deus), nossa obediência é resultado de um constrangimento de amor não culposo que é derramado pelo Espírito da graça no nosso coração. A lei gera uma obediência assustada e culposa. O Espírito da graça dá origem a uma obediência livre, santa, nascida no interior do ser. É o que diz Gálatas 5:23 quando afirma que quem ainda no Espírito manifesta o fruto do Espírito, que é “amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, mansidão e domínio próprio”. No final desta afirmação Paulo diz: “Ora, contra estas coisas não há Lei”. Não há lei porque o amor cumpre toda a lei, daí resultando que aquele que a cumpre não se sente cumprindo. Ele apenas experimenta a sensação de estar vivendo em obediência ao amor de Deus. Tudo isso é obra do Espírito no nosso coração: “Andai no Espírito, e jamais satisfareis as concupiscências da carne” (Gl. 5:16). 
18. É o Espírito quem dá testemunho da nossa filiação a Deus. E para que se alcance esse objetivo não é preciso haver qualquer forma de condicionamento mental, ou lavagem cerebral do tipo que enfia convicção na cabeça das pessoas pela via de repetições como esta que se ouve por aí: “Meu filho, você é filho de Deus; você já fez essa declaração, lembra? Você é filho de Deus, e filho
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de Deus, é filho de Deus...” Faz-se muito disso em nossos dias. Contudo, o que a Bíblia diz em Romanos 8:16 é que”o próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus”. 
19. É o Espírito quem nos conduz à imagem de Cristo. Em II Coríntios 3:18 está dito que nós estamos sendo trabalhados, esculpidos, transformados e burilados pelo Espírito à medida que contemplamos a glória do Senhor como que por um espelho. Vemos a imagem de Cristo no espelho da Palavra. Mas essa contemplação não é ainda nítida. Vemos como que em diagonal, contemplando a imagem às vezes turva. No entanto, o Espírito Santo está agindo em nós, fazendo com que nos conformemos à imagem de Cristo que estamos vendo na Palavra. Se olharmos para Jesus, dia a dia o Espírito nos vai tornando mais semelhantes a ele. E quando o Senhor vier e nos transformar plenamente na sua imagem glorificante, esta terá sido também uma obra do Espírito em nossa vida. 
O ESPÍRITO EM RELAÇÃO À IGREJA 
Neste ponto temos de admitir que vamos trabalhar sobre um ideal, não exatamente em torno de nossas constatações contemporânea. O que estou querendo dizer é que o que aqui vai ser tratado não diz respeito às nossas observações sobre a Igreja, mas ao ideal contido nas Escrituras, com referência ao Espírito Santo movimentando-se nela e nela produzindo trabalho. Em outras palavras: não estou descrevendo o que a Igreja é, mas o que ela pode ser, caso de renda ao Espírito. 
1. O Espírito Santo faz da Igreja seu grande santuário. É o que está dito em I Coríntios 3:16 e 17, onde a palavra “santuário” aparece num contexto no qual se fala em edificação da Igreja ─ seus alicerces. Paulo afirma que aqueles que destruírem o santuário de Deus (que é a Igreja), Deus o destruirá. O apóstolo não está se referindo a cristãos como indivíduos-santuários de Deus ─ apesar de em I Coríntios 6:19 serem eles individualmente assim chamados. Mas no contexto de I Coríntios 3:17 e 18, a idéia que nos vem à mente é que o apóstolo está se referindo à Igreja, nomeando a templo. Quando dizemos, por exemplo, que vamos esta à porta da Igreja, estamos tomando isto no sentido material. A Igreja a que a Escritura se refere tem em Jesus a sua Porta. Essa Igreja pode inclusive estar reunida debaixo de uma mangueira, um pé de Jamelão, uma jaqueira. Ela existe em qualquer lugar onde haja cristãos juntos, congregados. Ali onde há dois, três ou mais reunidos está uma catedral do Senhor. E mesmo que não estejam juntos, é dessa maneira que o Espírito vê a Igreja ─ uma grande Catedral espiritual, conforme diz I Pedro 2;5 e 6. Pedro neste texto também a chama de “casa espiritual para habitação de Deus no Espírito”. Efésios 2:20,21 a nomeia “casa”, santuário que está sendo dedicado e consagrado ao Senhor. 
A primeira relação, pois, que o Espírito Santo mantém com a Igreja é nesse nível ─ de santuário, catedral, casa espiritual onde ele habita. É o verdadeiro templo, onde se oferecem sacrifícios espirituais para o louvor de Deus em Jesus Cristo. 
2. O Espírito Santo habita também em síntese qualitativa na Igreja. Em Efésios 1:22 e 23, Paulo diz que Deus estabeleceu Cristo como cabeça e Senhor de tudo, e lhe deu a Igreja para ser o seu Corpo; e mais: que ela agora é habitada pela plenitude daquele que enche os cosmos. O Deus que extrapola tudo e todas as coisas que habita nela em síntese qualitativa. É a plenitude daquele que tudo enche em todas as coisas. O interessante é que Efésios 4:3 e 4 não nos permite separar a Igreja do Espírito. Neste texto, falando sobre a unidade do Espírito, o vínculo da paz, Paulo diz que “há um só Senhor, uma só fé, um só batismo”. Ao afirmar que há um só corpo, ele não coloca uma vírgula para em seguida afirmar que há um só Espírito. Ele não separa as expressões, de modo nenhum ─ nem mesmo em termos literários, Paulo diz “Há somente um corpo e um Espírito”, porque é impossível fazer referência à Igreja como Corpo de Cristo, sem falar do Espírito. 
3. É o Espírito quem promove a vida comunitária da Igreja. Encontramos esta verdade registrada em Atos 2:42 a 46. O Pentecoste aconteceu, o Espírito banhou, lavou a Igreja, se derramou sobre ela. Contudo, a mais caracterizadora demonstração de que ele trabalhou nela não foi exclusivamente o dom de língua; tampouco os milagres. Acima de tudo, o que mais marcou sua presença e atuação foi o estilo de vida comunitária que ela passou a vivenciar. Essa é a evidência maior, a preocupação
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principal de Atos. Lucas descreve como, depois do Pentecoste, a Igreja passou a viver uma vida comunitária intensa. Eles repartiam seus bens, perseveravam na doutrina dos apóstolos, no partir do pão e nas orações, comendo com singeleza e alegria de coração. E todos tinham tudo em comum. Essa é uma das manifestações mais poderosa do Espírito de Jesus nas igrejas: a intensificação da Koinonia, da comunhão, da troca, da vida que se doa, se integra, se mistura na vida dos irmãos. 
4. O Espírito promove a unidade da Igreja (Ef. 4:3). É “a unidade do Espírito no vinculo da paz”, no Corpo de Cristo. Sem o Espírito seríamos a mais dividida e beligerante de todas as comunidades. As nossas inúmeras divisões não nos permitem ver ainda aquilo que seríamos se o Espírito não estivesse agindo em nós. Mesmo extremamente divididos, ainda somos um povo que se entende sob a mesma bandeira. A prova disso é que apesar das inúmeras nomenclaturas, quando as coisas nos assolam, atingem o Corpo de Cristo, logo que descobrimos que somos filhos do mesmo Pai, temos que viver na mesma família e nos amar com amor fraterno. 
5. O Espírito que faz da Igreja a comunidade portadora da mensagem viva da salvação. Somente ele pode tomar essa igreja de gente complicada que somos e transformá-la numa mensagem para o mundo. Em II Coríntios 3:2 e 3, Paulo chama a Igreja de Corinto, não obstante ela mesma, de “carta viva”, escrita no coração para se manifestar e lida por todos os homens. A simples evidência disso vem do fato de que o testemunho da fé chegou até nós. Já são dois mil anos de testemunho em meio às mais variadas contradições da Igreja. Sua ambiguidades são inúmeras, mas a mensagens continua a ser lida na vida daqueles que vivem Jesus na comunidade da fé. 
6. Foi o Espírito quem controlou e dirigiu a evangelização da Igreja Primitiva. Este é um ponto que nos interessa tratar apenas como idealismo, visto que nos nossos dias nem sempre é o Espírito que se dirige a genuína evangelização. Quase sempre quem diz hoje onde a Igreja tem que ir e determina o que ele deve fazer são nossos programas engabinetados, produzidos num local de administração fria, quase num esquema de marketing. Na Igreja Primitiva isto não acontecia; era o Espírito Santo que controlava de maneira soberana. Todavia, é somente o Espírito quem nos capacita à verdadeira evangelização, porque é exclusivamente ele quem concede poder para testemunho no mundo (At. 1:8). Ele enviou evangelistas a lugares improváveis, mas onde havia necessidade (Al. 8:29). Foi o caso de Filipe, que evangelizara multidões nas cruzadas de Samaria. E agora é um evangelista consagrado naquele lugar. Mas vem o Espírito Santo, acaba com todo aquele frenesi e diz: Filipe, “Dispõe-te e vai para a banda do sul, no caminho que desce de Jerusalém a Gaza [percurso de 33 a 40 km, mais ou menos]; este se acha deserto”. Imagine o impacto de tal notícia para um homem de multidões ─ cruzadas em Samaria, povo se convertendo! Vem o Espírito e o direciona a algo aparentemente absurdo: “Vai para aquela estrada deserta, evangelista!” Mas ele era obediente. Ele foi, encontrou o eunuco, evangelizou, e algo fantástico aconteceu. Assim, é também o Espírito quem deve determinar a esfera de atividades dos seus evangelistas. Quando Filipe acabou de evangelizar o eunuco e o batizou, diz a Bíblia que o Espírito do Senhor arrebatou Filipe. Ele “veio a achar-se em Azoto”. Não escolheu campo missionário: estava no meio do deserto, acabou de batizar, de repente se desmaterializou. Diz a Bíblia que o eunuco não o viu mais. O homem evaporou! E se materializou em Azoto. O mesmo processo de soberania do Espírito aconteceu em relação à conversão da casa de Cornélio. É o Espírito quem se manifesta a ele através do anjo. É ele que esvazia de preconceitos a mente de Pedro, a fim de que entenda que seria válido ir à casa de um gentio. É ele que se derrama poderosamente no momento de sua pregação. Ele monta todo o esquema da salvação da casa de Cornélio, e o faz de maneira soberana. Ainda mais: separa missionários e os envia. Atos 13;13 diz: “Separai-me agora a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado”. Ele impede certos alvos missionários e conduz outros. Em atos 16:6-10, vemos Paulo desejando ir para a Bitínia, na Ásia. Entretanto, o Espírito não o permitiu. Ele tentou duas vezes, mas não foi. O Espírito o empurrou para o coração da Europa ─ porque esse era o plano de Deus.
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Capítulo III 
PLENITUDE DO 
ESPÍRITO SANTO 
Quando comecei a estudar o tema Plenitude do Espírito Santo, deparei-me com duas significativas surpresas. A primeira dela é que no Novo Testamento, em momento algum encontramos a expressão “Plenitude do Espírito Santo”. Para quem acredita que ao referir-se a ela está usando um termo eminentemente neotestamentário, fica a surpresa. O que acontece é que inúmeras bandeiras teológicas e doutrinárias se erguem com base em expressões como esta, digladiando-se sem que nem ao menos possam justificar inclusive a expressão em função da qual entram numa acirrada guerra ─ guerra tola, sem sentido, inócuas e não bíblica. Isto mostra quanto das nossas divisões doutrinárias e teológicas se levanta sobre chavões e tradições infundadas. Isto me faz lembrar o que aconteceu no meio dos israelitas, quando Jefté ─ tendo saído a enfrentar um país inimigo ─ convidou a tribo de Efraim a ir junto. Ele se preparou com os gileaditas e convidou os efraimitas, mas estes não foram. Ao confrontar os adversários, eles os venceram; e ao voltar, encontraram os efraimitas irritados e belicosos, os quais lhes disseram: “Vocês foram enfrentar os inimigos e não nos chamaram?”. Jefté respondeu: “Mandei-lhes um recado, e como vocês, não vieram eu fui”. E os efraimitas contestaram: “Então por causa disto haverá guerra entre nós”. E começou a guerra entre gileaditas e efraimitas ─ irmãos, membros da mesma nação. Como resultado, Gileade venceu a guerra. Enquanto isso os efraimitas fugiram à noite, pelos vaus próximos ao Jordão, na terra de Gileade. E Jefté, querendo vencer definitivamente a peleja, declarou aos seus soldados que fizessem plantão nos vaus do Jordão, e sempre que chegasse um homem, lhe perguntassem: “De que tribo tu és?” E se a resposta fosse “Eu sou de Efraim”, deveria morrer. Mas como ninguém o diria, ele elaborou uma maneira de descobrir quem era e quem não era de Efraim. Disse então a seus homens: “Quando eles chegarem, vocês os detenham e ordenem que pronunciem a palavra “CHIBOLETE” ─ pois os de Efraim tinham dificuldades em pronunciar CHI, só conseguiam pronunciar SI. Assim, mal diziam “Si...”, não terminavam a palavra: a espada interrompia a prolação. 
Muitas das nossas questões evangélicas são tolas, ridículas. Uns falam de um jeito, outros de outro, e em razão dessas e outras ninharias nos identificamos como irmãos ou nos matamos uns aos outros nas nossas guerras fratricidas. 
A segunda surpresa que se tem quando se pensa no tema Plenitude do Espírito Santo é com relação ao verbo grego que aparece como equivalente a “ser cheio de”; empregado quase exclusivamente pelo evangelista Lucas. No Novo Testamento ele tem dois importantes usos. Em primeiro lugar, Lucas o empregou para denotar características gerais de pessoas. Em Lucas 4:1 lemos que Jesus estava “cheio do Espírito Santo”. Em Atos 11:24 diz-se que Barnabé, tendo ido a Antioquia, “vendo a Graça de Deus alegrou-se porque era homem bom, cheio de fé e do Espírito Santo”. Portanto, a idéia que Lucas apresenta quando usa esta palavra relaciona-se à característica dominante na vida da pessoa. Ele não emprega o verbo com aplicações exclusivas ao Espírito Santo.
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Ao contrário, ele também usa o verbo em relação a outras situações e com características negativas. Seja como for, tais ocasiões e situações nas quais o evangelista usa a expressão “cheio de” (mesmo naquelas em que se vale deles negativamente) nos serão muito úteis, pois nos ajudarão a entender o peso e o significado de tal expressão no Novo Testamento. 
Lucas 5:12, por exemplo, nos diz que um certo leproso se aproximou de Jesus, e que ele estava cheio de lepra; ou seja, ele estava tomado de feridas, do alto da cabeça à planta dos pés. Observe que no texto grego do Novo Testamento, Lucas usa a mesma expressão que também emprega para definir a plenitude do Espírito Santo. 
Em Atos 13:10, o apóstolo Paulo nos é apresentado tentando evangelizar o procônsul Sérgio Paulo, mas Elimas, o mágico, se lhe opunha. Elimas criava toda sorte de obstáculos a tudo quanto Paulo dizia. A ponto de, em meio à conversa, o apóstolo ─ cheio do Espírito Santo ─ o repreender, dizendo: “Ó filho do diabo, cheio de todo engano e de toda malícia, até quando não cessarás de perverter os santos e retos caminhos do Senhor? Eis aí está a mão do Senhor sobre ti, e tu ficarás cego por algum tempo”. E foi exatamente o que aconteceu a Elimas. Ora, no grego a palavra cheio, que aparece no texto ─ “cheio de todo engano e toda malícia (...)” ─, é a mesma usada por Lucas nas ocasiões em que ele se refere à plenitude do Espírito Santo. 
Nos exemplos por mim dados acima, a idéia que fica a respeito da palavra “cheio” é a de que tal pessoa “cheia” está repleta e totalmente dominada por aquilo: como o leproso (totalmente cheio de lepra) ou Elimas (totalmente cheio do engano e da malícia do diabo). Com relação a estar-se cheio do Espírito Santo, a idéia é de alguém habitualmente governado e controlado pelo Espírito do Senhor. 
No Novo Testamento, a expressão “cheio do Espírito” aparece também em contextos nos quais se permitem observar duas situações básicas às quais a expressão está relacionada: aquela que se refere a arraigadas características de toda uma vida com Deus, mas também à repentina inspiração de um momento. Em outras palavras: o Novo Testamento nos apresenta duas possibilidades de vivermos na presença de Deus cheios do Espírito Santo. A primeira delas é através, de um crescimento paulatino, diário, intermitente e contudo frequente, até o ponto de mantermos essa plenitude de maneira cada vez mais sistemática e contínua. 
A segunda situação na qual o Novo Testamento também apresenta essa idéia de plenitude do Espírito Santo é aquela na qual acontece como coisa que tem a ver com uma positiva crise de momento. Ou seja, o Novo Testamento nos lança duas possibilidades: a de que se fique cheio do Espírito Santo num crescente, num caminhar diário e paulatino com o Senhor, ou a de que essa plenitude sobrevenha através de uma crise poderosa, profunda, repentina, como uma manifestação inequívoca de Deus. Vejamos, então, no Novo Testamento, os textos que nos apresentam essa plenitude como vinda através de uma crise instantânea, e outros como um estado a ser desenvolvido gradativamente. 
A PLENITUDE DO ESPÍRITO COMO EXPERIÊNCIA DE CRISE 
Observemos agora a relação da plenitude do Espírito Santo com uma experiência de crise. Examinemos Atos 2:1-4, o conhecido texto que narra o Pentecoste, quando a plenitude do Espírito veio sobre os discípulos na forma de uma poderosa e repentina experiência carismática: “Estavam todos reunidos no mesmo lugar, quando de repente veio do céu um som como de um vento impetuoso e encheu a casa. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e passaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que falassem”. Neste texto a plenitude sobressai de repente: subitamente todos ficam cheios do Espírito Santo. Em Atos 4 a mesma experiência acontece: os discípulos, tendo sido oprimido pelas autoridades judaicas, uma vez postos em liberdade encontram-se com os irmãos e, alegres, felizes, fazem uma oração de gratidão pelo privilégio de sofrer em nome de Jesus. Exaltam a Deus, o Criador dos céus e da terra, e celebram sua soberania, referindo-se à sua obra no controle absoluto dos eventos aparentemente ingovernáveis relacionados à morte de Jesus. Depois disso eles oram pedindo a Deus que confirme a palavra que estão pregando em seu nome, operando sinais e prodígios enquanto pregam. Diz o v. 31 do cap.4 que quando acabaram de fazer estar oração houve um tremor de terra ─ tremor esse localizado ─, do
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qual o epicentro foi exatamente a casa onde se reuniam em oração. Era o Espírito do Senhor. E diz a Bíblia que “todos ficaram cheios do Espírito Santo”. 
Vale a pena lembrar ainda o texto de Atos 13:9, já referido neste capítulo. Trata-se da confrontação de Paulo e Elimas. Subitamente o apostolo interrompe a contradição de Elimas ─ Lucas diz que Paulo estava “cheio do Espírito Santo” ─, trazendo graves e duros juízos sobre a vida do bruxo, com as implicações imediatas. 
Os exemplos acima nos ajudam a entender que a plenitude do Espírito pode vir à nossa vida através de uma experiência de crise, numa reunião de oração, num instante de devoção, busca, quebrantamento, entrega, abrir de alma; pode vir de repente, num piscar de olhos, de maneira instantânea, pela intervenção de Deus. 
Em ocasiões diferentes na minha vida com o Senhor tenho experimentado plenitudes do Espírito que me vêm como experiências de crise. Deixe-me contar-lhe uma delas. Há alguns anos, certo dia após o almoço, dirigia-me ao escritório da VINDE, a missão que lidero, àquela altura em Manaus, hoje em Niterói, Rio de Janeiro. Quando ia chegando ali, um rapaz saiu lá de dentro ─ um paraibano normalmente muito alegre. Nesse dia ele não estava alegre, mas muito atordoado. Eu ia entrando porta adentro quando ele colocou a mão no meu estômago e disse, rápido como de hábito num paraibano: 
─ Pastor, não entra, que ele fura o bucho! 
─ O que? ─ perguntei. 
─ Não entra, que ele fura o bucho! 
─ Irmão, eu não estou entendendo nada, fale devagar. 
─ Pastor, não entra que ele fura o bucho ─ repetiu. 
─ Fura o que? ─ insisti. 
─ Fura o bucho! Fura o estômago! Há um homem com uma faca aí dentro, ele vai furar sua barriga ─ explicou. 
─ Ah, é? E quem é que está com uma faca aí dentro? 
─ Um endemoninhado! ─ ele respondeu. 
Aí eu olhei pela fresta da porta e vi o rapaz responsável pelo tráfego de fitas cassete do programa de TV, PARE E PENSE, e um outro que trabalhava na publicidade do ministério, encostados à parede, rendidos ─ a parede branca, eles tão brancos quanto ela, num verdadeiro mimetismo. 
─ O que foi que aconteceu aí? ─ perguntei. 
─ Esse homem chegou endemoninhado com essa faca na mão e disse que se alguém abrir a boca pra dizer o nome de Jesus ele mata. Lá dentro os rapazes tartamudeiam: Nomeeee... Nomeee deee... Mas ele bota a faca no pescoço e eles não dizem mais nada. 
Minha secretária tinha conseguido se esconder no banheiro, e um dos moços escapara pela janela. E o paraibano, como não tinha entrado, achou que a melhor política era ficar do lado de fora. Disse a mim: “Pastor, entre! Fiquei pensando... É nessa hora que os cabelos ficam em pé, arrepiados. Pensei, e falei “Olhe, irmão, deixe-me avaliar isto bem, com oração”. Entrei, no meu carro, dei uma volta no quarteirão, orando: “Senhor, o que faço?” E me lembrei de procurar meu pai no templo. Fui lá, chamei-o, e disse-lhe: “Pai, está havendo, isto e isto. Senti o impulso de entrar, e enfrentar esse endemoninhado armado, mas confesso que também senti vontade de fugir. Por isso queria que o senhor orasse comigo. Vamos até lá juntos”. Então fomos e paramos à porta do escritório da VINDE. Oramos ao Senhor, e quando eu estava acabando de orar, sucedeu exatamente aquilo que o livro de Atos revela haver acontecido algumas vezes com os discípulos na Igreja Primitiva: num momento, de repente, a alma foi invadida por uma graça, um poder, um enorme júbilo no Espírito do Senhor. Então me veio a certeza absoluta de que aquela vitória estava de antemão ganha. 
Quando me percebi, estava saindo do carro, gritando no meio da rua. Ergui a voz e comecei a andar, clamando: “O que habita no esconderijo do Altíssimo e descansa à sombra do Onipotente, diz ao Senhor: Meu refúgio e meu baluarte, Deus meu, em quem cofio (...)”. E quando ia entrando, as pessoas dos escritórios vizinhos, da sorveteria ao lado, olhavam... Fui atravessando a rua e dizendo: “... Nenhum mal te sucederá, praga nenhuma chegará à tua tenda. Porque aos seus anjos dará ordens a teu respeito, para que te guardem em todos os teus caminhos. Eles te sustentarão nas suas mãos, para não tropeçares nalguma pedra. Pisarás o leão e a áspide, calcarás aos pés o leãozinho e a serpente. Porque a mim se apegou com amor, eu o livrarei; pô-lo-ei a salvo, porque conhece o meu
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nome. Ele me invocará, e eu lhe responderei; na sua angústia estarei com ele, livrá-lo-ei, e o glorificarei. Saciá-lo-ei com longevidade e lhe mostrarei a minha salvação”. 
Quando ia entrando, já gritando as últimas palavras deste salmo, o endemoninhado ─ que tinha cerca de um metro e oitenta ─ largou os moços e recuou. Ostentava uma faca enorme, de sapateiro, assustadoramente reluzente. Fui entrando, e ele foi gritando, antes mesmo que eu colocasse o rosto lá dentro: “Eu odeio este desgraçado. Ele é meu inimigo, eu o detesto!” E quando enfiei a cabeça dentro do escritório, ele voou para mim, com aquela faca horrível, e eu disse: “Em nome de Jesus sai dele!” Ele caiu uns dois ou três metros para trás, pegou a faca de novo, correu e eu insisti: “Em nome de Jesus, sai dele!” Ele caiu outra vez, apanhou a faca, caminhou uns passos e aproximou-a do meu rosto, tentando enfiá-la. Garanto que em qualquer outra circunstância eu teria ou me defendido, ou teria azulado dali. No entanto, o que aconteceu é que no meu coração não havia a menor dúvida de que faca nenhuma deste mundo entraria no meu rosto ou no meu corpo! Ele a aproximou bem rente ao meu rosto, sem conseguir movê-la. Sua mão foi sendo torcida. Parecia que guerreava. Então abriram-lhe a mão, a faca caiu, e ele caiu junto, aos meus pés. Aí exclamei: “Sai dele, em nome de Jesus!! E o demônio o deixou. Abrindo os olhos, atoleimado, espantadíssimo, perguntou: “Onde é que estou? Que lugar é este? Eu estava trabalhando lá no mercado... Sou sapateiro; estava cortando couro, quando senti uma personalidade entrar em mim. Não me lembro de mais nada”. 
Narro este fato apenas para mostrar que a manifestação da plenitude do Senhor pode nos alcançar como uma experiência de crise. Isso porque o que aconteceu comigo naquele dia foi sem dúvida uma dessas experiências. Eu estava cheio de medo e dúvida. Mas de repente o Espírito me invadiu com coragem e ousadia, que absolutamente naquela hora não existiam em mim. 
É importante saber que a plenitude do Espírito pode nos vir numa dessas crises. No entanto parece que o Novo Testamento ensina ─ em mais vezes e mais doutrinariamente ─ que a experiência de plenitude do Espírito Santo é comumente algo que acontece num processo gradativo, paulatino, galgado, perseguido diariamente, no nosso cotidiano. 
A PLENITUDE DO ESPÍRITO COMO UM PROCESSO NA VIDA 
Os textos que falam a este respeito são basicamente os seguintes: Atos 4:8, onde não se diz que Pedro ficou, mas que era cheio do Espírito Santo; Atos 6:5, onde o homem, para ser escolhido para o ministério de serviço na igreja não tinha de estar cheio do Espírito, mas ser cheio do Espírito. Na passagem de Atos 6 nos é dito que Estêvão era homem cheio do Espírito Santo. Também em Atos 13:52, onde a plenitude do Espírito se manifesta na vida dos discípulos, que “transbordavam da alegria e do poder do Espírito”, indicando um estado contínuo e crescente, não apenas uma crise repentina. 
Portanto, o Novo Testamento nos apresenta esses dois lados: uma experiência de crise, e também o galgar, o caminhar diário e cotidiano na presença de Deus, onde a realidade da plenitude do Espírito se vai consolidando. 
Para ilustrar isto, passo a narrar o que aconteceu conosco, durante um retiro que organizamos para jovens, em 1974. Àquela altura havia na igreja que servíamos, na cidade de Manaus, apenas uns 35 a 40 jovens. Para o retiro levamos conosco uns oitenta moços, não crentes. Eram, pois, cerca de cento e vinte ─ muito pouco sal para tanta massa! E foram quatro dias pavorosos, nos quais jejuei e orei da manhã à noite, pedindo ao Senhor que interviesse, que fizesse alguma coisa, que se manifestasse, que salvasse aqueles moços. Contudo nada acontecia. Havia uma confusão generalizada, uma leviandade total, uma indiferença absoluta. Nos cultos à noite era como se estivéssemos lutando de fato contra principados e potestades horroroso. 
No último dia, depois de ter orado e jejuado, estava pregando, quando no meio da pregação um moço que se sentara no primeiro banco fez “Uahh!!!” abrindo escancaradamente os braços, e fazendo a cadeira quebrar com o violento gesto. Aí foi aquela risada geral. Pensei comigo: “Meu Deus, decisivamente nada acontecerá neste retiro”. Atalhei meu “esboço” como pude, para terminar o sermão antes do tempo, e disse a mim mesmo: “Vamos despedir este povo”. Quando acabei de pregar comecei a ouvir ruídos... Alguns estavam sentados em torno do salão, onde havia madeira à volta, e batiam com o calcanhar atrás: bum, bum, bum, bum...
Fora do Caminho da Graça em Cristo, não há caminho a ser feito! 
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Meu pai tinha estado conosco os quatro dias de retiro, e não disse uma só palavra. Ficou sentado lá atrás o tempo todo, apenas observando. Naquele mês ele estivera especialmente na presença de Deus, orando e jejuando. E durante vinte e um dias ─ não é que vinte e um seja um número místico, mas ele escolheu este referencial para orar e jejuar ─ ficou comendo pão e bebendo água apenas, orando, e pedindo a Deus que renovasse seu ministério e a Igreja. E continuava lá atrás. Então, para finalizar, eu disse: “Gostaria de chamar o meu pai aqui à frente para fazer uma oração, encerrando este retiro”. Ele veio andando pelo corredor. Meu pai usa muleta desde a mais tenra infância. Quando ia se aproximando, senti que alguma coisa começava a acontecer, em meio a um soberbo silêncio. Ele pegou o microfone e falou: “Amados irmãos, vamos orar ao Senhor”. E quando ele disse “Ò pai...” e pôs-se a orar, começou uma choradeira, um quebrantamento, e eu vi aqueles moços caindo de joelhos ─ algo incrível começou a acontecer naquele lugar! E lá estava eu, estupefato, boquiaberto. Então, pensei: Meu Deus, eu sussurrei, gritei, falei, e não aconteceu nada. Ele veio aqui, quietinho, com sua muleta, pegou o microfone e disse: “Ò Pai...” e o povo foi de chofre quebrantado. 
O nome disso é unção! Hoje temos pastores, esposas de pastores, presbíteros, diáconos, rapazes e moças líderes em muitas igrejas, todos convertidos naquela noite. 
Portanto, não vemos o fenômeno acontecer apenas no Novo Testamento; nossa própria vivência nos ensina que a plenitude do Espírito pode vir como uma experiência de crise, ou de forma mais normal, geralmente como uma progressão na rendição, na entrega, na vida que busca e se define dia a dia na presença do Senhor. 
Entretanto, a questão básica ─ já que sabemos como essas coisas podem acontecer em termos de manifestações ─ é perguntar como se dá a plenitude do Espírito Santo conforme o Novo Testamento; como chegar a ela. 
OS SETE PRINCÍPIOS SOBRE COMO OBTER A PLENITUDE DO ESPÍRITO 
Deste ponto em diante quero mostrar a você como o Novo Testamento nos apresenta a plenitude do Espírito. Em outras palavras: como é possível obter e manter essa plenitude. Pessoalmente acredito que este é o capítulo mais importante deste livro. Isto porque todas as outras coisas sobre as quais ainda irei tratar, só serão realmente importantes e úteis se as verdades relacionadas à plenitude do Espírito tiverem sido bem estruturadas na sua vida. 
Diálogo e Comunhão 
A plenitude do Espírito do Senhor pode vir à nossa vida pelo diálogo e a comunhão dos santos. O texto registrado em Lucas 1:40-41 nada nos diz, doutrinariamente, sobre ela. No entanto ele nos apresenta um princípio. Isso porque Isabel, mãe de João Batista, está grávida, tendo João no ventre como um ser de 6 meses. Ela recebe a visita de Maria, mãe de Jesus, que agasalha Cristo no ventre como embrião de um mês. Então Maria entra na casa de Isabel e faz uma saudação: “Graça e Paz!” E acontece que após essa saudação, o bebê João Batista no ventre de sua mãe estremece de alegria, fica cheio do Espírito Santo. O princípio, então, é este: a plenitude do Espírito pode vir à nossa vida numa relação dialogal. Quando uma pessoa tem dentro de si a obra estabelecida do Espírito Santo ─ gente em cujo interior o Espírito está formando realidades ─ ao se encontrar com outra, nessa troca pode surgir essa plenitude. 
Em algumas ocasiões, em reuniões de pastores, encontros de líderes, em colóquios agradáveis, numa troca farta de experiências e de informações daquilo que Deus está fazendo, não raramente ouço no final algum colega sugerir: “Bem, agora, irmãos, vamos orar um pouquinho porque já perdemos muito tempo hoje. Ainda não oramos. Vamos pedir ao Senhor que venha nos visitar”. E eu contesto: “Olhem, irmãos, vamos é agradecer ao Senhor pelo que ele já fez em nós, porque nessa relação dialogal nossa vida ganhou exuberância, ficou plena de tantas realidades do Espírito do Senhor que nosso coração está cheio de alegria”. Realmente, nessa troca de relações dialogais, na comunhão santa com homens e mulheres cheios do Espírito, nossa vida é enriquecida, e a plenitude do Senhor pode nos vir ao coração.
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  • 1. Fora do Caminho da Graça em Cristo, não há caminho a ser feito! www.caiofabio.com | www.vemevetv.com.br Espírito Santo: O Deus que vive em Nós Caio Fábio D’Araújo Filho CLC – Editora Caixa Postal 700 12201 S. José dos Campos (SP)
  • 2. Fora do Caminho da Graça em Cristo, não há caminho a ser feito! www.caiofabio.com | www.vemevetv.com.br Í N D I C E I − Quem é o Espírito Santo? 11 1. O Espírito Santo é Deus 12 2. O Espírito Santo é Uma Pessoa 15 II − Como Age o Espírito Santo? 21 1. O Espírito Santo em Relação a Jesus 21 2. O Espírito Santo em Relação à Palavra 23 3. O Espírito Santo em Relação ao Mundo 25 4. O Espírito Santo em Relação ao Crente 27 5. O Espírito Santo em Relação à Igreja 33 III − Plenitude do Espírito Santo 37 1. A Plenitude do Espírito Como Experiência de Crise 39 2. A Plenitude do Espírito Como Processo na Vida 42 3. Os Sete Princípios Sobre Como Obter a Plenitude do Espírito 44 Diálogo e Comunhão 44 Nutrição do Amor 45 Ecumenicidade 46 O Ciclo de Efésios 47 Sofrimento e Perseguição 52 A Vida de Oração 54 A Palavra 55 Sinais da Plenitude 57 IV − O Batismo Com o Espírito Santo 59 1. Atos Não Serve à Teologia Sistemática 61 2. Teologia Sistemática, Somente nas Cartas Doutrinárias 62 3. O Batismo Com o Espírito Santo Conforme o Novo Testamento 63 4. Justificativas Quanto à Afirmação Pentecostal de Ser o Batismo Com o Espírito Santo Uma Segunda Bênção 63 5. Por Que Afirmo Que o Batismo Com o Espírito Santo é a Conversão? 74 V − Os Dons do Espírito Santo São Para Hoje? 85 1. Argumentos Contestadores à Movimentação Acerca do Espírito Santo 86 2. O Que Aconteceu aos Dons Espirituais Entre os Anos 400 e 1700 91 3. Os Dons Existem e São Para Hoje 93 VI − Distinguindo os Dons do Espírito 97 1. O Dom de Contribuir 98 2. O Dom de Governo 99 3. O Dom do Socorro 100 4. O Dom de Administração 100 5. O Dom de Misericórdia 101 6. O Dom de Sabedoria 102 7. O Dom de Conhecimento 103
  • 3. Fora do Caminho da Graça em Cristo, não há caminho a ser feito! www.caiofabio.com | www.vemevetv.com.br 8. O Dom de Fé 104 9. O Dom de Cura 105 10. O Dom de Operar Milagres 107 11. O Dom de Discernimento de Espíritos 107 12. O Dom de Línguas 109 13. O Dom de Interpretação 112 14. O Dom de Apostolado 113 15. O Dom de Evangelista 115 16. O Dom de Pastor 116 17. O Dom de Solteiro ou de Celibato 117 18. O Dom de Pobreza Voluntária 118 19. O Dom de Martírio 118 20. O Dom de Profecia 119 21. O Dom de Mistério 121 22. O Dom de Ensino 122 23. O Dom de Exortação 122 24. O Dom de Hospitalidade 123 25. O Dom de Missionário 124 VII − Obstáculos ao Funcionamento dos Dons no Corpo de Cristo 125 1. Vencendo os Obstáculos Através de Uma Visão Equilibrada 128 2. A Que Nos Conduz o Equilíbrio? 130 VIII − Como Descobrir Seus Dons Espirituais 133 1. Dom de Apóstolo 133 2. Dom de Profeta 135 3. Dom de Evangelista 136 4. Dom de Pastor-Mestre 140 5. Dom de Operação de Milagre e Cura 142 6. Dom de Socorro 144 7. Dom de Governo, Administração 144 IX − Mutualidade dos Dons no Corpo de Cristo 147 1. Mandamentos de Mutualidade Referentes ao Amor Cristão 149 2. Mandamentos da Mutualidade Referentes ao Serviço 153 3. Comunhão Espiritual Entre Irmãos 157 4. Mandamentos da Mutualidade Relacionados ao Uso da Língua 161 X − Fluxo e Refluxo do Espírito Santo no Homem Interior 167 1. Benção do Fluxo e do Refluxo no Nosso Homem Interior 170
  • 4. Fora do Caminho da Graça em Cristo, não há caminho a ser feito! www.caiofabio.com | www.vemevetv.com.br D A D O S O B R E O A U T O R Rev. Caio Fábio D‟Araújo Filho Amazonense, casado, quatro filhos. Converteu-se ao evangelho em junho de 1973. O encontro com Jesus Cristo revolucionou a sua existência, resgatando-o de um viver desesperado, e transformando-o num apaixonado pregador do evangelho. Em 1974 iniciou seu ministério de TV através do programa “Jesus, Esperança das Gerações”, que após três anos passou a se chamar “Pare e Pense”, hoje transmitido pela Rede Bandeirantes de Televisão. Este ministério se expande agora com o Projeto VINDESAT. Em janeiro de 1977 foi ordenado pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil, à qual pertence. Fundou a VINDE − Visão Nacional de Evangelização, missão que preside desde 1978, e que tem servido de apoio ao seu ministério de evangelização. Tem realizado cruzadas em todo o Brasil e no exterior. Conferencista, tem participado como palestrante convidado de eventos de alcance mundial na Europa, União Soviética, América Latina e Estados Unidos. Além de evangelista e conferencista, dedica-se com entusiasmo a produzir livros, que muito têm contribuído para a edificação da Igreja Evangélica do Brasil. Traduzidos vários deles ao espanhol, alcançam já a América Latina e a América do Norte, tendo sido publicados, até outubro de 1988, 21 títulos, dos quais 7 estão em processo de distribuição em países de língua espanhola. Foi evangelista do Presbitério de Manaus (74-76), pastor da Igreja Presbiteriana Central de Manaus (77-80) e pastor da Igreja Presbiteriana Betânia, em Niterói (81-84). É membro da Fraternidade Teológica Latino-Americana e da Comissão Presbiteriana de Evangelização, como também presidente da VINDE − Visão Nacional de Evangelização, entidade interdenominacional que presta serviços às igrejas evangélicas na área de reflexão teológica, cruzadas de evangelização pelo Brasil e exterior, atuando também na produção de programas de televisão.
  • 5. Fora do Caminho da Graça em Cristo, não há caminho a ser feito! www.caiofabio.com | www.vemevetv.com.br P R E F Á C I O O presente texto é resultado de uma série de palestras sobre o tema “Espírito Santo”, que realizei no ano de 1982. Naquele tempo eu era pastor titular da Igreja Presbiteriana Betânia, em Niterói, e sentia, no dia- a-dia da minha existência pastoral, como a temática do Espírito Santo era mais que uma doutrina ou um fato abençoador na vida de muitos daqueles irmãos e irmãs. Na realidade este assunto constituía para eles um elemento doutrinário altamente perturbador. Prova disso é que quase todas as semanas eu era abordado por pessoas que traziam consigo frustrações, perplexidades e até enfermidades emocionais pelo fato de terem tido algum tipo de má-relação com grupos chamados carismáticos. Ora, como pastor, o que muito me perturbava era a constatação de que elas acabavam, além de enfermas, um tanto cínicas com respeito ao genuíno poder do Espírito de Deus. Também havia aqueles que não criam nas ações contemporâneas do Espírito, atribuindo quase sempre tais maus- contatos espirituais ao fato de o Espírito já não estar em ação em nossos dias, razão por que as chamadas experiências com ele não passavam de meras experiências psicológicas, sendo vivenciadas com todos os riscos que tais relações trazem em si mesmas. No entanto, como estava e estou convencido de que não há má-relação com o Espírito, o que sobrava para mim a nível de conclusão era a dedução de que tais pessoas haviam se relacionado com uma mera caricatura do Espírito. Eu não negava que houvessem tido alguma experiência com o Espírito. No entanto estava convencido de que a saúde de nossas relações ─ tanto com os homens como Deus ─ depende fundamentalmente do modo como entendemos a pessoa com a qual nos relacionamos. Assim, uma criatura maravilhosa pode se tornar num elemento de promoção de enfermidade emocional, se aquele que lhe devota tal amizade é alguém que a encara numa perspectiva errada, distorcida. Foi por isso que resolvi entregar-me a estes estudos, que lhe chegam agora às mãos na forma de livros. Minha intenção era traçar alguns perfis que pudessem orientar aqueles irmãos no seu discernimento de experiências carismáticas. Alguns autores foram minhas fontes originais de inspiração ou confirmação de pensamento. Entre eles destaco especialmente John Stott (“O Batismo e a Plenitude do Espírito Santo”) e Michael Green (“Creo en el Espíritu Santo”, livro ainda não traduzido para o português). Além desses, houve ainda dezenas de pequenos textos que no curso de minha vida têm não só me influenciado como constituído fontes de inspiração. Digo tudo isso a fim de deixar bem claro que as idéias aqui defendidas não são originais. Original é apenas a maneira de dizê-las, ou seja, meu modo particular de dizer coisas. Além disso, fiz tal tentativa, substanciando o livro, tanto quanto possível, em minhas próprias experiências a fim de tornar evidente que não estou tratando de algo a cujo respeito simplesmente ouvi falar, mas referindo-me a coisas que não só tenho experimentado, como inclusive encontrado vasta fundamentação bíblica. Por ser este um livro cheio de ilustrações relacionadas também à minha própria vida, acredito que me trará alguns problemas. Primeiro, porque alguns amados irmãos de teologia bastante reformada poderão afirmar que fui longe demais na questão dos “dons espirituais”. Certamente muitos ficarão chocados com minhas opiniões pessoais nesta área. Por outro lado, alguns amados irmãos de teologia pentecostal talvez digam que andei para trás no que se refere à minha persuasão do que seja “batismo com o Espírito Santo”. Isso porque minhas idéias sobre a contemporaneidade dos dons espirituais podem ser entendidas como excessivamente carismática, para o sofisticado sabor dos mais tradicionais. Por outro lado, minhas convicções sobre o que seja batismo com o Espírito Santo serão certamente entendidas como excessivamente moderadas e decepcionantes, para o gosto mais picante da fé pentecostal.
  • 6. Fora do Caminho da Graça em Cristo, não há caminho a ser feito! www.caiofabio.com | www.vemevetv.com.br Preferi no entanto correr o risco de ser julgado dessa forma, porque estou convencido de que apesar dos riscos e das inevitáveis cons que tais “julgamentos” humanos trazem, haverá um grupo imenso de irmãos e irmãs que se identificarão com a posição aqui advogada. Esses são aqueles que conhecem suficientemente a Bíblia e o Espírito Santo, a ponto de não se atreverem, a afirmar que ele limitou e circunscreveu seu exuberante poder aos dias apostólicos. Esses mesmos também são suficientemente aferrados à compreensão a respeito da imensurável graça de Deus a ponto de se recusarem a aceitar que ele se haja restringido a certas expressões temperamentais ou religioso- evangélico-pentecostal-culturais. Em outras palavras: eles crêem que o Espírito age ainda hoje e age como quer e de diferentes modos em diferentes grupos. Como membro de uma igreja de teologia chamada tradicional, sinto-me perfeitamente à vontade para dizer que muitas vezes, em nossas teologias, reservamos um lugarzinho para o Espírito Santo, sendo amiúde nossa intenção muito mais não ofender o Espírito, através de nosso silêncio a seu respeito, do que realmente conhecê-lo e conviver com ele de forma consciente e profunda. Finalmente, quando você já se prepara para dar início à leitura deste livro, faço-lhe dois pedidos. O primeiro é que o leia com coração de ouvinte. Afinal de contas, o texto foi transcrito de sua forma falada, sendo, portanto, natural que nele apareçam muitas das maneiras usuais desse tipo de comunicação. O segundo pedido é que você tente não ser “reformado” ou “pentecostal” em sua leitura, mas exclusivamente cristão ─ em harmonia com a beleza e a simplicidade neotestamentária do que significava ser um cristão nos primórdios da fé. Dessa forma você irá perceber que não obstante simples e teologicamente leve, pelo menos do ponto de vista dos mais exigentes na matéria, ele irá fazer um grande sentido com a Bíblia e com o bom-senso com os quais a ação de Deus deve ser interpretada na História. Rev. Caio Fábio D‟Araújo Filho
  • 7. Fora do Caminho da Graça em Cristo, não há caminho a ser feito! www.caiofabio.com | www.vemevetv.com.br Capítulo I QUEM É O ESPÍRITO SANTO? Seguramente o Espírito Santo é a pessoa da Trindade que menos atenção tem recebido no curso da história da Igreja, bem como por parte dos teólogos nestes dois mil anos de reflexão teológica. Muito se fala sobre Deus o Pai e como ele age. Também a Cristologia (doutrinas relacionadas à obra de Cristo) tem recebido atenção especial, e a tal ponto que muitas vezes nem sabemos que fazer com tantas teologias a respeito da natureza e da obra de Jesus. Quanto ao Espírito Santo, aparece em doutrinas mofadas nos pesados livros de teologia sistemática, os quais muito raramente o povo de Deus abre e folheia; só mesmo os teólogos mais meticulosos o fazem. Há também um elemento imensamente contraditório relacionado à doutrina do Espírito Santo. Isso porque não obstante ele seja a Pessoa mais gregária por excelência na Trindade ─ ele é o supremo edificador, agindo na perspectiva da promoção da Unidade desde a dimensão da matéria física (da qual é o sustentador) até a vida espiritual da Igreja (da qual é o unificador) ─, sua doutrina tem sido pomo da discórdia, o elemento mais significantemente divisor da Igreja de Cristo no curso da história. No entanto, mesmo essa história ─ tão dividida em nome daquele que veio para unir ─ não nos permite negar-lhe a realidade de que o Espírito Santo tem agido. O Espírito também tem sido objeto de compreensões cristãs a mais variadas, na maioria das vezes má compreensão. Pois é essa má compreensão acerca do Espírito Santo que ora faz dele um mero agente especial em pequenas reuniões de oração carismática, ora transforma em “energia” de Deus, uma espécie de força santa que age em nosso favor. Por outro lado, é comum acontecer de não o conseguirmos relacionar de modo claro, específico, a uma pessoa que sente. A maioria de nós não pensa nele como Pessoa e como Deus. Então quem é, de fato, o Espírito Santo? Antes de mais nada faço esta afirmação categórica ─ que aliás talvez à grande maioria pareça redundante: O Espírito Santo é Deus. Ele não é uma emanação secundária da divindade, como pensava o presbítero Ário, de Alexandria, aí por volta do ano 300. Ário propagara a doutrina de que Deus, o Pai, criara Jesus Cristo, o Filho, e o Filho criara o Espírito Santo e o enviara à Terra. Essa doutrina ganhou algum espaço na Igreja Cristã, até que no ano 325, o credo niceno estabeleceu que Deus-Pai, Filho e Espírito Santo, são igualmente Deus; ou seja, um só Deus em três pessoas. Podemos afirmar que o Espírito Santo é Deus em razão de alguns elementos básicos significativos que estabelecem esta sua caracterização. O ESPÍRITO SANTO É DEUS 1. O Espírito Santo é Deus porque Sua natureza é divina; e a natureza básica essencial da divindade é espírito. Em João 4:24 Jesus fala sobre a natureza essencial de Deus, e afirma que Deus é espírito. Ora, se Deus é espírito, e o Espírito Santo é o espírito de Deus, e consequentemente tem a mesma natureza divina, resta-nos afirmar que ele é da mesma substância essencial da divindade. 2. Ele é Deus porque estava presente na criação quando tirou as coisas do nada, do vazio, e do vazio fez o cosmos. É o que diz Gênesis 1:1-2. No princípio “criou Deus”, diz o v. 1 de Gênesis cap. 1. “Criou” vem do verbo hebraico bara, que significa “tirar do nada”. O texto de Gênesis poderia então ser lido assim: “No princípio tirou Deus do nada os céus e a Terra. A Terra, porém, era sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do abismo, e o Espírito de Deus pairava sobre as águas”.
  • 8. Fora do Caminho da Graça em Cristo, não há caminho a ser feito! www.caiofabio.com | www.vemevetv.com.br 3. Ele é o mantenedor da vida, por isso é Deus. Em Jó 34:14 e 15 encontramos uma das mais belas e significativas afirmações bíblicas a esse respeito: “Se Deus pensasse apenas em si mesmo e para si recolhesse o seu Espírito e o seu sopro, toda carne juntamente expiraria e o homem voltaria ao pó”. O que o texto está dizendo é que quem energiza, quem sustenta toda vida, os corações latejando, o sangue correndo; quem preserva a fotossíntese dos vegetais; enfim que mantém vivo tudo que tem vida é o Espírito de Deus. No Salmo 104 encontramos também a mesma afirmação de que o Espírito Santo é o mantenedor da vida. Confirme isto lendo o trecho entre os v.5 e 30: “Lançaste os fundamentos da Terra, para que não vacile em tempo nenhum. Tomaste o abismo por vestuário e o cobriste; as águas ficaram acima das montanhas; à tua repreensão fugiram, à voz do teu trovão bateram em retirada. Elevaram-se os montes, desceram os vales, até o lugar que lhes havias preparado. Puseste às águas divisa que não ultrapassarão, para que não tornem a cobrir a Terra. Tu fazes rebentar fontes no vale, cujas águas correm entre os montes; dão de beber a todos os animais do campo; os jumentos selvagens matam a sua sede. Junto delas têm as aves do céu o seu pouso e, por entre a ramagem, desferem o seu canto. Do alto da tua morada regas os montes; a terra farta-se do fruto de tuas obras. Fazes crescer a relva para os animais, e as plantas para o serviço do homem, de sorte que da terra tire o seu pão; o vinho, que alegra o coração do homem, o azeite que lhe dá brilho ao rosto, e o pão que lhe sustém as forças. Avigoram-se as árvores do Senhor, e os cedros do Líbano que ele plantou, em que as aves fazem seus ninhos; quanto à cegonha, a sua casa é nos ciprestes. Os altos montes são das cabras montesinhas, e as rochas o refúgio dos arganazes. Fez a lua para marcar o tempo: o sol conhece a hora do seu ocaso. Dispõe as trevas, e vem a noite, na qual vagueiam os animais da selva. Os leõezinhos rugem pela presa, e buscam de Deus o sustento; em vindo o sol, eles se recolhem e se acomodam nos seus covis. Sai o homem para o seu trabalho, e para o seu encargo até a tarde”. E assim o salmista vai passo a passo descrevendo a criação magnificente e grandiosa de Deus, até declarar: “Que variedade, Senhor, nas tuas obras! Todas com sabedoria as fizeste; cheia está a Terra das tuas riquezas. Eis o mar, vasto imenso, no qual se movem seres sem conta, animais pequenos e grandes. Por ele transitam os navios, e o monstro marinho que formaste para nele folgar. Todos eles esperam em ti, que lhes dês de comer a seu tempo. Se lhes dás, eles o recolhem; se abres a mão, eles se fartam de bens. Se ocultas o teu rosto, eles se perturbam; se lhes cortas a respiração, morrem, e voltam ao seu pó. Envias o teu Espírito; eles são criados e assim renovas a face da terra”. Esse texto afirma que o Espírito Santo continua atuando hoje na perspectiva de renovação da natureza e do cosmos. Deus não apenas criou, mas continua mantendo, renovando e criando dentro da criação. O texto se refere, pois, à preservação da vida, dizendo que Deus prossegue mantendo-a através do envio do seu Espírito (v.30). Dessa forma poderíamos dizer que vivemos numa Natureza Carismática. Ou seja, poderíamos ver na chegada da primavera uma manifestação de uma espécie de pentecoste natural, uma explosão de graça, uma tremenda renovação da vida, um testemunho da permanente possibilidade de avivamento. Vendo a vida por essa perspectiva, o Cosmos se torna um grande sacramento. O Espírito Santo é uma entidade confinada e guetos carismáticos e aposentos escuros. Ele trabalha em todo o cosmos! 4. Ele é Deus porque é chamado Deus da Bíblia. Em atos 5:3 e 4, passagem que narra o caso da mentira de Ananias e Safira, bem como o juízo que Deus trouxe sobre eles, observe a palavra de Pedro: “Ananias, por que encheu Satanás teu coração para que mentisses ao Espírito Santo?” E conclui: “Não mentiste aos homens, mas a Deus”. O que Pedro diz é que mentir ao Espírito Santo é o mesmo que mentir a Deus. Ele é deus, pois é chamado de Senhor. II Coríntios 3 faz esta afirmação no v.17 diz: “Ora, o Senhor é o Espírito”; e no v. 18 ele diz; todos nós, “contemplando como por espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito”. Observe que à palavra Senhor segue-se uma vírgula, depois do que está dito: “O Espírito”. Ou seja; Paulo chama o Espírito de o Senhor. 5. O Espírito Santo é Deus porque possui atributos divinos. Em Hebreus 9:14 o apóstolo diz que o Espírito possui eternidade, ao chamá-lo de “Espírito eterno”. O Salmo 139:7 e 10 declara que o Espírito Santo possui onipresença, pois é capaz de estar a um só tempo em todo lugar. O salmista indaga: “... para onde fugirei da tua face? Para onde me ausentarei do teu Espírito? Se subo aos céus,
  • 9. Fora do Caminho da Graça em Cristo, não há caminho a ser feito! www.caiofabio.com | www.vemevetv.com.br lá, estás; se faço a minha cama mo mais profundo abismo, lá estás também; se tomo as asas da alvorada e me detenho nos confins dos mares, ainda lá me haverá de guiar a tua mão e a tua destra me susterá. Se eu digo: As trevas, com efeito, me encobrirão, e a luz ao redor de mim se fará noite, até as próprias trevas não te serão escuras: as trevas e a luz são a mesma coisa”. O Espírito do Senhor tem onipresença! ─ é o que declara este salmo. Diz ainda a Bíblia que ele tem onipotência. Lucas 1:35 fala sobre a concepção milagrosa de Jesus no ventre de Maria quando foi engendrado pelo poder do Espírito Santo, e a sombra do Altíssimo cobriu Maria. O interessante é que na imediata do texto conclui-se dizendo que “não haverá impossíveis para nenhuma das promessas do Senhor”, outra vez se criando uma conexão indissolúvel entre a obra do Espírito Santo (na concepção de Jesus) e a onipotência de Deus (aquele para quem não há impossíveis). Também nos é dito, em I Coríntios 1:10 e 11, que o Espírito Santo tem onisciência. “... o Espírito a todas as coisas perscruta; até mesmo as profundezas de Deus” ─ diz Paulo. Ele sabe tudo. Não existe mistério algum para ele; nada lhe é oculto; as maiores profundidades da inteligência e da divindade são inteiramente discernidas por ele. 6. O Espírito Santo é Deus porque possui nomes divinos. Em I Coríntios 3:16 ele é chamado de Espírito de Deus. Em Isaías 11:2, de “Espírito do Senhor”. Em Isaías 61:1, de “Espírito do Senhor Deus”. E em II Coríntios 3:3, de “Espírito do Deus vivente”. Lembre que a primeira afirmação que fiz sobre quem é o Espírito Santo foi que ele é Deus. Para a maioria das pessoas isto pode soar óbvio. O fato, entretanto, é que não poderíamos tratar dos assuntos aqui relacionados sem primeiro dizer quem é o Espírito Santo. O ESPÍRITO SANTO É UMA PESSOA O Espírito Santo é Deus e é também uma Pessoa. Ele não é uma energia impessoal, uma mente fria, sem personalidade, sem coração. A Bíblia não coloca o Espírito Santo na categoria do Isto, da Coisa, mas do Tu, da Pessoa. Há no entanto muita confusão a esse respeito, inclusive nos meios evangélicos. Não que afirmemos teológica e doutrinariamente que ele seja apenas uma Coisa Santa. Mas a verdade é que nós nos relacionamos muitas vezes com ele, e oramos a ele como se ele não passasse de uma energia, uma força. Você já observou que as nossas orações, quando relacionadas ao Espírito, muitas vezes lhe atribuem apenas pode energético? Oramos: “Ò Deus, manda a força do Espírito, o poder do Espírito, a influência do Espírito...” De onde virá essa idéia a respeito da impessoalidade do Espírito Santo? A mim me parece que essa idéia resulta da má compreensão das metáforas que a Bíblia usa para caracterizar, manifestar e expressar a pessoa do Espírito. Se não vejamos: Em João 20:20, Jesus associa o Espírito ao fôlego. Jesus aparece aos seus discípulos e os saúda: “Paz seja nesta casa”. Em seguida sopra e diz: “Recebei o Espírito Santo”. O Espírito aparece pois associado ao fôlego, ao sopro. Em João 3:6-8 ele o associa ao vento; “O vento [ou pneuma] sopra onde quer”. E acrescenta: “...não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo o que nascido do Espírito”. Dessa maneira volta à nossa mente essa idéia de vento. Em atos 2:1-3 o Espírito se manifesta como fogo: “... e apareceram distribuídas sobre eles línguas como de fogo”. Portanto, quando o Espírito se manifestou no dia de Pentecoste, o elemento que ele escolheu para expressar a si mesmo foi o fogo. O próprio João Batista já havia dito que o batismo do Espírito Santo seria também batismo com fogo: “Aquele que vem após mim vos batizará com Espírito Santo e com fogo”. Ora, tudo isso me traz à memória uma singela história vivida por mim e Ciro, meu mais velho. Na ocasião ele tinha uns três anos, e mostrava muita curiosidade por alguns assuntos de teologia. Um dia ele me perguntou: ─ Papai, Deus sabe tudo? ─ Sabe! ─ respondi. ─ Se ele sabia de tudo, por que então criou Adão, se sabia que Adão ia pecar, papai? ─ Meu filho ─ esclareci ─, eu pensei nisso pela primeira vez aos 13 anos. Você pensou 10 anos antes de mim...
  • 10. Fora do Caminho da Graça em Cristo, não há caminho a ser feito! www.caiofabio.com | www.vemevetv.com.br E tentei explicar como pude. Uns dois ou três dias depois, eu estava em casa, à tarde. Ventava demais. Ele vinha chegando do quintal, cansado, suadinho, com o rosto cheio de terra. ─ Papai, eu queria ser cheio do Espírito Santo. Como é que faço? O que é o Espírito Santo? Eu não sabia como explicar e como poderia me fazer entender. Fui para o quintal com ele. Nosso quintal era muito arborizado; ventava muito. O cabelo de Ciro, um pouco grande, começou a se agitar. ─ Você está sentindo esse vento em nossa direção? ─ perguntei. ─ Estou. ─ Pense como seria se este vento tivesse a capacidade de amar, de sentir, de saber tudo, de estar em todo lugar, de morar no seu coração. Ele estava olhando para mim, atento e curioso. Então acrescentei: ─ O Espírito Santo é como esse vento. Com a diferença de que é um vento que ama; é uma “pessoa”. Ele pensou, respirou fundo, e disse: ─ Ah, papai, eu quero ficar cheio do Espírito Santo. Ora, estou desejando aproveitar essa memória daquela minha conversa com o Ciro para dizer a você a mesma coisa: O Espírito Santo é Energia, é Força, é Poder, mas é sobretudo Pessoa. Vejamos as razões por que afirmamos que o Espírito Santo é uma Pessoa. 1. O Espírito Santo é pessoa porque pode entristecer-se. Em Efésios 4:30, Paulo diz: “E não entristeçais o Espírito de Deus, no qual fostes selados para o dia da redenção”. O Espírito Santo é uma pessoa capaz da tristeza, da dor e do sofrimento. Ele sofre quando eu peco, quando você peca. Ele vive em nós, e se entristece com as manifestações do nosso pecado. 2. O Espírito Santo é pessoa porque é capaz de sentir ciúmes. É Tiago que nos diz isto quando afirma: “Infiéis, não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de Deus? Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo, constitui-se inimigo de Deus. Ou supondes que em vão afirma a Escritura: É com ciúme que por nós anseia o Espírito, que ele fez habitar em nós?” (Tg. 4:4,5). Quando traímos a Deus através dos nossos pecados, ambiguidades, contradições negações da fé, amasiamentos com o mundo, o Espírito de Deus sente ciúmes, como o marido, quando a mulher adultera, e vice-versa. Ele sente ciúmes do adultério moral (impureza) espiritual (idolatria), econômico (amor ao dinheiro), político (paixão e esperanças políticas mais acentuadas em relação ao programa humano que ao Reino de Deus). O Espírito não é simplesmente alguém que entra em nós de vez em quando e depois sai. Ele vem e fica. Além disso, ele não está presente apenas para energizar-nos a vida. Não: ele é uma Pessoa com a qual mantemos relações pessoais. E é o marido da nossa alma e da nossa consciência. 3. O Espírito Santo é uma pessoa porque pode gemer de dor empática, é capaz de sentir conosco as agonias da nossa existência. Este talvez seja o aspecto mais existencial da ação do Espírito na vida do cristão. Paulo diz: “Também o Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza; porque não sabemos orar como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós sobremaneira com gemidos inexprimíveis. E aquele que sonda os corações sabe qual é a mente do Espírito, porque segundo a vontade de Deus é que ele intercede pelos santos” (Rm. 8:26,27). O Espírito sente dores não apenas em razão de nossos pecados, mas também das nossas dores. Ele sente não somente as dores que nossos pecados causam nele, mas também as dores que sentimos. Paulo diz que o Espírito intercede por nós quando a nossa existência está imersa em profunda fraqueza. O Espírito é aquele que se revolve na nossa interioridade, nos levando a orar. É também ele que expressa o inexprimível da nossa alma diante de Deus com gemidos inexprimíveis, e faz orações coadunáveis com a perspectiva do Pai no que diz respeito a responder de acordo com as nossas necessidades. Foi por tudo isso que eu disse que provavelmente este seja o elemento mais existencial da ação do Espírito Santo na vida humana. Jean Paul Sartre afirmou que a vida é angústia. No caso dele era uma angústia angustiadamente solitária porque não havia ninguém com ele. Não obstante estivesse repleto de amigos ao redor, estava irremediavelmente sozinho. Mas quando se conhece o Espírito
  • 11. Fora do Caminho da Graça em Cristo, não há caminho a ser feito! www.caiofabio.com | www.vemevetv.com.br Santo, mesmo nos dias mais escuros da alma haverá alguém conosco, gemendo nosso gemido e orando o inexprimível para o Pai. 4 - O Espírito Santo é pessoa porque tem uma mente que pensa, e pensa de maneira livre! (Rm. 8:27) Paulo fala a respeito da “mente do Espírito”. Ele não é um programado; não é o mecanismo intercessor da Trindade. Ele não faz apenas aquelas coisas que desde a antiguidade foi determinado que fizesse. Não é mesmo surpreendente pensar no fato de que essa Pessoa da Trindade, que mora em nós, tem uma mente, e pensa? E tal poder de pensar acontece simultaneamente ao nosso! O Espírito que vive em nós é livre para pensar. É por isso que ouso afirmar que todo estado de paz mental é resultado de uma harmonização entre o nosso pensar e o pensar do Espírito. Quando penso numa direção diferente daquela na qual o Espírito pensa, então o resultado é angústia e depressão. 5. O Espírito Santo é uma pessoa porque é capaz de ensinar. Em I Coríntios 2:11 e 13, Paulo diz que o Espírito conhece e perscruta todas as coisas até as profundezas de Deus. No v. 13 está dito que ele não apenas as conhece e revela, como também as ensina, o que implica o fato de que nos ensina a pensar. Há sentido e há ordem quando o Espírito fala. Deus não fala com expressões sem sentido. O Espírito nos ensina a conferir coisa com coisa (I Co. 2:13). Daí a minha certeza de que, quanto mais sadiamente espiritual uma mente é, mais capaz de reflexão em bom-senso ele será. 6. O Espírito Santo é pessoa porque é capaz de falar. Este é, de acordo com os antropólogos, o maior sinal de pessoalidade consciente que um ser pode manifestar: o poder de falar. A Bíblia está repleta de textos que nos afirmam que o Espírito fala. Fala porque é capaz disso. E fala porque faz isso de modo perceptível e compreensível. O livro de Atos deixa isso muito claro, quando registra expressões como: “... disse-me o Espírito”, “falou-me o Espírito...” Em Atos 8:29 lemos: “Então disse o Espírito a Filipe: Aproxima-te desse carro e acompanha-o”. Em Atos 10:19,20, depois de ter Pedro uma visão, enquanto meditava sobre ela diz-lhe o Espírito: “Estão aí dois homens que te procuram; levanta-te, pois, desce e vai com eles (...)” Ou em Atos 13:2, onde está escrito: “... disse o Espírito Santo: Separai-me agora o Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado”. Vemos que o Espírito não falava apenas no Velho Testamento, aos profetas, mas neotestamentariamente é descrito como alguém que fala à Igreja. E ele não falava apenas à Igreja no primeiro século porque o cânon da Escritura ainda não estava terminado. Para os judeus na antiguidade ─ mesmo considerando que do ponto de vista deles a revelação tinha chegado ao fim ─ o Espírito era livre para continuar se comunicando. Isso porque eles faziam diferença entre o que o Espírito dizia e deveria ser escrito como Escritura, e o que ele dizia sem finalidade redatorial. É lamentável que boa parte da Igreja de Cristo no mundo não acredite mais que o Espírito fala. Pois ele fala quando ilumina a Escritura, mas também fala de acordo com os parâmetros bíblicos. Nem tudo que o Espírito fala é para ser escrito, mas tudo que ele fala deve ser ouvido. Uma das máximas do livro de Apocalipse é advertir as igrejas acerca do que o Espírito diz. “O Espírito diz às igrejas (...)” ─ é o que lemos. 6. O Espírito é pessoa porque tem vontade. Se não,veja o que a esse respeito diz a Escritura. Talvez a mais importante afirmação seja a de que ele distribui dons segundo seu alvitre, conforme lhe apraz! Ele tem volição, no sentido divino do termo (I Co. 12:11). 7. O Espírito é uma pessoa porque ama. A esse respeito Paulo diz: “Rogo-vos pelo amor do Espírito que (...)” (Rm. 15:30). O apóstolo menciona o amor do Espírito num texto cheio de apelo à solidariedade cristã: “Rogo-vos, pois, irmãos, por nosso Senhor Jesus Cristo e também pelo amor do Espírito, que luteis juntamente comigo nas orações a Deus a meu favor”. Paulo pede que os irmãos assumam uma espécie de integração de almas para interceder junto com ele, com base no amor do Espírito. Ora, nesta mesma perspectiva do amor, Neemias chama o Espírito de “o bom Espírito” (9:20). O Espírito Santo é realmente uma Pessoa. Ninguém pode entristecer o vento oriental. Ninguém pode despertar ciúmes no fogo, nem produzir paixão nas águas. Ninguém irrita a lei da gravidade. Mas ao Espírito é possível entristecer, enciumar, provocar paixão dolorida etc. O Espírito Santo é força, é poder, e é energia. Entretanto, e antes de tudo, ele é uma Pessoa ─ pessoa que sente, se entristece, tem ciúmes, geme de dor empática, tem uma mente, conhece, ensina, fala, tem vontade e ama.
  • 12. Fora do Caminho da Graça em Cristo, não há caminho a ser feito! www.caiofabio.com | www.vemevetv.com.br Capítulo II COMO AGE O ESPÍRITO SANTO? Neste capítulo estudaremos algumas das principais expressões de ação do Espírito Santo. Isso porque, como vimos no capítulo precedente, o Espírito é pessoa. E tal atributo é a propulsão essencial para a capacidade de agir com consciência. O Espírito age com base no que sente, pensa, sofre, ama e deseja. Em outras palavras, suas ações são todas coerentes com seu ser essencial. Neste capítulo estudaremos cinco das principais relações do Espírito Santo. Começaremos observando o relacionamento do Espírito com Jesus. O ESPÍRITO SANTO EM RELAÇÃO A JESUS 1. O Espírito foi o agente da fecundação de Jesus “Descerá sobre ti o Espírito Santo e o poder do Altíssimo te envolverá com a sua sombra; por isso também o entre santo que há de nascer será chamado Filho do Altíssimo” (Lc. 1:35). Este é um fato sobejamente conhecido. O milagre do nascimento de Jesus foi milagre do Espírito. Foi ele quem criou as excepcionais e milagrosas condições biológicas que permitiram a Maria conceber sem jamais ter tido relação sexual. Assim, Jesus não foi uma criação de Deus fora da criação, mas também não foi apenas o resultado comum e natural do ininterrupto processo humano de concepção e transferência ─ via concepção ─ de todos os nossos legados humanos de corrupção essencial. Jesus nasce de mulher herdando humanidade total, sem no entanto herdar pecados e corrupção essenciais. 2. Foi o Espírito também quem ungiu Jesus. Jesus, que sumariou o Deus eterno ─ o qual se encarnou nele, se engendrou nele, porque era Deus ─, foi também ungindo pelo Espírito Santo. É o que nos diz Lucas 3:22, quando afirma que no batismo de Jesus veio o Espírito em forma corpórea, como pomba, e pousou sobre ele. Jesus é Deus ungido por Deus como homem, mostrando que nem Deus no homem quer ser homem sem a unção de Deus. O fato de que Jesus é ungido pelo Espírito nos mostra que não há possibilidade de se fazer ministério cristão sem a unção do Espírito. Nem Deus-homem age na história sem unção. Lucas 4:1 nos diz que Jesus estava cheio do Espírito Santo; o v. 14 do mesmo capítulo nos informa que ao voltar da tentação ele iniciou seu ministério no poder do Espírito Santo. O livro de Atos dos Apóstolos diz que ele foi ungido pelo Espírito para fazer o bem, curar e libertar a todos os oprimidos do diabo (10:38). 2. É o Espírito Santo que dá testemunho de Jesus. Em João 15:26, Jesus afirma que ele, o Espírito, daria testemunho dele, Jesus exaltá-lo-ia acima de tudo e antes de qualquer coisa. Jesus, em outras palavras, estava dizendo que o maior, mais profundo e essencial assunto e mensagem do Espírito Santo seria Jesus Cristo, sua morte, sua ressurreição, sua sabedoria, seu poder salvador e seu senhorio. Assim é o Espírito que glorifica. Acerca disso Jesus afirma: “Ele me glorificará porque há de receber do que é meu” (Jo. 16:14). Após a obra terrena de Jesus, ele veio habitar o coração dos crentes. Em João 16:7, Jesus diz: “Convém que eu vá, porque se eu não for, o Consolador não irá para vós outros; se, porém, eu for, eu vo-lo enviarei”. O interessante é que, no cap. 14, v. 14 de João,
  • 13. Fora do Caminho da Graça em Cristo, não há caminho a ser feito! www.caiofabio.com | www.vemevetv.com.br Jesus fala da companhia do Espírito Santo na comunidade dos discípulos. Jesus diz: “Ele habita convosco”. Ou seja: “Ele está influenciando tudo; está trabalhando o coração de vocês nesses três anos do meu ministério”. Mas, então Jesus promete que o Espírito não apenas habitaria com eles, mas estaria neles, não mais como uma simples influência no ambiente, mas como presença real no interior, no coração, invadindo tudo, se embrenhando em tudo: miscigenando-se, fundindo-se à alma deles; selando, lacrando, morando definitivamente em seu coração: “Ele habita convosco, mas estará em vós. 3. A ressurreição de Jesus é obra do Espírito Santo, Jesus ressuscitou dentre os mortos mediante a ação glorificante do Espírito Santo. Isto está registrado em Romanos 8:11: “Se habita em vós o Espírito daquele que ressuscitou Jesus dentre os mortos, esse mesmo que ressuscitou Cristo Jesus entre os mortos vivificará também os vossos corpos mortais por meio do seu Espírito que em vós habita. 4. O Espírito Santo foi o agente da entrega dos mandamentos aos discípulos. Em Atos 1:1 e 2, Lucas afirma que Jesus, antes de ser assunto aos céus, entregou mandamentos por intermédio do Espírito Santo aos apóstolos por ele escolhidos. Todo o seu ensino foi impresso na mente dos discípulos pelo poder da manifestação especial do Espírito Santo, que lhes gravou verdades na alma, mesmo antes do Pentecoste. O ESPÍRITO SANTO EM RELAÇÃO À PALAVRA 1. O Espírito Santo inspirou as Escrituras. Pedro diz a esse respeito “que nenhuma Escritura provém de particular elucidação humana; porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto homens santos falaram da parte de Deus movidos pelo Espírito Santo” (II Pe. 1:20,21). Não há, à luz desse texto, margem para qualquer debulhação críticas das Escrituras, ou para descobrirmos a teologia produzida por Paulo, Pedro, Tiago, ou quaisquer outros, como se concebidas por homens, divorciadas entre si e seccionáveis para estudos que saciem a curiosidade humana. A Escritura, muito ao contrário, revela-se como um todo; toda ela é inspirada pelo Espírito Santo, ainda que tal revelação tenha sido gradual e progressiva. Pedro incluía, entre aquilo que ele chamava de Escritura, as cartas de Paulo. Ainda em sua segunda epístola, cap. 3, v 16, o apóstolo faz referência a elas dizendo que se equiparavam às “demais Escrituras”. Diz o v. 16: “nas quais há certas coisas difíceis de entender, que os ignorantes e instáveis deturpam”. Pedro coloca as cartas de Paulo em pé de igualdade com Jeremias, Isaías, os profetas, o Pentateuco e tudo o mais. Ele as considera tão inspiradas quanto as outras partes da Palavra de Deus; corrompê-las equivalia, portanto, a deturpar a Escritura. Afirma-se assim, mais uma vez, a inspiração do Espírito na Palavra de Deus. Paulo, como homem, errou algumas vezes. Nem sua conversão o isentou de tal possibilidade. Todavia suas cartas foram mais que cartas. Foram cartas de Deus à Igreja e à História. 2. O Espírito Santo interpreta as Escrituras. Em Efésios 1:17 Paulo ora, pedindo a Deus que os homens recebam inspiração, iluminação e espírito de sabedoria e de revelação, no pleno conhecimento e discernimento das coisas de Deus. Dessa forma a iluminação do coração para discernir as Escrituras é obra do Espírito. Sem a iluminação do Espírito é possível conhecer muito da Escritura através dos instrumentos hermenêuticos. Também qualquer estudo histórico-técnico do texto bíblico é extremamente revelador em si mesmo, ainda que o estudioso não ore e nem creia no Espírito. No entanto, tais estudos e instrumentos só nos possibilitam sua compreensão objetiva. E sem dúvida a Escritura se permite tal análise. Contudo, seu significado para hoje como Palavra de Deus dirigida a nós como pessoas, não se dá, de modo nenhum, mediante os instrumentos hermenêuticos. Ele decorre da iluminação do Espírito Santo. E nesse sentido toda instrução e sabedoria do mundo são totalmente inúteis. Afinal, quando somos estimulados pela Escritura a nela meditar e a entendê-la, somos instigados a um estudo inteligente, conferindo coisas espirituais com coisas espirituais. Não há, entretanto, um estudo técnico da Escritura. Tais estudos são utilíssimos quando acompanhados de piedade e reverência diante da Palavra de Deus. Caso contrário eles são apenas estudos da letra morta da Palavra. Parece que foi exatamente isso que João quis dizer quando afirmou: “Quanto a vós outros, a unção que dele recebestes permanecem em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas como a sua unção vos ensina a respeito de todas as coisas, e é verdadeira, e não é falsa, permanecei nele, como também ela vos ensinou” (I Jo. 2:27).
  • 14. Fora do Caminho da Graça em Cristo, não há caminho a ser feito! www.caiofabio.com | www.vemevetv.com.br 3. O Espírito transforma a Palavra de Deus em espada, Paulo diz, em Efésios 6:17, que ela é a espada do Espírito. Sem o Espírito, a Escritura é um livro que alguns teólogos céticos conseguem reduzir a quase nada. Sem ele, ela é lida, manifesta, e amiúde não produz os efeitos esperados porque, frequentemente, pregamos a Palavra movidos por presunção e não pela unção que faz da Escritura a Palavra-espada de Deus. Ela é espada, mas tem que ser usada pelo Espírito. Nas mãos do Espírito ela edifica; nas mãos de um ser humano presunçoso e nem temor de Deus ela é uma calamidade. Serve para dar base a qualquer loucura humana. Nas mãos do Espírito a Escritura golpeia o pecado, constrói o amor, defende a verdade, promove a justiça, consola o aflito e entroniza Jesus, mas, nas mãos do espírita, por exemplo, ela exalta Chico Xavier, porque ele a interpreta de forma completamente errada, dela se aproveitando de modo desastroso. 4. O Espírito Santo torna a Escritura uma realidade escatológica: “Quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo aquilo que tiver ouvido, e vos anunciará as coisas que hão de vir” (Jo. 16:13). É portanto o Espírito Santo quem dá à Escritura essa característica preditiva. Jesus diz que o Espírito viria e anunciaria as coisas que haveriam de acontecer. Por isso, quando leio Paulo em II Timóteo, que fala das coisas referentes aos “últimos dias”, ou o Apocalipse, e encontro predições sobre as últimas coisas, meu coração é confortado, pois tenho o respaldo de Jesus, ensinando e avisando que quando o Espírito viesse daria à Palavra e à mensagem esse cunho escatológico e preditivo. Por isso, ao estudarmos os elementos escatológicos contidos no Novo Testamento, as doutrinas das últimas coisas, sentimos a segurança de não estarmos lidando com sonhos humanos, mas com verdades de Deus para o futuro. 5. Foi o Espírito Santo quem trouxe a Palavra de Deus à memória dos discípulos (Jo 14:26). Como pôde Mateus lembrar-se de todas aquelas coisas? E João? Marcos narra basicamente fatos, o que é sem dúvida mais fácil de recordar. Ele escrevia as reminiscências de Pedro. Lucas fez sua coletânea de “assuntos em ordem”. Entretanto, João apresenta mais do que fatos. Ele diz: “E o Senhor disse...” e, então, nos apresenta em detalhes discursos inteiros de Jesus, palavra por palavra. Como tal memória poderia ser tão precisa sem a ação direta e relembradora do Espírito Santo? Quando ainda jovem na fé eu lia o evangelho de João e me questionava: “Meu Deus, sem um gravador para gravar tudo isso... Como pôde esse homem reter tanta coisa?...” Mas é aí, que vem a palavra de Jesus e tira essa crise canônico-tecnológica da nossa mente, quando diz: “Quando o Espírito Santo vier, ele vos fará lembrar de tudo quanto eu vos tenho dito”. Os teólogos liberais tiveram muita dificuldade em acreditar que o Evangelho era a expressão original dos ensinos de Jesus, porque lhes faltava a dimensão “carismática” do modo pelo qual a Palavra foi “preservada” na “memória” dos apóstolos e da Igreja. O ESPÍRITO SANTO EM RELAÇÃO AO MUNDO 1. O Espírito Santo convence o mundo do pecado, da justiça e do juízo (Jo. 16:8). É ele quem dá ao homem convicção de pecado, neste nosso mundo onde dia-a-dia as consciências se entorpecem, se cauterizam; neste mundo onde certas correntes da Psicologia ensinam que sentimentos de pecado são apenas subproduto de condicionamentos de opressões culturais, sociais e religiosas, nada mais. E que não existe nenhum absoluto que possa julgar a conduta e a vida humana, porque todos os absolutos foram relativizados. Numa sociedade como a nossa, somente o Espírito Santo pode convencer o homem do pecado. A sociedade brasileira tem atingido índices inimagináveis de sodomia e perversão. Temos uma das televisões mais sujas do mundo, e a maior expressão de orgia pública do planeta e da história da raça humana, que é o carnaval. Neste país e nesta sociedade sem consciência, somente o poder do Espírito Santo pode convencer do pecado. Só o Espírito Santo pode persuadir de pecado o ser humano identificado com a cultura deste século. Todas as vezes que vejo alguém considerado “entendido” chorando, quebrantado, eu me regozijo com o milagre. Ele convence da justiça. Convence não apenas do fato de que Deus é justo, mas de que ele é justo e justificador. Quando Jesus afirmou esta obra do Espírito, ele estava falando sobretudo da justiça e da justificação. O Espírito Santo convence da possibilidade de se ficar em paz com Deus, com a consciência tranquila; e traz convencimento da justificação. Após convencer do pecado e da possibilidade da justificação, se o homem confrontado com essas coisas não se apropria delas com fé
  • 15. Fora do Caminho da Graça em Cristo, não há caminho a ser feito! www.caiofabio.com | www.vemevetv.com.br e arrependimento, o Espírito então o convence do juízo, da condenação que vem sobre o diabo e todos aqueles que se fazem seus filhos pela obediência aos seus desejos (Jo. 8:44). 2. É o Espírito Santo quem detém o poder do anticristo. Em II Tessalonicenses 2:6-8, Paulo fala da vinda do anticristo, da apostasia dos últimos dias e do poder que hoje detém tal manifestação, para que esse mistério da impiedade seja manifesto apenas em ocasião própria. Literalmente é assim que o apóstolo diz: “Com efeito, o ministério da iniquidade já opera e aguarda somente que seja afastado aquele que agora o detém. Há quem diga que quem detém a vinda do anticristo é a igreja. Outros afirmam que é o poder político que está impedindo a manifestação do anticristo. No entanto, o que penso é que quem detém o anticristo é o Espírito Santo. Mas à luz do v. 6, seria difícil pensar que é o Espírito, porque o pronome que aparece aí ─ “e sabeis o que detém” ─ tem no original um sentido totalmente impessoal, não é pessoa, mas força, energia. Mas o v. 7 anula o questionamento, quando o chama de aquele, atribuindo-lhe pessoalidade: ou seja, é uma força pessoal que o detém. E a única força pessoal capaz de deter o anticristo na história é o Espírito Santo. É por isso que até aqui o anticristo não se manifestou. Têm aparecido os Hitlers, os Idi Amins, os Khomeinis da vida, mas o Espírito do Senhor continua detendo a manifestação final. No entanto, chegará a hora em que o Espírito cessará de deter, e essa manifestação será como uma das evidências, claras e inequívocas, de que a vinda do Senhor está próxima. 3. O Espírito Santo trabalha em toda a Terra. Apocalipse 5:6 diz que o Espírito de Deus é “enviado pro toda a Terra”. Viajo frequentemente de avião em alturas muito elevadas. Olhando para baixo avisto choupanas mínimas, em lugares inóspitos. A primeira vez que atravessei o Atlântico e vi lá do alto as ilhas Canárias, pensei: “Meu Deus, tua Palavra me diz que o Espírito do Senhor está trabalhando em vidas ali!” Algumas vezes sobrevoei o deserto do Saara. De vez em quando apareciam povoados. Com a mente cheia do que Jesus dizia, repetia para mim mesmo: “E o Espírito de Deus será enviado por toda a Terra para aplicar a salvação em Jesus, e para derramar o conhecimento de Deus sobre a Terra assim como os mares enchem e cobrem a Terra”. O ESPÍRITO SANTO EM RELAÇÃO AO CRENTE As relações do Espírito Santo com o cristão devem ser descritas na categoria existencial. Quando falo em categoria existencial estou me referindo a coisas experienciais, que se provam verdadeiras a partir de relações interiores e místicas com o Espírito. Neste particular dois extremos podem ser hoje observados: o teólogo-doutrinário, que diz que tudo que os cristãos têm que ter do Espírito é conhecimento teológico; e o pentecostal e neopentecostal, que dão ênfase unicamente à condição existencial, experiencial da relação com o Espírito. As Escrituras nos apresentam a validade dos dois aspectos apenas se eles estão juntos. Separados, são deformantes e redutores do projeto da Bíblia, quanto a ensinar qual deva ser a legítima relação do cristão com o Espírito. Dessa forma, na Bíblia, esses dois aspectos se fundem equilibradamente. Tenho que ter conhecimento teológico de quem é o Espírito Santo; entretanto esse conhecimento tem que ser experiencial ─ precisa produzir realidades existenciais, mudanças em minha vida. 1. O Espírito Santo é quem nos regenera, nos transforma numa nova criação de Deus, nos faz nascer de novo (Tt. 3:5 e Jo. 3:5). Sem a obra do Espírito, não há nada novo no coração humano. Somente o Espírito gera uma nova criatura. A moral social faz surgir um moralista. Os compromissos cívicos fazem aparecer um cidadão responsável. A política faz desabrochar um homem crítico e esperto. A religião faz nascer um filantropo. O amor pela família torna o ser humano menos egoísta. Mas nenhuma destas coisas faz nascer o novo homem, segundo a imagem de Deus. “Quem é nascido da carne”, disse o Senhor Jesus. Somente o “lavar renovador e regenerador do Espírito Santo” pode fazer aparecer o ser humano cidadão do reino de Deus. Qualquer outra perspectiva de fazer o Novo Homem sem um encontro radical, essencial, revolucionário e dramático com o Espírito é totalmente utópica e fadada ao fracasso. Neste século tivemos um tremendo exemplo disso ─ a derrota do comunismo no seu intento autônomo de resolver o problema da natureza humana de fora para dentro, apenas com pão e justiça social. O fracasso foi tão retumbante que dispensa maiores comentários. Ainda neste mesmo filão de raciocínio, devo afirmar que a
  • 16. Fora do Caminho da Graça em Cristo, não há caminho a ser feito! www.caiofabio.com | www.vemevetv.com.br própria igreja-instituição tem sido outro exemplo desse desastre humano quanto a produzir o novo homem sem o Espírito. A trágica história do Ocidente está intrinsecamente ligada à história da Igreja. A Europa, os Estados Unidos e a América Latina foram teoricamente continentes cristãos. Mas esse cristianismo não impediu tais sociedades de se imortalizarem pelas maiores atrocidades já cometidas na história humana. Sem o Espírito, não há o novo homem segundo Deus, mesmo que haja abundância de cristianismo. 2. O Espírito Santo é nossa garantia de salvação. Paulo diz em Efésios 1:13 e 14 que Deus colocou o Espírito no coração como “penhor da nossa herança até o resgate da sua propriedade, em louvor da sua glória”. O que é penhor? Penhor é algo que se deixa como garantia de que se vai voltar para efetuar o pagamento; de que se vai retornar para cumprir uma promessa. Veio o Senhor e deixou o Espírito como penhor, como garantia absoluta da nossa salvação, como prova de que não só estamos salvos como também ele voltará um dia, ressuscitará nosso corpo mortal e o tomará como propriedade exclusiva sua, para louvor eterno de sua glória. 3. O Espírito Santo é nossa garantia de comunhão com Deus. Em I João 3:24 está dito: “E aquele que guarda os seus mandamentos permanece em nós, pelo Espírito que nos deu”. Eu permaneço em Deus, Deus permanece em mim. Sei que ele permanece em mim pelo Espírito que me deu. No cap. 4, v. 13 de I João está escrito: “Nisto conhecemos que permanecemos nele, e ele em nós, em que nos deu do seu Espírito”. Ninguém tem que conflitar-se a esse respeito. Não se angustie com questões do tipo: “Não sei se ainda tenho comunhão com Deus... Se a perdi...” “Deus está aí, em e com você, morando em seu coração! Você tem o Espírito em você. Acredite nisto! Se você tem o Espírito e tem comunhão com ele, e ele com você, ele permanece em você, e você permanece nele. Aproprie-se disto, pela fé. 4. O Espírito Santo é nossa consolação. Em João 14:16, Jesus prometeu enviar “outro Controlador”. Este “outro” estabelece uma equivalência comparativa. Os discípulos de vez em quando se sentiam desanimados, tristes, alquebrados: “Deixamos tudo para te seguir ─ a casa, a família, a pesca, tudo. Que vamos fazer agora?” Jesus vem e os conforta: “Ouçam, vocês vão ter aqui cem vezes mais. Quanto ao que está por vir, nem dá para falar”. Então, eles retrucam: “Somos os párias do mundo! O que vai ser de nós?” Jesus responde: “Você vão reinar, vão governar no reino de Deus”. Agora Jesus está prestes a partir, e eles estão murchos, deprimidos... Jesus lhes diz: “Pensem na mulher; quando ela está para dar luz ela fica abatida, sente dores! O que vocês estão sentido agora são as dores do parto da salvação. Eu vou sentir as agonias. Mas vocês estão vivendo à sombra desta hora de agonia. A vida, no entanto, não é só parto. A cruz não ficará erguida para sempre. Eu vou ressuscitar. Vocês então vão ficar alegres como a mulher quando ao ter o filho, toma-o nos braços, chorando, e diz: „Graças a Deus! Meu neném!‟ A ressurreição vai fazer isso. E mais ainda: Vou mandar-lhes um outro Controlador”. Pode-se observar que não obstante Jesus tenha ido para o céu, o livro de Atos não nos passa nenhuma impressão de nostalgia ou sentimentalismo. Pedro não se queixa: “Há, que saudade do Senhor! Estou triste; tudo tão vazio! Estou a ponto de ser consumido de angústia!” Isso não aconteceu porque o Senhor derramou o seu Espírito, um outro Consolador. Ele subiu ao céu, mas a Igreja ficou retumbante como nunca, alegre, poderosa, transbordante do Espírito Santo. Ela tem a presença do Consolador, presença animadora do Senhor, do próprio Jesus. 5. O Espírito Santo é quem dá acesso ao Pai em orações mediante Jesus (Ef. 2:18). Ou seja, por intermédio de Jesus nós nos aproximamos de Deus, “temos acesso ao Pai em um Espírito”. Jesus também disse “que Deus é espírito e importa que seus adoradores o adorem em espírito e em verdade”. Na minha maneira de entender, Jesus estava dizendo a mesma coisa que Paulo posteriormente disse, conforme o texto de Efésios transcrito acima. Não apenas temos que adorar a Deus em espírito, mas também adorá-lo no Espírito. Em outras palavras: não há qualquer possibilidade de relação da alma humana com Deus a não ser no Espírito Santo. Quando Jesus disse que a adoração seria em espírito (espírito com “e” minúsculo), ele estava afirmando a adoração como tendo que ser livre de quaisquer materialismos condicionantes do sagrado a tempo e espaço (“nem neste monte nem em Jerusalém é o lugar onde se deve adorar”). No entanto ele não estava ensinando o culto a Deus como uma possibilidade fenomenológica inerente ao espírito humano no seu estado de queda. O homem é capaz de ânsias pelo sagrado mesmo enquanto caído e alienado; no entanto não está apto de fato a cultuar a Deus, a menos que tal culto se dê no Espírito Santo.
  • 17. Fora do Caminho da Graça em Cristo, não há caminho a ser feito! www.caiofabio.com | www.vemevetv.com.br 6. Ele é nosso intercessor espiritual. Devemos aqui fazer uma diferença entre intercessor existencial e judicial. A Bíblia diz, em I João 2:1 e 2, que Jesus é nosso parácleto, nosso advogado, nosso intercessor judicial: “Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o justo; e ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro”. Mas em Romanos 8:26, o Espírito Santo é colocado como o nosso intercessor existencial. Jesus intercede pelo que fiz de errado. Ele tira, elimina a culpa. Mas o Espírito Santo intercede existencialmente, tentando me livrar de cair no erro, de ser dominado pela fraqueza. Isto é o que diz Romanos 8:26. 7. O Espírito é nosso vínculo vital com Jesus. É impossível alguém afirmar que é de Jesus se não tem o Espírito Santo ─ conforme a teologia de Atos 19. Nesse texto vemos que os discípulos encontrados em Éfeso se diziam discípulos, tinham cara de discípulos, sabiam alguma coisa de Jesus, e não obstante todas as realidades aparentes, ignoravam que o Espírito Santo existia. A Bíblia diz em Romanos 8:9 que “se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele”. Quem é de Jesus tem o Espírito do Senhor. 8. O Espírito Santo é quem transforma nosso corpo ─ enrugado, cansado, estressado, gasto, exausto ─ em santuário de Deus. I Coríntios 6:19 diz que nós somos templos vivos, onde Deus habita. E nossos sentimentos, atitudes, motivações e pensamentos são a liturgia viva desse culto que tem que ser prestado a ele. 9. O Espírito é nossa fonte de sabedoria na tribulação. Mateus 10:20, Marcos 13:14 e Lucas 12:11 e12 são textos sinóticos, onde Jesus fala aos discípulos que na hora do aperto, da tribulação, da angústia, da opressão, dos tribunais, dos questionamentos; quando estivessem confrontados com homens maus e situações adversas, o Espírito lhes daria sabedoria, conforme deu a Estevão ─ de forma tão tremenda, profunda e poderosa que ninguém lhe poderia resistir. 10. O Espírito Santo é nossa fonte de vida existencial. Em João 7:37-39, Jesus, no grande dia da Festa dos Tabernáculos, em Jerusalém, disse: “Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva”. E João interpreta assim suas palavras: “Isto ele disse com respeito ao Espírito que haviam de receber os que nele cressem; pois o Espírito até esse momento não fora dado, porque Jesus não havia sido ainda glorificado”. Com isso Jesus declarando que a vida cristã tem que ter uma fonte existencial cotidiana e sobrenatural. A intenção de Jesus era que o Espírito nos livrasse da angústia de uma vida seca e sem propósito. Ele nos propiciaria a novidade de uma fonte que não se esgota. 11. O Espírito é quem contemporaneamente julga os cristãos. Atos 5:1 em diante, narra o fato de que o Espírito exerceu juízo sobre Ananias e Safira, que haviam mentido, enganado, usado de hipocrisia. Deus julga hoje, em plena “época” da Graça. Existe uma outra idéia da Graça, segundo a qual o Deus que ama não julga. Mas de acordo com I Coríntios 11:32 ele nos julga para que não sejamos condenados com o mundo. Julga na Ceia, julga pelo Espírito, julga pela Palavra; julga a nossa vida pelas expressões de dor e perplexidade que nos acometem. 12. O Espírito Santo quem nos santifica. II Tessalonicenses 2:13 afirma que nós fomos escolhidos “para a salvação, pela santificação do Espírito”. Em I Coríntios 6:11 também está claro o fato de que o Espírito nos santifica, mas não apenas metafisicamente. Paulo, no contexto antecedente, diz que os impuros, beberrões, adúlteros, injustos, maldizentes, ladrões, não herdarão o reino dos céus. A seguir declara: “Tais fostes alguns de vós”. A Igreja de Corinto era uma grande casa de recuperação, um hospital, uma comunidade terapêutica: “Tais fostes alguns de vós”. Em outras palavras, isto é o que Paulo diz: “Viestes para cá beberrões, prostitutas, lésbicas, sodomitas, homossexuais, mas fostes feitos de fato santos. Se não, veja o texto: “Tais fostes alguns de vós, mas vós vos lavastes; mas fostes santificados (...) no Espírito”. Tal significação podia realmente ser vista na vida deles através de mudanças práticas e perceptíveis. 13. É o Espírito quem fortalece o nosso íntimo (Ef. 3:16). Ele fortifica o nosso homem interior com “dynamis”, com poder maravilhoso, para não sermos como aquelas horríveis hienas: “Ó mês, ó dia, ó ano, ó azar!...” Quando lemos o livro de C.S. Lewis, “Cadeira de Prata”, conhecemos um sapo chamado Paulama, que murmura: “Ó dia” Não vai dar certo! Dia de sol é prenúncio de dia de chuva...” Mas o que acontece para quem tem Jesus no coração é algo maravilhoso: vem o Espírito e fortalece o coração com poder; o homem interior com “dynamis”, com explosão, com força miraculosa.
  • 18. Fora do Caminho da Graça em Cristo, não há caminho a ser feito! www.caiofabio.com | www.vemevetv.com.br 14. É o Espírito que nos inunda de amor na tribulação, nas situações amargas e difíceis. Romanos 5 contém a conhecida sequência que fala da tribulação que produz perseverança; a perseverança, experiência; e a experiência, esperança. Após o que o Espírito de Deus se derrama no coração. Há uma especial inundação do Espírito no coração do cristão que persevera esperançoso em Deus. 15. O Espírito é o Espírito da alegria. Essa alegria não é simples resultado de música alegre, animada ─ uma espécie de festival evangélico. Pode até ser; de vez em quando isso é bom. Mas alegria espiritual não é brincadeira; é fruto do Espírito do Senhor em nossa alma. O Reino de Deus não é comida nem bebida. Não é através disso que sou feliz. Não é pelo fato de me fartar de delícias que me encho de contentamento. Paulo afirma que o Reino de Deus não é nada disso; pelo contrário, “é paz, justiça e alegria no Espírito Santo”. Em I Tessalonicenses 1:16 Paulo dia que a Igreja de Tessalônica, mesmo em meio à tribulação, “transbordava de alegria no Espírito Santo”. 16. É o Espírito que nos concede a mente de Cristo. O Espírito conhece as profundezas de Deus. Só ele sabe realmente o que Deus pensa. E é ele quem compartilha conosco o pensar de Deus. Dessa maneira podemos alcançar o milagre de termos a “mente de Cristo” (I Co. 2:14,15). A harmonização da nossa mente com a mente de Cristo é, portanto, obra do Espírito, mediante sua capacidade de imprimir as mais fortes impressões do caráter e da vontade de Deus em nossa mente. Tal trabalho não nos dispensa a relação com a Palavra de Deus na nossa conformação mental a seus padrões. Todavia, requer-se de nós mais que leitura e estudo da Palavra. É necessário que se mantenha essa relação com ela enquanto se assume singeleza intelectual. Através de tal singeleza nossa mente se oferece ao Espírito de Deus a fim de que ele nos “imprima” a Palavra de Deus no coração. Essa atitude nos assegura uma relação com a revelação dos referenciais básicos da mente de Deus (a Palavra), enquanto se tem também percepção da mente de Cristo em relação aos aspectos particulares da nossa vida (pela aplicação que o Espírito faz da Palavra). Ou seja: a Bíblia nos oferece a certeza de como é o caráter de Deus. Mas é mediante uma profunda relação com o Espírito que somos capacitados a discernir quais são os aspectos da mente de Cristo que têm relação com nossa vida individual. Tal discernimento é a especificação da vontade de Deus com respeito a nós, e que se dá dentro dos referenciais do caráter de Deus, conforme definidos de maneira inequívoca na Escritura. 17. É o Espírito quem nos proporciona a vida e paz. Romanos 8:6 diz que “o pendor da carne dá para a morte, mas o pendor do Espírito dá para vida e paz”. Isso porque ele nos capacita também a viver em obediência à vontade de Deus, ainda que libertos da lei. Romanos 8:4 diz que agora estamos aptos, capacitados pelo Espírito a cumprir a lei do Espírito e da vida, porém isentos da lei moral. Isso parece contraditório, mas não é. De fato, Cristo nos libertou da lei moral a fim de que vivamos a vontade de Deus. A lei moral é inobedecível porque determina que a relação do indivíduo com ela tem que ser obediência objetiva absoluta. Caso contrário se está morto. No entanto, a fé cristã nos apresenta nossa relação com Deus como sendo livre da moral, a fim de que sejamos escravos do seu amor. Para muitos, isso pode parecer a mesma coisa, mas não é. No primeiro caso (da lei moral), o indivíduo é pressionado à obediência de fora para dentro. São preceitos externos que se tornam nos referenciais da vida dele. Já no segundo caso (escravidão ao amor de Deus), nossa obediência é resultado de um constrangimento de amor não culposo que é derramado pelo Espírito da graça no nosso coração. A lei gera uma obediência assustada e culposa. O Espírito da graça dá origem a uma obediência livre, santa, nascida no interior do ser. É o que diz Gálatas 5:23 quando afirma que quem ainda no Espírito manifesta o fruto do Espírito, que é “amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, mansidão e domínio próprio”. No final desta afirmação Paulo diz: “Ora, contra estas coisas não há Lei”. Não há lei porque o amor cumpre toda a lei, daí resultando que aquele que a cumpre não se sente cumprindo. Ele apenas experimenta a sensação de estar vivendo em obediência ao amor de Deus. Tudo isso é obra do Espírito no nosso coração: “Andai no Espírito, e jamais satisfareis as concupiscências da carne” (Gl. 5:16). 18. É o Espírito quem dá testemunho da nossa filiação a Deus. E para que se alcance esse objetivo não é preciso haver qualquer forma de condicionamento mental, ou lavagem cerebral do tipo que enfia convicção na cabeça das pessoas pela via de repetições como esta que se ouve por aí: “Meu filho, você é filho de Deus; você já fez essa declaração, lembra? Você é filho de Deus, e filho
  • 19. Fora do Caminho da Graça em Cristo, não há caminho a ser feito! www.caiofabio.com | www.vemevetv.com.br de Deus, é filho de Deus...” Faz-se muito disso em nossos dias. Contudo, o que a Bíblia diz em Romanos 8:16 é que”o próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus”. 19. É o Espírito quem nos conduz à imagem de Cristo. Em II Coríntios 3:18 está dito que nós estamos sendo trabalhados, esculpidos, transformados e burilados pelo Espírito à medida que contemplamos a glória do Senhor como que por um espelho. Vemos a imagem de Cristo no espelho da Palavra. Mas essa contemplação não é ainda nítida. Vemos como que em diagonal, contemplando a imagem às vezes turva. No entanto, o Espírito Santo está agindo em nós, fazendo com que nos conformemos à imagem de Cristo que estamos vendo na Palavra. Se olharmos para Jesus, dia a dia o Espírito nos vai tornando mais semelhantes a ele. E quando o Senhor vier e nos transformar plenamente na sua imagem glorificante, esta terá sido também uma obra do Espírito em nossa vida. O ESPÍRITO EM RELAÇÃO À IGREJA Neste ponto temos de admitir que vamos trabalhar sobre um ideal, não exatamente em torno de nossas constatações contemporânea. O que estou querendo dizer é que o que aqui vai ser tratado não diz respeito às nossas observações sobre a Igreja, mas ao ideal contido nas Escrituras, com referência ao Espírito Santo movimentando-se nela e nela produzindo trabalho. Em outras palavras: não estou descrevendo o que a Igreja é, mas o que ela pode ser, caso de renda ao Espírito. 1. O Espírito Santo faz da Igreja seu grande santuário. É o que está dito em I Coríntios 3:16 e 17, onde a palavra “santuário” aparece num contexto no qual se fala em edificação da Igreja ─ seus alicerces. Paulo afirma que aqueles que destruírem o santuário de Deus (que é a Igreja), Deus o destruirá. O apóstolo não está se referindo a cristãos como indivíduos-santuários de Deus ─ apesar de em I Coríntios 6:19 serem eles individualmente assim chamados. Mas no contexto de I Coríntios 3:17 e 18, a idéia que nos vem à mente é que o apóstolo está se referindo à Igreja, nomeando a templo. Quando dizemos, por exemplo, que vamos esta à porta da Igreja, estamos tomando isto no sentido material. A Igreja a que a Escritura se refere tem em Jesus a sua Porta. Essa Igreja pode inclusive estar reunida debaixo de uma mangueira, um pé de Jamelão, uma jaqueira. Ela existe em qualquer lugar onde haja cristãos juntos, congregados. Ali onde há dois, três ou mais reunidos está uma catedral do Senhor. E mesmo que não estejam juntos, é dessa maneira que o Espírito vê a Igreja ─ uma grande Catedral espiritual, conforme diz I Pedro 2;5 e 6. Pedro neste texto também a chama de “casa espiritual para habitação de Deus no Espírito”. Efésios 2:20,21 a nomeia “casa”, santuário que está sendo dedicado e consagrado ao Senhor. A primeira relação, pois, que o Espírito Santo mantém com a Igreja é nesse nível ─ de santuário, catedral, casa espiritual onde ele habita. É o verdadeiro templo, onde se oferecem sacrifícios espirituais para o louvor de Deus em Jesus Cristo. 2. O Espírito Santo habita também em síntese qualitativa na Igreja. Em Efésios 1:22 e 23, Paulo diz que Deus estabeleceu Cristo como cabeça e Senhor de tudo, e lhe deu a Igreja para ser o seu Corpo; e mais: que ela agora é habitada pela plenitude daquele que enche os cosmos. O Deus que extrapola tudo e todas as coisas que habita nela em síntese qualitativa. É a plenitude daquele que tudo enche em todas as coisas. O interessante é que Efésios 4:3 e 4 não nos permite separar a Igreja do Espírito. Neste texto, falando sobre a unidade do Espírito, o vínculo da paz, Paulo diz que “há um só Senhor, uma só fé, um só batismo”. Ao afirmar que há um só corpo, ele não coloca uma vírgula para em seguida afirmar que há um só Espírito. Ele não separa as expressões, de modo nenhum ─ nem mesmo em termos literários, Paulo diz “Há somente um corpo e um Espírito”, porque é impossível fazer referência à Igreja como Corpo de Cristo, sem falar do Espírito. 3. É o Espírito quem promove a vida comunitária da Igreja. Encontramos esta verdade registrada em Atos 2:42 a 46. O Pentecoste aconteceu, o Espírito banhou, lavou a Igreja, se derramou sobre ela. Contudo, a mais caracterizadora demonstração de que ele trabalhou nela não foi exclusivamente o dom de língua; tampouco os milagres. Acima de tudo, o que mais marcou sua presença e atuação foi o estilo de vida comunitária que ela passou a vivenciar. Essa é a evidência maior, a preocupação
  • 20. Fora do Caminho da Graça em Cristo, não há caminho a ser feito! www.caiofabio.com | www.vemevetv.com.br principal de Atos. Lucas descreve como, depois do Pentecoste, a Igreja passou a viver uma vida comunitária intensa. Eles repartiam seus bens, perseveravam na doutrina dos apóstolos, no partir do pão e nas orações, comendo com singeleza e alegria de coração. E todos tinham tudo em comum. Essa é uma das manifestações mais poderosa do Espírito de Jesus nas igrejas: a intensificação da Koinonia, da comunhão, da troca, da vida que se doa, se integra, se mistura na vida dos irmãos. 4. O Espírito promove a unidade da Igreja (Ef. 4:3). É “a unidade do Espírito no vinculo da paz”, no Corpo de Cristo. Sem o Espírito seríamos a mais dividida e beligerante de todas as comunidades. As nossas inúmeras divisões não nos permitem ver ainda aquilo que seríamos se o Espírito não estivesse agindo em nós. Mesmo extremamente divididos, ainda somos um povo que se entende sob a mesma bandeira. A prova disso é que apesar das inúmeras nomenclaturas, quando as coisas nos assolam, atingem o Corpo de Cristo, logo que descobrimos que somos filhos do mesmo Pai, temos que viver na mesma família e nos amar com amor fraterno. 5. O Espírito que faz da Igreja a comunidade portadora da mensagem viva da salvação. Somente ele pode tomar essa igreja de gente complicada que somos e transformá-la numa mensagem para o mundo. Em II Coríntios 3:2 e 3, Paulo chama a Igreja de Corinto, não obstante ela mesma, de “carta viva”, escrita no coração para se manifestar e lida por todos os homens. A simples evidência disso vem do fato de que o testemunho da fé chegou até nós. Já são dois mil anos de testemunho em meio às mais variadas contradições da Igreja. Sua ambiguidades são inúmeras, mas a mensagens continua a ser lida na vida daqueles que vivem Jesus na comunidade da fé. 6. Foi o Espírito quem controlou e dirigiu a evangelização da Igreja Primitiva. Este é um ponto que nos interessa tratar apenas como idealismo, visto que nos nossos dias nem sempre é o Espírito que se dirige a genuína evangelização. Quase sempre quem diz hoje onde a Igreja tem que ir e determina o que ele deve fazer são nossos programas engabinetados, produzidos num local de administração fria, quase num esquema de marketing. Na Igreja Primitiva isto não acontecia; era o Espírito Santo que controlava de maneira soberana. Todavia, é somente o Espírito quem nos capacita à verdadeira evangelização, porque é exclusivamente ele quem concede poder para testemunho no mundo (At. 1:8). Ele enviou evangelistas a lugares improváveis, mas onde havia necessidade (Al. 8:29). Foi o caso de Filipe, que evangelizara multidões nas cruzadas de Samaria. E agora é um evangelista consagrado naquele lugar. Mas vem o Espírito Santo, acaba com todo aquele frenesi e diz: Filipe, “Dispõe-te e vai para a banda do sul, no caminho que desce de Jerusalém a Gaza [percurso de 33 a 40 km, mais ou menos]; este se acha deserto”. Imagine o impacto de tal notícia para um homem de multidões ─ cruzadas em Samaria, povo se convertendo! Vem o Espírito e o direciona a algo aparentemente absurdo: “Vai para aquela estrada deserta, evangelista!” Mas ele era obediente. Ele foi, encontrou o eunuco, evangelizou, e algo fantástico aconteceu. Assim, é também o Espírito quem deve determinar a esfera de atividades dos seus evangelistas. Quando Filipe acabou de evangelizar o eunuco e o batizou, diz a Bíblia que o Espírito do Senhor arrebatou Filipe. Ele “veio a achar-se em Azoto”. Não escolheu campo missionário: estava no meio do deserto, acabou de batizar, de repente se desmaterializou. Diz a Bíblia que o eunuco não o viu mais. O homem evaporou! E se materializou em Azoto. O mesmo processo de soberania do Espírito aconteceu em relação à conversão da casa de Cornélio. É o Espírito quem se manifesta a ele através do anjo. É ele que esvazia de preconceitos a mente de Pedro, a fim de que entenda que seria válido ir à casa de um gentio. É ele que se derrama poderosamente no momento de sua pregação. Ele monta todo o esquema da salvação da casa de Cornélio, e o faz de maneira soberana. Ainda mais: separa missionários e os envia. Atos 13;13 diz: “Separai-me agora a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado”. Ele impede certos alvos missionários e conduz outros. Em atos 16:6-10, vemos Paulo desejando ir para a Bitínia, na Ásia. Entretanto, o Espírito não o permitiu. Ele tentou duas vezes, mas não foi. O Espírito o empurrou para o coração da Europa ─ porque esse era o plano de Deus.
  • 21. Fora do Caminho da Graça em Cristo, não há caminho a ser feito! www.caiofabio.com | www.vemevetv.com.br Capítulo III PLENITUDE DO ESPÍRITO SANTO Quando comecei a estudar o tema Plenitude do Espírito Santo, deparei-me com duas significativas surpresas. A primeira dela é que no Novo Testamento, em momento algum encontramos a expressão “Plenitude do Espírito Santo”. Para quem acredita que ao referir-se a ela está usando um termo eminentemente neotestamentário, fica a surpresa. O que acontece é que inúmeras bandeiras teológicas e doutrinárias se erguem com base em expressões como esta, digladiando-se sem que nem ao menos possam justificar inclusive a expressão em função da qual entram numa acirrada guerra ─ guerra tola, sem sentido, inócuas e não bíblica. Isto mostra quanto das nossas divisões doutrinárias e teológicas se levanta sobre chavões e tradições infundadas. Isto me faz lembrar o que aconteceu no meio dos israelitas, quando Jefté ─ tendo saído a enfrentar um país inimigo ─ convidou a tribo de Efraim a ir junto. Ele se preparou com os gileaditas e convidou os efraimitas, mas estes não foram. Ao confrontar os adversários, eles os venceram; e ao voltar, encontraram os efraimitas irritados e belicosos, os quais lhes disseram: “Vocês foram enfrentar os inimigos e não nos chamaram?”. Jefté respondeu: “Mandei-lhes um recado, e como vocês, não vieram eu fui”. E os efraimitas contestaram: “Então por causa disto haverá guerra entre nós”. E começou a guerra entre gileaditas e efraimitas ─ irmãos, membros da mesma nação. Como resultado, Gileade venceu a guerra. Enquanto isso os efraimitas fugiram à noite, pelos vaus próximos ao Jordão, na terra de Gileade. E Jefté, querendo vencer definitivamente a peleja, declarou aos seus soldados que fizessem plantão nos vaus do Jordão, e sempre que chegasse um homem, lhe perguntassem: “De que tribo tu és?” E se a resposta fosse “Eu sou de Efraim”, deveria morrer. Mas como ninguém o diria, ele elaborou uma maneira de descobrir quem era e quem não era de Efraim. Disse então a seus homens: “Quando eles chegarem, vocês os detenham e ordenem que pronunciem a palavra “CHIBOLETE” ─ pois os de Efraim tinham dificuldades em pronunciar CHI, só conseguiam pronunciar SI. Assim, mal diziam “Si...”, não terminavam a palavra: a espada interrompia a prolação. Muitas das nossas questões evangélicas são tolas, ridículas. Uns falam de um jeito, outros de outro, e em razão dessas e outras ninharias nos identificamos como irmãos ou nos matamos uns aos outros nas nossas guerras fratricidas. A segunda surpresa que se tem quando se pensa no tema Plenitude do Espírito Santo é com relação ao verbo grego que aparece como equivalente a “ser cheio de”; empregado quase exclusivamente pelo evangelista Lucas. No Novo Testamento ele tem dois importantes usos. Em primeiro lugar, Lucas o empregou para denotar características gerais de pessoas. Em Lucas 4:1 lemos que Jesus estava “cheio do Espírito Santo”. Em Atos 11:24 diz-se que Barnabé, tendo ido a Antioquia, “vendo a Graça de Deus alegrou-se porque era homem bom, cheio de fé e do Espírito Santo”. Portanto, a idéia que Lucas apresenta quando usa esta palavra relaciona-se à característica dominante na vida da pessoa. Ele não emprega o verbo com aplicações exclusivas ao Espírito Santo.
  • 22. Fora do Caminho da Graça em Cristo, não há caminho a ser feito! www.caiofabio.com | www.vemevetv.com.br Ao contrário, ele também usa o verbo em relação a outras situações e com características negativas. Seja como for, tais ocasiões e situações nas quais o evangelista usa a expressão “cheio de” (mesmo naquelas em que se vale deles negativamente) nos serão muito úteis, pois nos ajudarão a entender o peso e o significado de tal expressão no Novo Testamento. Lucas 5:12, por exemplo, nos diz que um certo leproso se aproximou de Jesus, e que ele estava cheio de lepra; ou seja, ele estava tomado de feridas, do alto da cabeça à planta dos pés. Observe que no texto grego do Novo Testamento, Lucas usa a mesma expressão que também emprega para definir a plenitude do Espírito Santo. Em Atos 13:10, o apóstolo Paulo nos é apresentado tentando evangelizar o procônsul Sérgio Paulo, mas Elimas, o mágico, se lhe opunha. Elimas criava toda sorte de obstáculos a tudo quanto Paulo dizia. A ponto de, em meio à conversa, o apóstolo ─ cheio do Espírito Santo ─ o repreender, dizendo: “Ó filho do diabo, cheio de todo engano e de toda malícia, até quando não cessarás de perverter os santos e retos caminhos do Senhor? Eis aí está a mão do Senhor sobre ti, e tu ficarás cego por algum tempo”. E foi exatamente o que aconteceu a Elimas. Ora, no grego a palavra cheio, que aparece no texto ─ “cheio de todo engano e toda malícia (...)” ─, é a mesma usada por Lucas nas ocasiões em que ele se refere à plenitude do Espírito Santo. Nos exemplos por mim dados acima, a idéia que fica a respeito da palavra “cheio” é a de que tal pessoa “cheia” está repleta e totalmente dominada por aquilo: como o leproso (totalmente cheio de lepra) ou Elimas (totalmente cheio do engano e da malícia do diabo). Com relação a estar-se cheio do Espírito Santo, a idéia é de alguém habitualmente governado e controlado pelo Espírito do Senhor. No Novo Testamento, a expressão “cheio do Espírito” aparece também em contextos nos quais se permitem observar duas situações básicas às quais a expressão está relacionada: aquela que se refere a arraigadas características de toda uma vida com Deus, mas também à repentina inspiração de um momento. Em outras palavras: o Novo Testamento nos apresenta duas possibilidades de vivermos na presença de Deus cheios do Espírito Santo. A primeira delas é através, de um crescimento paulatino, diário, intermitente e contudo frequente, até o ponto de mantermos essa plenitude de maneira cada vez mais sistemática e contínua. A segunda situação na qual o Novo Testamento também apresenta essa idéia de plenitude do Espírito Santo é aquela na qual acontece como coisa que tem a ver com uma positiva crise de momento. Ou seja, o Novo Testamento nos lança duas possibilidades: a de que se fique cheio do Espírito Santo num crescente, num caminhar diário e paulatino com o Senhor, ou a de que essa plenitude sobrevenha através de uma crise poderosa, profunda, repentina, como uma manifestação inequívoca de Deus. Vejamos, então, no Novo Testamento, os textos que nos apresentam essa plenitude como vinda através de uma crise instantânea, e outros como um estado a ser desenvolvido gradativamente. A PLENITUDE DO ESPÍRITO COMO EXPERIÊNCIA DE CRISE Observemos agora a relação da plenitude do Espírito Santo com uma experiência de crise. Examinemos Atos 2:1-4, o conhecido texto que narra o Pentecoste, quando a plenitude do Espírito veio sobre os discípulos na forma de uma poderosa e repentina experiência carismática: “Estavam todos reunidos no mesmo lugar, quando de repente veio do céu um som como de um vento impetuoso e encheu a casa. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e passaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que falassem”. Neste texto a plenitude sobressai de repente: subitamente todos ficam cheios do Espírito Santo. Em Atos 4 a mesma experiência acontece: os discípulos, tendo sido oprimido pelas autoridades judaicas, uma vez postos em liberdade encontram-se com os irmãos e, alegres, felizes, fazem uma oração de gratidão pelo privilégio de sofrer em nome de Jesus. Exaltam a Deus, o Criador dos céus e da terra, e celebram sua soberania, referindo-se à sua obra no controle absoluto dos eventos aparentemente ingovernáveis relacionados à morte de Jesus. Depois disso eles oram pedindo a Deus que confirme a palavra que estão pregando em seu nome, operando sinais e prodígios enquanto pregam. Diz o v. 31 do cap.4 que quando acabaram de fazer estar oração houve um tremor de terra ─ tremor esse localizado ─, do
  • 23. Fora do Caminho da Graça em Cristo, não há caminho a ser feito! www.caiofabio.com | www.vemevetv.com.br qual o epicentro foi exatamente a casa onde se reuniam em oração. Era o Espírito do Senhor. E diz a Bíblia que “todos ficaram cheios do Espírito Santo”. Vale a pena lembrar ainda o texto de Atos 13:9, já referido neste capítulo. Trata-se da confrontação de Paulo e Elimas. Subitamente o apostolo interrompe a contradição de Elimas ─ Lucas diz que Paulo estava “cheio do Espírito Santo” ─, trazendo graves e duros juízos sobre a vida do bruxo, com as implicações imediatas. Os exemplos acima nos ajudam a entender que a plenitude do Espírito pode vir à nossa vida através de uma experiência de crise, numa reunião de oração, num instante de devoção, busca, quebrantamento, entrega, abrir de alma; pode vir de repente, num piscar de olhos, de maneira instantânea, pela intervenção de Deus. Em ocasiões diferentes na minha vida com o Senhor tenho experimentado plenitudes do Espírito que me vêm como experiências de crise. Deixe-me contar-lhe uma delas. Há alguns anos, certo dia após o almoço, dirigia-me ao escritório da VINDE, a missão que lidero, àquela altura em Manaus, hoje em Niterói, Rio de Janeiro. Quando ia chegando ali, um rapaz saiu lá de dentro ─ um paraibano normalmente muito alegre. Nesse dia ele não estava alegre, mas muito atordoado. Eu ia entrando porta adentro quando ele colocou a mão no meu estômago e disse, rápido como de hábito num paraibano: ─ Pastor, não entra, que ele fura o bucho! ─ O que? ─ perguntei. ─ Não entra, que ele fura o bucho! ─ Irmão, eu não estou entendendo nada, fale devagar. ─ Pastor, não entra que ele fura o bucho ─ repetiu. ─ Fura o que? ─ insisti. ─ Fura o bucho! Fura o estômago! Há um homem com uma faca aí dentro, ele vai furar sua barriga ─ explicou. ─ Ah, é? E quem é que está com uma faca aí dentro? ─ Um endemoninhado! ─ ele respondeu. Aí eu olhei pela fresta da porta e vi o rapaz responsável pelo tráfego de fitas cassete do programa de TV, PARE E PENSE, e um outro que trabalhava na publicidade do ministério, encostados à parede, rendidos ─ a parede branca, eles tão brancos quanto ela, num verdadeiro mimetismo. ─ O que foi que aconteceu aí? ─ perguntei. ─ Esse homem chegou endemoninhado com essa faca na mão e disse que se alguém abrir a boca pra dizer o nome de Jesus ele mata. Lá dentro os rapazes tartamudeiam: Nomeeee... Nomeee deee... Mas ele bota a faca no pescoço e eles não dizem mais nada. Minha secretária tinha conseguido se esconder no banheiro, e um dos moços escapara pela janela. E o paraibano, como não tinha entrado, achou que a melhor política era ficar do lado de fora. Disse a mim: “Pastor, entre! Fiquei pensando... É nessa hora que os cabelos ficam em pé, arrepiados. Pensei, e falei “Olhe, irmão, deixe-me avaliar isto bem, com oração”. Entrei, no meu carro, dei uma volta no quarteirão, orando: “Senhor, o que faço?” E me lembrei de procurar meu pai no templo. Fui lá, chamei-o, e disse-lhe: “Pai, está havendo, isto e isto. Senti o impulso de entrar, e enfrentar esse endemoninhado armado, mas confesso que também senti vontade de fugir. Por isso queria que o senhor orasse comigo. Vamos até lá juntos”. Então fomos e paramos à porta do escritório da VINDE. Oramos ao Senhor, e quando eu estava acabando de orar, sucedeu exatamente aquilo que o livro de Atos revela haver acontecido algumas vezes com os discípulos na Igreja Primitiva: num momento, de repente, a alma foi invadida por uma graça, um poder, um enorme júbilo no Espírito do Senhor. Então me veio a certeza absoluta de que aquela vitória estava de antemão ganha. Quando me percebi, estava saindo do carro, gritando no meio da rua. Ergui a voz e comecei a andar, clamando: “O que habita no esconderijo do Altíssimo e descansa à sombra do Onipotente, diz ao Senhor: Meu refúgio e meu baluarte, Deus meu, em quem cofio (...)”. E quando ia entrando, as pessoas dos escritórios vizinhos, da sorveteria ao lado, olhavam... Fui atravessando a rua e dizendo: “... Nenhum mal te sucederá, praga nenhuma chegará à tua tenda. Porque aos seus anjos dará ordens a teu respeito, para que te guardem em todos os teus caminhos. Eles te sustentarão nas suas mãos, para não tropeçares nalguma pedra. Pisarás o leão e a áspide, calcarás aos pés o leãozinho e a serpente. Porque a mim se apegou com amor, eu o livrarei; pô-lo-ei a salvo, porque conhece o meu
  • 24. Fora do Caminho da Graça em Cristo, não há caminho a ser feito! www.caiofabio.com | www.vemevetv.com.br nome. Ele me invocará, e eu lhe responderei; na sua angústia estarei com ele, livrá-lo-ei, e o glorificarei. Saciá-lo-ei com longevidade e lhe mostrarei a minha salvação”. Quando ia entrando, já gritando as últimas palavras deste salmo, o endemoninhado ─ que tinha cerca de um metro e oitenta ─ largou os moços e recuou. Ostentava uma faca enorme, de sapateiro, assustadoramente reluzente. Fui entrando, e ele foi gritando, antes mesmo que eu colocasse o rosto lá dentro: “Eu odeio este desgraçado. Ele é meu inimigo, eu o detesto!” E quando enfiei a cabeça dentro do escritório, ele voou para mim, com aquela faca horrível, e eu disse: “Em nome de Jesus sai dele!” Ele caiu uns dois ou três metros para trás, pegou a faca de novo, correu e eu insisti: “Em nome de Jesus, sai dele!” Ele caiu outra vez, apanhou a faca, caminhou uns passos e aproximou-a do meu rosto, tentando enfiá-la. Garanto que em qualquer outra circunstância eu teria ou me defendido, ou teria azulado dali. No entanto, o que aconteceu é que no meu coração não havia a menor dúvida de que faca nenhuma deste mundo entraria no meu rosto ou no meu corpo! Ele a aproximou bem rente ao meu rosto, sem conseguir movê-la. Sua mão foi sendo torcida. Parecia que guerreava. Então abriram-lhe a mão, a faca caiu, e ele caiu junto, aos meus pés. Aí exclamei: “Sai dele, em nome de Jesus!! E o demônio o deixou. Abrindo os olhos, atoleimado, espantadíssimo, perguntou: “Onde é que estou? Que lugar é este? Eu estava trabalhando lá no mercado... Sou sapateiro; estava cortando couro, quando senti uma personalidade entrar em mim. Não me lembro de mais nada”. Narro este fato apenas para mostrar que a manifestação da plenitude do Senhor pode nos alcançar como uma experiência de crise. Isso porque o que aconteceu comigo naquele dia foi sem dúvida uma dessas experiências. Eu estava cheio de medo e dúvida. Mas de repente o Espírito me invadiu com coragem e ousadia, que absolutamente naquela hora não existiam em mim. É importante saber que a plenitude do Espírito pode nos vir numa dessas crises. No entanto parece que o Novo Testamento ensina ─ em mais vezes e mais doutrinariamente ─ que a experiência de plenitude do Espírito Santo é comumente algo que acontece num processo gradativo, paulatino, galgado, perseguido diariamente, no nosso cotidiano. A PLENITUDE DO ESPÍRITO COMO UM PROCESSO NA VIDA Os textos que falam a este respeito são basicamente os seguintes: Atos 4:8, onde não se diz que Pedro ficou, mas que era cheio do Espírito Santo; Atos 6:5, onde o homem, para ser escolhido para o ministério de serviço na igreja não tinha de estar cheio do Espírito, mas ser cheio do Espírito. Na passagem de Atos 6 nos é dito que Estêvão era homem cheio do Espírito Santo. Também em Atos 13:52, onde a plenitude do Espírito se manifesta na vida dos discípulos, que “transbordavam da alegria e do poder do Espírito”, indicando um estado contínuo e crescente, não apenas uma crise repentina. Portanto, o Novo Testamento nos apresenta esses dois lados: uma experiência de crise, e também o galgar, o caminhar diário e cotidiano na presença de Deus, onde a realidade da plenitude do Espírito se vai consolidando. Para ilustrar isto, passo a narrar o que aconteceu conosco, durante um retiro que organizamos para jovens, em 1974. Àquela altura havia na igreja que servíamos, na cidade de Manaus, apenas uns 35 a 40 jovens. Para o retiro levamos conosco uns oitenta moços, não crentes. Eram, pois, cerca de cento e vinte ─ muito pouco sal para tanta massa! E foram quatro dias pavorosos, nos quais jejuei e orei da manhã à noite, pedindo ao Senhor que interviesse, que fizesse alguma coisa, que se manifestasse, que salvasse aqueles moços. Contudo nada acontecia. Havia uma confusão generalizada, uma leviandade total, uma indiferença absoluta. Nos cultos à noite era como se estivéssemos lutando de fato contra principados e potestades horroroso. No último dia, depois de ter orado e jejuado, estava pregando, quando no meio da pregação um moço que se sentara no primeiro banco fez “Uahh!!!” abrindo escancaradamente os braços, e fazendo a cadeira quebrar com o violento gesto. Aí foi aquela risada geral. Pensei comigo: “Meu Deus, decisivamente nada acontecerá neste retiro”. Atalhei meu “esboço” como pude, para terminar o sermão antes do tempo, e disse a mim mesmo: “Vamos despedir este povo”. Quando acabei de pregar comecei a ouvir ruídos... Alguns estavam sentados em torno do salão, onde havia madeira à volta, e batiam com o calcanhar atrás: bum, bum, bum, bum...
  • 25. Fora do Caminho da Graça em Cristo, não há caminho a ser feito! www.caiofabio.com | www.vemevetv.com.br Meu pai tinha estado conosco os quatro dias de retiro, e não disse uma só palavra. Ficou sentado lá atrás o tempo todo, apenas observando. Naquele mês ele estivera especialmente na presença de Deus, orando e jejuando. E durante vinte e um dias ─ não é que vinte e um seja um número místico, mas ele escolheu este referencial para orar e jejuar ─ ficou comendo pão e bebendo água apenas, orando, e pedindo a Deus que renovasse seu ministério e a Igreja. E continuava lá atrás. Então, para finalizar, eu disse: “Gostaria de chamar o meu pai aqui à frente para fazer uma oração, encerrando este retiro”. Ele veio andando pelo corredor. Meu pai usa muleta desde a mais tenra infância. Quando ia se aproximando, senti que alguma coisa começava a acontecer, em meio a um soberbo silêncio. Ele pegou o microfone e falou: “Amados irmãos, vamos orar ao Senhor”. E quando ele disse “Ò pai...” e pôs-se a orar, começou uma choradeira, um quebrantamento, e eu vi aqueles moços caindo de joelhos ─ algo incrível começou a acontecer naquele lugar! E lá estava eu, estupefato, boquiaberto. Então, pensei: Meu Deus, eu sussurrei, gritei, falei, e não aconteceu nada. Ele veio aqui, quietinho, com sua muleta, pegou o microfone e disse: “Ò Pai...” e o povo foi de chofre quebrantado. O nome disso é unção! Hoje temos pastores, esposas de pastores, presbíteros, diáconos, rapazes e moças líderes em muitas igrejas, todos convertidos naquela noite. Portanto, não vemos o fenômeno acontecer apenas no Novo Testamento; nossa própria vivência nos ensina que a plenitude do Espírito pode vir como uma experiência de crise, ou de forma mais normal, geralmente como uma progressão na rendição, na entrega, na vida que busca e se define dia a dia na presença do Senhor. Entretanto, a questão básica ─ já que sabemos como essas coisas podem acontecer em termos de manifestações ─ é perguntar como se dá a plenitude do Espírito Santo conforme o Novo Testamento; como chegar a ela. OS SETE PRINCÍPIOS SOBRE COMO OBTER A PLENITUDE DO ESPÍRITO Deste ponto em diante quero mostrar a você como o Novo Testamento nos apresenta a plenitude do Espírito. Em outras palavras: como é possível obter e manter essa plenitude. Pessoalmente acredito que este é o capítulo mais importante deste livro. Isto porque todas as outras coisas sobre as quais ainda irei tratar, só serão realmente importantes e úteis se as verdades relacionadas à plenitude do Espírito tiverem sido bem estruturadas na sua vida. Diálogo e Comunhão A plenitude do Espírito do Senhor pode vir à nossa vida pelo diálogo e a comunhão dos santos. O texto registrado em Lucas 1:40-41 nada nos diz, doutrinariamente, sobre ela. No entanto ele nos apresenta um princípio. Isso porque Isabel, mãe de João Batista, está grávida, tendo João no ventre como um ser de 6 meses. Ela recebe a visita de Maria, mãe de Jesus, que agasalha Cristo no ventre como embrião de um mês. Então Maria entra na casa de Isabel e faz uma saudação: “Graça e Paz!” E acontece que após essa saudação, o bebê João Batista no ventre de sua mãe estremece de alegria, fica cheio do Espírito Santo. O princípio, então, é este: a plenitude do Espírito pode vir à nossa vida numa relação dialogal. Quando uma pessoa tem dentro de si a obra estabelecida do Espírito Santo ─ gente em cujo interior o Espírito está formando realidades ─ ao se encontrar com outra, nessa troca pode surgir essa plenitude. Em algumas ocasiões, em reuniões de pastores, encontros de líderes, em colóquios agradáveis, numa troca farta de experiências e de informações daquilo que Deus está fazendo, não raramente ouço no final algum colega sugerir: “Bem, agora, irmãos, vamos orar um pouquinho porque já perdemos muito tempo hoje. Ainda não oramos. Vamos pedir ao Senhor que venha nos visitar”. E eu contesto: “Olhem, irmãos, vamos é agradecer ao Senhor pelo que ele já fez em nós, porque nessa relação dialogal nossa vida ganhou exuberância, ficou plena de tantas realidades do Espírito do Senhor que nosso coração está cheio de alegria”. Realmente, nessa troca de relações dialogais, na comunhão santa com homens e mulheres cheios do Espírito, nossa vida é enriquecida, e a plenitude do Senhor pode nos vir ao coração.