Este documento é uma revista eletrônica que contém artigos sobre vários temas religiosos e espirituais, incluindo os Templários, oração, Jesus Cristo e messianismo. No editorial, o editor-chefe apresenta a primeira edição da revista e explica que os artigos são adaptados de um blog, reunindo informações espalhadas em um formato mais conveniente para leitura.
1. Fé Mística
Revista
OS TEMPLÁRIOSe
quem eram esses temidos
misteriosos cavaleiros?
ORAÇÃO
descubra quais são os graus e obstáculos
que um momento de prece pode ter
JESUS CRISTO
uma outra história para o homem
que mudou o mundo
MESSIANISMO
por qual motivo milhares de pessoas
acreditam na chegada de um salvador?
2. EDITORIAL
Primeira Ediçao da Revista Fé Mística
Por João Ricardo, editor-chefe
É com grande entusiasmo e satisfação que escrevo esse primeiro Editorial da Revista
Fé Mística, um sonho que, enfim, se tornou realidade. É certo que ainda trata-se de
uma revista eletrônica, de suporte ao trabalho realizado no Blog Fé Mística. Mas,
ainda assim, é uma grande conquista. Porém, é como dizem, “um passo de cada vez”.
Primeiro o blog. Agora a revista eletrônica. Quem sabe em um futuro próximo
podemos produzir um impresso ou um trabalho audiovisual.
Mas sejamos realistas. A ideia inicial era de oferecer aos leitores do Blog um material
inédito e exclusivo. Essa proposta, no entanto, tornou-se inviável. Com isso, adaptei
alguns textos, já postados, para o formato de revista. Portanto, o material presente
nessa revista não é inédito, porém, está reorganizado para facilitar e otimizar a leitura
dos textos do Blog. O melhor exemplo disso é a reunião em um só espaço, contínuo,
dos posts com o tema de Templários. As informações sobre o começo, meio e fim da
Ordem, assim como outros detalhes, estão no mesmo espaço.
Eu desejo uma boa leitura e peço que entrem em contato comigo, para dúvidas,
queixas ou sugestões, pelo blog.
Um grande abraço
4. A
oração é essencial a todos que
cuidam da espiritualidade. Muitas
pessoas, no entanto, possuem dificuldade
em saber como orar. É verdade que não
existe uma técnica única, pois cada um
reza da maneira que mais lhe apraz. Mas,
segundo alguns místicos, entre eles Santa
Teresa de Ávila, é possível classificar a
Oração em níveis, que podem variar de
pessoa pra pessoa.
O primeiro grau
O primeiro grau é aquele em que a
pessoa ainda não possui a concentração
necessária para entrar em Oração. Isso
acontece devido à falta de costume e, por
consequência, da distração. Os
sentimentos ainda estão muito voltados
para o que é externo. Não é fácil entrar
em contato consigo mesmo e com aquilo
que é mais íntimo em si. Mas é preciso
persistir. Nenhum esforço será em vão.
Aos poucos, começa-se a conversar com
Deus sem uma oração formal. Apenas
seguindo aquilo que o coração diz.
Iniciando-se com reflexões e culminando
com o amor ao divino.
O segundo grau
O segundo grau pode ser chamado de
oração de quietude. Nesse estágio, há
uma grande tranquilidade para a mente.
Paz, satisfação e felicidade são sentidas
por aqueles que oram. A alma fica cheia
de Deus. Contém plenitude, graça; é bom
e agradável ao mesmo tempo. É uma
sensação que não pode ser descrita,
apenas aproveitada.
É um estágio que pode ir e voltar
algumas vezes durante a prática da
oração. Para alcançá-lo basta
abandonar as preocupações com as
coisas do mundo, permanecer quieto,
sem buscar palavras para agradecer ou
demonstrar arrependimentos. Não faça
nada, apenas sinta. Essa é a condição
para que se possa adentrar no segundo
grau de oração.
O terceiro grau
No terceiro grau, a mente, o pensam
ento, a memória e a imaginação ficam
muito mais sossegadas. Totalmente
entregues à oração. As sensações de
felicidade, paz e contentamento são
maiores do que no segundo grau.
Atinge-se um sentimento de devoção e
lágrimas de satisfação podem jorrar no
rosto.
O quarto grau
Nesse grau, há uma união mais estável,
intensa e profunda do que a anterior. É
como um estado de um imenso êxtase.
A mente já não se atrapalha com as
coisas mundanas e esse estágio não vai
e volta como nos anteriores, a mente
fica totalmente entregue à oração.
OBSTÁCULOS PARA A ORAÇÃO
É muito comum ouvir que a oração é
uma forma de se aproximar de Deus. E,
de fato, essa frase é correta. Quando se
ora, independente da religião, os
pensamentos estão voltados à
divindade. E, para Deus, são feitas
súplicas, agradecimentos, votos,
promessas e o quanto mais for
necessário para obter satisfação.
Acredita-se no divino e se encontra o
conforto necessário para uma vida de
fé e devoção.
5. No entanto, assim como se pode rezar de
muitas maneiras, também existem muitos
obstáculos para a Oração. Para
ultrapassá-los é preciso conhecê-los. Os
mais comuns e fáceis de serem superados
são a preguiça, um local inadequado ou a
falta de uma posição confortável.
Obstáculos também comuns, porém mais
fortes, são a falta de costume, falta de
vontade, falta de interesse, falta de
satisfação e falta de contentamento.
Superá-los vai depender dos reais
objetivos que se quer ao orar. Se a busca
for errônea ou fantasiosa logo haverá
desistência. Entretanto, se houver
disciplina e um início gradativo na
prática da Oração, logo o costume tornarse-á um importante aliado para superar os
obstáculos.
Um dia de trabalho cansativo e
estressante, como muitos tem por aí, é
um obstáculo natural para a Oração. Pois,
quando chega em casa, o trabalhador ao
invés de orar prefere dormir. Nesse caso,
uma boa solução é acordar mais cedo e
realizar a Oração pela manhã.
Manter-se preparado durante o dia
também é muito importante. É preciso
aprender a relaxar e ter concentração.
Sem ela não pode haver Oração. É
necessário, também, ter o controle sobre
as emoções, imagens e imaginação.
Enfim, é possível perceber que os
obstáculos que atrapalham a Oração são
os mesmos que atrapalham nossa vida
mental. Por isso, a importância da Oração
como alimento espiritual na vida das
pessoas. Pois orar é se libertar dos
próprios defeitos.
6. DIA MUNDIAL
DA RELIGIÃO
N
o mês de janeiro, mais precisamente
no dia 21, comemora-se o dia mundial da
religião. Essa é uma data de reflexão
sobre a grandiosidade e importância das
religiões para a população mundial.
A religião está presente na vida do
homem desde a pré historia. E, ainda
hoje, em pleno século 21, continua viva e
atuante em muitos países. Nem mesmo
os avanços da ciência e tecnologia foram
capazes de enfraquecer as crenças e
dogmas que a permeiam.
Para muitos, ela é uma ferramenta para
entender o mundo. Outros já a veem
como uma possibilidade de dominação.
Esses, na verdade, estão interessados em
usar a fé e boa vontade dos homens para
realizar os atos mais espúrios e imorais,
como a intolerância e o terrorismo, por
exemplo.
Mas, ainda assim, a religião é muito
importante na vida do ser humano, pois
ajuda a formar os valores éticos e morais
que permitem uma boa convivência em
sociedade. E, por ela, encontram-se
respostas para os fenômenos da natureza
que agem, direta ou indiretamente, sobre
a vida do homem e do planeta.
Quanto mais essas respostas se
aproximam das crenças de um indivíduo,
maior é sua fé, esse grande motor que
move as religiões. Realmente é
impressionante o que o ser humano é
capaz de fazer quando tomado pela fé.
Muitas vezes produz aquilo que os
católicos chamam de milagres e que cada
crença denomina e explica à sua maneira.
E é por não cessarem os milagres – a
maioria deles inexplicáveis pela ciência –
que as crenças religiosas conquistam
mais fiéis a cada dia que passa.
Hoje, pode-se contar milhares de
religiões ao redor do mundo. Mas
algumas predominam e influenciam o
destino da humanidade. É o caso do
Cristianismo, Islamismo, Budismo e
Hinduísmo, que juntos somam mais de
4,65 bilhões de fieis. Um número que só
tende a aumentar, tamanha a força que
essas quatro gigantes religiões possuem
no mundo atual.
A busca de novos fieis tem sido um dos
grandes objetivos mundanos das
religiões. Mas não é o único. A migração
de uma fé para outra é um dos obstáculos
mais atormentadores dos grandes cultos.
Sendo assim, manter os fieis tornou-se
uma meta muito importante na agenda
das principais religiões existentes no
mundo. O contrário também é
verdadeiro. Para o homem comum, muito
mais importante do que ter uma fé é
manter-se fiel a ela.
Portanto, nesse mês de janeiro cabe a
cada representante de sua religião e,
também, a cada pessoa que tem ou
procura sua fé refletir e ponderar sobre
qual o seu papel na construção e
edificação da fé, particular ou coletiva.
8. G
uerreiros medievais, altamente
treinados, que lutavam em prol de um
bem maior. Essa pode ser uma definição
sobre quem eram os templários. Mas não
é a única. A Ordem do Templo, ao longo
de quase duzentos anos de história,
colecionou lendas e movimentou o
imaginário popular medieval. Fato que
não é de se admirar, tamanho poder que a
Ordem conquistou.
Mas para compreender melhor a
trajetória desses cavaleiros é necessário
entender o que foi a primeira Cruzada.
Como o próprio nome diz, as Cruzadas
foram guerras em que cristãos lutaram
pela sua fé contra o inimigo infiel.
Assim, em 1095, atendendo a um apelo
do Imperador Aleixo I Comneno, líder do
Império Bizantino, o Papa Urbano II
convocou a cristandade para libertar
Jerusalém do poder islâmico. A partir daí
iniciou-se uma série de batalhas que
resultaram na conquista da Cidade Santa
em 1099.
Jerusalém finalmente retornava ao poder
dos cristãos. Os conquistadores, porém,
em sua maior parte, decidiram voltar para
suas residências na Europa. O governante
do reino de Jerusalém, Godofredo de
Boullion – que faleceu no ano de 1100 –
e seu sucessor Balduíno de Boulogne
ficaram com poucos homens para manter
o reino em segurança, sendo que a
maioria desse exército era alocado para
proteger a cidade.
Com isso, os peregrinos que viajavam da
Europa para Terra Santa ficaram
desprotegidos. A peregrinação, que
aumentara desde a vitória dos cristãos
contra os muçulmanos, ainda era
perigosa. Muitos viajantes eram
assaltados, estuprados ou mortos quando
visitavam os lugares sagrados do
cristianismo.
Nesse contexto surge um nobre chamado
Hugo de Payens (a grafia desse nome e
do sobrenome pode sofrer variações), ele
e mais oito cavaleiros decidiram, em
1118, não apenas defender os peregrinos,
como também, seguir uma vida
monástica. Foi então que fizeram votos
de obediência, pobreza e castidade
perante o patriarca da Igreja do Santo
Sepulcro, da qual também adotaram a
Regra. O rei de Jerusalém, Balduíno II,
cedeu um espaço da Mesquita de AlAqsa, local onde era o antigo Templo de
Salomão, para os nove cavaleiros, que
nesse primeiro momento viviam
exclusivamente do que conseguiam
arrecadar com doações da nobreza cristã.
Quase dez anos depois, em 1127, o Grãomestre Hugo de Payens foi à Europa
solicitar que a Ordem fosse reconhecida e
oficializada pela Igreja Católica. Para que
isso acontecesse foi organizado o
Concílio de Troyes. Nele, acalorados
debates foram travados entre os
diferentes pontos de vistas dos clérigos
presentes. Vale ser destacado o papel de
São Bernardo de Claraval a favor da
oficialização da Ordem. Ele foi um
grande defensor dos cavaleiros e do uso
da força, caso fosse utilizada em defesa
da fé cristã, em uma guerra santa. Nessa
ocasião, também, foi redigida a Regra
própria da Ordem do Templo, por São
Bernardo.
Ao longo dos anos, os cavaleiros
templários adquiriram força, poder e
prestígio. Passaram a prestar contas
diretamente ao Papa, ou seja, bispos,
abades, cardeais, reis e imperadores não
podiam interferir na Ordem. Tinham
permissão para arrecadar e usar em
proveito próprio o dízimo. Mas não eram
obrigados a pagar impostos à Igreja.
Ganharam fama em toda Europa e, com
isso, recebiam inúmeras doações de
terras e tesouros da nobreza cristã.
O PODER FINANCEIRO DO TEMPLO
9. Os primeiros cavaleiros templários
sobreviviam das doações realizadas pelos
nobres cristãos. Com a fama, inúmeros
senhores feudais, de toda Europa,
passaram a entregar generosos donativos
para a Ordem. Muitos lotes de terrenos
foram transferidos para o poder dos
templários. Logo, isso os transformou em
grandes proprietários de terras, que as
gerenciavam com muita sabedoria e
perspicácia, visando sempre a geração de
recursos para financiar suas tropas no
Oriente. Essas doações, no entanto, eram
dispersas. Para resolver esse problema,
os templários compravam ou
permutavam as terras que lhes seriam
necessárias.
Muitas das terras eram arrendadas ou
locadas aos camponeses menos
afortunados. Em locais pouco povoados,
como na Península Ibérica, eram
oferecidas condições especiais para
aqueles que trabalhassem em suas terras.
Nessa localidade, onde foi feita a
reconquista cristã, os Templários
chegaram, inclusive, a chamar os mouros
para trabalhar em suas propriedades. Em
troca era oferecida liberdade de culto aos
muçulmanos, mas, também, era exigido
que jurassem fidelidade à Ordem do
Templo.
Cada unidade dos templários era
chamada de Comenda. Geralmente essas
comendas eram vistas com bons olhos
pela população local, já que onde havia
uma delas dificilmente haveria falta de
alimentos. Mas o importante é que onde
havia territórios ou propriedades
templárias praticamente não houve fome,
desemprego ou insegurança.
Na região de Provence, na França, os
Templários tinham uma propriedade
grandiosa. Lá, muitos camponeses foram
contratados para desmatar o solo e
trabalhar as zonas pantanosas. Lá, a
criação de cavalos e carneiros era
imensa. A lã dos carneiros era utilizada
para confecção de roupas que depois
eram exportadas. A pele era usada na
fabricação de sacos, proteção e arreios. Já
a carne era salgada e levada à Terra
Santa.
A Ordem do Templo era proprietária de
muitos moinhos e fornos, que locavam a
preço muito mais barato do que o de
outros senhores. Fora isso, os Templários
ainda recebiam impostos, sobre o valor
de venda, de praticamente tudo que era
produzido e comercializado. Para
proteger e incentivar o comércio, os
Templários construíram e protegeram
diversas estradas e rotas. Dessa forma as
mercadorias podiam circular mais
rapidamente e sem riscos.
Com o comércio evoluindo, foi-se
necessário achar um meio de lidar com as
finanças. A Ordem mantinha em cada
província sua, um irmão tesoureiro para
cuidar do dinheiro. A prática de
empréstimos em troca de bens
depositados na Ordem tornou-se
rotineira. Na verdade eram feitos
empréstimos por penhora ou por
hipotecas. Trabalhavam, também, como
banqueiros. Eram criadas contas
correntes e todo mês podia-se realizar
depósitos nessas contas, ordenar
pagamentos e diversos outros serviços
bancários. Em troca eram cobradas taxas
sobre as transações. Algo semelhante ao
que os bancos fazem hoje.
A PRISÃO DE JACQUES DE MOLAY
Escrever sobre o fim da Ordem do
Templo não é uma tarefa fácil. Houve
muitos interesses envolvidos e analisar
cada um deles seria uma verdadeira
dissertação de mestrado. Por isso, nesse
espaço será abordado apenas o contexto
da prisão de Jacques De Molay – grãomestre da Ordem – o que já é complexo,
mas, por outro lado, muito interessante.
Para melhor explicar essa prisão é
10. preciso compreender alguns personagens
e cenários da história. O primeiro deles
era a situação cristã na Terra Santa.
Desde a queda de Acre, último território
cristão na região, em 1291, as Ordens
militares ficaram desprestigiadas no
ocidente. Surgiram correntes de
pensamento que pregavam a união da
Ordem do Templo com a Ordem do
Hospital, para assim surgir uma nova
Ordem, maior e mais poderosa. A
posição, tanto de uma, quanto de outra,
era de serem contrárias a essa fusão.
Outros dois personagens relacionados à
prisão de De Molay foram: o papa
Clemente V e o rei da França, Filipe IV,
também chamado de O Belo. Clemente V
alcançara seu posto com o apoio de
Filipe. O papa tinha um objetivo muito
claro em seu pontificado: realizar uma
cruzada. Para isso, precisava do apoio
dos reis cristãos, principalmente de Filipe
IV. Já o rei da França, envolvido em
batalhas em seu reino, possuía muitas
dívidas e uma economia arrasada pelas
guerras. Ele, em atitudes desesperadas, já
havia confiscado dinheiro e posses dos
judeus e dos lombardos, além de expulsálos de seu reino. Até com a Igreja ele
tivera problemas financeiros. Isso
resultou em sua excomunhão pelo então
papa Bonifácio VIII. Com a ascensão de
Clemente V ao papado, Filipe IV passou
a cobiçar os bens e propriedades da
Ordem do Templo. Mas falaremos disso
mais adiante, por enquanto, vamos nos
ater aos interesses do papa.
A ideia de uma nova cruzada já estava
em estágio avançado na Europa. Os
principais conselheiros de guerra
sugeriram uma investida com tropas
menores e mais profissionais. Para isso,
contavam com as Ordens do Templo e do
Hospital. Mas a preferência era para uma
fusão dessas Ordens, pois assim, a
ofensiva contra o inimigo seria mais
eficiente. No entanto, essas ideias não
eram unânimes. Jacques De Molay tinha
uma posição contrária a elas. Ele, além
de ser contra a fusão das Ordens,
defendia uma cruzada com um exército
maior, em grande escala, não contando
apenas com a capacidade das Ordens
militares.
Como De Molay era analfabeto, uma
conversa direta com o papa seria a
melhor maneira de expressar suas
estratégias. Clemente V decidiu realizar
uma conferência com ele e com o grãomestre da Ordem do Hospital em fins do
ano 1306. Porém o papa teve problemas
de saúde que o impediram de
conferenciar com eles nesse ano, ficando
a reunião para o final de 1307. Enquanto
isso, o grão-mestre dos Templários
suscitou algumas acusações que foram
feitas contra a Ordem do Templo e pediu
uma investigação ao papa.
As acusações foram feitas por cavaleiros
expulsos da Ordem, como: Esquin de
Floyran, prior de Montfaucon; Bernardo
Pelet, prior de Mas-d´Agenais; e Gerard
de Byzol, cavaleiro de Gizors. Os
Templários foram acusados de
homossexualismo, ofensas a Cristo e
adoração a um demônio chamado
Baphomet, que podia ter a forma de um
gato, um crânio, ou uma cabeça com três
rostos; entre outras. Para o rei da França
essas acusações foram suficientes para
ordenar secretamente – nem mesmo o
papa havia sido consultado – a prisão de
Jacques De Molay e de cerca de 15 mil
membros da Ordem em todo reino da
França.
O papa se sentira extremamente ofendido
pela ação unilateral de Filipe IV, porque,
além de realizar a prisão de membros de
uma Ordem sob autoridade papal, ele
ainda utilizara outra instituição
eclesiástica, a Inquisição. Na França, ela
era usada como um instrumento de
coerção pelo Estado, já que o inquisidormor era o confessor do rei Filipe. Com
isso, as torturas e as péssimas condições
11. das prisões foram suficientes para que
muitos templários confessassem o que os
inquisidores queriam. Ainda mais porque
muitos dos presos não eram guerreiros,
mas cumpriam outras funções dentro da
Ordem, como lavradores, pastores,
ferreiros, carpinteiros e mordomos. Logo,
Jacques De Molay confessou que negara
Jesus Cristo e escarrara em sua imagem.
Menos de 1 mês depois da confissão de
De Molay, o papa enviou uma carta a
todos os reis e príncipes da cristandade
pedindo que prendessem todos os
templários e mantivessem suas
propriedades sob custódia da Igreja.
Clemente V enviara a Paris três cardeais
para que ouvissem o grão-mestre
templário. Ele, no entanto, revogou sua
confissão e mostrou as marcas das
torturas em seu corpo. Os cardeais
perceberam que os templários eram
inocentes e que as acusações feitas contra
eles não correspondiam à realidade.
O processo contra os templários foi
suspenso em 1308. Contudo, Jacques De
Molay continuava nas mãos do rei. Sua
situação – e de alguns outros cavaleiros –
era muito complicada, pois segundo as
leis da Inquisição, hereges reincidentes
deveriam ser queimados na fogueira e
esse foi seu destino. Em 1314 ele foi
morto em Paris.
EM PORTUGAL...
Em Portugal, o rei criou uma nova
Ordem e transferiu todos os bens dos
templários para ela. Surgiu, assim, a
Ordem de Cristo. Essa Ordem conservou
toda sabedoria marítima dos cavaleiros
do Templo e eles investiram muito do seu
dinheiro para as navegações. Com isso,
foi criada a Escola de Sagres e Portugal
tornou-se a maior potência marítima da
época.
É possível ver a cruz da Ordem de Cristo
nas ilustrações das caravelas portuguesas.
Cruz essa, por sinal, muito semelhante à
cruz dos templários. E um outro dado
pode ser somado a todas essas
informações: Pedro Álvares Cabral era
ele próprio um cavaleiro da Ordem de
Cristo.
SÃO BERNARDO DE CLARAVAL
São Bernardo de Claraval foi um dos
grandes homens do catolicismo.
Considerado um Doutor da Igreja,
participou ativamente de momentos
importantes para a sociedade da época.
Foi ele quem, no Concílio de Troyes,
defendeu a oficialização da Ordem do
Templo e escreveu a Regra que os
Templários deveriam seguir. Pouco
tempo depois, Bernardo redigiu,
atendendo a um pedido de Hugo de
Payens, Grão-mestre da Ordem, o Elogio
à Nova Milícia. Nesse documento o
Abade de Claraval contrapõe a cavalaria
secular com a nova cavalaria, templária,
que é elogiada devido o seu caráter
essencialmente cristão e despojado do
materialismo mundano.
O santo foi um defensor do estilo austero
e antimaterialista. Condenou,
veementemente, o luxo do qual gozavam
alguns monges e bispos. Para ele a vida
simples e modesta estaria mais de acordo
com o sacerdócio na Igreja.
Em uma época que havia dúvidas se
cabia ou não aos cristãos derramarem
sangue em nome da religião, Bernardo
foi um grande defensor da guerra santa.
Para ele os cristãos que morriam
defendendo sua fé tinham seus pecados
perdoados. Com esse argumento ele foi
um dos maiores pregadores da segunda
cruzada. O santo tinha muita influência
dentro da Igreja, pois na Abadia de
Claraval haviam passado um papa e
diversos bispos e cardeais.
12. TEMPLÁRIOS NO MUNDO
CONTEMPORÂNEO
Hoje, há muitas organizações que se
dizem herdeiras da antiga Ordem do
Templo. A maioria são Ordens que não
têm relação alguma com os templários
medievais. Mas praticam um novo
templarismo adaptando os ideais e
códigos das Ordens de Cavalaria para o
mundo contemporâneo. Assim, os novos
cavaleiros são incentivados a proteger o
meio ambiente e os mais fracos; a ter
uma vida regrada, sem muitos vícios; ser
cristão; ser voluntário; e se oferecer para
ajudar a quem precisa, independente de
sua raça, credo, idade ou posição política.
No entanto, há uma organização que
possui uma carta de transmissão de
poder. Essa carta se origina com o Grãomestre Jacques De Molay transferindo o
comando da Ordem a um cavaleiro
chamado L’Armenius. A partir daí, a
carta relata a sucessão de poder até o ano
de 1705 quando Phillipe, duque de
Orleans se torna líder da Ordem. Os
templários finalmente ressurgem sob o
nome de Ordo Supremus Militaris Templi
Hierosolymitani, algo como Ordem
Soberana e Militar do Templo de
Jerusalém, sendo que no Brasil a
entidade que a representa é a
TempleBrasil – Associação de Estudos e
Formação Templária.
14. A
história de Cristo é bem conhecida
pela maioria da população. Jesus foi filho
de Maria, a virgem, teve como pai o
carpinteiro José, nasceu em Belém e foi
morar no Egito, ainda criança, para fugir
do rei Herodes. O tempo passou e ele
começou a realizar milagres e pregar a
palavra de Deus. Juntou ao seu redor 12
apóstolos e muitos seguidores. Sua
morte, assim como a ressurreição três
dias depois, ocorreu quando ele tinha 33
anos de idade.
Esse é um resumo da história mais
conhecida do Messias. Mas existem
outros relatos sobre sua vida. Eles estão
descritos nos evangelhos apócrifos – um
conjunto de manuscritos que datam dos
primeiros séculos da Era Cristã e dão
diferentes versões sobre o que ocorreu
com Cristo.
Uma dessas versões é um possível
relacionamento entre Jesus e Maria
Madalena. Pelos evangelhos canônicos –
Mateus, Marcos, Lucas e João – já é
possível perceber alguma intimidade
entre os dois. Afinal, foi Maria Madalena
quem secou os pés de Jesus com seus
cabelos e, também, a primeira pessoa a
vê-lo após a ressurreição.
Os essênios, os zelotes e o Santo Graal
Mas, antes de continuar, para uma melhor
compreensão sobre a vida de Jesus, é
preciso descrever um pouco sobre as
seitas e grupos presentes na Palestina no
período que compreende os primeiros
séculos antes e depois de Cristo.
Os grupos dos Saduceus e Fariseus são
os mais conhecidos, pois foram
amplamente abordados na Bíblia. Sendo
que os Saduceus formavam a elite
judaica e eram próximos do poder
romano. E os Fariseus eram considerados
como rabinos, seguiam a lei de Moisés,
mas receberam duras críticas de Jesus.
Outros dois grupos judaicos também
eram importantes na época, eles são os
essênios e os zelotes. A seita dos essênios
foi uma das mais misteriosas. Apesar de
não constarem na Bíblia, eles eram
numerosos na época em que Jesus esteve
vivo. Sua história inicia-se entre os anos
152 e 143 antes de Cristo. Eles viviam
em comunidades no deserto entre o Egito
e a Palestina. Trajavam roupas brancas,
banhavam-se nos rios antes das refeições,
que eram consideradas sagradas e, por
isso, se davam quase como um ritual.
Eram conhecidos, também, por
dominarem as técnicas de cura, sendo
ótimos médicos – a própria palavra
“essênios” significa terapeutas.
Acredita-se que João Batista assim como
o seu ritual de batismo nas águas do rio
Jordão eram essênios. Supõe-se que o
próprio Jesus participava dessa seita e era
considerado um de seus mestres, daí uma
explicação para os diversos milagres que
teria realizado curando a população.
Pois bem, outro grupo que merece ser
abordado era o dos zelotes, composto por
judeus contrários à dominação romana na
Palestina. Essa seita foi responsável por
incitar a população contra Roma na
Revolta Judaica, ocorrida no ano 66
depois de Cristo. Mas, ainda enquanto
Jesus estava vivo, o descontentamento
contra o Império Romano era perceptível
e a capacidade dele – do Messias – de
comover as massas era bem evidente.
Conforme o tempo passava mais gente o
seguia e a chance de uma revolta já
naquela época era grande. As
autoridades, entretanto, foram mais
rápidas e contaram com o pacifismo de
Jesus para prendê-lo e crucificá-lo.
O responsável pela prisão de Cristo foi
Judas Iscariotes. Pelo cristianismo
católico e suas diversas ramificações
Judas é visto como traidor. Mas há uma
versão sobre a vida de Jesus que afirma
que esse apóstolo era o que melhor
15. compreendia seus ensinamentos e que foi
o próprio Cristo quem pediu para que
Judas o denuncia-se. Pois era necessário
seguir as escrituras e Jesus confiou a ele,
seu fiel discípulo, essa missão.
Pela história da Igreja, após a
crucificação, Jesus foi retirado da cruz,
envolto em um pano branco de linho e
deixado em uma gruta onde teria ficado
por três dias. Mas essa versão se difere
da prática comumente adotada para os
crucificados pelo Império Romano. O
condenado ficava na cruz até apodrecer.
O que leva a crer que, ou Roma ajudou a
realizar o que estava dito nas escrituras,
ou houvesse algum plano elaborado para
que deixassem tirá-lo da cruz – mas isso
é muito difícil de afirmar 2 mil anos
depois. Porém, fica a dúvida.
Após a ressurreição, Maria Madalena que
mantinha um relacionamento com Jesus
foi levada, grávida, por José de Arimateia
ao Egito e, de lá, para o sul da França.
Nessa região nasceu a criança que tinha a
linhagem sagrada de Cristo. Surge aí o
que seria o Santo Graal ou Sangraal ou,
sendo mais preciso, Sangue Real. O
sangue de Jesus Cristo. Mas isso, já é
outra história.
16. MESSIANISMO
N
os séculos próximos ao nascimento
de Jesus – tanto anteriores quanto
posteriores – o messianismo judaico
esteve em plena efervescência. A história
constata que alguns homens naquela
época se diziam o Messias judaico.
De fato, o movimento messiânico tinha
na região do oriente médio um campo
fértil para se solidificar. Doenças,
pobreza, martírios, submissão ao Império
Romano e muitos outros fatores podem
explicar esse fenômeno religioso. Mas,
existe uma explicação comum a todos. É
a fé. A crença de um povo sofrido que
acredita, fielmente, na existência de um
salvador e de que esse está no mundo
para libertar e salvar seus seguidores.
Os judeus acreditavam que um líder,
descendente do rei Davi, chegaria e os
guiaria ante a imponência do Império
Romano, que os governava na época.
Alguns homens eram tidos como
profetas, como João Batista, outros se
auto denominaram Messias, mas, apenas
um, Jesus, conseguiu um discipulado
capaz de ultrapassar as fronteiras físicas e
espirituais dos judeus.
Porém, nem todos creram nele e as ideias
messiânicas continuaram a vigorar nesses
dois mil anos depois de Cristo. Um
exemplo claro é a crença dos portugueses
na volta de Dom Sebastião. O rei foi
morto na batalha de Alcácer-Quibir, em
1578. A partir dessa data Portugal passa a
ser governado pela Coroa espanhola.
Muitos portugueses, no entanto,
acreditavam (e alguns ainda hoje
acreditam) que o rei Dom Sebastião
retornaria e faria de Portugal uma grande
nação.
Como era perceptível, Dom Sebastião
não voltou, entretanto, as lendas e mitos
sobre ele ultrapassaram o oceano e
vieram para o Brasil. No século XIX os
progressos da Revolução Industrial
chegaram ao nosso país, principalmente
no sudeste e nas regiões litorâneas. Já o
sertão não recebeu esses avanços. A vida
de um sertanejo era muito difícil. Sol
forte, temperaturas elevadas, pobreza,
fome, seca, doenças, enfim, uma situação
desoladora. Mistura-se a tudo isso uma fé
inabalável. Estava pronto o cenário para
surgir mais um Messias ou profeta. A
população miserável do nordeste passou
a seguir Antônio Conselheiro
considerando-o um homem santo, que
realizava milagres e fazia benfeitorias. O
resultado não podia ser pior: a Guerra de
Canudos. Milhares de brasileiros, em sua
grande maioria discípulos miseráveis de
Conselheiro, foram mortos e dizimados.
Uma verdadeira tragédia, com ares de
Antiguidade em pleno século XIX.
Mas o messianismo não cessou e novos
casos foram relatados no mundo afora.
Exemplos aos montes podem ser citados,
como o caso de Jim Jones e seus
seguidores na seita Templo dos Povos.
Eles realizaram, entre si, o maior suicídio
coletivo da história, com mais de 900
mortos.
Com certeza, muitos outros casos de
messianismo surgiram no mundo. Mas,
em todos eles é preciso uma análise
cuidadosa sobre quem é, de fato, o líder,
suas faculdades mentais e suas opiniões
sobre a atualidade.
17. Os Essênios
Afinal quem eram eles?
U
ma seita coberta de mistérios, esses
eram os essênios. Eles também são
conhecidos por suas práticas medicinais e
pelo despojamento material. Suas
moradias eram cavernas nas colinas de
Qumram, mas também podiam ser
encontrados em comunidades nos
desertos por toda Palestina. Eles surgiram
na época do sumo sacerdote hasmoneu,
Jónatas, por volta dos anos 152 a 143
a.C. e foram eliminados na revolta
judaica no ano 68 d.C..
Os essênios primavam pelo
desenvolvimento espiritual. Por isso,
quem entrava na seita tinha que reverter
os seus bens em favor da comunidade,
vestir-se com as mesmas roupas até que
ficassem totalmente inutilizadas e
alimentar-se apenas com o necessário
para a vida no deserto. Todos vestiam
trajes brancos iguais e eram proibidos de
vender ou comprar qualquer produto,
senão trocar entre eles mesmos. Os
prazeres mundanos eram tidos como
vícios; o controle das paixões e emoções
como virtudes.
A entrada de um novo membro na
comunidade era feita através de vários
estágios iniciáticos. Isso ocorria ao longo
de três anos, até que ficasse provado que
o neófito era digno de pertencer à seita.
Após admitidos, os novos membros
entravam numa rígida hierarquia que
devia respeito aos mais velhos ou com
graus superiores. Porém, esse fato não
era um impedimento para demonstrações
de humildade e ajuda ao próximo. Pois,
para exercitarem suas virtudes e pureza,
eles prestavam ajuda aos mais
necessitados.
Mas um dos maiores mistérios que
pairam sobre os essênios é a relação
deles com João Batista e Jesus Cristo.
Sabe-se, hoje, que rituais cristãos como o
batismo e a simbólica repartição do pão
na hora da ceia já eram realizados pelos
essênios. O banho nas águas dos rios era
uma prática comum a eles,
principalmente antes das refeições. O que
se sabe é que tanto Jesus quanto João
Batista foram contemporâneos deles. E
muitas passagens bíblicas relatam Jesus
praticando a cura na população, uma
atividade comum à seita.
Os essênios foram dizimados na Revolta
dos Judeus contra Roma. Mas, muitas de
suas crenças e práticas foram preservadas
e passadas, através da tradição, às
primeiras comunidades cristãs e aos
gnósticos. Assim, muitos de seus
ensinamentos ficaram preservados nas
escolas de mistérios, chegando até os
dias atuais.