2. O que foi o feudalismo?
De fato, o feudalismo institucional ou estrito baseia-se numa relações humanas, ou
seja, no acordo contratual entre dois homens livres para efeitos de exercícios do poder ou
de autoridade jurisdicional. A sua peculiaridades resulta também da relação assimétrica
entre eles, quer dizer, nesse contrato se parte do principio que um tem maior poder ou
autoridade do que o outro. Daí a proteção que o primeiro assegura ao segundo e a
fidelidade que este deve àquele. Para garantir o cumprimento dos respectivos deveres e
direitos, o contrato normalmente é selado por um juramento que se chama
homenagem, embora esta possa, em alguns lugares e países, ser apenas tácita ou implícita.
Convém precisar que as tentativas para definir com grande rigor os direitos e deveres dos
contratantes, como tentem a fazer alguns autores imbuídos de um certo jurisdicismo, se
arriscam a falsos problemas. Pelo contrario, a consideração em termos morais ou
ideológicos é geralmente muito mais fecunda (MATTOSO, 1987, p. 116).
3. O que significou o feudalismo?
• Durante a Idade Media a posse de terras era fundamental, ela era um investimento
seguro e moral;
• Os nobres que concediam terras eram chamados de suseranos, e aqueles que as
recebiam eram seus vassalos.
• Na concessão normalmente acontecia um cerimonia, denominada homenagem, esta
oficializava a doação;
• O nobre sempre tem maior poder, ou autoridade que o camponês.
4. Quais os deveres de um vassalo?
• Ele deve fidelidade ao suserano;
• Deve acompanha-lo à guerra;
• Pagar o resgate, caso o suserano fosse feito prisioneiro;
• Colaborar nas despesas das festividades para a sagração do filho do suserano como
cavaleiro;
• Trabalhar gratuitamente nas terras do senhor alguns dias da semana;
• Repassar parte de sua produção para o suserano;
• Além de pagar os impostos de Banalidade, Capitação, tostão de Pedro, Mão-morta, dentre
outros.
Quais os deveres de um suserano?
• Os camponeses não eram escravos, portanto não poderiam ser vendidos, mesmo que
houvesse a troca de terras de um suserano para outro;
• Sempre poderia contar com um pedaço de terra para sustentar a sua família, mesmo que de
maneira precária;
• O suserano devia proteção ao vassalo.
5. O feudalismo ocorria em toda
a Europa?
• Este acordo não era valido para toda a Europa, em cada país, e até mesmo em cada
região haviam especificidades;
• Enquanto na França e na Inglaterra foi criado um código feudal jurídico, onde ficava
clara as obrigações e direitos do vassalo e do suserano, na Espanha e em Portugal
apenas existia um sistema de valores morais que impunha uma prática extremamente
fluida e variável;
• Apesar da importância da Terra para aquele período, ela não pode ser considerada
como a única forma de feudo ou beneficio. Ela pode ser uma função, ou uma
compensação periódica em bens móveis, como panos ou dinheiro.
6. A divisão de terras e as tecnologias da
Idade Media para o campo.
Na Europa meridional a terra era dividida da seguinte forma:
• Em propriedade privada do senhor, chamada de domínio, ou manso senhorial;
• Nas propriedades arrendadas aos camponeses, que era o manso servil, dentro dele
existiam as tendências;
• Essas terras constituíam o feudo, principal área de produção;
• Ainda existiam as terras coletivas, como pastos e bosques, eram os mansos
comunais, essas terras eram usadas tanto pelo senhor como pelos servos.
• Sobre as tecnologias para o campo podemos destacar o século XIII. Nesse período
houve grandes avanços na agricultura, com a utilização da cultura de rotatividade
trienal, da roda e do cavalo como animal de tração.
7. A Crise do Feudalismo
O crescimento demográfico, observado na Europa a partir do século X, modificou o
modelo autossuficiente dos feudos. Entre os séculos XI e XIII a população europeia mais
que dobrou. O aumento das populações impulsionou o crescimento das lavouras e a
dinamização das atividades comerciais. No entanto, essas transformações não foram
suficientes para suprir a demanda alimentar daquela época. Nesse período, várias áreas
florestais foram utilizadas para o aumento das regiões cultiváveis.
A partir do século XII, ocorreram várias transformações na Europa que contribuíram para
a crise do sistema feudal:
• O aumento da circulação das moedas, principalmente nas cidades;
• Desenvolvimento dos centros urbanos, provocando o êxodo rural;
• O surgimento da burguesia, - nova classe social - que dominava o comércio e que
possuía alto poder econômico;
• Com o aumento dos impostos, proporcionados pelo desenvolvimento comercial, os reis
passaram a contratar exércitos profissionais.
8. O mercador
• Com crescimento das cidades surge a figura do mercador, ele é um sujeito que tentava
se encaixar nos moldes da sociedade medieval, no entanto ele era um tipo
diferenciado, pois a ele pertencia a racionalidade, a bravura não nas guerras, mas no
seu comércio;
• O mercador surge como uma figura desprezível, que arrisca a vida no transporte de
mercadorias, não somente de luxo, ou fúteis, mas também de utilidade cotidiana. Não
era apenas os nobres e o clero que se beneficiavam de suas mercadorias, mas também
o camponês, - esse vivia em uma mentalidade onde baseava a vida em produzir
suficiente para sobreviver - . Já o mercador visava o lucro. A igreja o condenava da
mesma forma que condenava o usurário. Como pena, passariam a eternidade no
inferno;
• Não era apenas um problema colocado pela Igreja, mas era algo condenado por toda
sociedade, profissões imorais e indignas. O mercador se envergonhava da profissão.
Entretanto, era uma figura indispensável na sociedade tripartida;
9. Podemos destacar dois pontos que fizeram com que o mercador passasse de uma figura
desprezada pela sociedade em um homem “desejado”:
• O acesso deles ao ensino;
• A conversão do tempo eclesiástico (pertencente somente a Deus) em tempo cronológico
(pertencente ao homem), esse foi o "golpe final" para consolidação moral dos mercadores.
Eles reservavam uma parte de seus lucros para Deus, o valor dependia dos seus ganhos.
Nas grandes empresas, fundadas pelos mercadores trabalhavam operários assalariados. O
dinheiro, transformado em moeda real, o grande comércio internacionais e o espírito de lucro
que movia os mercadores, acabaram por ser, em fins da Idade Média, os arautos de uma nova
ordem econômica e social: o capitalismo (GUREVIC, 1986, p. 189).
10. Referencias Bibliográficas
• GUERVIC, A. O MERCADOR. In : LE GOOF, J. O Homem medieval.
Lisboa: Presença, 1989, p. 165-189.
• MATTOSO, J. O feudalismo português. In: Fragmentos de uma composição
medieval. Lisboa: Estampa, 1987. Série "Imprensa Universitária" nº. 59, p.
115-123.
• SOUSA, Rainer. Crise do Feudalismo. Disponível em:
<http://www.brasilescola.com/historiag/crise-feudalismo.htm> Acesso em:
22 de Fevereiro de 2013.