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WILTER FURTADO




ANÁLISE CONTÁBIL; UM ENFOQUE VOLTADO
      PARA A GESTÃO DE EMPRESAS




 ESCOLA SUPERIOR DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E
      ADMINISTRATIVAS DE ITUIUTABA

       ITUIUTABA – FEVEREIRO - 2001




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ANÁLISE CONTÁBIL;
  UM ENFOQUE VOLTADO
PARA A GESTÃO DE EMPRESAS




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WILTER FURTADO, Prof.




  ANÁLISE CONTÁBIL; UM ENFOQUE VOLTADO PARA A GESTÃO DE
                         EMPRESAS




                                                   ITUIUTABA
                                                 ESCCAI - 2001




                                                            3
ÍNDICE
AGRADECIMENTOS                                                                   9

NOTAS DO AUTOR                                                                   10

INTRODUÇÃO                                                                       12

I    REVISÃO DE ALGUNS CONCEITOS BÁSICOS DE CONTABILIDADE                        15
     1.1 Introdução
     1.2 Seqüência conceitual da construção contábil                             16
     1.3 Tipos e estruturas das principais demonstrações financeiras             22
        1.3.1 Estrutura do balancete                                             24
        1.3.2 Estrutura da demonstração de resultados                            26
        1.3.3 Estrutura do balanço patrimonial                                   27
     1.4 Leitura dos dados contábeis para efeito de análise                      27

II   ANÁLISE NA CONCEPÇÃO TRADICIONAL                                             31
     2.1 Introdução                                                               31
     2.2 A contabilidade e a análise                                              31
     2.3 Conceitos de análise das demonstrações                                   32
     2.4 Análise através dos coeficientes e índices                               33
         2.4.1 Conceitos e definições                                             33
              2.4.1.1 Coeficientes                                                34
              2.4.1.2 Quocientes                                                  34
              2.4.1.3 Índices                                                     34
         2.4.2 Os principais coeficientes e índices                               35
              2.4.2.1 De liquidez                                                 35
              2.4.2.2 De endividamento                                            35
              2.4.2.3 De Rentabilidade                                            35
              2.4.2.4 De Lucratividade                                            35
              2.4.2.5 De Rotatividade                                             36
         2.4.3 As limitações do uso dos coeficientes e índices                    36
              2.4.3.1 Os limites e o bom-senso                                    36
              2.4.3.2 As limitações do analista                                   37
     2.5 A análise horizontal e vertical                                          39
         2.5.1 A origem do método                                                 39
         2.5.2 A análise horizontal                                               39
         2.5.3 A análise vertical                                                 39
              2.5.3.1 Exemplo de análise horizontal e vertical                    40
              2.5.3.2 Informações retiradas da análise do balanço patrimonial     40
              2.5.3.3 Informações retiradas da análise da demonstração de resultados 41
         2.5.4 Análise Horizontal e vertical sob o enfoque do mercado             42
              2.5.4.1 Análise horizontal e vertical com dados gerenciais          44
              2.5.4.2 Informações retiradas da análise horizontal e vertical      45
              2.5.4.3 Informações importantes para a definição de ações e de estratégias 46




                                                                                              4
2.6 Limitações da análise tradicional para efeito de gestão         47
          2.6.1 Dados e informações                                       47
          2.6.2 Respostas que não satisfazem o gestor                     48

III   UM NOVO ENFOQUE PARA ANÁLISE CONTÁBIL                               51
      3.1 Introdução                                                      51
      3.2 Caminhos e instrumentos para aplicação do novo enfoque          53
           3.2.1 Conceitos de análise de gestão                           56
           3.2.2 Campos de aplicação da análise sob o enfoque de gestão   58

IV    PRÁTICA DA ANÁLISE ORIENTADA PARA A GESTÃO E DECISÃO 64
      4.1 Introdução                                               64
      4.2 Os cenários e a análise aplicada à gestão                65
          4.2.1 Cenários determinantes                             65
               4.2.1.1 Variáveis internas e efeitos externos       65
               4.2.1.2 Variáveis externas e efeitos internos       66
          4.2.2 As ameaças e oportunidades do mercado              69
               4.2.2.1 O tom do negócio                            69
               4.2.2.2 A análise da demanda                        69
               4.2.2.3 A análise da oferta                         70
               4.2.2.4 A análise do composto de marketing          70
      4.3 As influências dos fatores internos na gestão            70
          4.3.1 Fatores internos determinantes                     70
          4.3.2 Os pontos fortes e os pontos fracos da organização 71
               4.3.2.1 A análise das operações                     71
               4.3.2.2 A análise das finanças                      71
               4.3.2.3 A análise da estrutura                      71

V     EFICIÊNCIAS, EFICÁCIAS E COMPETÊNCIAS                               72
      5.1 Introdução                                                      72
      5.2 Conceitos gerais das eficiências                                74
      5.3 A análise através das eficiências                               74
          5.3.1 Tipos de eficiência                                       76
               5.3.1.1 Eficiência mercadológica                           76
               5.3.1.2 Eficiência operacional                             76
               5.3.1.3 Eficiência financeira                              76
               5.3.1.4 Eficiência patrimonial                             76
      5.4 Aspectos comuns à todas as análises                             77
           5.4.1 Lucratividade                                            77
           5.4.2 Liquidez                                                 77
           5.4.3 Rentabilidade                                            77
           5.4.4 Endividamento                                            77
           5.4.5 Rotatividade ou giro                                     77

VI     EFICIÊNCIA MERCADOLÓGICA                                           78
       6.1 Introdução                                                     78
       6.2 Capacidade de criar demanda                                    81
             6.2.1 Medidas que revelam as capacidades de criar demanda    82



                                                                               5
6.2.1.1   Investimentos em marketing                           82
                 6.2.1.2   A demanda e a participação social e cultural da empresa 84
                 6.2.1.3   A demanda e o meio ambiente                          85
                 6.2.1.4   Melhorias nos processos e nos produtos               86
                 6.2.1.5   Eficiência e eficácia das campanhas                  92
                 6.2.1.6   Resultados das campanhas de vendas                   94
                 6.2.1.7   Eficácia na fidelização de clientes                  98
                 6.2.1.8   Os custos e o mercado                                99
                 6.2.1.9   A margem e as suas influências                       101

      6.3 A Capacidade de atender a demanda                                    102
           6.3.1 Medidas que revelam a capacidade de atender a demanda         103
                6.3.1.1 Capacidade de vender estoques                          103
                6.3.1.2 Poder de negociação                                    104
                6.3.1.3 Gestão de conflitos                                    105
                6.3.1.4 Eficiências nas entregas                               105
                6.3.1.5 Participação no mercado                                106
                6.3.1.6 Produtividade do permanente                            108
                6.3.1.7 Produtividade do ativo total                           109
                6.3.1.8 Racionalização da produção e dos equipamentos          110
                6.3.1.9 Tempo de negociação                                    112
                6.3.1.10 Grau de garantia                                      112

VII   EFICIÊNCIA OPERACIONAL                                               114
      7.1 Introdução                                                       114
      7.2 Capacidade de dimensionar os equipamentos e os fatores produtivos 115
           7.2.1 Medidas que revelam a capacidade de dimensionar fatores 116
                7.2.1.1 Aplicações em ativo circulante                     116
                7.2.1.2 Aplicações em estoques                             117
                7.2.1.3 Aplicações em contas a receber                     118
                7.2.1.4 Aplicações em realizável a longo                   118
                7.2.1.5 Aplicações em permanente                           119
                7.2.1.6 Aplicações em custos diretos                       119
                7.2.1.7 “Benchmarking” da eficácia dos custos diretos      122
                7.2.1.8 Valor agregado                                     123
                7.2.1.9 Aplicações em despesas operacionais                124
                7.2.1.10 Melhorias contínuas (Kaizen)                      125
                7.2.1.11 Grau de rejeição e devolução                      125
                7.2.1.12 Coeficiente do retrabalho                         126
                7.2.1.13 Mão de obra e retrabalho                          127
                7.2.1.14 Prevenção de acidentes                            128
                7.2.1.15 Eficácia da matéria prima                         128
                7.2.1.16 Racionalidade da mão de obra                      129
                7.2.1.17 Taxa “Turnover”                                   129
                7.2.1.18 Remuneração variável por resultados               129
                7.2.1.19 Tempo para educação                               130
                7.2.1.20 Investimentos em capacitação                      131
                7.2.1.21 “Benchmarking” da capacitação                     132



                                                                                        6
7.2.1.22 Produtividade da mão de obra                     132
                  7.2.1.23 Eficiência dos fatores produtivos                133
                  7.2.1.24 “Benchmarking” dos processos                     133
                  7.2.1.25 Comprometimento com as despesas                  134
       7.3   Capacidade para girar ativos                                   134
             7.3.1 Medidas que revelam a capacidade para girar ativos       135
                  7.3.1.1 Giro do ativo total                               135
                  7.3.1.2 Giro do permanente                                136
                  7.3.1.3 Giro do realizável a longo                        137
                  7.3.1.4 Giro do ativo circulante                          137
                  7.3.1.5 Giro do ativo operacional                         138
                  7.3.1.6 Giro dos estoques                                 138
                  7.3.1.7 Giro das contas a receber                         139
                  7.3.1.8 Giro dos custos e das despesas operacionais       141

VIII   EFICIÊNCIA FINANCEIRA                                                143
       8.1 Introdução                                                       143
       8.2 Capacidades de minimizar custos de oportunidade                  143
            8.2.1 Medidas que revelam a capacidade de minimizar custos      144
                  8.2.1.1 Giro do capital circulante líquido                144
                  8.2.1.2 Imobilização dos capitais próprios                144
                  8.2.1.3 Necessidade líquida de capital de giro            145
                  8.2.1.4 Imobilização financeira                           147
                  8.2.1.5 Capacidade de realização das contas a receber     147
                  8.2.1.6 Quocientes de recursos operacionais               147
                  8.2.1.7 Quociente do fluxo operacional                    148
                  8.2.1.8 Liquidez corrente                                 148
                  8.2.1.9 Liquidez real ou seca                             149
                  8.2.1.10 Liquidez geral                                   150
       8.3 Capacidades de evitar alavancagens excessivas                    151
            8.3.1 Medidas que revelam a capacidade de evitar alavancagens   151
                  8.3.1.1 Liquidez imediata                                 151
                  8.3.1.2 Giro dos passivos totais                          152
                  8.3.1.3 Comprometimento da margem                         152
                  8.3.1.4 Giro dos fornecedores                             153
                  8.3.1.5 Giro das dívidas operacionais                     153
                  8.3.1.6 Giro das dívidas com instituições financeiras     154
                  8.3.1.7 Quociente de posicionamento relativo              154
                  8.3.1.8 Rendimento deflacionador                          155
                  8.3.1.9 Aplicações em custos financeiros                  155
                  8.3.1.10 Alavancagem da dívida – custo financeiro         156
                  8.3.1.11 Alavancagem financeira                           157
                  8.3.1.12 Endividamento total                              157
                  8.3.1.13 Estrutura do endividamento                       158
                  8.3.1.14 Participação de capitais                         158

IX     EFICIÊNCIA PATRIMONIAL                                               159
       9.1   Introdução                                                     159



                                                                                  7
9.2   Capacidade de manter a longevidade do negócio                159
      9.2.1 Medidas que revelam a capacidade de dar perenidade ao negocio160
             9.2.1.1 Rendimento do ativo circulante                160
             9.2.1.2 Rendimento do realizável a longo              161
             9.2.1.3 Rendimento do permanente                      161
             9.2.1.4 Rendimento do ativo total                     161
             9.2.1.5 Grau de imobilização do patrimônio            162
             9.2.1.6 Margem líquida                                162
             9.2.1.7 Margem operacional                            163
             9.2.1.8 Decomposição dos fatores de retorno           164
             9.2.1.9 Capitalização dos resultados                  164
             9.2.1.10 Evolução do patrimônio                       165
             9.2.1.11 Solvência                                    165
9.3   Capacidade de garantir o retorno dos investimentos           166
      9.3.1 Medidas que revelam a capacidade de garantir retornos 166
             9.3.1.1 Rendimento nominal                            166
             9.3.1.2 Valor contábil da ação                        166
             9.3.1.3 Retorno sobre o patrimônio                    167
             9.3.1.4 Rentabilidade da ação                         168
             9.3.1.5 Quociente preço lucro                         168
             9.3.1.6 Ganho por ação ordinária                      168
             9.3.1.7 Garantia de pagamento de dividendos           169
             9.3.1.8 Dividendos pagos por ação                     169
             9.3.1.9 Taxa mínima de retorno                        169
             9.3.1.10       Aporte de recursos próprios            170
             9.3.1.10 Rendimento atual                             170
             9.3.1.11 Rendimento real.                             171




                                                                           8
AGRADECIMENTOS




                     A todos os alunos atuais e egressos dos cursos da
                         ESCCAI, que tanto me ensinaram e ensinam.

                 “Os poucos professores que me impressionaram, não
                  foram os que sabiam mais, mas aqueles que deram o
                 máximo de si, que me olharam de frente, tal como eu
                   era, com um humanismo que despertou e atraiu meu
                  espírito inseguro e me chamou a assumir minha
                 existência com minhas próprias mãos”
                                                     Charles Chaplin




                                                                    9
NOTAS DO AUTOR
       Em razão das diversas deficiências estruturais do ensino brasileiro e
dos inúmeros problemas conjunturais gerados pela volatilidade do nosso
sistema econômico vividos por todos os agente do país, os professores que
ministram a disciplina Análise das Demonstrações Financeiras ou Análise de
Balanços nos cursos de graduação, enfrentam grandes dificuldades para
ministrá-la, principalmente, quando o enfoque é centrado nos seus conceitos
e nas suas técnicas.
       O primeiro problema é conseguir fazer o aluno entender que na
realidade o que está sendo analisado não são as demonstrações e, sim, uma
organização total, dinâmica e viva refletida nas demonstrações. De forma
indireta estão sendo analisados também os seus dirigentes e as suas políticas.
As demonstrações são herméticas e, mesmo conhecendo todo o processo
contábil que lhes dá origem, se apresentam por números porquanto frias e
estáticas.Além disso, retratam apenas os efeitos das operações, das políticas e
dos procedimentos internos da empresa, ou seja, ignoram a causa da causa.
Ignoram os fatores exógenos que mobilizaram os fatores internos a realizar
uma operação, desenvolver uma ação, estipular uma política, definir uma
estratégia, dar dimensão etc. retratados nas demonstrações, mas obscuras.
       É difícil fazer com que o aluno faça uma leitura ideal dos dados
contábeis; que aprenda transformá-los em informações e que consiga usá-las
como instrumento de gestão ou decisão. Na verdade ele revela dificuldades e
até resistência em usar o passado (dados contábeis) para gerir o presente ou
projetar o futuro. Dificilmente ele consegue realizar uma leitura do cenário
macroambiental e, muito menos, consegue compará-lo com as informações
extraídas dos dados internos da empresa.
       É quase impossível fazê-lo usar ao mesmo tempo os dados financeiros,
econômicos, patrimonais etc. refletidos nas demonstrações. A razão é simples.
O sistema modulado de levantar, traduzir e interpretar e usar tais dados
modula também, de forma inconsciente o seu raciocínio. Ele se esquece que a
organização é uma matriz formada por vários subsistemas, e que todos eles
reagem ou provocam reações num ambiente externo e maior que é o mercado.
As suas limitações para entender um processo de gestão e as funções de uma
organização econômica, um mercado e o seu funcionamento são barreiras
intransponíveis para viabilizar o estudo da análise.
       Traduzir o mercado como uma arena de competição inevitável para a
empresa, dando aquele uma dimensão igual ou até maior do que a essa, é
extremamente positivo. Usando ao mesmo tempo os conceitos de análise,
contabilidade, administração, marketing, economia, gestão etc. e criando




                                                                            10
justificativas convincentes da importância de tudo isso para a organização
econômica, consegue-se motivar o aluno para o estudo da análise.




                                                                       11
INTRODUÇÃO



                                                            Quem planeja a curto prazo deve cultivar
                                                            cereais; a médio prazo, plantar árvores;
                                                            a longo prazo, educar homens.”

                                                                              Kwantsu, Século 3 a.C.


                                         A gestão fundamenta-se no diagnóstico do ontem; orienta-se
                                         pela missão, pelos objetivos, pela visão, pelas crenças e es-
                                        tratégias da organização; operacionaliza-se com os recursos
                                        e com as competências do hoje; avalia-se pelas informações
                                        e projeta-se no futuro, pelos próprios valores.




       Esta obra destina-se a profissionais e a estudantes das ciências administrativas,
contábeis e econômicas, principalmente para aqueles que atuam ou que queiram
aprofundar estudos nas áreas de análise contábil, de gestão de negócios, de planejamento
estratégico, de marketing e de técnicas para a tomada de decisão.
       A despeito de existirem várias e renomadas obras de inúmeros e conceituados
autores sobre tais assuntos, existem lacunas. Faltam trabalhos com enfoques matriciais
sobre os conceitos, princípios, fundamentos, técnicas e procedimentos já consagrados por
aquelas áreas como instrumentos de gestão de negócios. A análise contábil tem dado
enormes contribuições às ciências administrativas e econômicas. A recíproca não é menos
verdadeira. Por outro lado, por ser uma ramificação das ciências contábeis esta técnica é
vista como uma mera análise quantitativa de produção de dados, o que não deixa de ser
uma verdade. Isso ocorre porque somente os estudiosos desta área sabem transformar
aqueles dados em informações gerenciais. Por conseguinte são poucos, aqui incluindo os
usuários das informações (gerentes, administradores, contadores etc.) que sabem usar
aquelas informações como ferramenta de gestão. Talvez estejamos muito preocupados
com a criação de informações e menos com a forma de utilizá-las.




                                                                                                  12
Sem a pretensão de esgotar o assunto, o trabalho se propõe desmistificar a idéia de
que a análise contábil, estribada fundamentalmente em dados contábeis só sirva para a
construção de séries histórias e demonstração de tendências. A união dos conceitos e
princípios da contabilidade, com os conceitos e princípios daquelas áreas, permite a criação
de instrumentos poderosíssimos para o planejamento e para a gestão nas organizações.
       O texto é separado em nove capítulos com os seguintes conteúdos:
       O Capítulo 1 - Revisão de alguns conceitos básicos da contabilidade - faz uma
breve revisão das técnicas contábeis, das estruturas das demonstrações; compara a leitura
contábil das demonstrações, com uma leitura especial sugerida, para efeito de análise;
       O Capítulo 2 - A Análise tradicional – retoma a ligação contabilidade/análise,
explora os conceitos de análise das demonstrações financeiras e contábeis; trabalha com as
formas tradicionais de análise (coeficientes, índices, análise horizontal e vertical etc.) e
estuda as limitações de uso desta análise para efeito de gestão;
       O Capitulo 3 – Um novo enfoque para a análise contábil – procura definir, os
caminhos e os instrumentos para a aplicação do novo enfoque; cria conceitos para a análise
de gestão e delimita o campo de aplicação da análise sob o enfoque de gestão.
       O Capítulo 4 – A prática da análise orientando a gestão e a decisão – define os
cenários externos e os fatores internos como determinantes básicas para a análise focada na
gestão; sugere a criação de indicadores que demonstrem se a organização é ou não é capaz
de minimizar as ameaças e de maximizar as oportunidades de negócios existentes no seu
ambiente externo; assim como, sugere a exploração de indicadores que demonstrem os
pontos fortes e os pontos fracos da empresa através da análise estrutural.
       O Capítulo 5 – Eficiências, Eficácias e Competências – explora conceitualmente os
tipos de eficiências (mercadológica, operacional, financeira e patrimonial).
       O Capítulo 6 – Eficiência Mercadológica - trata dos indicadores desta eficiência
definindo as capacidades da empresa de: a) criar demanda e b) atender a demanda; insere e
define os coeficientes e índices tradicionais que revelam tais eficiências e cria novos
indicadores utilizando dos conceitos de administração, economia etc.;
       O Capítulo 7 – Eficiência operacional – trata dos indicadores desta eficiência
definindo as capacidades da empresa de: a) dimensionar os equipamentos e os demais
fatores produtivos e b) girar ativos; insere e define os coeficientes e índices tradicionais




                                                                                         13
que revelam tais eficiências e cria novos indicadores utilizando dos conceitos de
administração, economia etc;
       O Capítulo 8 – Eficiência financeira – trata dos indicadores desta eficiência
definindo as capacidades da empresa de: a) minimizar os custos de oportunidade e b) evitar
alavancagens excessivas; insere e define os coeficientes e índices tradicionais que revelam
tais eficiências e cria novos indicadores utilizando dos conceitos de administração,
economia etc.;
       O capitulo 9 – Eficiência patrimonial – trata dos indicadores desta eficiência
definindo as capacidades da empresa de: a) manter a longevidade do negócio e b) garantir
o retorno dos investimentos; insere e define os coeficientes e índices tradicionais que
revelam tais eficiências e cria novos indicadores, utilizando dos conceitos de
administração, economia etc.;
       Se algum ponto deste trabalho provocar, por menor que seja, alguma reflexão sobre
o papel da análise contábil já me darei por satisfeito.




                                                                                        14
I REVISÃO DE ALGUNS CONCEITOS BÁSI-
   COS DE CONTABILIDADE.



                                                 Muda o mercado, a economia, as organizações,
                                                 os homens e os seus enfoques.O que não muda é
                                                  a eterna necessidade de todos esses agentes,de
                                                  uma ciência que os ajude na mensuração, na a-
                                                  nálise e na decisão de seus atos e ações.




1.1 INTRODUÇÃO
      O processo ininterrupto e abrangente de qualquer atividade econômica provoca a
todo instante mesmo que a organização não esteja fisicamente funcionando (em recesso ou
fechada), alterações no seu patrimônio.
      Há um paradigma até mesmo como conceito, que deve ser quebrado. A rigor, a idéia
de que somente os atos praticados pela administração da empresa provocam uma operação
e um registro contábil não procede.Conseqüentemente, o patrimônio pode ser alterado por
atos praticados por outras pessoas que nada tem a ver com a empresa. Parece paradoxal,
mas é verdade. Um banco pode, por estar autorizado pelo administrador da empresa,
efetuar um débito ou um crédito na conta da empresa no mesmo dia em que ela estiver, por
exemplo, fechada para balanço e que o seu administrador não tenha praticado nenhum ato
naquele sentido. Nem lá ele estava.
      Por questões conceituais deve ser dito que atos administrativos ou contábeis são
ações praticadas pelo administrador ou por terceiros por ele autorizados, que provocam de
alguma forma alterações no patrimônio da empresa. Quanto aos fatos administrativos ou
contábeis deve ser dito que são atitudes tomadas pelo administrador ou por terceiros por
ele autorizados, que não provocam alterações no patrimônio.




                                                                                             15
No exemplo acima o fato (a atitude) do administrador autorizando o banco a
promover algum débito na conta da empresa provocou um ato (a ação) do banco que
modificou o patrimônio da empresa.


1.2 A SEQUÊNCIA CONCEITUAL DA CONSTRUÇÃO
       CONTÁBIL.
       A estruturação e a execução da contabilidade se dá através de conceitos, de
princípios, de postulados e de técnicas criadas pela ciência contábil. Este trabalho
pressupõe que o usuário já possui os conhecimentos básicos de contabilidade. A proposta
resume-se apenas em reviver alguns conceitos básicos sobre as técnicas contábeis, mais
utilizadas na análise contábil. Recomenda-se outros estudos para os usuários que não
dispõem de tais conhecimentos. As técnicas da construção da contabilidade mais comuns
ou básicas são:
O PLANO DE CONTAS – Para orientar e facilitar o seu uso, as contas são criadas
separadamente (individualizadas) para cada operação, levando-se em consideração: a) a
linha de negócio da empresa (indústria, comércio, serviços etc.) b) o tipo das operações
que a empresa realiza (a prazo, a vista etc.) c) as pessoas e as relações com elas mantidas
(fornecedores, bancos, clientes, empregados, diretores, etc) d) outros referenciais. As
contas representando tudo isso são criadas, catalogadas, agrupadas, sistematizadas e
codificadas por um documento chamado de plano de contas. É elaborado no início das
atividades da empresa, mas pode a qualquer momento ser alterado em função de um novo
acontecimento ou operação nova.
       Para facilitar a localização, definir claramente a função, facilitar a leitura e a análise
essas contas são agrupadas e classificadas no plano de contas por natureza, passando a ser
chamadas de grupo ou de subgrupos de contas. Os principais grupos e subgrupos de contas
criadas no plano de contas são:


GRUPOS PATRIMONIAIS ATIVOS (DESTINOS DE CAPITAIS) - CONTAS
        DE NATUREZA “DEVEDORA”




                                                                                              16
1   Ativo circulante – onde são registradas as operações com os bens e os direitos que
       estão circulando constantemente (dinheiro em caixa, saldo de bancos, estoques,
       contas a receber, aplicações financeiras etc.)
   2   Realizável a longo – onde são registradas as operações com os bens e os direitos
       que estão circulando, mas com um prazo maior (contas a receber de longo prazo)
   3   Permanente – este grupo é subdivido em:
       Imobilizado - onde são registradas as operações com os bens que são usados nas
       operações da empresa (máquinas, veículos, móveis, imóveis etc.);
       Investimentos – onde são registradas as operações com bens e direitos que não são
       usados no dia-a-dia da empresa. Foram adquiridos com o objetivo de dar rendas
       (imóveis de aluguéis, ações de outras empresas etc.)
       Diferido – onde são registradas os pagamentos feitos, mas que ainda não são
       custos nem despesas isto é, que dependem de um acontecimento futuro para que
       sejam assim, classificadas (gastos feitos antes da empresa entrar em operações,
       despesas com pesquisas, despesas com projetos, juros pagos para os sócios que já
       entraram com o capital e que ainda não está produzindo etc.) São chamados de
       pré-operacionais;


GRUPOS PATRIMONIAIS PASSIVOS (ORIGENS DE CAPITAIS) – CONTAS DE
       NATUREZA “CREDORA”
   1   Passivo circulante – onde são registradas as operações relacionadas com as
       dívidas da empresa e que vencem num curto prazo (fornecedores, salários,
       tributos, débitos com bancos de curto prazo etc.)
   2   Exigível a longo – onde são registradas as operações relacionadas com as dívidas
       da empresa que vencem em prazos mais longos ( financiamentos, contas a pagar
       etc.)

GRUPO DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO (ORIGENS DE CAPITAIS) – CONTAS DE
      NATUREZA “CREDORA”

       Este grupo é fácil de ser entendido. Se pegarmos o primeiro grupo (ATIVO)
   veremos que nele estão registrados todos os BENS E DIREITOS da empresa. No
   segundo grupo (PASSIVO) estão registradas todas as DÍVIDAS da empresa.




                                                                                      17
Diminuindo o segundo do primeiro vai sobrar o valor líquido dos bens e direitos que a
     empresa possui. É aí que ficam registrados: o capital que os sócios investiram mais os
     eventuais lucros que eles ainda não retiraram da empresa menos os eventuais
     prejuízos que tenham acontecido.

GRUPO DE RESULTADOS
Neste grupo estão as contas que permitem a empresa apurar os seus resultados, ou
seja, as RECEITAS (origens de capitais) , os CUSTOS e as DESPESAS (destinos de
capitais).
             Os CUSTOS E DESPESAS são contas de NATUREZA DEVEDORA
             As RECEITAS são contas de NATUREZA CREDORA.


EXEMPLOS DE SUBGRUPOS
             O uso de subgrupos para classificar as contas serve para identificá-las por
natureza revelando os detalhes das contas do subgrupo, do grande grupo e
conseqüentemente, do todo:
a) No subgrupo “contas a receber” que pertence ao grupo “ativo circulante” são
    registradas as vendas a prazo e permite saber de quem e quanto a empresa terá para
    receber de seus clientes. É lógico que se um cliente pagar uma duplicata o valor é
    imediatamente baixado;
b) No subgrupo “móveis e equipamentos” que pertence ao grupo “ativo permanente”, são
    registrados os bens com esta característica e por ele pode-se saber quais são os bens
    que a empresa possui, e quais são os seus valores;
c) No subgrupo “contas a pagar” que pertence ao grupo “passivo circulante” pode-se
    saber para quem e quanto a empresa possui de obrigações a pagar. Quando ela efetua
    um pagamento este é imediatamente baixado ou diminuído do saldo;
d) No subgrupo “vendas” que faz parte do grupo “resultados” pode-se saber o que e
    quanto a empresa vendeu durante aquele período que se quer saber. Serve também
    para apurar o resultado referente a um determinado período de tempo.
e) No subgrupo “despesas” é possível saber o quanto a empresa teve de despesas de um
    determinado tipo, durante aquele período que se quer saber. Serve também para apurar
    o resultado de um determinado período.




                                                                                        18
OS LANÇAMENTOS CONTÁBEIS - O registro pela contabilidade de qualquer ato ou
fato que ocorre no dia-a-dia da empresa na linguagem técnica, é chamado de lançamento
contábil.
AS CONTAS - Para uniformizar e individualizar os acontecimentos, facilitar as suas
identificações e acumular os seus valores o lançamento contábil é feito em locais
previamente definidos e intitulados de contas.Exemplos: as vendas são registradas na
conta denominada, vendas; as compras são registradas na conta chamada de estoques; as
despesas com salários são registradas numa conta chamada “despesas com salários”; e daí
por diante.Cada conta representa um tipo de evento ou operação, denominada de acordo
com a sua natureza.
AS PARTIDAS DOBRADAS – ORIGENS E DESTINOS. É a técnica utilizada para
registrar os atos e fatos contábeis. São chamadas de partidas dobradas porque cada fato ou
ato invariavelmente representa
                Uma causa x um efeito
                Uma origem x um destino.
        Vamos explicar melhor. Na verdade em nossas vidas tudo é composto de causas e
de efeitos, de origens e destinos. Tudo é representado por uma troca uma partida dobrada.
Eis alguns exemplos:
      a) Quando trabalhamos estamos oferecendo a nossa força de trabalho (origem) e
            recebendo em troca, a remuneração por esse trabalho (destino);
      b) Quando comprarmos alguma mercadoria recebemos a mercadoria (destino) e em
            troca damos o dinheiro, cheque ou assinamos um documento assumindo aquela
            dívida (origens)
      c) Quando consumirmos energia, água etc. (destino do capital) em troca pagamos
            por esse uso (destino do capital);
      d) Quando pagamos uma conta (destino do capital) entregamos o dinheiro e em
            troca recebemos a nota ou o documento da dívida devidamente quitado (origem
            do capital);
      Assim por diante. Numa empresa nada é diferente. O que é um negócio senão uma
operação de troca isto é, onde existe um comprador levando um bem e em troca, dando ao
vendedor o dinheiro ou um título que garanta sua dívida. A única diferença é que na
empresa, as origens e os destinos são registrados pela contabilidade ao mesmo tempo, ou




                                                                                       19
seja, os lançamentos contábeis sempre demonstram a origem e o destino da operação. É
nesta linha de raciocínio que se convencionou que as partidas dobradas sempre possuem
um “débito” e um “crédito” do mesmo valor. Isso nada mais é do que “somar” ou
“subtrair” valores de cada conta, de acordo com a operação e com a natureza da conta.
O DIÁRIO – Como os atos e os fatos ocorrem todos os dias e a todos os momentos, os
lançamentos contábeis são feitos num livro chamado diário. Regra geral é um livro exigido
por lei. Mas, mesmo que não seja exigido como acontece em alguns tipos de empresas ou
atividades (micros e pequenas empresas etc.) é imprescindível para a administração da
empresa, pois é ali que ela encontra registrado tudo o que acontece, podendo assim
identificar todas as suas operações e o que é mais importante, apurar os resultados obtidos
(lucros ou prejuízos) a qualquer hora que quiser. é portanto um livro que armazena todos
os acontecimentos. É como se fosse um diário de uma pessoa.
 O RAZÃO - Como pode acontecer durante um dia, durante o mês ou durante o ano,
vários fatos e acontecimentos iguais isto é, da mesma natureza (várias compras, várias
vendas), ao mesmo tempo em que eles estão sendo registrados no diário, estão sendo
condensados, classificados e acumulados (armazenados) juntamente com outros fatos
iguais ocorridos anteriormente ou no mesmo período, num outro livro chamado de razão.
Isso quer dizer, por exemplo: se a empresa quiser saber o total das vendas ocorridas até
certa hora do dia, o total até o dia anterior, o total até o mês anterior etc. basta buscar o
arquivo da conta vendas que todos os valores estarão ali acumulados. Ficam guardados e
vão aumentando ou diminuindo de acordo com os fatos. Significa que a qualquer momento
que se precisar de algum dado ele estará atualizado até aquele momento. No razão as
contas já estarão classificadas convenientemente.
O BALANCETE - A cumulação (somatória) de tais lançamentos podem ser transferidos
para um demonstrativo transitório e auxiliar chamado balancete. Este demonstrativo nada
mais é do que a transferência de todas as contas que estão com os saldos acumulados no
razão em um determinado momento, de forma a permitir o encerramento dos resultados do
período e a elaboração dos demais demonstrativos (Demonstração de Resultado, Balanço
Patrimonial etc.). Geralmente, é composto de duas colunas onde na primeira são
registrados os saldos das contas de NATUREZA DEVEDORA e na segunda, os saldos das
contas de NATUREZA CREDORA. Lembrando que a contabilidade sempre registra um




                                                                                          20
débito e um crédito ao mesmo tempo, o valor total duas colunas devem ser exatamente
iguais.
A DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS - Como o próprio nome indica é uma
demonstração destinada a apurar os resultados obtidos pela empresa em um determinado
período. O procedimento é simples. Retira-se do BALANCETE as contas de
RESULTADOS numa disposição lógica cujas operações matemáticas demonstram no final
se a empresa obteve “lucro” ou “prejuízo”. Esse resultado é transferido para o BALANÇO
na conta específica de lucro ou de prejuízo, do grupo PATRIMÔNIO LÍQUIDO.
O BALANÇO – É o demonstrativo que reflete a situação da empresa no momento daquele
encerramento. Composto pelas contas patrimoniais (que não foram para a demonstração de
resultados) e pelo resultado apurado, estará refletindo todos os bens, direitos e obrigações
da empresa.
CONCLUSÃO - Pode-se perceber pelos conceitos propostos que a contabilidade se
processa numa ordem perfeitamente lógica. Ratificando:
a) Para instrumentalizar e orientar os trabalhos da contabilidade a empresa cria um plano
   de contas, de acordo com suas operações, com o seu tipo de negócio e com as normas
   contábeis.Classifica as operações previstas em quatro grupos de contas (ATIVO –
   PASSIVO – PATRIMÔNIO LÍQUIDO e RESULTADOS)
b) Subdivide-se esses quatro GRANDES GRUPOS de acordo com os subgrupos acima
   demonstrados. Qualquer evento a partir daí pode ser registrado na contabilidade.
c) Todo evento vai envolver as partidas dobradas e a contabilidade sempre vai registrar
   “debitando” à uma conta e “creditando” à outra. São os lançamentos.
d) Os lançamentos vão sendo guardados no diário e ao mesmo tempo, individualizados no
   razão.
e) A qualquer momento que queira verificar todo o patrimônio da empresa, ou que queira
   apurar os resultados, para facilitar esse trabalho, transfere os saldos de cada conta para
   um balancete.
f) Se for somente para verificação o trabalho está concluído. Todas as contas que tiverem
   saldos estarão demonstradas.
g) Se for para apurar resultados se separa as contas de RESULTADO do balancete e
   transfere-as para a demonstração de resultados. As demais contas permanecem no
   balancete. Nesta demonstração vai aparecer o lucro ou o prejuízo do período.




                                                                                          21
h) Apurado o resultado pega-se todas as contas que estavam no balancete e transfere-as
      para o balanço modificando apenas as contas do PATRIMÔNIO LÏQUIDO,
      (aumentado) pela conta e no valor do lucro apurado ou (diminuído) pela conta e no
      valor do prejuízo, se for o caso.

Depreende-se que os fatos contábeis vão formando um patrimônio que em algum momento
é apresentado pelas demonstrações. Se o patrimônio representa tudo isso é fácil traduzi-lo
em um conceito como sendo “o conjunto de bens, direitos e obrigações” Em outras
palavras e de forma resumida os conceitos propostos são os mesmos utilizados por
HILÁRIO FRANCO (1992;25) 1A análise é posterior a tudo isso. Segundo HILÁRIO
FRANCO 2 os meios de que se utiliza a contabilidade ou as técnicas contábeis são:
      Para atingir sua finalidade a contabilidade utiliza-se das seguintes técnicas contábeis:
      1   Escrituração – registro dos fatos;
      2   Demonstrações Contábeis (Balanços, inventários e outras) – exposição dos fatos;
      3   Auditoria – confirmação dos registros das demonstrações;

      4   Análise de Balanços – análise e interpretação das demonstrações.


1.3 TIPOS E ESTRUTURAS DAS PRINCIPAIS DEMONS -
    TRAÇÕES FINANCEIRAS.
          As demonstrações financeiras possuem finalidades específicas embora todas tenham
uma finalidade comum, ou seja, resumir em um determinado momento os registros dos
atos e fatos praticados pela empresa dentro de um determinado período. Alguns desses
períodos ou momentos também são determinados por lei, outros, são definidos de acordo
com o interesse da própria organização. Da mesma forma são as demonstrações, algumas
são exigidas por leis especiais outras não.
          As principais demonstrações financeiras exigidas pela legislação do imposto de
rendas e pela lei das sociedades anônimas, aplicáveis também aos demais tipos de
sociedade são:
a) Demonstração de Resultados;
b) Balanço Patrimonial;

1
    FRANCO HILÁRIO. Estrutura, Análise e Interpretação de Balanços. 15 ed. São Paulo, Atlas, 1992.
2
    Op.Cit.




                                                                                                     22
c) Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos;
e) Demonstração de Mutações do Patrimônio Líquido.
       Suas estruturas básicas também são regulamentadas ou normatizadas. Esta
exigência faz sentido porque uma das principais funções das demonstrações é classificar os
eventos administrativos, os atos ou os fatos contábeis em grupos representativos de eventos
patrimoniais ou do próprio patrimônio.
       Embora não existam modelos exigidos por lei a praxe contábil conseguiu criar
estruturas que facilitam a leitura de tais demonstrações. Uma particularidade é importante.
Para efeito de análise em muitos casos há a necessidade de readequar a estrutura
demonstrada ou de reclassificar algumas contas ou grupos no sentido de facilitar os
trabalhos e dar valor real à análise.
       Há estudiosos que já consolidaram algumas convenções sobre a estrutura gráfica das
demonstrações embora legalmente isso não exista. Mas em respeito às autoridades que são
e em razão do bom “layout” que defendem, a práxis contábil as adota. Como exemplo de
uma demonstração sugerida por um autor, IUDÍCIBUS (1988;51)3. Ele entende que
embora sendo uma convenção, o balanço patrimonial deva ser constituído de duas colunas:
a coluna do lado esquerdo, destinada ao Ativo, e a do lado direito destinada ao Passivo e ao
Patrimônio Líquido. Já que é convenção poderia ser colocado, por exemplo, que em
primeiro lugar ou em cima o grupo Ativo e que em segundo lugar ou logo abaixo, o
Passivo e o Patrimônio Líquido.
      Mas quando falamos de estrutura na acepção estrita da palavra não estamos nos
referindo a exposição gráfica das demonstrações. Estamos nos referindo à estrutura das
demonstrações no que diz respeito à disposição, à classificação e à lógica dos dados que
nelas são expostos. Aí sim, existem normas e princípios mínimos a serem seguidos.
       Nesse caso exige-se que os grupos ou as contas do ativo sejam colocados numa
ordem crescente de prazo em que poderão ser realizados. Explica-se assim a razão de que
todos os Balanços Patrimoniais reflitam os bens e direitos na seguinte ordem: Circulante,
Realizável a Longo e Permanente; que um Ativo Circulante espelhe suas contas na
seguinte ordem: Disponibilidades, Valores em Contas Bancárias, Valores em Aplicações
Financeiras de Curto Prazo, Contas a Receber, Estoques e daí por diante. Pelo lado do
Passivo e do Patrimônio Líquido o raciocínio é o mesmo isto é, os grupos e as contas são




                                                                                         23
colocados numa ordem crescente, mas agora, do prazo de maturação isto é, do prazo que
tais recursos serão exigidos da empresa. Assim explica-se a razão de serem representados
na seguinte ordem: Passivo Circulante, Exigível a Longo e Patrimônio Líquido; que o
Passivo Circulante disponha-se pelos débitos operacionais de curto prazo: salários a pagar,
tributos a recolher, fornecedores, empréstimos de curto prazo etc.
         As demais demonstrações primam muito pela lógica. Um exemplo é a demonstração
de resultados. A lógica para se chegar a um resultado é que, das Receitas sejam deduzidos
os Custos e as Despesas. É assim que ela se apresenta. Na Demonstração de Origens e
Aplicações de Recursos pela lógica demonstra-se primeiramente em que os recursos foram
aplicados e em segundo lugar, demonstra-se de onde eles vieram. Forma-se pela ordem:
primeiro as origens e depois as aplicações ou destinos.                 Para efeito de análise essas
estruturas são muito importantes.
1.3.1 ESTRUTURA                       SIMPLES            DE       UM           BALANCETE        DE
VERIFICAÇÃO

       BALANCETE DE VERIFICAÇÃO DO PERÍODO 01/01/x1 a 31/12/x1
           C O N T A S                     SALDOS EM 31/12/X1
Código         TÍTULOS                  DÉBITO          CRÉDITO
 001   Caixa                                   20
 002   Bancos                               3.100
 003   Contas a receber                     6.480
 004   Estoques                            18.650
 011   Contas a receber longo prazo           420
 021   Móveis e utensílios                  9.930
 031   Fornecedores                                           12.300
 032   Salários a pagar                                         1.030
 033   Tributos a pagar                                         1.320
 041   Financiamentos de longo prazo                            7.460
 051   Capital                                                  6.430
 052   Lucros acumulados                                      12.530
 054   Prejuízos acumulados                                  ( 6.570)
 061   Despesas diversas                   1.650
 062   Despesas com salários               6.910
 063   Despesas com aluguéis               2.990
 071   Receitas de vendas                                    36.300
 074   Tributos sobre vendas                                ( 1.050)
 072   Rendas de aplicações financeiras                        1.010
 080   Compras                            20.610
       TOTAIS                             70.760              70.760
3
    IUDÍCIBUS, Sérgio de. Análise de Balanços. 5 ed. São Paulo, Atlas, 1988.




                                                                                                 24
Explicando melhor os conceitos vamos agora separar as contas que geram
RESULTADOS (Receitas, Custos e Despesas), das contas PATRIMONIAIS para
podermos encerrar o período. Para isso é preciso saber o valor dos ESTOQUES que
sobraram no final do período que logicamente fazem parte do resultado. De acordo com o
levantamento físico (poderia estar expresso na conta de estoques) apurou-se o valor de $
21.780




                            CONTAS DE RESULTADOS
           C O N T A S                       SALDOS EM 31/12/X1
Código         TÍTULOS                    DÉBITO          CRÉDITO
       Estoques anteriores ou iniciais         18.650
       Despesas diversas                        1.650
       Despesas com salários                    6.910
       Despesas com aluguéis                    2.990
       Receitas de vendas                                        36.300
       Tributos sobre vendas                                    ( 1.050)
       Rendas de aplicações financeiras                           1.010
       Compras                                 20.610
       Estoques não vendidos                                     21.780
       TOTAIS                                  50.810            58.040

         Como podemos observar há uma diferença entre as duas colunas de $ 7.230 que é
seguramente o resultado do período. Basta-nos transportar aquelas informações para a
demonstração própria para comprovar. As contas patrimoniais já estão separadas.
Mudamos apenas os estoques isto é, retiramos aqueles que existiam no início do período e
no seu lugar colocamos os que sobraram no final do período e que passaram a fazer parte
do patrimônio.
                             CONTAS PATRIMONIAIS
           C O N T A S                       SALDOS EM 31/12/X1
Código         TÍTULOS                    DÉBITO          CRÉDITO
 001   Caixa                                    20
 002   Bancos                                3.100
 003   Contas a receber                      6.480
 004   Estoques                             21.780
 011   Contas a receber longo prazo            420
 021   Móveis e utensílios                   9.930
 031   Fornecedores                                           12.300
 032   Salários a pagar                                         1.030




                                                                                     25
033     Tributos a pagar                                                     1.320
 041     Financiamentos de longo prazo                                        7.460
 051     Capital                                                              6.430
 052     Lucros acumulados                                                   12.530
 054     Prejuízos acumulados                                               ( 6.570)
         TOTAIS                                         41.730              34.500

A diferença entre as duas colunas é a mesma, ou seja, $7.230. Agora estamos certos de que
o resultado deverá ser $7.230. Ele nos permitirá fechar o balanço.
       Vamos agora transportar as contas de resultados para a DEMONSTRAÇÃO DE
RESULTADOS DO EXERCÍCIO, destinada a apurar o lucro ou o prejuízo.


1.3.2 ESTRUTURA DE UMA DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS

            DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS DE 01/01/X1 a 31/12/X1
         +/-                                               VALORES
 Nº        =             C O N T A S                  PARCIAIS     TOTAIS
  1       (+) Receita operacional bruta                             36.300
  2       (-)   Deduções das receitas
                  Devoluções de vendas                     -
                  Tributos sobre vendas                  1.050       1.050
  3       (=) Receita operacional líquida ( 1 – 2 )                 35.250
  4       (-)   Custo das mercadorias vendidas
          (+)     Estoque inicial                       18.650
          (+)     Compras                               20.610
          (-)     Devoluções de compras
          (-)     Tributos sobre compras
          (-)     Estoque final                         21.780      17.480
  5       (=) Resultado operacional bruto (3 – 4 )                  17.770
  6       (-)   Despesas operacionais
          (-)   Despesas diversas                        1.650
          (-)   Despesas salários                        6.910
          (-)   Despesas com aluguéis                    2.990      11.550
  7       (=) Resultado operacional liquido ( 5 – 6 )                6.220
  8     (+ / -) Resultado não operacional (R – D)                    1.010
  9      (=)    Resultado líquido ( 7 – 8 )                          7.230
 10      (-)    Imposto de rendas e contrib. social                   -
 11      (=)    Lucro líquido após tributos (9 – 10)                 7.230

Realmente o valor do resultado é $7.230. Como falamos este resultado irá compor as
contas patrimoniais e permitirá o fechamento do balanço. Basta transportar as contas
patrimoniais que foram separadas e o resultado da DRE para o balanço. O resultado, se for




                                                                                       26
lucro, pode ser somado aos lucros anteriores, diminuir prejuízos acumulados ou ficar
separado no patrimônio líquido. Se for prejuízo pode ser somado a prejuízos anteriores,
compensados com lucros anteriores ou ficar destacado no patrimônio líquido.
Fizemos: Lucros acumulados anteriores $12.530
               Lucro apurado no período      $ 7.230 = $19.760


1.3.3 ESTRUTURA DE UM BALANÇO PATRIMONIAL

              BALANÇO PATRIMONIAL ENCERRADO EM 31/12/X1
          ATIVO           VALOR           PASSIVO E PL                            VALOR
CIRCULANTE                 31.380 CIRCULANTE                                       14.650
  Caixa                         20    Fornecedores                                 12.300
  Bancos                     3.100    Salários a pagar                              1.030
  Contas a receber           6.480    Tributos a pagar                              1.320
  Estoques                  21.780 EXIGÍVEL A LONGO                                 7.460
                                      Financiamentos longo prazo                    7.460
REALIZÁVEL A LONGO             420 PATRIMÔNIO LÍQUIDO                              19.620
  Contas de longo prazo        420    Capital                                       6.430
PERMANENTE                   9.930    Lucros acumulados                            19.760
  Móveis e utensílios        9.930    Prejuízos acumulados                         (6.570)
TOTAL DO ATIVO             41.730 PASSIVO + P.L.                                   41.730



1.4 LEITURA DOS DADOS CONTÁBEIS PARA EFEITO DE
    ANÁLISE.

             Os conceitos dos componentes patrimoniais também são definidos por legislações
especiais, basicamente pela Lei 6.404/96 e Dec. Lei 1.598/97. Mas para serem utilizados
como fontes de análise as definições dos componentes – entenda-se dados – devem ser
traduzidos em informações pois é a partir daí que se consegue entender a contabilidade
como fonte de informações indispensáveis à gestão das empresas. A partir do momento em
que os dados são transformados em informações, já é início de um trabalho de análise. É
mais ou menos nessa linha de pensamento que DANTE MATARAZZO4 (1991:22) dá o
seu conceito sobre os objetivos da análise das demonstrações – “A análise de balanços
objetiva extrair informações das Demonstrações Financeiras para a tomada de decisão”.
Seu comentário separa portanto o Contador do Analista sendo que o primeiro preocupa-se

4
    Op.Cit




                                                                                        27
com dados e o segundo preocupa-se em traduzir dados em informações. Um melhor
entendimento poderia ser retirado das seguintes comparações:

                                      GRUPOS ATIVOS
                      DEFINIÇÕES                  TRADUÇÃO EM INFORMAÇÕES
                   CONTÁBEIS MAIS                    PARA EFEITO DE ANÁLISE
   GRUPO                COMUNS
                                         a) É estratégico para investimentos;
              a)   Bens e direitos de b) Sua redução pode provocar insuficiência de
                   curto prazo;             capital de giro ou remessa de recursos para o
   ATIVO      b)   Aplicações de curto      longo prazo;
   CIRCU           prazo;                c) É sensível aos efeitos inflacionários;
   LANTE      c)   Destinos de capitais d) Deve ser financiado             pelos créditos
                   de curto prazo;          operacionais;
              d)   Parte do capital de e) O importante não é o seu volume, é a sua
                   giro a curto e do        dinâmica
                   CCL                      f) Parte do ativo operacional ou do CCL
                                         a) Seu aumento implica na absorção de recursos
              a)    Bens e direitos de       do curto prazo ou do longo prazo, interferindo
   REALIZ           longo prazo;             na liquidez;
      A   b)        Aplicações        de b) Deve ser financiado por recursos de longo
     VEL            longo prazo;             prazo;
   LONGO c)         Destinos de longo c) São os recursos que mais sofrem com os
                    prazo;                   efeitos inflacionários;
              d)    Parte do capital de d) Tem uma dinâmica menor do que a do ativo
                    giro de longo prazo      circulante.
                                         e) É parte do ativo operacional mas não do CCL


                    DEFINIÇÕES             TRADUÇÃO EM INFORMAÇÕES
                 CONTÁBEIS MAIS               PARA EFEITO DE ANÁLISE
   GRUPO              COMUNS
              a) investimentos em a) os investimentos devem ser limitados,
                  bens de renda de    evitados ou substituídos;
                  uso e em gastos b) deve ser financiado por recursos de longo
   PERMA          pré-operacionais    prazo;
   NENTE                           c) É insensível aos efeitos inflacionários e o seu
                                      valor auto-atualiza;
                                   d) o uso deve ser extremamente racionalizado;
                                   e) gera custos financeiros e não financeiros.

                     GRUPO PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO
                   DEFINIÇÕES               TRADUÇÃO EM INFORMAÇÕES
                 CONTÁBEIS MAIS               PARA EFEITO DE ANÁLISE
   GRUPO             COMUNS
              a) Obrigações de curto; a) Não deve ser privilegiado e deve financiar




                                                                                        28
b) Passivo operacional           ativos de curto prazo, e não ser oneroso;
 PASSIVO    e parte do CCG e         b)   A sua qualidade é determinante, pois
 CIRCU      CCL;                          compromete a liquidez e gera custos;
 LANTE   c) Exigível ou origens      c)   Reduz o capital de giro total;
            de curto prazo;          d)   Seu aumento pode significar redução de
         d) Capitais de 3 º curto;        origens de longo prazo;
         e) Passivo real de curto    e)   Deve privilegiar as dívidas operacionais;

         a) Obrigações de longo      a)   É a melhor fonte de capitais de terceiros e
EXIGÍVEL    prazo;                        deve financiar investimentos de longo prazo;
   A     b) Passivo operacional      b)   A qualidade também é importante;
LONGO       ou origens de longo;     c)   Seu aumento implica na remessa para o curto
         c) Passivo real longo;           ou para o longo prazo;
         d) Parte exigível total     d)   Não deve ser reduzido para aumentar fontes
         e) Parte do CG longo             de curto prazo;
         a) Capitais próprios ou     a)   Devem ser privilegiados por não serem
            origens próprias;             onerosos;
PATRIMÔ b) Diferença         entre   b)   Reflete a performance e a evolução da
  NIO       ativo e passivo;              empresa;
LIQUIDO c) Compõe-se            de   c)   Regula o nível de remuneração sobre os
            capital lucros e              capitais investidos;
            reservas;                d)   Dá a dimensão à empresa;
         d) Patrimônio social;       e)   Altera-se pelos aportes, pelos resultados e
                                          pelas reavaliações;

                 GRUPO DE RECEITAS, CUSTOS E DESPESAS
                 DEFINIÇÕES               TRADUÇÃO EM INFORMAÇÕES
 GRUPO       CONTÁBEIS MAIS                  PARA EFEITO DE ANÁLISE
                   COMUNS
                                  a) Reflete a eficiência operacional da empresa
                                  b) Sua qualidade é fundamental para avaliar a
RECEITAS a) Resultado da própria     eficiência e a eficácia;
 OPERA       atividade;           c) O preço é determinante do seu volume;
CIONAIS  b) Reflete a capacidade d) Seu aumento não significa necessariamente
             de produção;            melhorias nos resultados;
                                  e) Depende mais das variáveis externas do que
                                     internas;
         a) São dispêndios neces a) Seu valor depende do sistema de controles
            sários à obtenção das     adotado e influi diretamente nos resultados;
         receitas;                b) A política de compras é determinante do seu
         b) Custo de produção de      volume;
 CUSTOS       comercialização e c) É indicador da eficiência e da eficácia da
             dos serviços;            empresa;
         c) São fixos, semi-fixos d) É determinante do preço e da competitividade
         ou variáveis;            e) Depende de variáveis internas e externas;
                                      Deve ser considerado agregados aos produtos
                                     ou serviços.




                                                                                   29
a)   Sua evolução e controle são fundamentais
           a)São despesas necessá-      para a determinação dos resultados;
DESPESAS   . rias à obtenção de    b)   Também avaliam a eficiência e a eficácia;
OPERA      receitas;               c)   Em análise as despesas financeiras não são
CIONAIS    b)Podem ser fixas ou .       necessárias à atividade operacional;
           . variáveis             d)   Possui relação direta com os resultados;
                                   e)   Sofrem interferências de fatores internos e
                                        externos;
                                   f)   devem ser consideradas como agregados;

                          GRUPO DO RESULTADO
              DEFINIÇÕES               TRADUÇÃO EM INFORMAÇÕES
           CONTÁBEIS MAIS                  PARA EFEITO DE ANÁLISE
 GRUPO          COMUNS
        a) É o efeito do a) Depende da eficiência e da eficácia das
           trabalho de uma          receitas, dos custos e das despesas;
           empresa;              b) Não existe limite máximo mas deve ter um
RESULTA b) É a diferença entre      parâmetro mínimo;
 DOS       as receitas, custos e c) Deve ser conhecido e definido antes das
           despesas;                operações;
        c) Pode ser operacional d) É a fonte mais barata de capitalização;
           Ou não operacional ; e) É o grau de atratividade p/o investidor;
                                 f) Reflete o trabalho geral da administração;




                                                                                30
II ANÁLISE NA CONCEPÇÃO TRADICIONAL


                                                  Há determinados conceitos, fundamentos e princípios que
                                                  são imutáveis pela própria essência, e por isso,
                                                  circunstanciam e institucionalizam a ciência a que
                                                  servem.

                                                     .


2.1 INTRODUÇÃO

           Muitas definições e conceitos sobre a análise são explorados pelos autores das mais
variadas escolas de contabilidade. Para alguns como DANTE MATARAZO (1991;26)5 a
análise surgiu e prosperou dentro do sistema bancário no final do século XIX mas no
Brasil somente começou a ser difundida no final dos anos 70. Alias a SERASA empresa
conhecida no Brasil por trabalhar nessa área, foi criada em 1.968. É, portanto uma parte da
ciência contábil relativamente nova. Segundo o autor, a análise de balanços tornou-se
obrigatória nos EEUU em 1.915 quando o Federal Reserv Board (Banco Central do
EEUU) definiu que somente poderia negociar títulos com empresas que apresentassem os
seus balanços aos bancos. A concessão de crédito foi, portanto, uma das primeiras
finalidades da análise de balanços.
          Em 1.918 o FED (Banco Central Americano) normatizou as apresentações das
demonstrações para efeito de análise criando inclusive, formulários padronizados para que
fossem apresentados pelas empresas como orientador das operações bancárias.


2.2 A CONTABILIDADE E A ANÁLISE
           Segundo vários autores a contabilidade e a análise muito embora, esta última
somente tenha se difundido no Brasil a partir da década de 70, nasceram juntas. Aliás,
                               6
IUDÍCIBUS (1988;19)                vai mais longe. Para ele a necessidade de analisar as
demonstrações é pelo menos tão antiga quanto a própria origem de tais peças.


5
    Op.Cit
6
    IUDÍCIBUS, Sérgio de. Análise de Balanços. 5 ed. São Paulo, Atlas, 1988.




                                                                                                      31
O mesmo autor, na mesma obra a análise de balanços (sic) deve ser entendida como
uma técnica cheia de possibilidades mas também com várias limitações. Mais aponta
problemas a serem investigados do que soluções.
       É sintomática a necessidade de mudar a forma de analisar a partir do momento que a
própria contabilidade deixa de responder às necessidades de várias outras informações
utilizadas na gestão de empresas.
       DRUCKER (1995:69)7 emérito conhecedor da arte de administrar entende que
existem dois grandes desafios para a gestão moderna. O primeiro é como obter os dados
necessários, testá-los e juntá-los ao sistema de informações existente; o segundo é torná-los
eficazes para o processo de decisões da empresa. Lembrando a contabilidade o autor diz
que as empresas dependem de dados internos como custos, ou de hipóteses não testadas a
respeito do exterior. De uma ou de outra forma ele afirma: “as empresas estão tentando
voar com uma asa só”. Referindo especificamente à contabilidade ele diz

      “As pessoas normalmente consideram a contabilidade como sendo “financeira”. Mas isto
       é válido somente para a parte que lida com ativos, passivos e fluxos de caixa; esta é ape-
       nas uma pequena parte da contabilidade moderna. A maior parte desta lida com operações
       ao invés de finanças e, para a contabilidade operacional, o dinheiro é simplesmente uma
       anotação e uma linguagem para expressar eventos não-monetários. A contabilidade está
       sendo abalada até as raízes por movimentos de reforma que visão fazer com que ela deixe
       de ser financeira, e se torne operacional....A contabilidade tornou-se a área intelectualmen-
       te mais desafiadora no campo gerencial e a mais turbulenta.”



2.3 CONCEITOS DE ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES
        Eisnsten já dizia: “Tudo deve ser tão simples, quanto mais simples puder ser, e
nunca ainda mais simplificável”. É partindo dessa crua verdade que deve se propor alguns
conceitos de análise das demonstrações. Simplificar é a palavra de ordem. Simplificar os
dados em coeficientes, índices, quocientes ou percentuais para com isso conseguir
simplificar as suas leituras; detectar e simplificar as suas causas; simplificar o estudo de
seus efeitos e racionalizar estratégias futuras.
        É o conhecimento do todo pelas partes que o compõe. Filosoficamente é um
processo por meio do qual se sobe do composto ao simples, dos efeitos às causas.
Matematicamente falando é um conjunto de operações que permite produzir um espectro a
fim de se tirar uma conclusão. Como instrumento de gestão (englobando todos os




                                                                                                       32
conceitos), é um conjunto de diagnósticos setoriais da organização, traduzindo os efeitos e
as causas dos resultados obtidos pelo processo administrativo e produzindo espectros
sobre o futuro do patrimônio gerido, orientado pelas representações de suas partes.
      Para HILÁRIO FRANCO (1992;93,97)8

       “Analisar uma demonstração é decompô-la nas partes que a formam, para melhor interpreta-
        ção de seus componentes...é a decomposição dos fenômenos patrimoniais em seus elemen-
        tos mais simples e irredutíveis”.

     LOPES SÁ (1981;13)9 um dos grandes cientistas da contabilidade usa o
comportamento humano para explicar o trabalho de análise. Segundo ele é latente no
espírito humano o desejo de conhecer as partes de um todo.


      “O método de conhecer as partes de um objeto, de um idéia, ou de qualquer coisa, é o método
        analítico.... Analisar é dividir um objeto em partes para conhecer bem tudo aquilo de que é feito um
        todo....Análise é, pois, um caminho de entendimentos através das partes ou elementos de um conjunto.
    ....Busca-se o mais simples para conhecer como se estrutura e como funciona o mais complexo”.

          O autor citado defende a diversidade dos procedimentos de análise de acordo com
cada tipo de atividade econômica. É uma idéia que lança desafios mostrando que o
trabalho de análise não possui receitas iguais para os mesmos números, e que vai além da
mera tradução dos números expressos nas demonstrações. Referindo-se às normas
internacionais de contabilidade, ressalta também que os procedimentos de análise variam
de país para país.



2.4 A ANÁLISE                        ATRAVÉS DOS COEFICIENTES E
    ÍNDICES
2.4.1 CONCEITOS E DEFINIÇÕES

         Segundo MATARAZZO (1991;27)10 Alexander Wall, considerado pai da Análise
de Balanços, apresentou em 1.919 o modelo de análise através dos índices hoje bastante
modificados, mas cujo princípio é o mais utilizado até hoje. A partir de 1.931, a Dan &
Badstreet começar a divulgar os índices padrão de várias atividades econômicas

7
  DRUCKER, F.Peter. Administrando em tempos de grandes mudanças. São Paulo, Pioneira, 1995.
8
  Op.Cit.
9
  SÁ, de Antonio Lopes. Introdução à Análise de Balanços. 2 ed. Rio de Janeiro, Tecnoprint, 1981.
10
   Op.Cit.




                                                                                                          33
americanas. Na década de 30 o primeiro modelo de análise de rentabilidade para as
empresas conhecido até hoje como Du Pont, (análise do ROI – Return on Investiment) que
decompunha a taxa de retorno em taxas de margem de lucro e de giro dos negócios.

2.4.1.1       COEFICIENTES - é a relação de uma parte com o todo isto é, com uma
              grandeza maior. Para HILÁRIO FRANCO (1992;97)11 “coeficiente é a
              determinação da percentagem de cada conta ou grupo de contas em relação ao
              seu conjunto.” –

              Exemplo:Ativo Circulante relacionado com o Ativo Total;ou Contas a receber

                         com o Ativo Total

2.4.1.2       QUOCIENTES – é uma relação entre os componentes de um conjunto
homogêneo. HILÁRIO FRANCO assim definiu: “é o estabelecimento da relação entre
componentes de um mesmo conjunto”

              Exemplo: Caixa relacionado com o Ativo Circulante; ou Ativo Circulante
              relacionado com o Ativo Total.

                                                     12
                          Segundo IUDÍCIBUS               o uso dos quocientes tem como finalidade
              principal permitir aos analistas visualizar e extrair tendências e compará-los
              com os padrões preestabelecidos. É em outras palavras ver o passado e através
              dele, fornecer algumas atitudes que deverão ser aplicadas no futuro.

2.4.1.3 ÍNDICES - designa os valores de uma mesma variável isto é, a posição de um
          elemento no quadro. Geralmente são relações entre dois coeficientes. Para
          MATATARAZZO (1991;96)13

          “Ïndice é uma relação entre contas ou grupos de contas das Demonstrações Financeiras, que
          visa evidenciar determinado aspecto da situação econômica ou financeira de uma empresa...
          fornecendo uma visão ampla da situação econômica ou financeira da empresa”

        HILÁRIO FRANCO conceitua índice da seguinte forma: “é a comparação
entre componentes do conjunto em sucessivos períodos”.



11
   Op.Cit
12
   Op.Cit
13
   Op.Cit




                                                                                                      34
2.4.2 OS PRINCIPAIS COEFICIENTES E ÍNDICES.

           Regra geral a análise das demonstrações financeiras é feita mediante a tradução dos
dados ou valores, em coeficientes ou índices permitindo assim a sua análise. Os principais
grupos de coeficientes e índices são:


2.4.2.1 DE LIQUIDEZ
               Medem a capacidade que a empresa possui de pagar suas obrigações com base nos
próprios recursos circulantes. É parte da análise financeira da empresa. Para IUDÍCIBUS 14
a análise financeira por quocientes é um dos mais importantes no desenvolvimento da
contabilidade.

           Por unanimidade dos autores considera-se que tais coeficientes representam o
quanto para pagar cada unidade monetária (real), a empresa dispõe. Assim, como
parâmetro usa-se dizer que estando ele acima de 1,00 a empresa está como uma capacidade
de pagamento ideal.


2.4.2.2 DE ENDIVIDAMENTO
               São relações que demonstram o grau de comprometido da empresa perante
terceiros. É também unanimidade entre os autores a avaliação de que quando esse
coeficiente é superior a 0,50, indica que a empresa começa a pertencer mais terceiros do
que aos próprios componentes da sociedade.


2.4.2.3 DE RENTABILIDADE
           Revelam a capacidade de retorno sobre os investimentos isto é, sobre os capitais
investidos. É uma análise que segundo os estudiosos revela a real capacidade que a
empresa possui e obter resultados em função de suas atividades principais (operacionais)


2.4.2.4 DE LUCRATIVIDADE
           Demonstram a capacidade que a empresa possui de promover retorno através de
suas atividades operacionais. É, segundo a maioria dos autores uma análise de suma



14
     Op.Cit.




                                                                                           35
importância para o investidor que interessa em saber a capacidade da empresa de conseguir
resultados com os capitais que nela são investidos;


2.4.2.5 ROTATIVIDADE
       Demonstra a velocidade com que os recursos giram tanto pelos destinos quanto
       pelas origens. Considerando que o poder de ganho da organização está
       condicionado a dois fatores básicos, margem e giro esse estudo é da mais alta
       importância principalmente porque numa economia altamente competitiva, o fator
       margem é determinado pelo mercado. Assim, a capacidade de dar velocidade aos
       recursos aplicados é determinante na análise da administração.


2.4.3 AS LIMITAÇÕES DO USO DOS COEFICIENTES E ÍNDICES
2.4.3.1 OS LIMITES E O BOM-SENSO
     Uma análise nos conceitos, nas definições e nas propostas dos vários autores da área
deixa claro que não há limites para a construção de fórmulas para a elaboração de uma
análise de empresas. Elas podem variar em função do tipo ou da linha do negócio; de
acordo com o momento ou com a finalidade a que se destinam; pelo grau de criatividade e
sensibilidade do analista; pelo enfoque que se quer dar ou investigar etc. Além das
fórmulas já consagradas muitas outras já surgiram e ainda surgirão. Assemelha-nos
entretanto, que sempre haverá limitações e que jamais o assunto poderá ser esgotado.

        WOLFGANG ( 1997:34) 15 nos dá uma grande lição. Vejamos:

       “ O bom-senso (common sense) é, sem dúvida, a base mais sólida para sermos lógicos, prá-
       ticos e claros. Afinal, o bom-senso é um aliado da lógica, praticidade e clareza. O entusiasmo
       ou pessimismo em excesso e a falta de informações mínimas são inimigos do bom-senso.
       Não devemos confundir arrojo ou medo com bom-senso. O bom-senso fortalece e sustenta
      mais concretamennte idéias e conclusões.....Contudo, o bom-senso implica a necessidade de
      certo conhecimento técnico, pesquisa e questionamento....Por outro lado, o conhecido
       feeling (percepção, sentimento) muitas vezes pode ser (e é) invocado para tentar explicar
      algum fenômeno na análise.... O feeling, mesmo sendo de origem subjetiva, implica certa
      sustentação lógica...”

        É exatamente isso que se pretende. Primeiramente é preciso deixar claro que o
bom senso e os estudos já provaram que a análise através do coeficiente e índices, já
prestou grandes serviços à gestão e aos negócios. Por outro lado há estudiosos, raros com




                                                                                                        36
certeza, que abominam a importância de tais estudos como instrumentos de gestão, dado
exatamente às suas limitações. O que deve ter faltado é o bom senso isto é, certo
conhecimento específico e técnico, pesquisas e questionamento. É o que está sendo feito
agora. O que se questiona é se os coeficientes e índices são verdades ou inverdades
absolutas. Nem uma coisa nem outra. Questiona-se também se o conhecimento sobre o
ambiente, sobre o mercado e o feeling não oferecem lógicas suficientes para enriquecer e
robustecer um trabalho de análise.


2.4.3.2      AS LIMITAÇÕES E O ANALISTA

          Não há como discutir a limitação do estudo feito através de coeficiente e de índices
vez que se referem a dados e à informações passadas, e sobretudo, não trabalham com um
cenário maior de informações. Ensaios e opiniões de vários autores quando sinalizam e até
mesmo enfatizam as limitações da análise e, conseqüentemente, ao uso de coeficiente e de
índices, o que é uma máxima. MATARAZZO (1991;31)16 é enfático: “A análise de
balanços tradicional detém-se exclusivamente no passado da empresa, por serem os dados
do passado os únicos contidos nas demonstrações financeiras”.

                                    17
        IUDÍCIBUS (1988:175)             deixa muito claro que o uso dos quocientes oferece
grandes limitações mesmo que comparados com: a) com a série histórica da própria
empresa, b) com algum padrão previamente estabelecido, c) com quocientes análogos de
empresas pertencente ao mesmo mercado, d) com certos parâmetros de interesse regional,
nacional ou internacional.

        O mesmo autor na mesma obra (183) é enfático que a análise onde se leva em conta
apenas os valores das demonstrações financeiras possui uma limitação adicional que é não
considerar as quantidades físicas expressas naqueles valores. Defende a análise que se leva
em conta a eficiência e a produtividade dos fatores.

        Esta é mais uma das razões do presente trabalho. Mesmo utilizando algumas
técnicas previsionais, com as quais alguns autores mais modernos já estão trabalhando, as

15
   SCHRICKEL, Wolfgang Kurt. Análise de crédito; Concessão e Gerência de Empréstimos. 3 ed. São
Paulo, Atlas, 1997.
16
   Op.Cit
17
   Op.Cit




                                                                                                  37
limitações não são totalmente eliminadas. Sempre haverá uma margem de erro,
principalmente tratando de previsões.

        Sem a presunção de querer eliminar com essas margens de erro, o trabalho propõe
uma análise ambiental isto é, considerando o mercado e o seu funcionamento como
variável tão ou mais importante do que as potencialidades internas da organização. Mais do
que isso amplia na análise dos fatores internos, estudos de informações que extrapolam as
demonstrações financeiras, mas que nela se refletem, pois interferem nas capacidades e
competências da empresa. Finalmente conjuga as informações obtidas pela a análise das
várias eficiências da empresa traduzindo isso em ferramenta para gestão ou para tomada de
decisão.
                                       18
       WOLFGANG (1997:239)                  traduz toda preocupação com as limitações da análise
quantitativa. Para ele:

        “ Os índices, como medidores das relações entre vários números integrantes das demonstrações
        financeiras de uma empresa, são ferramentas bastante úteis para análise, resumindo grande quan
        tidade de dados e de forma que é geralmente de fácil compreensão. Contudo, os índices
        têm limitações consideráveis que devem ser lembradas quando avaliamos seu significado
        em determinado caso”

       O autor foi muito feliz nas suas conclusões. Leva em conta a rigidez das
demonstrações contábeis diante dos princípios; ressalta os reflexos das mudanças macro
ambientais sobre as demonstrações; considera as mudanças internas etc. Chega ao ponto de
concluir que os índices não esgotam a análise e, isolados, não refletem situações
favoráveis ou desfavoráveis na operação ou administração da empresa. Esta é a pura
realidade. A análise ambiental interna e externa na opinião do autor é fundamental para
qualquer avaliação, política de gestão ou tomada de decisão.

       Em outra obra do mesmo autor (1997:119) 19 ensina:


      “ Ainda que a análise de balanços utilize uma série de cálculos consagrados (quocientes de li-
      quidez, de rentabilidade, de endividamento, por exemplo), sempre haverá espaço para diferen-
      ças pessoais entre cada analista, à luz de sua formação acadêmica, experiência profissional, pers-
      picácia, sensibilidade etc.....(124). É fundamental ter em mente que as cifras dos demonstrativos
      podem estar sensivelmente afetadas por oscilações macro e micro econômicas, ocorridas durante
      o período contábil, e que fogem ao controle da empresa...”


18
  Op.Cit.
19
  SCHRICKEL, Wolfgang Hurt. Demonstrações Financeiras; Abrindo a Caixa-preta, Como interpretar
Balanços para a Concessão de Empréstimos. São Paulo, Atlas, 1997.




                                                                                                           38
É uma prova contundente da relatividade da análise quantitativa e do subjetivismo
da análise na ótica de cada analista. Entretanto, fica claro o peso da sensibilidade do
analista, ao vislumbrar os ambientes interno e externo em que a empresa se insere. É com
essa sensibilidade que ele consegue avaliar as interferências e os efeitos provocados pelas
políticas internas e externas nas atividades empresariais.


2.5 A ANÁLISE HORIZONTAL E VERTICAL
2.5.1 A ORIGEM DO MÉTODO

       A análise horizontal e vertical é a forma mais comum de expressar uma análise.
Apesar de suas simplicidades tais análises revelam informações importantes. Este tipo de
análise surgiu em 1925 nos EEUU quando, Stephen Gilman ao criticar o sistema de análise
por coeficientes propôs a análise que vislumbrasse índices encadeados para indicar as
variações havidas nos vários elementos do patrimônio.


2.5.2 A ANÁLISE HORIZONTAL

       Permite analisar a evolução de uma de uma conta ou de um grupo de contas entre
períodos diferentes. Serve também para construção de uma série histórica da empresa,
elemento fundamental para ajudar no estudo de tendências. Trabalha fundamentalmente
com efeitos e dificilmente revelas as causas das mudanças. Pode ser evolutiva ou
retrospectiva. Segundo IUDÍCIBUS20 esse tipo de análise é muito importante para
descobrir e avaliar a estrutura e composição de itens das demonstrações e a sua evolução
no tempo.


2.5.3 A ANÁLISE VERTICAL
       Demonstra a estrutura das demonstrações podendo assim servir para estabelecer
tendências. Também espelha os efeitos e em algumas demonstrações é também possível
descobrir algumas causas primárias. Revela o percentual que uma grandeza está contida na
outra. Exemplo:




                                                                                        39
2.5.3.1 EXEMPLO DA ANÁLISE HORIZONTAL E VERTICAL

                   Demonstrações em milhares de reais
ELEMENTOS / ANOS       20x2                 20x1                                 20x0
 Contas ou Grupos Valor H      V     Valor     H                   V valor         H      V
ATIVOCIRCULNTE 1.250 1,15 0,48 1.820           1,68               0,64 1080       1,00   0,47
 Disponibilidades  120 0,48 0,10        90     0,36               0,05 250        1,00   0,23
 Contas a receber  480 0,94 0,38 620           1,21               0,34 510        1,00   0,48
 Estoques          650 2,03 0,52 1.110         3,47               0,61 320        1,00   0,29

REALIZ. A LONGO             420    0,82   0,16   180       0,35   0,06 510        1,00 0,22
PERMANENTE                  980    1,30   0,36   860       1,14   0,30 750        1,00 0,31
ATIVO TOTAL               2.650    1,13   1,00 2.860       1,22   1,00 2.340      1,00 1,00

ELEMENTOS / ANOS           20x2                         20x1                     20x0
  Contas ou Grupos    Valor H              V      Valor     H      V valor         H      V
PASS. CIRCULANTE 1.450 0,77               0,55   2.320     1,23   0,81 1.880      1,00   0,81
 Fornecedores          490 0,81           0,34     760     1,26   0,33 600        1,00   0,32
 Débitos operacionais  345 2,15           0,24     280     1,75   0,12 160        1,00   0,08
 Empr. Bancários       615 0,55           0,42   1.280     1,14   0,55 1.120      1,00   0,60

EXIGÍVEL LONGO              160 2,66      0,66 120        2,00    0,04 60         1,00 0,02
PATRIM. LÍQUIDO            1040 2,60      0,39 420        1,05    0,15 400        1,00 0,17
PASSIVO + P.L.            2.650 1,13      1,00 2.860      1,22    1,00 2.340      1,00 1,00

ELEMENTOS / ANOS                  20x2                  20x1                     20x0
   Contas ou Grupos       Valor     H      V      Valor    H       V     valor     H      V
+ Receita Oper.Líquda     6.650    1,24   1,00   5.820 1,08       1,00   5.370    1,00   1,00
 - Custo prod.vendidos    3.190    1,22   0,48   2.760 1,06       0,47   2.610    1,00   0,48
 = Lucro oper.bruto       3.460    1,25   0,52   3.060 1,10       0,53   2.760    1,00   0,52
 - Desp.operacionais      1.550    1,11   0,23   1.590 1,13       0,27   1.400    1,00   0,26
= Lucro oper.líquido      1.910    1,40   0,29   1.470 1,08       0,25   1.360    1,00   0,25
- Despesas financeiras    1.290    1,31   0,19   1.450 1,48       0,25     980    1,00   0,18
= Lucro líquido período     620    1,63   0,09      20    0,05    0,00     380    1,00   0,07
- Lucros distribuídos       155    0,62   0,02     -0-     -o-    0,00     250    1,00   0,05
= Resultado final           465    3,57   0,07      20    0,15    0,00     130    1,00   0,02


2.5.3.2 INFORMAÇÕES RETIRADAS DA ANÁLISE BALANÇO PATRIMONIAL

a)   O Ativo Circulante subgrupo mais importante do ativo, depois de crescer 68% no
     segundo ano cresceu apenas 15% no terceiro ano. Se em 20x0 ele representava 47%
     do ativo total, em 20x1 passou a representar 64% mas em 20x2 voltou a representar
     apenas 48% do ativo total. Isso significa a transferência de recursos do curto para o




                                                                                          40
longo prazo, entre o segundo e o terceiro ano, o que pode comprometer a liquidez da
     empresa.

b)   As contas a receber de curto prazo – cresceram 21% entre o primeiro e o segundo
     ano reduzindo em 6% entre o terceiro e o primeiro ano. No primeiro ano elas
     representavam 48% do ativo circulante, no segundo reduziram para 34% e no terceiro
     voltaram a crescer passando a representar 38% do ativo circulante. As variações para
     mais nas contas a receber podendo significar aumento no volume das vendas a prazo,
     aumento nos prazos concedidos ou ineficácia nas cobranças. Nas variações para
     menos o raciocínio é o oposto.

c)   Estoques – Cresceram no segundo ano em 247% e subiram no terceiro ano, ainda em
     relação ao primeiro, em 103%. No primeiro ano representavam 29% do ativo
     circulante, no segundo 61% e no terceiro 52%. Os aumentos da participação dos
     estoques podem ser justificados pelo aumento de investimentos neste item ou pela
     redução do seu giro o que é grave. Nas variações para menos o raciocínio é inverso.

d)   Realizável a longo – Reduziram em valor, no segundo e no terceiro ano em relação ao
     primeiro. Representava respectivamente em relação ao ativo total: 22% no primeiro
     ano, 6% e 16% no terceiro ano. Quando este item aumenta representa a transferência
     de recursos do curto prazo e quando diminui representa remessas para o curto prazo.
     Seu aumento pode originar do aumento das vendas a prazo, do aumento dos prazos
     concedidos ou do baixo giro (ineficácia) da carteira de cobrança. Na redução
     raciocina-se de forma inversa.

e)   Permanente – Aumentou 14% no segundo ano e 30% no segundo. Este aumento é
     justificado por novos investimentos neste item. Representava 31%, 30% e 36% do
     ativo total no primeiro, segundo e terceiro ano. O aumento representa em última
     análise, a transferência de recursos do curto para o longo prazo.




2.5.3.3 INFORMAÇÕES IMPORTANTES RETIRADAS DA DEMONSTRAÇÃO DE
       RESULTADOS




                                                                                           41
a) Receita operacional – Depois de aumentar 8 % no segundo ano melhorou bastante
     aumentando 24%% no terceiro. No terceiro ano teoricamente a empresa ganhou
     participação no mercado o que é bom sinal.

b) Custo dos produtos vendidos – Cresceram 6% no segundo ano, portanto menos do
     que o aumento das vendas (8%) o que é bom sinal. No terceiro ano, enquanto as
     vendas aumentaram 24%% os custos aumentaram apenas 22%.No primeiro ano
     representavam 48% das vendas; no segundo 47% e no terceiro passaram a representar
     48%. No segundo ano foram melhores administrados. Portanto, os custos não estão
     crescendo mais que proporcionalmente à variação das vendas. Isso significa que as
     matérias primas e secundárias ou os demais custos diretos foram reduzidos por uma ou
     outra razão;

c) Lucro bruto – é o reflexo das ocorrências com os dois fatores anteriores.

d) Despesas operacionais – No segundo ano cresceram 13% (as vendas cresceram
     apenas 8%); no terceiro ano aumentaram 11%. Representaram no primeiro ano 26%
     das vendas totais; no segundo subiram para 27% e no terceiro ano caíram para 23%.
     Foi um item que a administração se preocupou e promover saneamento.

e) Lucro operacional – é o resultado das políticas de vendas, de custos e de despesas
     demonstrados pelos itens anteriores;

f)   Despesas financeiras – Cresceram 48% no segundo ano e 31% no terceiro.
     Absorveram no primeiro ano 18% das receitas, no segundo 25% e no terceiro 19%.
     Realmente estão prejudicando os resultados da empresa;

g) Lucro Líquido – Não está com performance boa. Anularam-se no segundo ano e no
     terceiro subiram 63%. Entretanto a lucratividade das vendas no primeiro ano foi de
     7%, nula no segundo ano e de 9% no terceiro;

h) Lucros distribuídos – Apenas 5% das receitas no primeiro e 2% no terceiro ano. No
     segundo ano nada foi distribuído aos sócios.


2.5.4 A ANÁLISE HORIZONTAL E VERTICAL SOB O ENFOQUE
      DE MERCADO.



                                                                                      42
Como vimos no subitem anterior a análise horizontal e vertical elaborada apenas
pelos dados da contabilidade oferece informações importantes. Entretanto, não é possível
revelar as causas que provocaram alterações em algum item deixando as informações
extraídas efetivamente limitadas. Serve como série histórica e como tendências mas
limita-se na definição de ações e de estratégias mais concretas.

        Por outro lado a elaboração da análise vertical e horizontal utilizando de dados e de
informações do mercado e de dados quantitativos das operações da empresa, oferece uma
quantidade muito maior de novas informações facilitando assim, as conclusões e
orientando melhor para possíveis ações ou estratégias. A maioria das incertezas deixadas
pela análise tradicional podem se transformar em certezas, com a adoção do novo modelo.

        O que se pode questionar é quanto a disponibilidade das informações sobre o
mercado e quanto aos dados da empresa, não expressos na contabilidade. Isto é simples.
São dados que podem ser obtidos por uma das seguintes fontes:

a) Quantidades vendidas de um determinado produto no mercado, que pode ser obtida
    por uma ou por várias das informações a seguir:
     




         Pela mídia da região quando analisa a performance de um determinado segmento
    do mercado;
     




          Pelas entidades classistas que controlam dados de determinados segmentos;
     




          Pelos fornecedores que fornecem o produto à região;
     




         Pelas repartições públicas que controlam entradas e saídas regionais de
    determinados produtos;
     




          Pelos concorrentes que disponibilizam os seus dados;
     




          Pelos órgão encarregados de pesquisas;
     




          Através de banco de dados sobre o mercado.


b) Quantidades vendidas pela empresa:
     




          Levantadas através dos controles de estoques da própria empresa;




                                                                                          43
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  • 1. WILTER FURTADO ANÁLISE CONTÁBIL; UM ENFOQUE VOLTADO PARA A GESTÃO DE EMPRESAS ESCOLA SUPERIOR DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ADMINISTRATIVAS DE ITUIUTABA ITUIUTABA – FEVEREIRO - 2001 1
  • 2. ANÁLISE CONTÁBIL; UM ENFOQUE VOLTADO PARA A GESTÃO DE EMPRESAS 2
  • 3. WILTER FURTADO, Prof. ANÁLISE CONTÁBIL; UM ENFOQUE VOLTADO PARA A GESTÃO DE EMPRESAS ITUIUTABA ESCCAI - 2001 3
  • 4. ÍNDICE AGRADECIMENTOS 9 NOTAS DO AUTOR 10 INTRODUÇÃO 12 I REVISÃO DE ALGUNS CONCEITOS BÁSICOS DE CONTABILIDADE 15 1.1 Introdução 1.2 Seqüência conceitual da construção contábil 16 1.3 Tipos e estruturas das principais demonstrações financeiras 22 1.3.1 Estrutura do balancete 24 1.3.2 Estrutura da demonstração de resultados 26 1.3.3 Estrutura do balanço patrimonial 27 1.4 Leitura dos dados contábeis para efeito de análise 27 II ANÁLISE NA CONCEPÇÃO TRADICIONAL 31 2.1 Introdução 31 2.2 A contabilidade e a análise 31 2.3 Conceitos de análise das demonstrações 32 2.4 Análise através dos coeficientes e índices 33 2.4.1 Conceitos e definições 33 2.4.1.1 Coeficientes 34 2.4.1.2 Quocientes 34 2.4.1.3 Índices 34 2.4.2 Os principais coeficientes e índices 35 2.4.2.1 De liquidez 35 2.4.2.2 De endividamento 35 2.4.2.3 De Rentabilidade 35 2.4.2.4 De Lucratividade 35 2.4.2.5 De Rotatividade 36 2.4.3 As limitações do uso dos coeficientes e índices 36 2.4.3.1 Os limites e o bom-senso 36 2.4.3.2 As limitações do analista 37 2.5 A análise horizontal e vertical 39 2.5.1 A origem do método 39 2.5.2 A análise horizontal 39 2.5.3 A análise vertical 39 2.5.3.1 Exemplo de análise horizontal e vertical 40 2.5.3.2 Informações retiradas da análise do balanço patrimonial 40 2.5.3.3 Informações retiradas da análise da demonstração de resultados 41 2.5.4 Análise Horizontal e vertical sob o enfoque do mercado 42 2.5.4.1 Análise horizontal e vertical com dados gerenciais 44 2.5.4.2 Informações retiradas da análise horizontal e vertical 45 2.5.4.3 Informações importantes para a definição de ações e de estratégias 46 4
  • 5. 2.6 Limitações da análise tradicional para efeito de gestão 47 2.6.1 Dados e informações 47 2.6.2 Respostas que não satisfazem o gestor 48 III UM NOVO ENFOQUE PARA ANÁLISE CONTÁBIL 51 3.1 Introdução 51 3.2 Caminhos e instrumentos para aplicação do novo enfoque 53 3.2.1 Conceitos de análise de gestão 56 3.2.2 Campos de aplicação da análise sob o enfoque de gestão 58 IV PRÁTICA DA ANÁLISE ORIENTADA PARA A GESTÃO E DECISÃO 64 4.1 Introdução 64 4.2 Os cenários e a análise aplicada à gestão 65 4.2.1 Cenários determinantes 65 4.2.1.1 Variáveis internas e efeitos externos 65 4.2.1.2 Variáveis externas e efeitos internos 66 4.2.2 As ameaças e oportunidades do mercado 69 4.2.2.1 O tom do negócio 69 4.2.2.2 A análise da demanda 69 4.2.2.3 A análise da oferta 70 4.2.2.4 A análise do composto de marketing 70 4.3 As influências dos fatores internos na gestão 70 4.3.1 Fatores internos determinantes 70 4.3.2 Os pontos fortes e os pontos fracos da organização 71 4.3.2.1 A análise das operações 71 4.3.2.2 A análise das finanças 71 4.3.2.3 A análise da estrutura 71 V EFICIÊNCIAS, EFICÁCIAS E COMPETÊNCIAS 72 5.1 Introdução 72 5.2 Conceitos gerais das eficiências 74 5.3 A análise através das eficiências 74 5.3.1 Tipos de eficiência 76 5.3.1.1 Eficiência mercadológica 76 5.3.1.2 Eficiência operacional 76 5.3.1.3 Eficiência financeira 76 5.3.1.4 Eficiência patrimonial 76 5.4 Aspectos comuns à todas as análises 77 5.4.1 Lucratividade 77 5.4.2 Liquidez 77 5.4.3 Rentabilidade 77 5.4.4 Endividamento 77 5.4.5 Rotatividade ou giro 77 VI EFICIÊNCIA MERCADOLÓGICA 78 6.1 Introdução 78 6.2 Capacidade de criar demanda 81 6.2.1 Medidas que revelam as capacidades de criar demanda 82 5
  • 6. 6.2.1.1 Investimentos em marketing 82 6.2.1.2 A demanda e a participação social e cultural da empresa 84 6.2.1.3 A demanda e o meio ambiente 85 6.2.1.4 Melhorias nos processos e nos produtos 86 6.2.1.5 Eficiência e eficácia das campanhas 92 6.2.1.6 Resultados das campanhas de vendas 94 6.2.1.7 Eficácia na fidelização de clientes 98 6.2.1.8 Os custos e o mercado 99 6.2.1.9 A margem e as suas influências 101 6.3 A Capacidade de atender a demanda 102 6.3.1 Medidas que revelam a capacidade de atender a demanda 103 6.3.1.1 Capacidade de vender estoques 103 6.3.1.2 Poder de negociação 104 6.3.1.3 Gestão de conflitos 105 6.3.1.4 Eficiências nas entregas 105 6.3.1.5 Participação no mercado 106 6.3.1.6 Produtividade do permanente 108 6.3.1.7 Produtividade do ativo total 109 6.3.1.8 Racionalização da produção e dos equipamentos 110 6.3.1.9 Tempo de negociação 112 6.3.1.10 Grau de garantia 112 VII EFICIÊNCIA OPERACIONAL 114 7.1 Introdução 114 7.2 Capacidade de dimensionar os equipamentos e os fatores produtivos 115 7.2.1 Medidas que revelam a capacidade de dimensionar fatores 116 7.2.1.1 Aplicações em ativo circulante 116 7.2.1.2 Aplicações em estoques 117 7.2.1.3 Aplicações em contas a receber 118 7.2.1.4 Aplicações em realizável a longo 118 7.2.1.5 Aplicações em permanente 119 7.2.1.6 Aplicações em custos diretos 119 7.2.1.7 “Benchmarking” da eficácia dos custos diretos 122 7.2.1.8 Valor agregado 123 7.2.1.9 Aplicações em despesas operacionais 124 7.2.1.10 Melhorias contínuas (Kaizen) 125 7.2.1.11 Grau de rejeição e devolução 125 7.2.1.12 Coeficiente do retrabalho 126 7.2.1.13 Mão de obra e retrabalho 127 7.2.1.14 Prevenção de acidentes 128 7.2.1.15 Eficácia da matéria prima 128 7.2.1.16 Racionalidade da mão de obra 129 7.2.1.17 Taxa “Turnover” 129 7.2.1.18 Remuneração variável por resultados 129 7.2.1.19 Tempo para educação 130 7.2.1.20 Investimentos em capacitação 131 7.2.1.21 “Benchmarking” da capacitação 132 6
  • 7. 7.2.1.22 Produtividade da mão de obra 132 7.2.1.23 Eficiência dos fatores produtivos 133 7.2.1.24 “Benchmarking” dos processos 133 7.2.1.25 Comprometimento com as despesas 134 7.3 Capacidade para girar ativos 134 7.3.1 Medidas que revelam a capacidade para girar ativos 135 7.3.1.1 Giro do ativo total 135 7.3.1.2 Giro do permanente 136 7.3.1.3 Giro do realizável a longo 137 7.3.1.4 Giro do ativo circulante 137 7.3.1.5 Giro do ativo operacional 138 7.3.1.6 Giro dos estoques 138 7.3.1.7 Giro das contas a receber 139 7.3.1.8 Giro dos custos e das despesas operacionais 141 VIII EFICIÊNCIA FINANCEIRA 143 8.1 Introdução 143 8.2 Capacidades de minimizar custos de oportunidade 143 8.2.1 Medidas que revelam a capacidade de minimizar custos 144 8.2.1.1 Giro do capital circulante líquido 144 8.2.1.2 Imobilização dos capitais próprios 144 8.2.1.3 Necessidade líquida de capital de giro 145 8.2.1.4 Imobilização financeira 147 8.2.1.5 Capacidade de realização das contas a receber 147 8.2.1.6 Quocientes de recursos operacionais 147 8.2.1.7 Quociente do fluxo operacional 148 8.2.1.8 Liquidez corrente 148 8.2.1.9 Liquidez real ou seca 149 8.2.1.10 Liquidez geral 150 8.3 Capacidades de evitar alavancagens excessivas 151 8.3.1 Medidas que revelam a capacidade de evitar alavancagens 151 8.3.1.1 Liquidez imediata 151 8.3.1.2 Giro dos passivos totais 152 8.3.1.3 Comprometimento da margem 152 8.3.1.4 Giro dos fornecedores 153 8.3.1.5 Giro das dívidas operacionais 153 8.3.1.6 Giro das dívidas com instituições financeiras 154 8.3.1.7 Quociente de posicionamento relativo 154 8.3.1.8 Rendimento deflacionador 155 8.3.1.9 Aplicações em custos financeiros 155 8.3.1.10 Alavancagem da dívida – custo financeiro 156 8.3.1.11 Alavancagem financeira 157 8.3.1.12 Endividamento total 157 8.3.1.13 Estrutura do endividamento 158 8.3.1.14 Participação de capitais 158 IX EFICIÊNCIA PATRIMONIAL 159 9.1 Introdução 159 7
  • 8. 9.2 Capacidade de manter a longevidade do negócio 159 9.2.1 Medidas que revelam a capacidade de dar perenidade ao negocio160 9.2.1.1 Rendimento do ativo circulante 160 9.2.1.2 Rendimento do realizável a longo 161 9.2.1.3 Rendimento do permanente 161 9.2.1.4 Rendimento do ativo total 161 9.2.1.5 Grau de imobilização do patrimônio 162 9.2.1.6 Margem líquida 162 9.2.1.7 Margem operacional 163 9.2.1.8 Decomposição dos fatores de retorno 164 9.2.1.9 Capitalização dos resultados 164 9.2.1.10 Evolução do patrimônio 165 9.2.1.11 Solvência 165 9.3 Capacidade de garantir o retorno dos investimentos 166 9.3.1 Medidas que revelam a capacidade de garantir retornos 166 9.3.1.1 Rendimento nominal 166 9.3.1.2 Valor contábil da ação 166 9.3.1.3 Retorno sobre o patrimônio 167 9.3.1.4 Rentabilidade da ação 168 9.3.1.5 Quociente preço lucro 168 9.3.1.6 Ganho por ação ordinária 168 9.3.1.7 Garantia de pagamento de dividendos 169 9.3.1.8 Dividendos pagos por ação 169 9.3.1.9 Taxa mínima de retorno 169 9.3.1.10 Aporte de recursos próprios 170 9.3.1.10 Rendimento atual 170 9.3.1.11 Rendimento real. 171 8
  • 9. AGRADECIMENTOS A todos os alunos atuais e egressos dos cursos da ESCCAI, que tanto me ensinaram e ensinam. “Os poucos professores que me impressionaram, não foram os que sabiam mais, mas aqueles que deram o máximo de si, que me olharam de frente, tal como eu era, com um humanismo que despertou e atraiu meu espírito inseguro e me chamou a assumir minha existência com minhas próprias mãos” Charles Chaplin 9
  • 10. NOTAS DO AUTOR Em razão das diversas deficiências estruturais do ensino brasileiro e dos inúmeros problemas conjunturais gerados pela volatilidade do nosso sistema econômico vividos por todos os agente do país, os professores que ministram a disciplina Análise das Demonstrações Financeiras ou Análise de Balanços nos cursos de graduação, enfrentam grandes dificuldades para ministrá-la, principalmente, quando o enfoque é centrado nos seus conceitos e nas suas técnicas. O primeiro problema é conseguir fazer o aluno entender que na realidade o que está sendo analisado não são as demonstrações e, sim, uma organização total, dinâmica e viva refletida nas demonstrações. De forma indireta estão sendo analisados também os seus dirigentes e as suas políticas. As demonstrações são herméticas e, mesmo conhecendo todo o processo contábil que lhes dá origem, se apresentam por números porquanto frias e estáticas.Além disso, retratam apenas os efeitos das operações, das políticas e dos procedimentos internos da empresa, ou seja, ignoram a causa da causa. Ignoram os fatores exógenos que mobilizaram os fatores internos a realizar uma operação, desenvolver uma ação, estipular uma política, definir uma estratégia, dar dimensão etc. retratados nas demonstrações, mas obscuras. É difícil fazer com que o aluno faça uma leitura ideal dos dados contábeis; que aprenda transformá-los em informações e que consiga usá-las como instrumento de gestão ou decisão. Na verdade ele revela dificuldades e até resistência em usar o passado (dados contábeis) para gerir o presente ou projetar o futuro. Dificilmente ele consegue realizar uma leitura do cenário macroambiental e, muito menos, consegue compará-lo com as informações extraídas dos dados internos da empresa. É quase impossível fazê-lo usar ao mesmo tempo os dados financeiros, econômicos, patrimonais etc. refletidos nas demonstrações. A razão é simples. O sistema modulado de levantar, traduzir e interpretar e usar tais dados modula também, de forma inconsciente o seu raciocínio. Ele se esquece que a organização é uma matriz formada por vários subsistemas, e que todos eles reagem ou provocam reações num ambiente externo e maior que é o mercado. As suas limitações para entender um processo de gestão e as funções de uma organização econômica, um mercado e o seu funcionamento são barreiras intransponíveis para viabilizar o estudo da análise. Traduzir o mercado como uma arena de competição inevitável para a empresa, dando aquele uma dimensão igual ou até maior do que a essa, é extremamente positivo. Usando ao mesmo tempo os conceitos de análise, contabilidade, administração, marketing, economia, gestão etc. e criando 10
  • 11. justificativas convincentes da importância de tudo isso para a organização econômica, consegue-se motivar o aluno para o estudo da análise. 11
  • 12. INTRODUÇÃO Quem planeja a curto prazo deve cultivar cereais; a médio prazo, plantar árvores; a longo prazo, educar homens.” Kwantsu, Século 3 a.C. A gestão fundamenta-se no diagnóstico do ontem; orienta-se pela missão, pelos objetivos, pela visão, pelas crenças e es- tratégias da organização; operacionaliza-se com os recursos e com as competências do hoje; avalia-se pelas informações e projeta-se no futuro, pelos próprios valores. Esta obra destina-se a profissionais e a estudantes das ciências administrativas, contábeis e econômicas, principalmente para aqueles que atuam ou que queiram aprofundar estudos nas áreas de análise contábil, de gestão de negócios, de planejamento estratégico, de marketing e de técnicas para a tomada de decisão. A despeito de existirem várias e renomadas obras de inúmeros e conceituados autores sobre tais assuntos, existem lacunas. Faltam trabalhos com enfoques matriciais sobre os conceitos, princípios, fundamentos, técnicas e procedimentos já consagrados por aquelas áreas como instrumentos de gestão de negócios. A análise contábil tem dado enormes contribuições às ciências administrativas e econômicas. A recíproca não é menos verdadeira. Por outro lado, por ser uma ramificação das ciências contábeis esta técnica é vista como uma mera análise quantitativa de produção de dados, o que não deixa de ser uma verdade. Isso ocorre porque somente os estudiosos desta área sabem transformar aqueles dados em informações gerenciais. Por conseguinte são poucos, aqui incluindo os usuários das informações (gerentes, administradores, contadores etc.) que sabem usar aquelas informações como ferramenta de gestão. Talvez estejamos muito preocupados com a criação de informações e menos com a forma de utilizá-las. 12
  • 13. Sem a pretensão de esgotar o assunto, o trabalho se propõe desmistificar a idéia de que a análise contábil, estribada fundamentalmente em dados contábeis só sirva para a construção de séries histórias e demonstração de tendências. A união dos conceitos e princípios da contabilidade, com os conceitos e princípios daquelas áreas, permite a criação de instrumentos poderosíssimos para o planejamento e para a gestão nas organizações. O texto é separado em nove capítulos com os seguintes conteúdos: O Capítulo 1 - Revisão de alguns conceitos básicos da contabilidade - faz uma breve revisão das técnicas contábeis, das estruturas das demonstrações; compara a leitura contábil das demonstrações, com uma leitura especial sugerida, para efeito de análise; O Capítulo 2 - A Análise tradicional – retoma a ligação contabilidade/análise, explora os conceitos de análise das demonstrações financeiras e contábeis; trabalha com as formas tradicionais de análise (coeficientes, índices, análise horizontal e vertical etc.) e estuda as limitações de uso desta análise para efeito de gestão; O Capitulo 3 – Um novo enfoque para a análise contábil – procura definir, os caminhos e os instrumentos para a aplicação do novo enfoque; cria conceitos para a análise de gestão e delimita o campo de aplicação da análise sob o enfoque de gestão. O Capítulo 4 – A prática da análise orientando a gestão e a decisão – define os cenários externos e os fatores internos como determinantes básicas para a análise focada na gestão; sugere a criação de indicadores que demonstrem se a organização é ou não é capaz de minimizar as ameaças e de maximizar as oportunidades de negócios existentes no seu ambiente externo; assim como, sugere a exploração de indicadores que demonstrem os pontos fortes e os pontos fracos da empresa através da análise estrutural. O Capítulo 5 – Eficiências, Eficácias e Competências – explora conceitualmente os tipos de eficiências (mercadológica, operacional, financeira e patrimonial). O Capítulo 6 – Eficiência Mercadológica - trata dos indicadores desta eficiência definindo as capacidades da empresa de: a) criar demanda e b) atender a demanda; insere e define os coeficientes e índices tradicionais que revelam tais eficiências e cria novos indicadores utilizando dos conceitos de administração, economia etc.; O Capítulo 7 – Eficiência operacional – trata dos indicadores desta eficiência definindo as capacidades da empresa de: a) dimensionar os equipamentos e os demais fatores produtivos e b) girar ativos; insere e define os coeficientes e índices tradicionais 13
  • 14. que revelam tais eficiências e cria novos indicadores utilizando dos conceitos de administração, economia etc; O Capítulo 8 – Eficiência financeira – trata dos indicadores desta eficiência definindo as capacidades da empresa de: a) minimizar os custos de oportunidade e b) evitar alavancagens excessivas; insere e define os coeficientes e índices tradicionais que revelam tais eficiências e cria novos indicadores utilizando dos conceitos de administração, economia etc.; O capitulo 9 – Eficiência patrimonial – trata dos indicadores desta eficiência definindo as capacidades da empresa de: a) manter a longevidade do negócio e b) garantir o retorno dos investimentos; insere e define os coeficientes e índices tradicionais que revelam tais eficiências e cria novos indicadores, utilizando dos conceitos de administração, economia etc.; Se algum ponto deste trabalho provocar, por menor que seja, alguma reflexão sobre o papel da análise contábil já me darei por satisfeito. 14
  • 15. I REVISÃO DE ALGUNS CONCEITOS BÁSI- COS DE CONTABILIDADE. Muda o mercado, a economia, as organizações, os homens e os seus enfoques.O que não muda é a eterna necessidade de todos esses agentes,de uma ciência que os ajude na mensuração, na a- nálise e na decisão de seus atos e ações. 1.1 INTRODUÇÃO O processo ininterrupto e abrangente de qualquer atividade econômica provoca a todo instante mesmo que a organização não esteja fisicamente funcionando (em recesso ou fechada), alterações no seu patrimônio. Há um paradigma até mesmo como conceito, que deve ser quebrado. A rigor, a idéia de que somente os atos praticados pela administração da empresa provocam uma operação e um registro contábil não procede.Conseqüentemente, o patrimônio pode ser alterado por atos praticados por outras pessoas que nada tem a ver com a empresa. Parece paradoxal, mas é verdade. Um banco pode, por estar autorizado pelo administrador da empresa, efetuar um débito ou um crédito na conta da empresa no mesmo dia em que ela estiver, por exemplo, fechada para balanço e que o seu administrador não tenha praticado nenhum ato naquele sentido. Nem lá ele estava. Por questões conceituais deve ser dito que atos administrativos ou contábeis são ações praticadas pelo administrador ou por terceiros por ele autorizados, que provocam de alguma forma alterações no patrimônio da empresa. Quanto aos fatos administrativos ou contábeis deve ser dito que são atitudes tomadas pelo administrador ou por terceiros por ele autorizados, que não provocam alterações no patrimônio. 15
  • 16. No exemplo acima o fato (a atitude) do administrador autorizando o banco a promover algum débito na conta da empresa provocou um ato (a ação) do banco que modificou o patrimônio da empresa. 1.2 A SEQUÊNCIA CONCEITUAL DA CONSTRUÇÃO CONTÁBIL. A estruturação e a execução da contabilidade se dá através de conceitos, de princípios, de postulados e de técnicas criadas pela ciência contábil. Este trabalho pressupõe que o usuário já possui os conhecimentos básicos de contabilidade. A proposta resume-se apenas em reviver alguns conceitos básicos sobre as técnicas contábeis, mais utilizadas na análise contábil. Recomenda-se outros estudos para os usuários que não dispõem de tais conhecimentos. As técnicas da construção da contabilidade mais comuns ou básicas são: O PLANO DE CONTAS – Para orientar e facilitar o seu uso, as contas são criadas separadamente (individualizadas) para cada operação, levando-se em consideração: a) a linha de negócio da empresa (indústria, comércio, serviços etc.) b) o tipo das operações que a empresa realiza (a prazo, a vista etc.) c) as pessoas e as relações com elas mantidas (fornecedores, bancos, clientes, empregados, diretores, etc) d) outros referenciais. As contas representando tudo isso são criadas, catalogadas, agrupadas, sistematizadas e codificadas por um documento chamado de plano de contas. É elaborado no início das atividades da empresa, mas pode a qualquer momento ser alterado em função de um novo acontecimento ou operação nova. Para facilitar a localização, definir claramente a função, facilitar a leitura e a análise essas contas são agrupadas e classificadas no plano de contas por natureza, passando a ser chamadas de grupo ou de subgrupos de contas. Os principais grupos e subgrupos de contas criadas no plano de contas são: GRUPOS PATRIMONIAIS ATIVOS (DESTINOS DE CAPITAIS) - CONTAS DE NATUREZA “DEVEDORA” 16
  • 17. 1 Ativo circulante – onde são registradas as operações com os bens e os direitos que estão circulando constantemente (dinheiro em caixa, saldo de bancos, estoques, contas a receber, aplicações financeiras etc.) 2 Realizável a longo – onde são registradas as operações com os bens e os direitos que estão circulando, mas com um prazo maior (contas a receber de longo prazo) 3 Permanente – este grupo é subdivido em: Imobilizado - onde são registradas as operações com os bens que são usados nas operações da empresa (máquinas, veículos, móveis, imóveis etc.); Investimentos – onde são registradas as operações com bens e direitos que não são usados no dia-a-dia da empresa. Foram adquiridos com o objetivo de dar rendas (imóveis de aluguéis, ações de outras empresas etc.) Diferido – onde são registradas os pagamentos feitos, mas que ainda não são custos nem despesas isto é, que dependem de um acontecimento futuro para que sejam assim, classificadas (gastos feitos antes da empresa entrar em operações, despesas com pesquisas, despesas com projetos, juros pagos para os sócios que já entraram com o capital e que ainda não está produzindo etc.) São chamados de pré-operacionais; GRUPOS PATRIMONIAIS PASSIVOS (ORIGENS DE CAPITAIS) – CONTAS DE NATUREZA “CREDORA” 1 Passivo circulante – onde são registradas as operações relacionadas com as dívidas da empresa e que vencem num curto prazo (fornecedores, salários, tributos, débitos com bancos de curto prazo etc.) 2 Exigível a longo – onde são registradas as operações relacionadas com as dívidas da empresa que vencem em prazos mais longos ( financiamentos, contas a pagar etc.) GRUPO DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO (ORIGENS DE CAPITAIS) – CONTAS DE NATUREZA “CREDORA” Este grupo é fácil de ser entendido. Se pegarmos o primeiro grupo (ATIVO) veremos que nele estão registrados todos os BENS E DIREITOS da empresa. No segundo grupo (PASSIVO) estão registradas todas as DÍVIDAS da empresa. 17
  • 18. Diminuindo o segundo do primeiro vai sobrar o valor líquido dos bens e direitos que a empresa possui. É aí que ficam registrados: o capital que os sócios investiram mais os eventuais lucros que eles ainda não retiraram da empresa menos os eventuais prejuízos que tenham acontecido. GRUPO DE RESULTADOS Neste grupo estão as contas que permitem a empresa apurar os seus resultados, ou seja, as RECEITAS (origens de capitais) , os CUSTOS e as DESPESAS (destinos de capitais). Os CUSTOS E DESPESAS são contas de NATUREZA DEVEDORA As RECEITAS são contas de NATUREZA CREDORA. EXEMPLOS DE SUBGRUPOS O uso de subgrupos para classificar as contas serve para identificá-las por natureza revelando os detalhes das contas do subgrupo, do grande grupo e conseqüentemente, do todo: a) No subgrupo “contas a receber” que pertence ao grupo “ativo circulante” são registradas as vendas a prazo e permite saber de quem e quanto a empresa terá para receber de seus clientes. É lógico que se um cliente pagar uma duplicata o valor é imediatamente baixado; b) No subgrupo “móveis e equipamentos” que pertence ao grupo “ativo permanente”, são registrados os bens com esta característica e por ele pode-se saber quais são os bens que a empresa possui, e quais são os seus valores; c) No subgrupo “contas a pagar” que pertence ao grupo “passivo circulante” pode-se saber para quem e quanto a empresa possui de obrigações a pagar. Quando ela efetua um pagamento este é imediatamente baixado ou diminuído do saldo; d) No subgrupo “vendas” que faz parte do grupo “resultados” pode-se saber o que e quanto a empresa vendeu durante aquele período que se quer saber. Serve também para apurar o resultado referente a um determinado período de tempo. e) No subgrupo “despesas” é possível saber o quanto a empresa teve de despesas de um determinado tipo, durante aquele período que se quer saber. Serve também para apurar o resultado de um determinado período. 18
  • 19. OS LANÇAMENTOS CONTÁBEIS - O registro pela contabilidade de qualquer ato ou fato que ocorre no dia-a-dia da empresa na linguagem técnica, é chamado de lançamento contábil. AS CONTAS - Para uniformizar e individualizar os acontecimentos, facilitar as suas identificações e acumular os seus valores o lançamento contábil é feito em locais previamente definidos e intitulados de contas.Exemplos: as vendas são registradas na conta denominada, vendas; as compras são registradas na conta chamada de estoques; as despesas com salários são registradas numa conta chamada “despesas com salários”; e daí por diante.Cada conta representa um tipo de evento ou operação, denominada de acordo com a sua natureza. AS PARTIDAS DOBRADAS – ORIGENS E DESTINOS. É a técnica utilizada para registrar os atos e fatos contábeis. São chamadas de partidas dobradas porque cada fato ou ato invariavelmente representa Uma causa x um efeito Uma origem x um destino. Vamos explicar melhor. Na verdade em nossas vidas tudo é composto de causas e de efeitos, de origens e destinos. Tudo é representado por uma troca uma partida dobrada. Eis alguns exemplos: a) Quando trabalhamos estamos oferecendo a nossa força de trabalho (origem) e recebendo em troca, a remuneração por esse trabalho (destino); b) Quando comprarmos alguma mercadoria recebemos a mercadoria (destino) e em troca damos o dinheiro, cheque ou assinamos um documento assumindo aquela dívida (origens) c) Quando consumirmos energia, água etc. (destino do capital) em troca pagamos por esse uso (destino do capital); d) Quando pagamos uma conta (destino do capital) entregamos o dinheiro e em troca recebemos a nota ou o documento da dívida devidamente quitado (origem do capital); Assim por diante. Numa empresa nada é diferente. O que é um negócio senão uma operação de troca isto é, onde existe um comprador levando um bem e em troca, dando ao vendedor o dinheiro ou um título que garanta sua dívida. A única diferença é que na empresa, as origens e os destinos são registrados pela contabilidade ao mesmo tempo, ou 19
  • 20. seja, os lançamentos contábeis sempre demonstram a origem e o destino da operação. É nesta linha de raciocínio que se convencionou que as partidas dobradas sempre possuem um “débito” e um “crédito” do mesmo valor. Isso nada mais é do que “somar” ou “subtrair” valores de cada conta, de acordo com a operação e com a natureza da conta. O DIÁRIO – Como os atos e os fatos ocorrem todos os dias e a todos os momentos, os lançamentos contábeis são feitos num livro chamado diário. Regra geral é um livro exigido por lei. Mas, mesmo que não seja exigido como acontece em alguns tipos de empresas ou atividades (micros e pequenas empresas etc.) é imprescindível para a administração da empresa, pois é ali que ela encontra registrado tudo o que acontece, podendo assim identificar todas as suas operações e o que é mais importante, apurar os resultados obtidos (lucros ou prejuízos) a qualquer hora que quiser. é portanto um livro que armazena todos os acontecimentos. É como se fosse um diário de uma pessoa. O RAZÃO - Como pode acontecer durante um dia, durante o mês ou durante o ano, vários fatos e acontecimentos iguais isto é, da mesma natureza (várias compras, várias vendas), ao mesmo tempo em que eles estão sendo registrados no diário, estão sendo condensados, classificados e acumulados (armazenados) juntamente com outros fatos iguais ocorridos anteriormente ou no mesmo período, num outro livro chamado de razão. Isso quer dizer, por exemplo: se a empresa quiser saber o total das vendas ocorridas até certa hora do dia, o total até o dia anterior, o total até o mês anterior etc. basta buscar o arquivo da conta vendas que todos os valores estarão ali acumulados. Ficam guardados e vão aumentando ou diminuindo de acordo com os fatos. Significa que a qualquer momento que se precisar de algum dado ele estará atualizado até aquele momento. No razão as contas já estarão classificadas convenientemente. O BALANCETE - A cumulação (somatória) de tais lançamentos podem ser transferidos para um demonstrativo transitório e auxiliar chamado balancete. Este demonstrativo nada mais é do que a transferência de todas as contas que estão com os saldos acumulados no razão em um determinado momento, de forma a permitir o encerramento dos resultados do período e a elaboração dos demais demonstrativos (Demonstração de Resultado, Balanço Patrimonial etc.). Geralmente, é composto de duas colunas onde na primeira são registrados os saldos das contas de NATUREZA DEVEDORA e na segunda, os saldos das contas de NATUREZA CREDORA. Lembrando que a contabilidade sempre registra um 20
  • 21. débito e um crédito ao mesmo tempo, o valor total duas colunas devem ser exatamente iguais. A DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS - Como o próprio nome indica é uma demonstração destinada a apurar os resultados obtidos pela empresa em um determinado período. O procedimento é simples. Retira-se do BALANCETE as contas de RESULTADOS numa disposição lógica cujas operações matemáticas demonstram no final se a empresa obteve “lucro” ou “prejuízo”. Esse resultado é transferido para o BALANÇO na conta específica de lucro ou de prejuízo, do grupo PATRIMÔNIO LÍQUIDO. O BALANÇO – É o demonstrativo que reflete a situação da empresa no momento daquele encerramento. Composto pelas contas patrimoniais (que não foram para a demonstração de resultados) e pelo resultado apurado, estará refletindo todos os bens, direitos e obrigações da empresa. CONCLUSÃO - Pode-se perceber pelos conceitos propostos que a contabilidade se processa numa ordem perfeitamente lógica. Ratificando: a) Para instrumentalizar e orientar os trabalhos da contabilidade a empresa cria um plano de contas, de acordo com suas operações, com o seu tipo de negócio e com as normas contábeis.Classifica as operações previstas em quatro grupos de contas (ATIVO – PASSIVO – PATRIMÔNIO LÍQUIDO e RESULTADOS) b) Subdivide-se esses quatro GRANDES GRUPOS de acordo com os subgrupos acima demonstrados. Qualquer evento a partir daí pode ser registrado na contabilidade. c) Todo evento vai envolver as partidas dobradas e a contabilidade sempre vai registrar “debitando” à uma conta e “creditando” à outra. São os lançamentos. d) Os lançamentos vão sendo guardados no diário e ao mesmo tempo, individualizados no razão. e) A qualquer momento que queira verificar todo o patrimônio da empresa, ou que queira apurar os resultados, para facilitar esse trabalho, transfere os saldos de cada conta para um balancete. f) Se for somente para verificação o trabalho está concluído. Todas as contas que tiverem saldos estarão demonstradas. g) Se for para apurar resultados se separa as contas de RESULTADO do balancete e transfere-as para a demonstração de resultados. As demais contas permanecem no balancete. Nesta demonstração vai aparecer o lucro ou o prejuízo do período. 21
  • 22. h) Apurado o resultado pega-se todas as contas que estavam no balancete e transfere-as para o balanço modificando apenas as contas do PATRIMÔNIO LÏQUIDO, (aumentado) pela conta e no valor do lucro apurado ou (diminuído) pela conta e no valor do prejuízo, se for o caso. Depreende-se que os fatos contábeis vão formando um patrimônio que em algum momento é apresentado pelas demonstrações. Se o patrimônio representa tudo isso é fácil traduzi-lo em um conceito como sendo “o conjunto de bens, direitos e obrigações” Em outras palavras e de forma resumida os conceitos propostos são os mesmos utilizados por HILÁRIO FRANCO (1992;25) 1A análise é posterior a tudo isso. Segundo HILÁRIO FRANCO 2 os meios de que se utiliza a contabilidade ou as técnicas contábeis são: Para atingir sua finalidade a contabilidade utiliza-se das seguintes técnicas contábeis: 1 Escrituração – registro dos fatos; 2 Demonstrações Contábeis (Balanços, inventários e outras) – exposição dos fatos; 3 Auditoria – confirmação dos registros das demonstrações; 4 Análise de Balanços – análise e interpretação das demonstrações. 1.3 TIPOS E ESTRUTURAS DAS PRINCIPAIS DEMONS - TRAÇÕES FINANCEIRAS. As demonstrações financeiras possuem finalidades específicas embora todas tenham uma finalidade comum, ou seja, resumir em um determinado momento os registros dos atos e fatos praticados pela empresa dentro de um determinado período. Alguns desses períodos ou momentos também são determinados por lei, outros, são definidos de acordo com o interesse da própria organização. Da mesma forma são as demonstrações, algumas são exigidas por leis especiais outras não. As principais demonstrações financeiras exigidas pela legislação do imposto de rendas e pela lei das sociedades anônimas, aplicáveis também aos demais tipos de sociedade são: a) Demonstração de Resultados; b) Balanço Patrimonial; 1 FRANCO HILÁRIO. Estrutura, Análise e Interpretação de Balanços. 15 ed. São Paulo, Atlas, 1992. 2 Op.Cit. 22
  • 23. c) Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos; e) Demonstração de Mutações do Patrimônio Líquido. Suas estruturas básicas também são regulamentadas ou normatizadas. Esta exigência faz sentido porque uma das principais funções das demonstrações é classificar os eventos administrativos, os atos ou os fatos contábeis em grupos representativos de eventos patrimoniais ou do próprio patrimônio. Embora não existam modelos exigidos por lei a praxe contábil conseguiu criar estruturas que facilitam a leitura de tais demonstrações. Uma particularidade é importante. Para efeito de análise em muitos casos há a necessidade de readequar a estrutura demonstrada ou de reclassificar algumas contas ou grupos no sentido de facilitar os trabalhos e dar valor real à análise. Há estudiosos que já consolidaram algumas convenções sobre a estrutura gráfica das demonstrações embora legalmente isso não exista. Mas em respeito às autoridades que são e em razão do bom “layout” que defendem, a práxis contábil as adota. Como exemplo de uma demonstração sugerida por um autor, IUDÍCIBUS (1988;51)3. Ele entende que embora sendo uma convenção, o balanço patrimonial deva ser constituído de duas colunas: a coluna do lado esquerdo, destinada ao Ativo, e a do lado direito destinada ao Passivo e ao Patrimônio Líquido. Já que é convenção poderia ser colocado, por exemplo, que em primeiro lugar ou em cima o grupo Ativo e que em segundo lugar ou logo abaixo, o Passivo e o Patrimônio Líquido. Mas quando falamos de estrutura na acepção estrita da palavra não estamos nos referindo a exposição gráfica das demonstrações. Estamos nos referindo à estrutura das demonstrações no que diz respeito à disposição, à classificação e à lógica dos dados que nelas são expostos. Aí sim, existem normas e princípios mínimos a serem seguidos. Nesse caso exige-se que os grupos ou as contas do ativo sejam colocados numa ordem crescente de prazo em que poderão ser realizados. Explica-se assim a razão de que todos os Balanços Patrimoniais reflitam os bens e direitos na seguinte ordem: Circulante, Realizável a Longo e Permanente; que um Ativo Circulante espelhe suas contas na seguinte ordem: Disponibilidades, Valores em Contas Bancárias, Valores em Aplicações Financeiras de Curto Prazo, Contas a Receber, Estoques e daí por diante. Pelo lado do Passivo e do Patrimônio Líquido o raciocínio é o mesmo isto é, os grupos e as contas são 23
  • 24. colocados numa ordem crescente, mas agora, do prazo de maturação isto é, do prazo que tais recursos serão exigidos da empresa. Assim explica-se a razão de serem representados na seguinte ordem: Passivo Circulante, Exigível a Longo e Patrimônio Líquido; que o Passivo Circulante disponha-se pelos débitos operacionais de curto prazo: salários a pagar, tributos a recolher, fornecedores, empréstimos de curto prazo etc. As demais demonstrações primam muito pela lógica. Um exemplo é a demonstração de resultados. A lógica para se chegar a um resultado é que, das Receitas sejam deduzidos os Custos e as Despesas. É assim que ela se apresenta. Na Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos pela lógica demonstra-se primeiramente em que os recursos foram aplicados e em segundo lugar, demonstra-se de onde eles vieram. Forma-se pela ordem: primeiro as origens e depois as aplicações ou destinos. Para efeito de análise essas estruturas são muito importantes. 1.3.1 ESTRUTURA SIMPLES DE UM BALANCETE DE VERIFICAÇÃO BALANCETE DE VERIFICAÇÃO DO PERÍODO 01/01/x1 a 31/12/x1 C O N T A S SALDOS EM 31/12/X1 Código TÍTULOS DÉBITO CRÉDITO 001 Caixa 20 002 Bancos 3.100 003 Contas a receber 6.480 004 Estoques 18.650 011 Contas a receber longo prazo 420 021 Móveis e utensílios 9.930 031 Fornecedores 12.300 032 Salários a pagar 1.030 033 Tributos a pagar 1.320 041 Financiamentos de longo prazo 7.460 051 Capital 6.430 052 Lucros acumulados 12.530 054 Prejuízos acumulados ( 6.570) 061 Despesas diversas 1.650 062 Despesas com salários 6.910 063 Despesas com aluguéis 2.990 071 Receitas de vendas 36.300 074 Tributos sobre vendas ( 1.050) 072 Rendas de aplicações financeiras 1.010 080 Compras 20.610 TOTAIS 70.760 70.760 3 IUDÍCIBUS, Sérgio de. Análise de Balanços. 5 ed. São Paulo, Atlas, 1988. 24
  • 25. Explicando melhor os conceitos vamos agora separar as contas que geram RESULTADOS (Receitas, Custos e Despesas), das contas PATRIMONIAIS para podermos encerrar o período. Para isso é preciso saber o valor dos ESTOQUES que sobraram no final do período que logicamente fazem parte do resultado. De acordo com o levantamento físico (poderia estar expresso na conta de estoques) apurou-se o valor de $ 21.780 CONTAS DE RESULTADOS C O N T A S SALDOS EM 31/12/X1 Código TÍTULOS DÉBITO CRÉDITO Estoques anteriores ou iniciais 18.650 Despesas diversas 1.650 Despesas com salários 6.910 Despesas com aluguéis 2.990 Receitas de vendas 36.300 Tributos sobre vendas ( 1.050) Rendas de aplicações financeiras 1.010 Compras 20.610 Estoques não vendidos 21.780 TOTAIS 50.810 58.040 Como podemos observar há uma diferença entre as duas colunas de $ 7.230 que é seguramente o resultado do período. Basta-nos transportar aquelas informações para a demonstração própria para comprovar. As contas patrimoniais já estão separadas. Mudamos apenas os estoques isto é, retiramos aqueles que existiam no início do período e no seu lugar colocamos os que sobraram no final do período e que passaram a fazer parte do patrimônio. CONTAS PATRIMONIAIS C O N T A S SALDOS EM 31/12/X1 Código TÍTULOS DÉBITO CRÉDITO 001 Caixa 20 002 Bancos 3.100 003 Contas a receber 6.480 004 Estoques 21.780 011 Contas a receber longo prazo 420 021 Móveis e utensílios 9.930 031 Fornecedores 12.300 032 Salários a pagar 1.030 25
  • 26. 033 Tributos a pagar 1.320 041 Financiamentos de longo prazo 7.460 051 Capital 6.430 052 Lucros acumulados 12.530 054 Prejuízos acumulados ( 6.570) TOTAIS 41.730 34.500 A diferença entre as duas colunas é a mesma, ou seja, $7.230. Agora estamos certos de que o resultado deverá ser $7.230. Ele nos permitirá fechar o balanço. Vamos agora transportar as contas de resultados para a DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS DO EXERCÍCIO, destinada a apurar o lucro ou o prejuízo. 1.3.2 ESTRUTURA DE UMA DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS DE 01/01/X1 a 31/12/X1 +/- VALORES Nº = C O N T A S PARCIAIS TOTAIS 1 (+) Receita operacional bruta 36.300 2 (-) Deduções das receitas Devoluções de vendas - Tributos sobre vendas 1.050 1.050 3 (=) Receita operacional líquida ( 1 – 2 ) 35.250 4 (-) Custo das mercadorias vendidas (+) Estoque inicial 18.650 (+) Compras 20.610 (-) Devoluções de compras (-) Tributos sobre compras (-) Estoque final 21.780 17.480 5 (=) Resultado operacional bruto (3 – 4 ) 17.770 6 (-) Despesas operacionais (-) Despesas diversas 1.650 (-) Despesas salários 6.910 (-) Despesas com aluguéis 2.990 11.550 7 (=) Resultado operacional liquido ( 5 – 6 ) 6.220 8 (+ / -) Resultado não operacional (R – D) 1.010 9 (=) Resultado líquido ( 7 – 8 ) 7.230 10 (-) Imposto de rendas e contrib. social - 11 (=) Lucro líquido após tributos (9 – 10) 7.230 Realmente o valor do resultado é $7.230. Como falamos este resultado irá compor as contas patrimoniais e permitirá o fechamento do balanço. Basta transportar as contas patrimoniais que foram separadas e o resultado da DRE para o balanço. O resultado, se for 26
  • 27. lucro, pode ser somado aos lucros anteriores, diminuir prejuízos acumulados ou ficar separado no patrimônio líquido. Se for prejuízo pode ser somado a prejuízos anteriores, compensados com lucros anteriores ou ficar destacado no patrimônio líquido. Fizemos: Lucros acumulados anteriores $12.530 Lucro apurado no período $ 7.230 = $19.760 1.3.3 ESTRUTURA DE UM BALANÇO PATRIMONIAL BALANÇO PATRIMONIAL ENCERRADO EM 31/12/X1 ATIVO VALOR PASSIVO E PL VALOR CIRCULANTE 31.380 CIRCULANTE 14.650 Caixa 20 Fornecedores 12.300 Bancos 3.100 Salários a pagar 1.030 Contas a receber 6.480 Tributos a pagar 1.320 Estoques 21.780 EXIGÍVEL A LONGO 7.460 Financiamentos longo prazo 7.460 REALIZÁVEL A LONGO 420 PATRIMÔNIO LÍQUIDO 19.620 Contas de longo prazo 420 Capital 6.430 PERMANENTE 9.930 Lucros acumulados 19.760 Móveis e utensílios 9.930 Prejuízos acumulados (6.570) TOTAL DO ATIVO 41.730 PASSIVO + P.L. 41.730 1.4 LEITURA DOS DADOS CONTÁBEIS PARA EFEITO DE ANÁLISE. Os conceitos dos componentes patrimoniais também são definidos por legislações especiais, basicamente pela Lei 6.404/96 e Dec. Lei 1.598/97. Mas para serem utilizados como fontes de análise as definições dos componentes – entenda-se dados – devem ser traduzidos em informações pois é a partir daí que se consegue entender a contabilidade como fonte de informações indispensáveis à gestão das empresas. A partir do momento em que os dados são transformados em informações, já é início de um trabalho de análise. É mais ou menos nessa linha de pensamento que DANTE MATARAZZO4 (1991:22) dá o seu conceito sobre os objetivos da análise das demonstrações – “A análise de balanços objetiva extrair informações das Demonstrações Financeiras para a tomada de decisão”. Seu comentário separa portanto o Contador do Analista sendo que o primeiro preocupa-se 4 Op.Cit 27
  • 28. com dados e o segundo preocupa-se em traduzir dados em informações. Um melhor entendimento poderia ser retirado das seguintes comparações: GRUPOS ATIVOS DEFINIÇÕES TRADUÇÃO EM INFORMAÇÕES CONTÁBEIS MAIS PARA EFEITO DE ANÁLISE GRUPO COMUNS a) É estratégico para investimentos; a) Bens e direitos de b) Sua redução pode provocar insuficiência de curto prazo; capital de giro ou remessa de recursos para o ATIVO b) Aplicações de curto longo prazo; CIRCU prazo; c) É sensível aos efeitos inflacionários; LANTE c) Destinos de capitais d) Deve ser financiado pelos créditos de curto prazo; operacionais; d) Parte do capital de e) O importante não é o seu volume, é a sua giro a curto e do dinâmica CCL f) Parte do ativo operacional ou do CCL a) Seu aumento implica na absorção de recursos a) Bens e direitos de do curto prazo ou do longo prazo, interferindo REALIZ longo prazo; na liquidez; A b) Aplicações de b) Deve ser financiado por recursos de longo VEL longo prazo; prazo; LONGO c) Destinos de longo c) São os recursos que mais sofrem com os prazo; efeitos inflacionários; d) Parte do capital de d) Tem uma dinâmica menor do que a do ativo giro de longo prazo circulante. e) É parte do ativo operacional mas não do CCL DEFINIÇÕES TRADUÇÃO EM INFORMAÇÕES CONTÁBEIS MAIS PARA EFEITO DE ANÁLISE GRUPO COMUNS a) investimentos em a) os investimentos devem ser limitados, bens de renda de evitados ou substituídos; uso e em gastos b) deve ser financiado por recursos de longo PERMA pré-operacionais prazo; NENTE c) É insensível aos efeitos inflacionários e o seu valor auto-atualiza; d) o uso deve ser extremamente racionalizado; e) gera custos financeiros e não financeiros. GRUPO PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO DEFINIÇÕES TRADUÇÃO EM INFORMAÇÕES CONTÁBEIS MAIS PARA EFEITO DE ANÁLISE GRUPO COMUNS a) Obrigações de curto; a) Não deve ser privilegiado e deve financiar 28
  • 29. b) Passivo operacional ativos de curto prazo, e não ser oneroso; PASSIVO e parte do CCG e b) A sua qualidade é determinante, pois CIRCU CCL; compromete a liquidez e gera custos; LANTE c) Exigível ou origens c) Reduz o capital de giro total; de curto prazo; d) Seu aumento pode significar redução de d) Capitais de 3 º curto; origens de longo prazo; e) Passivo real de curto e) Deve privilegiar as dívidas operacionais; a) Obrigações de longo a) É a melhor fonte de capitais de terceiros e EXIGÍVEL prazo; deve financiar investimentos de longo prazo; A b) Passivo operacional b) A qualidade também é importante; LONGO ou origens de longo; c) Seu aumento implica na remessa para o curto c) Passivo real longo; ou para o longo prazo; d) Parte exigível total d) Não deve ser reduzido para aumentar fontes e) Parte do CG longo de curto prazo; a) Capitais próprios ou a) Devem ser privilegiados por não serem origens próprias; onerosos; PATRIMÔ b) Diferença entre b) Reflete a performance e a evolução da NIO ativo e passivo; empresa; LIQUIDO c) Compõe-se de c) Regula o nível de remuneração sobre os capital lucros e capitais investidos; reservas; d) Dá a dimensão à empresa; d) Patrimônio social; e) Altera-se pelos aportes, pelos resultados e pelas reavaliações; GRUPO DE RECEITAS, CUSTOS E DESPESAS DEFINIÇÕES TRADUÇÃO EM INFORMAÇÕES GRUPO CONTÁBEIS MAIS PARA EFEITO DE ANÁLISE COMUNS a) Reflete a eficiência operacional da empresa b) Sua qualidade é fundamental para avaliar a RECEITAS a) Resultado da própria eficiência e a eficácia; OPERA atividade; c) O preço é determinante do seu volume; CIONAIS b) Reflete a capacidade d) Seu aumento não significa necessariamente de produção; melhorias nos resultados; e) Depende mais das variáveis externas do que internas; a) São dispêndios neces a) Seu valor depende do sistema de controles sários à obtenção das adotado e influi diretamente nos resultados; receitas; b) A política de compras é determinante do seu b) Custo de produção de volume; CUSTOS comercialização e c) É indicador da eficiência e da eficácia da dos serviços; empresa; c) São fixos, semi-fixos d) É determinante do preço e da competitividade ou variáveis; e) Depende de variáveis internas e externas; Deve ser considerado agregados aos produtos ou serviços. 29
  • 30. a) Sua evolução e controle são fundamentais a)São despesas necessá- para a determinação dos resultados; DESPESAS . rias à obtenção de b) Também avaliam a eficiência e a eficácia; OPERA receitas; c) Em análise as despesas financeiras não são CIONAIS b)Podem ser fixas ou . necessárias à atividade operacional; . variáveis d) Possui relação direta com os resultados; e) Sofrem interferências de fatores internos e externos; f) devem ser consideradas como agregados; GRUPO DO RESULTADO DEFINIÇÕES TRADUÇÃO EM INFORMAÇÕES CONTÁBEIS MAIS PARA EFEITO DE ANÁLISE GRUPO COMUNS a) É o efeito do a) Depende da eficiência e da eficácia das trabalho de uma receitas, dos custos e das despesas; empresa; b) Não existe limite máximo mas deve ter um RESULTA b) É a diferença entre parâmetro mínimo; DOS as receitas, custos e c) Deve ser conhecido e definido antes das despesas; operações; c) Pode ser operacional d) É a fonte mais barata de capitalização; Ou não operacional ; e) É o grau de atratividade p/o investidor; f) Reflete o trabalho geral da administração; 30
  • 31. II ANÁLISE NA CONCEPÇÃO TRADICIONAL Há determinados conceitos, fundamentos e princípios que são imutáveis pela própria essência, e por isso, circunstanciam e institucionalizam a ciência a que servem. . 2.1 INTRODUÇÃO Muitas definições e conceitos sobre a análise são explorados pelos autores das mais variadas escolas de contabilidade. Para alguns como DANTE MATARAZO (1991;26)5 a análise surgiu e prosperou dentro do sistema bancário no final do século XIX mas no Brasil somente começou a ser difundida no final dos anos 70. Alias a SERASA empresa conhecida no Brasil por trabalhar nessa área, foi criada em 1.968. É, portanto uma parte da ciência contábil relativamente nova. Segundo o autor, a análise de balanços tornou-se obrigatória nos EEUU em 1.915 quando o Federal Reserv Board (Banco Central do EEUU) definiu que somente poderia negociar títulos com empresas que apresentassem os seus balanços aos bancos. A concessão de crédito foi, portanto, uma das primeiras finalidades da análise de balanços. Em 1.918 o FED (Banco Central Americano) normatizou as apresentações das demonstrações para efeito de análise criando inclusive, formulários padronizados para que fossem apresentados pelas empresas como orientador das operações bancárias. 2.2 A CONTABILIDADE E A ANÁLISE Segundo vários autores a contabilidade e a análise muito embora, esta última somente tenha se difundido no Brasil a partir da década de 70, nasceram juntas. Aliás, 6 IUDÍCIBUS (1988;19) vai mais longe. Para ele a necessidade de analisar as demonstrações é pelo menos tão antiga quanto a própria origem de tais peças. 5 Op.Cit 6 IUDÍCIBUS, Sérgio de. Análise de Balanços. 5 ed. São Paulo, Atlas, 1988. 31
  • 32. O mesmo autor, na mesma obra a análise de balanços (sic) deve ser entendida como uma técnica cheia de possibilidades mas também com várias limitações. Mais aponta problemas a serem investigados do que soluções. É sintomática a necessidade de mudar a forma de analisar a partir do momento que a própria contabilidade deixa de responder às necessidades de várias outras informações utilizadas na gestão de empresas. DRUCKER (1995:69)7 emérito conhecedor da arte de administrar entende que existem dois grandes desafios para a gestão moderna. O primeiro é como obter os dados necessários, testá-los e juntá-los ao sistema de informações existente; o segundo é torná-los eficazes para o processo de decisões da empresa. Lembrando a contabilidade o autor diz que as empresas dependem de dados internos como custos, ou de hipóteses não testadas a respeito do exterior. De uma ou de outra forma ele afirma: “as empresas estão tentando voar com uma asa só”. Referindo especificamente à contabilidade ele diz “As pessoas normalmente consideram a contabilidade como sendo “financeira”. Mas isto é válido somente para a parte que lida com ativos, passivos e fluxos de caixa; esta é ape- nas uma pequena parte da contabilidade moderna. A maior parte desta lida com operações ao invés de finanças e, para a contabilidade operacional, o dinheiro é simplesmente uma anotação e uma linguagem para expressar eventos não-monetários. A contabilidade está sendo abalada até as raízes por movimentos de reforma que visão fazer com que ela deixe de ser financeira, e se torne operacional....A contabilidade tornou-se a área intelectualmen- te mais desafiadora no campo gerencial e a mais turbulenta.” 2.3 CONCEITOS DE ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES Eisnsten já dizia: “Tudo deve ser tão simples, quanto mais simples puder ser, e nunca ainda mais simplificável”. É partindo dessa crua verdade que deve se propor alguns conceitos de análise das demonstrações. Simplificar é a palavra de ordem. Simplificar os dados em coeficientes, índices, quocientes ou percentuais para com isso conseguir simplificar as suas leituras; detectar e simplificar as suas causas; simplificar o estudo de seus efeitos e racionalizar estratégias futuras. É o conhecimento do todo pelas partes que o compõe. Filosoficamente é um processo por meio do qual se sobe do composto ao simples, dos efeitos às causas. Matematicamente falando é um conjunto de operações que permite produzir um espectro a fim de se tirar uma conclusão. Como instrumento de gestão (englobando todos os 32
  • 33. conceitos), é um conjunto de diagnósticos setoriais da organização, traduzindo os efeitos e as causas dos resultados obtidos pelo processo administrativo e produzindo espectros sobre o futuro do patrimônio gerido, orientado pelas representações de suas partes. Para HILÁRIO FRANCO (1992;93,97)8 “Analisar uma demonstração é decompô-la nas partes que a formam, para melhor interpreta- ção de seus componentes...é a decomposição dos fenômenos patrimoniais em seus elemen- tos mais simples e irredutíveis”. LOPES SÁ (1981;13)9 um dos grandes cientistas da contabilidade usa o comportamento humano para explicar o trabalho de análise. Segundo ele é latente no espírito humano o desejo de conhecer as partes de um todo. “O método de conhecer as partes de um objeto, de um idéia, ou de qualquer coisa, é o método analítico.... Analisar é dividir um objeto em partes para conhecer bem tudo aquilo de que é feito um todo....Análise é, pois, um caminho de entendimentos através das partes ou elementos de um conjunto. ....Busca-se o mais simples para conhecer como se estrutura e como funciona o mais complexo”. O autor citado defende a diversidade dos procedimentos de análise de acordo com cada tipo de atividade econômica. É uma idéia que lança desafios mostrando que o trabalho de análise não possui receitas iguais para os mesmos números, e que vai além da mera tradução dos números expressos nas demonstrações. Referindo-se às normas internacionais de contabilidade, ressalta também que os procedimentos de análise variam de país para país. 2.4 A ANÁLISE ATRAVÉS DOS COEFICIENTES E ÍNDICES 2.4.1 CONCEITOS E DEFINIÇÕES Segundo MATARAZZO (1991;27)10 Alexander Wall, considerado pai da Análise de Balanços, apresentou em 1.919 o modelo de análise através dos índices hoje bastante modificados, mas cujo princípio é o mais utilizado até hoje. A partir de 1.931, a Dan & Badstreet começar a divulgar os índices padrão de várias atividades econômicas 7 DRUCKER, F.Peter. Administrando em tempos de grandes mudanças. São Paulo, Pioneira, 1995. 8 Op.Cit. 9 SÁ, de Antonio Lopes. Introdução à Análise de Balanços. 2 ed. Rio de Janeiro, Tecnoprint, 1981. 10 Op.Cit. 33
  • 34. americanas. Na década de 30 o primeiro modelo de análise de rentabilidade para as empresas conhecido até hoje como Du Pont, (análise do ROI – Return on Investiment) que decompunha a taxa de retorno em taxas de margem de lucro e de giro dos negócios. 2.4.1.1 COEFICIENTES - é a relação de uma parte com o todo isto é, com uma grandeza maior. Para HILÁRIO FRANCO (1992;97)11 “coeficiente é a determinação da percentagem de cada conta ou grupo de contas em relação ao seu conjunto.” – Exemplo:Ativo Circulante relacionado com o Ativo Total;ou Contas a receber com o Ativo Total 2.4.1.2 QUOCIENTES – é uma relação entre os componentes de um conjunto homogêneo. HILÁRIO FRANCO assim definiu: “é o estabelecimento da relação entre componentes de um mesmo conjunto” Exemplo: Caixa relacionado com o Ativo Circulante; ou Ativo Circulante relacionado com o Ativo Total. 12 Segundo IUDÍCIBUS o uso dos quocientes tem como finalidade principal permitir aos analistas visualizar e extrair tendências e compará-los com os padrões preestabelecidos. É em outras palavras ver o passado e através dele, fornecer algumas atitudes que deverão ser aplicadas no futuro. 2.4.1.3 ÍNDICES - designa os valores de uma mesma variável isto é, a posição de um elemento no quadro. Geralmente são relações entre dois coeficientes. Para MATATARAZZO (1991;96)13 “Ïndice é uma relação entre contas ou grupos de contas das Demonstrações Financeiras, que visa evidenciar determinado aspecto da situação econômica ou financeira de uma empresa... fornecendo uma visão ampla da situação econômica ou financeira da empresa” HILÁRIO FRANCO conceitua índice da seguinte forma: “é a comparação entre componentes do conjunto em sucessivos períodos”. 11 Op.Cit 12 Op.Cit 13 Op.Cit 34
  • 35. 2.4.2 OS PRINCIPAIS COEFICIENTES E ÍNDICES. Regra geral a análise das demonstrações financeiras é feita mediante a tradução dos dados ou valores, em coeficientes ou índices permitindo assim a sua análise. Os principais grupos de coeficientes e índices são: 2.4.2.1 DE LIQUIDEZ Medem a capacidade que a empresa possui de pagar suas obrigações com base nos próprios recursos circulantes. É parte da análise financeira da empresa. Para IUDÍCIBUS 14 a análise financeira por quocientes é um dos mais importantes no desenvolvimento da contabilidade. Por unanimidade dos autores considera-se que tais coeficientes representam o quanto para pagar cada unidade monetária (real), a empresa dispõe. Assim, como parâmetro usa-se dizer que estando ele acima de 1,00 a empresa está como uma capacidade de pagamento ideal. 2.4.2.2 DE ENDIVIDAMENTO São relações que demonstram o grau de comprometido da empresa perante terceiros. É também unanimidade entre os autores a avaliação de que quando esse coeficiente é superior a 0,50, indica que a empresa começa a pertencer mais terceiros do que aos próprios componentes da sociedade. 2.4.2.3 DE RENTABILIDADE Revelam a capacidade de retorno sobre os investimentos isto é, sobre os capitais investidos. É uma análise que segundo os estudiosos revela a real capacidade que a empresa possui e obter resultados em função de suas atividades principais (operacionais) 2.4.2.4 DE LUCRATIVIDADE Demonstram a capacidade que a empresa possui de promover retorno através de suas atividades operacionais. É, segundo a maioria dos autores uma análise de suma 14 Op.Cit. 35
  • 36. importância para o investidor que interessa em saber a capacidade da empresa de conseguir resultados com os capitais que nela são investidos; 2.4.2.5 ROTATIVIDADE Demonstra a velocidade com que os recursos giram tanto pelos destinos quanto pelas origens. Considerando que o poder de ganho da organização está condicionado a dois fatores básicos, margem e giro esse estudo é da mais alta importância principalmente porque numa economia altamente competitiva, o fator margem é determinado pelo mercado. Assim, a capacidade de dar velocidade aos recursos aplicados é determinante na análise da administração. 2.4.3 AS LIMITAÇÕES DO USO DOS COEFICIENTES E ÍNDICES 2.4.3.1 OS LIMITES E O BOM-SENSO Uma análise nos conceitos, nas definições e nas propostas dos vários autores da área deixa claro que não há limites para a construção de fórmulas para a elaboração de uma análise de empresas. Elas podem variar em função do tipo ou da linha do negócio; de acordo com o momento ou com a finalidade a que se destinam; pelo grau de criatividade e sensibilidade do analista; pelo enfoque que se quer dar ou investigar etc. Além das fórmulas já consagradas muitas outras já surgiram e ainda surgirão. Assemelha-nos entretanto, que sempre haverá limitações e que jamais o assunto poderá ser esgotado. WOLFGANG ( 1997:34) 15 nos dá uma grande lição. Vejamos: “ O bom-senso (common sense) é, sem dúvida, a base mais sólida para sermos lógicos, prá- ticos e claros. Afinal, o bom-senso é um aliado da lógica, praticidade e clareza. O entusiasmo ou pessimismo em excesso e a falta de informações mínimas são inimigos do bom-senso. Não devemos confundir arrojo ou medo com bom-senso. O bom-senso fortalece e sustenta mais concretamennte idéias e conclusões.....Contudo, o bom-senso implica a necessidade de certo conhecimento técnico, pesquisa e questionamento....Por outro lado, o conhecido feeling (percepção, sentimento) muitas vezes pode ser (e é) invocado para tentar explicar algum fenômeno na análise.... O feeling, mesmo sendo de origem subjetiva, implica certa sustentação lógica...” É exatamente isso que se pretende. Primeiramente é preciso deixar claro que o bom senso e os estudos já provaram que a análise através do coeficiente e índices, já prestou grandes serviços à gestão e aos negócios. Por outro lado há estudiosos, raros com 36
  • 37. certeza, que abominam a importância de tais estudos como instrumentos de gestão, dado exatamente às suas limitações. O que deve ter faltado é o bom senso isto é, certo conhecimento específico e técnico, pesquisas e questionamento. É o que está sendo feito agora. O que se questiona é se os coeficientes e índices são verdades ou inverdades absolutas. Nem uma coisa nem outra. Questiona-se também se o conhecimento sobre o ambiente, sobre o mercado e o feeling não oferecem lógicas suficientes para enriquecer e robustecer um trabalho de análise. 2.4.3.2 AS LIMITAÇÕES E O ANALISTA Não há como discutir a limitação do estudo feito através de coeficiente e de índices vez que se referem a dados e à informações passadas, e sobretudo, não trabalham com um cenário maior de informações. Ensaios e opiniões de vários autores quando sinalizam e até mesmo enfatizam as limitações da análise e, conseqüentemente, ao uso de coeficiente e de índices, o que é uma máxima. MATARAZZO (1991;31)16 é enfático: “A análise de balanços tradicional detém-se exclusivamente no passado da empresa, por serem os dados do passado os únicos contidos nas demonstrações financeiras”. 17 IUDÍCIBUS (1988:175) deixa muito claro que o uso dos quocientes oferece grandes limitações mesmo que comparados com: a) com a série histórica da própria empresa, b) com algum padrão previamente estabelecido, c) com quocientes análogos de empresas pertencente ao mesmo mercado, d) com certos parâmetros de interesse regional, nacional ou internacional. O mesmo autor na mesma obra (183) é enfático que a análise onde se leva em conta apenas os valores das demonstrações financeiras possui uma limitação adicional que é não considerar as quantidades físicas expressas naqueles valores. Defende a análise que se leva em conta a eficiência e a produtividade dos fatores. Esta é mais uma das razões do presente trabalho. Mesmo utilizando algumas técnicas previsionais, com as quais alguns autores mais modernos já estão trabalhando, as 15 SCHRICKEL, Wolfgang Kurt. Análise de crédito; Concessão e Gerência de Empréstimos. 3 ed. São Paulo, Atlas, 1997. 16 Op.Cit 17 Op.Cit 37
  • 38. limitações não são totalmente eliminadas. Sempre haverá uma margem de erro, principalmente tratando de previsões. Sem a presunção de querer eliminar com essas margens de erro, o trabalho propõe uma análise ambiental isto é, considerando o mercado e o seu funcionamento como variável tão ou mais importante do que as potencialidades internas da organização. Mais do que isso amplia na análise dos fatores internos, estudos de informações que extrapolam as demonstrações financeiras, mas que nela se refletem, pois interferem nas capacidades e competências da empresa. Finalmente conjuga as informações obtidas pela a análise das várias eficiências da empresa traduzindo isso em ferramenta para gestão ou para tomada de decisão. 18 WOLFGANG (1997:239) traduz toda preocupação com as limitações da análise quantitativa. Para ele: “ Os índices, como medidores das relações entre vários números integrantes das demonstrações financeiras de uma empresa, são ferramentas bastante úteis para análise, resumindo grande quan tidade de dados e de forma que é geralmente de fácil compreensão. Contudo, os índices têm limitações consideráveis que devem ser lembradas quando avaliamos seu significado em determinado caso” O autor foi muito feliz nas suas conclusões. Leva em conta a rigidez das demonstrações contábeis diante dos princípios; ressalta os reflexos das mudanças macro ambientais sobre as demonstrações; considera as mudanças internas etc. Chega ao ponto de concluir que os índices não esgotam a análise e, isolados, não refletem situações favoráveis ou desfavoráveis na operação ou administração da empresa. Esta é a pura realidade. A análise ambiental interna e externa na opinião do autor é fundamental para qualquer avaliação, política de gestão ou tomada de decisão. Em outra obra do mesmo autor (1997:119) 19 ensina: “ Ainda que a análise de balanços utilize uma série de cálculos consagrados (quocientes de li- quidez, de rentabilidade, de endividamento, por exemplo), sempre haverá espaço para diferen- ças pessoais entre cada analista, à luz de sua formação acadêmica, experiência profissional, pers- picácia, sensibilidade etc.....(124). É fundamental ter em mente que as cifras dos demonstrativos podem estar sensivelmente afetadas por oscilações macro e micro econômicas, ocorridas durante o período contábil, e que fogem ao controle da empresa...” 18 Op.Cit. 19 SCHRICKEL, Wolfgang Hurt. Demonstrações Financeiras; Abrindo a Caixa-preta, Como interpretar Balanços para a Concessão de Empréstimos. São Paulo, Atlas, 1997. 38
  • 39. É uma prova contundente da relatividade da análise quantitativa e do subjetivismo da análise na ótica de cada analista. Entretanto, fica claro o peso da sensibilidade do analista, ao vislumbrar os ambientes interno e externo em que a empresa se insere. É com essa sensibilidade que ele consegue avaliar as interferências e os efeitos provocados pelas políticas internas e externas nas atividades empresariais. 2.5 A ANÁLISE HORIZONTAL E VERTICAL 2.5.1 A ORIGEM DO MÉTODO A análise horizontal e vertical é a forma mais comum de expressar uma análise. Apesar de suas simplicidades tais análises revelam informações importantes. Este tipo de análise surgiu em 1925 nos EEUU quando, Stephen Gilman ao criticar o sistema de análise por coeficientes propôs a análise que vislumbrasse índices encadeados para indicar as variações havidas nos vários elementos do patrimônio. 2.5.2 A ANÁLISE HORIZONTAL Permite analisar a evolução de uma de uma conta ou de um grupo de contas entre períodos diferentes. Serve também para construção de uma série histórica da empresa, elemento fundamental para ajudar no estudo de tendências. Trabalha fundamentalmente com efeitos e dificilmente revelas as causas das mudanças. Pode ser evolutiva ou retrospectiva. Segundo IUDÍCIBUS20 esse tipo de análise é muito importante para descobrir e avaliar a estrutura e composição de itens das demonstrações e a sua evolução no tempo. 2.5.3 A ANÁLISE VERTICAL Demonstra a estrutura das demonstrações podendo assim servir para estabelecer tendências. Também espelha os efeitos e em algumas demonstrações é também possível descobrir algumas causas primárias. Revela o percentual que uma grandeza está contida na outra. Exemplo: 39
  • 40. 2.5.3.1 EXEMPLO DA ANÁLISE HORIZONTAL E VERTICAL Demonstrações em milhares de reais ELEMENTOS / ANOS 20x2 20x1 20x0 Contas ou Grupos Valor H V Valor H V valor H V ATIVOCIRCULNTE 1.250 1,15 0,48 1.820 1,68 0,64 1080 1,00 0,47 Disponibilidades 120 0,48 0,10 90 0,36 0,05 250 1,00 0,23 Contas a receber 480 0,94 0,38 620 1,21 0,34 510 1,00 0,48 Estoques 650 2,03 0,52 1.110 3,47 0,61 320 1,00 0,29 REALIZ. A LONGO 420 0,82 0,16 180 0,35 0,06 510 1,00 0,22 PERMANENTE 980 1,30 0,36 860 1,14 0,30 750 1,00 0,31 ATIVO TOTAL 2.650 1,13 1,00 2.860 1,22 1,00 2.340 1,00 1,00 ELEMENTOS / ANOS 20x2 20x1 20x0 Contas ou Grupos Valor H V Valor H V valor H V PASS. CIRCULANTE 1.450 0,77 0,55 2.320 1,23 0,81 1.880 1,00 0,81 Fornecedores 490 0,81 0,34 760 1,26 0,33 600 1,00 0,32 Débitos operacionais 345 2,15 0,24 280 1,75 0,12 160 1,00 0,08 Empr. Bancários 615 0,55 0,42 1.280 1,14 0,55 1.120 1,00 0,60 EXIGÍVEL LONGO 160 2,66 0,66 120 2,00 0,04 60 1,00 0,02 PATRIM. LÍQUIDO 1040 2,60 0,39 420 1,05 0,15 400 1,00 0,17 PASSIVO + P.L. 2.650 1,13 1,00 2.860 1,22 1,00 2.340 1,00 1,00 ELEMENTOS / ANOS 20x2 20x1 20x0 Contas ou Grupos Valor H V Valor H V valor H V + Receita Oper.Líquda 6.650 1,24 1,00 5.820 1,08 1,00 5.370 1,00 1,00 - Custo prod.vendidos 3.190 1,22 0,48 2.760 1,06 0,47 2.610 1,00 0,48 = Lucro oper.bruto 3.460 1,25 0,52 3.060 1,10 0,53 2.760 1,00 0,52 - Desp.operacionais 1.550 1,11 0,23 1.590 1,13 0,27 1.400 1,00 0,26 = Lucro oper.líquido 1.910 1,40 0,29 1.470 1,08 0,25 1.360 1,00 0,25 - Despesas financeiras 1.290 1,31 0,19 1.450 1,48 0,25 980 1,00 0,18 = Lucro líquido período 620 1,63 0,09 20 0,05 0,00 380 1,00 0,07 - Lucros distribuídos 155 0,62 0,02 -0- -o- 0,00 250 1,00 0,05 = Resultado final 465 3,57 0,07 20 0,15 0,00 130 1,00 0,02 2.5.3.2 INFORMAÇÕES RETIRADAS DA ANÁLISE BALANÇO PATRIMONIAL a) O Ativo Circulante subgrupo mais importante do ativo, depois de crescer 68% no segundo ano cresceu apenas 15% no terceiro ano. Se em 20x0 ele representava 47% do ativo total, em 20x1 passou a representar 64% mas em 20x2 voltou a representar apenas 48% do ativo total. Isso significa a transferência de recursos do curto para o 40
  • 41. longo prazo, entre o segundo e o terceiro ano, o que pode comprometer a liquidez da empresa. b) As contas a receber de curto prazo – cresceram 21% entre o primeiro e o segundo ano reduzindo em 6% entre o terceiro e o primeiro ano. No primeiro ano elas representavam 48% do ativo circulante, no segundo reduziram para 34% e no terceiro voltaram a crescer passando a representar 38% do ativo circulante. As variações para mais nas contas a receber podendo significar aumento no volume das vendas a prazo, aumento nos prazos concedidos ou ineficácia nas cobranças. Nas variações para menos o raciocínio é o oposto. c) Estoques – Cresceram no segundo ano em 247% e subiram no terceiro ano, ainda em relação ao primeiro, em 103%. No primeiro ano representavam 29% do ativo circulante, no segundo 61% e no terceiro 52%. Os aumentos da participação dos estoques podem ser justificados pelo aumento de investimentos neste item ou pela redução do seu giro o que é grave. Nas variações para menos o raciocínio é inverso. d) Realizável a longo – Reduziram em valor, no segundo e no terceiro ano em relação ao primeiro. Representava respectivamente em relação ao ativo total: 22% no primeiro ano, 6% e 16% no terceiro ano. Quando este item aumenta representa a transferência de recursos do curto prazo e quando diminui representa remessas para o curto prazo. Seu aumento pode originar do aumento das vendas a prazo, do aumento dos prazos concedidos ou do baixo giro (ineficácia) da carteira de cobrança. Na redução raciocina-se de forma inversa. e) Permanente – Aumentou 14% no segundo ano e 30% no segundo. Este aumento é justificado por novos investimentos neste item. Representava 31%, 30% e 36% do ativo total no primeiro, segundo e terceiro ano. O aumento representa em última análise, a transferência de recursos do curto para o longo prazo. 2.5.3.3 INFORMAÇÕES IMPORTANTES RETIRADAS DA DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS 41
  • 42. a) Receita operacional – Depois de aumentar 8 % no segundo ano melhorou bastante aumentando 24%% no terceiro. No terceiro ano teoricamente a empresa ganhou participação no mercado o que é bom sinal. b) Custo dos produtos vendidos – Cresceram 6% no segundo ano, portanto menos do que o aumento das vendas (8%) o que é bom sinal. No terceiro ano, enquanto as vendas aumentaram 24%% os custos aumentaram apenas 22%.No primeiro ano representavam 48% das vendas; no segundo 47% e no terceiro passaram a representar 48%. No segundo ano foram melhores administrados. Portanto, os custos não estão crescendo mais que proporcionalmente à variação das vendas. Isso significa que as matérias primas e secundárias ou os demais custos diretos foram reduzidos por uma ou outra razão; c) Lucro bruto – é o reflexo das ocorrências com os dois fatores anteriores. d) Despesas operacionais – No segundo ano cresceram 13% (as vendas cresceram apenas 8%); no terceiro ano aumentaram 11%. Representaram no primeiro ano 26% das vendas totais; no segundo subiram para 27% e no terceiro ano caíram para 23%. Foi um item que a administração se preocupou e promover saneamento. e) Lucro operacional – é o resultado das políticas de vendas, de custos e de despesas demonstrados pelos itens anteriores; f) Despesas financeiras – Cresceram 48% no segundo ano e 31% no terceiro. Absorveram no primeiro ano 18% das receitas, no segundo 25% e no terceiro 19%. Realmente estão prejudicando os resultados da empresa; g) Lucro Líquido – Não está com performance boa. Anularam-se no segundo ano e no terceiro subiram 63%. Entretanto a lucratividade das vendas no primeiro ano foi de 7%, nula no segundo ano e de 9% no terceiro; h) Lucros distribuídos – Apenas 5% das receitas no primeiro e 2% no terceiro ano. No segundo ano nada foi distribuído aos sócios. 2.5.4 A ANÁLISE HORIZONTAL E VERTICAL SOB O ENFOQUE DE MERCADO. 42
  • 43. Como vimos no subitem anterior a análise horizontal e vertical elaborada apenas pelos dados da contabilidade oferece informações importantes. Entretanto, não é possível revelar as causas que provocaram alterações em algum item deixando as informações extraídas efetivamente limitadas. Serve como série histórica e como tendências mas limita-se na definição de ações e de estratégias mais concretas. Por outro lado a elaboração da análise vertical e horizontal utilizando de dados e de informações do mercado e de dados quantitativos das operações da empresa, oferece uma quantidade muito maior de novas informações facilitando assim, as conclusões e orientando melhor para possíveis ações ou estratégias. A maioria das incertezas deixadas pela análise tradicional podem se transformar em certezas, com a adoção do novo modelo. O que se pode questionar é quanto a disponibilidade das informações sobre o mercado e quanto aos dados da empresa, não expressos na contabilidade. Isto é simples. São dados que podem ser obtidos por uma das seguintes fontes: a) Quantidades vendidas de um determinado produto no mercado, que pode ser obtida por uma ou por várias das informações a seguir:   Pela mídia da região quando analisa a performance de um determinado segmento do mercado;   Pelas entidades classistas que controlam dados de determinados segmentos;   Pelos fornecedores que fornecem o produto à região;   Pelas repartições públicas que controlam entradas e saídas regionais de determinados produtos;   Pelos concorrentes que disponibilizam os seus dados;   Pelos órgão encarregados de pesquisas;   Através de banco de dados sobre o mercado. b) Quantidades vendidas pela empresa:   Levantadas através dos controles de estoques da própria empresa; 43