O documento discute a invasão da costa do Rio de Janeiro pelo coral-sol, uma espécie exótica que ameaça os ecossistemas costeiros. Uma investigação do Ministério Público Federal aponta que o coral entrou no Brasil através de plataformas de petróleo e já contaminou toda a costa do estado. Especialistas afirmam que o coral tem se espalhado rapidamente e causado danos à biodiversidade local e aos recursos pesqueiros. Uma audiência pública será realizada para discutir o problema e buscar
Investigação aponta invasão da costa do rio por coral assassino
1. 28/4/2014 Investigação aponta invasão da costa do Rio por coral assassino
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Investigação aponta invasão da
costa do Rio por coral assassino
De acordo com o Ministério Público Federal, a espécie já teria contaminado todo o litoral
Paulo Roberto Araujo
RIO — Apontada como uma das maiores ameaças aos ecossistemas costeiros do Brasil, a bioinvasão pelo
coral-sol, que começou pela Baía da Ilha Grande e já teria se espalhado por todo o litoral fluminense, será
discutida numa audiência pública, convocada por três procuradores da República, nesta segunda-feira, no Rio.
Segundo investigação preliminar do Ministério Público Federal, o coral-sol, conhecido como coral assassino e
que expulsa espécies nativas, entrou acidentalmente no Brasil através de plataformas de petróleo e gás
encomendadas pela Petrobras, que passaram pelo Estaleiro Brasfels, em Angra dos Reis. Ainda de acordo com
o MPF, a costa de Angra, Paraty, Mangaratiba, Rio, Arraial do Cabo e Búzios já estaria contaminada.
O sinal de alerta no MPF foi dado em 2012 por Monique Cheker, procuradora da República de Angra, durante
uma visita à Estação Ecológica de Tamoios. A região da Baía da Ilha Grande é a mais afetada porque a
temperatura da água é mais elevada, principalmente nas proximidades das usinas nucleares, o que facilitaria a
proliferação da espécie. Foi instaurado um inquérito civil público que levou à identificação de alguns locais da
costa de Angra já contaminados: os terminais da Petrobras, da Brasfels e da Vale.
Danos incluem redução do número de peixes em áreas afetadas
A audiência pública desta segunda-feira foi convocada por Monique Cheker e pelos procuradores Douglas
Araújo e Maurício Ribeiro Manso, do Rio e de São Pedro da Aldeia. A procuradora afirmou que os objetivos da
audiência pública são, de forma imediata, informar a sociedade civil sobre o problema e convidar todos que
tenham informações úteis para a investigação dos inquéritos instaurados pelo MPF em Angra, no Rio e na
Região dos Lagos.
O coral-sol, segundo especialistas ouvidos pelo MPF, provoca a perda da biodiversidade e a fragilização dos
recursos pesqueiros, além de outros impactos sociais e ambientais.
Para a audiência pública, foram convocados Petrobras, Ibama, ICMBio, Inea, Instituto de Estudos do Mar
Almirante Paulo Moreira, Estaleiro Brasfels, Vale, Uerj e Consórcio Projeto Coral-Sol.
— Através dos inquéritos, vamos identificar causas e responsáveis e, ao fim, compensar e paralisar o dano
ambiental — disse a procuradora.
O biólogo marinho Vinicius Padula, doutorando da Universidade de Munique, na Alemanha, disse que a
bioinvasão é grave. Segundo ele, na Ilha Grande, o coral já cobriu boa parte do fundo do mar e ocupou o espaço
das espécies nativas:
2. 28/4/2014 Investigação aponta invasão da costa do Rio por coral assassino
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Notícia publicada em 28/04/14 - 5h00 Atualizada em 27/04/14 - 23h54 Impressa em 28/04/14 - 10h44
— A audiência pública é um avanço no combate a esse problema.
Origem: Ilhas Galápagos
Um dos integrantes do Grupo de Estudos de Mamíferos Marinhos da Região dos Lagos, o biólogo Salvatore
Siciliano disse que o coral-sol é originário das Ilhas Galápagos. Os primeiros foram identificados há dez anos
na Baía da Ilha Grande, mas os corais assassinos, segundo ele, já se dispersaram por boa parte do Sudeste.
— A invasão pode provocar danos às espécies locais, que passam a competir por espaço e alimento. Essa
espécie pegou carona nos cascos de navios e plataformas de petróleo, e o aumento do fluxo de navios só
facilita essa dispersão.
A audiência pública será das 13h às 18h30m, no auditório da Procuradoria da República no Rio de Janeiro, na
Avenida Nilo Peçanha 31, no Centro. A participação será limitada à capacidade do auditório.
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