1) Para Platão, a virtude é um conhecimento que supera os vícios da ignorância, seguindo as ideias de Sócrates e Pitágoras.
2) Desiludido com a condenação de Sócrates, Platão funda a Academia para filosofar longe da política da pólis.
3) A virtude em Platão é uma capacidade da alma que pode ser desenvolvida pelo conhecimento, controlando os desejos do corpo e as paixões.
1. Virtude, ética no ideal transcendental de Platão.
Ivan Milmann
Tal qual Sócrates para Platão a Virtude é o conhecimento; a ignorância o vício.
Platão segue não só Sócrates, como também as teorias pitagóricas e órficas. O sistema de
Platão diverge do socrático em relação de não decorrer da vivência, e sim de pressupostos
transcendentais (ideias, almas, pré e pós existência, reminiscência das ideias e subsistência da
alma...)
Com a decepção que teve com a condenação de Sócrates, ou seja, do homem bom,
respeitador das leis, virtuoso e prudente em sentença dada pelos cidadãos da polis, Platão não
irá como esse filosofar publicamente na ágora, o fará privativamente na Academia, afastando-
se da cidadania participativa, o que se dará por sua descrença do ideal de Democracia.
A virtude em Platão é uma capacidade ou faculdade humana, sendo assim, é suscetível de ser
desenvolvida e aprimorada. Virtude e ética (Areté), portanto são potências da alma, e como
tais podem ser dinamizadas (dýnamis) e atualizadas, pela técnica (téchne) pela ciência
(epístéme) qual seja pela dialética do conhecimento (paidéia dialética) estas corretoras das
desordens da (psyké) da alma em seus descontroles, vícios concupiscíveis e irascíveis.
Assim tempos que para Platão Virtude se constitui da primazia da razão sobre o senso comum
vícios da ignorância ou dos desejos, Virtude é o controle, ordem, equilíbrio, proporcionalidade,
etc. Eliminar os vícios é estar em harmonia.
A alma é dividida metaforicamente por Platão em Cabeça (razão, o saber,...); Peito
(tórax)(coragem) que correspondem aos vícios de tendências rascíveis ( ódio, inveja, rancor,
ganância, etc..); e o Baixo Ventre correspondente aos desejos, sexuais, gula, etc...)
A alma que é razão se sobrepõe aos vícios mundanos e terrenos dos homens que são coisas da
matéria corporal, e que são relativas, posto são aparências, já a alma razão trata das essências,
portanto transcende as coisas da natureza e habita o kósmos junto ao conhecimento dado por
Deus.
Assim duas coisas perturbam nossa razão os desejos do corpo e as doenças da mente. E se a
alma da razão é o pensamento puro, livre dos vícios, essa purificação só é alcançada
plenamente quando o corpo morre (com a morte), posto que a alma assim se libertará e se
perpetuará no absoluto do PENSAMENTO PURO o pensamento dado por Deus.
Assim é que contrário a Sócrates que tinha sua filosofia cunhada na vivencia em sociedade e
nas coisas da cidade, e onde as Leis dos homens representa o caminho ético para a Virtude,
Platão transcende as coisas da natureza e da natureza dos homens para buscar o bem maior, a
virtude, sendo o núcleo de seu pensamento as ideias (idealismo) o absolutismo e a teocracia.
O pensamento idealista em Platão não é o socrático (da pólis), tampouco é o Realismo
aristotélico que virá a seguir.
O pensamento de Platão é o das “especulações humanas” e não o das “realizações humanas”,
para Platão o Bem Supremo é Deus e este só se encontra no (topos Urano) isto é o Céu, e isso
2. o homem não pode atingir concretamente só através das ideias. Só após a morte do corpo,
que sem os vícios que o corpo carrega, é que a alma purificada poderá receber o juízo final se
merece o céu ou o inferno, pois esse juízo (De Deus) não erra posto é essência, já os juízos da
terra não tem valor absoluto, são relativos, pois, podem errar. Assim como erraram no
julgamento de Sócrates que no céu será julgado como virtuoso (a verdade).