Este documento fornece sugestões para estimular o prazer da escrita em crianças e adolescentes, enfatizando a importância de atividades como diários, cartas, contos e jornais escolares. Recomenda também que os pais encorajem a leitura e a escrita regular como forma de expressão e desenvolvimento pessoal.
1. Sugestões para estimular o prazer da escrita
Colaboração Escola / Família
Ajude-o(a) a perceber que escrever sobre as coisas que acontecem no dia-a-dia é
um modo de preservar a memória e de, mais tarde, revisitar acontecimentos que
o marcaram.
Encoraje-o(a) a escrever um diário que seja um espaço de privacidade no qual
possa registar emoções, alegrias e tristezas, opiniões obre familiares e amigos.
Diga-lhe que o ato de escrever não está apenas associado à rotina dos trabalhos
escolares.
Durante as férias, encoraje-o(a) a escrever postais para os amigos e familiares,
nos quais transmita impressões e afetos.
Nunca deixe que se instale nele(a) a convicção de que escrever é um ato
aborrecido, sensaborão e fora de moda.
Conte-lhe histórias de escritores que, vindos de meios humildes, triunfaram na
literatura (Charles Dickens, D. H. Lawrence, José Saramago, …), exatamente
porque sempre gostaram de ler e de escrever.
Deixe-o(a) escrever à mão ou no processador de texto. Se ele(a) gosta muito ou
mesmo demasiado de “ir para o computador”, faça um pacto com ele(a): deixa-
o(a) ir para o computador mais X tempo se ele(a) escrever um texto e lho
apresentar no fim.
Se ele(a) mostrar interesse pela escrita como forma de comunicar ideias e
sentimentos, encoraje(a) a fazê-lo regularmente e explique-lhe que essa pode vir
a ser uma forma de expressão em que ele(a) poderá vir a ter sucesso.
Nunca sacralize a figura do escritor, dizendo-lhe que nunca será um(a). Poucos
escritores começaram por ser Grandes Escritores.
Explique-lhe que todos os grandes escritores são também grandes leitores. Leem
mais, provavelmente, do que escrevem.
Encoraje-o(a) a ler contos tradicionais portugueses e estrangeiros para que ele(a)
perceba que o imaginário popular é, há milénios, uma das mais ricas fontes de
inspiração para a escrita.
Contrarie a ideia de que o talento para a escrita é exclusivo dos bons alunos e de
um grupo de eleitos distante e inacessível. Muitos escritores consagrados foram
2. alunos médios e pouco interessados na vida escolar, embora gostassem muito de
ler e de escrever.
Não lhe dê a ideia de que escrever algo como que a imaginação lhe dita é algo
que prejudica o seu trabalho escolar. Pelo contrário, a realização desse gosto
pode melhorar o seu aproveitamento.
Mostre-lhe que o mundo não seria o que é hoje se não tivesse havido grandes
escritores, grandes historiadores.
Lance-lhe desafios no sentido de que conte, por palavras suas, um jogo de
futebol, um concerto ou uma partida internacional de ténis, demonstrando-lhe
que há sempre palavras novas e nossas para relatar, de forma diferente, aquilo
que os outros contam à sua maneira.
Não se imponha como primeiro leitor, nem leitor imediato, do que ele(a)
escreveu. Deixe-o(a) ser ele(a) a escolher a hora de mostrar o que escreveu.
Sugira-lhe que traga sempre consigo um bloco de apontamentos – ofereça-lhe
um – onde possa registar uma ideia, um verso, um título, um slogan, ou o perfil
de uma personagem (real ou de ficção) que lhe agradou.
Leve-o(a) a perceber que a escrita, mesmo que não deseje vir a ser escritor(a), é
sempre uma forma de desenvolvimento da personalidade e de aperfeiçoamento
cultural.
Demonstre-lhe que a escrita pessoal e íntima, mesmo que não se destine a ser
partilhada, é sempre um espaço de liberdade. Conte-lhe, por exemplo, o modo e
as circunstâncias em que foi escrito o “Diário de Anne Frank” .
Leve-o(a) compreender que só o treino regular da escrita, tal como acontece com
o trabalho abnegado e persistente dos atletas, pode dar os frutos desejados.
Evite que ele(a) se desanime e se desencante por ter falta de vocabulário. A
quantidade e a qualidade do vocabulário reforçam-se lendo livros de outros
autores e, sobretudo, escrevendo, escrevendo sempre.
Demonstre-lhe que passar ao papel ou ao computador uma emoção, um estado
de revolta ou um sonho é a melhor maneira de aliviar tensões ou angústias. A
escrita liberta interiormente e ajuda a encontrar caminhos de realização pessoal,
mesmo que sejam de inquietação e desassossego.
Explique-lhe que escrever bem, usar bem a língua e dominar as regras
gramaticais, mesmo que não se queira ser escritor, é meio caminho andado para
se ter sucesso numa profissão e ser respeitado por colegas e superiores
hierárquicos.
3. Contrarie a ideia de que só escrevem bem os escritores ou os estudantes de
Humanidades. Dê exemplos: cientistas como Charles Darwin ou Albert Einstein
escreviam com grande elegância e bom gosto. Só com textos de qualidade, como
por exemplo, os de Carl Sagan, podem divulgar-se, de forma apelativa, grandes
ideias e conceitos científicos.
Ensine-o(a) a perceber que às palavras escritas correspondem sons e que esses
sons podem e devem se saboreados através de uma leitura em voz alta.
Não deixe que ele se envergonhe do que escreveu quando era mais pequeno(a).
Todas as etapas de um processo de crescimento devem ser respeitadas.
Encoraje-o(a) a escrever cartas e e-mails, explicando-lhe que é uma excelente
forma de transmitir sentimentos, de manter e fortalecer amizades e de partilhar
ideias e opiniões.
Sugira que assinale aniversários familiares com pequenos textos originais. Há
sempre formas diferentes de dizer o que todos querem ouvir. Podem ser
pequenos textos do tipo: “Com uma mãe como esta, a vida é uma festa”, “Meu
irmão, meu coração”, “A minha irmã cheira a maça, logo de manhã”…
Encoraje-o(a) a escrever para o Jornal da Escola.
Ensine-o(a) a ter a humildade de ouvir e ler as críticas, mas dê-lhe também a
ideia de que não deve fazer delas uma bíblia e um manual.
Faça-lhe ver que o computador e a Internet são instrumentos fundamentais no
trabalho da escrita e na obtenção rápida de contactos e de informações, mas que
não têm fórmulas para dar talento ou para ensinar a escrever melhor… sem
escrever.
Incentive-o(a) a coleccionar frases lapidares – ditas por gente merecidamente
célebre-, provérbios, quadras populares, num caderno próprio ou num espaço no
seu quarto, por exemplo, o placard onde expõe fotografias.
Documento distribuído aos Pais e Encarregados de Educação