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Análise de Conteúdo
Eleições Legislativas 2011 no Jornal “A Semana”
Página 2
Índice
Introdução .................................................................................................................................................... 3
1. Géneros Jornalísticos ............................................................................................................................... 5
1.1 O que é uma noticia........................................................................................................................ 5
1.2 O que é uma reportagem................................................................................................................ 5
1.3 O que é uma entrevista................................................................................................................... 5
1.4 O que é Opinião .............................................................................................................................. 6
1.5 O que é um perfil ............................................................................................................................ 6
2. Fontes de Informação .............................................................................................................................. 8
2.1 Fontes Internas............................................................................................................................... 8
2.2 Fontes Externas .............................................................................................................................. 8
2.3 Níveis de Fontes ............................................................................................................................. 9
3. Fotojornalismo… .................................................................................................................................... 10
Conclusão…................................................................................................................................................. 11
Referências bibliográficas……..................................................................................................................... 13
Página 3
Introdução
O presente trabalho tem como análise de conteúdo “As Eleições Legislativas 2011 no
Jornal A Semana”. Escolhemos este tema pelo facto de podermos testar os nossos
conhecimentos aplicando a matéria teórica da disciplina ora leccionada no curso, ainda pela
proximidade do acontecimento, por ser algo recente, ainda por ser pertinente e não haver
quaisquer estudos de caso sobre a matéria.
Análise de conteúdo, é um conjunto de técnicas de análise de comunicações. Trata-se
de um instrumento metodológico cada vez mais subtil, em constante aperfeiçoamento que se
aplica a “discursos” extremamente diversificados. È um instrumento de investigação laboriosa
de documentos que prima pelo rigor da objectividade e a fecundidade da subjectividade,
baseada em deduções: a inferência. Por outro lado, a análise de conteúdo é uma ferramenta
que serve de base para investigação de temas diversos e tem como objectivo primordial
descobrir algo que esteja “escondido, o latente, o não aparente, o potencial de inédito (do não
dito, retido por qualquer mensagem). No fundo, trata-se de analisar mensagens onde uma
segunda leitura se substitui à leitura normal do leigo. Contudo, ao apresentar este trabalho,
temos consciência dos nossos limites, posto isto, o objectivo da nossa investigação é tentar
perceber, descodificar até que ponto a produção jornalística e/ou alguns factos poderão, a
nosso ver, durante a campanha legislativa, ter influenciado o resultado das eleições
legislativas.
Escolhemos o jornal A Semana para a realização deste trabalho, pelo facto de este ser
um semanário de maior referência e tiragem (cinco mil exemplares) em Cabo Verde, um
jornal que preza pela actualidade, a importância, a proximidade e o interesse, o que lhe dá a
soberania de ser o mais lido tanto dentro e fora do país (pela comunidade emigrante).
O jornal A Semana, foi fundado em 1991, segundo a sua linha editorial, que se pode
ler no número 0 (Zero), de 26 de Abril do mesmo ano, é um jornal que preza pela “verdade e
a objectividade (…), rigorosamente, na recolha tratamento e divulgação de informação sobre
acontecimentos nacionais e internacionais”, esta premissa é mantida até os dias de hoje o que
Página 4
lhe confere muita credibilidade junto dos diversos leitores.
Para este trabalho, estabelecemos a seguinte metodologia, delimitamos o tempo da
nossa investigação, neste caso, foram examinados 11 jornais, num período de 3 (Três) meses,
que decorre de Dezembro de 2010 a Fevereiro de 2011, que coincide com um período de pré-
campanha onde ainda se prepara o terreno para as eleições, um período fértil em confronto de
ideias, depois segue-se o período de campanha, onde há um confronto entre os partidos,
marcado por críticas, promessas ao eleitorado e o período pós-campanha onde são publicados
os resultados das eleições legislativas.
Para início da nossa investigação formulamos uma pergunta de partida que pretende
responder a alguma das nossas dúvidas no que concerne á escolha do nosso tema:
- Será que o jornal A Semana deu tratamento igualitário na cobertura das diversas
candidaturas?
Colocamos ainda a seguinte hipótese:
- A cobertura das eleições legislativas por parte do jornal A Semana foi tendenciosa.
Pensamos que estas duas formulações, são um bom ponto de partida, para a nossa
investigação, deste modo, não desvirtuar-nos-emos do nosso objectivo inicial, assim elas
conduzir-nos-ão a um bom porto.
Para melhor compreensão, fomos á procura de itens, construídas e repartidas por
grelhas de interpretação a partir de questões de pesquisa, de forma a sustentarem a nossa
investigação. As perguntas são as seguintes:
- O que tem sido noticiado acerca das candidaturas?
- Quem são as fontes de informação mais utilizadas na elaboração da noticia?
- Quais os critérios utilizados pelo jornal na paginação dos temas da campanha?
Página 5
Foram encontrados 268 itens, conforme podemos verificar no quadro abaixo:
Meses Data Jornal A
Semana
Dezembro 03/12/2010 4
10/12/2010 4
17/12/2010 6
21/12/10 2
30/12/10 8
Janeiro 07/1/2011 7
14/01/11 4
21/01/11 9
28/01/11 41
Fevereiro 04/2/2011 107
11/2/2011 73
18/02/11 0
25/02/11 0
Total 268
Table 1 - Itens Gerais
Ao encontrarmos estes itens, preocupamo-nos ainda em construir uma segunda grelha
onde codificamos estes itens segundo géneros jornalísticos. Como sabemos, o jornalismo é
considerada como um subgénero da literatura, onde estão presentes os vários géneros
jornalísticos como: a reportagem, a notícia, a entrevista, a opinião, entre outros.
Página 6
1. Géneros Jornalísticos
O produto da actividade jornalística é geralmente materializado em textos, que
recebem diferentes nomenclaturas de acordo com sua natureza e objectivos. Uma matéria é
resultante de apuração de vários géneros jornalísticos, incluindo notícias, reportagens e
entrevistas. Os diferentes géneros jornalísticos têm como função primordial veicular a
informação, através duma linguagem clara, precisa, concisa. Segundo, Ana Gradim, a
linguagem utilizada nos géneros jornalísticos deverá reger-se pelo “uso preferencial duma
ideia por frase; de um rigoroso encadeamento lógico entre as ideias explanadas por texto e de
uma utilização económica da linguagem” com o objectivo de informar um maior numero
possível de pessoas.
1.1 O que é uma notícia?
Sem dúvida este é o mais comum dos géneros jornalísticos. A notícia é um formato de
divulgação de um acontecimento por meios, jornalísticos. É a matéria-prima do Jornalismo,
normalmente reconhecida como algum dado ou evento socialmente relevante. Uma notícia
deve ser actual e verídica e ter a capacidade de interessar. A notícia é um texto informativo
que segue uma estrutura fixa. Dependendo do jornal para jornal esta estrutura pode ter todos
os elementos ou não. As notícias são constituídas por um “Lead”, que constitui o primeiro
parágrafo onde o leitor encontra respostas às seguintes questões fundamentais:
O quê (o que aconteceu, está ou vai acontecer)
Quem (os agentes da acção)
Quando (dia da semana e do mês, horas)
Onde (o local do acontecimento)
Como (as circunstâncias)
Porquê (os motivos e as razões)
Página 7
1.2 O que é uma reportagem?
A reportagem é um conteúdo jornalístico, escrito ou falado, baseado no testemunho
directo dos factos e situações explicadas em palavras e, numa perspectiva actual, em histórias
vividas por pessoas, relacionadas com o seu contexto. A reportagem é uma notícia mais
aprofundada, que pode conter opiniões de terceiros. È o género nobre da actividade
jornalística.
1.3 O que é uma entrevista?
Por norma toda a notícia é precedida de uma entrevista. É o texto baseado
fundamentalmente nas declarações de um indivíduo a um repórter. A entrevista enquanto
género é redigida no formato baseado em pergunta-resposta e deverá ser acompanhada por um
“Lead”, que pode explicar aspectos mais marcantes da entrevista.
1.4 O que é uma opinião?
O texto de opinião é claramente diferente de todos os outros géneros (notícia,
entrevista, reportagem). Um texto de opinião não tem uma estrutura rígida, pode ser rigoroso
com uma forte análise e argumentos ou pode ser leve e bem-humorado, ou misturar os dois
estilos ou ainda situar-se entre eles. A estrutura do texto de opinião é a mais simples, apenas
um título e o corpo do texto opinativo.
1.5 O que é um perfil?
È um texto descritivo de um personagem, que pode ser uma pessoa ou uma entidade,
um grupo; muitas vezes é apresentado em formato testemunhal.
Página 8
A Comissão Nacional de Eleição (CNE) é o órgão responsável pelo processo eleitoral
Para o período de campanha, a CNE estabelece um calendário que regula toda a
actividade eleitoral. Segundo ela, os partidos ou coligações políticas teriam um período de 18
a 28 do mês de Dezembro/10 para apresentarem nos diferentes círculos eleitorais do país as
suas candidaturas, que posteriormente dariam entrada nas respectivas comarcas judiciais,
depois seguiria um período de regularização dos processos para verificar a autenticidade dos
documentos e a elegibilidade dos candidatos, que decorreria de 29 a 31 de Dezembro do
mesmo ano. A CNE determinou, ainda, que o período da campanha eleitoral teria inicio a 20
de Janeiro a 4 de Fevereiro de 2011 e o escrutínio realizaria no dia 6 de Fevereiro de 2011.
Ao contextualizarmos como foram estabelecidas as regras para o período da nossa
investigação, estamos em condições de perceber melhor a segunda grelha, que se encontra na
página seguinte, e que se encontra dividida pelos vários géneros jornalísticos conforme os
itens inicialmente encontrados. Notamos que, o período que antecede a campanha é rico em
notícias, pobre em reportagens, enquanto no período que segue a campanha é pobre em
notícias e rico em reportagens, ou seja, foram encontrados o total de 27 notícias no período
que antecede a campanha, enquanto o período da campanha encontramos 6 notícias. Em
relação a reportagem foi encontrado 1 (uma) reportagem durante o período que antecede a
campanha, no período seguinte encontramos 46 reportagens. Uma produção inversa nestes
dois géneros jornalísticos poderá haver com o facto de a reportagem, poder ser um género que
mais se adequa durante a campanha eleitoral, por forma de o Jornal A Semana poder manter-
se isento na recolha de dados, uma vez que, a reportagem baseia-se “no testemunho directo
dos factos e situações explicadas em palavras” segundo a definição referenciada no capítulo
1.2.
Observamos, ainda, que o período que antecede a campanha é muito pobre em
“opinião”, relativamente ao período da campanha. Os artigos de opinião servem para expor os
pontos de vista. Os cidadãos, conscientes dos seus direitos de poderem livremente expressar
as suas opiniões, por estar num estado de direito democrático, e de ainda haver um espaço
aberto onde lhes é concedido de forma a exercerem esse direito, os cidadãos utilizaram este
Página 9
espaço no Jornal A Semana para demonstrarem que estão atentos ao que se passa, de que
possuem uma voz activa em relação às questões que lhes dizem respeito. Esta exposição de
opiniões estende-se ainda ao período pós campanha, onde os cidadãos continuam a expressar-
se em relação aos resultados das eleições, por esta razão, verificamos os seguintes números:
41 artigos de opinião durante o período da campanha e 39 artigos durante o período pós
campanha.
Notamos ainda que, no que toca ao género perfil, encontramos 1 item. Ao que
sabemos, todos os partidos políticos, durante a campanha eleitoral, apresentaram muitos
novos candidatos, outros até estreantes. Dado ao carácter informativo que um jornal possui,
pensamos que o jornal poderia ter publicado mais perfis.
Meses Data Jornal A Semana
Reportagens Entrevistas Notícias Comentários/Opinião Perfil Outros
Dezembro
03/12/2010 4
10/12/2010 1 3
17/12/2010 6
21/12/10 2
30/12/10 8
Janeiro
07/1/2011 1 1 1 1
14/01/11 3 1
21/01/11 7 1 1
28/01/11 19 2 3 17
Fevereir
o
04/2/2011 20 5 3 41 1 33
11/2/2011 31 2 1 39
18/02/11 0 0 0 0 0 0
25/02/11 0 0 0 0 0 0
Total 78 10 34 83 1 52
Total de items 258
Table 2 - Géneros Jornalísticos
Página 10
2. Fontes de informação
Como sabemos, as fontes de informação constituem óptimas ferramentas de trabalho
para o jornalista/jornalismo. Toda e qualquer notícia têm por base as fontes de informação. As
fontes de informação podem ser pessoas, falando por si ou colectivamente, ou documentos
escritos ou audiovisuais, por meio dos quais os jornalistas tomam conhecimento de
informações. Existem diferentes patamares pelos quais a informação chega até um jornalista,
elas dividem-se em:
Fontes Internas
Fontes Externas
2.1 Fontes Internas – as fontes internas podem ser classificadas como fontes
próximas ou muito próximas, ligadas ao órgão de comunicação que trata a informação. Podem
ser repórteres, correspondentes, colaboradores, arquivos.
2.2 Fontes Externas - são fontes através dos quais uma informação chega até o órgão
de comunicação e são externas a este órgão, por exemplo: agencias noticiosas, entidades
oficiais e não oficiais, os contactos pessoais e o publico.
“A regra é sempre identificar a fonte do texto noticioso. Porque desta forma o
jornalista remete para a fonte a informação e dá mais credibilidade à notícia. Desta forma o
leitor saberá quem disse o quê, quem viu, quem esteve presente…Há por vezes necessidade
de não identificar as fontes para protecção das mesmas1
.” São as fontes anónimas.
2.3 Existem vários níveis das fontes de informação:
a) On the record (a fonte é identificada em tudo que ela profere, pode ser publicada)
b) On Background (a fonte não é totalmente identificada, embora sejam dadas pistas
superficiais; há uma reserva na sua identificação)
1
Manual de Jornalismo Impresso, João Simão
Página 11
c) On deep background (a fonte não é totalmente identificada, embora as
informações proferidas possam ser difundidas; há uma reserva total na sua identificação)
d) Off the record (a fonte não pode ser identificada e a informação proferida por ela
também não podem ser difundidas)
Como as fontes de informação constituem um papel fundamental na produção
jornalística, o jornal A Semana, também conta com um conjunto de profissionais para a
produção de notícias, tem actualmente 20 colaboradores distribuídos pelas ilhas de Sal, São
Vicente, Santiago e Portugal, 5 correspondentes espalhadas pelas ilhas de Santo Antão, São
Nicolau e município de Santa Catarina.
Segundo a nossa tabela, notamos que, para a feitura de notícias o jornal A Semana,
aposta fortemente nas fontes externas, pensamos que, este apelo está intimamente ligado ao
critério de noticiabilidade que norteiam este jornal e que lhe dão credibilidade, são eles: a
actualidade, a importância, a proximidade e o interesse.
No entanto, notamos um facto curioso, e que nos chamou a atenção foi a de que para a
produção de notícias do PAICV e UCID o jornal A Semana usou muitas vezes nas suas
fontes externas, o nível “on the record”, enquanto para a produção de notícias do MPD e PTS
o jornal usou nas suas fontes externas, o nível “on deep background”.
Página 12
Fontes de Informação
Tipos de Fontes Níveis de Fontes
Meses Data Fontes
Internas
Fontes
Externas
Fontes
Anónimas
On the
record
On
Background
On deep
background
Off the
record
Dezembro
03/12/2010 X X X
10/12/2010 X X X X X
17/12/2010 X X X X
21/12/10 X X
30/12/10 X X X X
Janeiro
07/1/2011 X X X X
14/01/11 X X X
21/01/11 X X X
28/01/11 X X X X
Fevereiro
04/2/2011 X X X
11/2/2011 X X X
18/02/11
25/02/11
Table 3 - Fontes de Informação
3. Fotojornalismo
“As fotografias que acompanham os textos de um jornal são de importância extrema –
estudos realizados sobre a matéria provam que, depois dos títulos e antetítulos, as fotos e as
respectivas legendas são a segunda coisa a que a esmagadora maioria dos leitores atentam no
jornal2
.” Segundo Ana Gradim, as fotos devem cumprir alguns requisitos técnicos como a
focagem, o enquadramento, medições de luz, velocidade de obturação que ao lado de toda a
produção de textos confere beleza às páginas e cortam a monotonia de extensos blocos de
textos.
Propomos ainda analisar as fotos de capa colocadas neste jornal durante o período de
campanha. E concluímos o seguinte, as fotografias de capa do jornal A Semana são sempre
coloridas, em relação ao tamanho o jornal apresenta sempre fotografias pequenas, tipo
carinha. Segundo, Gilson Fernando Correia Alfama, autor da monografia “ A Fotografia e a
notícia, estudo de caso no jornal A Semana” defendido no dia 26 de Setembro de 2007, ele
2
Manual de Jornalismo, Ana Gradim
Página 13
escreve “A fotografia não é um ponto forte do jornal A Semana, pois a nível numérico a
fotografia esta bem colocada, mas a nível espacial não se pode dizer o mesmo”, acrescenta
ainda, “ Há um uso fraco de legendagem no jornal A Semana, mas este facto não faz parte da
sua linha editorial.” Talvez por esta razão, concluímos que as pessoas não compram este
jornal atraídos pelas fotos, mas talvez pelos títulos e a credibilidade, capacidade informativa
do próprio jornal.
Conclusão
Durante o período eleitoral a CNE aplicou várias coimas aos jornais alegando a falta
de isenção, rigor e objectividade na cobertura jornalística, entre os quais o jornal ora em
estudo – A Semana. Esta aplicação da coima viria na sequência duma queixa formulada pelo
maior partido de oposição junto da CNE, multando-a com uma coima de 100 mil escudos, na
base estaria o principio da violação de igualdade de tratamento das diversas candidaturas no
período da campanha eleitoral, objecto precisamente da nossa investigação, em que haveria
um conflito entre a lei nº 105 e 113 do código eleitoral vigente em Cabo Verde, com alguns
preceitos que constam da nossa Constituição da República no artigo nº 48, que diz o seguinte
“todos têm a liberdade de exprimir e divulgar as suas ideias pela palavra, pela imagem ou por
qualquer outro meio, ninguém podendo ser inquietado pelas suas opiniões políticas,
filosóficas, religiosas ou outras”, ou seja, uma lei que defende a liberdade de expressão e
informação, acabaria por impedir e/ou proibir os órgãos de comunicação social, precisamente,
de fazerem o seu trabalho, que é o de - informar.
Relembramos que o objecto da nossa investigação colocaria uma tónica principal
sobre as seguintes questões, Será que o jornal A Semana deu tratamento igualitário das
diversas candidaturas? Será que o jornal A Semana não foi tendencioso na cobertura
jornalística de determinado partido? Estas questões coincidem precisamente com toda esta
polémica em que esteve envolto o jornal ora em estudo e que procuraremos responder.
Página 14
Segundo o nosso trabalho, o jornal A Semana não deu tratamento igualitário a todos
os partidos políticos, apesar de manter isento ao usar muitas vezes a reportagem como género
que mais adequava ao período eleitoral, podemos constatar nos dados na tabela abaixo que
quantifica o número de itens colectados por partidos o seguinte: o partido de menor expressão
política, o PSD, não conseguiu ver publicada muitas notícias e reportagens acerca da sua
campanha, notamos ainda que, a bipolarização que vem marcando os dois maiores partidos de
maior expressão política, há muitos anos, se traduzem claramente nos números, quanto á
cobertura jornalística, tendo o MPD contado com 84 itens e o PAICV com 75 itens
publicados, e o resto dos partidos com publicações razoáveis.
Analisando a questão se o jornal teve uma posição tendenciosa e se poderá ter
influenciado no resultado das eleições, constatamos que o jornal A Semana deu mais
relevância ao maior partido de oposição publicando mais itens, o total de 84, embora fazendo
uso de nível das fontes “on deep background” enquanto o partido que ainda estava no poder, o
jornal publicou 75 itens, embora fazendo uso de nível das fontes “on the record”.
Chegamos á conclusão de que o jornal A Semana manteve uma posição tendenciosa,
mas que não conseguimos afirmar com convicção, se a favor ou contra determinado partido.
Pensamos que, os órgãos de comunicação social são considerados o 4º poder, onde
têm a principal função de vigiar e controlar os agentes de poder, num Estado de Direito
Democrático, publicitando os seus actos, e de ainda o jornal mostrar que na publicação de
notícias e reportagens do PAICV ele usa fontes “on the record” ele poderia atacar mais o
governo publicando mais itens, mas o jornal inverteu a sua posição, publicou mais itens do
partido em oposição, não obstante o uso de fontes “on deep background”. Entendemos ser
difícil publicar mais itens, quando o meio para movimentarmos e procurar a informação nos
seja difícil.
No que diz respeito á influência dos resultados, pensamos que apesar do número de
tiragem, o jornal não conseguiria abranger toda a população, uma vez que, temos uma larga
Página 15
faixa de analfabetos; o estilo utilizado no jornal não se adaptaria a pessoas menos
escolarizadas, logo a influência não é muito significativa.
Meses MPD PAICV UCID PTS PSD Outras
3/12/2010 2 1 1
10/12/2010 3 1
17/12/2010 1 5
21/12/2010 2
30/12/2010 3 2 1 1 1
7/1/2011 1 1 1
14/01/2011 3 1
21/01/2011 2 1 1 1 1
28/01/2011 11 12 7 4 2 23
4/2/2011 37 34 17 12 4 32
11/2/2011 22 17 3 3 1 20
18/02/2011 0 0 0 0 0 0
25/02/2011 0 0 0 0 0 0
Total 84 75 31 22 9 77
Bibliografia
Simão, João, Manual de Jornalismo Impresso
Gradim, Ana, Manual de jornalismo
Alfama, Gilson, Tese Monografia “ Fotojornalismo e as noticias, estudo de caso no Jornal A
Semana”
Constituição da República
Código Eleitoral
Página 16
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Análise Conteúdo Jornal "A Semana"

  • 1. Análise de Conteúdo Eleições Legislativas 2011 no Jornal “A Semana”
  • 2. Página 2 Índice Introdução .................................................................................................................................................... 3 1. Géneros Jornalísticos ............................................................................................................................... 5 1.1 O que é uma noticia........................................................................................................................ 5 1.2 O que é uma reportagem................................................................................................................ 5 1.3 O que é uma entrevista................................................................................................................... 5 1.4 O que é Opinião .............................................................................................................................. 6 1.5 O que é um perfil ............................................................................................................................ 6 2. Fontes de Informação .............................................................................................................................. 8 2.1 Fontes Internas............................................................................................................................... 8 2.2 Fontes Externas .............................................................................................................................. 8 2.3 Níveis de Fontes ............................................................................................................................. 9 3. Fotojornalismo… .................................................................................................................................... 10 Conclusão…................................................................................................................................................. 11 Referências bibliográficas……..................................................................................................................... 13
  • 3. Página 3 Introdução O presente trabalho tem como análise de conteúdo “As Eleições Legislativas 2011 no Jornal A Semana”. Escolhemos este tema pelo facto de podermos testar os nossos conhecimentos aplicando a matéria teórica da disciplina ora leccionada no curso, ainda pela proximidade do acontecimento, por ser algo recente, ainda por ser pertinente e não haver quaisquer estudos de caso sobre a matéria. Análise de conteúdo, é um conjunto de técnicas de análise de comunicações. Trata-se de um instrumento metodológico cada vez mais subtil, em constante aperfeiçoamento que se aplica a “discursos” extremamente diversificados. È um instrumento de investigação laboriosa de documentos que prima pelo rigor da objectividade e a fecundidade da subjectividade, baseada em deduções: a inferência. Por outro lado, a análise de conteúdo é uma ferramenta que serve de base para investigação de temas diversos e tem como objectivo primordial descobrir algo que esteja “escondido, o latente, o não aparente, o potencial de inédito (do não dito, retido por qualquer mensagem). No fundo, trata-se de analisar mensagens onde uma segunda leitura se substitui à leitura normal do leigo. Contudo, ao apresentar este trabalho, temos consciência dos nossos limites, posto isto, o objectivo da nossa investigação é tentar perceber, descodificar até que ponto a produção jornalística e/ou alguns factos poderão, a nosso ver, durante a campanha legislativa, ter influenciado o resultado das eleições legislativas. Escolhemos o jornal A Semana para a realização deste trabalho, pelo facto de este ser um semanário de maior referência e tiragem (cinco mil exemplares) em Cabo Verde, um jornal que preza pela actualidade, a importância, a proximidade e o interesse, o que lhe dá a soberania de ser o mais lido tanto dentro e fora do país (pela comunidade emigrante). O jornal A Semana, foi fundado em 1991, segundo a sua linha editorial, que se pode ler no número 0 (Zero), de 26 de Abril do mesmo ano, é um jornal que preza pela “verdade e a objectividade (…), rigorosamente, na recolha tratamento e divulgação de informação sobre acontecimentos nacionais e internacionais”, esta premissa é mantida até os dias de hoje o que
  • 4. Página 4 lhe confere muita credibilidade junto dos diversos leitores. Para este trabalho, estabelecemos a seguinte metodologia, delimitamos o tempo da nossa investigação, neste caso, foram examinados 11 jornais, num período de 3 (Três) meses, que decorre de Dezembro de 2010 a Fevereiro de 2011, que coincide com um período de pré- campanha onde ainda se prepara o terreno para as eleições, um período fértil em confronto de ideias, depois segue-se o período de campanha, onde há um confronto entre os partidos, marcado por críticas, promessas ao eleitorado e o período pós-campanha onde são publicados os resultados das eleições legislativas. Para início da nossa investigação formulamos uma pergunta de partida que pretende responder a alguma das nossas dúvidas no que concerne á escolha do nosso tema: - Será que o jornal A Semana deu tratamento igualitário na cobertura das diversas candidaturas? Colocamos ainda a seguinte hipótese: - A cobertura das eleições legislativas por parte do jornal A Semana foi tendenciosa. Pensamos que estas duas formulações, são um bom ponto de partida, para a nossa investigação, deste modo, não desvirtuar-nos-emos do nosso objectivo inicial, assim elas conduzir-nos-ão a um bom porto. Para melhor compreensão, fomos á procura de itens, construídas e repartidas por grelhas de interpretação a partir de questões de pesquisa, de forma a sustentarem a nossa investigação. As perguntas são as seguintes: - O que tem sido noticiado acerca das candidaturas? - Quem são as fontes de informação mais utilizadas na elaboração da noticia? - Quais os critérios utilizados pelo jornal na paginação dos temas da campanha?
  • 5. Página 5 Foram encontrados 268 itens, conforme podemos verificar no quadro abaixo: Meses Data Jornal A Semana Dezembro 03/12/2010 4 10/12/2010 4 17/12/2010 6 21/12/10 2 30/12/10 8 Janeiro 07/1/2011 7 14/01/11 4 21/01/11 9 28/01/11 41 Fevereiro 04/2/2011 107 11/2/2011 73 18/02/11 0 25/02/11 0 Total 268 Table 1 - Itens Gerais Ao encontrarmos estes itens, preocupamo-nos ainda em construir uma segunda grelha onde codificamos estes itens segundo géneros jornalísticos. Como sabemos, o jornalismo é considerada como um subgénero da literatura, onde estão presentes os vários géneros jornalísticos como: a reportagem, a notícia, a entrevista, a opinião, entre outros.
  • 6. Página 6 1. Géneros Jornalísticos O produto da actividade jornalística é geralmente materializado em textos, que recebem diferentes nomenclaturas de acordo com sua natureza e objectivos. Uma matéria é resultante de apuração de vários géneros jornalísticos, incluindo notícias, reportagens e entrevistas. Os diferentes géneros jornalísticos têm como função primordial veicular a informação, através duma linguagem clara, precisa, concisa. Segundo, Ana Gradim, a linguagem utilizada nos géneros jornalísticos deverá reger-se pelo “uso preferencial duma ideia por frase; de um rigoroso encadeamento lógico entre as ideias explanadas por texto e de uma utilização económica da linguagem” com o objectivo de informar um maior numero possível de pessoas. 1.1 O que é uma notícia? Sem dúvida este é o mais comum dos géneros jornalísticos. A notícia é um formato de divulgação de um acontecimento por meios, jornalísticos. É a matéria-prima do Jornalismo, normalmente reconhecida como algum dado ou evento socialmente relevante. Uma notícia deve ser actual e verídica e ter a capacidade de interessar. A notícia é um texto informativo que segue uma estrutura fixa. Dependendo do jornal para jornal esta estrutura pode ter todos os elementos ou não. As notícias são constituídas por um “Lead”, que constitui o primeiro parágrafo onde o leitor encontra respostas às seguintes questões fundamentais: O quê (o que aconteceu, está ou vai acontecer) Quem (os agentes da acção) Quando (dia da semana e do mês, horas) Onde (o local do acontecimento) Como (as circunstâncias) Porquê (os motivos e as razões)
  • 7. Página 7 1.2 O que é uma reportagem? A reportagem é um conteúdo jornalístico, escrito ou falado, baseado no testemunho directo dos factos e situações explicadas em palavras e, numa perspectiva actual, em histórias vividas por pessoas, relacionadas com o seu contexto. A reportagem é uma notícia mais aprofundada, que pode conter opiniões de terceiros. È o género nobre da actividade jornalística. 1.3 O que é uma entrevista? Por norma toda a notícia é precedida de uma entrevista. É o texto baseado fundamentalmente nas declarações de um indivíduo a um repórter. A entrevista enquanto género é redigida no formato baseado em pergunta-resposta e deverá ser acompanhada por um “Lead”, que pode explicar aspectos mais marcantes da entrevista. 1.4 O que é uma opinião? O texto de opinião é claramente diferente de todos os outros géneros (notícia, entrevista, reportagem). Um texto de opinião não tem uma estrutura rígida, pode ser rigoroso com uma forte análise e argumentos ou pode ser leve e bem-humorado, ou misturar os dois estilos ou ainda situar-se entre eles. A estrutura do texto de opinião é a mais simples, apenas um título e o corpo do texto opinativo. 1.5 O que é um perfil? È um texto descritivo de um personagem, que pode ser uma pessoa ou uma entidade, um grupo; muitas vezes é apresentado em formato testemunhal.
  • 8. Página 8 A Comissão Nacional de Eleição (CNE) é o órgão responsável pelo processo eleitoral Para o período de campanha, a CNE estabelece um calendário que regula toda a actividade eleitoral. Segundo ela, os partidos ou coligações políticas teriam um período de 18 a 28 do mês de Dezembro/10 para apresentarem nos diferentes círculos eleitorais do país as suas candidaturas, que posteriormente dariam entrada nas respectivas comarcas judiciais, depois seguiria um período de regularização dos processos para verificar a autenticidade dos documentos e a elegibilidade dos candidatos, que decorreria de 29 a 31 de Dezembro do mesmo ano. A CNE determinou, ainda, que o período da campanha eleitoral teria inicio a 20 de Janeiro a 4 de Fevereiro de 2011 e o escrutínio realizaria no dia 6 de Fevereiro de 2011. Ao contextualizarmos como foram estabelecidas as regras para o período da nossa investigação, estamos em condições de perceber melhor a segunda grelha, que se encontra na página seguinte, e que se encontra dividida pelos vários géneros jornalísticos conforme os itens inicialmente encontrados. Notamos que, o período que antecede a campanha é rico em notícias, pobre em reportagens, enquanto no período que segue a campanha é pobre em notícias e rico em reportagens, ou seja, foram encontrados o total de 27 notícias no período que antecede a campanha, enquanto o período da campanha encontramos 6 notícias. Em relação a reportagem foi encontrado 1 (uma) reportagem durante o período que antecede a campanha, no período seguinte encontramos 46 reportagens. Uma produção inversa nestes dois géneros jornalísticos poderá haver com o facto de a reportagem, poder ser um género que mais se adequa durante a campanha eleitoral, por forma de o Jornal A Semana poder manter- se isento na recolha de dados, uma vez que, a reportagem baseia-se “no testemunho directo dos factos e situações explicadas em palavras” segundo a definição referenciada no capítulo 1.2. Observamos, ainda, que o período que antecede a campanha é muito pobre em “opinião”, relativamente ao período da campanha. Os artigos de opinião servem para expor os pontos de vista. Os cidadãos, conscientes dos seus direitos de poderem livremente expressar as suas opiniões, por estar num estado de direito democrático, e de ainda haver um espaço aberto onde lhes é concedido de forma a exercerem esse direito, os cidadãos utilizaram este
  • 9. Página 9 espaço no Jornal A Semana para demonstrarem que estão atentos ao que se passa, de que possuem uma voz activa em relação às questões que lhes dizem respeito. Esta exposição de opiniões estende-se ainda ao período pós campanha, onde os cidadãos continuam a expressar- se em relação aos resultados das eleições, por esta razão, verificamos os seguintes números: 41 artigos de opinião durante o período da campanha e 39 artigos durante o período pós campanha. Notamos ainda que, no que toca ao género perfil, encontramos 1 item. Ao que sabemos, todos os partidos políticos, durante a campanha eleitoral, apresentaram muitos novos candidatos, outros até estreantes. Dado ao carácter informativo que um jornal possui, pensamos que o jornal poderia ter publicado mais perfis. Meses Data Jornal A Semana Reportagens Entrevistas Notícias Comentários/Opinião Perfil Outros Dezembro 03/12/2010 4 10/12/2010 1 3 17/12/2010 6 21/12/10 2 30/12/10 8 Janeiro 07/1/2011 1 1 1 1 14/01/11 3 1 21/01/11 7 1 1 28/01/11 19 2 3 17 Fevereir o 04/2/2011 20 5 3 41 1 33 11/2/2011 31 2 1 39 18/02/11 0 0 0 0 0 0 25/02/11 0 0 0 0 0 0 Total 78 10 34 83 1 52 Total de items 258 Table 2 - Géneros Jornalísticos
  • 10. Página 10 2. Fontes de informação Como sabemos, as fontes de informação constituem óptimas ferramentas de trabalho para o jornalista/jornalismo. Toda e qualquer notícia têm por base as fontes de informação. As fontes de informação podem ser pessoas, falando por si ou colectivamente, ou documentos escritos ou audiovisuais, por meio dos quais os jornalistas tomam conhecimento de informações. Existem diferentes patamares pelos quais a informação chega até um jornalista, elas dividem-se em: Fontes Internas Fontes Externas 2.1 Fontes Internas – as fontes internas podem ser classificadas como fontes próximas ou muito próximas, ligadas ao órgão de comunicação que trata a informação. Podem ser repórteres, correspondentes, colaboradores, arquivos. 2.2 Fontes Externas - são fontes através dos quais uma informação chega até o órgão de comunicação e são externas a este órgão, por exemplo: agencias noticiosas, entidades oficiais e não oficiais, os contactos pessoais e o publico. “A regra é sempre identificar a fonte do texto noticioso. Porque desta forma o jornalista remete para a fonte a informação e dá mais credibilidade à notícia. Desta forma o leitor saberá quem disse o quê, quem viu, quem esteve presente…Há por vezes necessidade de não identificar as fontes para protecção das mesmas1 .” São as fontes anónimas. 2.3 Existem vários níveis das fontes de informação: a) On the record (a fonte é identificada em tudo que ela profere, pode ser publicada) b) On Background (a fonte não é totalmente identificada, embora sejam dadas pistas superficiais; há uma reserva na sua identificação) 1 Manual de Jornalismo Impresso, João Simão
  • 11. Página 11 c) On deep background (a fonte não é totalmente identificada, embora as informações proferidas possam ser difundidas; há uma reserva total na sua identificação) d) Off the record (a fonte não pode ser identificada e a informação proferida por ela também não podem ser difundidas) Como as fontes de informação constituem um papel fundamental na produção jornalística, o jornal A Semana, também conta com um conjunto de profissionais para a produção de notícias, tem actualmente 20 colaboradores distribuídos pelas ilhas de Sal, São Vicente, Santiago e Portugal, 5 correspondentes espalhadas pelas ilhas de Santo Antão, São Nicolau e município de Santa Catarina. Segundo a nossa tabela, notamos que, para a feitura de notícias o jornal A Semana, aposta fortemente nas fontes externas, pensamos que, este apelo está intimamente ligado ao critério de noticiabilidade que norteiam este jornal e que lhe dão credibilidade, são eles: a actualidade, a importância, a proximidade e o interesse. No entanto, notamos um facto curioso, e que nos chamou a atenção foi a de que para a produção de notícias do PAICV e UCID o jornal A Semana usou muitas vezes nas suas fontes externas, o nível “on the record”, enquanto para a produção de notícias do MPD e PTS o jornal usou nas suas fontes externas, o nível “on deep background”.
  • 12. Página 12 Fontes de Informação Tipos de Fontes Níveis de Fontes Meses Data Fontes Internas Fontes Externas Fontes Anónimas On the record On Background On deep background Off the record Dezembro 03/12/2010 X X X 10/12/2010 X X X X X 17/12/2010 X X X X 21/12/10 X X 30/12/10 X X X X Janeiro 07/1/2011 X X X X 14/01/11 X X X 21/01/11 X X X 28/01/11 X X X X Fevereiro 04/2/2011 X X X 11/2/2011 X X X 18/02/11 25/02/11 Table 3 - Fontes de Informação 3. Fotojornalismo “As fotografias que acompanham os textos de um jornal são de importância extrema – estudos realizados sobre a matéria provam que, depois dos títulos e antetítulos, as fotos e as respectivas legendas são a segunda coisa a que a esmagadora maioria dos leitores atentam no jornal2 .” Segundo Ana Gradim, as fotos devem cumprir alguns requisitos técnicos como a focagem, o enquadramento, medições de luz, velocidade de obturação que ao lado de toda a produção de textos confere beleza às páginas e cortam a monotonia de extensos blocos de textos. Propomos ainda analisar as fotos de capa colocadas neste jornal durante o período de campanha. E concluímos o seguinte, as fotografias de capa do jornal A Semana são sempre coloridas, em relação ao tamanho o jornal apresenta sempre fotografias pequenas, tipo carinha. Segundo, Gilson Fernando Correia Alfama, autor da monografia “ A Fotografia e a notícia, estudo de caso no jornal A Semana” defendido no dia 26 de Setembro de 2007, ele 2 Manual de Jornalismo, Ana Gradim
  • 13. Página 13 escreve “A fotografia não é um ponto forte do jornal A Semana, pois a nível numérico a fotografia esta bem colocada, mas a nível espacial não se pode dizer o mesmo”, acrescenta ainda, “ Há um uso fraco de legendagem no jornal A Semana, mas este facto não faz parte da sua linha editorial.” Talvez por esta razão, concluímos que as pessoas não compram este jornal atraídos pelas fotos, mas talvez pelos títulos e a credibilidade, capacidade informativa do próprio jornal. Conclusão Durante o período eleitoral a CNE aplicou várias coimas aos jornais alegando a falta de isenção, rigor e objectividade na cobertura jornalística, entre os quais o jornal ora em estudo – A Semana. Esta aplicação da coima viria na sequência duma queixa formulada pelo maior partido de oposição junto da CNE, multando-a com uma coima de 100 mil escudos, na base estaria o principio da violação de igualdade de tratamento das diversas candidaturas no período da campanha eleitoral, objecto precisamente da nossa investigação, em que haveria um conflito entre a lei nº 105 e 113 do código eleitoral vigente em Cabo Verde, com alguns preceitos que constam da nossa Constituição da República no artigo nº 48, que diz o seguinte “todos têm a liberdade de exprimir e divulgar as suas ideias pela palavra, pela imagem ou por qualquer outro meio, ninguém podendo ser inquietado pelas suas opiniões políticas, filosóficas, religiosas ou outras”, ou seja, uma lei que defende a liberdade de expressão e informação, acabaria por impedir e/ou proibir os órgãos de comunicação social, precisamente, de fazerem o seu trabalho, que é o de - informar. Relembramos que o objecto da nossa investigação colocaria uma tónica principal sobre as seguintes questões, Será que o jornal A Semana deu tratamento igualitário das diversas candidaturas? Será que o jornal A Semana não foi tendencioso na cobertura jornalística de determinado partido? Estas questões coincidem precisamente com toda esta polémica em que esteve envolto o jornal ora em estudo e que procuraremos responder.
  • 14. Página 14 Segundo o nosso trabalho, o jornal A Semana não deu tratamento igualitário a todos os partidos políticos, apesar de manter isento ao usar muitas vezes a reportagem como género que mais adequava ao período eleitoral, podemos constatar nos dados na tabela abaixo que quantifica o número de itens colectados por partidos o seguinte: o partido de menor expressão política, o PSD, não conseguiu ver publicada muitas notícias e reportagens acerca da sua campanha, notamos ainda que, a bipolarização que vem marcando os dois maiores partidos de maior expressão política, há muitos anos, se traduzem claramente nos números, quanto á cobertura jornalística, tendo o MPD contado com 84 itens e o PAICV com 75 itens publicados, e o resto dos partidos com publicações razoáveis. Analisando a questão se o jornal teve uma posição tendenciosa e se poderá ter influenciado no resultado das eleições, constatamos que o jornal A Semana deu mais relevância ao maior partido de oposição publicando mais itens, o total de 84, embora fazendo uso de nível das fontes “on deep background” enquanto o partido que ainda estava no poder, o jornal publicou 75 itens, embora fazendo uso de nível das fontes “on the record”. Chegamos á conclusão de que o jornal A Semana manteve uma posição tendenciosa, mas que não conseguimos afirmar com convicção, se a favor ou contra determinado partido. Pensamos que, os órgãos de comunicação social são considerados o 4º poder, onde têm a principal função de vigiar e controlar os agentes de poder, num Estado de Direito Democrático, publicitando os seus actos, e de ainda o jornal mostrar que na publicação de notícias e reportagens do PAICV ele usa fontes “on the record” ele poderia atacar mais o governo publicando mais itens, mas o jornal inverteu a sua posição, publicou mais itens do partido em oposição, não obstante o uso de fontes “on deep background”. Entendemos ser difícil publicar mais itens, quando o meio para movimentarmos e procurar a informação nos seja difícil. No que diz respeito á influência dos resultados, pensamos que apesar do número de tiragem, o jornal não conseguiria abranger toda a população, uma vez que, temos uma larga
  • 15. Página 15 faixa de analfabetos; o estilo utilizado no jornal não se adaptaria a pessoas menos escolarizadas, logo a influência não é muito significativa. Meses MPD PAICV UCID PTS PSD Outras 3/12/2010 2 1 1 10/12/2010 3 1 17/12/2010 1 5 21/12/2010 2 30/12/2010 3 2 1 1 1 7/1/2011 1 1 1 14/01/2011 3 1 21/01/2011 2 1 1 1 1 28/01/2011 11 12 7 4 2 23 4/2/2011 37 34 17 12 4 32 11/2/2011 22 17 3 3 1 20 18/02/2011 0 0 0 0 0 0 25/02/2011 0 0 0 0 0 0 Total 84 75 31 22 9 77 Bibliografia Simão, João, Manual de Jornalismo Impresso Gradim, Ana, Manual de jornalismo Alfama, Gilson, Tese Monografia “ Fotojornalismo e as noticias, estudo de caso no Jornal A Semana” Constituição da República Código Eleitoral