O documento discute a importância do perdão e como ele pode ajudar a construir uma sociedade menos violenta. Ele cita a Bíblia que diz que para receber perdão de Deus, é necessário perdoar os outros. Também discute como o perdão não é esquecer ou mostrar fraqueza, mas sim aceitar o outro apesar de seus erros e dar uma nova chance para recomeçar.
4. Em uma sociedade violenta como essa em que vivemos, é difícil
abordar um assunto como o do perdão.
5. Como é possível perdoar a quem destruiu uma família, a quem
cometeu crimes bárbaros ou a quem, mais simplesmente, atingiu
nossa honra em questões pessoais, arruinando a nossa carreira,
traindo a nossa confiança?
6. A primeira reação instintiva é a vingança, é pagar o mal com o
mal, desencadeando uma espiral de ódio e agressividade que
torna a sociedade cada vez mais violenta.
7. Ou então, é cortar todo tipo de relacionamento, guardar
rancor e aversão, numa atitude que deixa a vida
amargurada e as relações envenenadas.
8. A Palavra de Deus irrompe com força nas mais variadas
situações de conflito e propõe, sem meios termos, a solução
mais difícil e corajosa: perdoar.
9. Desta vez, quem nos faz chegar esse convite é um sábio
do antigo povo de Israel, Ben Sirac. Ele mostra como é
absurdo uma pessoa dirigir a Deus um pedido de perdão,
quando ela mesma não sabe perdoar.
10. «A quem é que [Deus]
perdoa os pecados? –
lemos num antigo texto
da tradição hebraica -
Àquele que, por sua vez,
sabe perdoar».
11. Foi isso que o próprio Jesus nos ensinou, na oração que
dirigimos ao Pai: “Pai... perdoai as nossas ofensas, assim
como nós perdoamos a quem nos tem ofendido.”
12. Também nós erramos, e cada vez que isso ocorre
gostaríamos de ser perdoados!
13. Suplicamos e esperamos que nos deem uma nova chance de
recomeçar, que nos considerem ainda dignos de confiança.
14. Se isso acontece conosco, será que também não
acontece com os outros? Não devemos amar o próximo
como a nós mesmos?
15. Chiara Lubich, que
continua inspirando a
nossa compreensão da
Palavra, comenta
assim o convite ao
perdão: Perdoar “não
é esquecer, o que
muitas vezes significa
não querer olhar de
frente a realidade.
16. Perdoar não é mostrar fraqueza, ou seja, fechar os olhos diante
de uma atitude injusta, com medo do outro que a cometeu, por
ser ele mais forte.
17. O perdão não consiste em considerar sem importância
aquilo que é grave, ou dizer que é bom aquilo que é mau.
19. O perdão é um ato de vontade e de lucidez, portanto de
liberdade, que consiste em acolher o irmão tal como ele é,
apesar do mal que praticou contra nós, do mesmo modo que
Deus acolhe a nós, pecadores, apesar dos nossos defeitos.
20. O perdão consiste
em não responder à
ofensa com ofensa,
mas em fazer
aquilo que diz
Paulo: ‘Não te
deixes vencer pelo
mal, mas vence o
mal pelo bem’.
21. O perdão consiste em abrir, a quem comete uma injustiça contra
você, a possibilidade de um novo relacionamento; portanto, a
possibilidade, para ele e para você, de recomeçar a vida, de ter
um futuro em que o mal não tenha a última palavra”.
22. A Palavra de Vida nos ajudará a resistir à tentação de
responder na mesma altura, de pagar o mal com o mal. Ela nos
ajudará a ver com olhos novos aquele que tem inimizade contra
nós, reconhecendo nele um irmão, ainda que mau, um irmão que
precisa de alguém que o ame e o ajude a mudar. Será essa a
nossa “vingança de amor”.
23. “Vocês dirão: ‘Mas
isso é difícil’” –
continua Chiara no
seu comentário –.
“É lógico. Mas
essa é a beleza do
cristianismo.
24. Não por acaso você é discípulo de um Deus que, morrendo na
cruz, pediu a seu Pai o perdão para aqueles que o tinham
levado à morte.
25. Coragem! Comece uma vida dessa qualidade. Asseguro que
encontrará uma paz nunca antes experimentada e muita
alegria, ainda desconhecida”.
26. Texto de Padre Fabio Ciardi OMI
Gráfica Anna Lollo em colaboração com padre Placido D’Omina (Sicília, Itália)
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