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Conscientiae Saúde
Universidade Nove de Julho
conscientiaesaude@uninove.br
ISSN (Versión impresa): 1677-1028
BRASIL
2005
Diogo Correa Maldonado / Márcio Cantuário Ferreira / Renata Patrícia Pudo Ribeiro /
Adriana Ferreira Grosso
VARIÁVEIS FISIOLÓGICAS CARDIOVASCULARES ACOMPANHADAS DURANTE
O REPOUSO E ATIVIDADE FÍSICA: SUGESTÃO DE UM PROTOCOLO
EXPERIMENTAL
Conscientiae Saúde, año/vol. 4
Universidade Nove de Julho
São Paulo, Brasil
pp. 33-41
Red de Revistas Científicas de América Latina y el Caribe, España y Portugal
Universidad Autónoma del Estado de México
http://redalyc.uaemex.mx
33ConScientiae Saúde, São Paulo, v. 4, p. 33-41, 2005.
ARTIGOEDITORIALENTREVISTAINSTRUÇÕES
PARAOSAUTORES
ConScientiae Saúde, São Paulo, v. 4, p. 33-41, 2005. 33
Diogo Correa Maldonado
Graduado em Fisioterapia – UNINOVE.
fisiomaldonado@ig.com.br, São Paulo [Brasil]
Márcio Cantuário Ferreira
Graduando em Fisioterapia – UNINOVE.
fisiocantuario@ig.com.br, São Paulo [Brasil]
Renata Patrícia Pudo Ribeiro
Graduada em Fisioterapia – UNINOVE.
fisiorenata9@ig.com.br, São Paulo [Brasil]
Adriana Ferreira Grosso
Mestre em Entomologia – USP;
Professora na graduação – UNIB/UNINOVE.
adrianafg@uninove.br, São Paulo [Brasil]
Tanto o estado de repouso fisiológico quanto o exer-
cício representam um desafio para os sistemas de
controle na manutenção da homeostasia. Em geral, os
sistemas do corpo mantêm um estado estável duran-
te as interações com o ambiente externo (como, por
exemplo, mudar a posição do corpo, realizar ativida-
de física), apesar de vários parâmetros fisiológicos
variarem. Os parâmetros cardiovasculares são índi-
ces interessantes para estudar o equilíbrio do orga-
nismo e as ações em prol da homeostase. Para facili-
tar o estudo dos parâmetros cardiovasculares e suas
influências, abordados na teoria da disciplina de
Fisiologia Humana, elaborou-se um protocolo expe-
rimental que pode ser usado como referência durante
as aulas práticas de fisiologia cardiovascular na gra-
duação em Fisioterapia. O protocolo foi criado com a
intenção de solidificar os conceitos da fisiologia vas-
cular e cardíaca ao mostrar o comportamento das va-
riáveis fisiológicas durante duas situações: o momen-
to de repouso fisiológico e a situação de atividade
física. Adicionalmente, este trabalho vem destacar a
importância do conteúdo da disciplina básica no con-
texto do curso.
Palavras-chave: Atividade física.
Fisiologia cardiovascular. Fisiologia experimental.
Variáveis fisiológicas
cardiovasculares
acompanhadas durante
o repouso e atividade física:
sugestão de um protocolo experimental
34 ConScientiae Saúde, São Paulo, v. 4, p. 33-41, 2005.
1 Introdução
A homeostasia ou homeostase orgânica
é considerada o estado de equilíbrio do am-
biente interno do corpo, que é mantido por
processos dinâmicos de feedback e regula-
ção. Apesar de o organismo estar a todo mo-
mento em interação com o ambiente externo,
modificando-se organicamente a partir dessa
interação, a necessidade e a importância de
retornar ao equilíbrio ou situação de home-
ostase são fundamentais.
O exercício representa um desafio para
os sistemas de controle do corpo na manuten-
ção da homeostasia. Em geral, os muitos siste-
mas de controle do corpo mantêm um estado
estável durante a maioria dos tipos de exercí-
cio, apesar de vários parâmetros fisiológicos
variarem (FIELDING; BEAN, 2001). Segundo
Powers e Howley (2000), uma excelente ilus-
tração do controle homeostático utilizado é
o sistema dos baroceptores, responsável pela
regulação da pressão arterial (PA). Os baro-
ceptores, localizados nas artérias carótidas e
no arco aórtico, são receptores sensíveis à PA:
quando a PA aumenta além dos níveis nor-
mais, eles são estimulados e impulsos ner-
vosos transmitidos ao centro de controle lo-
calizado no bulbo; este centro, por sua vez,
diminui o número de impulsos transmitidos
ao coração, reduzindo a quantidade de sangue
bombeado por ele e fazendo com que a pres-
são volte ao normal (NEDER; NERY, 2003).
Além do controle pelo sistema dos ba-
roceptores e pela atividade neural, há o
ajuste da PA por meio da adequação da vo-
lemia pelo sistema da renina-angiotensina-
aldosterona (GUYTON; HALL, 2002). Esse
sistema é requerido pelo organismo quando
há alteração lenta da PA, necessitando das
ações renais e endócrinas para adequação do
volume dos líquidos corporais.
A PA é determinada diretamente pelo
volume sangüíneo e pela complacência ar-
terial. Tais determinações são influenciadas
pelo débito cardíaco (DC), pelo débito sistó-
lico (DS), pela freqüência cardíaca (FC), pela
freqüência respiratória (FR) e pela resistência
periférica total (RPT). Situações como a posi-
ção do corpo do indivíduo, a atividade e as
variações de temperatura são fatores modi-
ficadores da PA e, por conseguinte, dos pa-
râmetros ligados a ela. Esses parâmetros são
conhecidos como fatores hemodinâmicos.
Dessa forma, o sistema circulatório é
dotado de mecanismos sistêmicos e regionais
para o controle da PA, variando as condições
dos parâmetros vasculares e cardíacos para
adequar o organismo às mudanças de situa-
ção. Dentro desses parâmetros está o DS, que
é avaliado no momento de ejeção cardíaca,
enquanto o volume diastólico corresponde
ao relaxamento muscular cardíaco para rece-
ber fluxo sangüíneo. Ambos os volumes são
encontrados ao se aferir a PA e dependem do
retorno venoso (RV).
Os ajustes cardiovasculares requerem,
em qualquer situação, uma adaptação – de
acordo com a oferta e o consumo de oxigênio
no organismo – conseguida por meio da res-
piração (NEDER; NERY, 2003).
A importância do controle da pressão
é que ele impede que as alterações do flu-
xo sangüíneo por uma área do corpo pos-
sam alterar, de forma significativa, o fluxo
em algum outro ponto do corpo (GUYTON;
HALL, 2002).
Em fisiologia cardiovascular, as variá-
veis que influenciam e que determinam a PA
de um indivíduo sob diferentes condições
(mudanças de posição do corpo, variações
térmicas, exigências metabólicas e outras)
são apresentadas e estudadas na teoria e ge-
ram dificuldades quanto ao entendimento do
35ConScientiae Saúde, São Paulo, v. 4, p. 33-41, 2005.
ARTIGOEDITORIALENTREVISTAINSTRUÇÕES
PARAOSAUTORES
dinamismo dos controles. A prática que de-
monstra a ocorrência freqüente de situações
modificadoras da homeostase cardiovascular,
que influencia especialmente os parâmetros
de PA e a existência dos mecanismos regula-
dores de feedback, não só fortalece os concei-
tos teóricos, mas também torna o tema mais
acessível à compreensão pelo alunado.
Assim, a finalidade deste trabalho foi
elaborar um protocolo experimental que pos-
sa ser usado como referência durante as au-
las práticas de fisiologia cardiovascular e fi-
siopatologia na graduação em Fisioterapia.
Este protocolo deve solidificar os concei-
tos teóricos da fisiologia vascular e cardíaca
ao mostrar o comportamento das variáveis
fisiológicas durante duas situações compará-
veis: o momento de repouso fisiológico e a si-
tuação de atividade física.
2 Materiais e método
Este trabalho foi desenvolvido nos
laboratórios de Fisiologia e Clínica de
Fisioterapia do Centro Universitário Nove
de Julho (Uninove), nos campi Memorial
e Vila Maria, em 2003 e 2004. Contou com
uma pesquisa entre os professores de
Fisioterapia sobre quais seriam as principais
dificuldades dos alunos na aplicação dos
conceitos de fisiologia cardiovascular. Em
seguida, procurou-se por procedimentos ex-
perimentais na literatura (CABRERA; ROSA;
PERALTA, 1998; RUSSELL, 1978; THARP;
WOODMAN, 2002) e também se realizou
a análise dos experimentos freqüentemen-
te aplicados na disciplina (GROSSO, 2000).
Os experimentos selecionados para teste
tinham de demonstrar claramente os parâ-
metros fisiológicos em questão e deveriam
utilizar equipamentos e/ou técnicas que
fossem de conhecimento ou utilização do
profissional de Fisioterapia (WASSERMAN
et al., 1999; WEBER et al., 1988).
3 Resultados e discussão
O protocolo experimental elaborado
pela equipe propõe o acompanhamento de
variáveis fisiológicas durante uma situação
de repouso fisiológico e durante atividade fí-
sica em esteira.
Cada protocolo consta de recomendações
iniciais, objetivos, materiais e procedimentos.
3.1 Protocolo para
esfigmomanometria e as
influências fisiológicas
Algumas recomendações importantes
para se proceder corretamente à verificação
da PA. Aferir a pressão sangüínea é um pro-
cedimento simples, mas que merece alguns
cuidados para assegurar a leitura correta:
• É comum realizá-la mais de uma vez
para tirar uma média e obter um valor
mais realista;
• Se a pressão alta for detectada na pri-
meira avaliação, normalmente se fazem
outras leituras em outros dias para con-
firmar o valor;
• Os valores de PA obtidos, especialmente
quando elevados, implicam novas medi-
ções periódicas para controle;
• Aparelho devidamente calibrado e man-
guito adequado ao diâmetro do braço
do voluntário ou paciente – há vários
modelos no mercado;
• Antes de iniciar os procedimentos ou
quando realizá-los mais de uma vez,
observar entre eles breve repouso do
voluntário ou paciente;
36 ConScientiae Saúde, São Paulo, v. 4, p. 33-41, 2005.
• Durante a verificação, manter o braço
do voluntário ou paciente à altura do
átrio esquerdo;
• Evitar o acoplamento do aparelho de
verificação de pressão sobre blusa ou
casaco, pois isso dificulta a captação da
pulsação e a ausculta;
• Recomendar ao voluntário que evite
fumo, ingestão de álcool, café e me-
dicamentos que possam interferir nos
resultados.
3.1.1 Objetivos do experimento
Aprender a seqüência de procedimentos
para aferir a PA.
Acompanhar a influência de fatores fi-
siológicos sobre a PA de um indivíduo.
3.1.2 Material
Algodão e álcool;
Esfigmomanômetro;
Estetoscópio;
Fita métrica;
Maca e cadeira;
Recipiente contendo gelo.
3.1.3 Procedimentos
Certificar-se de que o estetoscópio e o
esfigmomanômetro estejam íntegros e o es-
figmomanômetro calibrado e desinsuflado
antes de ser ajustado ao membro do volun-
tário – segundo American Heart Association
(apud JESUS; JESUS, 2000?).
3.1.4 Posição de decúbito
Posicionar o voluntário deitado em uma
maca, em local calmo e confortável, com o
braço esquerdo apoiado ao nível do cora-
ção, permitindo cinco minutos de repouso.
Esclarecer ao voluntário os procedimentos a
que será submetido, a fim de diminuir a an-
siedade. Em seguida, descobrir o membro a
ser aferido e medir a circunferência do braço
para assegurar-se do tamanho do mangui-
to. Selecionar o tamanho ideal do manguito
a ser utilizado, o qual deve corresponder a
40% da circunferência braquial em relação à
largura e 80% para o comprimento.
Medir a distância entre o acrômio e o
olecrano, colocando o manguito no ponto
médio.
Envolver, com o manguito, o braço do
voluntário, mantendo o aparelho a dois cen-
tímetros de distância da sua margem inferior
à fossa antecubital, posicionando o centro do
manguito sobre a artéria braquial, permitin-
do que tubos e conectores estejam livres e o
manômetro em posição visível para o experi-
mentador.
Palpar a artéria braquial e centralizar o
manguito.
Com a mão não dominante, palpar a
artéria radial (utilizar os dedos indicador e
médio) e, simultaneamente, com a mão do-
minante, fechar a saída de ar (válvula da
pêra do esfigmomanômetro), inflando rapi-
damente a bolsa até 70 milímetros de mer-
cúrio (mmHg) e aumentando, gradualmente,
a pressão aplicada até que se perceba o de-
saparecimento do pulso, inflando 10 mmHg
acima deste nível. Desinsuflar o manguito
lentamente, identificando, pelo método pal-
patório, a pressão arterial sistólica.
É importante repetir os procedimen-
tos pelo menos duas vezes, para que se te-
nha certeza do resultado; no entanto, deve-se
aguardar de 15 a 30 segundos para inflar no-
vamente o manguito, a fim de que o voluntá-
rio regularize sua pressão.
Até esse momento, foi verificado o valor
máximo de ajuste do manômetro para o vo-
luntário sob procedimento. A PA ainda não
foi aferida. Posicionar corretamente as olivas
do estetoscópio no canal auricular do expe-
37ConScientiae Saúde, São Paulo, v. 4, p. 33-41, 2005.
ARTIGOEDITORIALENTREVISTAINSTRUÇÕES
PARAOSAUTORES
rimentador, certificando-se da ausculta ade-
quada na campânula (a posição correta das
olivas do estetoscópio é para frente em rela-
ção ao diafragma, pois permite maior ade-
quação ao conduto auricular, diminuindo a
interferência de ruídos ambientais externos).
Com a mão não dominante, posicionar
a campânula do estetoscópio sobre a artéria
braquial, palpada abaixo do manguito na
fossa antecubital; simultaneamente, com a
mão dominante, fechar a saída de ar (válvula
da pêra do esfigmomanômetro) e, em segui-
da, insuflar o manguito gradualmente até o
valor da pressão arterial sistólica estimada
pelo método palpatório. Continuar insuflan-
do rapidamente até 20 mmHg acima desta
pressão. Desinsuflar o manguito de modo
que a pressão caia de 2 a 4 mmHg por se-
gundo. Identificar, pelo método auscultató-
rio, a pressão sistólica ou pressão máxima
(em mmHg), observando no manômetro o
ponto correspondente ao primeiro ruído re-
gular audível (sons de Korotkoff), a pressão
diastólica ou pressão mínima (em mmHg) e
o ponto correspondente à cessação dos ruí-
dos de Korotkoff. Desinsuflar totalmente o
manguito.
Colocar o voluntário para descansar por
cinco minutos, antes de repetir todo o pro-
cedimento. Registrar a posição em que o vo-
luntário se encontrava no momento da veri-
ficação da PA, o tamanho do manguito e do
membro utilizados e os valores da PA (em
mmHg).
3.1.5 Posição ortostática
Repetir os procedimentos anteriores,
mas agora com o voluntário em pé. Ao fi-
nal, registrar a posição em que o voluntário
se encontrava no momento da verificação da
PA, o tamanho do manguito e do membro
utilizados e os valores da PA (em mmHg).
3.1.6 Sentado e sob influência
de temperatura reduzida
Repetir os procedimentos anteriores,
mas agora com o voluntário sentado, anotan-
do os valores de pressão sistólica e diastólica.
Solicitar ao voluntário que mergulhe
sua mão direita em um recipiente (à tempe-
ratura ambiente de 5°C) contendo gelo, assim
permanecendo por um minuto. Em seguida,
aferir a pressão e anotar os valores.
O esfigmomanômetro deve estar ajus-
tado ao braço esquerdo e o braço direito em
contato com o gelo.
3.2 Protocolo para parâmetros
cardiovasculares na atividade
física
Algumas recomendações baseadas em
Barros Neto, César e Tambeiro (1999) neces-
sárias a esta atividade:
• Solicitar ao voluntário que venha com
roupa adequada à atividade física (short
e tênis apropriados para caminhada);
• Questionar quanto ao uso de medica-
mentos, tabagismo, conhecimento de
doenças cardiovasculares e/ou respi-
ratórias preexistentes, labirintite, dores
musculares, incapacidades musculoes-
queléticas como osteoartrose e desco-
ordenação motora à corrida. Para rea-
lizar esta atividade, o voluntário deve
estar em jejum. Convém descartar a
participação do voluntário que apre-
senta doenças cardiorespiratórias, la-
birintite, dores de qualquer natureza e
incapacidades músculoesqueléticas. É
importante realizar alongamento dos
membros inferiores, antes de iniciar a
atividade física na esteira, alongando
38 ConScientiae Saúde, São Paulo, v. 4, p. 33-41, 2005.
principalmente a região posterior da
coxa;
• Anotar idade, sexo e as observações re-
ferentes ao item 2 e utilizar protocolo
apresentado ao final da descrição do ex-
perimento (Quadro 1);
• Questionar o voluntário sobre suas condi-
ções físicas gerais, utilizando, para isso, a
escala de esforço. A intenção é tomar co-
nhecimento de qualquer desconforto do
voluntário que o leve a alterações repenti-
nas do estado fisiológico, principalmente
no que se refere a incômodos de origem
muscular (M) e/ou respiratória (R). A es-
cala de esforço (Quadro 2) é dada em nú-
meros e deve ser mostrada ao voluntário
durante a sua atividade na esteira;
• Cada número representa uma condição
ou desconforto respectivo. O voluntário
irá, então, relacionar o número à sua si-
tuação durante a atividade física.
Sugestão: realizar este experimento com
voluntários sedentários em treinamentos, a
fim de que se possam comparar os resultados.
3.2.1 Objetivos do experimento
Treinar a seqüência de procedimentos
para aferir a PA.
Acompanhar a influência de fatores fi-
siológicos sobre a PA de um indivíduo, du-
rante uma situação de exercício físico.
3.2.2 Material
Cronômetro;
Escala de esforço;
Esfigmomanômetro;
Esteira elétrica;
Estetoscópio;
Freqüencímetro com relógio;
Maca;
Protocolo para anotações.
Valor Significado
1 Nenhum
2 Muito, muito pouco
3 Muito pouco
4 Pouco
5 Moderado
6 Pouco intenso
7 Intenso
8 Muito intenso
9 Muito, muito intenso
10 Máximo
Quadro 2: Escala de esforço para avaliação
das condições cardiorespiratórias
do voluntário durante a atividade física
Fonte: Os autores.
Nome
Idade Sexo
Data
Observações
Estágio Pressão
arterial
(PA)
Função
cardíaca
(FC)
Freqüência
respiratória
(FR)
Escala de
esforço
M R
Em repouso
inicial
Após cinco
minutos em
velocidade
4,5 Km/h
Após cinco
minutos em
velocidade
5,5 Km/h
Após
repouso final
Quadro 1: Quadro para anotação
das condições e respostas cardiovasculares
durante a atividade física
Obs.: Incômodo de origem muscular (M) ou respiratória (R).
Fonte: Os autores.
39ConScientiae Saúde, São Paulo, v. 4, p. 33-41, 2005.
ARTIGOEDITORIALENTREVISTAINSTRUÇÕES
PARAOSAUTORES
3.2.3 Procedimentos
Inicialmente, para facilitar a passagem de
corrente elétrica, deve ser feita a umidificação
do freqüencímetro, posicionando-o em conta-
to direto com a pele do voluntário (não pode
estar sobre a roupa) e, em seguida, ajustá-lo
à altura dos mamilos. O voluntário também
deve colocar o relógio do freqüencímetro.
Depois, ajustar o esfigmomanômetro na
posição correta, ou seja, no membro superior
esquerdo do voluntário.
Com o voluntário em repouso, deitado
ou sentado, os experimentadores devem afe-
rir a PA (como descrito em experimento an-
terior), verificar a FC por meio da leitura do
freqüencímetro e fazer a contagem da FR
pela observação da expansão torácica (movi-
mento de inspiração + movimento de expi-
ração = uma expansão), anotando os valores
correspondentes.
Pedir ao voluntário que se posicione na
esteira elétrica e ligue o equipamento em 0%
de inclinação e com velocidade de 4,5 qui-
lômetros por hora (km/h), exercitando-se,
nesse ritmo, por cinco minutos. Na seqüên-
cia, solicitar que permaneça em atividade na
esteira, mesmo depois de terminado o tempo
proposto. Os experimentadores devem aferir
novamente a PA (com o voluntário em mo-
vimento), verificando as FC e FR e anotando
todos os valores (Fotografia 1).
A partir do sétimo minuto, a velocidade
da esteira deve ser aumentada para 5,5 km/h,
mantendo 0% de inclinação, com caminhada
por cinco minutos. Ao final, e ainda com o vo-
luntário em movimento, avaliar mais uma vez
a PA e as FC e FR. Os experimentadores de-
vem fazer o registro dos valores encontrados.
Posteriormente, desacelera-se a esteira
para 3 km/h e, nos próximos dois minutos,
para 1 km/h até que pare por completo,
evitando-se as interrupções abruptas para
não causar hipotensão no voluntário. Após
um período de dois minutos em repouso,
a PA, as FC e FR do voluntário devem ser
novamente verificadas e anotadas pelos
experimentadores.
4 Conclusão
A execução do protocolo experimental
proposto chama a atenção para o compor-
tamento das variáveis fisiológicas cardio-
vasculares durante o repouso e durante a
atividade física. Baseado nos parâmetros de-
terminantes da homeostase metabólica, du-
rante o repouso ou na execução de exercício
controlado, foi realizada a construção deste
Fotografia 1 – Posicionamento do voluntário
na esteira durante a atividade física
e avaliação pelos experimentadores
Fonte: Os autores.
40 ConScientiae Saúde, São Paulo, v. 4, p. 33-41, 2005.
protocolo experimental, enfocando as variá-
veis cardiovasculares passíveis de ser acom-
panhadas em ambas as situações: PA, FC e
FR e propõem-se discussões acerca da fisio-
logia cardiovascular.
Pela prática laboratorial, o estudante
terá a oportunidade de vivenciar situações
que se assemelham ou que até representam
as situações diárias que afetam um orga-
nismo e de perceber que variáveis fisiológi-
cas, tais como as cardiovasculares, respon-
dem a esses diferentes momentos para se
ajustarem à homeostase.
O aprendizado mais consistente e de
longo prazo solidifica-se com a percepção do
aluno de que o conteúdo teórico é passível
de visualização e comprovação experimen-
tal. Tal consistência vem com a proposta de
questionamento e discussões, pela análise
dos dados obtidos na experimentação.
A realização de experimentos sempre
facilita e complementa a compreensão da teo-
ria, além de mostrar a aplicabilidade da dis-
ciplina no contexto do curso.
Referências
BARROS NETO, T. L. de; CÉSAR, M. de C.;
TAMBEIRO, V. L. Avaliação da aptidão física
cardiorrespiratória. In: GHORAYEB, N.; BARROS
NETO, T. L. de (Org.). O exercício: preparação
fisiológica, avaliação médica, aspectos especiais e
preventivos. 1. ed. São Paulo: Atheneu, 1999. p. 15-24.
CABRERA, M. A. de; ROSA, R. A. C.; PERALTA, C. C.
Fisiologia: aprendendo no laboratório. 1. ed. São Paulo:
Sarvier, 1998.
FIELDING, R. A.; BEAN, J. Adaptações fisiológicas ao
exercício dinâmico. In: FRONTERA, W. R.; DAWSON,
D. M.; SLOVIK, D. M. Exercício físico e reabilitação. 1. ed.
Porto Alegre: Artmed, 2001. p. 59-84.
GROSSO, A. F. (Org.). Aulas práticas de fisiologia. São
Paulo: Uninove, 2000. (mimeo).
GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Tratado de fisiologia médica.
10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.
Cardiovascular
physiological variables
examined during the rest
state and the exercise
activity: suggestion of an
experimental protocol
Both the physiological rest state and the
exercise activity represent a challenge for
the control systems of the homeostasy
maintenance. In general, the body
systems maintain a stable state during the
interactions with the external environment
(as, for instance, while changing the body
position or doing physical activities),
despite the variation of many physiological
parameters. The cardiovascular parameters
are interesting indexes to study the
organism equilibrium and the actions that
yield homeostasis. In order to make easier
the understanding of the cardiovascular
parameters and their influences during the
classes of the discipline of Human Physiology,
an experimental protocol was elaborated
to be used as reference during the practical
classes of cardiovascular physiology during
the graduation course on Physiotherapy.
The protocol aims to improve the theoretical
concepts of vascular and cardiac physiology
showing the behavior of physiological
variables during two situations: at rest and
during physical activities. Additionally, this
work shows up the importance of this basic
discipline subject in the course context.
Key words: Cardiovascular physiology.
Experimental physiology. Physical activities.
41ConScientiae Saúde, São Paulo, v. 4, p. 33-41, 2005.
ARTIGOEDITORIALENTREVISTAINSTRUÇÕES
PARAOSAUTORES
JESUS, P. C. de; JESUS, C. A. C. de. Técnica da medida
indireta da pressão arterial. Brasília, DF: UnB, [2000?].
Disponível em: <http://www.unb.br/fs/enf/nipe/
tecnicapa.html>. Acesso em: 14 mar. 2004.
NEDER, J. A.; NERY, L. E. Fisiologia clínica do exercício:
teoria e prática. 1. ed. São Paulo: Artes Médicas, 2003.
POWERS, S. K.; HOWLEY, E. T. Testes de esforço
físico para a avaliação da função cardiorrespiratória.
In: ______. Fisiologia do exercício: teoria e aplicação ao
condicionamento e ao desempenho. 3. ed. São Paulo:
Manole, 2000. p. 265-278.
RUSSELL, G. K. Laboratory investigations in human
physiology. New York: Macmillan, 1978.
THARP, G. D.; WOODMAN, D. A. Experiments in
physiology. 8. ed. San Francisco: Benjamin Cummings,
2002.
WASSERMAN, K. et al. Principles of exercise testing and
interpretation: including pathophysiology and clinical
applications hardbound. 3. ed. Philadelphia: Lippincott
Williams & Wilkins, 1999.
WEBER, K. T. et al. Concepts and applications of
cardiopulmonary exercise testing. Chest, Northbrook,
v. 93, p. 843-847, 1988.
recebido em: 29 out. 2004 / aprovado em: 21 mar. 2005
Para referenciar este texto:
MALDONADO, D. C. et al. Variáveis fisiológicas
cardiovasculares acompanhadas durante o repouso
e atividade física: sugestão de um protocolo
experimental. ConScientiae Saúde, São Paulo,
v. 4, p. 33-41, 2005.

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  • 1. Conscientiae Saúde Universidade Nove de Julho conscientiaesaude@uninove.br ISSN (Versión impresa): 1677-1028 BRASIL 2005 Diogo Correa Maldonado / Márcio Cantuário Ferreira / Renata Patrícia Pudo Ribeiro / Adriana Ferreira Grosso VARIÁVEIS FISIOLÓGICAS CARDIOVASCULARES ACOMPANHADAS DURANTE O REPOUSO E ATIVIDADE FÍSICA: SUGESTÃO DE UM PROTOCOLO EXPERIMENTAL Conscientiae Saúde, año/vol. 4 Universidade Nove de Julho São Paulo, Brasil pp. 33-41 Red de Revistas Científicas de América Latina y el Caribe, España y Portugal Universidad Autónoma del Estado de México http://redalyc.uaemex.mx
  • 2. 33ConScientiae Saúde, São Paulo, v. 4, p. 33-41, 2005. ARTIGOEDITORIALENTREVISTAINSTRUÇÕES PARAOSAUTORES ConScientiae Saúde, São Paulo, v. 4, p. 33-41, 2005. 33 Diogo Correa Maldonado Graduado em Fisioterapia – UNINOVE. fisiomaldonado@ig.com.br, São Paulo [Brasil] Márcio Cantuário Ferreira Graduando em Fisioterapia – UNINOVE. fisiocantuario@ig.com.br, São Paulo [Brasil] Renata Patrícia Pudo Ribeiro Graduada em Fisioterapia – UNINOVE. fisiorenata9@ig.com.br, São Paulo [Brasil] Adriana Ferreira Grosso Mestre em Entomologia – USP; Professora na graduação – UNIB/UNINOVE. adrianafg@uninove.br, São Paulo [Brasil] Tanto o estado de repouso fisiológico quanto o exer- cício representam um desafio para os sistemas de controle na manutenção da homeostasia. Em geral, os sistemas do corpo mantêm um estado estável duran- te as interações com o ambiente externo (como, por exemplo, mudar a posição do corpo, realizar ativida- de física), apesar de vários parâmetros fisiológicos variarem. Os parâmetros cardiovasculares são índi- ces interessantes para estudar o equilíbrio do orga- nismo e as ações em prol da homeostase. Para facili- tar o estudo dos parâmetros cardiovasculares e suas influências, abordados na teoria da disciplina de Fisiologia Humana, elaborou-se um protocolo expe- rimental que pode ser usado como referência durante as aulas práticas de fisiologia cardiovascular na gra- duação em Fisioterapia. O protocolo foi criado com a intenção de solidificar os conceitos da fisiologia vas- cular e cardíaca ao mostrar o comportamento das va- riáveis fisiológicas durante duas situações: o momen- to de repouso fisiológico e a situação de atividade física. Adicionalmente, este trabalho vem destacar a importância do conteúdo da disciplina básica no con- texto do curso. Palavras-chave: Atividade física. Fisiologia cardiovascular. Fisiologia experimental. Variáveis fisiológicas cardiovasculares acompanhadas durante o repouso e atividade física: sugestão de um protocolo experimental
  • 3. 34 ConScientiae Saúde, São Paulo, v. 4, p. 33-41, 2005. 1 Introdução A homeostasia ou homeostase orgânica é considerada o estado de equilíbrio do am- biente interno do corpo, que é mantido por processos dinâmicos de feedback e regula- ção. Apesar de o organismo estar a todo mo- mento em interação com o ambiente externo, modificando-se organicamente a partir dessa interação, a necessidade e a importância de retornar ao equilíbrio ou situação de home- ostase são fundamentais. O exercício representa um desafio para os sistemas de controle do corpo na manuten- ção da homeostasia. Em geral, os muitos siste- mas de controle do corpo mantêm um estado estável durante a maioria dos tipos de exercí- cio, apesar de vários parâmetros fisiológicos variarem (FIELDING; BEAN, 2001). Segundo Powers e Howley (2000), uma excelente ilus- tração do controle homeostático utilizado é o sistema dos baroceptores, responsável pela regulação da pressão arterial (PA). Os baro- ceptores, localizados nas artérias carótidas e no arco aórtico, são receptores sensíveis à PA: quando a PA aumenta além dos níveis nor- mais, eles são estimulados e impulsos ner- vosos transmitidos ao centro de controle lo- calizado no bulbo; este centro, por sua vez, diminui o número de impulsos transmitidos ao coração, reduzindo a quantidade de sangue bombeado por ele e fazendo com que a pres- são volte ao normal (NEDER; NERY, 2003). Além do controle pelo sistema dos ba- roceptores e pela atividade neural, há o ajuste da PA por meio da adequação da vo- lemia pelo sistema da renina-angiotensina- aldosterona (GUYTON; HALL, 2002). Esse sistema é requerido pelo organismo quando há alteração lenta da PA, necessitando das ações renais e endócrinas para adequação do volume dos líquidos corporais. A PA é determinada diretamente pelo volume sangüíneo e pela complacência ar- terial. Tais determinações são influenciadas pelo débito cardíaco (DC), pelo débito sistó- lico (DS), pela freqüência cardíaca (FC), pela freqüência respiratória (FR) e pela resistência periférica total (RPT). Situações como a posi- ção do corpo do indivíduo, a atividade e as variações de temperatura são fatores modi- ficadores da PA e, por conseguinte, dos pa- râmetros ligados a ela. Esses parâmetros são conhecidos como fatores hemodinâmicos. Dessa forma, o sistema circulatório é dotado de mecanismos sistêmicos e regionais para o controle da PA, variando as condições dos parâmetros vasculares e cardíacos para adequar o organismo às mudanças de situa- ção. Dentro desses parâmetros está o DS, que é avaliado no momento de ejeção cardíaca, enquanto o volume diastólico corresponde ao relaxamento muscular cardíaco para rece- ber fluxo sangüíneo. Ambos os volumes são encontrados ao se aferir a PA e dependem do retorno venoso (RV). Os ajustes cardiovasculares requerem, em qualquer situação, uma adaptação – de acordo com a oferta e o consumo de oxigênio no organismo – conseguida por meio da res- piração (NEDER; NERY, 2003). A importância do controle da pressão é que ele impede que as alterações do flu- xo sangüíneo por uma área do corpo pos- sam alterar, de forma significativa, o fluxo em algum outro ponto do corpo (GUYTON; HALL, 2002). Em fisiologia cardiovascular, as variá- veis que influenciam e que determinam a PA de um indivíduo sob diferentes condições (mudanças de posição do corpo, variações térmicas, exigências metabólicas e outras) são apresentadas e estudadas na teoria e ge- ram dificuldades quanto ao entendimento do
  • 4. 35ConScientiae Saúde, São Paulo, v. 4, p. 33-41, 2005. ARTIGOEDITORIALENTREVISTAINSTRUÇÕES PARAOSAUTORES dinamismo dos controles. A prática que de- monstra a ocorrência freqüente de situações modificadoras da homeostase cardiovascular, que influencia especialmente os parâmetros de PA e a existência dos mecanismos regula- dores de feedback, não só fortalece os concei- tos teóricos, mas também torna o tema mais acessível à compreensão pelo alunado. Assim, a finalidade deste trabalho foi elaborar um protocolo experimental que pos- sa ser usado como referência durante as au- las práticas de fisiologia cardiovascular e fi- siopatologia na graduação em Fisioterapia. Este protocolo deve solidificar os concei- tos teóricos da fisiologia vascular e cardíaca ao mostrar o comportamento das variáveis fisiológicas durante duas situações compará- veis: o momento de repouso fisiológico e a si- tuação de atividade física. 2 Materiais e método Este trabalho foi desenvolvido nos laboratórios de Fisiologia e Clínica de Fisioterapia do Centro Universitário Nove de Julho (Uninove), nos campi Memorial e Vila Maria, em 2003 e 2004. Contou com uma pesquisa entre os professores de Fisioterapia sobre quais seriam as principais dificuldades dos alunos na aplicação dos conceitos de fisiologia cardiovascular. Em seguida, procurou-se por procedimentos ex- perimentais na literatura (CABRERA; ROSA; PERALTA, 1998; RUSSELL, 1978; THARP; WOODMAN, 2002) e também se realizou a análise dos experimentos freqüentemen- te aplicados na disciplina (GROSSO, 2000). Os experimentos selecionados para teste tinham de demonstrar claramente os parâ- metros fisiológicos em questão e deveriam utilizar equipamentos e/ou técnicas que fossem de conhecimento ou utilização do profissional de Fisioterapia (WASSERMAN et al., 1999; WEBER et al., 1988). 3 Resultados e discussão O protocolo experimental elaborado pela equipe propõe o acompanhamento de variáveis fisiológicas durante uma situação de repouso fisiológico e durante atividade fí- sica em esteira. Cada protocolo consta de recomendações iniciais, objetivos, materiais e procedimentos. 3.1 Protocolo para esfigmomanometria e as influências fisiológicas Algumas recomendações importantes para se proceder corretamente à verificação da PA. Aferir a pressão sangüínea é um pro- cedimento simples, mas que merece alguns cuidados para assegurar a leitura correta: • É comum realizá-la mais de uma vez para tirar uma média e obter um valor mais realista; • Se a pressão alta for detectada na pri- meira avaliação, normalmente se fazem outras leituras em outros dias para con- firmar o valor; • Os valores de PA obtidos, especialmente quando elevados, implicam novas medi- ções periódicas para controle; • Aparelho devidamente calibrado e man- guito adequado ao diâmetro do braço do voluntário ou paciente – há vários modelos no mercado; • Antes de iniciar os procedimentos ou quando realizá-los mais de uma vez, observar entre eles breve repouso do voluntário ou paciente;
  • 5. 36 ConScientiae Saúde, São Paulo, v. 4, p. 33-41, 2005. • Durante a verificação, manter o braço do voluntário ou paciente à altura do átrio esquerdo; • Evitar o acoplamento do aparelho de verificação de pressão sobre blusa ou casaco, pois isso dificulta a captação da pulsação e a ausculta; • Recomendar ao voluntário que evite fumo, ingestão de álcool, café e me- dicamentos que possam interferir nos resultados. 3.1.1 Objetivos do experimento Aprender a seqüência de procedimentos para aferir a PA. Acompanhar a influência de fatores fi- siológicos sobre a PA de um indivíduo. 3.1.2 Material Algodão e álcool; Esfigmomanômetro; Estetoscópio; Fita métrica; Maca e cadeira; Recipiente contendo gelo. 3.1.3 Procedimentos Certificar-se de que o estetoscópio e o esfigmomanômetro estejam íntegros e o es- figmomanômetro calibrado e desinsuflado antes de ser ajustado ao membro do volun- tário – segundo American Heart Association (apud JESUS; JESUS, 2000?). 3.1.4 Posição de decúbito Posicionar o voluntário deitado em uma maca, em local calmo e confortável, com o braço esquerdo apoiado ao nível do cora- ção, permitindo cinco minutos de repouso. Esclarecer ao voluntário os procedimentos a que será submetido, a fim de diminuir a an- siedade. Em seguida, descobrir o membro a ser aferido e medir a circunferência do braço para assegurar-se do tamanho do mangui- to. Selecionar o tamanho ideal do manguito a ser utilizado, o qual deve corresponder a 40% da circunferência braquial em relação à largura e 80% para o comprimento. Medir a distância entre o acrômio e o olecrano, colocando o manguito no ponto médio. Envolver, com o manguito, o braço do voluntário, mantendo o aparelho a dois cen- tímetros de distância da sua margem inferior à fossa antecubital, posicionando o centro do manguito sobre a artéria braquial, permitin- do que tubos e conectores estejam livres e o manômetro em posição visível para o experi- mentador. Palpar a artéria braquial e centralizar o manguito. Com a mão não dominante, palpar a artéria radial (utilizar os dedos indicador e médio) e, simultaneamente, com a mão do- minante, fechar a saída de ar (válvula da pêra do esfigmomanômetro), inflando rapi- damente a bolsa até 70 milímetros de mer- cúrio (mmHg) e aumentando, gradualmente, a pressão aplicada até que se perceba o de- saparecimento do pulso, inflando 10 mmHg acima deste nível. Desinsuflar o manguito lentamente, identificando, pelo método pal- patório, a pressão arterial sistólica. É importante repetir os procedimen- tos pelo menos duas vezes, para que se te- nha certeza do resultado; no entanto, deve-se aguardar de 15 a 30 segundos para inflar no- vamente o manguito, a fim de que o voluntá- rio regularize sua pressão. Até esse momento, foi verificado o valor máximo de ajuste do manômetro para o vo- luntário sob procedimento. A PA ainda não foi aferida. Posicionar corretamente as olivas do estetoscópio no canal auricular do expe-
  • 6. 37ConScientiae Saúde, São Paulo, v. 4, p. 33-41, 2005. ARTIGOEDITORIALENTREVISTAINSTRUÇÕES PARAOSAUTORES rimentador, certificando-se da ausculta ade- quada na campânula (a posição correta das olivas do estetoscópio é para frente em rela- ção ao diafragma, pois permite maior ade- quação ao conduto auricular, diminuindo a interferência de ruídos ambientais externos). Com a mão não dominante, posicionar a campânula do estetoscópio sobre a artéria braquial, palpada abaixo do manguito na fossa antecubital; simultaneamente, com a mão dominante, fechar a saída de ar (válvula da pêra do esfigmomanômetro) e, em segui- da, insuflar o manguito gradualmente até o valor da pressão arterial sistólica estimada pelo método palpatório. Continuar insuflan- do rapidamente até 20 mmHg acima desta pressão. Desinsuflar o manguito de modo que a pressão caia de 2 a 4 mmHg por se- gundo. Identificar, pelo método auscultató- rio, a pressão sistólica ou pressão máxima (em mmHg), observando no manômetro o ponto correspondente ao primeiro ruído re- gular audível (sons de Korotkoff), a pressão diastólica ou pressão mínima (em mmHg) e o ponto correspondente à cessação dos ruí- dos de Korotkoff. Desinsuflar totalmente o manguito. Colocar o voluntário para descansar por cinco minutos, antes de repetir todo o pro- cedimento. Registrar a posição em que o vo- luntário se encontrava no momento da veri- ficação da PA, o tamanho do manguito e do membro utilizados e os valores da PA (em mmHg). 3.1.5 Posição ortostática Repetir os procedimentos anteriores, mas agora com o voluntário em pé. Ao fi- nal, registrar a posição em que o voluntário se encontrava no momento da verificação da PA, o tamanho do manguito e do membro utilizados e os valores da PA (em mmHg). 3.1.6 Sentado e sob influência de temperatura reduzida Repetir os procedimentos anteriores, mas agora com o voluntário sentado, anotan- do os valores de pressão sistólica e diastólica. Solicitar ao voluntário que mergulhe sua mão direita em um recipiente (à tempe- ratura ambiente de 5°C) contendo gelo, assim permanecendo por um minuto. Em seguida, aferir a pressão e anotar os valores. O esfigmomanômetro deve estar ajus- tado ao braço esquerdo e o braço direito em contato com o gelo. 3.2 Protocolo para parâmetros cardiovasculares na atividade física Algumas recomendações baseadas em Barros Neto, César e Tambeiro (1999) neces- sárias a esta atividade: • Solicitar ao voluntário que venha com roupa adequada à atividade física (short e tênis apropriados para caminhada); • Questionar quanto ao uso de medica- mentos, tabagismo, conhecimento de doenças cardiovasculares e/ou respi- ratórias preexistentes, labirintite, dores musculares, incapacidades musculoes- queléticas como osteoartrose e desco- ordenação motora à corrida. Para rea- lizar esta atividade, o voluntário deve estar em jejum. Convém descartar a participação do voluntário que apre- senta doenças cardiorespiratórias, la- birintite, dores de qualquer natureza e incapacidades músculoesqueléticas. É importante realizar alongamento dos membros inferiores, antes de iniciar a atividade física na esteira, alongando
  • 7. 38 ConScientiae Saúde, São Paulo, v. 4, p. 33-41, 2005. principalmente a região posterior da coxa; • Anotar idade, sexo e as observações re- ferentes ao item 2 e utilizar protocolo apresentado ao final da descrição do ex- perimento (Quadro 1); • Questionar o voluntário sobre suas condi- ções físicas gerais, utilizando, para isso, a escala de esforço. A intenção é tomar co- nhecimento de qualquer desconforto do voluntário que o leve a alterações repenti- nas do estado fisiológico, principalmente no que se refere a incômodos de origem muscular (M) e/ou respiratória (R). A es- cala de esforço (Quadro 2) é dada em nú- meros e deve ser mostrada ao voluntário durante a sua atividade na esteira; • Cada número representa uma condição ou desconforto respectivo. O voluntário irá, então, relacionar o número à sua si- tuação durante a atividade física. Sugestão: realizar este experimento com voluntários sedentários em treinamentos, a fim de que se possam comparar os resultados. 3.2.1 Objetivos do experimento Treinar a seqüência de procedimentos para aferir a PA. Acompanhar a influência de fatores fi- siológicos sobre a PA de um indivíduo, du- rante uma situação de exercício físico. 3.2.2 Material Cronômetro; Escala de esforço; Esfigmomanômetro; Esteira elétrica; Estetoscópio; Freqüencímetro com relógio; Maca; Protocolo para anotações. Valor Significado 1 Nenhum 2 Muito, muito pouco 3 Muito pouco 4 Pouco 5 Moderado 6 Pouco intenso 7 Intenso 8 Muito intenso 9 Muito, muito intenso 10 Máximo Quadro 2: Escala de esforço para avaliação das condições cardiorespiratórias do voluntário durante a atividade física Fonte: Os autores. Nome Idade Sexo Data Observações Estágio Pressão arterial (PA) Função cardíaca (FC) Freqüência respiratória (FR) Escala de esforço M R Em repouso inicial Após cinco minutos em velocidade 4,5 Km/h Após cinco minutos em velocidade 5,5 Km/h Após repouso final Quadro 1: Quadro para anotação das condições e respostas cardiovasculares durante a atividade física Obs.: Incômodo de origem muscular (M) ou respiratória (R). Fonte: Os autores.
  • 8. 39ConScientiae Saúde, São Paulo, v. 4, p. 33-41, 2005. ARTIGOEDITORIALENTREVISTAINSTRUÇÕES PARAOSAUTORES 3.2.3 Procedimentos Inicialmente, para facilitar a passagem de corrente elétrica, deve ser feita a umidificação do freqüencímetro, posicionando-o em conta- to direto com a pele do voluntário (não pode estar sobre a roupa) e, em seguida, ajustá-lo à altura dos mamilos. O voluntário também deve colocar o relógio do freqüencímetro. Depois, ajustar o esfigmomanômetro na posição correta, ou seja, no membro superior esquerdo do voluntário. Com o voluntário em repouso, deitado ou sentado, os experimentadores devem afe- rir a PA (como descrito em experimento an- terior), verificar a FC por meio da leitura do freqüencímetro e fazer a contagem da FR pela observação da expansão torácica (movi- mento de inspiração + movimento de expi- ração = uma expansão), anotando os valores correspondentes. Pedir ao voluntário que se posicione na esteira elétrica e ligue o equipamento em 0% de inclinação e com velocidade de 4,5 qui- lômetros por hora (km/h), exercitando-se, nesse ritmo, por cinco minutos. Na seqüên- cia, solicitar que permaneça em atividade na esteira, mesmo depois de terminado o tempo proposto. Os experimentadores devem aferir novamente a PA (com o voluntário em mo- vimento), verificando as FC e FR e anotando todos os valores (Fotografia 1). A partir do sétimo minuto, a velocidade da esteira deve ser aumentada para 5,5 km/h, mantendo 0% de inclinação, com caminhada por cinco minutos. Ao final, e ainda com o vo- luntário em movimento, avaliar mais uma vez a PA e as FC e FR. Os experimentadores de- vem fazer o registro dos valores encontrados. Posteriormente, desacelera-se a esteira para 3 km/h e, nos próximos dois minutos, para 1 km/h até que pare por completo, evitando-se as interrupções abruptas para não causar hipotensão no voluntário. Após um período de dois minutos em repouso, a PA, as FC e FR do voluntário devem ser novamente verificadas e anotadas pelos experimentadores. 4 Conclusão A execução do protocolo experimental proposto chama a atenção para o compor- tamento das variáveis fisiológicas cardio- vasculares durante o repouso e durante a atividade física. Baseado nos parâmetros de- terminantes da homeostase metabólica, du- rante o repouso ou na execução de exercício controlado, foi realizada a construção deste Fotografia 1 – Posicionamento do voluntário na esteira durante a atividade física e avaliação pelos experimentadores Fonte: Os autores.
  • 9. 40 ConScientiae Saúde, São Paulo, v. 4, p. 33-41, 2005. protocolo experimental, enfocando as variá- veis cardiovasculares passíveis de ser acom- panhadas em ambas as situações: PA, FC e FR e propõem-se discussões acerca da fisio- logia cardiovascular. Pela prática laboratorial, o estudante terá a oportunidade de vivenciar situações que se assemelham ou que até representam as situações diárias que afetam um orga- nismo e de perceber que variáveis fisiológi- cas, tais como as cardiovasculares, respon- dem a esses diferentes momentos para se ajustarem à homeostase. O aprendizado mais consistente e de longo prazo solidifica-se com a percepção do aluno de que o conteúdo teórico é passível de visualização e comprovação experimen- tal. Tal consistência vem com a proposta de questionamento e discussões, pela análise dos dados obtidos na experimentação. A realização de experimentos sempre facilita e complementa a compreensão da teo- ria, além de mostrar a aplicabilidade da dis- ciplina no contexto do curso. Referências BARROS NETO, T. L. de; CÉSAR, M. de C.; TAMBEIRO, V. L. Avaliação da aptidão física cardiorrespiratória. In: GHORAYEB, N.; BARROS NETO, T. L. de (Org.). O exercício: preparação fisiológica, avaliação médica, aspectos especiais e preventivos. 1. ed. São Paulo: Atheneu, 1999. p. 15-24. CABRERA, M. A. de; ROSA, R. A. C.; PERALTA, C. C. Fisiologia: aprendendo no laboratório. 1. ed. São Paulo: Sarvier, 1998. FIELDING, R. A.; BEAN, J. Adaptações fisiológicas ao exercício dinâmico. In: FRONTERA, W. R.; DAWSON, D. M.; SLOVIK, D. M. Exercício físico e reabilitação. 1. ed. Porto Alegre: Artmed, 2001. p. 59-84. GROSSO, A. F. (Org.). Aulas práticas de fisiologia. São Paulo: Uninove, 2000. (mimeo). GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Tratado de fisiologia médica. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. Cardiovascular physiological variables examined during the rest state and the exercise activity: suggestion of an experimental protocol Both the physiological rest state and the exercise activity represent a challenge for the control systems of the homeostasy maintenance. In general, the body systems maintain a stable state during the interactions with the external environment (as, for instance, while changing the body position or doing physical activities), despite the variation of many physiological parameters. The cardiovascular parameters are interesting indexes to study the organism equilibrium and the actions that yield homeostasis. In order to make easier the understanding of the cardiovascular parameters and their influences during the classes of the discipline of Human Physiology, an experimental protocol was elaborated to be used as reference during the practical classes of cardiovascular physiology during the graduation course on Physiotherapy. The protocol aims to improve the theoretical concepts of vascular and cardiac physiology showing the behavior of physiological variables during two situations: at rest and during physical activities. Additionally, this work shows up the importance of this basic discipline subject in the course context. Key words: Cardiovascular physiology. Experimental physiology. Physical activities.
  • 10. 41ConScientiae Saúde, São Paulo, v. 4, p. 33-41, 2005. ARTIGOEDITORIALENTREVISTAINSTRUÇÕES PARAOSAUTORES JESUS, P. C. de; JESUS, C. A. C. de. Técnica da medida indireta da pressão arterial. Brasília, DF: UnB, [2000?]. Disponível em: <http://www.unb.br/fs/enf/nipe/ tecnicapa.html>. Acesso em: 14 mar. 2004. NEDER, J. A.; NERY, L. E. Fisiologia clínica do exercício: teoria e prática. 1. ed. São Paulo: Artes Médicas, 2003. POWERS, S. K.; HOWLEY, E. T. Testes de esforço físico para a avaliação da função cardiorrespiratória. In: ______. Fisiologia do exercício: teoria e aplicação ao condicionamento e ao desempenho. 3. ed. São Paulo: Manole, 2000. p. 265-278. RUSSELL, G. K. Laboratory investigations in human physiology. New York: Macmillan, 1978. THARP, G. D.; WOODMAN, D. A. Experiments in physiology. 8. ed. San Francisco: Benjamin Cummings, 2002. WASSERMAN, K. et al. Principles of exercise testing and interpretation: including pathophysiology and clinical applications hardbound. 3. ed. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins, 1999. WEBER, K. T. et al. Concepts and applications of cardiopulmonary exercise testing. Chest, Northbrook, v. 93, p. 843-847, 1988. recebido em: 29 out. 2004 / aprovado em: 21 mar. 2005 Para referenciar este texto: MALDONADO, D. C. et al. Variáveis fisiológicas cardiovasculares acompanhadas durante o repouso e atividade física: sugestão de um protocolo experimental. ConScientiae Saúde, São Paulo, v. 4, p. 33-41, 2005.