O documento descreve a evolução da divisão regional do território brasileiro ao longo do tempo, desde a primeira proposta em 1913 que dividiu o Brasil em cinco "brasis" baseados em critérios físicos até a divisão atual em cinco grandes regiões estabelecida em 1970. A divisão regional passou por várias alterações para acompanhar as transformações políticas e socioeconômicas do país ao longo do século XX.
1. MUDANÇAS QUE ESTÃO NO MAPA
Entenda como a divisão do território brasileiro evoluiu ao longo dos
tempos!
Hoje, nos parece tão óbvio que o Brasil seja dividido
em cinco regiões, que nem paramos para perguntar
por que ele foi organizado desse jeito. Da mesma
forma, não questionamos por que um estado
pertence a determinada região e não a outra. Agora
que surgiu a curiosidade, vamos à investigação!
O Brasil é o maior país da América do Sul. De
acordo com dados de 1999, do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE), sua área é de
8.547.403,5 quilômetros quadrados. Apenas quatro países no mundo inteiro --
Rússia, Canadá, China e Estados Unidos -- têm território maior do que o brasileiro.
Dividir o Brasil em regiões facilita o ensino de geografia e a pesquisa, coleta e
organização de dados sobre o país, o seu número de habitantes e a idade média da
população.
A razão é simples: os estados que formam uma grande região não são escolhidos
ao acaso. Eles têm características semelhantes. As primeiras divisões regionais
propostas para o país, por exemplo, eram baseadas apenas nos aspectos físicos --
ou seja, ligados à natureza, como clima, vegetação e relevo. Mas logo se começou a
levar em conta também as características humanas -- isto é, as que resultam da
ação do homem, como atividades econômicas e o modo de vida da população, para
definir quais estados fariam parte de cada região.
Então, se os estados de uma região brasileira têm muito em comum, o que é mais
útil: estudá-los separadamente ou em conjunto? Claro que a segunda opção é
melhor. Para a pesquisa, coleta e organização de dados, também. Assim é possível
comparar informações de uma região com as de outra e notar as diferenças entre
elas. Dessa forma, por exemplo, os governantes podem saber em qual região há
mais crianças fora da escola. E investir nela para resolver o problema.
2. Pequeno retrato das grandes Regiões
Atualmente, o Brasil tem 26 estados e um
Distrito Federal distribuídos em cinco
grandes regiões. E você já sabe que para
fazer parte de uma mesma região os
estados precisam apresentar
características comuns. Na região Norte,
Acre, Amazonas, Amapá, Rondônia,
Roraima, Pará e Tocantins têm em comum
o fato de serem, em sua maior parte,
cobertos pela Floresta Amazônica. Grande
parte da população vive na beira de rios e
a atividade econômica que predomina é a
extração vegetal e de minerais, como o
ferro, a bauxita e o ouro. Já os estados da
região Sudeste -- Espírito Santo, Minas
Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo -- são
os que mais geram riquezas para o país,
reunindo a maior população e produção
industrial. Na região Centro-Oeste, a vegetação predominante é o cerrado, que está
sendo ocupado por plantações de soja e pela criação de gado. Na região Nordeste, o
clima que predomina no interior é o semi-árido, embora no litoral, onde as principais
atividades econômicas são o cultivo de cana-de-açúcar e de cacau, o clima seja mais
úmido. Na região Sul -- que apresenta o clima mais frio do país --, destaca-se o cultivo de
frutas, como uva, maçã e pêssego, além da criação de suínos e de aves.
Brasil dividido = pequenos “brasis”
A primeira divisão do território do Brasil
em grandes regiões foi proposta em 1913,
para ser usada no ensino de geografia.
Os critérios usados para fazê-la foram
físicos: levou-se em consideração o
relevo, o clima e a vegetação, por
exemplo. Não foi à toa! Na época, a
natureza era considerada duradoura e as
atividades humanas, mutáveis.
Considerava-se que a divisão regional
deveria ser baseada em critérios que
resistissem por bastante tempo. Observe
o mapa e veja que interessante: Em 1913,
o território nacional foi dividido em cinco
"brasis" e não em regiões. O Brasil
Setentrional ou Amazônico reunia Acre, Amazonas e Pará. Maranhão, Piauí, Ceará,
Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas formavam o Brasil Norte-
Oriental. O Brasil Oriental agregava Sergipe, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro --
onde ficava o Distrito Federal, a sede do governo brasileiro -- e Minas Gerais. São
Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul faziam parte do Brasil
3. Meridional. E Goiás e Mato Grosso, do Brasil Central.
A forma como foi feita a divisão revela que, na época, havia uma preocupação muito
grande em fortalecer a imagem do Brasil como uma nação, uma vez que a
República havia sido proclamada há poucos anos, em 15 de novembro de 1889.
A divisão em grandes regiões proposta em 1913 influenciou estudos e pesquisas até
a década de 1930. Nesse período, surgiram muitas divisões do território do Brasil,
cada uma usando um critério diferente. Acontece que, em 1938, foi preciso escolher
uma delas para fazer o Anuário Estatístico do Brasil, um documento que contém
informações sobre a população, o território e o desenvolvimento da economia que é
atualizado todos os anos. Mas, para organizar as informações, era necessário
adotar uma divisão regional para o país. Então, a divisão usada pelo Ministério da
Agricultura foi a escolhida. Observe o mapa e note quantas diferenças!
Maranhão e Piauí -- que atualmente
fazem parte da região Nordeste -- foram
incluídos na região Norte, junto com o
território do Acre e os estados do
Amazonas e do Pará. No Nordeste,
ficavam Ceará, Rio Grande do Norte,
Paraíba, Pernambuco e Alagoas. Não
existia a região Sudeste, mas, sim, uma
região chamada Este, onde se
localizavam os estados de Sergipe, Bahia
e Espírito Santo. Na região Sul, veja só,
estavam o Rio de Janeiro -- que, na
época, era a capital do país -- e São
Paulo, que hoje fazem parte da região
Sudeste. Além deles, ficavam na região Sul os estados do Paraná, Santa Catarina e
Rio Grande do Sul. A região Centro-Oeste não existia, mas, sim, a região chamada
Centro, onde estavam Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais, que hoje em dia localiza-
se na região Sudeste.
Como a divisão proposta em 1913, esta organização do território brasileiro não era
oficial. Mas, em 1936, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foi
criado. E começou uma campanha para adotar uma divisão regional oficial para o
Brasil.
Divisão para valer
Após fazer estudos e analisar diferentes propostas, o IBGE sugeriu que fosse
adotada a divisão feita em 1913 com algumas mudanças nos nomes das regiões. A
escolha foi aceita pelo presidente da República e adotada em 1942. Logo ela seria
alterada com a criação de novos Territórios Federais.
Em 1942, o arquipélago de Fernando de Noronha foi transformado em território e
incluído na região Nordeste. Em 1943, foram fundados os territórios de Guaporé, Rio
Branco e Amapá -- todos parte da região Norte --, o território de Iguaçu foi anexado
à região Sul e o de Ponta Porã, colocado na região Centro-Oeste. É bom lembrar
4. que a divisão em grandes regiões tinha de acompanhar as transformações que
estavam ocorrendo na divisão em estados e territórios do país. Assim, a divisão
regional do Brasil em 1945 era a seguinte:
Na região Norte, estavam os estados do
Amazonas e Pará, os territórios do Acre,
Amapá, Rio Branco e Guaporé. A região
Nordeste foi dividida em ocidental e
oriental. No Nordeste ocidental,
encontravam-se Maranhão e Piauí. No
oriental, Ceará, Rio Grande do Norte,
Paraíba, Pernambuco e Alagoas, além do
território de Fernando de Noronha. Ainda
não existia a região Sudeste, mas uma
região chamada Leste, dividida em
setentrional e meridional. Sergipe e Bahia
estavam na parte setentrional. Na
meridional, ficavam Minas Gerais, Espírito
Santo e Rio de Janeiro (na época, sede
do Distrito Federal). A região Sul incluía os estados de São Paulo, Santa Catarina,
Paraná e Rio Grande do Sul, além do território de Iguaçu. E, na região Centro-
Oeste, os estados de Mato Grosso e Goiás e o território de Ponta Porã.
Em 1946, os territórios federais de Iguaçu e Ponta Porã foram extintos. Em 1960,
Brasília foi construída e o Distrito Federal, capital do país, foi transferido para o
Centro-Oeste. Na região Leste, o antigo Distrito Federal tornou-se o estado da
Guanabara. Em 1969, uma nova divisão regional foi proposta porque a divisão de
1942 já não era considerada útil para o ensino de geografia ou para a coleta e
divulgação de dados sobre o país. Veja
como ficou o mapa do Brasil em 1970:
Na região Norte, estão os estados do
Acre, Amazonas e Pará; Territórios de
Rondônia, Roraima e Amapá. Na região
Nordeste, os estados de Maranhão, Piauí,
Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba,
Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia, e
o Território de Fernando de Noronha. A
região Leste sumiu! Quem a substituiu foi
a região Sudeste, formada por Minas
Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro,
estado da Guanabara e São Paulo. Na
região Sul, localizavam-se Paraná, Santa
Catarina e Rio Grande do Sul. Na região
Centro-Oeste, Goiás, Mato Grosso e
Distrito Federal (a cidade de Brasília).
Atualmente, continua em vigor essa proposta em 1970. Apenas algumas alterações
foram feitas. Em 1975, o estado da Guanabara foi transformado em município do Rio
5. de Janeiro. Em 1979, Mato Grosso foi dividido, dando origem ao estado do Mato
Grosso do Sul. A Constituição Federal de 1988 dividiu o estado de Goiás e criou o
estado de Tocantins, que foi incluído na Região Norte. Com o fim dos territórios
federais, Rondônia, Roraima e Amapá tornaram-se estados e Fernando de Noronha
foi anexado ao estado de Pernambuco.
No futuro, devem ocorrer novas mudanças na divisão regional do Brasil. Afinal, por
influência do homem, o país está em constante transformação!
Referência
FIGUEREDO, Adma Hamam de. et al. Mudanças que estão no mapa. Revista Ciência Hoje
das Crianças nº 12, 5, junho 2002. Disponível em:
http://www.geografiaparatodos.com.br/index.php?pag=sl26. Acesso 24/04/2015.