1. O artigo descreve festas de 15 anos na década de 1970, com detalhes sobre a roupa e danças da época.
2. A autora não pôde participar de sua festa de 15 anos por estar doente com sarampo.
3. Anos depois, ela se divertiu nas festas de suas irmãs para compensar não ter participado da sua.
Globos luminosos, lurex e sarampo: memórias de festas de 15 anos
1. Jornal
O Bandeirante
Ano XXI - no 238 - Setembro de 2012
Publicação Mensal da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores - Regional do Estado de São Paulo - SOBRAMES-SP
Globos luminosos, lurex e sarampo
Josyanne Rita de Arruda Franco
Médica Pediatra
Presidente da Sobrames SP / Biênio 2011-2012
os olhares se voltavam para ela,
princesa única da noite, reveren-
ciada pelos convivas extasiados.
Pai e mãe, que ainda reinavam
absolutos no centro da vida da-
quela menina que se apresentava
para a sociedade, mal continham
a emoção naquela noite enrique-
cida de símbolos e significados.
Cada mocinha ali presente
Então resolvi assistir vídeos isso é viagem risonha a um perío- passava a sonhar com o dia da
antigos para passar o tempo e do de ingenuidade singular. própria festa, a fantasiar a beleza
evocar caducas memórias afeti- E ali vão todos, em grupos, de sua inesquecível noite de es-
vas inolvidáveis. Época em que batendo palmas e pés em giros treia social.
os sonhos de futuro eram mais cronometrados e concatenados, Depois da valsa o que aconte-
alicerçados nas fantasias do que meias de lurex brilhando nas san- cia nas festas eu não sei, nunca fi-
nas possibilidades. dálias abertas, jogos de luzes e o quei além da meia-noite e meia...
Apesar da tecnologia quase inesquecível som dos Bee Gees. Nem eu nem minhas irmãs nos
rudimentar que estava ao alcance E o que dizer do paletó branco bailes das amigas.
de cinegrafistas amadores (tios e que muito garoto usava só para ter Quando fiz quinze anos, meu
padrinhos) a postos nas festinhas o efeito luminoso fantástico das lu- pai me presenteou com um lindo
de 15 anos, foi possível reconhe- zes estroboscópicas espostejando vestido branco que havia compra-
cer amigos de longa data nos jo- os movimentos e quase nos fazen- do para que eu usasse no baile
vens cheios de planos e grande do desmaiar? Um show sem igual, da maravilhosa noite... Noite que
energia para danças coreografa- delírio coletivo entre as garotas. para mim não aconteceu: eu estava
das, que copiavam os eternos em- Antes da valsa, todos estavam ardendo em febre, com sarampo.
balos de sábado à noite. muito alegres, suados e quase A desforra foi nas festas de mi-
Rever parentes no auge da emparceirados, pois eram os úni- nhas irmãs nos dois anos seguin-
juventude, lembrar com doçura cos momentos possíveis para se tes, quando me esbaldei de ver-
daqueles que já partiram para estabelecer uma paquera e enga- dade, sem ressentimentos nem
dançar nas discotecas celestes ao tar um namorico fora dos bancos lamentações, porque muita coisa
som de harpas e violinos, sorrir escolares, pelo menos para algu- linda e surpreendente aconte-
do pretendente cheio de espinhas mas mocinhas sob constante vigi- ceu. Foi quando, enfim, fiquei
adolescentes, disputado mais pela lância dos pais. sabendo o que acontecia depois
intelectualidade indiscutível que Quando a debutante surgia en- da meia-noite e meia, findada a
pelos volteios travolteanos, tudo cantadora no fundo da sala, todos valsa... Mas aí já é outra história.
2. 2 O BANDEIRANTE - Setembro de 2012
EXPEDIENTE Às vésperas do XXIV Congresso da Sobrames faço
conjeturas, vaticínio. Muitas coisas boas e algumas não
Jornal O Bandeirante
ANO XXI - no 238 - Setembro 2012 tão boas podem acontecer. A reunião máxima dessa
egrégora deve ser o ponto máximo do congraçamento
Publicação mensal da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores entre nós. Aonde nossas habilidades literárias, conhe-
- Regional do Estado de São Paulo SOBRAMES-SP Sede: Rua
.
Alves Guimarães, 251 - CEP 05410-000 - Pinheiros - São Paulo cimentos, intelectualidade e erudição somados à ami-
- SP Telefax: (11) 3062-9887 / 3062-3604 Editores: Josyanne
Rita de Arruda Franco e Carlos Augusto Ferreira Galvão.
zade gestada, nascida e crescida nas reuniões regionais,
Jornalista Responsável e Revisora: Ligia Terezinha Pezzuto jornadas e congressos anteriores são confirmadas e
(MTb 17.671-SP). Redação e Correspondência: Rua Francisco
Pereira Coutinho, 290, ap. 121 A – V. Municipal – CEP 13201- renovadas. Essa é parte boa.
100 – Jundiaí – SP E-mail: josyannerita@gmail.com Tels.: (11)
4521-6484 Celular (11) 9937-6342. Colaboradores desta edição: A outra parte é a dissociação, o divórcio de ideias
Jacyra Funfas, Josef Tock, Josyanne Rita de Arruda Franco,
Ligia Terezinha Pezzuto, Márcia Etelli Coelho, Sérgio Augusto de estimulado por individualismos que beiram um ego-
Munhoz Pitaki, Simão Arão Pecher e Suzana Grunspun.
ísmo maior que a própria entidade. Desejaria que
essa não fosse vista como virtude. As vocações sobrâmicas são elevadas e têm
Tiragem desta edição: 300 exemplares (papel) e mais de
1.000 exemplares PDF enviados por e-mail.
outra direção.
Diretoria - Gestão 2011/2012 - Presidente: Josyanne Rita Participei apenas de quatro atividades da Sobrames em São Paulo, mais
de Arruda Franco. Vice-Presidente: Luiz Jorge Ferreira.
Primeiro-Secretário: Márcia Etelli Coelho. Segundo- especificamente da Pizza Literária e da Jornada de Itu em 2011. Pude constatar
Secretário: Maria do Céu Coutinho Louzã. Primeiro-
Tesoureiro: José Alberto Vieira. Segundo-Tesoureiro: Aida
que os valores mais caros, que citei acima, são observados sem restrições.
Lúcia Pullin Dal Sasso Begliomini. Conselho Fiscal Efetivos:
Hélio Begliomini, Carlos Augusto Ferreira Galvão e Roberto Pois, que seja um modelo, entre outros, a ser seguido e até reverenciado.
Antonio Aniche. Conselho Fiscal Suplentes: Alcione Alcântara
Gonçalves, Flerts Nebó e Manlio Mário Marco Napoli. Que seus membros continuem a demonstrar a paixão com que vivem a li-
Matérias assinadas são de responsabilidade de seus
teratura. Que transmitam aos mais jovens essa via de fecunda cultura. Que
autores e não representam, necessariamente, a opinião a inspiração de Eurico Branco Ribeiro e Gláucio Bandeira seja lembrada e
da Sobrames-SP
preservada.
Editores de O Bandeirante
Flerts Nebó – novembro a dezembro de 1992
— Arbor bona fructus bonos facit. A boa árvore dá bons frutos.
Flerts Nebó e Walter Whitton Harris – 1993-1994
Carlos Luiz Campana e Hélio Celso Ferraz Najar – 1995-1996
Flerts Nebó e Walter Whitton Harris – 1996-2000
Sérgio Augusto de Munhoz Pitaki
Flerts Nebó e Marcos Gimenes Salun – 2001 a abril de 2009
Helio Begliomini – maio a dezembro de 2009
Roberto A. Aniche e Carlos A. F. Galvão - 2010
Josyanne R. A. Franco e Carlos A.F. Galvão - janeiro 2011
Presidentes da Sobrames – SP
1º. Flerts Nebó (1988-1990)
2º. Flerts Nebó (1990-1992)
3º. Helio Begliomini (1992-1994)
4º. Carlos Luiz Campana (1994-1996)
5º. Paulo Adolpho Leierer (1996-1998)
O Malho
6º. Walter Whitton Harris (1999-2000)
7º. Carlos Augusto Ferreira Galvão (2001-2002)
8º. Luiz Giovani (2003-2004) Assembleia Geral e pouca gente; é verdade que é gente brilhante, inclusive
9º. Karin Schmidt Rodrigues Massaro (jan a out de 2005)
10º. Flerts Nebó (out/2005 a dez/2006) visitantes talentosos e simpaticíssimos de Ribeirão Preto – que cidade! E que
11º. Helio Begliomini (2007-2008)
12º. Helio Begliomini (2009-2010) movimento literário o deles... Não há como uma Pizza Literária deixar de
13º. Josyanne Rita de Arruda Franco (2011-2012)
cintilar. Mas os textos... Belos, mas... Socorro!...Longos... Ai, meu saco!
Editores: Josyanne R. A. Franco e Carlos A.F. Galvão
Revisão: Ligia Terezinha Pezzuto
Diagramação: Mateus Marins Cardoso
Impressão e Acabamento: Expressão e Arte Gráfica
CUPOM DE ASSINATURAS*
Preço de 12 exemplares impressos: R$ 36,00
Aniversário
Nome:___________________________________________________________
End.completo: (Rua/Av./etc.) _______________________________________
setembro: nesta data
________________________________ nº. _______ complemento _________ querida, nossos parabéns!
Cidade:_____________ Estado:_____ E-mail:___________________________
Alitta Guimarães Costa Reis- -------- 14/09
-
Grátis: Além da edição impressa que será enviada por correio, o assinante
receberá por e-mail 12 edições coloridas em arquivo digital (PDF) Flerts Nebó------------------------------- 09/09
*Disponível para o público em geral e para não sócios da SOBRAMES-SP
José Jucovsky- --------------------------- 13/09
-
Preencha este cupom, recorte e envie juntamente com cheque nominal à SOBRAMES-SP para REDAÇÃO
“O Bandeirante” R. Francisco Pereira Coutinho, 290, ap. 121 A - V. Municipal - CEP 13201-100 - Jundiaí - SP Marcos Gimenes Salun---------------- 15/09
Dê uma assinatura de “O BANDEIRANTE” de presente para um colega
3. SUPLEMENTO LITERÁRIO
O BANDEIRANTE - Setembro de 2012 3
Fatos e olhares
Márcia Etelli Coelho
Pizza Literária
Na Pizza Literária do dia 20 de setembro, comemorou-se o aniversário da
Sobrames São Paulo: 24 anos de convivência, jornadas, livros, premiações,
alguns reveses e muita disposição de acertar. A reunião apresentou decoração
festiva, com cores, doces e um delicioso bolo. Tudo para expressar a alegria
de caminharmos juntos. A presença de dois poetas de Ribeirão Preto
abrilhantou a noite e comprovou que a Sobrames acolhe, com carinho, todos
os apreciadores da arte literária.
Nova diretoria
Por unanimidade, com transparência e democracia, nessa mesma Pizza
Literária foi eleita a diretoria da Sobrames-SP para o biênio 2013-2014:
Presidente: Dra. Josyanne Rita de Arruda Franco
Vice Presidente: Dr. Carlos Augusto Ferreira Galvão
Primeira Secretária: Dra. Márcia Etelli Coelho
Segunda Secretária: Sra. Maria do Céu Coutinho Louzã
Primeiro Tesoureiro: Dr. José Alberto Vieira
Segunda Tesoureira: Sra. Aida Lúcia Pullin Dal Sasso Begliomini
Conselho Fiscal Efetivo: Dr. Helio Begliomini
Sr. Marcos Gimenes Salun
Dr. Luiz Jorge Ferreira
Conselho Fiscal Suplente: Dr. José Jucovsky
Dr. Rodolpho Civile
Dr. José Rodrigues Louzã
A nova diretoria oficializará sua posse na Pizza Literária de dezembro
e pretende nova gestão com interessantes projetos, incentivando profícua
produção literária de seus membros e a colaboração e participação de todos
os sobramistas com a querida regional, é claro.
Prêmio Flerts Nebó
Os textos em prosa apresentados nas Pizzas Literárias de julho de 2011 a
agosto de 2012 já foram organizados e encaminhados para os avaliadores das
ilustres Academias Literárias de Itu, Iperó e Jundiaí. A premiação está prevista
para janeiro de 2013 em conjunto com a entrega do Prêmio Rodolpho Civile
(Assiduidade) e Aldo Miletto (Melhor Desempenho). Vale a torcida.
Lançamento de livro
Carlos José Benatti lançou o livro “Zeitgeist – o Espírito da Época”, uma
coletânea divertida de 160 cartuns, disponível no site www.clubedeautores.com.br.
Vale a pena conferir.
4. 4 O BANDEIRANTE - Setembro de 2012
SUPLEMENTO LITERÁRIO
Perfil 2012 Sobrames-SP
Sergio Perazzo
Atuação: psiquiatra, psicodramatista, professor-supervisor didata
da Sociedade de Psicodrama de São Paulo.
Cidade de nascimento: Rio de Janeiro
Comida preferida: churrasco, polvo, camarão, batatas.
Esporte: esportes em geral, basquete em particular.
Livro de cabeceira atual: “O escaravelho de ouro e outras histó-
rias” de Edgar Allan Poe e “Os 100 melhores contos brasileiros do
século” (XX).
Filme: “Cinema Paradiso”, “Amacord”, “Gritos e sussurros”.
Fim de semana: não cabe tudo que eu gosto, é preciso selecionar.
Viagem inesquecível: Espanha, Maceió, Costa Rica, Disney com
minha filha.
Sonho: publicar meus livros de contos, crônicas e poesias e vê-los distribuídos nas livrarias.
Intolerância: violência, corrupção e burocracia.
Características pessoais: determinação, comunicação fácil e carinhosa, um tanto exigente brigando com
a tolerância.
Projeto futuro: viver a vida a cada dia.
Filosofia de vida: há alguma que não se modifique?
Complemento: o jazz de Duke Ellington, toda música de Jobim.
5. SUPLEMENTO LITERÁRIO
O BANDEIRANTE - Setembro de 2012 5
Para Roma com amor
Suzana Grunspun
Woody Allen nesse filme me agradou pela sua capacidade de nos propiciar com suas quatro histórias, de uma só
vez, um mergulho atemporal, porém atual.
A história inicial ele fez para si, mantendo sua necessidade de proporcionar ao expectador o compartilhar de suas
aflições, impossíveis de serem elaboradas em análise ou terapias. Assim a arte o acalenta e revela a todos nós o limiar
entre o desequilíbrio e o senso comum. O cantor de Ópera nos remete todo tempo para essa questão, enquanto os
noivos e o casal de pais martelam na nossa cabeça o mundo globalizado e a tentativa de se conviver pseudopassiva-
mente com culturas diferentes e tão bem delineadas pelo cineasta.
A família classe média italiana, colocada realisticamente no seu simples cotidiano pode ser situada em qualquer
cidade do nosso mundo ocidental. Choca, diverte, e mesmo quando nos coloca diante de fatos aparentemente su-
perficiais e, ao mesmo tempo, sérios e comprometedores do caminhar da nossa cultura. Promove profunda reflexão
e somos acometidos de uma tristeza profunda, quando gargalharmos diante da vítima do reality show, já tratado no
cinema no filme a Vida de Truman.
O encontro de um arquiteto de meia idade numa encruzilhada de Roma nos remete ao trágico, em todos os seus
momentos. Absorvido pelas suas profundas reflexões acerca de sua trajetória, se retoma, dando-nos a impressão de
que suas memórias podem levá-lo a recuperar o seu passado e reintegrá-lo no seu mundo atual. Percorre mitos, tange
tragédias e passeia literalmente nas ruínas de Roma antiga à procura de novas representações, de uma adolescência
longínqua, mas muito criativa e vivida intensamente.
O episódio do casal que chega à metrópole nos absorve e intriga por completo até que somos, como as perso-
nagens, invadidos pela cidade agressiva que nos entra por todos os poros, sedução, sexo inesperado, assaltos que
invadem nossas janelas; todos adentram em nossa intimidade. Nós nos enfraquecemos junto a eles, dificultando as
discriminações a ponto de se perder referenciais. Ao se recuperarem do estado de confusão que os grandes centros
provocam a todos, decidem voltar para o local de origem. Momento em que eles se tranquilizam e nos convidam a
participar de uma retomada; usando as experiências de aprendizagem das aventuras em que foram envolvidos quase
sem escolha própria.
Todos os enredos não se entrelaçam pelo contínuo das histórias, mas tecem uma trama para quem assiste, facili-
tando uma catarse, peculiar em obras de artes significativas.
Serra, motosserra, serra.
Simão Arão Pecher
A grande arma chegou, todo verde foi por terra.
Larga, meu caboclo, larga esta motosserra.
Amazônia dois mil, acabaram com teu pau-brasil.
Tua restinga já virou caatinga.
Ontem desaguaste em pororoca,
No futuro serás uma simples rocha.
Todo este verde, toda esta terra,
Já vão indo no ronco da motosserra.
Serra, serra, serra o vento, serra a vida.
Acaba logo com a Amazônia querida.
O poeta já não rima, o artista não mais pinta.
Nos ares da noite não cantarás Matinta.
Tudo agora é branco, é terra sobre terra.
Só tem alango, mas ainda se escuta
O gargalhar da motosserra.
6. 6 O BANDEIRANTE - Setembro de 2012
SUPLEMENTO LITERÁRIO
Jorge Amado e sua alma poética
Josef Tock
Jorge Amado, nascido em Itabuna, em 10 de agosto de 1912 e morto em Salvador, em 03 de agosto de 2001 foi um dos escri-
tores brasileiros mais festejados do século XX. Além da alma ligada às coisas de sua Bahia, era um poeta nas entrelinhas. Um de
seus primeiros livros editados era de poesia “A estrada do mar” em 1938. Livro raríssimo, que não se encontra.
Valho-me nesta pequena homenagem ao escritor baiano de trechos de sua poesia encaixados nos textos de várias obras.
Em Seara Vermelha
O vento arrastou as nuvens, a chuva cessou e sob o céu novamente limpo crianças começam a brincar. Um cheiro de terra,
poderoso, invadia tudo, entrava pelas casas, subia pelo ar. E uma silenciosa tranquilidade se estendeu sobre a fazenda, as árvores,
os animais e os homens. Apenas as vozes álacres das crianças, pelos terreiros, cortavam a calma daquele momento:
Chove, chuva chuverando
Lava a rua do meu bem...
Vestidas de trapos sujos, algumas nuas, barrigudas e magras, as crianças brincavam de roda.
Farrapos de nuvens perdiam-se no céu de um azul claro onde primeiras e leves sombras anunciavam o crepúsculo.
Dos “Capitães de areia”
A cidade dormiu cedo.
A lua ilumina o céu, vem a voz de um negro do mar em frente.
Canta a amargura da sua vida desde que a amada se foi.
No trapiche as crianças já dormem.
Então, a luz da lua se estendeu sobre todos,
as estrelas brilharam ainda mais no céu,
o mar ficou todo manso.
(talvez que Iemanjá tivesse vindo também a ouvir música)
e a cidade era como que um grande carrossel
onde giravam em invisíveis cavalos os Capitães de Areia.
Em “ABC de CASTRO ALVES”
A praça do povo, amiga, como o céu é do condor.
A praça é do povo, é o seu campo de batalha, onde ele protesta e luta.
Não vistes ainda a multidão se agitar na praça como um
mar em tormenta que destrói navios e invade o cais?
No tempo do poeta Castro Alves
Os negros eram escravos comprados em leilões,
Mercadoria que se vendia, trocava e explorava.
E em troca de tudo que eles deram ao branco
Sua força, seu suor suas mulheres e filhos.
A maciez de sua fala que adoçou a nossa fala,
Sua liberdade,
O branco lhe quis dar apenas,
Além do chicote, os deuses que possuía.
Em Dona Flor e seus dois maridos
A viração desatava os cabelos lisos e negros de Flor,
Punha-lhe o sol azulados reflexos.
No barulho das ondas e no embalo do vento
Em Jubiabá
Grandes canoas imóveis sobre a água parada.
Os saveiros, velas arriadas, dormiam na escuridão
No seu poema abaixo transborda toda sua originalidade.
“O mundo só vai prestar
Para nele se viver
No dia em que a gente ver
Um gato maltês casar
Com um alegre andorinha
Saindo os dois a voar
O noivo e sua noivinha
Dom Gato e Dona Andorinha”.
E termino esta modesta homenagem com esta frase de Jorge Amado
“A sorte me acompanha, tenho corpo fechado, a inveja, a intriga não me amarra os pés, sou imune ao mau olhado”.
7. SUPLEMENTO LITERÁRIO
O BANDEIRANTE - Setembro de 2012 7
Qual o tamanho de nossa “pegada”?
Ligia Terezinha Pezzuto
Vejo situações tão díspares em nossa sociedade. Uns preocupados em fazer o bem, em usar a criatividade a fim
de encontrar soluções para os problemas de toda uma comunidade, como é o caso dos centros de captação dos ma-
teriais recicláveis, os cuidados com a preservação da fauna e flora em extinção, a parceria do homem branco com os
índios para a aprendizagem sobre os recursos naturais, seja para fabricação de remédios, seja para novas fontes de
alimentação.
Outros, ao contrário, usando sua criatividade para planejar e fazer o mal, lesando seu semelhante, como os fatos
amplamente divulgados de corrupção, desvio de dinheiro público, formação de quadrilhas, assassinatos, os hackers,
infestando nossos computadores com vírus cada vez mais potentes. Se usassem toda essa energia para o bem, muitas
soluções para os problemas que a humanidade enfrenta nos dias atuais seriam encontradas, quer em relação à pre-
servação do meio ambiente, quer para se diminuir as diferenças sociais. O mundo estaria melhor, mais bem cuidado
e novamente em equilíbrio.
Sim, pois com toda essa desordem, mesmo que os tsunamis sejam naturais, o buraco na camada de ozônio não o é,
assim como a eliminação constante de fumaça na atmosfera, o aumento do lixo atômico e a descarga de materiais não bio-
degradáveis nos rios e mares tornando nosso ambiente, que deveria ser cuidado como nossa Casa, um grande lixão.
Com isso tudo, nossos semelhantes, verdadeiramente no que se assemelham a nós? No uso indiscriminado dos
recursos naturais como a água? Na contribuição para poluir o solo com o consumismo exagerado e muitas vezes su-
pérfluo de tantos itens de uso pessoal, aumentando nossa pegada ecológica?
Para quem ainda não sabe, todos nós deixamos nossa marca no planeta, chamada pelos estudiosos de “pegada
ecológica”. Ela é tanto maior quanto maior for o desperdício que fizermos, quanto maior o nosso uso incorreto dos
recursos da natureza, quanto maior o nosso estrago do meio ambiente (solo, rios, mares, ar, fauna, flora). Já paramos
para pensar qual o tamanho da “nossa” pegada? Estamos usando nosso potencial para o equilíbrio ou para a desor-
dem? Estamos contribuindo para um planeta saudável ou doente?
As grandes mudanças começam com pequenas atitudes. Pensemos nisso.
Minha humilde homenagem aos
colegas e professores
Jacyra Funfas
Alguém precisa dizer,
Alguém precisa falar,
Alguém precisa saber,
Alguém precisa ensinar.
Esse Alguém, também chamado
Mestre, “cara”, Professor,
Nem sempre é considerado,
Embora, tenha seu valor.
No trabalho desgastante,
Para se equilibrar,
Usa força de gigante,
Numa luta sem parar.
Aos alunos se afeiçoa
Num crescente ideal,
E, com um lírico entoa
O seu trabalho imortal.
À vezes, chega a sentir,
Que é gente, poeta, herói,
Quando, lembrado, o mundo diz:
“PROFESSOR VOCÊ CONSTRÓI”!
8. 8 O BANDEIRANTE - Setembro de 2012
SUPLEMENTO LITERÁRIO
Quem é? Quem é?
(Resposta da edição de agosto)
Nosso prestigiado, querido e laureado confrade
poeta Alcione Alcântara Gonçalves, da
cidade de Tupã.
Lembretes e notas de rodapé
Nossas Pizzas Literárias: terceiras 5as feiras do mês, Rua Oscar Freire, 1.597, piso superior da Pizzaria Bonde
Paulista, a partir das 19h30.
Nosso blog: http://sobramespaulista.blogspot.com
Nosso e-mail: escritoressobramespaulista@gmail.com
Endereços eletrônicos da diretoria: josyannerita@gmail.com (presidente).
marciaetelli@ig.com.br (secretária).
jafmvieira@hotmail.com (tesoureiro).
Eventos da Sociedade no calendário 2012
• Próxima Pizza Literária: dia 18 de Outubro.
• Congresso SOBRAMES em Curitiba-PR: 11, 12 e 13 de outubro (Hotel Bourbon)
• Coletânea SOBRAMES-SP (Décima Segunda Fornada): 07 de novembro (APM)
• Posse da nova diretoria SOBRAMES-SP: 13 de dezembro (Pizza de Natal)
Dr. Carlos Augusto Galvão
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