3. “Eu
$ve
na
epoca
uma
doenca
muito
grave,
altamente
contagiosa”
[da
série
Camada
intermediária]
Pintura
à
óleo
s/latão
corroído
c/
percloreto
de
ferro
40
x
30
cm
2014
4. [da
série
Camada
intermediária]
Pintura
à
óleo
s/latão
corroído
c/
percloreto
de
ferro
40
x
30
cm
2014
5. “Eu
$ve
uma
EQM
(experiência
quase
morte)”
[da
série
Camada
intermediária]
Pintura
à
óleo
s/tela
150
x
90
cm
2014
6. Camada
Intermediária
Paulo
Frade,
2014
Texto
por
Nathalia
Cruz
Durante
o
primeiro
semestre
de
2014,
Paulo
Frade
documentou
três
pessoas
de
diferentes
idades
e
contextos,
que
passaram
pela
superação
de
uma
doença
grave,
a
fim
de
um
maior
aprofundamento
a
respeito
da
fragilidade
e
efemeridade
da
vida.
O
resultado
dessas
entrevistas
é
uma
série
de
pinturas
em
diversos
suportes,
como
o
cobre
(fig.
1),
a
madeira
e
a
tela,
além
de
um
breve
documentário,
ainda
em
desenvolvimento.
O
intuito
de
retratar
o
processo
de
superação
de
uma
doença
em
estágios
avançado
é
o
de
possibilitar
diálogos
a
respeito
da
condição
humana,
uma
vez
que
a
perspec^va
da
morte
promove
uma
alteração
na
expecta^va
da
vida
e
no
modo
de
viver.
Fig.
1
Pintura
à
óleo
s/
placa
de
cobre,
corroída
com
Percloreto
de
ferro
Fig.
2
Teste
Pintura
à
óleo
s/pedra
refratária
1
2
7. (Fig.
2)
Estudos
de
minutagem
No
decorrer
do
processo,
Paulo
minutou
o
vídeo
e
selecionou
frases
decorrentes
dos
estágios
da
doença,
desde
a
descoberta,
o
tratamento
e
a
superação.
Cada
frame,
tornou-‐se
um
retrato,
in^tulado
pela
frase
dita
no
instante
em
que
a
imagem
foi
capturada,
na
busca
pelo
congelamento
do
instante
exato
de
expressividade
e
emoção.
(vide
Fig.
2)
Camada
Intermediária
faz
referência
ao
momento
entre
a
vida
e
a
morte,
vivenciado
pelos
entrevistados,
e
além
disso,
à
camada
de
^nta
que
ora
é
decomposta
por
processos
induzidos
pelo
ar^sta,
como
o
uso
do
percloreto
de
ferro,
e
ora
pela
decomposição
natural
da
matéria
ao
passar
do
tempo,
revelando
a
camada
original,
ou
mesmo,
chegando
ao
cerne
da
matéria.
9. Díp^co
da
série
Rostopaisagem
_
Óleo
s/tela
,
30
x
20
cm
cada,
2014
10. Díp^co
da
série
Rostopaisagem
_
Óleo
s/tela
,
30
x
20
cm
cada,
2014
11. Da
série
Rostopaisagem
Óleo
s/tela
21
x
15
cm
x
2
cm
,
20
x
15
x
2
cm
e
21
x
16
x
2
cm
2014
12. Rostopaisagem
Paulo
Frade,
2014
A
série
faz
referência
à
figura
humana
como
uma
paisagem
que
pode
e
deve
ser
explorada
em
seus
sulcos,
texturas
e
diferenças
tonais.
O
retrato
não
revela
o
contexto,
é
o
resultado
de
um
recorte
focado
na
expressividade
e
no
pensamento
da
pintura
como
desbaste.
Diferentemente
da
série
Dead
Layer,
repleta
de
jogos
de
luz
e
sombra,
cujo
o
rosto
é
algo
velado,
imerso
na
escuridão,
Rostopaisagem
convida
o
espectador
à
passear
pelas
massas.
Há
dois
momentos
na
série,
um,
no
qual,
literalmente
o
rosto
é
esculpido
e
a
tela
aderida
aos
sulcos
(Fig,
1)
e
outro
no
qual
a
narra^va
através
dos
olhares
é
inserida
como
linguagem.
Fig.
1
Fig.
2
15. Série
Dead
Layer
Objeto
_
Pintura
s/tela,
madeira,
luz
de
led,
bateria
e
interruptor
35
x
35
x
15
cm
cada
2014
16. Dead
Layer,
aspectos
formais
e
conceituais.
Texto
por
Nathalia
Cruz
Dead
Layer
é
uma
série
de
pinturas
realizada
por
Paulo
Frade
e
finalizada
em
2014.
Composta
por
7
caixas
pretas
de
madeira,
com
35
x
35
x
15
cm
cada,
que
contêm
um
pequeno
ponto
de
luz
apino
e
um
retrato
pintado
à
óleo
no
fundo.
A
princípio,
o
nome
Dead
Layer,
ou
camada
morta,
faz
menção
à
técnica
escolhida
pelo
ar^sta
na
execução
das
pinturas.
Desenvolvida
pelos
pintores
europeus
após
o
Renascimento,
a
técnica
abarca
o
estágio
inicial
da
pintura
no
qual
a
ilusão
pictórica
da
forma
é
criada
sem
ater-‐se
a
cor.
Também
conhecida
como
underpain^ng,
foi
denominada
assim,
uma
vez
que
a
camada
é
desprovida
de
cor
e
adquire
uma
luz
pálida
e
mórbida.
Na
série
de
Paulo,
a
paleta
monocromá^ca,
a
luz
fria
e
closes
introspec^vos
não
são
despropositais.
As
escolhas
formais
enfa^zam
o
aspecto
da
morte
e
suas
derivações
mórbidas,
fortemente
presentes.
Há
o
intuíto
de
manter
um
certo
silêncio
contempla^vo
e
in^mista
na
pintura,
proveniente
do
sen^mento
de
perda
vivenciado
por
Frade
com
a
morte
do
pai
em
2012.
Uma
vez
que
o
rosto
é
colocado
no
fundo
de
uma
caixa
preta,
a
ideia
deste
ser
observado
como
uma
paisagem
descampada
é
desconsiderada.
Foi
estabelecido
pelo
ar^sta
um
distanciamento
msico
entre
a
figura
e
o
espectador,
nem
tudo
será
desvelado,
parte
permenecerá
na
incerteza
da
penumbra.
Aqui,
o
rosto
não
tem
um
apelo
de
superexposição,
mas
sim
de
um
curto
distanciamento,
o
suficiente
para
se
estabelecer
um
espaço
de
respeito
ao
mistério.
17. O
jogo
de
luz
e
sombra,
influência
da
pintura
Barroca,
hora
vela,
hora
revela.
Hora
a
luz
da
caixa
acende
e
traz
a
figura
à
vida,
hora
se
apaga
e
à
leva
para
o
esquecimento.
E
assim
se
dá
a
dualidade
inerente
da
condição
humana.
A
energia
e
a
intensidade,
por
sua
vez,
estão
presentes
apenas
nas
vigorosas
e
volumosas
pinceladas
que
dão
forma
à
figura
humana
quase
como
que
à
uma
escultura
desbastada.
Evidenciada
também
pelos
claros
e
escuros,
a
intensidade
provém
drama^cidade
à
pintura
de
modo
a
buscar
uma
tenta^va
de
provocar
não
apenas
a
atenção
do
olhar
do
espectador,
mas
também
a
sensação
msica
de
ambiência.
Em
Dead
Layer,
Frade
escolhe
contemplar
a
expressividade
sem
deixar
o
figura^vismo.
Para
isso,
o
ar^sta
se
inspirou
nas
pinturas
do
final
da
vida
de
Rembrandt,
as
quais
são
trabalhadas
com
camadas
de
^nta
espessas
e
soltas,
bem
como,
nas
obras
dos
ar^stas
contemporâneos
Lucien
Freud
e
Jenny
Saville.
Além
disso,
durante
o
processo
surgiram
alguns
ques^onamentos.
Um
deles
está
incu^do
no
nome
do
projeto.
Se
o
corpo
esvaecido
é
a
camada
morta
ou
o
“dead
layer”,
haverão
outras
camadas?
Este
será,
provavelmente,
um
tema
para
ser
explorado
nas
próximas
séries
do
ar^sta.
18. (fig.1)
Estudos
da
série
Dead
Layer
(fig.2)
Vista
em
escala
humana
Fig.1
Fig.2
21. Reflexos
Esté6cos
Paulo
Frade,
2014
A
série
Reflexos
Esté^cos
traz
como
principal
ques^onamento
o
egocentrismo
do
ar^sta
na
busca
da
auto-‐afirmação
através
do
retrato.
Segundo
a
psicanálise,
narcisismo
é
um
conceito
que
define
o
indivíduo
que
admira
exageradamente
a
sua
própria
imagem
e
nutre
uma
paixão
por
si
mesmo.
De
acordo
com
o
psicanalista
Sigmund
Freud,
narcisismo
é
uma
caracterís^ca
normal
em
todos
os
seres
humanos,
porém,
pode
ter
raízes
mais
profundas
e
complexas.
Como
explica
o
estudo
publicado
na
revista
“Journal
of
Psychiatric
Research”,
é
um
transtorno
de
personalidade
cujos
pacientes
têm
fortes
complexos
de
inferioridade,
mas
se
comportam
de
maneira
arrogante,
autocomplacente,
sempre
em
busca
de
empa^a.
Rembrandt,
por
sua
vez,
era
um
ar^sta
altamente
narcisista
e
provavelmente
um
dos
clássicos
com
mais
autorretratos
já
executados.
Além
disso,
a
formação
acadêmica
de
Paulo
Frade,
foi
pautada
no
alto
nível
pictórico
de
Rembrandt,
a
fim
de
chegar
à
resultados
realistas
exíminios,
sem
necessariamente
pensar
no
conceito,
mas
na
precisão
técnica
por
uma
questão
de
vaidade.
Com
o
Renascimento
e
a
valorização
do
ser
humano
na
sua
individualidade,
o
retrato
adquiriu
importância,
principalmente
para
ins^tuir
o
status
dos
clérigos,
nobres
e
burgueses.
Dessa
maneira,
havia
os
retratos
individuais,
cuja
função
maior
era
mostrar
a
posição
social
da
pessoa,
e
os
retratos
de
grupo
para
caracterizar
a
base
do
estado,
como
retratos
de
casais,
grupos
familiares,
etc.
.
22. Assim,
Paulo
realizou
uma
pesquisa
sobre
a
vida
de
Van
Rijn
e
seus
autorretratos,
para
selecionar
algumas,
nas
quais
foram
feitas
intervenções
digitais
(vide
fig1.)
e
posteriormente
pintadas
ao
es^lo
do
“mestre”.
Fig.1
Fig.2
Fig.
1
Fotos
do
processo
Fig.
2
Desenho
do
sketch
book
23. PAULO
FRADE
1970,
São
Paulo
–
SP
Nasceu
em
São
Paulo,
onde
desenvolve
seu
trabalho
como
ar^sta
plás^co
e
professor
de
Artes
Visuais
desde
1992.
Durante
10
anos
estudou
e
trabalhou
como
assistente
do
mestre
uruguaio
Pedro
Alzaga.
Recentemente
foi
premiado
consecu^vamente
no
Salão
de
Piracicaba.
Prêmios
2012
2o.
lugar
no
LX
Salão
de
Belas
Artes
de
Piracicaba
2011 Prêmio
Aquisi^vo
no
LIX
Salão
de
Belas
Artes
de
Piracicaba
Exposições
2014
13º
Salão
Nacional
de
Arte
de
Jataí
2013
Keep
Walking
Dead
Brasil
,
São
Paulo
–
SP
2013
Convenção
Mandiga,
Buenos
Aires
–
Argen^na
2012
Salão
São
Paulo
de
Turismo,
São
Paulo-‐SP
Cole^va
de
São
Paulo
no
Café
Jornal,
São
Paulo-‐SP
Arte
na
Pele,
Galeria
Lado
B,
São
paulo-‐SP
Individual
Paulo
Frade
na
Casa
da
Fazenda,
São
Paulo
–
SP
Convenção
Mandiga,
Buenos
Aires
–
Argen^na
2011
Realismus,
Galeria
Lado
B,
São
paulo-‐SP