3. Fernando Pessoa
1888, em Lisboa.
Estudou em Durban High School e frequentava o curso Superior de Letras em
Lisboa.
Tradutor e Escritor.
Mensagem e outros escritos diversos.
Estrutura Média, cabelo preto e Bigode.
4. Fernando Pessoa
Poesia do Ortónimo
• Fingimento Artístico
• Oposição: sentir e pensar
• Nostalgia de infância
Temáticas
• Linguagem simples, mas expressiva
• Uso frequente do presente do indicativo
• Pontuação emotiva
• Recursos expressivos: Comparação, metáfora…
Estilo e
Linguagem
• Tradicional
• Regular
• Quadra e Quintilha
• Verso curto (2 a 7 silabas)
Estrutura
5. Álvaro de Campos
1890, em Tavira
Estudou no Liceu;
Educação Moderna;
Engenheiro Naval
Ode Triunfal, Opiário e outros escritos diversos.
Estrutura Alta, cabelo liso, monóculo e cara rapada.
Heterónimo de Fernando Pessoa: surgiu por súbito impulso.
6. Álvaro de Campos
• O poeta exprime
as ideias de tédio, cansaço,
náusea
e ausência de sentido da vida.
• Poema «Opiário»
Fase
Decadentista
• O poeta celebra
a técnica,
a velocidade e a força da
civilização moderna, deseja
experimentar a multiplicidade de
sensações que lhe estão
associadas
e abandona
o paradigma aristotélico.
• Poema «Ode triunfal»
Fase Futurista • Consciente
do fracasso de todos os sonhos
e aspirações,
o poeta sente
a nostalgia da infância e exprime
o vazio, a angústia, o cansaço,
o ceticismo e a desilusão do
presente.
• Poema «Aniversário»
Fase Intimista
Poesia de Campos
7. Álvaro de Campos
Poesia de Campos
• Desejo de uma nova poética, sem
pressupostos estéticos (fase futurista)
• Cede ao impulso do sentimento e da emoção
Estilo e
Linguagem
• Versos longos
• Enumeração, exclamações, interjeições;
• Desvios sintáticos;
• Recurso á metáfora e á ironia
Estrutura
8. Não, não é cansaço...
Não, não é cansaço...
É uma quantidade de desilusão
Que se me entranha na espécie de pensar,
É um domingo às avessas
Do sentimento,
Um feriado passado no abismo...
Não, cansaço não é...
É eu estar existindo
E também o mundo,
Com tudo aquilo que contém,
Com tudo aquilo que nele se desdobra
E afinal é a mesma coisa variada em cópias iguais.
Não. Cansaço porquê?
É uma sensação abstracta
Da vida concreta —
Qualquer coisa como um grito
Por dar,
Qualquer coisa como uma angústia
Por sofrer,
Ou por sofrer completamente,
Ou por sofrer como...
Sim, ou por sofrer como...
Isso mesmo, como...
Como quê?...
Se soubesse, não haveria em mim este falso cansaço.
(Ai, cegos que cantam na rua,
Que formidável realejo
Que é a guitarra de um, e a viola do outro, e a voz dela!)
Porque oiço, vejo.
Confesso: é cansaço!...
9. Não, não é cansaço...
Fase Intimista
incapacidade de viver a vida, transmitindo o sentimento de tédio,desistência
perante o mundo e os outros
Nada motiva o sujeito poético, nada lhe interessa, tudo se resume a um “cansaço”.
Levando assim a apercebemos do tema do poema a angústia existencial, o cansaço
e desilusão com a vida
10. Não, não é cansaço...
Não, não é cansaço...
É uma quantidade de desilusão
Que se me entranha na espécie de pensar,
É um domingo às avessas
Do sentimento,
Um feriado passado no abismo...
Não, cansaço não é...
É eu estar existindo
E também o mundo,
Com tudo aquilo que contém,
Com tudo aquilo que nele se desdobra
E afinal é a mesma coisa variada em cópias iguais.
Não. Cansaço porquê?
É uma sensação abstracta
Da vida concreta —
Qualquer coisa como um grito
Por dar,
Qualquer coisa como uma angústia
Por sofrer,
Ou por sofrer completamente,
Ou por sofrer como...
Sim, ou por sofrer como...
Isso mesmo, como...
Como quê?...
Se soubesse, não haveria em mim este falso cansaço.
(Ai, cegos que cantam na rua,
Que formidável realejo
Que é a guitarra de um, e a viola do outro, e a voz dela!)
Porque oiço, vejo.
Confesso: é cansaço!...
O sujeito poético afirma no primeiro verso que não é cansaço aquilo
que sente, realçando essa afirmação ao longo do poema.
No entanto, e talvez um pouco paradoxalmente, refere que a desilusão
se lhe “entranha na espécie de pensar”, sublinha a monotonia da vida
(“é a mesma coisa variada em cópias iguais”)
Exprime a angústia perante o mistério e a indefinição que se espalham
nesse “falso cansaço”; finalmente aceita que, “porque ouve e vê”, o
estado em que se encontra é de cansaço: “Confesso: é cansaço!…”
Assim, pode-se afirmar que, progressivamente, o sujeito poético se
deixa envolver/dominar pelo desinteresse, um estado de cansaço e
desistência, que o afasta do mundo.
A primeira estrofe inicia-se com a repetição do advérbio de negação
“não” empregue numa frase reticente, o que revela uma certa
indefinição.
O discurso assume um tom claramente metafórico – (“domingo às
avessas/Do sentimento, /Um feriado passado no abismo...”),
terminando a estrofe também com uma frase reticente. O conjunto
destes recursos expressivos, aliado à repetição anafórica presente nos
versos 2 e 4, traduz a tentativa de definir o estado de espírito que
domina o sujeito poético.
11. Não, não é cansaço...
Não, não é cansaço...
É uma quantidade de desilusão
Que se me entranha na espécie de pensar,
É um domingo às avessas
Do sentimento,
Um feriado passado no abismo...
Não, cansaço não é...
É eu estar existindo
E também o mundo,
Com tudo aquilo que contém,
Com tudo aquilo que nele se desdobra
E afinal é a mesma coisa variada em cópias iguais.
Não. Cansaço porquê?
É uma sensação abstracta
Da vida concreta —
Qualquer coisa como um grito
Por dar,
Qualquer coisa como uma angústia
Por sofrer,
Ou por sofrer completamente,
Ou por sofrer como...
Sim, ou por sofrer como...
Isso mesmo, como...
Como quê?...
Se soubesse, não haveria em mim este falso cansaço.
(Ai, cegos que cantam na rua
Que formidável realejo
Que é a guitarra de um, e a viola do outro, e a voz dela!)
Porque oiço, vejo.
Confesso: é cansaço!...
O parêntese constitui um momento em que o sujeito poético
abandona o tom reflexivo, se volta para o exterior e o vê como um
“formidável realejo”, é como que um conjunto de características
claramente negativas, uma vez que é o próprio sujeito poético que
lhe confere uma conotação negativa.
Simbolicamente, poder-se-ia afirmar que a felicidade só é possível
para quem é “cego”, ou seja, para quem não vê a verdadeira
realidade do mundo, realçando que os sentidos poderão se
relacionar com esta sensação.
Entre o sujeito poético, os outros e o mundo há um distanciamento,
decorrente da incapacidade de relação;
O único ponto comum é o facto de todos existirem: “É eu estar
existindo/E também o mundo”.
Os outros, os “cegos que cantam na rua”, são apenas aqueles que o
sujeito poético observa, mas com quem não se relaciona.