O documento descreve um encontro realizado pelo Hospital de Sapiranga para promover a humanização do parto. Uma equipe interdisciplinar compartilha informações com gestantes sobre pré e pós-parto para prepará-las e responder dúvidas. O objetivo é melhorar a saúde materna e reduzir a mortalidade infantil fornecendo orientações às gestantes.
1. Encontro pela humanização do parto: A equipe interdisciplinar
como ferramenta essencial na orientação às gestantes
Patrícia Wolff Müller
Psicóloga do Hospital de Sapiranga
2. Introdução
A humanização do parto é desenvolvida no Hospital Sapiranga por uma equipe de
profissionais da área da saúde. Possui a intenção de orientar e fornecer informações a
gestantes sobre o pré e pós parto, além de promover, incentivar e responder dúvidas
sobre este período e cuidados com recém- nascido. A assistência no período gestacional
melhorar a saúde materna e reduzir a mortalidade infantil.
A gravidez é um evento caracterizado por experiências particulares de cada gestante.
Porém existem aspectos que são inerentes ao período da gestação e que são comuns a
todas. Por isso, durante o encontro, uma equipe composta por profissionais da saúde
utilizam a comunicação como instrumento para transmitir orientações essenciais para
o período pré e pós parto, enfocando a troca de experiências, dúvidas e também para
desmistificar alguns mitos transgeracionais, pois muitas vezes a ansiedade e os
temores são gerados por dúvidas, incertezas e até informações equivocadas.
3. A Gestação e o Parto
A gravidez, ao contrario da menarca e da menopausa não é um estágio simples e inevitável
que ocorre naturalmente durante o desenvolvimento. É um evento único, no qual alterações
metabólicas e hormonais causam mudanças estruturais que influenciam o comportamento.
Este será permeado por condutas caracterizadas por temores, ansiedades e alegrias (Cohen
& Slade, 2005; Zimermann, Zimermannn, Zimermann, Tatsch & Santos, 2001).
O último trimestre de gestação vem acompanhada de uma percepção maior das contrações
uterinas e com isso a incerteza em relação a como e quando será o parto. A mulher teve que
passar por muitas ansiedades para adaptar-se ao estado de gravidez, passará por um novo
processo de adaptação ao de não gravidez (Brazelton, 2002; Soifer, 1992).
O parto pode ser considerado um evento complexo que introduz mudanças na vida da
mulher e das pessoas a sua volta, pois ele representa uma mudança definitiva e irreversível
de papéis, incluindo a responsabilidade de cuidar e de promover o desenvolvimento de outro
ser humano, totalmente dependente (Marin, Donelli, Lopes & Piccinini, 2009).
4. A Equipe Interdisciplinar
• A organização interdisciplinar assegura espaço para a conversação, para trabalhar
as diferenças e é nestes espaços que os conflitos podem ser resolvidos. As equipes
identificaram um objetivo único, que é a assistência ao doente, e os conflitos,
geralmente, são frutos de discordâncias sobre tratamentos e condutas
assistenciais, e podem ser resolvidos quando há abertura para a expressão da
opinião das diversas profissões.
• A equipe interdisciplinar é aquela equipe envolvida nos esforços para se tratar
com dignidade o paciente, considerando-o nos seus aspectos biológicos, sociais,
psicológicos e espirituais e onde todo conhecimento mantém um diálogo
permanente com outros conhecimentos, havendo um encontro e cooperação entre
duas ou mais disciplinas.
• A equipe de saúde tem a importante tarefa de tranqüilizar e preparar a futura mãe
para o parto. A confiança na equipe é imprescindível (Zimermann et al, 2001).
5. A Humanização do Parto
• A humanização do parto faz parte do Programa de Humanização no Pré-Natal e
Nascimento (PHPN) do Ministério da Saúde e tem como objetivo: a melhoria do
acesso, da cobertura e da qualidade do acompanhamento pré-natal, da
assistência ao parto e puerpério às gestantes e ao recém-nascido, na perspectiva
dos direitos de cidadania.” (Brasil, 2002 p. 5).
• O propósito da humanização é, acima de tudo, o reconhecimento da autonomia
da mulher, enquanto ser humano, e da necessidade de tratar este momento com
práticas que, de fato, tenham evidências e permitam aumentar a segurança e o
bem-estar da mulher e do recém-nascido, respeitando, sobretudo as suas
escolhas. Os profissionais de saúde devem informar e dividir as decisões e
responsabilidades com as mulheres, equilibrando a tecnologia e o humanismo,
abertos a outras práticas e com foco na prevenção (Serruya, 2003).
6. O Encontro pela humanização do parto do
Hospital de Sapiranga
Desde 2007 o Hospital de Sapiranga realiza a cada três meses o encontro pela humanização do
parto. O público alvo são gestantes a partir do último trimestre de gravidez que realizam seu pré-
natal nas unidades de saúde das cidades de Araricá, Nova Hartz e Sapiranga. Cada gestante tem
direito a levar um acompanhante.
Durante uma tarde, uma equipe de profissionais da área da saúde composta por Enfermeira,
Fonoaudióloga, Nutricionista, Obstetra, Pediatra e Psicólogo compartilham informações a
gestantes sobre o pré e pós - parto, além de promover, incentivar e responder dúvidas sobre este
período e cuidados com recém- nascido e questões sobre o aleitamento materno.
Além de palestras e trocas de experiências, as gestantes realizam uma visita ao centro obstétrico
para conhecer as instalações do lugar onde ficarão durante o trabalho de parto e alojamento
conjunto onde permanecerão de 24 a 48 horas após o parto juntamente com o seu bebê.
O encontro pela humanização do parto apoia-se no pressuposto de que o acesso a informações
no período gestacional faz com que a saúde materna melhore e se reduzir a mortalidade infantil.
7. Algumas Considerações
O Hospital de Sapiranga é referência para os municípios de Araricá e Nova Hartz no
atendimento de média complexidade, sendo que a prevenção e tratamentos de saúde
básicos são da competência da saúde pública dos municípios. Portanto o
acompanhamento de pré-natal através do Sistema Único de Saúde não é realizado
pelo Hospital e sim pelas unidades de saúde de cada cidade.
A realidade das parturientes atendidas pelo Hospital de Sapiranga é de que não
possuem acesso a informações sobre o que esperar na gestação e no parto, salvo
aquelas que são atendidas pela estratégia saúde da família e primeira infância
melhor, por isso, viu-se a necessidade de proporcionar um espaço para troca de
informações e experiências, além de tomar conhecimento da estrutura que utilizarão
quando chega a hora do nascimento do bebê que esperam.
Toda a equipe trabalha de forma intensa a fim de esclarecer alguns mitos arraigados
na cultura local e que os profissionais se deparam quando realizam suas rotinas de
acompanhamento no alojamento conjunto.