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ALVITE
Freguesia de S. Pedro de Alvite de Basto, couto de Refojos, concelho de Cabeceiras de Basto, comarca
de Guimarães, Arcebispado de Braga. Relação da terra segundo o que se procura saber pelos
interrogatórios remetidos pelo Muito Reverendo Doutor Provisor deste Arcebispado por ordem de Sua
Majestade Fidelíssima que Deus guarde.
1. Esta igreja e freguesia de São Pedro de Alvite de Basto, é da Província de Entre-Douro-e-Minho,
Arcebispado de Braga Primaz, comarca da vila de Guimarães, couto do mosteiro de São Miguel de
Refojos de Basto, concelho de Cabeceiras de Basto.
2. O dito couto é senhor e ouvidor dele o Dom abade e seu convento de São Miguel de Refojos de Basto,
da ordem de São Bento, isto se entende enquanto ao cível, que o crime pertence ao juiz do concelho de
Cabeceiras de Basto.
3. Tem esta freguesia ao presente cento e vinte vizinhos, pessoas de sacramento quatrocentas, menores
trinta.
4. Parte desta freguesia está situada nas faldas da serra chamada da Senhora da Orada e parte na
planície e vale que corre ao longo de um regato de pouca água que principia na Portela do Couto até o
fim da freguesia onde chamam Vila Verde, Portela e Passo. Por ficar funda quase toda a freguesia dela e
seus lugares senão descobrem povoações algumas.
5. Ao quinto nada.
6. A igreja está cercada de moradores e vizinhos cujo lugar se chama Cacheina e entre todos os lugares
e bairros de que se compõem esta freguesia são seis a saber: Petimão, ViIa Verde, Reiros, Oural,
Cacheina, Chão e Soutosa.
7. O orago desta igreja é São Pedro Apóstolo, tem somente três altares a saber: o altar-mor que está na
capela-mor onde está colocado o sacrário do Santíssimo Sacramento e ao lado da parte do Evangelho
está a imagem do padroeiro e orago São Pedro, os dois colaterais, um do nome de Deus e outro da
Senhora do Rosário. Não tem nave alguma, consta de um corpo só com seu coro, capela maior e
sacristia. Tem uma irmandade com seus confrades anexa à confraria do Santíssimo Sacramento.
8. É o pároco vigário ad nutum toties quoties removível do Dom abade do mosteiro de São Miguel de
Refojos de Basto que é o que a apresenta. E renderá em cada um ano para o pároco cinquenta mil réis
pouco mais ou menos. E os dízimos da freguesia que são do dito mosteiro, andam ao presente
arrendados por quatrocentos mil réis.
9. Ao nono: nada.
10. Ao décimo: nada.
11. Ao undécimo: nada.
12. Ao duodécimo: nada.
13. Tem seis ermidas ou capelas a saber: a capela de Santo Antonino que é particular da mesma casa e
Quinta de Santo Antonino; a Senhora do Bom Despacho, particular da casa de Alvação e a ela junta; a
Família Sagrada, particular da casa da Torre e a ela junta; São Mamede no lugar de Petimão; Santa
Catarina no monte de Santa Catarina; São Sebastião no meio do lugar do Chão. E estas três pertencem
as suas fábricas aos fregueses; excepto a de São Mamede no lugar de Petimão que à fabrica dela estão
obrigados o dito convento de Refojos e o abade de São Clemente de Basto por serem meeiros nela.
14. Ao décimo quarto: nada.
15. Os frutos que produz esta freguesia são: pão de milhão em maior abundância, algum centeio, milho
alvo e painço, algum trigo e cevada, feijões e vinho verde de enforcado mas tem sítios dele muito bom,
bastante azeite, castanha e landre, fruta de espinho e de toda a mais qualidade.
16. É sujeita esta freguesia a saber: todo o lugar de Petimão que serão vinte vizinhos, ao concelho e
termo da vila de Celorico de Basto de que é senhor o marquês de Valença e nela há ouvidor por ele
posto. E todos os outros lugares que é a maior parte da freguesia, é sujeita ao termo e couto de São
Miguel de Refojos de Basto enquanto ao cível e órfãos e no que respeita ao crime é do concelho de
Cabeceiras de Basto.
17. Ao décimo sétimo: nada.
18. Ao décimo oitavo na Casa de Lamas desta freguesia foi oriundo o doutor João de Araújo Ferreira que
faleceu em Lisboa sendo Desembargador da Suplicação. E na Casa da Torre do Outeiro nasceu
Rosendo de Abreu Leite Pereira que nas guerras passadas foi capitão de infantaria e faleceu sendo
sargento-mor da comarca de Guimarães. E da mesma casa procedeu seu irmão o padre António Ferreira
abade que foi de São Pedro de Britelo e comissário do Santo Ofício.
19. A dois de Setembro de cada ano se faz uma feira a que chamam a feira de Santo Antonino, a qual
não tem mais que um dia com sua véspera e é das maiores feiras de criação de touros que dizem há
nesta província por virem a ela muitos touros das terras de Barroso onde nascem. E daqui se compram
para várias partes por haver tradição que saem dos melhores tanto na grandeza como bondade, tendo o
mesmo predicado que tem os cavalos andaluzes. A qual feira é forra e franca e a maior parte dela está no
lugar das Pereiras cabeça do concelho de Cabeceiras, mística com o couto de Refojos e é da freguesia
do mesmo mosteiro de Refojos e daqui darão melhor e mais cabal informação. Também no mesmo sítio
em todos os meses do ano aos dois se faz feira há poucos anos introduzida mas é de pouca
consideração.
20. Serve-se do correio da Raposeira de Cabeceiras de Basto, distante meio quarto de légua, deitam-se
as cartas na Quinta e chegam na Segunda à noite e o correio passa por esta freguesia e vai até à cidade
do Porto.
21. Dista esta freguesia da cidade de Braga sete léguas e da de Lisboa sessenta.
22. Ao vigésimo segundo: nada.
23. Ao vigésimo terceiro: nada.
24. Ao vigésimo quarto: nada.
25. Ao vigésimo quinto: nada. 26.
No Terramoto que se experimentou no ano de mil setecentos cinquenta e cinco não padeceu ruína
alguma excepto as duas cruzes que estavam na dianteira e traseira da capela particular da Casa da Torre
que torceram seus braços para a parte do Norte, mas hoje se acham direitas.
27. Não há nesta freguesia outra coisa memorável tanto do que se faz menção nos presentes
interrogatórios como fora deles.


Relação da serra.
1. A serra em cuja falda está situada esta freguesia para a parte do Nascente se chama a serra da
Senhora da Orada que não é das mais afamadas por ser só um outeiro quase redondo que de todas as
partes se despenha em vales pertencentes a vários distritos e freguesias onde irá largamente descrita
com os mais requisitos que se pedem e só para esta freguesia tem um lado da parte do Nascente.
2. Tem esta serra em redondo pelos vales que a cercam de comprido uma légua e em todo o cirna acaba
em picoto quase agudo com bastante eminência e nesta forma principia e acaba e da parte do Norte a ela
vem findar o monte a que chamam de Penouta que passa pelos limites da freguesia de Santa Maria de
Outeiro, Refojos de Basto e Santo André de Painzela.
3. Ao terceiro: nada.
4. Nascem dela algumas águas que por serem poucas não chegam a produzir rios nem ainda regatos;
porém da parte que correm para o Nascente, distrito desta freguesia, seus moradores as represam em
prezas e com elas beneficiam seus campos. 5. Não tem esta freguesia lugar algum nem moradores na
dita serra e só nas suas faldas junto ao vale da parte do Nascente se acha ela situada como atrás fica
dito.
6. Ao sexto: nada.
7. Ao sétimo: nada.
8. Produz esta serra poucas ou nenhumas árvores e pouco mato e se compõem quase em redondo de
muitos penedos sem produzir fruto algum e só nas suas faldas é que tem árvores de castanheiros,
carvalhos que dão castanha e landre e vinho de enforcado e algum azeite e também algum pão.
9. Quase no alto desta serra para a parte do Poente e Norte está uma ermida de Nossa Senhora da
Orada e como esta se acha no distrito da freguesia do mosteiro de São Miguel de Refojos de Basto nela
irá adscrita esta ermida ou capela com todas as suas circunstâncias.
10. É bastantemente áspera e fria na sua eminência.
11. Pastam nela bois, bestas, ovelhas e cabras em todo o tempo do ano ainda que os seus pastos são
fracos e nela se caçam alguns coelhos e perdizes.
12. Ao duodécimo: nada.
13. Não há nesta serra mais coisa notável que descrever nem que seja digna de memória principalmente
pelo que toca ao distrito desta freguesia.


Relação do rio
1. Esta freguesia não tem no seu distrito rio algum e assim sobre este particular não tenho que declarar
nem dar relação porque um pequeno rio que corre pela parte de trás da serra da Orada acima nomeada
leva o seu curso por baixo da freguesia de São Sebastião de Passos e vai correndo entre esta e a
freguesia de São Clemente de Basto até o sítio de Ponte Pedrinha onde tem uma limitada ponte de pedra
e logo passa ao distrito da freguesia de Santa Senhorinha de Basto. E tanto pelas razões referidas como
por ser rio pequeno e de pouca consideração não tenho que dele declarar. E em todo o distrito desta
freguesia não há rio algum e somente da dita serra da Orada nascem e correm algumas águas limitadas
que represadas em prezas como dito fica se aproveitam os moradores desta freguesia delas para
regarem seus campos. Mas sempre esta freguesia é seca principalmente de Verão e por isso não tem
moinhos, nem pisoes e tem dois lagares de azeite que moem com bois e bestas e vão muitos às
freguesia circunvizinhas moer o pão e fazer o azeite. E nesta forma tenho respondido aos interrogatórios
de Sua Majestade que Deus guarde. E não tenho mais que relatar. E tudo vai na verdade escrito por
minha mão sem levar breve, borrão, nem entre linhas que faça duvida. E me assinei com dois reverendos
párocos meus vizinhos para atestarem todo o referido. S. Pedro de Alvite de Basto e de Maio 23 de 1758.
O vigário João Lobo de Sousa. O vigário Bento Leite da Cunha. O vigário João Ferraz Ribeiro.


Referências documentais:
IAN/TT, Memórias Paroquiais, Vol. 3, memória 45, pp. 345 a 35l.


Texto transcrito, com actualização da grafia e pontuação, a partir de José Viriato Capela – As freguesias
do distrito de Braga nas Memórias Paroquiais de 1758: a construção do imaginário minhoto seiscentista.
Braga: Universidade do Minho, 2003. P. 214-216.

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História da freguesia de S. Pedro de Alvite de Basto em 1758

  • 1. ALVITE Freguesia de S. Pedro de Alvite de Basto, couto de Refojos, concelho de Cabeceiras de Basto, comarca de Guimarães, Arcebispado de Braga. Relação da terra segundo o que se procura saber pelos interrogatórios remetidos pelo Muito Reverendo Doutor Provisor deste Arcebispado por ordem de Sua Majestade Fidelíssima que Deus guarde. 1. Esta igreja e freguesia de São Pedro de Alvite de Basto, é da Província de Entre-Douro-e-Minho, Arcebispado de Braga Primaz, comarca da vila de Guimarães, couto do mosteiro de São Miguel de Refojos de Basto, concelho de Cabeceiras de Basto. 2. O dito couto é senhor e ouvidor dele o Dom abade e seu convento de São Miguel de Refojos de Basto, da ordem de São Bento, isto se entende enquanto ao cível, que o crime pertence ao juiz do concelho de Cabeceiras de Basto. 3. Tem esta freguesia ao presente cento e vinte vizinhos, pessoas de sacramento quatrocentas, menores trinta. 4. Parte desta freguesia está situada nas faldas da serra chamada da Senhora da Orada e parte na planície e vale que corre ao longo de um regato de pouca água que principia na Portela do Couto até o fim da freguesia onde chamam Vila Verde, Portela e Passo. Por ficar funda quase toda a freguesia dela e seus lugares senão descobrem povoações algumas. 5. Ao quinto nada. 6. A igreja está cercada de moradores e vizinhos cujo lugar se chama Cacheina e entre todos os lugares e bairros de que se compõem esta freguesia são seis a saber: Petimão, ViIa Verde, Reiros, Oural, Cacheina, Chão e Soutosa. 7. O orago desta igreja é São Pedro Apóstolo, tem somente três altares a saber: o altar-mor que está na capela-mor onde está colocado o sacrário do Santíssimo Sacramento e ao lado da parte do Evangelho está a imagem do padroeiro e orago São Pedro, os dois colaterais, um do nome de Deus e outro da Senhora do Rosário. Não tem nave alguma, consta de um corpo só com seu coro, capela maior e sacristia. Tem uma irmandade com seus confrades anexa à confraria do Santíssimo Sacramento. 8. É o pároco vigário ad nutum toties quoties removível do Dom abade do mosteiro de São Miguel de Refojos de Basto que é o que a apresenta. E renderá em cada um ano para o pároco cinquenta mil réis pouco mais ou menos. E os dízimos da freguesia que são do dito mosteiro, andam ao presente arrendados por quatrocentos mil réis. 9. Ao nono: nada. 10. Ao décimo: nada. 11. Ao undécimo: nada. 12. Ao duodécimo: nada. 13. Tem seis ermidas ou capelas a saber: a capela de Santo Antonino que é particular da mesma casa e Quinta de Santo Antonino; a Senhora do Bom Despacho, particular da casa de Alvação e a ela junta; a Família Sagrada, particular da casa da Torre e a ela junta; São Mamede no lugar de Petimão; Santa
  • 2. Catarina no monte de Santa Catarina; São Sebastião no meio do lugar do Chão. E estas três pertencem as suas fábricas aos fregueses; excepto a de São Mamede no lugar de Petimão que à fabrica dela estão obrigados o dito convento de Refojos e o abade de São Clemente de Basto por serem meeiros nela. 14. Ao décimo quarto: nada. 15. Os frutos que produz esta freguesia são: pão de milhão em maior abundância, algum centeio, milho alvo e painço, algum trigo e cevada, feijões e vinho verde de enforcado mas tem sítios dele muito bom, bastante azeite, castanha e landre, fruta de espinho e de toda a mais qualidade. 16. É sujeita esta freguesia a saber: todo o lugar de Petimão que serão vinte vizinhos, ao concelho e termo da vila de Celorico de Basto de que é senhor o marquês de Valença e nela há ouvidor por ele posto. E todos os outros lugares que é a maior parte da freguesia, é sujeita ao termo e couto de São Miguel de Refojos de Basto enquanto ao cível e órfãos e no que respeita ao crime é do concelho de Cabeceiras de Basto. 17. Ao décimo sétimo: nada. 18. Ao décimo oitavo na Casa de Lamas desta freguesia foi oriundo o doutor João de Araújo Ferreira que faleceu em Lisboa sendo Desembargador da Suplicação. E na Casa da Torre do Outeiro nasceu Rosendo de Abreu Leite Pereira que nas guerras passadas foi capitão de infantaria e faleceu sendo sargento-mor da comarca de Guimarães. E da mesma casa procedeu seu irmão o padre António Ferreira abade que foi de São Pedro de Britelo e comissário do Santo Ofício. 19. A dois de Setembro de cada ano se faz uma feira a que chamam a feira de Santo Antonino, a qual não tem mais que um dia com sua véspera e é das maiores feiras de criação de touros que dizem há nesta província por virem a ela muitos touros das terras de Barroso onde nascem. E daqui se compram para várias partes por haver tradição que saem dos melhores tanto na grandeza como bondade, tendo o mesmo predicado que tem os cavalos andaluzes. A qual feira é forra e franca e a maior parte dela está no lugar das Pereiras cabeça do concelho de Cabeceiras, mística com o couto de Refojos e é da freguesia do mesmo mosteiro de Refojos e daqui darão melhor e mais cabal informação. Também no mesmo sítio em todos os meses do ano aos dois se faz feira há poucos anos introduzida mas é de pouca consideração. 20. Serve-se do correio da Raposeira de Cabeceiras de Basto, distante meio quarto de légua, deitam-se as cartas na Quinta e chegam na Segunda à noite e o correio passa por esta freguesia e vai até à cidade do Porto. 21. Dista esta freguesia da cidade de Braga sete léguas e da de Lisboa sessenta. 22. Ao vigésimo segundo: nada. 23. Ao vigésimo terceiro: nada. 24. Ao vigésimo quarto: nada. 25. Ao vigésimo quinto: nada. 26.
  • 3. No Terramoto que se experimentou no ano de mil setecentos cinquenta e cinco não padeceu ruína alguma excepto as duas cruzes que estavam na dianteira e traseira da capela particular da Casa da Torre que torceram seus braços para a parte do Norte, mas hoje se acham direitas. 27. Não há nesta freguesia outra coisa memorável tanto do que se faz menção nos presentes interrogatórios como fora deles. Relação da serra. 1. A serra em cuja falda está situada esta freguesia para a parte do Nascente se chama a serra da Senhora da Orada que não é das mais afamadas por ser só um outeiro quase redondo que de todas as partes se despenha em vales pertencentes a vários distritos e freguesias onde irá largamente descrita com os mais requisitos que se pedem e só para esta freguesia tem um lado da parte do Nascente. 2. Tem esta serra em redondo pelos vales que a cercam de comprido uma légua e em todo o cirna acaba em picoto quase agudo com bastante eminência e nesta forma principia e acaba e da parte do Norte a ela vem findar o monte a que chamam de Penouta que passa pelos limites da freguesia de Santa Maria de Outeiro, Refojos de Basto e Santo André de Painzela. 3. Ao terceiro: nada. 4. Nascem dela algumas águas que por serem poucas não chegam a produzir rios nem ainda regatos; porém da parte que correm para o Nascente, distrito desta freguesia, seus moradores as represam em prezas e com elas beneficiam seus campos. 5. Não tem esta freguesia lugar algum nem moradores na dita serra e só nas suas faldas junto ao vale da parte do Nascente se acha ela situada como atrás fica dito. 6. Ao sexto: nada. 7. Ao sétimo: nada. 8. Produz esta serra poucas ou nenhumas árvores e pouco mato e se compõem quase em redondo de muitos penedos sem produzir fruto algum e só nas suas faldas é que tem árvores de castanheiros, carvalhos que dão castanha e landre e vinho de enforcado e algum azeite e também algum pão. 9. Quase no alto desta serra para a parte do Poente e Norte está uma ermida de Nossa Senhora da Orada e como esta se acha no distrito da freguesia do mosteiro de São Miguel de Refojos de Basto nela irá adscrita esta ermida ou capela com todas as suas circunstâncias. 10. É bastantemente áspera e fria na sua eminência. 11. Pastam nela bois, bestas, ovelhas e cabras em todo o tempo do ano ainda que os seus pastos são fracos e nela se caçam alguns coelhos e perdizes. 12. Ao duodécimo: nada. 13. Não há nesta serra mais coisa notável que descrever nem que seja digna de memória principalmente pelo que toca ao distrito desta freguesia. Relação do rio
  • 4. 1. Esta freguesia não tem no seu distrito rio algum e assim sobre este particular não tenho que declarar nem dar relação porque um pequeno rio que corre pela parte de trás da serra da Orada acima nomeada leva o seu curso por baixo da freguesia de São Sebastião de Passos e vai correndo entre esta e a freguesia de São Clemente de Basto até o sítio de Ponte Pedrinha onde tem uma limitada ponte de pedra e logo passa ao distrito da freguesia de Santa Senhorinha de Basto. E tanto pelas razões referidas como por ser rio pequeno e de pouca consideração não tenho que dele declarar. E em todo o distrito desta freguesia não há rio algum e somente da dita serra da Orada nascem e correm algumas águas limitadas que represadas em prezas como dito fica se aproveitam os moradores desta freguesia delas para regarem seus campos. Mas sempre esta freguesia é seca principalmente de Verão e por isso não tem moinhos, nem pisoes e tem dois lagares de azeite que moem com bois e bestas e vão muitos às freguesia circunvizinhas moer o pão e fazer o azeite. E nesta forma tenho respondido aos interrogatórios de Sua Majestade que Deus guarde. E não tenho mais que relatar. E tudo vai na verdade escrito por minha mão sem levar breve, borrão, nem entre linhas que faça duvida. E me assinei com dois reverendos párocos meus vizinhos para atestarem todo o referido. S. Pedro de Alvite de Basto e de Maio 23 de 1758. O vigário João Lobo de Sousa. O vigário Bento Leite da Cunha. O vigário João Ferraz Ribeiro. Referências documentais: IAN/TT, Memórias Paroquiais, Vol. 3, memória 45, pp. 345 a 35l. Texto transcrito, com actualização da grafia e pontuação, a partir de José Viriato Capela – As freguesias do distrito de Braga nas Memórias Paroquiais de 1758: a construção do imaginário minhoto seiscentista. Braga: Universidade do Minho, 2003. P. 214-216.