O documento discute a Visão Baseada em Recursos proposta por Wernerfelt, na qual os recursos internos de uma organização, tangíveis ou intangíveis, determinam sua estratégia e capacidade competitiva. A análise dos recursos permite identificar pontos fortes e fracos, além de criar barreiras para outros concorrentes. A organização deve definir quais recursos diferenciar e desenvolver para diversificar e crescer de forma lucrativa.
1. VISÃO BASEADA EM RECURSOS
Maurício Folli Conceição
No artigo intitulado “A Resource-based View of the Firm”, o autor Birger
Wernerfelt analisa a organização sob a ótica de seus recursos internos, identificando a
relação existente entre a capacidade dos recursos e a lucratividade, bem como a
possibilidade de utilização desses recursos para criar barreiras para os demais
concorrentes. A organização pode utilizar diversos de seus recursos para produção de
um produto como também é possível a utilização de um recurso para a fabricação de
diversos produtos, para essa teoria deu-se o nome de Visão Baseada em Recursos.
A Visão Baseada em Recursos (VRB) auxilia a organização a definir suas
estratégias através do questionamento de quais recursos devem ser diferenciados, que
recursos são necessários desenvolver para atingir a diversificação, em quais mercados
ingressar e em qual sequência desenvolver os recursos, assim como se há a
necessidade de adquirir novas empresas afim de agregar recursos.
Segundo o autor a análise dos recursos é necessária, pois eles podem
representar os pontos fortes ou as fraquezas da organização, podendo ser tangíveis ou
intangíveis, como a marca por exemplo. Assim como Porter utiliza o produto como
ponto focal para a definição das cinco forças, Wernerfelt complementa o modelo
utilizando os recursos como principal agente para a definição da estratégia e aumento
da lucratividade.
Através da análise dos recursos pode-se identificar as possibilidades de
barganha da organização e desta forma o aumento da lucratividade, desde a definição
do fornecedor, onde por exemplo o poder de negociação é menor nos casos de
monopólio, enfraquecendo desta forma o recurso, passando pela definição dos
compradores até a identificação de recursos substitutos que podem reduzir o retorno
de determinado recurso.
Wernerfelt apresenta os recursos também como uma forma de criar barreiras
para as demais organizações, o que ele denomina de barreira de posição de recursos.
Essa definição defende que se a organização consegue ser a primeira a deter um
recurso, ela poderá manter-se a frente das demais e desta forma potencializar seus
ganhos. Novamente, nesse momento, o autor retoma os conceitos apresentados por
Porter nas cinco forças vinculando as barreiras de posição de recursos às barreiras de
novos entrantes (foco produto). Somente com base nesse vínculo entre as barreiras é
que a organização conseguirá manter-se competitiva, pois ter uma barreira de entrada
sem uma barreira de posição de recursos deixaria a empresa vulnerável aos novos
entrantes, e possuir uma barreira de posição de recursos sem uma barreira de entrada
deixaria a empresa sem condições de explorar a barreira de posição de recursos.
Como apresentado anteriormente a organização precisa definir quais são os
recursos que a diferenciam das demais organizações e estar sempre atenta para a
aquisição de novos recursos para manter-se competitiva.
Assim, através da análise dos recursos internos da organização, Wernerfelt
agrega mais uma perspectiva para a formulação da estratégia, o que posteriormente
será abordado por outros autores como Barney e servirão como base para a análise e
definição dos conceitos das Competências Essências de Ramel e Prahalad.
BIBLIOGRAFIA:
WERNERFELT, B. A resource-based view of the firm. Strategic Management Journal,
vol 5, p. 171-180, 1984.