Trabalho de conclusão de curso do ensino médio, tendo como foco o tema gravidez na adolescência, com seu impacto na vida social de meninos e meninas, em suas famílias e na sociedade
1. COLÉGIO ESTADUAL SANTA TEREZA
FERNANDA MARIA LIMITI PONTES
GUSTAVO CHRISTIAN DIAS COELHO
JOYCE DOS SANTOS SILVA
JULLY KELLY FURTADO
MARCOS PAULO CARVALHO DE OLIVEIRA
MARCOS VINICIUS DE ALMEIDA
GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA: DISCUSSÃO
PERANTE UMA CRISE SOCIAL.
BELFORD ROXO
2015
2. FERNANDA MARIA LIMITI PONTES
GUSTAVO CHRISTIAN DIAS COELHO
JOYCE DOS SANTOS SILVA
JULLY KELLY FURTADO
MARCOS PAULO CARVALHO DE OLIVEIRA
MARCOS VINICIUS DE ALMEIDA
GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA: DISCUSSÃO PERANTE UMA
CRISE SOCIAL.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao
Colégio Estadual Santa Tereza de Belford Roxo,
como requisito obrigatório para obtenção do título
de ensino médio em Filosofia.
Orientador (a): Profº: Nelson Jesus do
Nascimento
BELFORD ROXO
2015
4. 3
Introdução
O presente Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) tem como objeto de
estudo, a questão da gravidez na adolescência, e aborda não somente esta
questão com as adolescentes em vivência de gravidez ou maternidade, mas
também com os adolescentes em situação de paternidade ou que estão
aguardando a concretização desta vivência.
Para abordarmos a gravidez na adolescência, faz-se necessário
entender o contexto o qual estes adolescentes estão inseridos, dando enfoque
primeiramente a família, a qual é a primeira instituição que os indivíduos em
geral têm contato, espaço onde adquirem as primeiras experiências e é
também o local onde iniciam o processo de aprendizagem.
De acordo com dados registrados pelo Ministério da Saúde em 2007,
houve uma redução do número de gravidez na adolescência por conta das
campanhas em relação ao uso de preservativo, da disseminação da
informação sobre métodos anticoncepcionais, além da participação da mulher
no mercado de trabalho. E embora tenha ocorrido uma redução desta taxa no
Brasil, o preocupante é que este número tem aumentado cada vez mais em
jovens em situação de risco social conforme dados contidos no Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2006.
Após localizarmos colegas e amigos vivendo na situação percebemos a
necessidade de pesquisar sobre o assunto a fim de contribuir para ampliação
do nosso conhecimento teórico e aprofundamento do estudo sobre o assunto.
O objetivo geral do estudo foi conhecer e analisar os impactos
decorrentes da vivência da gravidez, maternidade ou paternidade em
adolescentes.
No segundo capítulo, debatemos a respeito da questão da adolescência
no Brasil com enfoque da vulnerabilidade em saúde, educação e situação
econômica, bem como pontuarmos o papel das instituições na prevenção e
educação sexual.
5. 4
No capítulo três realizamos a análise das informações da pesquisa,
apresentando os resultados obtidos, a partir da análise e buscando responder
ao objetivo do estudo.
Esperamos que a presente pesquisa contribua para alargar o debate
sobre o tema, a fim de colaborar para a compreensão das instituições que
trabalham com este público, considerando-os como sujeitos em
desenvolvimento possuidores de direitos.
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Capitulo 1: Gravidez na adolescência
A gravidez na adolescência é um dos temas mais debatidos na
sociedade brasileira atualmente. Alguns autores como, Levandowski, Jörg
(2002) e Yazlle, Marta E.H.D. (2006) e discutem sobre o tema em questão,
tendo como foco, principalmente repercussões, fatores predisponentes,
acompanhamento durante o parto e pós-parto.
As questões referentes à gravidez na adolescência necessitam de um
amplo campo de debate, pois trabalham em um período sensível da vida do ser
humano, a adolescência.
No Brasil, a gravidez na adolescência representa um problema social,
atingindo em sua maioria a população de classe baixa e média-baixa. No
entanto, na rede pública nos últimos cinco anos, houve uma diminuição no
número de partos na adolescência, por conta do trabalho contínuo de
prevenção a gravidez na adolescência. (YAZAKI, 2008).
O Ministério da Saúde mostra que a quantidade desses
procedimentos em adolescentes de 10 a 19 anos caiu em
22,4% de 2005 a 2009. Em 2005, foram registrados 572.541,
enquanto, em 2009, foram realizados 444.056 partos em todo o
país. (M.S., 2010). Ainda assim no Brasil tem ocorrido um
significativo aumento da fecundidade no grupo de 15 a 19 anos
em relação ao grupo de mulheres adultas. O aumento do
número de gravidez ocorre mais em algumas regiões, nelas
estão incluídas as mais pobres e de baixa escolaridade.
De acordo com os dados, embora haja uma diminuição da taxa de
fecundidade, nas jovens de regiões mais pobres encontramos um maior índice
de gravidez em função de fatores socioeconômicos, corroborando com a ideia
desenvolvida neste trabalho. O gráfico abaixo vem ilustrar as ideias defendidas
por estes autores, assim como os dados citados acima.
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Figura 1. Distribuição das publicações sobre gravidez na adolescência por estados do Brasil
Os jovens enfrentam diversos problemas nessa fase, pois se trata de
uma fase de adaptação, onde este tem a tendência de apresentar um
comportamento de caráter facilmente influenciável uma vez que se trata da
fase de formação do indivíduo adulto. Segundo Yazlle (2006):
“A adolescência corresponde ao período da vida entre os 10 e
19 anos, no qual ocorrem profundas mudanças, caracterizadas
principalmente por crescimento rápido, surgimento das
características sexuais secundárias, conscientização da
sexualidade, estruturação da personalidade, adaptação
ambiental e integração social.”
O caso da gravidez precoce acarreta uma séria de problemas para o
adulto em formação, os quais podem vir a se tornar um problema social.
Segundo Yazlle (2006).
“A gravidez neste grupo populacional vem sendo considerada, em
alguns países, problema de saúde pública, uma vez que pode
acarretar complicações obstétricas, com repercussões para a mãe e
o recém-nascido, bem como problemas psicossociais e econômicos.
Quanto à evolução da gestação, existem referências a maior
incidência de anemia materna, doença hipertensiva específica da
gravidez, desproporção céfalo-pélvica, infecção urinária,
prematuridade, placenta prévia, baixo peso ao nascer, sofrimento
fetal agudo intraparto, complicações no parto (lesões no canal de
parto e hemorragias) e puerpério (endometrite, infecções, deiscência
de incisões, dificuldade para amamentar, entre outros)”.
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Concordamos com os autores em relação às questões sobre os
problemas gerados pela gravidez nessa fase da vida, pois, além dos diversos
problemas de saúde, a gravidez traz também complicações sociais, pois o
adolescente terá sua vida interrompida com a necessidade de largar os
estudos para cuidar do novo indivíduo, o que poderá causar a baixa
qualificação educacional do adolescente e, consequentemente, uma baixa
qualidade de educação no país.
9. 8
Capitulo 2: Problemáticas geradas pela Gravidez na adolescência
A gravidez precoce gera diversos problemas, seja para os adolescentes
envolvidos, para o feto em formação, como também para a sociedade em um
âmbito geral. Dentre os problemas mencionados podemos citar a má estrutura
de formação para o recém-nascido, o abandono escolar e, consequentemente,
a introdução prematura do jovem no mercado de trabalho.
O recém-nascido é a figura de maior atenção no período de gestação,
parto e pós-parto, sobretudo em casos de gravidez adolescente, pois nesse
caso a criança tende a enfrentar maiores dificuldades, com relação aos bebês
de mães mais maduras, sejam elas de caráter biológico, como maior
suscetibilidade a doenças infantis, quanto de caráter social, como maior
exposição à violência e, futuramente, a tendência de também engravidar
precocemente.
Segundo o livro Teen Moms-The Pain and Promisse (Mães
Adolescentes – A angústia e a Promessa), os bebês de mães adolescentes:
“costumam nascer abaixo do peso ideal, ter mais doenças
infantis, ser mais suscetíveis à mortalidade infantil, receber
cuidados médicos inadequados, sofrer mais com a fome e a
subnutrição, estar mais expostos à violência e ter um
desenvolvimento mais lento comparado ao de bebês cujas mães
têm mais idade”. (1 de setembro de 1997).
De fato, a probabilidade de filhas de adolescentes também engravidarem
na adolescência é maior do que a de jovens nascidas de mães com mais
idade.
Concordamos com a passagem, pois como já foi defendido no capítulo
anterior deste trabalho a taxa de gestante adolescentes é maior em jovens de
baixa renda, logo o bebê em desenvolvimento tende a enfrentar demasiadas
dificuldades socioeconômicas devido à posição social dos pais.
No que diz respeito, a gravidez atinge principalmente a criança e os pais
e estes atingem consequentemente a sociedade com o tempo modificando os
chamados indicadores sociais, como taxa de analfabetismo, pois muitos jovens
acabam por abandonar os estudos em função de pressão familiar, vergonha
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alheia - no caso das meninas - ou por não ver o estudo como algo a dar
prioridade no momento.
“Existem evidências do abandono escolar, por pressão da
família, pelo fato da adolescente sentir vergonha devido à
gravidez, e ainda, por achar que "agora não é necessário
estudar".” (Yazlle, 2006).
Trabalhando dentro dessa lógica, jovem agora, sem qualquer tipo de
qualificação profissional ou muitas vezes o ensino fundamental ou médio
completos vê a necessidade de aventurar-se no mercado de trabalho. Pela
falta de qualquer qualificação ou experiência o jovem se verá obrigado a
desempenhar funções braçais, em condições insalubres e recebendo baixa
remuneração.
Outra problemática social vem a debate: os estereótipos. A menina que
engravida precocemente, na maioria das vezes, é vista pela família como algo
a ser penalizado, com punições que podem chegar até o abandono da jovem e
sua expulsão do recinto familiar, em casos como estes, muitas adolescentes
acabam se entregando às drogas e à prostituição. Os meninos muitas vezes se
deparam com situações em que devem deixar de lado a imaturidade e começar
a agir com mais responsabilidade, aprendendo a ser mais maduro, e isso só
ocorre após o nascimento do filho, quando eles se dão conta que tem uma vida
para cuidar e assumem suas responsabilidades como homens.
Neste contexto, Levandowski (2002) defende que dificilmente ser
adolescente e ser pai serão duas condições confortáveis e complementares,
afirma ainda que tal condição seria um evento estressor para o adolescente
quando deparado com a paternidade, do que para os adultos; as possíveis
causas desses agentes estressores para o adolescente estariam ligadas a falta
de prática e imaturidade psicológica e falta de condições estruturais para lidar
com a nova situação.
Levandowski (2002) afirma ainda que esses eventos estressores aparecem
por conta que muitas vezes os jovens não estão preparados para vivenciar
essas novas experiências e tem que deixar suas vidas de lado para assumir
11. 10
novas responsabilidades, como deixar a escola e procurar um emprego para
dar sustento à nova família.
Concordamos com os autores no que dizem respeito às dificuldades de
adaptação dos jovens em situação de gravidez, tanto em relação às meninas
quanto aos meninos, estas com o fardo da aceitação e auxilio familiar e esses
com relação à adaptação na nova rotina de trabalho, ambos afetando
socioeconomicamente a estrutura do país.
12. 11
Capítulo 3: Conclusão
O presente trabalho partiu da necessidade de estudar sobre a gravidez
na adolescência e a relação entre maternidade e paternidade a fim de
contribuir para a ampliação do nosso conhecimento teórico e aprofundamento
do estudo sobre o tema.
Acredita-se que nessa fase da vida, os adolescentes na sua grande
maioria, tendem a não pensar nas consequências que certos atos, em especial
o ato sexual sem proteção, pode trazer para si e para as pessoas que fazem
parte do seu contexto familiar. Ou seja, não percebem que uma gravidez
planejada ou não, pode desencadear uma série de questões de ordem
econômica e principalmente social que se não forem discutidas no âmbito
familiar, escolar etc., podem comprometer todo o recinto familiar.
Entendemos, através dos estudos, que deveriam ser instauradas
políticas de incentivo à prevenção da gravidez e sexo seguro, em instituições,
como as de ensino, associações de moradores, entre outras, inclusive em
instituições religiosas, a fim de incentivar os indivíduos mais suscetíveis a se
prevenirem contra a gravidez precoce. Segundo Yazlle:
“É importante, na abordagem de medidas preventivas,
considerar quais adolescentes estão mais expostas ao risco de
engravidar. Entre 7.134 partos de adolescentes ocorridos no
município de Ribeirão Preto, São Paulo, observa-se entre
gestantes adolescentes, cifras significantemente maiores entre
aquelas atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS),
quando comparadas com jovens atendidas pelo sistema pré-
pago (Convênio ou Particular), ou seja: 2,1% corresponderam à
categoria particular, 17,9% a categoria convênio e 80,0% a
categoria SUS.”
Concluímos então que deveriam, além de instaurar políticas de
prevenção, seria recomendável realizar investimentos em estruturas de
atendimento às gestantes de térrea idade, sejam em hospitais públicos ou
centros especializados e oferecer programas que incentivem tanto o
encaminhamento a cursos profissionalizantes quanto a continuidade da carreira
acadêmica e/ou profissional dos jovens, uma vez que são, em sua maioria,
casais de recursos financeiros escassos, sem acesso a uma educação de
qualidade e de extrema carência de acompanhamento especializado que lhes
proporcione um auxilio a manutenção da vida do bebê.
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Bibliografia
Hercowitz, A., & Vitalle, M. S. (2007). Gravidez na adolescência. São Paulo.
Lerman, E. (1997). Teen Moms: The Pain and the Promise (Teen Pregnancy
and Parenting series). Morning Glory PresS.
Levandowski, D. C., Antoni, C. d., Koller, S. H., & Piccinini, C. A. (2002).
Paternidade na adolescência e os fatores de risco e de proteção para a
violência na interação pai-criança.
Moraes, G. F., & Ferreira, M. V. (2011). GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA: A
RELAÇÃO ENTRE MATERNIDADE E PATERNIDADE FRENTE À
QUESTÃO. Vitória.
Reche, G. T., & Martins, R. S. (2013). As Consequências Emocionais da
Paternidade Precoce em Adolescentes.
Yazlle, M. E. (2006). Gravidez na adolescência. Ribeirão Preto.