O documento descreve 3 exemplos de empreendedorismo universitário em Portugal. Dois engenheiros criaram uma empresa para desenvolver um sistema que captura energia cinética e a transforma em energia elétrica. Uma geógrafa fundou uma empresa de peritagem e assessoria usando informação geográfica. Três colegas desenvolveram uma tecnologia para ajudar os consumidores a poupar energia elétrica. Concursos e programas universitários apoiaram estas ideias e ajudaram estas novas empresas a crescer.
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Novas Empresas, Ideias Inovadoras
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ID: 39432773 03-01-2012 | P2 Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 4
Empreendedorismo
Novas empresas,
moldar, criar novos negócios,
Andreia Mandim
transformar conhecimento em
a Empreendedorismo. Inovação. serviços, em resumo, fazer jus ao
Resiliência. São algumas das conceito de “empreendedorismo”.
palavras-chave para um conjunto
de actividades que promovem a
formação de empresas a partir de
Filipe e Francisco
ideias inovadoras. Um futuro menos criaram energia
incerto para todos aqueles que
dão agora os primeiros passos no alternativa
mercado de trabalho, ou retornam
a este. Já tinham alguns projectos comuns
Nos últimos anos, as instituições na área das energias renováveis,
de ensino superior criaram mas nunca tinham ousado formar
programas, concursos e cursos uma empresa. Até ao dia em
com o objectivo de apoiar ideias que Filipe Casimiro e Francisco
de negócio direccionadas aos Duarte terminaram o mestrado
jovens, em particular às mulheres. em Engenharia Electromecânica
Resultado? O nascimento de um e resolveram arriscar. Os jovens
número significativo de pequenas de 25 e 27 anos, respectivamente,
e médias empresas. Face às poucas juntaram esforços e concorreram
expectativas de emprego por parte ao WinUBI 2010, um concurso de
dos jovens, as universidades e empreendedorismo desenvolvido
politécnicos começaram a apostar pela Universidade da Beira Interior
no empreendedorismo com o (UBI). Concorrerem com o Waynergy
objectivo de dar algumas soluções e conquistaram o primeiro lugar.
aos seus alunos — os politécnicos O Waynergy é um sistema que
criaram o projecto Poliempreende, capta energia cinética de pessoas
em 2003. Mas não só, houve e veículos — energia associada ao
também a preocupação de chegar movimento —, transformando-a
aos professores, funcionários e ex- em energia eléctrica. A ideia é
alunos. “inovadora e diferente” por permitir
De repente, a pergunta “O que gerar “mais por menos”, ou seja,
queres ser quando fores grande?” mais energia por menos custos,
deixou de fazer tanto sentido. explica Filipe Casimiro.
Certamente que em criança a Com os três mil euros do prémio,
resposta dos participantes destas desenvolveram um protótipo, com
iniciativas não foi “empreendedor”. a UBI e o seu gabinete de apoio
Contudo, hoje mostram-se satisfeitos a projectos de investigação, que
com a sua opção, bem mais actuaram como incubadoras. Mas a
estável do que muitas profissões empresa dos dois jovens não cessou
tradicionais, confessam. esforços. Em 2010, concorreu ao
Com a crise na ordem do dia e Prémio Inovação EDP Richard
a previsão da taxa de desemprego Branson, venceu e ganhou mais 50
a atingir os 11 por centro em 2012, mil euros.
a entrada na vida activa é hoje um Comprovado o sucesso da ideia
processo complicado para a maior com os prémios conquistados, Filipe
parte dos jovens diplomados. e Francisco abriram a Waydip, a
E é também cada vez mais uma empresa onde desenvolvem, entre
preocupação do ensino superior, os vários trabalhos, o projecto
que é a última plataforma entre os Waynergy, que prevêem estar a ser
estudantes e o mercado de trabalho. comercializado ainda este ano.
Com estas iniciativas, a criação Segundo Filipe Casimiro,
de empresas tem aumentado, a participação no WinUBI foi
assim como os investimentos nas fulcral para a criação da empresa:
economias locais. Tem havido “Como estamos ligados mais às
criação de postos de trabalho, tem Engenharias, desligamo-nos da
sido criada mais competitividade gestão e marketing, mas com esta
empresarial e tem sido feita uma participação aprendemos a dar-
promoção internacional da marca lhes valor.” Da participação no
“Portugal”, assim como de métodos programa, Filipe aponta também as Filipe Casimiro, de 25 anos, e Francisco Duarte,de 27, esperam ter o Waynergy no mercado já este ano
e técnicas inovadoras, dizem as dificuldades: “A elaboração do plano
escolas e os actuais empresários. de negócios foi o mais difícil. Por destes programas, em especial do impacto e de forma tão rápida. em terceiro lugar num concurso
Mas “não chega ter espírito não termos preparação, tivemos de MIT e da EDP, o par de empresários Sem as reacções não saberíamos a europeu, o EEP Awards”, acrescenta
empreendedor”, alerta José Paulo o reformular várias vezes, até chegar tem reunido uma extensa rede de potencialidade da nossa empresa.” Filipe Casimiro.
Rainho, coordenador da Unidade ao ponto pretendido.” contactos, tanto nacionais como Ainda no mês passado a Waydip “Todo o financiamento que temos
de Transferência de Tecnologia Desde então têm entrado como internacionais, que lhes deu maior foi reconhecida pela Kauffman é proveniente da participação nestes
da Universidade de Aveiro. “É concorrentes noutros certames. credibilidade e visibilidade. Foundation como uma das 50 concursos, apesar de já termos sido
também necessário adquirir as Participaram no concurso MIT- Filipe Casimiro explica que foi start-ups — novas empresas criadas contactados por vários business
competências essenciais para que Portugal e venceram na categoria gratificante perceber as reacções em ambiente universitário — mais angels [investidores individuais
os potenciais projectos possam ser das Energias, recebendo um prémio que o projecto provocou: “Não promissoras a nível mundial. “E em capitais de risco]”, afirma com
materializados.” É preciso pensar, de 100 mil euros. Graças ao prestígio imaginávamos que tivesse tanto no dia 30 de Novembro, ficámos orgulho o co-fundador, referindo
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Concursos, cursos e programas são algumas das iniciativas promovidas nos
últimos anos pelas universidades. O objectivo é a criação de empresas a partir
de ideias novas. Porque há quem não espere por um emprego, mas antes o crie
ideias inovadoras
RUI SOARES
percebeu que tinha ali uma (ISCTE-IUL). A ideia Watt-IS mereceu
oportunidade de negócio. Depois uma menção honrosa no programa
de explorar o tema na tese de de apoio à consolidação de novas
mestrado, arriscou concorrer empresas tecnológicas nacionais,
sozinha ao IdeiaLab, um programa o ISCTE IUL MIT Portugal Venture
da Universidade do Minho (UM), Competition, criado em Novembro
desenvolvido pela TecMinho. de 2009.
A princípio, sentiu dificuldades O que levou os três colegas a fazê-
na elaboração do plano de negócios lo? Perceberam que precisavam de
e nas primeiras apresentações da orientação e apoio para estabelecer
ideia ao júri — tinha dificuldade em contactos e tornar a ideia tangível,
explicar em minutos uma ideia tão recorda Miguel Carvalho, de 31 anos,
inovadora, refere. Mas conseguiu que, foi director executivo do MIT-
superar todos os obstáculos. Portugal.
Mais tarde, resolveu participar O programa ISCTE/MIT-Portugal
no SpinUM, um concurso da foi fulcral para o desenvolvimento
UM, e chegou à final. “Decidi da empresa, defende: “Esta
participar, pois achava que a ideia participação fez com que
tinha potencial de crescimento e melhorássemos o nosso modelo
podia contribuir para uma nova de negócio inicial para um modelo
abordagem ao nível da peritagem óptimo, passível de ser apresentado
e assessoria, em Portugal”. Carla às grandes empresas, que nos
ganhou o segundo prémio de Melhor podiam financiar.”
Ideia de Negócio e o prémio de A menção honrosa na área
Empreendedorismo Feminino, em de sistemas sustentáveis de
2010. energia “permitiu-nos participar
Este concurso foi fulcral para no IdeaStream, um programa
concretizar a ideia. A atribuição organizado pelo MIT, para
do estatuto de spin-off (empresa apresentar a nossa empresa”, explica
que nasce a partir de um grupo Miguel Carvalho. E possibilitou
de pesquisa) da UM “fez com que ainda desenvolver alguns projectos-
a investigação desenvolvida pela piloto com a ISA, uma empresa de
empresa adquirisse um maior grau telemetria, que começou em 1990
de solidez”. como spin-off da Universidade de
A obtenção dos prémios foi Coimbra. No entanto, a equipa
determinante para criar a empresa também deparou com “algumas
— como vencedora recebeu dificuldades, como o respeito pelos
alojamento durante nove meses, prazos exigidos e o grande volume
ajuda para estabelecer uma rede de de trabalho, que obrigou a uma
contactos, serviços de consultoria maior concentração e esforço”.
e mil euros. Carla recusou um dos A Watt-IS propõe uma tecnologia
apoios financeiros disponibilizados inovadora que consegue
(2500 euros de capital de perceber quando e como os
risco) porque queria manter a electrodomésticos são usados,
independência da empresa. permitindo ao utilizador fazer um
Criada a Geojustiça, aderiram ao uso mais racional da energia. O
projecto outros ex-alunos da UM. sucesso da ideia passa por “este tipo
Paulo Pereira e Domingos Silva, de negócios fazerem cada vez mais
ambos de 33 anos, tornaram-se sentido, uma vez que é essencial
sócios de Carla e, assim, hoje são para as famílias reduzirem os
três, todos geógrafos. No futuro, a gastos”, aponta o director executivo.
Geojustiça quer continuar a crescer André Pina, de 27 anos, é director
e internacionalizar-se: uma das técnico e Carlos Silva, de 35 anos, é
perspectivas são os países de língua director científico da Watt-IS.
oficial portuguesa. O panorama de crise e falta de
emprego leva a que a criação de
negócios alternativos seja uma
Miguel, André aposta viável, defende Miguel
e Carlos apostaram Carvalho, para quem este tipo
de acções tem vários resultados
na poupança positivos: “Uma maior preparação
para os nossos jovens, um maior
também que a Waydip continua à Carla Freitas, de 33 anos, geógrafa, Há um ano, Miguel Carvalho, André desenvolvimento de produtos
procura de investimento. começou a pensar num projecto. Pina e Carlos Silva começaram a que possam contribuir para
Tudo começou na universidade. Carla e o A ideia surgiu “de conversas com pensar se seria possível desenvolver o crescimento da economia
Por isso, Filipe considera que as
iniciativas de empreendedorismo
empreendedorismo familiares e amigos da área do
Direito”. Com a percepção de
uma tecnologia que ajudasse os
portugueses a poupar na factura da
portuguesa, a internacionalização
da nossa marca ‘Portugal’.”
são uma forma de “valorizar ideias”, no feminino que “a informação geográfica electricidade. Foi essa ideia que os A empresa espera no próximo
dando força a todos os que querem junta aos processos [judiciais] levou à final do concurso inserido ano ter uma solução comercial
criar um negócio inovador em Que contributo pode dar a não tinha tratamento técnico, era no programa MIT-Portugal em para apresentar a potenciais
resposta às dificuldades vividas no informação geográfica à justiça? desactualizada, desenquadrada e parceria com o Instituto Superior de financiadores e expandir-se para
actual contexto de crise. Foi a partir desta pergunta que frequentemente desacreditada”, Ciências do Trabalho e da Empresa outros mercados.
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Podemos aprender a ser mais
empreendedores Pág. 7/8
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Ideias
Histórias de
quem não espera
que lhe apareça
um emprego P2