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Instituto Superior de Ciências Educativas
BAZAR OLIVEIRAS
Marca
Licenciatura em Turismo
UC: História Sócio Económica do Turismo
1.º Ano – 2.º Semestre
Docentes:
Dr. Nuno Abranja
Dr.ª Ana Marques
Discente:
Carlos Alberto Ferreira Pereira de Abreu
Aluno N.º 40109 – TB
Junho 2010
2
INDICE
1. INTRODUÇÃO -------------------------------------------------------------------- 3
2. METODOLOGIA ----------------------------------------------------------------- 3
3. CORPO DO TRABALHO------------------------------------------------------- 6
3.1 Descrição da Marca ------------------------------------------------------- 6
4. ESTUDO----------------------------------------------------------------------------- 6
4.1 Entrevista ------------------------------------------------------------------- 6
4.2 Sondagem realizada a funcionários da Empresa ------------------- 12
5. CONCLUSÃO---------------------------------------------------------------------- 16
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ------------------------------------------- 18
ANEXOS-------------------------------------------------------------------------------- 19
I - Cartão de Visita ------------------------------------------------------------ 20
II - Escritura -------------------------------------------------------------------- 21
III - Insígnia--------------------------------------------------------------------- 29
IV - Marca----------------------------------------------------------------------- 30
V – Outros documentos de interesse --------------------------------------- 31
3
1. INTRODUÇÃO
A Ilha da Madeira, não só é conhecida internacionalmente, pelas suas belezas
naturais.
Entre o seu clima, os seus jardins, as suas variedades de plantas e flores, temos o
“Bordado Madeira”, produto presente na ilha, desde o início do seu povoamento.
Este produto é marca mais do que suficiente para projectar a Ilha além fronteiras,
como promoção inequívoca da tão conhecida “Pérola do Atlântico”.
Foi nesta perspectiva que resolvi escolher este tema, sabendo que, através da sua
marca, o elo de ligação entre esta ilha e o resto do mundo, nunca deixará de existir.
Falarei sobre o Bordado Madeira como mercadoria, tentando explicar um pouco
da sua evolução ao longo dos tempos.
Falarei também um pouco sobre a história da família Oliveiras e da importância da
marca da empresa como símbolo de divulgação deste produto.
Farei uma entrevista ao neto do criador da empresa, o Sócio Gerente, Sr. Emanuel
Egídio de Sousa Oliveira, na tentativa de compreender as estratégias de venda e de
crescimento da própria empresa.
Farei ainda, uma pequena sondagem a alguns funcionários tentando com isso
relacionar os seus conhecimentos no sentido de associarem a marca do produto à venda
e o que acham sobre esta ocupação económica no que diz respeito à parte económica da
Região Autónoma da Madeira.
Finalmente, farei uma pequena conclusão, juntando todos estes “pontos” na
divulgação do próprio destino Madeira
2. METODOLOGIA
A afirmação do “Bordado Madeira” como mercadoria, começa a tornar-se
evidente, só a partir me meados do século XIX, com peso muito significativo em trocas
comerciais. Diz-se que esta iniciativa teve início com Miss Phelps, descendente de uns
negociantes ingleses radicados na Ilha da Madeira desde o final do século XIX., abrindo
assim, caminho para o mercado britânico tornando-se a sua dimensão num produto
mercantil de grande procura e valorização, pelo mercado estrangeiro.
Devido a estas mudanças tornaram claro garantir uma continuidade do processo de
fabrico e de circulação, nascendo as “casas de bordados” e com isso o produto foi tendo
4
uma evolução técnica no seu fabrico, regulamentando-se de acordo com as exigências
dos novos clientes. Em simultâneo, esta actividade deixa de ser uma forma de lazer,
tornando-se numa actividade de subsistência, num trabalho exercido a tempo inteiro.
A partir de 1850, as casas de bordados começam a aparecer, “alimentando” o
interesse de muitos estrangeiros, dos quais podemos destacar os ingleses, alemães,
norte-americanos e sírios, conduzindo por isso, o processo artesanal para um processo
mais industrializado.
Devido à situação económica que se vivia na ilha, o bordado madeira aparece
como uma “tábua de salvação”, pois o trabalho na agricultura era de muito difícil
subsistência. Junto com as lides caseiras, as mulheres de então conseguiam organizar-se
e não deixaram de perder esta oportunidade económica para a sobrevivência das
famílias.
Como é do conhecimento geral, a travessia de duas guerras mundiais, na primeira
metade do século XX, foi um período de muita dificuldade, travando a economia
mundial, perdendo-se mercados, fechando-se casas, ainda mais com a agravante da
concorrência de bordados de outras regiões, nomeadamente a oriental. Apesar de todas
estas dificuldades, a economia local foi-se mantendo até aos dias de hoje.
Dentro das várias marcas existentes na Ilha da Madeira, encontrei aquela que,
pessoalmente achei, ser uma das mais apropriadas para elaboração do meu trabalho. A
Empresa Oliveira Bordados, cujo início, embora na altura ainda não registado, data de
1917, tornando-se numa referência a nível mundial. Como já tive oportunidade de
referir, o isolamento da ilha travava grandes lutas de sobrevivência. António Gomes
D’Oliveira, era um homem de visões (a nível de negócio), futuras.
António Gomes D’Oliveira, nasceu em 1877, na Ilha da Madeira, natural de São
Martinho. Era filho de Manuel Carlos D’Oliveira e da sua segunda mulher, Maria
Carmelita Gomes D’Oliveira. António teve 31 irmãos, fruto de 3 casamentos de seu pai.
Muito cedo, com os seus 17 anos e devido aos problemas económicos vividos na altura,
emigrou para Demerara-Mahaica, na Guiana, colónia inglesa que faz fronteira com a
Venezuela e que tinha problemas de mão de obra, devido à absolvição da escravatura
negra (esta colónia, recebe os primeiros emigrantes por volta de 1845, sendo o surto
muito grande de emigrantes europeus).
António teve a felicidade de ter irmãos já residentes de Demerara, estabelecidos
com diversos negócios, destinando com isso o seu futuro, pois, muitos outros
5
emigrantes na altura tinham um destino complicado, tornando-se no fundo em
“escravos”.
Mais tarde, com algum dinheiro acumulado regressa à sua Terra Natal e cria uma
loja de artefactos com o nome BAZAR OLIVEIRAS, na Rua das Mercês, no centro do
comércio do Funchal, na época considerado a entrada da Cidade do Funchal.
Entretanto, conhece Leonor Conceição Gomes Loja, sua futura esposa. Os pais de
Leonor foram sempre contra este casamento devido à idade que os separava. Mas contra
a vontade de tudo e de todos, casam-se nascendo desta união 6 filhos, Jorge Gomes
D’Oliveira em 1913, Alzira Gomes D’Oliveira em 1915, Carmelita Gomes D’Oliveira
em 1917, Clara Gomes D’Oliveira em 1923, Mercês Gomes D’Oliveira em 1928 e
Sidónio Gomes D’Oliveira em 1931.
Este Bazar manteve-se e António Oliveira resolveu dar os seus primeiros passos
na elaboração dos seus próprios bordados.
Mais tarde, em 1917, já casado, começa com uma actividade de bordados,
artesanal, em sua residência num prédio rústico, situado na estrada de ligação da Levada
de Santa Luzia com o Bom Sucesso. Sua mulher, Leonor Conceição Gomes D’Oliveira,
tinha alguns dotes de costura, pois, era modista de blusas de ceda e camisas de noite,
passando a orientar os acabamentos de bordados e entregando este tipo de trabalho a
bordadeiras, por si seleccionadas. Suas filhas, depois de crescidas, naturalmente com
outras colaboradoras começaram a controlar todo o processo de bordados produzidos
em exclusivo para o BAZAR OLIVEIRAS.
António Gomes, a 17 de Abril de 1934 faleceu, com 57 anos de idade. A gerência
do estabelecimento BAZAR OLIVEIRAS, passa a ser efectuada por seu filho mais
velho, Jorge Gomes D’Oliveira, com apenas 20 anos de idade e por sua mãe, Leonor da
Conceição Gomes D’Oliveira, na altura com os seus 45 anos. Esta entrada do filho,
deve-se ao facto que nesse tempo uma mulher não era bem aceite à frente de negócios.
A laboração dos bordados, começa a ter um aumento muito significativo,
tornando-se cada vez mais necessário abrir um novo estabelecimento para produção de
bordados. Era um novo desafio, então Jorge Gomes D’Oliveira, junto com seu tio,
irmão de seu pai, Alfredo Gomes D’Oliveira, resolvem dar continuidade a esta
actividade, abrindo uma nova organização de Fábrica de Bordados, na Rua Direita.
6
3. CORPO DO TRABALHO
3.1 Descrição da Marca
Antes do registo da marca, o “Bazar Oliveiras” e conforme já feita anteriormente,
já laborava em pleno, pensando-se que os registos eram feitos em nome individual
(informação do Sr. Egídio Oliveira).
Prova da existência do bazar, é precisamente um cartão pessoal, relacionado com
o “Bazar Oliveiras” datado de 20 de Dezembro de 1938 (anexo I).
Com a crescente visão da parte de Jorge Gomes D’Oliveira, juntamente com sua
mãe, Leonor Conceição Gomes D’Oliveira, constituem a primeira escritura de
Sociedade, “António Gomes D’Oliveira, SUCRS.”, a 24 de Maio de 1941 (Anexo II).
Os tempos que se seguiram foram de muita dificuldade a nível económico, devido
à II Guerra Mundial que decorria.
Com o final da II Guerra, economicamente o mundo encontrava-se em grandes
dificuldades.
Sendo a Madeira, no fundo uma ilha isolada, mas local de passagem de muitos
navios com emigrantes para os Estados Unidos da América e sendo grande parte deles
judeus, António Gomes de Oliveira, com grande visão para os negócios, resolve registar
uma insígnia, composta pela Cruz de Davide, símbolo Judaico e no centro as
bordadeiras tradicionais, com isso aumentando os seus lucros de venda a Judeus. Em 15
de Junho de 1953, regista a insígnia (Anexo III).
Mais tarde e vendo que a sua estratégia tinha dado resultados, a 14 de Maio de
1959 regista a marca que perdura até aos nossos dias (Anexo IV).
4. ESTUDO
4.1 Entrevista
Grande parte deste trabalho foi feito em estudo de campo, nomeadamente através
da entrevista com o neto do Sr. António Gomes D’Oliveira e Leonor de Conceição
Gomes D’Oliveira, o Sr. Emanuel Egídio de Sousa Oliveira, sócio gerente da Empresa,
actualmente com 48 anos de idade, ao qual coloquei as seguintes questões:
1.º Qual o objectivo da criação do bazar?
2.º Qual foi a evolução ao longo dos anos?
7
3.º Qual o número de trabalhadores
4.º Quais as estratégias usadas de crescimento?
5.º Projectos futuros?
6.º Opinião sobre a actividade?
1.º A Ilha da madeira era isolada do mundo. A agricultura era um dos grandes
meios de subsistência, mas devido á orografia, comercialmente não era muito lucrativa.
A emigração era a solução. O meu avô tem a felicidade de emigrar com o apoio dos
seus irmãos mais velhos que já o tinham feito anteriormente, crescendo-lhe com isso,
uma visão mais futurista. Quando regressa á Ilha, penso que já trazia o objectivo de
negócio na sua mente. O bordado madeira já existia e era na altura muito cobiçado por
grandes famílias inglesas. Como ele devia primar pela boa qualidade, entendeu juntar o
“produto final” (bordados) num local em que este antes de ser vendido passasse por um
“processo de qualidade”, abrindo o bazar. Como meu avô tinha algum dinheiro,
comprava e armazenava, para posteriormente revender os melhores bordados que se
faziam na altura.
2.º Meu avô, era um homem de negócios e penso eu, com grandes ambições.
Porque não juntar o útil ao agradável, ou seja, porque não criar uma fábrica de
manufacturação, assim todo o produto até á venda seria de sua autoria. Foi precisamente
isto que ele fez. Tinha o Bazar e em sua casa, juntamente com sua mulher, contratou
algumas bordadeiras e fazia as suas criações. Foi uma grande evolução, porque ele abriu
uma “fábrica”, tem local de armazenamento e neste local faz venda ao público em geral
e a todos os visitantes que vinham à Madeira. Entretanto, o meu avô faleceu. Minha
avó, como mulher não era aceite na sociedade madeirense à frente de negócios, então
convida o seu filho mais velho (meu tio) para gerir os bordados. A procura começou a
ter um aumento significativo, então, Jorge Gomes D’Oliveira, pede ajuda a seu tio
Alfredo Gomes D’Oliveira (estava a estudar no Seminário Diocesano e deixou os
estudos). Ambos chegaram à conclusão que teriam de mudar para umas instalações
maiores. Assim o fizeram e mudaram-se para a Rua Direita, com uma nova organização
de “Fábrica de Bordados”.
Infelizmente, não encontro registos, como sociedade desta altura. Em 1941 é que
se faz a primeira escritura de sociedade que se passou a chamar “António Gomes
D’Oliveira, SUCRS.), mudando novamente de instalações para a Av. Arriaga, n.º 11.
8
A partir desta data, há várias alterações das escrituras e alguns acontecimentos
relevantes, tais como:
Escritura de Constituição da Sociedade ANTONIO GOMES DE OLIVEIRA
SUCRS. 24 de Maio de 1941 (Lavrada na folha 37 do Livro 195-B ) Secretaria Notarial
do Funchal - Notário Bacharel Frederico Augusto de Freitas - Rua 31 de Janeiro nº 54
(hoje 1º Cartório da Secretaria Notarial do Funchal) - Constituição Sociedade: capital
175.000$00 (Cento e Setenta e cinco mil escudos) Sócios Fundadores: Leonor
Conceição Gomes de Oliveira e Jorge Gomes de Oliveira sede: Avenida Arriaga nº 11,
2º andar.
2ª Localização da Fabrica de Bordados e 1ª sede da sociedade segundo Escritura
da Constituição a 24 de Maio de 1941 na Avenida Arriaga nº11, 2 andar (actuais
instalações da Direcção Regional de Turismo).
Entrada do 3º sócio na firma por proposta do sócio Jorge Gomes de Oliveira o seu
amigo, cunhado e empregado da secção de vendas Bazar Oliveiras da Rua dos Murças
nº 6, Alfredo Severiano Rocha registado na Acta nº 2 da firma no dia 5 de Março de
1945.
Escritura de Alteração 20 de Março de 1945 (Lavrada na folha 37 do Livro 201-B)
Secretaria Notarial do Funchal - Notário Bacharel Frederico Augusto de Freitas - Rua
31 de Janeiro nº 54 (hoje 1º Cartório da Secretaria Notarial do Funchal) - Capital
480,000$00 (Quatrocentos e oitenta mil escudos) Sócios: Leonor Conceição Gomes de
Oliveira, 215.646$46 escudos, Jorge Gomes de Oliveira 239.353$54 escudos e Alfredo
Severiano Rocha 25.000.00 escudos - sede : Avenida Arriaga nº 11, 2º andar.
Escritura de Alteração 23 de Março de 1945 (Lavrada na folha 37 do Livro 204-B)
Secretaria Notarial do Funchal - Notário Bacharel Frederico Augusto de Freitas - Rua
31 de Janeiro nº 54 (hoje 1º Cartório da Secretaria Notarial do Funchal) - Sócios:
Leonor Conceição Gomes de Oliveira, Jorge Gomes de Oliveira e Alfredo Severiano
Rocha - sede: Avenida Arriaga nº 11, 2º andar.
Escritura de Alteração 20 de Novembro de 1947 (Lavrada na folha 83 do Livro 207-B)
Secretaria Notarial do Funchal - Notário Bacharel Frederico Augusto de Freitas - Rua
31 de Janeiro nº 54 (hoje 1º Cartório da Secretaria Notarial do Funchal) - Sócios:
Leonor Conceição Gomes de Oliveira, Jorge Gomes de Oliveira e Alfredo Severiano
Rocha - sede: Avenida Arriaga nº 11, 2º andar.
Registo na Acta nº 12 da firma de 29 de Janeiro 1952 do sócio Sidónio Humberto
Gomes de Oliveira com 20 anos.
9
Casamento do sócio Sidónio Humberto Gomes D´Oliveira com 23 anos no dia 6
de Outubro de 1954 com Maria Dolores Marques de Sousa Oliveira com 22 anos
Registo 637 Conservatória do Registo Civil no Regime de Separação Absoluta de Bens
Escritura de Convenção Antenupcial de 16 de Outubro de 1954, Lº 101, Fls 82 a 83,
Secretaria Notarial do Funchal 1º Cartório – Notário Licenciado Graciano Ferreira
Alves.
Testamentos a 3 de Dezembro de 1954 entre Sidónio Humberto Gomes de
Oliveira e Maria Dolores de Sousa Oliveira - Secretaria Notarial do Funchal Notário
licenciado José A. Leite Monteiro Lº 8 fls 9 Lº 8 fls 10 como salvaguarda do património
do casal, visto ainda não terem filhos.
Escritura de saída de sócio 26 de Janeiro de 1955 (Lavrada na folha 20 do Livro
220-B ) Secretaria Notarial do Funchal - Notário Bacharel Frederico Augusto de Freitas
- Rua 31 de Janeiro nº 54 (hoje 1º Cartório da Secretaria Notarial do Funchal ) –
Sócios: Leonor Conceição Gomes de Oliveira, Jorge Gomes de Oliveira, Alfredo
Siveriano Rocha e Sidónio Humberto Gomes Oliveira (idade 23 anos) - sede: Rua dos
Murças, 22.
3ª Localização da Fabrica Oliveiras Bordados e actual sede Rua dos Murças nº 22,
1º andar.
Escritura de saída de sócio 5 de Março de 1955 ( Lavrada na folha 80 do Livro
220-B ) Secretaria Notarial do Funchal - Notário Bacharel Frederico Augusto de Freitas
- Rua 31 de Janeiro nº 54 ( hoje 1º Cartório da Secretaria Notarial do Funchal ) - Sócios:
Leonor Conceição Gomes de Oliveira, Jorge Gomes de Oliveira, Alfredo Siveriano
Rocha e Sidónio Humberto Gomes Oliveira - (saída da sócia: fundadora da sociedade
Leonor Conceição Gomes Oliveira no dia 15 de Fevereiro de 1955 ) sede: Rua dos
Murças, 22.
Escritura de Cessão e Aumento de Capital 27 de Abril de 1955 (Lavrada na folha
4 do Livro 221-B) Secretaria Notarial do Funchal - Notário Bacharel Frederico Augusto
de Freitas - Rua 31 de Janeiro nº 54 (hoje 1º Cartório da Secretaria Notarial) - Capital
Social 3.000.000$00 (três milhões de escudos), Sócios: Jorge Gomes de Oliveira,
2.100.000$00 (dois milhões e cem mil escudos), Alfredo Severiano Rocha, 450.000$00
(quatrocentos e cinquenta mil escudos) e Sidónio Humberto Gomes Oliveira,
450.000$00 (quatrocentos e cinquenta mil escudos) - sede : Rua dos Murças, 22.
Falecimento do sócio Alfredo Severiano Rocha a 12 Dezembro de 1956.
10
Escritura de Alteração Cessão 15 de Julho de 1958 (Lavrada na folha 37 do Livro
227-B) Secretaria Notarial do Funchal - Notário Bacharel Frederico Augusto de Freitas
- Rua 31 de Janeiro nº 54 (hoje 1º Cartório da Secretaria Notarial do Funchal) - Capital
Social 3.000.000$00 (três milhões de escudos) Sócios: Jorge Gomes de Oliveira,
2.100.000$00 (dois milhões e cem mil escudos) Maria Alzira Gomes Rocha 450.000$00
(quatrocentos e cinquenta mil escudos) e Sidónio Humberto Gomes Oliveira
450.000$00 (quatrocentos e cinquenta mil escudos) sede: Avenida Rua dos Murças 22
Cessão da sócia - Maria Alzira Gomes D´Oliveira Rocha.
Escritura de Alteração 7 de Outubro de 1958 (Lavrada na folha 10 do Livro 228-
B) Secretaria Notarial do Funchal - Notário Bacharel Frederico Augusto de Freitas -
Rua 31 de Janeiro nº 54 ( hoje 1º Cartório da Secretaria Notarial do Funchal ) - Capital
Social 3.000.000$00 (três milhões de escudos) Sócios : Jorge Gomes de Oliveira,
2.400.000$00 (dois milhões e quatrocentos mil escudos) e Sidónio Humberto Gomes
Oliveira 600.000$00 (seiscentos mil escudos) sede: Rua dos Murças, 22.
Falecimento num Sábado a 3 de Janeiro de 1959 com 69 anos a ex sócia e
Fundadora da Sociedade Leonor da Conceição Gomes Oliveira (saiu da sociedade 4
anos antes do seu falecimento a 15 de Fevereiro de 1955 registado com escritura de
alteração de 5 de Março de 1955).
Escritura 12 de Abril de 1977 (Lavrada folha 43 verso do Livro 362- B) Cartório
Notarial de Câmara de Lobos - Notário Dr. Manuel Figueira de Andrade - Aumento de
Capital e alteração do Pacto Social – entrada de novos sócios José Rui Jardim
Rodrigues e Ferdinando Gomes Gonçalves.
Arrendamento a 29 de Março de 1979 do espaço comercial Rua dos Murças nº 34
onde foi instalado o estabelecimento comercial Arte Ricamo.
Escritura 12 de Maio de 1980 (Lavrada na folha 39 a folha 42 verso do Livro 385-
B) Cartório Notarial de Câmara de Lobos - Notário Dr. Manuel Figueira de Andrade -
Reforço de Capital.
Nascido a 5 de Maio de 1913 faleceu a 27 de Abril de 1983 o ultimo sócio
fundador da sociedade Jorge Gomes de Oliveira com 69 anos com a mesma idade de
sua mãe.
Escritura de Alteração 26 de Maio de 1983 (Lavrada na folha 64 a folha 66 verso
do Livro 415- A) Cartório Notarial de Câmara de Lobos - Notário Dr. Manuel Figueira
de Andrade - Alteração do Pacto Social.
11
Escritura de 20 de Setembro de 1983 (Lavrada na folha 72 a folha 76 verso do
Livro 404 - B) Cartório Notarial de Câmara de Lobos - Notário Dr. Manuel Figueira de
Andrade - Transformação de sociedade Capital 40.000.000$00 (quarenta milhões de
escudos) - António Gomes de Oliveira Sucrs., Lda.
Escritura de compra de Trespasse 22 de Junho de 1990 (Lavrada na folha 38 a
folha 39 verso do Livro 472-A) Cartório Notarial de Câmara de Lobos - Notário Dr.
Manuel Figueira de Andrade - Fracção C localizada R/C na Rua dos Murças nº 2.
Falecimento do sócio José Rui Jardim Rodrigues a 23 de Outubro 1997.
Entrada da sócia viúva da sócia Maria Elisabete Martins Anjo Rodrigues.
Falecimento da sócia Laura Jesus de Castro Oliveira a 23 de Fevereiro de 2003.
Testamento da sócia Laura Jesus de Castro Oliveira que entrega a sua quota de
60% da sociedade aos três sócios existentes passando a as quotas da sociedade a ter a
seguinte proporção 00% Ferdinado Gomes Oliveira, 00% Sidónio Humberto Gomes de
Oliveira e 00% Maria Elisabete Martins Anjo Rodrigues.
Falecimento do sócio Sidónio Humberto Gomes Oliveira com 74 anos a 17 de
Dezembro 2005.
Entrada para a quota indivisa de Maria Dolores de Sousa oliveira Rodrigues,
Emanuel Egídio de Sousa Oliveira, Carlos Alberto de Sousa Oliveira e Sidónio João de
Sousa Oliveira.
Falecimento da sócia Maria Elisabete Martins Anjo Rodrigues em Fevereiro 2006.
Entrada da sócia Carla Martins Anjo Rodrigues.
(Os dados de alterações acima descritos, foram ditados pelo Sr. Emanuel
Oliveira).
3.º Antes de 1941, não tenho a certeza, mas depois desta data começamos com 3
trabalhadores evoluindo até aos 80. Presentemente e devido às conjunturas, só temos 28,
dos quais trabalhadores na fábrica bem como nas lojas de venda ao público.
4.º Foi precisamente, com o registo da insígnia e a marca a grande estratégia de
crescimento.
O símbolo judaico era a base desse crescimento. O meu tio, não era judeu, mas era
conhecido como “O Judeu”. Aproveitou toda essa situação para “fazer dinheiro” e
fazendo negócio com os judeus que passavam na Madeira a caminho dos Estados
Unidos da América. Como é do conhecimento geral, os judeus são muito unidos, então
12
meu tio aproveitou-se dessa situação para fazer promoção. Há uma história engraçada
entre um judeu e meu tio. Esse homem passou por cá, sem nada, sem dinheiro. Então
pediu a meu tio que o ajudasse. Meu tio emprestou-lhe dinheiro. Esse homem foi para
África do Sul e mais tarde abriu uma loja que se tornou a nossa representante em África
do Sul (recentemente já não existe). Tenho pena de não ter documentos dessa altura,
mas foi assim mesmo.
Na estratégia de crescimento, incluo o crescimento deste negócio, em 1979 a
abertura da loja ao público “Arte Ricamo” e em 1980, abrimos o 2.º Bazar Oliveiras na
Rua da Alfândega.
5.º Neste momento, apenas tentamos manter tudo aquilo que temos. Os tempos são
difíceis, como sabes, já reduzimos e em muito, pessoal, aliás já o tinha dito. Vamos
esperar e ver a conjuntura a nível mundial o que nos traz de novo.
6.º Duma vez por todas, é necessário preservar este património. São gerações e
gerações de madeirenses que estiveram e estão ligados a este sector.
Cada vez é mais complicado devido a este tipo de trabalho ser feito à mão. As
concorrências, os falsos bordados e todos os facilitismos que dai advêm, estão a “matar”
esta grande arte. Em minha opinião, temos que adaptar as novas tecnologias a esta arte,
senão acredito que mais cedo ou mais tarde, a actividade “morrerá”. A lei dos bordados
tem que mudar. Está velha, vem de 1941, já se passou muito tempo. Temos que ter
autorização para pode-lo usar em outras actividades. Infelizmente o seu uso é muito
restrito e “preso” a leis antigas.
Vamos ver o que o futuro nos reserva. Aguardamos calmamente o evoluir da
situação.
4.2 Sondagem realizada a funcionários da Empresa
Foi realizada, aos possíveis funcionários da Empresa com o intuito de se saber se
os mesmos conhecem, além da marca “Bazar Oliveiras” e a sua importância se o
Bordado Madeira é de importância para a economia da Região Autónoma da Madeira.
Para o efeito, foram feitas, a 5 funcionários as seguintes perguntas:
1.º Sabe qual a importância do “Bordado Madeira” na Economia Madeirense?
13
2.º Acha que a manutenção da Marca “Bazar Oliveiras” tem influência da Ilha, no
exterior?
3.º Qual a sua opinião, sobre a manutenção da Empresa e a sua manutenção
futura?
4.º Qual a contribuição dada por si na Missão de sucesso da Empresa?
Maria Helena Campos Gomes Gonçalves, vendedora de loja, 45 anos de idade,
admitida na Empresa a 1 de Janeiro de 1984.
1.º É um factor prioritário. A nossa maior e mais forte riqueza, está no bordado.
Além disso, emprega muita gente, ainda mais a nível rural, salvaguardando a
subsistência de muitas famílias madeirenses.
2.º A Marca garante a originalidade do produto e com isso é associada a Ilha da
Madeira, através dessa Marca.
Vêm cá, muitos turistas pela primeira vez e acompanham-se do cartão da
Empresa, esse cartão foi dado a eles, por outros que já tinham cá estado, como se pode
constatar, a Ilha é, além de outras razões, conhecida por esta Marca, no seu exterior.
3.º O melhor está a ser feito, cada vez mais temos que criar novas soluções e nos
adaptarmos a novas situações novas no mercado. Temos que fazer novos “sistemas” de
publicidade com a intenção de chegar mais rápido ao nosso cliente. Temos que criar
novidades, com o bordado. O cliente, antes comprava o que havia, agora, é muito mais
exigente. Temos que criar ao gosto dele.
4.º Tudo o que está ao meu alcance. Quando tenho ideias, executo-as. Estou
sempre a pensar no cliente e naquilo que ele procura. As imagens dentro das lojas não
podem ser estáticas, têm que mudar de vez em quando, eu tento sempre fazer isso, com
isso tentando melhorar as próprias vendas.
Virgílio Gomes de Freitas, vendedor de loja, 58 anos de idade, admitido na
Empresa a 1 de Junho de 1966. Este senhor tem a função de convidar clientes (turistas)
que passam nas ruas.
14
1.º Pelos anos que eu tenho, posso dizer que esta laboração é uma das mais
importantes que existem na Ilha da Madeira. Se você ver, o que é que temos para dar,
nosso? É o bordado e o vinho, mas o vinho gasta-se e o bordado fica para sempre.
2.º Eu posso mesmo afirmar que isso é verdade. A minha vida, é estar na rua,
tantos turistas passam por aqui, com saquinhos, com cartões, com fotografias que
amigos tiraram para vir comprar bordados. Esta marca garante aos turistas que o
produto vendido é verdadeiro, não é como esses produtos “chineses” que andam por aí a
ser vendidos. Até tem turistas que vêm muitas vezes à Madeira e vêm sempre aqui
comprar mais umas coisinhas.
3.º Pelo que conheço dos meus patrões, o melhor está a ser feito. Sentimos um
pouco a falta de clientes, mas quem não sente? O mundo está “louco”. Temos que ter
paciência e não desesperar. Temos que esperar que dias melhores venham.
4.º Eu já trabalho neste ramo, já lá vai 34 anos. Sempre dei o meu melhor e vou
continuar a dar. É o nosso “pãozinho” e gosto também de fazer o que faço. Nesta arte e
no trabalho que eu faço, é preciso saber tratar e chamar os turistas. Por isso já estou há
muitos anos aqui. Vai haver tempos melhores. Eu sempre acreditei e acredito que as
coisas vão melhorar.
Maria Manuela Teixeira da Silva Nunes, vendedora de loja, 53 anos de idade,
admitida da Empresa a 2 de Janeiro de 1978.
1.º Não é estar a defender o meu ganha-pão, mas esta arte é muito importante na
economia desta ilha. O turista que vem à Ilha, procura sempre umas coisas para
comprar, os bordados são uma referência da Ilha. Além das pessoas que trabalham cá,
muitas pessoas, de fora, famílias inteiras fazem bordado que depois é vendido cá. Nós
temos a fábrica e fazemos também bordado, mas também outras pessoas bordam para
nós, os tempos tão difíceis e o patrão não pode contratar definitivamente mais gente.
2.º Sem dúvida. A Marca veio para ficar. Eles (turistas) passam de palavra a
palavra as coisas. Eu vejo isso, aqui na loja. Às vezes, ele até parece que já estiveram
15
cá, foi família, amigos e outras pessoas que disseram. Esta Marca deve ficar por muitos
e muitos mais anos.
3.º Olhe, as coisas estão um pouco difíceis. Mas é preciso não baixar as mãos,
temos que acreditar e continuar a trabalhar para que isto continue. A Empresa, com boa
vontade de todos, nunca acabará. As crises vêm e vão. É preciso saber dar respostas a
clientes cada vez mais exigentes. Não é difícil, tem é que haver boa vontade de todos.
4.º A minha missão aqui, é igual a todos os outros colegas. Temos que continuar a
dar o nosso melhor, trabalhar sério, que venceremos todas as dificuldades.
Maria Elisabete Fernandes Correia de Sousa, vendedora de loja, 53 anos de idade,
admitida da Empresa a 1 de Agosto de 1979.
1.º Muito importante para a Madeira que vive do turismo. Muito mais importante
que o vinho. É uma indústria que emprega muita mão-de-obra como subsistência
familiar.
2.º A Marca foi e continua a ser importantíssima. Os turistas trazem sacos com o
desenho da marca, oferecidos por outros turistas e vêm cá comprar. O destino turístico é
conhecido pelas suas marcas, eles associam esta marca à Ilha. Já se via isso, mas ficou
mais evidente depois do aluvião de 20 de Fevereiro. Tive pessoas estrangeiras, que
nunca tinham estado na Madeira, mas tinham cartões nossos, então ligavam para cá a
perguntar se a loja estava boa, se não tinha acontecido nada e que queriam visitar a loja,
com a intenção de comprar bordados. É engraçado.
3.º Penso que estamos bem e temos fé no futuro. As minhas colegas dizem que sou
uma mulher de fé, mas eu não sou pessimista e acredito que as coisas vão melhorar.
Como dizem, talvez dois anos para que se consiga recuperar e vendermos como
vendíamos, estou esperançada na melhoria.
4.º Dei e dou tudo. Neste momento, não penso em mais nada. Eu não falo bem as
línguas estrangeiras, mas as minhas colegas até são minhas testemunhas, eu dou sempre
16
o meu melhor e vou continuar a dar para que o “Bazar Oliveiras” continue a ter a fama e
a laborar sempre muito bem.
Maria Alcinda Fernandes das Fontes, estampadeira, 49 anos de idade, admitida da
Empresa a 1 de Novembro de 1979.
1.º Muito importante. O Bordado Madeira marca a diferença.
2.º A essa pergunta, não sei responder.
3.º Faz perguntas difíceis (ri). Devemos fazer trabalhos mais simples para se poder
vender. Para os trabalhos ricos, não está muito fácil.
4.º Sim, muito. Tenho dado sempre o meu melhor, todos os dias. As coisas estão
difíceis, mas dou sempre o meu melhor, é bom para eles e é bom para nós. Se eles não
vendem, ficamos numa situação muito difícil (referia-se ao seu ordenado, o seu
sustento).
5. CONCLUSÃO
Não tenhamos dúvidas que a criação duma marca num produto é de muita
importância. Além de marcar uma região e um local, é um meio de promoção ideal para
uma terra que se diz de turismo. Esta marca e tantas outras, deve ser preservada ao
longo de muitos anos. Prova disso é que desde o funcionário mais culto ao mais
humilde, embora por vezes não se saiba expressar muito bem, acha que a marca dum
produto é deveras muito importante e dá uma imagem fidedigna desse produto.
Devido ás imitações do produto, as fiscalizações deverão existir com mais
frequência.
O Conservadorismo deverá, embora com um certo controlo, ser ultrapassado, para
que os criadores dêem azo à sua imaginação e ainda mais o bordado seja conhecido.
Penso que ainda estamos no bom caminho, continuando a dar importância a este
produto como divulgação e como oferta regional a todos aqueles que nos visitam.
17
Prova disso é a evolução que os “Bordados Oliveiras” sofreram. Está claro que, os
tempos são difíceis, para esta e outras tantas artes existentes nesta nossa Ilha, continuam
a marcar a nossa diferença.
Torna-se necessário não “baixar as mãos”, continuando a acreditar que a sua
preservação dará os seus frutos, como em outros tempos mais prósperos, já o tinha
dado.
18
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
AGUIAR, Armando de. O Mundo que os portugueses criaram (1951)
Edição: Empresa Nacional de Publicidade de Lisboa
http://www.oliveirasbordados.com.pt/ acedido a 1 de Junho de 2010
http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=819594 acedido a 8 de Junho de
2010
http://www.arquivo-madeira.org:81/bds/passaportespt/CListaPassaplist.asp?start=41
acedido a 8 de Junho de 2010
www.ceha-madeira.netbordadoBORDADO-livro.pdf acedido a 11 de Junho de 2010
http://www.sir-madeira.org/WebRoot/Sir/Shops/sir-madeira/MediaGallery/bordado.pdf
acedido a 11 de Junho de 2010
http://www.arquivo-madeira.org/index.php acedido a 11 de Junho de 2010
19
ANEXOS
20
ANEXO I
21
ANEXO II
22
23
24
25
26
27
28
29
ANEXO III
30
ANEXO IV
31
ANEXO V

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  • 1. Instituto Superior de Ciências Educativas BAZAR OLIVEIRAS Marca Licenciatura em Turismo UC: História Sócio Económica do Turismo 1.º Ano – 2.º Semestre Docentes: Dr. Nuno Abranja Dr.ª Ana Marques Discente: Carlos Alberto Ferreira Pereira de Abreu Aluno N.º 40109 – TB Junho 2010
  • 2. 2 INDICE 1. INTRODUÇÃO -------------------------------------------------------------------- 3 2. METODOLOGIA ----------------------------------------------------------------- 3 3. CORPO DO TRABALHO------------------------------------------------------- 6 3.1 Descrição da Marca ------------------------------------------------------- 6 4. ESTUDO----------------------------------------------------------------------------- 6 4.1 Entrevista ------------------------------------------------------------------- 6 4.2 Sondagem realizada a funcionários da Empresa ------------------- 12 5. CONCLUSÃO---------------------------------------------------------------------- 16 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ------------------------------------------- 18 ANEXOS-------------------------------------------------------------------------------- 19 I - Cartão de Visita ------------------------------------------------------------ 20 II - Escritura -------------------------------------------------------------------- 21 III - Insígnia--------------------------------------------------------------------- 29 IV - Marca----------------------------------------------------------------------- 30 V – Outros documentos de interesse --------------------------------------- 31
  • 3. 3 1. INTRODUÇÃO A Ilha da Madeira, não só é conhecida internacionalmente, pelas suas belezas naturais. Entre o seu clima, os seus jardins, as suas variedades de plantas e flores, temos o “Bordado Madeira”, produto presente na ilha, desde o início do seu povoamento. Este produto é marca mais do que suficiente para projectar a Ilha além fronteiras, como promoção inequívoca da tão conhecida “Pérola do Atlântico”. Foi nesta perspectiva que resolvi escolher este tema, sabendo que, através da sua marca, o elo de ligação entre esta ilha e o resto do mundo, nunca deixará de existir. Falarei sobre o Bordado Madeira como mercadoria, tentando explicar um pouco da sua evolução ao longo dos tempos. Falarei também um pouco sobre a história da família Oliveiras e da importância da marca da empresa como símbolo de divulgação deste produto. Farei uma entrevista ao neto do criador da empresa, o Sócio Gerente, Sr. Emanuel Egídio de Sousa Oliveira, na tentativa de compreender as estratégias de venda e de crescimento da própria empresa. Farei ainda, uma pequena sondagem a alguns funcionários tentando com isso relacionar os seus conhecimentos no sentido de associarem a marca do produto à venda e o que acham sobre esta ocupação económica no que diz respeito à parte económica da Região Autónoma da Madeira. Finalmente, farei uma pequena conclusão, juntando todos estes “pontos” na divulgação do próprio destino Madeira 2. METODOLOGIA A afirmação do “Bordado Madeira” como mercadoria, começa a tornar-se evidente, só a partir me meados do século XIX, com peso muito significativo em trocas comerciais. Diz-se que esta iniciativa teve início com Miss Phelps, descendente de uns negociantes ingleses radicados na Ilha da Madeira desde o final do século XIX., abrindo assim, caminho para o mercado britânico tornando-se a sua dimensão num produto mercantil de grande procura e valorização, pelo mercado estrangeiro. Devido a estas mudanças tornaram claro garantir uma continuidade do processo de fabrico e de circulação, nascendo as “casas de bordados” e com isso o produto foi tendo
  • 4. 4 uma evolução técnica no seu fabrico, regulamentando-se de acordo com as exigências dos novos clientes. Em simultâneo, esta actividade deixa de ser uma forma de lazer, tornando-se numa actividade de subsistência, num trabalho exercido a tempo inteiro. A partir de 1850, as casas de bordados começam a aparecer, “alimentando” o interesse de muitos estrangeiros, dos quais podemos destacar os ingleses, alemães, norte-americanos e sírios, conduzindo por isso, o processo artesanal para um processo mais industrializado. Devido à situação económica que se vivia na ilha, o bordado madeira aparece como uma “tábua de salvação”, pois o trabalho na agricultura era de muito difícil subsistência. Junto com as lides caseiras, as mulheres de então conseguiam organizar-se e não deixaram de perder esta oportunidade económica para a sobrevivência das famílias. Como é do conhecimento geral, a travessia de duas guerras mundiais, na primeira metade do século XX, foi um período de muita dificuldade, travando a economia mundial, perdendo-se mercados, fechando-se casas, ainda mais com a agravante da concorrência de bordados de outras regiões, nomeadamente a oriental. Apesar de todas estas dificuldades, a economia local foi-se mantendo até aos dias de hoje. Dentro das várias marcas existentes na Ilha da Madeira, encontrei aquela que, pessoalmente achei, ser uma das mais apropriadas para elaboração do meu trabalho. A Empresa Oliveira Bordados, cujo início, embora na altura ainda não registado, data de 1917, tornando-se numa referência a nível mundial. Como já tive oportunidade de referir, o isolamento da ilha travava grandes lutas de sobrevivência. António Gomes D’Oliveira, era um homem de visões (a nível de negócio), futuras. António Gomes D’Oliveira, nasceu em 1877, na Ilha da Madeira, natural de São Martinho. Era filho de Manuel Carlos D’Oliveira e da sua segunda mulher, Maria Carmelita Gomes D’Oliveira. António teve 31 irmãos, fruto de 3 casamentos de seu pai. Muito cedo, com os seus 17 anos e devido aos problemas económicos vividos na altura, emigrou para Demerara-Mahaica, na Guiana, colónia inglesa que faz fronteira com a Venezuela e que tinha problemas de mão de obra, devido à absolvição da escravatura negra (esta colónia, recebe os primeiros emigrantes por volta de 1845, sendo o surto muito grande de emigrantes europeus). António teve a felicidade de ter irmãos já residentes de Demerara, estabelecidos com diversos negócios, destinando com isso o seu futuro, pois, muitos outros
  • 5. 5 emigrantes na altura tinham um destino complicado, tornando-se no fundo em “escravos”. Mais tarde, com algum dinheiro acumulado regressa à sua Terra Natal e cria uma loja de artefactos com o nome BAZAR OLIVEIRAS, na Rua das Mercês, no centro do comércio do Funchal, na época considerado a entrada da Cidade do Funchal. Entretanto, conhece Leonor Conceição Gomes Loja, sua futura esposa. Os pais de Leonor foram sempre contra este casamento devido à idade que os separava. Mas contra a vontade de tudo e de todos, casam-se nascendo desta união 6 filhos, Jorge Gomes D’Oliveira em 1913, Alzira Gomes D’Oliveira em 1915, Carmelita Gomes D’Oliveira em 1917, Clara Gomes D’Oliveira em 1923, Mercês Gomes D’Oliveira em 1928 e Sidónio Gomes D’Oliveira em 1931. Este Bazar manteve-se e António Oliveira resolveu dar os seus primeiros passos na elaboração dos seus próprios bordados. Mais tarde, em 1917, já casado, começa com uma actividade de bordados, artesanal, em sua residência num prédio rústico, situado na estrada de ligação da Levada de Santa Luzia com o Bom Sucesso. Sua mulher, Leonor Conceição Gomes D’Oliveira, tinha alguns dotes de costura, pois, era modista de blusas de ceda e camisas de noite, passando a orientar os acabamentos de bordados e entregando este tipo de trabalho a bordadeiras, por si seleccionadas. Suas filhas, depois de crescidas, naturalmente com outras colaboradoras começaram a controlar todo o processo de bordados produzidos em exclusivo para o BAZAR OLIVEIRAS. António Gomes, a 17 de Abril de 1934 faleceu, com 57 anos de idade. A gerência do estabelecimento BAZAR OLIVEIRAS, passa a ser efectuada por seu filho mais velho, Jorge Gomes D’Oliveira, com apenas 20 anos de idade e por sua mãe, Leonor da Conceição Gomes D’Oliveira, na altura com os seus 45 anos. Esta entrada do filho, deve-se ao facto que nesse tempo uma mulher não era bem aceite à frente de negócios. A laboração dos bordados, começa a ter um aumento muito significativo, tornando-se cada vez mais necessário abrir um novo estabelecimento para produção de bordados. Era um novo desafio, então Jorge Gomes D’Oliveira, junto com seu tio, irmão de seu pai, Alfredo Gomes D’Oliveira, resolvem dar continuidade a esta actividade, abrindo uma nova organização de Fábrica de Bordados, na Rua Direita.
  • 6. 6 3. CORPO DO TRABALHO 3.1 Descrição da Marca Antes do registo da marca, o “Bazar Oliveiras” e conforme já feita anteriormente, já laborava em pleno, pensando-se que os registos eram feitos em nome individual (informação do Sr. Egídio Oliveira). Prova da existência do bazar, é precisamente um cartão pessoal, relacionado com o “Bazar Oliveiras” datado de 20 de Dezembro de 1938 (anexo I). Com a crescente visão da parte de Jorge Gomes D’Oliveira, juntamente com sua mãe, Leonor Conceição Gomes D’Oliveira, constituem a primeira escritura de Sociedade, “António Gomes D’Oliveira, SUCRS.”, a 24 de Maio de 1941 (Anexo II). Os tempos que se seguiram foram de muita dificuldade a nível económico, devido à II Guerra Mundial que decorria. Com o final da II Guerra, economicamente o mundo encontrava-se em grandes dificuldades. Sendo a Madeira, no fundo uma ilha isolada, mas local de passagem de muitos navios com emigrantes para os Estados Unidos da América e sendo grande parte deles judeus, António Gomes de Oliveira, com grande visão para os negócios, resolve registar uma insígnia, composta pela Cruz de Davide, símbolo Judaico e no centro as bordadeiras tradicionais, com isso aumentando os seus lucros de venda a Judeus. Em 15 de Junho de 1953, regista a insígnia (Anexo III). Mais tarde e vendo que a sua estratégia tinha dado resultados, a 14 de Maio de 1959 regista a marca que perdura até aos nossos dias (Anexo IV). 4. ESTUDO 4.1 Entrevista Grande parte deste trabalho foi feito em estudo de campo, nomeadamente através da entrevista com o neto do Sr. António Gomes D’Oliveira e Leonor de Conceição Gomes D’Oliveira, o Sr. Emanuel Egídio de Sousa Oliveira, sócio gerente da Empresa, actualmente com 48 anos de idade, ao qual coloquei as seguintes questões: 1.º Qual o objectivo da criação do bazar? 2.º Qual foi a evolução ao longo dos anos?
  • 7. 7 3.º Qual o número de trabalhadores 4.º Quais as estratégias usadas de crescimento? 5.º Projectos futuros? 6.º Opinião sobre a actividade? 1.º A Ilha da madeira era isolada do mundo. A agricultura era um dos grandes meios de subsistência, mas devido á orografia, comercialmente não era muito lucrativa. A emigração era a solução. O meu avô tem a felicidade de emigrar com o apoio dos seus irmãos mais velhos que já o tinham feito anteriormente, crescendo-lhe com isso, uma visão mais futurista. Quando regressa á Ilha, penso que já trazia o objectivo de negócio na sua mente. O bordado madeira já existia e era na altura muito cobiçado por grandes famílias inglesas. Como ele devia primar pela boa qualidade, entendeu juntar o “produto final” (bordados) num local em que este antes de ser vendido passasse por um “processo de qualidade”, abrindo o bazar. Como meu avô tinha algum dinheiro, comprava e armazenava, para posteriormente revender os melhores bordados que se faziam na altura. 2.º Meu avô, era um homem de negócios e penso eu, com grandes ambições. Porque não juntar o útil ao agradável, ou seja, porque não criar uma fábrica de manufacturação, assim todo o produto até á venda seria de sua autoria. Foi precisamente isto que ele fez. Tinha o Bazar e em sua casa, juntamente com sua mulher, contratou algumas bordadeiras e fazia as suas criações. Foi uma grande evolução, porque ele abriu uma “fábrica”, tem local de armazenamento e neste local faz venda ao público em geral e a todos os visitantes que vinham à Madeira. Entretanto, o meu avô faleceu. Minha avó, como mulher não era aceite na sociedade madeirense à frente de negócios, então convida o seu filho mais velho (meu tio) para gerir os bordados. A procura começou a ter um aumento significativo, então, Jorge Gomes D’Oliveira, pede ajuda a seu tio Alfredo Gomes D’Oliveira (estava a estudar no Seminário Diocesano e deixou os estudos). Ambos chegaram à conclusão que teriam de mudar para umas instalações maiores. Assim o fizeram e mudaram-se para a Rua Direita, com uma nova organização de “Fábrica de Bordados”. Infelizmente, não encontro registos, como sociedade desta altura. Em 1941 é que se faz a primeira escritura de sociedade que se passou a chamar “António Gomes D’Oliveira, SUCRS.), mudando novamente de instalações para a Av. Arriaga, n.º 11.
  • 8. 8 A partir desta data, há várias alterações das escrituras e alguns acontecimentos relevantes, tais como: Escritura de Constituição da Sociedade ANTONIO GOMES DE OLIVEIRA SUCRS. 24 de Maio de 1941 (Lavrada na folha 37 do Livro 195-B ) Secretaria Notarial do Funchal - Notário Bacharel Frederico Augusto de Freitas - Rua 31 de Janeiro nº 54 (hoje 1º Cartório da Secretaria Notarial do Funchal) - Constituição Sociedade: capital 175.000$00 (Cento e Setenta e cinco mil escudos) Sócios Fundadores: Leonor Conceição Gomes de Oliveira e Jorge Gomes de Oliveira sede: Avenida Arriaga nº 11, 2º andar. 2ª Localização da Fabrica de Bordados e 1ª sede da sociedade segundo Escritura da Constituição a 24 de Maio de 1941 na Avenida Arriaga nº11, 2 andar (actuais instalações da Direcção Regional de Turismo). Entrada do 3º sócio na firma por proposta do sócio Jorge Gomes de Oliveira o seu amigo, cunhado e empregado da secção de vendas Bazar Oliveiras da Rua dos Murças nº 6, Alfredo Severiano Rocha registado na Acta nº 2 da firma no dia 5 de Março de 1945. Escritura de Alteração 20 de Março de 1945 (Lavrada na folha 37 do Livro 201-B) Secretaria Notarial do Funchal - Notário Bacharel Frederico Augusto de Freitas - Rua 31 de Janeiro nº 54 (hoje 1º Cartório da Secretaria Notarial do Funchal) - Capital 480,000$00 (Quatrocentos e oitenta mil escudos) Sócios: Leonor Conceição Gomes de Oliveira, 215.646$46 escudos, Jorge Gomes de Oliveira 239.353$54 escudos e Alfredo Severiano Rocha 25.000.00 escudos - sede : Avenida Arriaga nº 11, 2º andar. Escritura de Alteração 23 de Março de 1945 (Lavrada na folha 37 do Livro 204-B) Secretaria Notarial do Funchal - Notário Bacharel Frederico Augusto de Freitas - Rua 31 de Janeiro nº 54 (hoje 1º Cartório da Secretaria Notarial do Funchal) - Sócios: Leonor Conceição Gomes de Oliveira, Jorge Gomes de Oliveira e Alfredo Severiano Rocha - sede: Avenida Arriaga nº 11, 2º andar. Escritura de Alteração 20 de Novembro de 1947 (Lavrada na folha 83 do Livro 207-B) Secretaria Notarial do Funchal - Notário Bacharel Frederico Augusto de Freitas - Rua 31 de Janeiro nº 54 (hoje 1º Cartório da Secretaria Notarial do Funchal) - Sócios: Leonor Conceição Gomes de Oliveira, Jorge Gomes de Oliveira e Alfredo Severiano Rocha - sede: Avenida Arriaga nº 11, 2º andar. Registo na Acta nº 12 da firma de 29 de Janeiro 1952 do sócio Sidónio Humberto Gomes de Oliveira com 20 anos.
  • 9. 9 Casamento do sócio Sidónio Humberto Gomes D´Oliveira com 23 anos no dia 6 de Outubro de 1954 com Maria Dolores Marques de Sousa Oliveira com 22 anos Registo 637 Conservatória do Registo Civil no Regime de Separação Absoluta de Bens Escritura de Convenção Antenupcial de 16 de Outubro de 1954, Lº 101, Fls 82 a 83, Secretaria Notarial do Funchal 1º Cartório – Notário Licenciado Graciano Ferreira Alves. Testamentos a 3 de Dezembro de 1954 entre Sidónio Humberto Gomes de Oliveira e Maria Dolores de Sousa Oliveira - Secretaria Notarial do Funchal Notário licenciado José A. Leite Monteiro Lº 8 fls 9 Lº 8 fls 10 como salvaguarda do património do casal, visto ainda não terem filhos. Escritura de saída de sócio 26 de Janeiro de 1955 (Lavrada na folha 20 do Livro 220-B ) Secretaria Notarial do Funchal - Notário Bacharel Frederico Augusto de Freitas - Rua 31 de Janeiro nº 54 (hoje 1º Cartório da Secretaria Notarial do Funchal ) – Sócios: Leonor Conceição Gomes de Oliveira, Jorge Gomes de Oliveira, Alfredo Siveriano Rocha e Sidónio Humberto Gomes Oliveira (idade 23 anos) - sede: Rua dos Murças, 22. 3ª Localização da Fabrica Oliveiras Bordados e actual sede Rua dos Murças nº 22, 1º andar. Escritura de saída de sócio 5 de Março de 1955 ( Lavrada na folha 80 do Livro 220-B ) Secretaria Notarial do Funchal - Notário Bacharel Frederico Augusto de Freitas - Rua 31 de Janeiro nº 54 ( hoje 1º Cartório da Secretaria Notarial do Funchal ) - Sócios: Leonor Conceição Gomes de Oliveira, Jorge Gomes de Oliveira, Alfredo Siveriano Rocha e Sidónio Humberto Gomes Oliveira - (saída da sócia: fundadora da sociedade Leonor Conceição Gomes Oliveira no dia 15 de Fevereiro de 1955 ) sede: Rua dos Murças, 22. Escritura de Cessão e Aumento de Capital 27 de Abril de 1955 (Lavrada na folha 4 do Livro 221-B) Secretaria Notarial do Funchal - Notário Bacharel Frederico Augusto de Freitas - Rua 31 de Janeiro nº 54 (hoje 1º Cartório da Secretaria Notarial) - Capital Social 3.000.000$00 (três milhões de escudos), Sócios: Jorge Gomes de Oliveira, 2.100.000$00 (dois milhões e cem mil escudos), Alfredo Severiano Rocha, 450.000$00 (quatrocentos e cinquenta mil escudos) e Sidónio Humberto Gomes Oliveira, 450.000$00 (quatrocentos e cinquenta mil escudos) - sede : Rua dos Murças, 22. Falecimento do sócio Alfredo Severiano Rocha a 12 Dezembro de 1956.
  • 10. 10 Escritura de Alteração Cessão 15 de Julho de 1958 (Lavrada na folha 37 do Livro 227-B) Secretaria Notarial do Funchal - Notário Bacharel Frederico Augusto de Freitas - Rua 31 de Janeiro nº 54 (hoje 1º Cartório da Secretaria Notarial do Funchal) - Capital Social 3.000.000$00 (três milhões de escudos) Sócios: Jorge Gomes de Oliveira, 2.100.000$00 (dois milhões e cem mil escudos) Maria Alzira Gomes Rocha 450.000$00 (quatrocentos e cinquenta mil escudos) e Sidónio Humberto Gomes Oliveira 450.000$00 (quatrocentos e cinquenta mil escudos) sede: Avenida Rua dos Murças 22 Cessão da sócia - Maria Alzira Gomes D´Oliveira Rocha. Escritura de Alteração 7 de Outubro de 1958 (Lavrada na folha 10 do Livro 228- B) Secretaria Notarial do Funchal - Notário Bacharel Frederico Augusto de Freitas - Rua 31 de Janeiro nº 54 ( hoje 1º Cartório da Secretaria Notarial do Funchal ) - Capital Social 3.000.000$00 (três milhões de escudos) Sócios : Jorge Gomes de Oliveira, 2.400.000$00 (dois milhões e quatrocentos mil escudos) e Sidónio Humberto Gomes Oliveira 600.000$00 (seiscentos mil escudos) sede: Rua dos Murças, 22. Falecimento num Sábado a 3 de Janeiro de 1959 com 69 anos a ex sócia e Fundadora da Sociedade Leonor da Conceição Gomes Oliveira (saiu da sociedade 4 anos antes do seu falecimento a 15 de Fevereiro de 1955 registado com escritura de alteração de 5 de Março de 1955). Escritura 12 de Abril de 1977 (Lavrada folha 43 verso do Livro 362- B) Cartório Notarial de Câmara de Lobos - Notário Dr. Manuel Figueira de Andrade - Aumento de Capital e alteração do Pacto Social – entrada de novos sócios José Rui Jardim Rodrigues e Ferdinando Gomes Gonçalves. Arrendamento a 29 de Março de 1979 do espaço comercial Rua dos Murças nº 34 onde foi instalado o estabelecimento comercial Arte Ricamo. Escritura 12 de Maio de 1980 (Lavrada na folha 39 a folha 42 verso do Livro 385- B) Cartório Notarial de Câmara de Lobos - Notário Dr. Manuel Figueira de Andrade - Reforço de Capital. Nascido a 5 de Maio de 1913 faleceu a 27 de Abril de 1983 o ultimo sócio fundador da sociedade Jorge Gomes de Oliveira com 69 anos com a mesma idade de sua mãe. Escritura de Alteração 26 de Maio de 1983 (Lavrada na folha 64 a folha 66 verso do Livro 415- A) Cartório Notarial de Câmara de Lobos - Notário Dr. Manuel Figueira de Andrade - Alteração do Pacto Social.
  • 11. 11 Escritura de 20 de Setembro de 1983 (Lavrada na folha 72 a folha 76 verso do Livro 404 - B) Cartório Notarial de Câmara de Lobos - Notário Dr. Manuel Figueira de Andrade - Transformação de sociedade Capital 40.000.000$00 (quarenta milhões de escudos) - António Gomes de Oliveira Sucrs., Lda. Escritura de compra de Trespasse 22 de Junho de 1990 (Lavrada na folha 38 a folha 39 verso do Livro 472-A) Cartório Notarial de Câmara de Lobos - Notário Dr. Manuel Figueira de Andrade - Fracção C localizada R/C na Rua dos Murças nº 2. Falecimento do sócio José Rui Jardim Rodrigues a 23 de Outubro 1997. Entrada da sócia viúva da sócia Maria Elisabete Martins Anjo Rodrigues. Falecimento da sócia Laura Jesus de Castro Oliveira a 23 de Fevereiro de 2003. Testamento da sócia Laura Jesus de Castro Oliveira que entrega a sua quota de 60% da sociedade aos três sócios existentes passando a as quotas da sociedade a ter a seguinte proporção 00% Ferdinado Gomes Oliveira, 00% Sidónio Humberto Gomes de Oliveira e 00% Maria Elisabete Martins Anjo Rodrigues. Falecimento do sócio Sidónio Humberto Gomes Oliveira com 74 anos a 17 de Dezembro 2005. Entrada para a quota indivisa de Maria Dolores de Sousa oliveira Rodrigues, Emanuel Egídio de Sousa Oliveira, Carlos Alberto de Sousa Oliveira e Sidónio João de Sousa Oliveira. Falecimento da sócia Maria Elisabete Martins Anjo Rodrigues em Fevereiro 2006. Entrada da sócia Carla Martins Anjo Rodrigues. (Os dados de alterações acima descritos, foram ditados pelo Sr. Emanuel Oliveira). 3.º Antes de 1941, não tenho a certeza, mas depois desta data começamos com 3 trabalhadores evoluindo até aos 80. Presentemente e devido às conjunturas, só temos 28, dos quais trabalhadores na fábrica bem como nas lojas de venda ao público. 4.º Foi precisamente, com o registo da insígnia e a marca a grande estratégia de crescimento. O símbolo judaico era a base desse crescimento. O meu tio, não era judeu, mas era conhecido como “O Judeu”. Aproveitou toda essa situação para “fazer dinheiro” e fazendo negócio com os judeus que passavam na Madeira a caminho dos Estados Unidos da América. Como é do conhecimento geral, os judeus são muito unidos, então
  • 12. 12 meu tio aproveitou-se dessa situação para fazer promoção. Há uma história engraçada entre um judeu e meu tio. Esse homem passou por cá, sem nada, sem dinheiro. Então pediu a meu tio que o ajudasse. Meu tio emprestou-lhe dinheiro. Esse homem foi para África do Sul e mais tarde abriu uma loja que se tornou a nossa representante em África do Sul (recentemente já não existe). Tenho pena de não ter documentos dessa altura, mas foi assim mesmo. Na estratégia de crescimento, incluo o crescimento deste negócio, em 1979 a abertura da loja ao público “Arte Ricamo” e em 1980, abrimos o 2.º Bazar Oliveiras na Rua da Alfândega. 5.º Neste momento, apenas tentamos manter tudo aquilo que temos. Os tempos são difíceis, como sabes, já reduzimos e em muito, pessoal, aliás já o tinha dito. Vamos esperar e ver a conjuntura a nível mundial o que nos traz de novo. 6.º Duma vez por todas, é necessário preservar este património. São gerações e gerações de madeirenses que estiveram e estão ligados a este sector. Cada vez é mais complicado devido a este tipo de trabalho ser feito à mão. As concorrências, os falsos bordados e todos os facilitismos que dai advêm, estão a “matar” esta grande arte. Em minha opinião, temos que adaptar as novas tecnologias a esta arte, senão acredito que mais cedo ou mais tarde, a actividade “morrerá”. A lei dos bordados tem que mudar. Está velha, vem de 1941, já se passou muito tempo. Temos que ter autorização para pode-lo usar em outras actividades. Infelizmente o seu uso é muito restrito e “preso” a leis antigas. Vamos ver o que o futuro nos reserva. Aguardamos calmamente o evoluir da situação. 4.2 Sondagem realizada a funcionários da Empresa Foi realizada, aos possíveis funcionários da Empresa com o intuito de se saber se os mesmos conhecem, além da marca “Bazar Oliveiras” e a sua importância se o Bordado Madeira é de importância para a economia da Região Autónoma da Madeira. Para o efeito, foram feitas, a 5 funcionários as seguintes perguntas: 1.º Sabe qual a importância do “Bordado Madeira” na Economia Madeirense?
  • 13. 13 2.º Acha que a manutenção da Marca “Bazar Oliveiras” tem influência da Ilha, no exterior? 3.º Qual a sua opinião, sobre a manutenção da Empresa e a sua manutenção futura? 4.º Qual a contribuição dada por si na Missão de sucesso da Empresa? Maria Helena Campos Gomes Gonçalves, vendedora de loja, 45 anos de idade, admitida na Empresa a 1 de Janeiro de 1984. 1.º É um factor prioritário. A nossa maior e mais forte riqueza, está no bordado. Além disso, emprega muita gente, ainda mais a nível rural, salvaguardando a subsistência de muitas famílias madeirenses. 2.º A Marca garante a originalidade do produto e com isso é associada a Ilha da Madeira, através dessa Marca. Vêm cá, muitos turistas pela primeira vez e acompanham-se do cartão da Empresa, esse cartão foi dado a eles, por outros que já tinham cá estado, como se pode constatar, a Ilha é, além de outras razões, conhecida por esta Marca, no seu exterior. 3.º O melhor está a ser feito, cada vez mais temos que criar novas soluções e nos adaptarmos a novas situações novas no mercado. Temos que fazer novos “sistemas” de publicidade com a intenção de chegar mais rápido ao nosso cliente. Temos que criar novidades, com o bordado. O cliente, antes comprava o que havia, agora, é muito mais exigente. Temos que criar ao gosto dele. 4.º Tudo o que está ao meu alcance. Quando tenho ideias, executo-as. Estou sempre a pensar no cliente e naquilo que ele procura. As imagens dentro das lojas não podem ser estáticas, têm que mudar de vez em quando, eu tento sempre fazer isso, com isso tentando melhorar as próprias vendas. Virgílio Gomes de Freitas, vendedor de loja, 58 anos de idade, admitido na Empresa a 1 de Junho de 1966. Este senhor tem a função de convidar clientes (turistas) que passam nas ruas.
  • 14. 14 1.º Pelos anos que eu tenho, posso dizer que esta laboração é uma das mais importantes que existem na Ilha da Madeira. Se você ver, o que é que temos para dar, nosso? É o bordado e o vinho, mas o vinho gasta-se e o bordado fica para sempre. 2.º Eu posso mesmo afirmar que isso é verdade. A minha vida, é estar na rua, tantos turistas passam por aqui, com saquinhos, com cartões, com fotografias que amigos tiraram para vir comprar bordados. Esta marca garante aos turistas que o produto vendido é verdadeiro, não é como esses produtos “chineses” que andam por aí a ser vendidos. Até tem turistas que vêm muitas vezes à Madeira e vêm sempre aqui comprar mais umas coisinhas. 3.º Pelo que conheço dos meus patrões, o melhor está a ser feito. Sentimos um pouco a falta de clientes, mas quem não sente? O mundo está “louco”. Temos que ter paciência e não desesperar. Temos que esperar que dias melhores venham. 4.º Eu já trabalho neste ramo, já lá vai 34 anos. Sempre dei o meu melhor e vou continuar a dar. É o nosso “pãozinho” e gosto também de fazer o que faço. Nesta arte e no trabalho que eu faço, é preciso saber tratar e chamar os turistas. Por isso já estou há muitos anos aqui. Vai haver tempos melhores. Eu sempre acreditei e acredito que as coisas vão melhorar. Maria Manuela Teixeira da Silva Nunes, vendedora de loja, 53 anos de idade, admitida da Empresa a 2 de Janeiro de 1978. 1.º Não é estar a defender o meu ganha-pão, mas esta arte é muito importante na economia desta ilha. O turista que vem à Ilha, procura sempre umas coisas para comprar, os bordados são uma referência da Ilha. Além das pessoas que trabalham cá, muitas pessoas, de fora, famílias inteiras fazem bordado que depois é vendido cá. Nós temos a fábrica e fazemos também bordado, mas também outras pessoas bordam para nós, os tempos tão difíceis e o patrão não pode contratar definitivamente mais gente. 2.º Sem dúvida. A Marca veio para ficar. Eles (turistas) passam de palavra a palavra as coisas. Eu vejo isso, aqui na loja. Às vezes, ele até parece que já estiveram
  • 15. 15 cá, foi família, amigos e outras pessoas que disseram. Esta Marca deve ficar por muitos e muitos mais anos. 3.º Olhe, as coisas estão um pouco difíceis. Mas é preciso não baixar as mãos, temos que acreditar e continuar a trabalhar para que isto continue. A Empresa, com boa vontade de todos, nunca acabará. As crises vêm e vão. É preciso saber dar respostas a clientes cada vez mais exigentes. Não é difícil, tem é que haver boa vontade de todos. 4.º A minha missão aqui, é igual a todos os outros colegas. Temos que continuar a dar o nosso melhor, trabalhar sério, que venceremos todas as dificuldades. Maria Elisabete Fernandes Correia de Sousa, vendedora de loja, 53 anos de idade, admitida da Empresa a 1 de Agosto de 1979. 1.º Muito importante para a Madeira que vive do turismo. Muito mais importante que o vinho. É uma indústria que emprega muita mão-de-obra como subsistência familiar. 2.º A Marca foi e continua a ser importantíssima. Os turistas trazem sacos com o desenho da marca, oferecidos por outros turistas e vêm cá comprar. O destino turístico é conhecido pelas suas marcas, eles associam esta marca à Ilha. Já se via isso, mas ficou mais evidente depois do aluvião de 20 de Fevereiro. Tive pessoas estrangeiras, que nunca tinham estado na Madeira, mas tinham cartões nossos, então ligavam para cá a perguntar se a loja estava boa, se não tinha acontecido nada e que queriam visitar a loja, com a intenção de comprar bordados. É engraçado. 3.º Penso que estamos bem e temos fé no futuro. As minhas colegas dizem que sou uma mulher de fé, mas eu não sou pessimista e acredito que as coisas vão melhorar. Como dizem, talvez dois anos para que se consiga recuperar e vendermos como vendíamos, estou esperançada na melhoria. 4.º Dei e dou tudo. Neste momento, não penso em mais nada. Eu não falo bem as línguas estrangeiras, mas as minhas colegas até são minhas testemunhas, eu dou sempre
  • 16. 16 o meu melhor e vou continuar a dar para que o “Bazar Oliveiras” continue a ter a fama e a laborar sempre muito bem. Maria Alcinda Fernandes das Fontes, estampadeira, 49 anos de idade, admitida da Empresa a 1 de Novembro de 1979. 1.º Muito importante. O Bordado Madeira marca a diferença. 2.º A essa pergunta, não sei responder. 3.º Faz perguntas difíceis (ri). Devemos fazer trabalhos mais simples para se poder vender. Para os trabalhos ricos, não está muito fácil. 4.º Sim, muito. Tenho dado sempre o meu melhor, todos os dias. As coisas estão difíceis, mas dou sempre o meu melhor, é bom para eles e é bom para nós. Se eles não vendem, ficamos numa situação muito difícil (referia-se ao seu ordenado, o seu sustento). 5. CONCLUSÃO Não tenhamos dúvidas que a criação duma marca num produto é de muita importância. Além de marcar uma região e um local, é um meio de promoção ideal para uma terra que se diz de turismo. Esta marca e tantas outras, deve ser preservada ao longo de muitos anos. Prova disso é que desde o funcionário mais culto ao mais humilde, embora por vezes não se saiba expressar muito bem, acha que a marca dum produto é deveras muito importante e dá uma imagem fidedigna desse produto. Devido ás imitações do produto, as fiscalizações deverão existir com mais frequência. O Conservadorismo deverá, embora com um certo controlo, ser ultrapassado, para que os criadores dêem azo à sua imaginação e ainda mais o bordado seja conhecido. Penso que ainda estamos no bom caminho, continuando a dar importância a este produto como divulgação e como oferta regional a todos aqueles que nos visitam.
  • 17. 17 Prova disso é a evolução que os “Bordados Oliveiras” sofreram. Está claro que, os tempos são difíceis, para esta e outras tantas artes existentes nesta nossa Ilha, continuam a marcar a nossa diferença. Torna-se necessário não “baixar as mãos”, continuando a acreditar que a sua preservação dará os seus frutos, como em outros tempos mais prósperos, já o tinha dado.
  • 18. 18 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: AGUIAR, Armando de. O Mundo que os portugueses criaram (1951) Edição: Empresa Nacional de Publicidade de Lisboa http://www.oliveirasbordados.com.pt/ acedido a 1 de Junho de 2010 http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=819594 acedido a 8 de Junho de 2010 http://www.arquivo-madeira.org:81/bds/passaportespt/CListaPassaplist.asp?start=41 acedido a 8 de Junho de 2010 www.ceha-madeira.netbordadoBORDADO-livro.pdf acedido a 11 de Junho de 2010 http://www.sir-madeira.org/WebRoot/Sir/Shops/sir-madeira/MediaGallery/bordado.pdf acedido a 11 de Junho de 2010 http://www.arquivo-madeira.org/index.php acedido a 11 de Junho de 2010
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