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Diálogo Diário de Segurança, Meio Ambiente e Saúde: Abraçando a Jesus

                                                                        Antonio Fernando Navarro

Dizem os especialistas que não se deve associar a religião ou a religiosidade com as questões de
trabalho, já que, a exemplo de torcidas de futebol, cada um tem sua religião ou uma forma de
olhá-la, percebê-la, senti-la. Mas, espero que a nossa abordagem aqui não seja inconveniente a
ninguém, vez que se trata de uma situação real.

Por um longo período de tempo atuamos como Coordenador de QSMS em uma série de obras de
engenharia, realizadas em terminais aquaviários, bases de distribuição de produtos derivados de
petróleo, estações de bombeio e faixas de dutos, todas nos Estados do Paraná e em Santa
Catarina.

No início de nossas atividades a prática da empresa era a da realização diária de Diálogos Diários
de Segurança, Meio Ambiente e Saúde – DDSMS. Para a empresa essa era uma nova forma de
conversar com os funcionários das empresas contratadas, de ter a oportunidade de discutir temas
relevantes com os funcionários e de aproximar essas pessoas aos demais integrantes das obras, ou
seja, possibilitar que ações simples tivessem maior impacto e que esse conduzisse a um ambiente
de trabalho saudável. Essa prática foi tão bem aceita que passou a ser incorporada pelas
empresas, e continuamente aprimorada, com os diálogos sendo conduzidos pelos encarregados
das frentes de serviços e abordando situações de riscos possíveis aos trabalhadores.

Feita essa apresentação inicial, nosso primeiro DDSMS foi em um local onde funcionava uma
oficina mecânica. O Gerente Geral dos Terminais de Santa Catarina e do Paraná (Engº Francisco
das Chagas Peixoto Marques), sempre muito preocupado para com essas questões incentivava
muito a realização desses encontros e o contínuo crescimento cultural dos membros das equipes
de prestadores de serviços, também dita força de trabalho e, posteriormente, colaboradores.
Naquele ambiente foram posicionados cerca de 10 bancos de madeira, bem feitos e pintados, de
modo que poderiam ser concentrados no local até 60 pessoas. A Engenharia, ao assumir um
elenco de obras naquele ambiente passou a ter um efetivo que chegou a ser de quase 400
pessoas, ou seja, mais de quatro vezes o efetivo total do Terminal. Assim, reunir 400 pessoas
todos os dias não seria uma tarefa das mais fáceis.

Estruturamos um plano de trabalho e o apresentamos ao Gerente Geral. Nesse, um dia na semana
seria destinado a ministrar informações sobre os cuidados com a saúde do trabalhador e a de seus
familiares, outro dia destinado a repassar informações sobre questões ambientais, um terceiro dia
para tratarmos sobre temas relacionados à segurança do trabalhador, um quarto dia para que
expuséssemos temas relativos aos riscos dos trabalhos e um sexto dia com temas livres, onde as
palestras poderiam ser dadas por qualquer pessoa que se sentisse à vontade para tal.

Já na terceira semana a média de presenças diárias passou de 18 pessoas para 60 pessoas. Sempre
com a autorização da Gerência do Terminal entramos em contato com as empresas que
prestavam serviços para a Engenharia, em torno de 15, e para o Terminal (TEFRAN), em torno de
12, para o engajamento em um novo projeto de ambiência (no ano de 2002).

Todos os dias os profissionais de SMS visitavam as instalações e orientavam os trabalhadores
quanto a ocorrência de desvios no exercício de suas atividades. Ao invés desses trabalhadores
serem chamados à atenção, passou-se a incentivar os profissionais que tinham maior nível de pro-
atividade e se encontravam alinhados à política de SMS da Contratante. Conseguimos das
empresas uma pequena verba para adquirir brindes e presentes. As pessoas que se destacavam
eram sorteadas, com o primeiro lugar ganhando um prêmio, quase sempre uma bicicleta, que era
o meio de transporte mais comum na região e outros dois prêmios de menor valor. Somente com
essa mudança e as premiações, que ocorriam a cada 45 dias a frequência média passou de 60
pessoas para mais de cento e trinta, ou seja, mais do que dobrando a frequência (não
consideramos aqui o estímulo causado com as premiações). Com a continuidade dos trabalhos a
frequência foi sendo ampliado requerendo espaço maior.

Até aquele momento, as ações tomadas em um ambiente de trabalho envolvendo muitas
empresas de vários portes e efetivos, e culturas distintas, era a de se criar um ambiente que fosse
agradável a todos. Na segunda fase do processo, ocorreu uma mudança que passou a ser um
diferencial. Um dos funcionários, que já havia sido premiado anteriormente, resolveu ser o
palestrante do dia. Ao final de seu tempo de 15 minutos pediu a todos que se reunissem do lado
de fora, fizessem um grande circulo e começaram a rezar o Pai Nosso. Por incrível que possa
parecer ninguém saiu do local e o Pai Nosso foi incorporado ao final das palestras.

O dia destinado a temas gerais passou a seu um dia em que nossa preocupação era a de levar às
pessoas temas como: influência dos relacionamentos interpessoais no ambiente de trabalho,
respeito para com os colegas, a pro-atividade como virtude e não uma obrigação e, acima de tudo,
os valores morais.
Um belo dia, um de nossos frequentadores assíduos, durante nossa palestra sobre a Segurança
das Atividades, fez uma pergunta: Coordenador será que podemos abraçar a Jesus? A pergunta
não era apropriada naquele momento, mas precisávamos responde-la. Preocupados ficamos com
a associação de nossas atividades diárias em um ambiente de elevado risco aos trabalhadores com
a religião ou temas religiosos. Também nos preocupávamos porque naquele ambiente tinham
pessoas de vários Credos e Crenças, e nossa filosofia sempre foi a de não se propagar religiões e
sim religiosidade. Então respondemos:

Qualquer um de nós pode abraçar a Jesus. Você abraça sua esposa? Abraça seus filhos? Abraça
seus irmãos e amigos? Então por que não abraçar Jesus? Quando Ele é para você o amigo querido,
a esperança certa e o apoio de todas as horas não se sinta envergonhado em Abraçá-lo. Aliás, Ele
irá gostar muito de saber que existe mais um que gosta D’Ele. Quando você O sente em seu
coração seus problemas passarão a ser menores, e você, olhando ao redor, poderá perceber que
existem pessoas com problemas maiores do que os seus. Abra os olhos e perceba Jesus a seu lado
em todos os lugares. Respeite-o respeitando seus colegas, agradecendo pelo almoço, pelo
trabalho diário, e, acima de tudo, por Ele o salvá-lo sempre, mesmo quando você se encontra
distraído e não percebe os riscos a seu redor.

Naquele dia todos saíram em silêncio e sequer se reuniram para o “Pai Nosso” diário. Mas
certamente algo mudou. A grande maioria, ou a maioria esmagadora de nossos trabalhadores
passou não só a fazer suas orações antes de iniciar suas atividades como também no final dos
trabalhos diários. A frequência média passou de 350 pessoas.

O que percebemos também foi que aquele ambiente passou a ser um ambiente de trabalho
agradável, onde não ocorriam separações pelas cores dos uniformes ou pelos títulos ou cargos nos
crachás. Eram apenas pessoas que estavam trabalhando juntas, e que passaram não só a cuidar de
si como também de seus companheiros. Não importa que se passasse mais de 2.200 dias sem a
ocorrência de nenhum acidente do trabalho.

Criou-se naquela época um ambiente de trabalho onde valia a pena entrar para ganhar com o suor
do rosto o Pão Nosso de Cada Dia, assim como era importante retornar para casa são e salvo. As
pessoas passaram a se cumprimentar quando se encontravam, passaram a se reunir depois do
almoço para pequenas conversas, passaram a dividir dúvidas e soluções.

Esta pequena mensagem é dirigida a todos aqueles que puderam compartilhar a apoiar a
realização dessas atividades (TRANSPETRO/TEFRAN e Engenharia/IETEG/IEABAST/CMSCPR) e
todas as empresas que acreditaram em um sonho, que culminou, em uma área de elevado risco,
com atividades perigosas, que cada pessoa fosse o “Anjo da Guarda” de seus companheiros.

Méritos? Foram de todos os que acreditaram na ideia de que as mudanças podem ocorrer
enquanto quando houver vontade. Muitas vezes nem é necessário nenhum recurso financeiro ou
material, mas sim Boa Vontade.

Os ganhos indiretos foram contratos cumpridos nos prazos, pessoas felizes em poder colaborar e,
acima de tudo, 2.200 dias sem qualquer acidente. Mas o maior de todos os méritos foi o de não
termos tido nenhum acidentado. As pessoas retornavam para seus lares da mesma forma que
chegavam ao trabalho. Muitos levavam os materiais de divulgação para suas casas,
compartilhando com seus filhos.

Faça você também a sua parte, em cada obra que se encontre, em cada ambiente que se esteja.
Mude para melhor o seu ambiente e os resultados chegarão a um tempo bem rápido.

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  • 1. Diálogo Diário de Segurança, Meio Ambiente e Saúde: Abraçando a Jesus Antonio Fernando Navarro Dizem os especialistas que não se deve associar a religião ou a religiosidade com as questões de trabalho, já que, a exemplo de torcidas de futebol, cada um tem sua religião ou uma forma de olhá-la, percebê-la, senti-la. Mas, espero que a nossa abordagem aqui não seja inconveniente a ninguém, vez que se trata de uma situação real. Por um longo período de tempo atuamos como Coordenador de QSMS em uma série de obras de engenharia, realizadas em terminais aquaviários, bases de distribuição de produtos derivados de petróleo, estações de bombeio e faixas de dutos, todas nos Estados do Paraná e em Santa Catarina. No início de nossas atividades a prática da empresa era a da realização diária de Diálogos Diários de Segurança, Meio Ambiente e Saúde – DDSMS. Para a empresa essa era uma nova forma de conversar com os funcionários das empresas contratadas, de ter a oportunidade de discutir temas relevantes com os funcionários e de aproximar essas pessoas aos demais integrantes das obras, ou seja, possibilitar que ações simples tivessem maior impacto e que esse conduzisse a um ambiente de trabalho saudável. Essa prática foi tão bem aceita que passou a ser incorporada pelas empresas, e continuamente aprimorada, com os diálogos sendo conduzidos pelos encarregados das frentes de serviços e abordando situações de riscos possíveis aos trabalhadores. Feita essa apresentação inicial, nosso primeiro DDSMS foi em um local onde funcionava uma oficina mecânica. O Gerente Geral dos Terminais de Santa Catarina e do Paraná (Engº Francisco das Chagas Peixoto Marques), sempre muito preocupado para com essas questões incentivava muito a realização desses encontros e o contínuo crescimento cultural dos membros das equipes de prestadores de serviços, também dita força de trabalho e, posteriormente, colaboradores. Naquele ambiente foram posicionados cerca de 10 bancos de madeira, bem feitos e pintados, de modo que poderiam ser concentrados no local até 60 pessoas. A Engenharia, ao assumir um elenco de obras naquele ambiente passou a ter um efetivo que chegou a ser de quase 400 pessoas, ou seja, mais de quatro vezes o efetivo total do Terminal. Assim, reunir 400 pessoas todos os dias não seria uma tarefa das mais fáceis. Estruturamos um plano de trabalho e o apresentamos ao Gerente Geral. Nesse, um dia na semana seria destinado a ministrar informações sobre os cuidados com a saúde do trabalhador e a de seus
  • 2. familiares, outro dia destinado a repassar informações sobre questões ambientais, um terceiro dia para tratarmos sobre temas relacionados à segurança do trabalhador, um quarto dia para que expuséssemos temas relativos aos riscos dos trabalhos e um sexto dia com temas livres, onde as palestras poderiam ser dadas por qualquer pessoa que se sentisse à vontade para tal. Já na terceira semana a média de presenças diárias passou de 18 pessoas para 60 pessoas. Sempre com a autorização da Gerência do Terminal entramos em contato com as empresas que prestavam serviços para a Engenharia, em torno de 15, e para o Terminal (TEFRAN), em torno de 12, para o engajamento em um novo projeto de ambiência (no ano de 2002). Todos os dias os profissionais de SMS visitavam as instalações e orientavam os trabalhadores quanto a ocorrência de desvios no exercício de suas atividades. Ao invés desses trabalhadores serem chamados à atenção, passou-se a incentivar os profissionais que tinham maior nível de pro- atividade e se encontravam alinhados à política de SMS da Contratante. Conseguimos das empresas uma pequena verba para adquirir brindes e presentes. As pessoas que se destacavam eram sorteadas, com o primeiro lugar ganhando um prêmio, quase sempre uma bicicleta, que era o meio de transporte mais comum na região e outros dois prêmios de menor valor. Somente com essa mudança e as premiações, que ocorriam a cada 45 dias a frequência média passou de 60 pessoas para mais de cento e trinta, ou seja, mais do que dobrando a frequência (não consideramos aqui o estímulo causado com as premiações). Com a continuidade dos trabalhos a frequência foi sendo ampliado requerendo espaço maior. Até aquele momento, as ações tomadas em um ambiente de trabalho envolvendo muitas empresas de vários portes e efetivos, e culturas distintas, era a de se criar um ambiente que fosse agradável a todos. Na segunda fase do processo, ocorreu uma mudança que passou a ser um diferencial. Um dos funcionários, que já havia sido premiado anteriormente, resolveu ser o palestrante do dia. Ao final de seu tempo de 15 minutos pediu a todos que se reunissem do lado de fora, fizessem um grande circulo e começaram a rezar o Pai Nosso. Por incrível que possa parecer ninguém saiu do local e o Pai Nosso foi incorporado ao final das palestras. O dia destinado a temas gerais passou a seu um dia em que nossa preocupação era a de levar às pessoas temas como: influência dos relacionamentos interpessoais no ambiente de trabalho, respeito para com os colegas, a pro-atividade como virtude e não uma obrigação e, acima de tudo, os valores morais.
  • 3. Um belo dia, um de nossos frequentadores assíduos, durante nossa palestra sobre a Segurança das Atividades, fez uma pergunta: Coordenador será que podemos abraçar a Jesus? A pergunta não era apropriada naquele momento, mas precisávamos responde-la. Preocupados ficamos com a associação de nossas atividades diárias em um ambiente de elevado risco aos trabalhadores com a religião ou temas religiosos. Também nos preocupávamos porque naquele ambiente tinham pessoas de vários Credos e Crenças, e nossa filosofia sempre foi a de não se propagar religiões e sim religiosidade. Então respondemos: Qualquer um de nós pode abraçar a Jesus. Você abraça sua esposa? Abraça seus filhos? Abraça seus irmãos e amigos? Então por que não abraçar Jesus? Quando Ele é para você o amigo querido, a esperança certa e o apoio de todas as horas não se sinta envergonhado em Abraçá-lo. Aliás, Ele irá gostar muito de saber que existe mais um que gosta D’Ele. Quando você O sente em seu coração seus problemas passarão a ser menores, e você, olhando ao redor, poderá perceber que existem pessoas com problemas maiores do que os seus. Abra os olhos e perceba Jesus a seu lado em todos os lugares. Respeite-o respeitando seus colegas, agradecendo pelo almoço, pelo trabalho diário, e, acima de tudo, por Ele o salvá-lo sempre, mesmo quando você se encontra distraído e não percebe os riscos a seu redor. Naquele dia todos saíram em silêncio e sequer se reuniram para o “Pai Nosso” diário. Mas certamente algo mudou. A grande maioria, ou a maioria esmagadora de nossos trabalhadores passou não só a fazer suas orações antes de iniciar suas atividades como também no final dos trabalhos diários. A frequência média passou de 350 pessoas. O que percebemos também foi que aquele ambiente passou a ser um ambiente de trabalho agradável, onde não ocorriam separações pelas cores dos uniformes ou pelos títulos ou cargos nos crachás. Eram apenas pessoas que estavam trabalhando juntas, e que passaram não só a cuidar de si como também de seus companheiros. Não importa que se passasse mais de 2.200 dias sem a ocorrência de nenhum acidente do trabalho. Criou-se naquela época um ambiente de trabalho onde valia a pena entrar para ganhar com o suor do rosto o Pão Nosso de Cada Dia, assim como era importante retornar para casa são e salvo. As pessoas passaram a se cumprimentar quando se encontravam, passaram a se reunir depois do almoço para pequenas conversas, passaram a dividir dúvidas e soluções. Esta pequena mensagem é dirigida a todos aqueles que puderam compartilhar a apoiar a realização dessas atividades (TRANSPETRO/TEFRAN e Engenharia/IETEG/IEABAST/CMSCPR) e
  • 4. todas as empresas que acreditaram em um sonho, que culminou, em uma área de elevado risco, com atividades perigosas, que cada pessoa fosse o “Anjo da Guarda” de seus companheiros. Méritos? Foram de todos os que acreditaram na ideia de que as mudanças podem ocorrer enquanto quando houver vontade. Muitas vezes nem é necessário nenhum recurso financeiro ou material, mas sim Boa Vontade. Os ganhos indiretos foram contratos cumpridos nos prazos, pessoas felizes em poder colaborar e, acima de tudo, 2.200 dias sem qualquer acidente. Mas o maior de todos os méritos foi o de não termos tido nenhum acidentado. As pessoas retornavam para seus lares da mesma forma que chegavam ao trabalho. Muitos levavam os materiais de divulgação para suas casas, compartilhando com seus filhos. Faça você também a sua parte, em cada obra que se encontre, em cada ambiente que se esteja. Mude para melhor o seu ambiente e os resultados chegarão a um tempo bem rápido.