SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 4
1
Grupo 5:

FEITIÇOS E FALHANÇOS
Peça de Teatro
(Está a Amiga numa esplanada a escrever um livro)
BRUXA – (entrando) Olha quem cá está!
AMIGA – É verdade, hoje acordei com vontade de escrever e, olha, cá estou agarrada aos papéis e à
caneta.
BRUXA – Não estava a falar para ti, estava a falar para aquela linda planta.
AMIGA – Gervália onde é que tens a cabeça? A planta está completamente seca!
BRUXA – Em primeiro lugar, as plantas de minha casa também estão todas secas e quando tu lá
vais até dizes que estão bonitas…
AMIGA – (aparte) Se eu não o disser, estou na rua…
BRUXA – E em segundo lugar, sabes muito bem que os tons castanhos condizem comigo!
AMIGA – Os gostos não se discutem... Então os teus!...
BRUXA – Mudando de conversa, ainda bem que te encontro. Aquele livro que... tirei da sala dos
professores... tem coisas fantásticas!
AMIGA – Tiraste o livro de “feitiços cor-de-rosa” da sala dos professores, sua bruxa?!...
BRUXA – Bruxa, com muito gosto. E, já agora, bruxa de terceiro grau. Enquanto tu ainda não
passas de uma bruxa de segundo grau.
AMIGA – Olha lá, tu não te atreveste a fazer nenhum feitiço dos que tinha aí no livro pois não?
BRUXA – Não, apenas passei a semana a fazê-los, mas sem grandes resultados.
AMIGA – Ai senhores! Sabes bem que é proibido fazermos feitiços fora da escola!... Ainda nos
metes numa alhada!...
BRUXA – Não te preocupes. Infelizmente, o livro deve ser falso ou já está fora de validade, porque,
até agora, nenhum feitiço deu resultado... Queres ver?... Olha bem para aquele rapaz giro que ali
está... (lançando-lhe um feitiço ele volta-se, apaixonado, começa a fazer-lhe olhinhos)
AMIGA – E tu dizias que não dava resultado! O que é aquilo?! O moço ficou caidinho por ti!...
BRUXA – Olha que foi a primeira vez!... Mas ainda bem... É que ele é tão giro... (faz-lhe também
olhinhos, ele levanta-se, vai ao encontro dela como um zumbi, ela aponta-lhe para a cara, ele vai a
1
2
dar-lhe um beijo, acorda no momento, dá um grito e foge assustado) Estás a ver? Eu vi logo que era
demais!...
(O rapaz1 entra outra vez para levar as coisas e sai.)
AMIGA – Já que fizeste asneira e eu já estou metida, mostra-me lá a receita (a Bruxa tira o livro do
saco e dá-o à Amiga) Mas que receita interessante! Ingredientes: 3 pêlos de rata velha; saliva de
canguru quanto baste; 6 unhas de porco sujo; um par de cuecas por lavar, roubadas de um estendal à
noite; 12 pilinhas de gato virgem;...
BRUXA – Não, são duas!
AMIGA – Doze! Olha aqui o 1! São 12.
BRUXA – Ah! Então era por isso... (pensa em voz alta) Por isso é que não tinha potência... o
produto...
AMIGA – Continuando: tempere os pêlos de rata velha com saliva de canguru e mexa até obter um
creme pastoso. Adicione, uma a uma, as unhas de porco sujo, alternando com as pilinhas de gato.
Envolva o creme nas cuecas sujas, até obter um pó branco.
BRUXA – Obrigado amiga!… Vou já para casa fazer o feitiço, mas desta vez, com a receita certa!
Agora é que vai ser!... he... he...
AMIGA – Espera,(com um ar pensativo) tenho uma ideia! Acrescenta mais uma coisinha. Deita
uma ou duas gotinhas deste líquido que vai fazer com que ela dure muitos anos.
BRUXA – Boa ideia. És um génio! Estás quase a chegar aos meus calcanhares. (A Bruxa sai e a
Amiga continua a escrever o seu livro)
AMIGA – (para a Empregada) Olhe, desculpe, pode-me trazer um refresco quente?
EMPREGADA – Um um re-re -re-fres-co-co que-quente?!
AMIGA – Sim!
EMPREGADA – (estremangando) Só um m-mo-mento!
AMIGA – Só racistas, onde é que isto já se viu? (sai a Empregada e entra o Superior)
SUPERIOR – Ainda bem que te encontro... e tu já deves saber porquê!...
AMIGA – (atrapalhada) Eu... eu não, não sei de nada...
SUPERIOR – Então, como explicas o facto de ter desaparecido o livro da sala dos professores? Só
tu é que costumas fazer isto!
AMIGA – Mas desta vez não fui eu.
SUPERIOR – Espero bem que sim. Se não vais ter graves problemas.

2
3
EMPREGADA – (reentra) O-o-olhe, mi-mi-minha se-se-nhora (desmaia ao ver o Superior, que é
um fantasma)
SUPERIOR – Esta gente de cá é toda marada (dirige-se a empregada e tenta reanimá-la com uns
estalos; ela acorda e apaixona-se, saindo seguidamente abraçada a ele) Quanto a, ti falamos mais
tarde! (Entra a Bruxa e, pouco depois, o Rapaz 2, todo jeitoso, que se senta de costas para a Bruxa)
AMIGA – Então, já está pronto?
BRUXA – (mostra-lhe o pó) Prontíssimo, só falta escolher o alvo! (procura com o olhar, fixando-se
no Rapaz 2; a Amiga apercebe-se de que ela já o escolheu e manda-a avançar com um olhar)
BRUXA – É para já. (o Rapaz 2 levanta-se e vai pedir alguma coisa para beber, mas deixa os seus
adereços na mesa)
RAPAZ 2 – (com uma voz de mau) Já nem nos cafés há empregadas! (sai de cena)
BRUXA – Olha, é tão simpático!
AMIGA – Enquanto esperamos que ele venha, vou-te mostrar uma coisa. (tira uma revista do saco
e começa a mostrar)
BRUXA – Ai, que monumentos!... Que árvores despidas pelo Outono...
AMIGA – Gervália, estamos no Verão!
BRUXA – Não faz mal... O que importa é que são bons como o milho! Eu vou levá-la!
AMIGA – Não vais, porque a revista é minha.
BRUXA – Mas eu vou levá-la!
(começam a disputar a revista e é nesse momento que entra o Velho, com uma roupa parecida com
a do Rapaz 2, e se senta, de costas para elas, na mesa onde estava o Rapaz 2, fazendo algum
barulho)
AMIGA – A revista é minha!
BRUXA – Mas eu gostei dela!
AMIGA – Mas não a vais levar!
BRUXA – Vou sim!
AMIGA – Não!
BRUXA – Sim!
AMIGA – Olha quem voltou!... Não lhe lanças o feitiço! Olha que ele ainda se vai embora! (a
Bruxa deixa a revista e a Amiga de imediato a esconde no saco)

3
4
BRUXA – É melhor despachar-me! Finalmente, vou levantar a âncora!...
AMIGA – Queres tu dizer: vais desencalhar!... Também, se não for assim, ninguém te quer!
BRUXA – Cala-te, vira para lá essa boca, se não, ainda me dás azar! 1, 5, 8, 10!... (e bufa; o Velho
estremece, levanta-se com um ar de apaixonado e olha para a Bruxa; ela vira-se de costas e não
olha para ele) Este já cá canta...
AMIGA – Deixa-me ir embora que as velas derretem depressa e este corpinho Danone não serve
para fazer de vela. (e sai)
(A Bruxa aponta para a cara e o Velho vai atrás dela, mas com muita timidez)
VELHO – Amorzinho, coisa linda, dá cá uma beijoca! (com um ar de apaixonado e em posição de
beijo ) Olha que eu estou mesmo atrás de ti...
BRUXA – (Olha, dá um grito e o Velho faz um ar de quase desmaiado) Um monstro!...
Acuuuudam-me !... Um monstro!... (foge )
VELHO – (Olha para os lados com medo) Um monstro? Onde? Anda cá, meu petisquinho de água
doce, que eu protejo-te! (sai atrás dela)
Fim

4

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados (10)

Lixo - por Veríssimo
Lixo - por VeríssimoLixo - por Veríssimo
Lixo - por Veríssimo
 
Gibi Os Notaveis
Gibi Os NotaveisGibi Os Notaveis
Gibi Os Notaveis
 
Legio urbana todas as letras completas
Legio urbana   todas as letras completasLegio urbana   todas as letras completas
Legio urbana todas as letras completas
 
Perdida cap1
Perdida cap1Perdida cap1
Perdida cap1
 
A Descoberta
A DescobertaA Descoberta
A Descoberta
 
Tchau
TchauTchau
Tchau
 
Ida ao Show da Ivete, segunda versão
Ida ao Show da Ivete, segunda versão Ida ao Show da Ivete, segunda versão
Ida ao Show da Ivete, segunda versão
 
Cronograma, biografias e referências das leituras deleite
Cronograma, biografias e referências das leituras deleiteCronograma, biografias e referências das leituras deleite
Cronograma, biografias e referências das leituras deleite
 
Vozes verbais 7a_serie
Vozes verbais 7a_serieVozes verbais 7a_serie
Vozes verbais 7a_serie
 
Quando amor e ciúmes doentios não dão as mãos
Quando amor e ciúmes doentios não dão as mãosQuando amor e ciúmes doentios não dão as mãos
Quando amor e ciúmes doentios não dão as mãos
 

Destaque

louca de pedra, doida varrida
louca de pedra, doida varridalouca de pedra, doida varrida
louca de pedra, doida varrida
Maria Senne
 
PEÇA LEILÃO DE UMA ALMA
PEÇA LEILÃO DE UMA ALMAPEÇA LEILÃO DE UMA ALMA
PEÇA LEILÃO DE UMA ALMA
vprparagominas
 
Projeto Anos 60 Barbara e Thaynara, Solange, Gracielle
Projeto Anos 60 Barbara e Thaynara, Solange, GracielleProjeto Anos 60 Barbara e Thaynara, Solange, Gracielle
Projeto Anos 60 Barbara e Thaynara, Solange, Gracielle
valdeniDinamizador
 
Sonho de uma noite de verão
Sonho de uma noite de verãoSonho de uma noite de verão
Sonho de uma noite de verão
Sara Silva
 
Deu à louca nos contos de fadas
Deu à louca nos contos de fadasDeu à louca nos contos de fadas
Deu à louca nos contos de fadas
Doralúcia landim
 
Auto da barca do inferno, cena VI-O Frade
Auto da barca do inferno, cena VI-O FradeAuto da barca do inferno, cena VI-O Frade
Auto da barca do inferno, cena VI-O Frade
Beatriz Campos
 
Folheto defesa pessoal_baixa
Folheto defesa pessoal_baixaFolheto defesa pessoal_baixa
Folheto defesa pessoal_baixa
Irlando Lélis
 

Destaque (20)

Retrospectiva Literaria 2015
Retrospectiva Literaria 2015Retrospectiva Literaria 2015
Retrospectiva Literaria 2015
 
Drogas
DrogasDrogas
Drogas
 
louca de pedra, doida varrida
louca de pedra, doida varridalouca de pedra, doida varrida
louca de pedra, doida varrida
 
Peça Teatral
Peça TeatralPeça Teatral
Peça Teatral
 
PEÇA LEILÃO DE UMA ALMA
PEÇA LEILÃO DE UMA ALMAPEÇA LEILÃO DE UMA ALMA
PEÇA LEILÃO DE UMA ALMA
 
Fulana, Sicrana e Beltrana- Paulo Sacaldassy
Fulana, Sicrana e Beltrana- Paulo SacaldassyFulana, Sicrana e Beltrana- Paulo Sacaldassy
Fulana, Sicrana e Beltrana- Paulo Sacaldassy
 
Conto de Natal 7ºC
Conto de Natal 7ºCConto de Natal 7ºC
Conto de Natal 7ºC
 
Projeto Anos 60 Barbara e Thaynara, Solange, Gracielle
Projeto Anos 60 Barbara e Thaynara, Solange, GracielleProjeto Anos 60 Barbara e Thaynara, Solange, Gracielle
Projeto Anos 60 Barbara e Thaynara, Solange, Gracielle
 
'O casamento do pequeno burgues' bertolt brecht
'O casamento do pequeno burgues'   bertolt brecht'O casamento do pequeno burgues'   bertolt brecht
'O casamento do pequeno burgues' bertolt brecht
 
Ocorvo hq
Ocorvo hqOcorvo hq
Ocorvo hq
 
Sonho de uma noite de verão
Sonho de uma noite de verãoSonho de uma noite de verão
Sonho de uma noite de verão
 
História "Será que o lobo é mau?" Amor ao Próximo
História "Será que o lobo é mau?" Amor ao Próximo História "Será que o lobo é mau?" Amor ao Próximo
História "Será que o lobo é mau?" Amor ao Próximo
 
Deu à louca nos contos de fadas
Deu à louca nos contos de fadasDeu à louca nos contos de fadas
Deu à louca nos contos de fadas
 
Auto da barca do inferno, cena VI-O Frade
Auto da barca do inferno, cena VI-O FradeAuto da barca do inferno, cena VI-O Frade
Auto da barca do inferno, cena VI-O Frade
 
Folheto defesa pessoal_baixa
Folheto defesa pessoal_baixaFolheto defesa pessoal_baixa
Folheto defesa pessoal_baixa
 
Sedução feminina
Sedução femininaSedução feminina
Sedução feminina
 
A bruxinha que era boa
A bruxinha que era boaA bruxinha que era boa
A bruxinha que era boa
 
A megera domada
A megera domadaA megera domada
A megera domada
 
Pluft, o fantasminha
Pluft, o fantasminhaPluft, o fantasminha
Pluft, o fantasminha
 
Histórias Extraordinárias, de Edgar Allan Poe
Histórias Extraordinárias, de Edgar Allan PoeHistórias Extraordinárias, de Edgar Allan Poe
Histórias Extraordinárias, de Edgar Allan Poe
 

Último

Slide - SAEB. língua portuguesa e matemática
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemáticaSlide - SAEB. língua portuguesa e matemática
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemática
sh5kpmr7w7
 
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptx
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptxResponde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptx
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptx
AntonioVieira539017
 
atividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdf
atividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdfatividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdf
atividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdf
Autonoma
 
QUIZ ensino fundamental 8º ano revisão geral
QUIZ ensino fundamental 8º ano revisão geralQUIZ ensino fundamental 8º ano revisão geral
QUIZ ensino fundamental 8º ano revisão geral
AntonioVieira539017
 

Último (20)

GUIA DE APRENDIZAGEM 2024 9º A - História 1 BI.doc
GUIA DE APRENDIZAGEM 2024 9º A - História 1 BI.docGUIA DE APRENDIZAGEM 2024 9º A - História 1 BI.doc
GUIA DE APRENDIZAGEM 2024 9º A - História 1 BI.doc
 
Pesquisa Ação René Barbier Livro acadêmico
Pesquisa Ação René Barbier Livro  acadêmicoPesquisa Ação René Barbier Livro  acadêmico
Pesquisa Ação René Barbier Livro acadêmico
 
Aula prática JOGO-Regencia-Verbal-e-Nominal.pdf
Aula prática JOGO-Regencia-Verbal-e-Nominal.pdfAula prática JOGO-Regencia-Verbal-e-Nominal.pdf
Aula prática JOGO-Regencia-Verbal-e-Nominal.pdf
 
E a chuva ... (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...
E a chuva ...  (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...E a chuva ...  (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...
E a chuva ... (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...
 
6ano variação linguística ensino fundamental.pptx
6ano variação linguística ensino fundamental.pptx6ano variação linguística ensino fundamental.pptx
6ano variação linguística ensino fundamental.pptx
 
Tema de redação - As dificuldades para barrar o casamento infantil no Brasil ...
Tema de redação - As dificuldades para barrar o casamento infantil no Brasil ...Tema de redação - As dificuldades para barrar o casamento infantil no Brasil ...
Tema de redação - As dificuldades para barrar o casamento infantil no Brasil ...
 
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemática
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemáticaSlide - SAEB. língua portuguesa e matemática
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemática
 
Plano de aula Nova Escola períodos simples e composto parte 1.pptx
Plano de aula Nova Escola períodos simples e composto parte 1.pptxPlano de aula Nova Escola períodos simples e composto parte 1.pptx
Plano de aula Nova Escola períodos simples e composto parte 1.pptx
 
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptx
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptxResponde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptx
Responde ou passa na HISTÓRIA - REVOLUÇÃO INDUSTRIAL - 8º ANO.pptx
 
Aula 1 - Psicologia Cognitiva, aula .ppt
Aula 1 - Psicologia Cognitiva, aula .pptAula 1 - Psicologia Cognitiva, aula .ppt
Aula 1 - Psicologia Cognitiva, aula .ppt
 
APRESENTAÇÃO - BEHAVIORISMO - TEORIA DA APRENDIZAGEM.pdf
APRESENTAÇÃO - BEHAVIORISMO - TEORIA DA APRENDIZAGEM.pdfAPRESENTAÇÃO - BEHAVIORISMO - TEORIA DA APRENDIZAGEM.pdf
APRESENTAÇÃO - BEHAVIORISMO - TEORIA DA APRENDIZAGEM.pdf
 
Polígonos, Diagonais de um Polígono, SOMA DOS ANGULOS INTERNOS DE UM POLÍGON...
Polígonos, Diagonais de um Polígono, SOMA DOS ANGULOS INTERNOS DE UM  POLÍGON...Polígonos, Diagonais de um Polígono, SOMA DOS ANGULOS INTERNOS DE UM  POLÍGON...
Polígonos, Diagonais de um Polígono, SOMA DOS ANGULOS INTERNOS DE UM POLÍGON...
 
Poesiamodernismo fase dois. 1930 prosa e poesiapptx
Poesiamodernismo fase dois. 1930 prosa e poesiapptxPoesiamodernismo fase dois. 1930 prosa e poesiapptx
Poesiamodernismo fase dois. 1930 prosa e poesiapptx
 
M0 Atendimento – Definição, Importância .pptx
M0 Atendimento – Definição, Importância .pptxM0 Atendimento – Definição, Importância .pptx
M0 Atendimento – Definição, Importância .pptx
 
atividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdf
atividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdfatividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdf
atividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdf
 
Camadas da terra -Litosfera conteúdo 6º ano
Camadas da terra -Litosfera  conteúdo 6º anoCamadas da terra -Litosfera  conteúdo 6º ano
Camadas da terra -Litosfera conteúdo 6º ano
 
Renascimento Cultural na Idade Moderna PDF
Renascimento Cultural na Idade Moderna PDFRenascimento Cultural na Idade Moderna PDF
Renascimento Cultural na Idade Moderna PDF
 
QUIZ ensino fundamental 8º ano revisão geral
QUIZ ensino fundamental 8º ano revisão geralQUIZ ensino fundamental 8º ano revisão geral
QUIZ ensino fundamental 8º ano revisão geral
 
TCC_MusicaComoLinguagemNaAlfabetização-ARAUJOfranklin-UFBA.pdf
TCC_MusicaComoLinguagemNaAlfabetização-ARAUJOfranklin-UFBA.pdfTCC_MusicaComoLinguagemNaAlfabetização-ARAUJOfranklin-UFBA.pdf
TCC_MusicaComoLinguagemNaAlfabetização-ARAUJOfranklin-UFBA.pdf
 
Slides Lição 6, Betel, Ordenança para uma vida de obediência e submissão.pptx
Slides Lição 6, Betel, Ordenança para uma vida de obediência e submissão.pptxSlides Lição 6, Betel, Ordenança para uma vida de obediência e submissão.pptx
Slides Lição 6, Betel, Ordenança para uma vida de obediência e submissão.pptx
 

Peça feitiços...

  • 1. 1 Grupo 5: FEITIÇOS E FALHANÇOS Peça de Teatro (Está a Amiga numa esplanada a escrever um livro) BRUXA – (entrando) Olha quem cá está! AMIGA – É verdade, hoje acordei com vontade de escrever e, olha, cá estou agarrada aos papéis e à caneta. BRUXA – Não estava a falar para ti, estava a falar para aquela linda planta. AMIGA – Gervália onde é que tens a cabeça? A planta está completamente seca! BRUXA – Em primeiro lugar, as plantas de minha casa também estão todas secas e quando tu lá vais até dizes que estão bonitas… AMIGA – (aparte) Se eu não o disser, estou na rua… BRUXA – E em segundo lugar, sabes muito bem que os tons castanhos condizem comigo! AMIGA – Os gostos não se discutem... Então os teus!... BRUXA – Mudando de conversa, ainda bem que te encontro. Aquele livro que... tirei da sala dos professores... tem coisas fantásticas! AMIGA – Tiraste o livro de “feitiços cor-de-rosa” da sala dos professores, sua bruxa?!... BRUXA – Bruxa, com muito gosto. E, já agora, bruxa de terceiro grau. Enquanto tu ainda não passas de uma bruxa de segundo grau. AMIGA – Olha lá, tu não te atreveste a fazer nenhum feitiço dos que tinha aí no livro pois não? BRUXA – Não, apenas passei a semana a fazê-los, mas sem grandes resultados. AMIGA – Ai senhores! Sabes bem que é proibido fazermos feitiços fora da escola!... Ainda nos metes numa alhada!... BRUXA – Não te preocupes. Infelizmente, o livro deve ser falso ou já está fora de validade, porque, até agora, nenhum feitiço deu resultado... Queres ver?... Olha bem para aquele rapaz giro que ali está... (lançando-lhe um feitiço ele volta-se, apaixonado, começa a fazer-lhe olhinhos) AMIGA – E tu dizias que não dava resultado! O que é aquilo?! O moço ficou caidinho por ti!... BRUXA – Olha que foi a primeira vez!... Mas ainda bem... É que ele é tão giro... (faz-lhe também olhinhos, ele levanta-se, vai ao encontro dela como um zumbi, ela aponta-lhe para a cara, ele vai a 1
  • 2. 2 dar-lhe um beijo, acorda no momento, dá um grito e foge assustado) Estás a ver? Eu vi logo que era demais!... (O rapaz1 entra outra vez para levar as coisas e sai.) AMIGA – Já que fizeste asneira e eu já estou metida, mostra-me lá a receita (a Bruxa tira o livro do saco e dá-o à Amiga) Mas que receita interessante! Ingredientes: 3 pêlos de rata velha; saliva de canguru quanto baste; 6 unhas de porco sujo; um par de cuecas por lavar, roubadas de um estendal à noite; 12 pilinhas de gato virgem;... BRUXA – Não, são duas! AMIGA – Doze! Olha aqui o 1! São 12. BRUXA – Ah! Então era por isso... (pensa em voz alta) Por isso é que não tinha potência... o produto... AMIGA – Continuando: tempere os pêlos de rata velha com saliva de canguru e mexa até obter um creme pastoso. Adicione, uma a uma, as unhas de porco sujo, alternando com as pilinhas de gato. Envolva o creme nas cuecas sujas, até obter um pó branco. BRUXA – Obrigado amiga!… Vou já para casa fazer o feitiço, mas desta vez, com a receita certa! Agora é que vai ser!... he... he... AMIGA – Espera,(com um ar pensativo) tenho uma ideia! Acrescenta mais uma coisinha. Deita uma ou duas gotinhas deste líquido que vai fazer com que ela dure muitos anos. BRUXA – Boa ideia. És um génio! Estás quase a chegar aos meus calcanhares. (A Bruxa sai e a Amiga continua a escrever o seu livro) AMIGA – (para a Empregada) Olhe, desculpe, pode-me trazer um refresco quente? EMPREGADA – Um um re-re -re-fres-co-co que-quente?! AMIGA – Sim! EMPREGADA – (estremangando) Só um m-mo-mento! AMIGA – Só racistas, onde é que isto já se viu? (sai a Empregada e entra o Superior) SUPERIOR – Ainda bem que te encontro... e tu já deves saber porquê!... AMIGA – (atrapalhada) Eu... eu não, não sei de nada... SUPERIOR – Então, como explicas o facto de ter desaparecido o livro da sala dos professores? Só tu é que costumas fazer isto! AMIGA – Mas desta vez não fui eu. SUPERIOR – Espero bem que sim. Se não vais ter graves problemas. 2
  • 3. 3 EMPREGADA – (reentra) O-o-olhe, mi-mi-minha se-se-nhora (desmaia ao ver o Superior, que é um fantasma) SUPERIOR – Esta gente de cá é toda marada (dirige-se a empregada e tenta reanimá-la com uns estalos; ela acorda e apaixona-se, saindo seguidamente abraçada a ele) Quanto a, ti falamos mais tarde! (Entra a Bruxa e, pouco depois, o Rapaz 2, todo jeitoso, que se senta de costas para a Bruxa) AMIGA – Então, já está pronto? BRUXA – (mostra-lhe o pó) Prontíssimo, só falta escolher o alvo! (procura com o olhar, fixando-se no Rapaz 2; a Amiga apercebe-se de que ela já o escolheu e manda-a avançar com um olhar) BRUXA – É para já. (o Rapaz 2 levanta-se e vai pedir alguma coisa para beber, mas deixa os seus adereços na mesa) RAPAZ 2 – (com uma voz de mau) Já nem nos cafés há empregadas! (sai de cena) BRUXA – Olha, é tão simpático! AMIGA – Enquanto esperamos que ele venha, vou-te mostrar uma coisa. (tira uma revista do saco e começa a mostrar) BRUXA – Ai, que monumentos!... Que árvores despidas pelo Outono... AMIGA – Gervália, estamos no Verão! BRUXA – Não faz mal... O que importa é que são bons como o milho! Eu vou levá-la! AMIGA – Não vais, porque a revista é minha. BRUXA – Mas eu vou levá-la! (começam a disputar a revista e é nesse momento que entra o Velho, com uma roupa parecida com a do Rapaz 2, e se senta, de costas para elas, na mesa onde estava o Rapaz 2, fazendo algum barulho) AMIGA – A revista é minha! BRUXA – Mas eu gostei dela! AMIGA – Mas não a vais levar! BRUXA – Vou sim! AMIGA – Não! BRUXA – Sim! AMIGA – Olha quem voltou!... Não lhe lanças o feitiço! Olha que ele ainda se vai embora! (a Bruxa deixa a revista e a Amiga de imediato a esconde no saco) 3
  • 4. 4 BRUXA – É melhor despachar-me! Finalmente, vou levantar a âncora!... AMIGA – Queres tu dizer: vais desencalhar!... Também, se não for assim, ninguém te quer! BRUXA – Cala-te, vira para lá essa boca, se não, ainda me dás azar! 1, 5, 8, 10!... (e bufa; o Velho estremece, levanta-se com um ar de apaixonado e olha para a Bruxa; ela vira-se de costas e não olha para ele) Este já cá canta... AMIGA – Deixa-me ir embora que as velas derretem depressa e este corpinho Danone não serve para fazer de vela. (e sai) (A Bruxa aponta para a cara e o Velho vai atrás dela, mas com muita timidez) VELHO – Amorzinho, coisa linda, dá cá uma beijoca! (com um ar de apaixonado e em posição de beijo ) Olha que eu estou mesmo atrás de ti... BRUXA – (Olha, dá um grito e o Velho faz um ar de quase desmaiado) Um monstro!... Acuuuudam-me !... Um monstro!... (foge ) VELHO – (Olha para os lados com medo) Um monstro? Onde? Anda cá, meu petisquinho de água doce, que eu protejo-te! (sai atrás dela) Fim 4