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LUZ DE NATAL

    7ºC
Aquela noite de Natal tinha sido igual a todas as outras –
pobre. O jantar foi uma sopa e uma sardinha assada. Em
seguida, fomos todos juntos aquecermo-nos ao calor da
fogueira, esperando que o tempo passasse sem expectativa
alguma de viver o Natal de maneira diferente…
   Já quase adormecido, fui-me deitar e tive um sonho, mas
na altura não me apercebi que não passava disso mesmo, de
tão real que parecia. Estava no meu quarto e vi uma luz
ofuscante que me atraía.
   Quando me apercebi de onde vinha a tal luz, dirigi-me ao
local onde se encontrava e…qual não foi o meu espanto
quando reparei no brilho que a meia que tinha usado no dia
anterior, já esburacada do uso, emanava um brilho anormal!
Apanhei-a do chão e o meu primeiro impulso foi abri-la e
olhar lá para dentro… nem tive tempo de pensar – ao
colocar a mão para sentir o que estaria a provocar esse
brilho…
   “Wooooooooooooooooooooh!!!... estou a cair dentro da
minha própria meia!” Nem queria acreditar, isto era
fantástico! Puuuummm! Aterrei num monte de neve e olhei
em volta – à minha frente estava um portal de ferro enorme
com a seguinte inscrição: «Natalândia». Ergui-me,
espantado, e resolvi entrar naquele sítio estranho… Fui
percorrendo o que percebi tratar-se de uma estrada
comprida, larga e pouco iluminada, que parecia ser a única
daquela cidade. De um lado e do outro da estrada, junto ao
passeio, andavam brinquedos cabisbaixos, tristes, que
pareciam não ter rumo certo. Estes brinquedos não tinham
cor, pareciam nem ter vida. O mais incrível é que todos
eram personagens do meu imaginário infantil… que tristeza
vê-los assim! Em nada se assemelhavam aos meus
brinquedos de criança!
   A Rapunzel não tinha o seu longo cabelo louro: estava
completamente careca!
E aquele ali sentado, será o Ruca?! Cresceu-lhe o cabelo!
   O Noddy deambulava por ali, sem carro, sem avião
(contou-me a Ursa Teresa já sem flores no chapéu que teve
de os vender para arranjar dinheiro para comprar os
muffins da Dora).
   Mais à frente reconheci os três porquinhos, mas muito
diferentes do habitual: um estava zarolho, outro não tinha
um dos braços e ao último faltava uma perna!
   A Popota estava tão magra, já não devia comer
decentemente há uns três meses!
   A Barbie não era já o modelo de elegância com que todas
as miúdas sonhavam ser; tinha engordado e notava-se nas
leggings a celulite; tinha ainda envelhecido… Até tive pena
dela!
   A Leopoldina tinha perdido as penas todas e estava a
tremer de frio, oh, coitadita!
Encontrei ainda o Pinóquio com um nariz abatatado, já nem
as mentiras lhe valiam!
   O Gato das Botas estava junto dele calçando umas
sapatilhas rotas…
   O tio Patinhas era a imagem viva da crise: era agora um
humilde mendigo…
   Vi ainda o Mickey com um ar completamente
desesperado sentado ao lado do Pluto (de língua de fora…)
no passeio, mesmo ao fundo da rua. Foi ele quem me veio
explicar o que ali se passava.
   - Vês aquele edifício ali? Aquela é a nossa “casa”, a
fábrica dos brinquedos, onde nós somos construídos e
cuidados… De há dois meses para cá, quando o Pai Natal
adoeceu e a Mãe Natal teve de cuidar dele, a fábrica deixou
de trabalhar e nós deixámos de ter a atenção que
precisamos… Estamos todos estragados, desprezados,
abandonados! Estamos tão feios que nenhuma criança nos
vai querer! Vamos ficar tão sozinhos… o Natal não é a
mesma coisa sem brinquedos e para nós… sem crianças.
Precisamos de alguém que salve o Natal!
   - Meu Deus! Não podemos deixar que isso aconteça!
Vamos pôr mãos à obra!
   - Mas como fazemos isso? Nem forças temos!
   - Só precisamos de ter muita vontade!
   - Mas o Pai Natal não pode ajudar-nos… Como vamos
fazer?
   - Vamos trabalhar em equipa, cada um contribuirá com
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- Obrigada, estás a dar-nos uma nova razão para voltar à
vida!
   E foi assim que todos os brinquedos foram convocados
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importantes para pôr a fábrica a funcionar.
   Com o esforço e a união deste grupo, conseguiu-se não só
devolver a vida aos brinquedos da Natalândia, mas também
salvar o Natal das crianças… tal como eu.
   Porque o Natal é isto mesmo: união, solidariedade e amor
pelo próximo.
   O Pai Natal ficou tão reconhecido que me deu umas
meias novas, quentinhas e cheirosas!
Foi uma missão incrível! E eu tinha um cansaço tão grande
que adormeci ali mesmo, no meio da festa que os brinquedos
tinham preparado.
De repente, acordei com o sol a bater-me na cara: que
lindo dia de Natal! Percebi que tinha sonhado, mas que tinha
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da minha família.
   Reparo, entretanto, numa luz que vinha de debaixo da
cama… um par de meias novinhas em folha brilhavam tal
qual o brilho daquela com que sonhei… O que queria isto
dizer? Teria sido real? Agarrei as meias e abri-as; coloquei a
mão e, ao retirá-la, ela vinha cheia de comida, de
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A Luz da Solidariedade

  • 2. Aquela noite de Natal tinha sido igual a todas as outras – pobre. O jantar foi uma sopa e uma sardinha assada. Em seguida, fomos todos juntos aquecermo-nos ao calor da fogueira, esperando que o tempo passasse sem expectativa alguma de viver o Natal de maneira diferente… Já quase adormecido, fui-me deitar e tive um sonho, mas na altura não me apercebi que não passava disso mesmo, de tão real que parecia. Estava no meu quarto e vi uma luz ofuscante que me atraía. Quando me apercebi de onde vinha a tal luz, dirigi-me ao local onde se encontrava e…qual não foi o meu espanto quando reparei no brilho que a meia que tinha usado no dia anterior, já esburacada do uso, emanava um brilho anormal! Apanhei-a do chão e o meu primeiro impulso foi abri-la e olhar lá para dentro… nem tive tempo de pensar – ao
  • 3. colocar a mão para sentir o que estaria a provocar esse brilho… “Wooooooooooooooooooooh!!!... estou a cair dentro da minha própria meia!” Nem queria acreditar, isto era fantástico! Puuuummm! Aterrei num monte de neve e olhei em volta – à minha frente estava um portal de ferro enorme com a seguinte inscrição: «Natalândia». Ergui-me, espantado, e resolvi entrar naquele sítio estranho… Fui percorrendo o que percebi tratar-se de uma estrada comprida, larga e pouco iluminada, que parecia ser a única daquela cidade. De um lado e do outro da estrada, junto ao passeio, andavam brinquedos cabisbaixos, tristes, que pareciam não ter rumo certo. Estes brinquedos não tinham cor, pareciam nem ter vida. O mais incrível é que todos eram personagens do meu imaginário infantil… que tristeza
  • 4. vê-los assim! Em nada se assemelhavam aos meus brinquedos de criança! A Rapunzel não tinha o seu longo cabelo louro: estava completamente careca! E aquele ali sentado, será o Ruca?! Cresceu-lhe o cabelo! O Noddy deambulava por ali, sem carro, sem avião (contou-me a Ursa Teresa já sem flores no chapéu que teve de os vender para arranjar dinheiro para comprar os muffins da Dora). Mais à frente reconheci os três porquinhos, mas muito diferentes do habitual: um estava zarolho, outro não tinha um dos braços e ao último faltava uma perna! A Popota estava tão magra, já não devia comer decentemente há uns três meses! A Barbie não era já o modelo de elegância com que todas as miúdas sonhavam ser; tinha engordado e notava-se nas
  • 5. leggings a celulite; tinha ainda envelhecido… Até tive pena dela! A Leopoldina tinha perdido as penas todas e estava a tremer de frio, oh, coitadita! Encontrei ainda o Pinóquio com um nariz abatatado, já nem as mentiras lhe valiam! O Gato das Botas estava junto dele calçando umas sapatilhas rotas… O tio Patinhas era a imagem viva da crise: era agora um humilde mendigo… Vi ainda o Mickey com um ar completamente desesperado sentado ao lado do Pluto (de língua de fora…) no passeio, mesmo ao fundo da rua. Foi ele quem me veio explicar o que ali se passava. - Vês aquele edifício ali? Aquela é a nossa “casa”, a fábrica dos brinquedos, onde nós somos construídos e
  • 6. cuidados… De há dois meses para cá, quando o Pai Natal adoeceu e a Mãe Natal teve de cuidar dele, a fábrica deixou de trabalhar e nós deixámos de ter a atenção que precisamos… Estamos todos estragados, desprezados, abandonados! Estamos tão feios que nenhuma criança nos vai querer! Vamos ficar tão sozinhos… o Natal não é a mesma coisa sem brinquedos e para nós… sem crianças. Precisamos de alguém que salve o Natal! - Meu Deus! Não podemos deixar que isso aconteça! Vamos pôr mãos à obra! - Mas como fazemos isso? Nem forças temos! - Só precisamos de ter muita vontade! - Mas o Pai Natal não pode ajudar-nos… Como vamos fazer? - Vamos trabalhar em equipa, cada um contribuirá com as suas qualidades e talentos.
  • 7. - Obrigada, estás a dar-nos uma nova razão para voltar à vida! E foi assim que todos os brinquedos foram convocados para uma reunião na qual foram distribuídas tarefas importantes para pôr a fábrica a funcionar. Com o esforço e a união deste grupo, conseguiu-se não só devolver a vida aos brinquedos da Natalândia, mas também salvar o Natal das crianças… tal como eu. Porque o Natal é isto mesmo: união, solidariedade e amor pelo próximo. O Pai Natal ficou tão reconhecido que me deu umas meias novas, quentinhas e cheirosas! Foi uma missão incrível! E eu tinha um cansaço tão grande que adormeci ali mesmo, no meio da festa que os brinquedos tinham preparado.
  • 8. De repente, acordei com o sol a bater-me na cara: que lindo dia de Natal! Percebi que tinha sonhado, mas que tinha sido muito bom e tinha-me feito evadir da realidade pobre da minha família. Reparo, entretanto, numa luz que vinha de debaixo da cama… um par de meias novinhas em folha brilhavam tal qual o brilho daquela com que sonhei… O que queria isto dizer? Teria sido real? Agarrei as meias e abri-as; coloquei a mão e, ao retirá-la, ela vinha cheia de comida, de brinquedos, de roupa e de mais meias… e ainda de um cartão assinado pelo Mickey: «Obrigada por salvares o Natal e por seres uma criança tão especial! Este deveria ser sempre o espírito do Natal».